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Revista IBRACON de Estruturas e Materiais - Instituto Brasileiro do Concreto 1

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Blocos sobre estacas, de Blévot & Frémy (1967) –


tradução para português - Parte A
Pile caps, by Blévot & Frémy (1967) – translated
into Portuguese – Part A

Resumo

Este artigo trata da tradução do trabalho clássico de Blévot & Fremy [1] e tem o intuito de disponibilizar
à sociedade técnica brasileira as conclusões e sugestões obtidas pelos pesquisadores franceses. Ainda hoje
existem muitas dúvidas em relação às recomendações de Blévot & Fremy [1], o que motivou a realização
desse trabalho de tradução. Também foram realizadas correlações entre os resultados obtidos pelos
pesquisadores e as prescrições da NBR 6118:2014 [2].
O cálculo de blocos sobre estacas pelo “método das bielas” é uma extensão do método das bielas para o cálculo de blocos
sobre o solo, proposto por Lebelle em 1935. Diferentes hipóteses podem ser adotadas para definir as bielas assegurando a
transmissão de esforços e dois métodos são apresentados: “O método das bielas” sob a forma simplificada, aplicada
normalmente; E uma extensão do método das bielas que conduz a uma forma menos restritiva, segundo Frémy. Em seguida
é apresentado um relatório dos ensaios sobre modelos reduzidos e blocos de tamanho real, realizados durante vários anos no
Centre Expérimental de Recherche et Études du Bâtiment et des Travaux Publics. Finalmente, são apresentadas as
disposições construtivas preconizadas em prática pela SOCOTEC.
Palavras-chave : Blocos sobre estacas, modelos de bielas e tirantes.

Abstract

This article deals with the translation of Blévot & Fremy [1] classic paper and intends to make the
conclusions and suggestions found by the French researchers available to the Brazilian technical society.
Even today there are many doubts regarding the recommendations of Blévot & Fremy [1], which
motivated this translation. Correlations were also made between the results found by the researchers and
the prescriptions of the NBR 6118: 2014 [2].
The design of pile caps by the “connecting rod method” (strut-and-tie method) is an extension of the connecting rod method
for the calculation of pile caps supported by the soil, proposed by Mr. Lebelle in 1935. Various assumptions may be adopted
to define the connecting rods providing the transmission of stresses, and two methods are described below: “The connecting
rod method” in the simplified form in which it is normally applied; and an extension of the connecting rod method leading
to a less restrictive form, developed by Mr. Frémy. A report is then given of tests on reduced scale models and on full-size
pile caps that have been carried out for several years at the Centre Expérimental de Recherches et Études du Bâtiment et
des Travaux Publics (Experimental Building and Public Works Research and Study Center). In conclusion, the
constructive practices recommended by the SOCOTEC are described.
Keywords : pile caps, strut-and-tie model.
2

1 Generalidades e método simplificado


Blocos sobre estacas são usualmente dimensionados por um método comumente designado por
“método das bielas”. Este método foi proposto por Lebelle para o cálculo de blocos sobre o
solo, como resultado dos ensaios feitos sob sua direção no Bureau Securitas em 1934 – 1935. O
método foi apresentado no fascículo de dezembro de 1934 dos Relatórios do ITBTP e no quarto
volume (1935) dos Memoriais da Association Internationale des Ponts et Charpentes.
A princípio parecia sensato aplicar os fundamentos deste método a blocos sobre estacas. Supõe-
se então, que a carga do pilar é transmitida às estacas por meio do bloco através de bielas
inclinadas; as forças horizontais de tração, resultantes da decomposição das forças transmitidas
pelas bielas, são equilibradas pelas armaduras localizadas na parte inferior do bloco, para as quais
são possíveis diversas configurações.
Podem ser adotadas diferentes hipóteses para definir as bielas, assegurando-se, assim, a
transmissão de esforços. Apresenta-se inicialmente o “método das bielas” sob a forma
simplificada. Nesta forma, o método é aplicado sob certas extrapolações aos casos de blocos sob
pilares de seção retangular alongada ou sob pontos de apoio solicitados por flexão. Frémy propôs
uma extensão do método das bielas que conduz a um modelo menos restritivo, que permite
tratar tais casos. A apresentação do “método simplificado” será, então, seguida pela apresentação
do método de Frémy.
Em seguida, serão apresentados os resultados dos ensaios sobre os modelos reduzidos e sobre
blocos de tamanho real, realizados durante vários anos no Centre Expérimental de Recherche et
Études du Bâtiment et des Travaux Publics, no âmbito de pesquisas realizadas pela SOCOTEC,
e serão indicados os inúmeros ensinamentos decorrentes desses ensaios.
Enfim, serão expostas as disposições construtivas que estão sendo recomendadas na prática.

1.1 Exposição do método simplificado

Para definir o traçado das bielas, é necessário identificar:


- Sua origem na parte superior, no nível da base do pilar – zona nodal superior;
- Sua extremidade na parte inferior, junto à estaca – zona nodal inferior.
As extremidades inferiores das bielas só podem estar, logicamente, nos pontos de interseção dos
eixos das estacas e o plano médio das armaduras de tração, dispostas na parte inferior dos blocos;
qualquer outra hipótese conduzirá a admitir, a priori, esforços de flexão nas estacas, o que não é
admissível.
No nível da base do pilar (zona nodal superior), seria evidente considerar como origem da biela
o ponto de interseção do eixo do pilar e o plano médio do bloco, mas se trata de uma hipótese
desfavorável uma vez que negligencia a repartição da carga sobre a superfície do pilar. Parece ser
possível adotar hipóteses diferentes, que serão indicadas a seguir nos casos correspondentes a
blocos sobre duas, três e quatro estacas.
3

1.2 Blocos sobre duas estacas

Considere-se um bloco transmitindo a carga de um pilar de seção retangular a duas estacas, como
mostrado na Figura [1], distantes entre eixos de 𝑙𝑙𝑡𝑡 . A carga 𝑄𝑄 do pilar é suposta centrada; e seja
𝑎𝑎 a dimensão do pilar no plano vertical médio do bloco.
A origem das bielas na seção do pilar pode ser escolhida no dois pontos situados à distância 𝑎𝑎/4
do eixo do pilar. Nessas condições, se ℎ é a altura útil (ℎ = ℎ𝑡𝑡 − 𝑑𝑑 ′ ), a força de tração que as
armaduras devem equilibrar tem valor calculado pela Equação [1].
𝑄𝑄 𝑎𝑎 𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎 = ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � = ∙ �1 − � (1)
4ℎ 2 4ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

Observação 1: A aplicação dos métodos da Resistência dos Materiais a um bloco sobre duas estacas
considerado como sendo uma viga sobre dois apoios simples suportando uma carga localizada
𝑄𝑄 𝑎𝑎
no ponto médio do seu vão conduz a um valor máximo de momento fletor igual a ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − �.
4 2
O método das bielas equivale, portanto, a determinar a força de tração nas armaduras tomando
como braço de alavanca a altura útil do bloco. Deve-se notar que os blocos sobre duas estacas
são, geralmente, vigas de grande altura relativa, para as quais os métodos usuais da Resistência
dos Materiais não são aplicáveis sem restrições.
Observação 2: Segundo a norma francesa da época, é possível desprezar a utilização estribos se a
Equação [2] for atendida.
2
ℎ ≥ (𝑙𝑙𝑡𝑡 − 𝑎𝑎1 ) (2)
3

onde 𝑎𝑎1 é a dimensão das estacas em concreto armado no plano vertical. Será visto que as
considerações construtivas conduzem a dispor, de toda forma, armaduras transversais nos
blocos sobre duas estacas.

1.3 Blocos sobre três estacas

Supõe-se que os centros das três estacas são os vértices de um triângulo equilátero de lado 𝑙𝑙𝑡𝑡 ,
como mostrado na Figura [2]. O pilar é de seção quadrada de lado 𝑎𝑎; seu centro coincide com o
centro de gravidade do triângulo formado pelas três estacas. A carga 𝑄𝑄 do pilar é transmitida às
estacas por três bielas cujos eixos estão situados nos planos bissectores (ou medianos). É possível
admitir que a origem das bielas no plano do pilar são os pontos situados a uma distância igual a
0,3 𝑎𝑎 do eixo comum do pilar e do bloco.
As forças horizontais de tração podem ser equilibrados por armaduras dispostas seguindo as
medianas do triângulo equilátero formado pelos eixos das estacas ou paralelas aos lados do
mesmo triângulo.
As armaduras dispostas paralelamente às medianas devem equilibrar uma força que pode ser
calculada pela Equação [3].
𝑄𝑄 𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 √3 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 √3 − 0,9 𝑎𝑎� ≅ ∙ �1 − � (3)
9ℎ 9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

As armaduras dispostas paralelamente aos lados devem equilibrar uma força que pode ser
calculada pela Equação [4].
4

𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ≅ ∙ �1 − � (4)
√3 9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

1.4 Blocos sobre quatro estacas

Supõe-se que os centros das quatro estacas são os vértices de um quadrado de lado 𝑙𝑙𝑡𝑡 , como
mostrado na Figura [3]. O pilar é de seção quadrada de lado 𝑎𝑎; seu centro coincide com o centro
do quadrado formado pelas quatro estacas. A transmissão da carga 𝑄𝑄 do pilar às estacas é
assegurada por bielas cujos eixos estão situados nos planos diagonais.
Parece plausível admitir que as origens das bielas no plano do pilar com o bloco estão nos centros
dos quatro quadrados nos quais os planos de simetria compartilham o pilar e o bloco.
As forças horizontais de tração podem ser equilibrados por armaduras dispostas segundo as
diagonais do quadrado formado pelos eixos das estacas ou paralelas aos lados do mesmo
quadrado.
As armaduras dispostas segundo as diagonais devem equilibrar uma força que pode ser calculada
pela Equação [5].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 √2 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 ≅ ∙ �1 − � (5)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

As armaduras dispostas paralelamente aos lados devem equilibrar uma força que pode ser
calculada pela Equação [6].
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ≅ ∙ �1 − � (6)
√2 8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

O método das bielas assim definido não se constitui mais do que um esquema que não poderia
representar os fenômenos conforme a realidade. Ele surpreende frequentemente alguns
engenheiros até mesmo pela simplicidade de seus princípios. Deve-se, contudo, ressaltar que
métodos mais complexos não conduzirão necessariamente a resultados mais exatos.
O dimensionamento de elementos cujas dimensões das seções transversais sejam da mesma
ordem de grandeza dos seus comprimentos não pode ser realizados pelos métodos clássicos da
Resistência dos Materiais. Seria ilusório esperar da aplicação desses métodos ao cálculo de blocos
uma precisão comparável àquela atingida na aplicação do método em elementos de barra.
Seria tentador dar mais valor à aplicação da Teoria matemática da Elasticidade, mas tal teoria
conduziria a desenvolvimentos matemáticos de extrema complexidade em razão da forma dos
blocos, mesmo os blocos sobre duas estacas, e da disposição complicada de armaduras e,
definitivamente, não se teria nenhuma ideia dos coeficientes de segurança reais de blocos assim
calculados.
Somente ensaios sistemáticos levados até a ruptura podem então fornecer informações válidas
sobre os coeficientes de segurança dos blocos calculados por um método qualquer e sobre a
eficácia de diferentes sistemas de armaduras utilizadas.
5

2 Relatório dos ensaios efetuados


Já foi indicado que somente os ensaios sistemáticos levados até a ruptura podem fornecer
informações válidas sobre os coeficientes de segurança dos blocos calculados por um método
qualquer e sobre a eficácia dos diferentes sistemas de armadura utilizados.
Deve-se observar também que blocos podem romper não somente por esmagamento das bielas
comprimidas ou insuficiência das armaduras tracionadas, mas também por efeito de punção; tal
ruptura – que parecem ser mais suscetíveis aos blocos de menor altura – pode a priori se produzir
de duas formas diferentes:
- Por punção do centro do bloco sob efeito da carga do pilar;
- Por ruptura de um canto do bloco, segundo superfícies inclinadas, sob efeito da reação de
uma estaca.
No que diz respeito a essas últimas questões, como também com relação às outras já discutidas,
somente ensaios realizados até a ruptura podem oferecer conclusões válidas.
Foi sob essas condições que um programa de ensaios sistemáticos em blocos sobre estacas foi
realizado no Centre Expérimental de Recherches et d’Études du Bâtiment et des Travaux Publics
(CEREBTP), no âmbito de pesquisas Realizadas pelo Bureau Securitas e pela SOCOTEC.
Este programa contemplou duas partes:
- A primeira, realizada de 1955 a 1958, ensaiou blocos que podem ser considerados modelos
reduzidos em uma escala compreendida entre 1/2 e 1/3 de blocos sobre estacas reais; se
tratavam de blocos sobre quatro estacas, sobre três estacas e alguns blocos sobre duas
estacas;
- A segunda, realizada de 1958 a 1961, ensaiou blocos sobre duas, três e quatro estacas em
tamanho real.

3 Primeira série de ensaios


Os ensaios da primeira parte do programa tinham mais especificamente como objetivo:
i. Determinar a qual coeficiente de segurança conduz a aplicação do método das bielas (sob
a forma simplificada) observando as rupturas por insuficiência das armaduras inferiores;
ii. Observar se as diversas configurações de armaduras teoricamente equivalentes têm uma
eficácia comparável sob o ponto de vista da segurança à ruptura e da segurança à fissuração;
e deduzir eventualmente as configurações a serem preferencialmente utilizadas ou
rejeitadas;
iii. Determinar quais condições podem produzir rupturas por efeito de punção no centro do
bloco ou nos cantos.
Nesses ensaios, a maior dimensão em planta dos blocos sobre três e quatro estacas foi de
60 cm; este limite foi imposto pela utilização da prensa Trayvou de 500 t do CEREBTP.
As estacas de seção quadrada sobre as quais se apoiam os blocos tinham 14 cm de lado; os
pilares – de seção igualmente quadrada – tinham em geral 15 cm de lado e algumas vezes 18 cm
para evitar rupturas prematuras por esmagamento dos pilares. A distância entre eixos das
6

estacas era, em geral, de 42 cm e às vezes três vezes o lado da estaca, o que corresponde a uma
proporção usual.
Os blocos ensaiados podem então ser considerados, como já dito, como modelos reduzidos
nas relações compreendidas entre 1/2 e 1/3 de blocos usuais com cargas de 50 a 100 t por
estaca.
Para que fosse possível interpretar corretamente os resultados, foi necessário centralizar a carga
atuante no pilar tão rigorosamente quanto possível; o que não provocou grandes dificuldades:
intercalou-se uma esfera de diâmetro suficiente entre duas placas espessas, uma em contato
com o pilar e outra em contato com o prato superior da prensa.
Foi necessário igualmente assegurar:
a. A liberdade de rotação das seções inferiores das estacas, obrigatoriamente constituídas nos
ensaios por peças muito curtas;
b. A liberdade de deslocamento dessas seções no plano horizontal, a fim de eliminar todo efeito
de engastamento e de atrito suscetível de reduzir os esforços de tração na parte inferior dos
blocos, que invalidariam completamente as conclusões tiradas dos resultados dos ensaios.
Para garantir essas últimas condições, colocou-se, nos primeiros ensaios, uma esfera única sob
cada estaca entre duas placas metálicas, mas este dispositivo mostrou-se ineficaz pois as esferas
eram de diâmetro muito pequeno e o metal das placas de dureza insuficiente, e, com isto, foram
constatadas deformações de profundidade considerável, o que causou uma certa resistência aos
deslocamentos horizontais.
Em seguida, conservando o dispositivo em esfera única e permitindo a livre rotação das seções
inferiores das estacas, utilizou-se, sob cada estaca, para garantir a liberdade de deslocamento
horizontal, um apoio com um grande número de esferas interpostas entre duas placas de metal
convenientemente tratado; o duplo dispositivo representado pela Figura [4] foi satisfatório.
Os ensaios foram feitos em:
- 51 blocos sobre quatro estacas;
- 37 blocos sobre três estacas;
- 6 blocos sobre duas estacas.
Para os blocos sobre três e quatro estacas, que vamos estudar mais especialmente, foram variadas
sucessivamente a altura dos blocos, a disposição das armaduras, a natureza das armaduras (aço
doce ou aço-carbono) e suas seções transversais.
As características dos materiais utilizados foram cuidadosamente controladas:
- Para o concreto, através de ensaios em corpos de prova cúbicos (então regulamentados) e
em corpos de prova prismáticos moldados durante a concretagem dos blocos e rompidos
por compressão ou flexão no mesmo dia dos ensaios dos blocos correspondentes;
- Para as barras de aço, com ensaios de tração sobre corpos de prova extraídos das barras
utilizadas nas armaduras de diferentes blocos.
Os ensaios foram realizados sob carga crescente. Observou-se o desenvolvimento de fissuras,
ocasião na qual se anotavam o seu comprimento e abertura. Entretanto, durante o carregamento,
os dispositivos de ensaio permitiam somente localizar as fissuras sobre as faces laterais dos
blocos e não na face inferior, que não se encontrava acessível a observação. Assim, anotava-se a
7

carga de ruptura e as circunstâncias que acompanhavam a ruína do bloco. Após a ruptura, os


blocos foram retirados da prensa e fotografados (faces laterais e face inferior) e, na maioria dos
casos, observou-se a posição da armadura em relação à parte inferior nas seções de ruptura.
O conjunto das informações obtidas durante os ensaios, assim como os documentos
fotográficos anexos estão reunidos no relatório que contém mais de 700 páginas. Não seria,
portanto, a questão de dar neste fascículo o relatório completo dos ensaios. Encontra-se nos
anexos 4, 5 e 6 (publicado na parte B deste trabalho) as tabelas que apresentam as características
dos blocos ensaiados, as características mecânicas dos materiais concreto e aço, as cargas de
ruptura e as diversas cargas de cálculo comparadas às cargas de ruptura, assim como a indicação
sucinta do processo de ruptura. Algumas fotografias de blocos durante o ensaio ou após ruptura
são apresentadas no texto a título de exemplo.
A interpretação dos resultados dos ensaios revela algumas dificuldades em razão da
complexidade dos fenômenos observados frequentemente no momento da ruptura, dificuldades
as quais algumas fotografias anexadas dão uma ideia. A razão essencial é a seguinte: nos ensaios
de vigas é possível estudar separadamente os efeitos do momento fletor e força cortante,
majorando sucessivamente, por exemplo, a resistência aos efeitos do momento ou aos efeitos da
força cortante. No caso de blocos – peças volumétricas de pequeno porte – tentou-se assim
separar os fatores, mas nos deparamos com grandes dificuldades, uma vez que o aumento da
seção das armaduras inferiores corresponde igualmente a um aumento da resistência à punção. 1
Presenciou-se também, em numerosos casos, fenômenos de ruptura extremamente complexos,
difíceis de analisar.
Serão apresentadas as conclusões que podem ser extraídas dos ensaios realizados, examinando
sucessivamente o caso de blocos sobre quatro e três estacas.

3.1 Blocos sobre quatro estacas

Foram ensaiados blocos de diferentes alturas com os arranjos de armaduras mostrados na Figura
[5].
1˚ Armaduras dispostas paralelamente aos quatro lados do quadrado, tendo por vértices os
centros das seções das estacas. Essas armaduras de seção 𝐴𝐴’𝑐𝑐 equilibram uma força de tração
que pode ser calculada pela Equação [7].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (7)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

2˚ Armaduras dispostas em laços segundo os quatro lados do bloco. Essas armaduras, de


mesma seção que as precedentes, equilibram a mesma força 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 . A única diferença reside na
disposição das ancoragens; a princípio, existe apenas um cobrimento para cada um dos laços,
uma vez que, no primeiro caso, cada barra deve estar ancorada isoladamente em suas duas
extremidades.

1Nota dos pesquisadores: No entendimento dos pesquisadores o aumento da resistência do bloco está relacionado com a
área de armadura que cruza as bielas conferindo maior ductilidade.
8

3˚ Armaduras dispostas segundo as diagonais do quadrado, tendo por vértices os centros


das seções das estacas. Essas armaduras de seção 𝐴𝐴’𝑑𝑑 equilibram uma força de tração que pode
ser calculada pela Equação [8].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 √2 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (8)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

4˚ Armaduras dispostas segundo um sistema misto, algumas paralelas aos lados, outras
segundo as diagonais do quadrado formado pelos eixos das estacas.
Pode-se notar que, para a mesma carga Q e a mesma altura útil, a taxa teórica das armaduras é a
mesma nos quatro casos acima referidos.
5˚ Foram, enfim, previstos blocos comportando armaduras dispostas em malha regular
paralela aos lados. A determinação das armaduras deste último sistema não advém do método
das bielas; foram feitas comparações de igualdade de taxas de armaduras com os blocos do tipo
I.

3.1.1 Segurança a ruptura

Do ponto de vista da segurança à ruptura, os sistemas (1), (2), (3), e (4) se revelaram
consideravelmente equivalentes. O sistema (5), com armaduras distribuídas em malha, forneceu,
para a mesma taxa, uma segurança um pouco menor (carga de ruptura reduzida de cerca de
20%).
Se o coeficiente de segurança for definido como a relação entre a carga 𝑄𝑄𝑢𝑢 , tendo determinado
a ruptura do bloco, sob a carga calculada pela aplicação do método das bielas – sob a forma
simplificada – para uma tensão nas armaduras igual a 6/10 do limite elástico do metal (𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ =
0,6 𝜎𝜎𝑒𝑒 ′), conforme as Regras CA 1960 (norma francesa da época), pode-se tirar as seguintes
conclusões:
a. Para as inclinações dos eixos das bielas fictícias sobre a horizontal próximas de 45° –
compreendidas por exemplo entre 35° e 55°, os coeficientes de segurança para os sistemas
de armaduras (1), (2), (3), e (4) 2 variam entre limites bastante amplos, mas continuam
compreendidos entre 1,6 e 2,4 – salvo casos excepcionais sobre os quais falar-se-á mais a
frente.
b. Para as inclinações horizontais inferiores a 35° (blocos muito planos), observou-se
coeficientes de segurança claramente menores, correspondendo a fenômenos complexos de
ruptura difíceis de se analisar.
c. Para as inclinações sobre a horizontal superiores a 55° (blocos relativamente altos), contatou-
se igualmente coeficientes de segurança reduzidos devido, aparentemente, ao deslizamento
das bielas de concreto inclinadas – demasiadamente inclinadas – na vizinhança do pilar junto
ao bloco. Se trata de um fenômeno próximo ao observado por M. Caquot para consolos
curtos em relação à altura da seção 3 4. A altainclinação das bielas não permite utilizar
totalmente a resistência das armaduras dispostas na parte inferior do bloco.

2 Os resultados de ensaios com dispositivos de ensaio imperfeitos foram eliminados, mesmo aqueles correspondentes a
blocos onde as armaduras não comportavam ganchos nas extremidades.
3 Ver anotações Formulaires du Béton Armé, de R. Chambaud e P. Lebelle, p. 383.
4 Nota dos pesquisadores: Está relacionado com a ruptura por tração diagonal.
9

d. Mesmo para as alturas correspondentes às inclinações de bielas próximas a 45°, obteve-se


coeficientes de segurança notadamente inferiores aqueles indicados em a. para seções de
armaduras relativamente importantes, correspondendo a taxas de armaduras que podem ser
consideradas anormais. Mas como é difícil definir de forma precisa as taxas de armaduras
em blocos sobre quatro estacas, acreditou-se poder referenciar a uma limitação da validade
de aplicação do método bielas associada a uma restrição fictícia de compressão das bielas
para eliminar os casos onde o método não conduziria a uma segurança normal. Essas
limitações são indicadas no capítulo de disposições construtivas; elas conduzem a
3
coeficientes de segurança no mínimo iguais a 5/3 para 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑒𝑒 ′.
5

3.1.2 Fissuração

No que diz respeito às condições de fissuração, parece ser possível se concluir, a partir dos
ensaios, que:
a. De uma forma geral, sob determinados valores de tensões nas armaduras, iguais às tensões
admissíveis, já se observam fissuras. Em alguns casos, sob ação de cargas iguais às cargas de
serviço, observaram-se fissuras relativamente abertas. Veremos mais adiante quais melhorias
podem ser realizadas em certas disposições de armaduras
b. Os ensaios mostraram que os blocos do tipo (3), com armaduras dispostas unicamente
segundo as diagonais, são claramente menos favoráveis que os outros, pois as fissuras sobre
as faces laterais se abrem muito rapidamente, como se percebeu facilmente por conta da
inexistência de armaduras nas proximidades das faces laterais do bloco.
c. Os blocos com armaduras do tipo (1) paralelas aos quatro lados, e ainda os do tipo (2) com
laços, são afetados por fissuras menos importantes sobre as faces laterais, mas a ausência de
armaduras no centro do bloco permite um claro desenvolvimento da fissuração na face
inferior a partir de uma certa carga.
Parece que essas disposições são suscetíveis de serem melhoradas pela adição de uma malha
de armaduras. Essa malha (5) pode, por outro lado, ser considerada nos cálculos, sob a
reserva de lhe atribuir 80% de eficácia em relação à mesma taxa de armaduras 5 dispostas
paralelamente aos quatro lados do quadrado.
Dessa forma, para que o sistema misto assim realizado (1) + (5) ou (2) + (5) permaneça
econômico é conveniente equilibrar pelo o sistema principal (1) ou (2) a maior parte da carga.
d. Os blocos do tipo (4) com armaduras dispostas ora paralelas aos lados ora segundo as
diagonais do quadrado formado pelas estacas, parecem apresentar uma certa vantagem do
ponto de vista da fissuração, o que se faz lógico uma vez que as armaduras são distribuídas
ora sobre as faces laterais do bloco ora sobre a face inferior.

3.1.3 Resistência aos efeitos de punção

Como já indicado anteriormente, devido à complexidade dos fenômenos observados na


proximidade da ruptura na maioria dos blocos relativamente planos, não foi possível definir com

5 Nota dos pesquisadores: Força de tração considera 20% da resistência da armadura na ruptura.
10

precisão as condições de resistência aos efeitos da punção. Essas condições são associadas à
intensidade das tensões normais e dependem, por sua vez, da seção das armaduras inferiores e
suas características mecânicas. 6
É conveniente, por outro lado, assinalar que nunca se obteve rupturas por punção no centro do
bloco, mesmo para os blocos com menores alturas. Observou-se, entretanto, rupturas nas
proximidades de um dos cantos dos blocos sob o efeito da reação da estaca correspondente com
aparição de superfícies de fissuração oblíquas cuja forma é, além disso, variável.
Estima-se, contudo, ser capaz de afirmar que os blocos calculados pelo método das bielas não
apresentam riscos anormais de ruptura por punção se as condições que serão precisadas adiante
relativas à inclinação das bielas e as tensões do concreto sejam satisfeitas.

3.2 Blocos sobre três estacas

Tais ensaios foram realizados em blocos de diferentes alturas apresentando as seguintes


disposições, ilustradas pela Figura [22].
1˚ Armaduras dispostas ao longo dos três lados do triângulo equilátero que tem por vértices
os centros das seções das estacas. Essas armaduras de seção 𝐴𝐴’𝑐𝑐 , equilibram uma força de tração
que pode ser calculada pela Equação [9].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (9)
9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

2˚ Armaduras dispostas em laços ao longo do contorno lateral do bloco. Essas armaduras,


de mesma seção que as precedentes, equilibram a mesma força 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 . Como indicado para os
blocos sobre quatro estacas, a única diferença reside na disposição das ancoragens; há apenas
um cobrimento para cada um dos laços enquanto, no primeiro caso, cada barra deve ser ancorada
isoladamente em ambas as extremidades.
3˚ Armaduras dispostas ao longo das três medianas do triângulo formado pelos centros das
seções das estacas. Essas armaduras de seção 𝐴𝐴′𝑚𝑚 equilibram uma força de tração que pode ser
calculada pela Equação [10].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 √3 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (10)
9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

Esse sistema pouco utilizado é teoricamente lógico; as armaduras transmitem a um nó central


de concreto armado sob o pilar três forças concorrentes iguais à 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 que estão em equilíbrio.
4˚ Armaduras dispostas segundo um sistema misto, umas paralelas aos lados, outras
segundo as medianas do triângulo equilátero formado pelos centros das estacas.
Pode-se ainda observar que as taxas das armaduras são teoricamente as mesmas nos quatro casos
vistos acima.
5˚ Foi finalmente ensaiado um bloco com armaduras dispostas em malha regular com
barras paralelas a um lado do triângulo formado pelos centros das estacas e a altura
correspondente.

6Nota dos pesquisadores: A ruptura de blocos rígidos é regida por esmagamento do concreto comprimido ou por tração
diagonal.
11

Tal sistema é a priori ilógico em um bloco sobre três estacas, contudo se quis ensaia-lo porque
esta solução é às vezes proposta. A determinação das armaduras não é feita pelo método das
bielas; foi adotada a mesma taxa de armadura utilizada nos blocos da série correspondente.

3.2.1 Segurança à ruptura

a. Em relação à segurança à ruptura, os sistemas (1), (2) e (4) se revelaram substancialmente


equivalentes, desde que, no sistema (4), as armaduras dispostas ao longo dos lados sejam
preponderantes.
Quando as armaduras ao longo das medianas são preponderantes, as cargas de ruptura dos
blocos do tipo (4) são um pouco mais baixas – com todas as demais condições iguais –
quando comparadas àquelas dos blocos (1) e (2).
b. Os blocos do tipo (3) com armaduras dispostas unicamente ao longo das medianas
apresentaram coeficientes de segurança notadamente mais baixos que aqueles
correspondentes aos blocos dos tipos (1) e (2). Conforme indicado, o sistema considerado
está teoricamente em equilíbrio, mas não estará mais em equilíbrio se, por alguma razão, a
carga não estiver rigorosamente centrada sobre as três estacas; esta é sem dúvidas a
explicação da redução do coeficiente de segurança correspondente a esta configuração de
armaduras.
c. O bloco do tipo (5) com armaduras distribuídas em malha rompeu sob uma carga próxima
à metade da carga de ruptura dos blocos da mesma série. A ruptura foi extremamente brusca
e quase provocou um acidente. Uma superfície de fissuração se formou bruscamente ao
redor de uma das estacas e as duas armaduras que atravessavam a superfície em questão
foram insuficientes para equilibrar as forças de tração até então equilibrados pela resistência
do concreto; resultou em uma ruptura brusca com expulsão de uma parte do bloco.
Portanto, aparentemente esse sistema de armaduras distribuídas em malha deve ser evitado
a princípio para os blocos sobre três estacas.
d. Para as inclinações de biela em relação a horizontal próximas a 45°, os coeficientes de
segurança obtidos para os tipos de armadura (1), (2) e (4) variam entre grandes limites, mas
continuam compreendidos entre 1,6 e 2,4 – salvo casos excepcionais sobre os quais falar-se-
á mais a frente.
Os limites de validade desta constatação parecem poder serem fixos nos casos de blocos
sobre três estacas a 40°, de uma parte, e 55° de outra.
Para inclinações de bielas fictícias sobre a horizontal inferiores a 40°, são observados
coeficientes de segurança reduzidos correspondentes aos fenômenos de ruptura complexos.
Para inclinações de bielas sobre a horizontal superiores a 55°, constata-se frequentemente
um deslizamento das bielas 7 de concreto (efeito de console curto) e a resistência das
armaduras não é utilizada em sua máxima eficiência correspondente a altura do bloco.
e. Mesmo para as alturas correspondentes a inclinações de bielas compreendidas nos limites
acima, obteve-se por vezes coeficientes de segurança claramente inferiores aos indicados
acima em d para blocos com seções de armaduras relativamente elevadas. Ainda acredita-se

7 Nota dos pesquisadores: Tração diagonal.


12

ser possível afirmar que tais rupturas não podem se produzir se a tensão do concreto das
bielas não ultrapassasse certos limites fixados no capítulo de disposições construtivas.

3.2.2 Fissuração

No que diz respeito a fissuração das faces laterais, o sistema (1) mostrou resultados piores que
o sistema (2), pois as barras dispostas ao longo dos lados do triângulo formado pelas estacas são
mais distantes das faces laterais que as armaduras em laços.
Pela mesma razão, o sistema (3) forneceu resultados muito desfavoráveis.
O sistema mais favorável é o sistema (4) que contém armaduras sobre as faces laterais e as barras
se cruzam no centro do bloco.
Os sistemas (1) e (2) podem ser melhorados pela junção de uma armadura em malha no meio
do bloco que tem por efeito retardar ou limitar a fissuração da face inferior.

3.2.3 Condições de resistência aos efeitos de punção

Como para os blocos sobre quatro estacas, não foi observado punção no centro do bloco, mas
sim fissuração segundo superfícies inclinadas próximas de um canto do bloco, por efeito da
reação da estaca correspondente.
Ainda mais que para os blocos sobre quatro estacas, os ensaios realizados não permitiram
precisar as condições de resistência a esses efeitos de punção. Mesmo em blocos relativamente
altos correspondentes a inclinações de biela superiores a 45°, observou-se fissuras segundo
superfícies inclinadas partindo das proximidades de uma estaca. Contudo, estima-se ser possível
afirmar que os blocos calculados pelo método das bielas não apresentam riscos anormais de
ruptura por efeito de punção se as condições que serão precisadas mais a frente relativas a
inclinação das bielas e as tensões do concreto forem satisfeitas.

3.3 Blocos sobre duas estacas

O estudo desses blocos é relatado no próximo capítulo que diz respeito aos ensaios em tamanho
real, em razão do número restrito de ensaios em modelos reduzidos.

4 Segunda série de ensaio sobre blocos em tamanho real


Os primeiros ensaios realizados em modelos reduzidos de blocos permitiram avançar a um
numero relativamente importante de ensaios; uma vez desenvolvido o dispositivo experimental,
os gastos se encontravam limitados em razão do custo pouco elevado dos diferentes blocos e
das facilidades de montagem.
Contudo, pareceu aos membros das comissões de organizações profissionais encarregados de
promover pesquisas aplicadas que seria conveniente completar os primeiros ensaios com outros,
realizados desta vez em blocos de tamanho real. Este é o objeto de estudo da segunda parte de
ensaios executados de 1958 a 1961.
13

Nesse segundo programa, não seria possível realizar séries de ensaios tão completas quanto o
primeiro em razão do custo elevado dos elementos de ensaio e dos ensaios por si próprios. De
qualquer forma, não foi necessário, os ensaios nos modelos reduzidos já haviam permitido
responder algumas questões, principalmente aquelas relacionadas à eficácia dos diferentes
sistemas de armaduras.
Foram em definitivo ensaiados:
- 8 blocos sobre quatro estacas;
- 8 blocos sobre três estacas;
- 6 blocos sobre duas estacas.
Os resultados desses ensaios estão apresentados nas tabelas 4, 5 e 6 em anexo.

4.1 Ensaios de blocos sobre quatro estacas

Essa série de oito blocos compreendeu:


− Um primeiro grupo de quatro blocos em que a altura correspondia a uma inclinação das
bielas fictícias igual a 45°:
– Dois com armadura ao longo dos quatro lados complementada por uma malha
no centro do bloco;
– Dois com sistema misto: armadura ao longo dos quatro lados e ao longo das
diagonais;
− Um segundo grupo de quatro blocos em que a altura correspondia a uma inclinação das
bielas fictícias igual a 55° com os mesmos sistemas de armadura acima.
Em cada caso, um primeiro bloco foi armado com barras de aço lisas, e o segundo com barras
nervuradas.
As dimensões do bloco foram definidas para assegurar a transmissão de cargas de um pilar
quadrado de 50 x 50 cm² a quatro estacas de seção quadrada de 35 x 35 cm² distantes entre eixos
de 1,20 m. O volume de concreto de cada bloco era da ordem de 2,6 m³ e seu peso ultrapassava
6,5 t.
Os blocos foram ensaiados no interior do túnel protendido e utilizando equipamentos do
CEREBTP. As cargas foram aplicadas com ajuda de um atuador hidráulico de 2000 t.
Para permitir a livre rotação e o livre deslocamento das seções inferiores das estacas, previu-se
inicialmente utilizar rótulas constituídas de grandes esferas em aço tratado e rolamentos de
esferas seguindo um dispositivo análogo aquele empregado nos ensaios dos modelos reduzidos.
Mas esta solução apresentou inúmeras dificuldades. Finalmente, sob os conselhos de Lebelle,
previu-se a utilização de quatro folhas de neoprene de 8 mm de espessura sob cada estaca. Este
dispositivo, muito mais simples que o dispositivo inicial, se revelou eficaz e satisfatório.
Durante os ensaios, notou-se o desenvolvimento de fissuras não somente nas faces laterais, mas
igualmente na face inferior do bloco que estava acessível.
14

Anotou-se para diferentes valores de carga o comprimento das fissuras e sua abertura, medidas
com auxílio de um micrometro ocular. Em diferentes incrementos de carga, observou-se
diferentes fases de fissuração da face inferior.
Anotou-se evidentemente os processos de ruptura e as cargas últimas, compreendidas entre
650 e 900 t. Após os ensaios, os quatro lados dos blocos foram fotografados em seu estado de
ruptura.
No momento da concretagem dos blocos, foram retirados corpos-de-prova cúbicos e
prismáticos, que foram rompidos por compressão ou flexão no mesmo dia dos ensaios dos
blocos.
Da mesma forma, foram coletados corpos-de-prova das diferentes barras de armadura que
foram submetidas aos ensaios de tração afim de identificar corretamente as características
mecânicas do aço das armaduras, para permitir a correta interpretação dos ensaios. Após um
incidente que aconteceu sobre alguns ensaios, recomenda-se fortemente aos engenheiros que
comandam estudos experimentais em elementos de concreto armado que encomendem barras
de aço com comprimento extra que permita a coleta de corpos-de-prova diretamente das barras
destinadas à fabricação dos elementos; senão, corre-se o risco de realizar-se ensaios de tração
sobre barras que não tem nada em comum com o metal das armaduras utilizadas!
Os resultados obtidos confirmaram, em geral, os ensaios realizados sobre os modelos reduzidos.
Os coeficientes de segurança, definidos como anteriormente como a relação entre a carga
correspondente a ruptura e a carga calculada pelo método simplificado das bielas para uma
tensão nas armaduras igual a 3/5 do limite elástico, conforme as Regras CA 1960, variam entre
1,67 e 2,15, sendo o valor médio 1,87, número um pouco menor que aquele obtido em média
nos ensaios de modelos reduzidos 8.
Os resultados obtidos com a disposição “armaduras ao longo dos quatro lados” e “armaduras
em malha” são levemente superiores aqueles correspondentes à disposição “mista” “armaduras
ao longo dos lados e ao longo das diagonais” (1,95 contra 1,79).
Da mesma forma, os coeficientes de segurança obtidos com as barras nervuradas foram
levemente superiores aos coeficientes obtidos com barras lisas (1,92 contra 1,81).
No que diz respeito a fissuração, é necessário observar que, sob cargas da ordem das cargas de
serviço, notou-se fissuras atingindo – e mesmo ultrapassando em alguns casos – meio milímetro,
apesar da excelente qualidade dos concretos à tração. Esta constatação apresenta um grave
problema, especialmente porque blocos sobre estacas são geralmente enterrados em meio
úmido. Será necessário então pesquisar melhorias nas armaduras que permitam reduzir a
importância desses fenômenos de fissuração observados durante os ensaios.
Deve-se assinalar que os blocos com armaduras de alta aderência não apresentaram vantagens
em relação aos blocos com armaduras de barras lisas, sob suas respectivas cargas de utilização;
seria mesmo tentador concluir que as armaduras de alta aderência são menos favoráveis que as

8 Se deixa-se de se referir ao método simplificado e passa-se a utilizar o método de Frémy, os coeficientes de segurança
1 𝑎𝑎 2
1 − 3 �𝑙𝑙 �
𝑡𝑡 �
acima devem ser multiplicados pela relação � 1 𝑎𝑎 �; eles devem então estar compreendidos entre 1,99 e
1 − 2 𝑙𝑙
𝑡𝑡
2,56, com média de 2,23.
15

armaduras lisas; é verdade que estas primeiras não comportavam dispositivos de ancoragem e
que é possível a produção de leves deslizamentos das barras.
Relembra-se que as disposições das armaduras eram de dois tipos:
1˚ Armaduras dispostas ao longo dos lados + malha uniformemente repartida colocada
sobre a armadura anterior;
2˚ Armaduras dispostas ao longo dos lados + armaduras dispostas ao longo das diagonais
acima das anteriores.
Não se observou vantagens de um sistema em relação ao outro.
As primeiras fissuras que apareceram sobre as faces laterais eram geralmente verticais e se
produziam consideravelmente no meio do intervalo entre as estacas. Com o aumento da carga,
observou-se o aparecimento de outras fissuras frequentemente inclinadas e que viriam se juntar
às primeiras.
Na face inferior, notou-se regularmente fissuras principais em cruz, conforme a teoria de ruptura
de placas apoiadas em quatro pontos; nos outros casos, observou-se fissuras visivelmente
paralelas na direção de uma das diagonais do bloco.
As cargas de ruptura 𝑄𝑄𝑢𝑢 observadas foram sempre maiores que 𝑄𝑄𝑎𝑎 , calculadas pela aplicação do
método das bielas para uma tensão nas armaduras igual ao valor médio do limite elástico 9; pode-
se então dizer que a ruptura dos blocos se produziu por excesso de tensão das armaduras
inferiores; contudo, os fenômenos observados no momento da ruptura são muito complexos,
sobretudo nos blocos com menores alturas (bielas inclinadas a 45°) como mostram algumas
fotografias anexadas. Geralmente, a ruptura ocorreu de forma brusca, com fissuras inclinadas e,
em alguns casos, com aparente deslizamento de armaduras, no caso de barras nervuradas que,
lembrando, não dispunham de dispositivos de ancoragem em suas extremidades (ganchos).

4.2 Ensaios de blocos sobre três estacas

Essa série de oito blocos compreendeu:


− Um primeiro grupo de quatro blocos nos quais a altura correspondia a uma inclinação das
bielas fictícias próxima a 40°:
– Dois com armadura ao longo dos lados (ou em laços), complementada por uma
malha no centro do bloco;
– Dois com sistema misto: armadura ao longo dos lados (ou em laços) e ao longo
das diagonais;
− Um segundo grupo de quatro blocos no qual a altura correspondia a uma inclinação das
bielas fictícias próxima a 52° com os mesmos sistemas de armadura acima.
Em cada caso, um primeiro bloco foi armado com barras de aço lisas, e o segundo com barras
de aço torcido. Mas é importante notar uma diferença essencial: com as barras de aço lisas, frente
à quase impossibilidade encontrada de dispor as barras paralelamente aos lados ancorando-as

𝑄𝑄𝑢𝑢 𝑄𝑄
9 Salvo para o bloco 4 N 4 onde a relação �𝑄𝑄 foi de 0,998, praticamente 1. A relação 𝑢𝑢�𝑄𝑄 varia entre 1,66 e 2,135,
𝑎𝑎 𝑎𝑎
com um único resultado superior a 2.
16

perpendicularmente a cada estaca em razão do emaranhado de barras de aço, foram previstas


armaduras em laços cujos traspasses foram feitos mais facilmente nas partes entre estacas.
Entretanto, para as armaduras de alta aderência (torcidas), conservou-se a disposição das
armaduras paralelas aos lados, com as barras ancoradas por ganchos na perpendicular.
As dimensões do bloco foram definidas para assegurar a transmissão de cargas de um pilar
quadrado de 45 x 45 cm² a três estacas de seção quadrada de 35 x 35 cm² distantes entre eixos
de 1,20 m. O volume de concreto de cada bloco era da ordem de 1,6 m³ para os blocos altos e
seu peso era de 4 t.
Como para os blocos sobre quatro estacas, os ensaios foram realizados no interior do túnel
protendido da máquina de carga do CEREBTP. As cargas foram aplicadas com ajuda de um
atuador hidráulico de 2000 t.
O dispositivo de apoio sobre placas de neoprene, que tiveram desempenho satisfatório para os
blocos sobre quatro estacas, foi conservado.
Os resultados obtidos, em geral, confirmaram os ensaios sobre os modelos reduzidos.
Os coeficientes de segurança, conforme definidos anteriormente, variam entre 1,638 e 2,585,
sendo o valor médio 2,05, número pouco superior àquele obtido nos ensaios de modelos
reduzidos e com os blocos sobre quatro estacas 10.
Os resultados obtidos com armaduras dispostas em laços (barras lisas) foram claramente
superiores àqueles correspondentes às armaduras dispostas paralelamente aos três lados (barras
torcidas), coeficientes de segurança 2,25 contra 1,85. Essa constatação não deve ser associada à
qualidade do aço, mas ao fato de que os recobrimentos previstos propiciaram um certo
comprimento entre as estacas uma seção útil superior àquela levada em consideração nos
cálculos.
As cargas de ruptura dos blocos que tinham armaduras ao longo dos lados ou em laços e
repartida em malha forneceram coeficientes de segurança mais elevados do que aqueles com
armadura ao longo das medianas (2,20 contra 1,86). É preciso observar que, nos primeiros, a
armadura em malha não é levada em consideração nos cálculos.
No que diz respeito à fissuração, é possível ainda notar que, sob cargas de magnitudes
equivalentes às cargas de serviço, foram observadas fissuras cujas aberturas atingiram meio
milímetro. É, portanto, conveniente pesquisar melhorias de armadura suscetíveis de reduzir a
importância dos fenômenos de fissuração observados nos ensaios.
Em certos casos, o aparecimento e o desenvolvimento das fissuras foram progressivos; em
outros, as fissuras apareceram de maneira brusca depois de alguns minutos de carregamento sob
uma carga determinada; elas apresentavam um comprimento e abertura notáveis.
É difícil deduzir das constatações, amplamente dispersas, conclusões gerais fundamentadas. No
entanto, aparentemente as armaduras em laços apresentam uma certa vantagem em relação às
armaduras ao longo os lados no que diz respeito às fissuras das faces laterais, o que é, entretanto,
normal pois as armaduras em laços estão mais próximas das faces.

10 Se deixa-se de se referir ao método simplificado e passa-se a utilizar o método de Frémy, os coeficientes de segurança
1 𝑎𝑎 2
1 − 3 �𝑙𝑙 �
𝑡𝑡 �
acima devem ser multiplicados pela relação � 1 𝑎𝑎 �; eles devem então estar compreendidos entre 1,87 e
1 − 2 𝑙𝑙
𝑡𝑡
2,96, com média de 2,34.
17

No que diz respeito à fissuração na face inferior, as armaduras distribuídas em malha parecem
apresentar uma leve vantagem em relação às armaduras ao longo das medianas, sem dúvidas em
razão do fato que as primeiras estão mais próximas da face inferior do bloco.
Os fenômenos observados na ruptura são extremamente complexos. As primeiras fissuras
observadas nas faces laterais são em geral visivelmente verticais, e aquelas que ocorrem na face
inferior são normais aos lados do bloco.
Em seguida, produz-se fissuras inclinadas partindo de um canto do bloco, se estendendo em
direção à parte superior.
Em alguns casos, a ruptura afeta um canto do bloco sob efeito da reação de uma estaca. Houve
diversas vezes, com as armaduras de alta aderência que não contavam com dispositivos de
ancoragem curvos em suas extremidades (ganchos), deslizamento relativo das armaduras e do
concreto. Em outros casos, com as armaduras em laços, parecem terem sido formados no
interior do bloco arcos sustentados pelas armaduras inferiores (ocorrência de fissuras de
curvatura esticada entre as estacas). De qualquer maneira, as cargas correspondentes à ruptura são
tais que a tensão das armaduras calculada pelo método das bielas atinge o limite elástico do aço;
pode-se então admitir que as rupturas são produzidas ao esgotar-se a resistência do aço 11.

4.3 Ensaios de blocos sobre duas estacas

Os ensaios foram realizados em seis blocos:


− Dois de 55 cm de altura total (inclinação das bielas próxima de 45°);
− Dois de 75 cm de altura (inclinação das bielas próxima de 55°);
− Dois de 95 cm de altura total (inclinação das bielas próxima de 50°).
Em cada série, um bloco foi armado com 6 ∅ 32 mm lisas terminadas em ponta, um segundo
com 5 ∅ 32 mm nervuradas sem ganchos nas extremidades. Os blocos asseguravam a
transmissão da carga de um pilar de seção quadrada (35 x 35 cm²) a duas estacas de seção
quadrada (35 x 35 cm²); a largura dos blocos era de 40 cm. A distância entre os eixos das estacas
era de 120 cm; as armaduras superiores foram constituídas de 2 ∅ 8 mm; não havia armaduras
transversais, exceto dois estribos de ∅ 8 mm perpendicularmente a cada estaca.
As cargas de ruptura estão indicadas na tabela.
Os valores das relações de cargas de ruptura/cargas calculadas pelo método simplificado das
bielas, para uma tensão do aço igual à do limite elástico (𝜎𝜎𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑒𝑒 ′), estão praticamente
compreendidos entre 0,89 e 1,01 (média 0,94).
Os valores estão, portanto, mais próximos da unidade e pode-se dizer que a resistência à tração
da armadura não foi totalmente atingida; o método das bielas em sua forma simplificada não
parece se aplicar sem ressalvas aos blocos sobre duas estacas.
A aplicação do método de Frémy conduz a uma força nas armaduras igual à calculada pela
Equação [11].

11 Nota dos pesquisadores: Se, e somente se, não ocorrer ruptura por tração diagonal.
18

𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎²
𝑁𝑁′𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (11)
4ℎ 3𝑙𝑙𝑡𝑡 ²

Com os dados correspondentes aos ensaios, de 𝑎𝑎 = 0,35 m e 𝑙𝑙𝑡𝑡 = 1,20 m, o método de Frémy
conduz a uma força nas armaduras que é 1,13 vezes daquela encontrada pelo método
simplificado.
Se, então, considera-se as relações cargas de ruptura/carga calculada pelo método de Frémy para
𝜎𝜎𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑒𝑒 ′, os valores estão compreendidos entre 1,02 e 1,15.
Com exceção de uma única, todas as rupturas ocorreram por esmagamento do concreto ao longo
de uma fissura inclinada ligando uma face do pilar à estaca vizinha 12; a fissura termina seja no
centro da estaca, seja no eixo da estaca, seja na direção da face exterior da estaca. A única ruptura
excepcional foi a do bloco de menor altura armado em laço com barras nervuradas; se produziu
um descolamento das armaduras inferiores cujo comprimento de ancoragem a partir do centro
da estaca foi da ordem de somente 12 ∅; esse descolamento provocou uma fissura
consideravelmente inclinada a 45° e desencadeou a ruína do bloco.
Pode-se notar que as tensões de cisalhamento 𝜏𝜏𝑢𝑢 calculadas a partir da carga de ruptura pela
𝑇𝑇 𝑄𝑄 7
fórmula clássica 𝜏𝜏𝑢𝑢 = 𝑢𝑢 = 𝑢𝑢 , com 𝑧𝑧 = ℎ, são em média muito elevadas; variam de 60
𝑏𝑏0 𝑧𝑧 2𝑏𝑏0 𝑧𝑧 8
kg/cm² a 107 kg/cm², portanto dentro de grandes limites; é verdade que as resistências dos
concretos à tração, em geral muito boas, são muito variáveis – as relações 𝜏𝜏𝑢𝑢 /𝜎𝜎′ variam de 2,27
a 3,48.
Como as rupturas são geralmente produzidas por esmagamento das bielas de concreto
assegurando a transmissão da carga, calcula-se a tensão de compressão correspondente pela
Equação [12].
𝑄𝑄𝑢𝑢
𝜎𝜎𝑏𝑏𝑏𝑏 = (12)
𝐵𝐵 sin² 𝜃𝜃

(𝜃𝜃 o ângulo de inclinação do eixo da biela em relação à horizontal) e comparou-se a resistência


𝜎𝜎
à compressão medida em cubos. Encontrou-se valores da relação 𝑏𝑏𝑏𝑏 compreendidos entre
𝜎𝜎𝑗𝑗 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐
0,856 e 1,281, e média ligeiramente superior a 1. Ao se referir à resistência medida em cilindros,
𝜎𝜎𝑏𝑏𝑏𝑏
os valores da relação são em média 1,20.
𝜎𝜎𝑗𝑗 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

5 Disposições construtivas
5.1 Generalidades

a. Os esforços transmitidos aos blocos sobre estacas são comumente avaliados no início do
estudo do projeto de um edifício com uma certa imprecisão. Isso resulta do fato que o
sistema portante que assegura a transmissão de cargas verticais não é perfeitamente definido
no momento de estudo do anteprojeto, tanto em sua disposição quanto no pré-
dimensionamento dos elementos. Algumas sobrecargas permanentes são frequentemente
subestimadas pelos engenheiros (terraços inclinados, paredes divisórias). Entretanto, as
sobrecargas atuantes sobre as fundações são geralmente menores do que as levadas em

12 Notas dos pesquisadores: Ruptura por tração diagonal.


19

consideração, mesmo aplicando as regras de minoração das cargas, pelo menos nos edifícios
diferentes dos edifícios industriais.
b. Deve-se considerar as diferenças resultantes da real implantação das estacas em relação à
implantação teórica. Não é necessário insistir nesse ponto; é suficiente refletir sobre as
condições sobre as quais as estacas são locadas e construídas (ou cravadas), sejam elas pré-
moldadas ou moldadas in situ, para imaginar que ao final da cravação o centro de uma estaca
se encontre a 10 ou 15 cm do centro de implantação teórico.
Blocos sobre estacas são peças relativamente curtas e as diferenças de implantação podem
ter repercussões importantes no projeto dos blocos, e em particular sobre a seção das
armaduras.
Para remediar tais inconvenientes, só existe uma solução: é conveniente fazer um mapa da
implantação real e estabelecer o projeto dos blocos a partir desse mapa.
c. No método das bielas, as armaduras são determinadas para equilibrar as forças de tração
resultantes da decomposição de forças oblíquas transmitidas pelas bielas. Tomando-se como
referência as Regras CA 1960, é conveniente então adotar como tensão admissível das
3
armaduras aquela relativa à solicitação de tração simples, ou seja 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎 ′, e não aquela
5
2
relativa à solicitação de flexão simples, ou seja 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎 ′. Os ensaios mostraram que os
3
3
blocos cujas armaduras são calculadas pelo método das bielas – com a tensão 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ = 𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎 ′
5
– apresentam, em geral, coeficientes de segurança ao menos iguais a 1,67, e para os blocos
calculados com 𝜎𝜎�𝑎𝑎′ = 0,67𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎 ′ é arriscado que não seja assim. 13
d. Pensa-se igualmente ser necessário chamar a atenção dos engenheiros sobre a importância
relativa dos valores de distância entre o nível médio das armaduras e a face inferior do bloco
– em razão da superposição, na maioria dos casos, de várias camadas de barras de grande
diâmetro.
e. É necessário, portanto, não subestimar o valor de 𝑑𝑑’ a ser considerado; ao se adotar um valor
𝑑𝑑’ muito baixo, tem-se bielas mais inclinadas do que o suposto, e a tensão nas armaduras
provavelmente será superior àquela admissível.
Viu-se que alguns ensaios foram realizados em blocos de tamanho real com armaduras de
alta aderência, sem ganchos nas extremidades; destacamentos foram observados em alguns
casos; estima-se ser conveniente prever sistematicamente ganchos nas extremidades das
barras, tanto para as armaduras de alta aderência quanto para as barras lisas. Por “ganchos”
entende-se “ganchos normais” e “ganchos com dobras a 45°”; salvo casos particulares, os
raios de curvatura das partes curvas devem ser ao menos de 3 ∅ para barras em aço liso e
5 ∅ para barras com características mecânicas mais elevadas.

13Ao usar como referência a Seção VI do fascículo 61 do CPC do Ministère des Travaux Publics está autorizado adotar
2
como tensão admissível das armaduras solicitadas 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′ = 3 𝜎𝜎𝑎𝑎𝑎𝑎 ′, tanto nas peças solicitadas à tração como nas peças
solicitadas à flexão simples. Não é necessário, portanto, perder de vista que os coeficientes de segurança à ruptura dos
blocos assim calculados poderiam não ser superiores a 3/2. A mesma observação se aplicaria sem dúvidas ao usar como
referência o regulamento unificado do concreto armado que está sendo redigido e que tomará as mesmas tensões
admissíveis que o fascículo 61.
20

Acredita-se ser conveniente evitar, em barras muito solicitadas de blocos, ancoragens a 90°
em razão do risco de ruptura do concreto na extremidade da parte curva 14, a menos que as
dobras não se encontrem no interior de uma zona armada transversalmente por laços.
f. Para reduzir o diâmetro das barras e ganhar assim alguns centímetros no valor de 𝑑𝑑’, é
geralmente interessante utilizar nos blocos barras de alto limite elástico; mas, como visto, é
conveniente que essas barras sejam facilmente dobradas em suas extremidades.
Lembrados esses princípios gerais, passa-se a revisar as disposições a serem adotadas para
os diferentes tipos de blocos.

5.2 Blocos sobre duas estacas

Viu-se que a estrita aplicação do método das bielas simplificado pode conduzir a coeficientes de
segurança inferiores aos requeridos. É necessário, então, determinar a força 𝑁𝑁′𝑎𝑎 que deve ser
equilibrada pelas armaduras inferiores.
− Seja aplicando a fórmula resultante do estudo de Frémy, dada pela Equação [13].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎²
𝑁𝑁′𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (13)
4ℎ 3𝑙𝑙𝑡𝑡 ²

− Seja usando como referência a teoria simplificada, em que se utiliza a Equação [14],
majorando a força em 15% do valor correspondente às disposições mais usuais 15.
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (14)
4ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

A altura do bloco deve ser tal que a inclinação em relação a horizontal das bielas fictícias (no
método simplificado) seja ao menos igual a 45°. Deve-se, portanto, respeitar a condição dada
pela Equação [15].
𝑎𝑎
ℎ ≥ 0,50 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (15)
2
Na verdade, os blocos com bielas a 45° são muito planos e é preferível escolher uma altura
maior, a menos que seja absolutamente impossível.
Foi visto, contudo, que com blocos relativamente altos há um risco de deslizamento das bielas
de concreto na proximidade do pilar. Admite-se ser conveniente limitar a inclinação das bielas a
55° em relação à horizontal.
Então, aconselha-se tomar como altura útil do bloco um valor próximo ao calculado utilizando-
se a Equação [16].
𝑎𝑎
ℎ = 0,70 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (16)
2

14 A seção VI do fascículo 61 chama atenção dos engenheiros sobre os inconvenientes dessa disposição nos comentários
(39-3, 3).
15 Essa majoração do valor de 𝑁𝑁′ resultante da aplicação do método simplificado pode revelar-se desnecessária, em
𝑎𝑎
alguns casos, se ensaios complementares, realizados especialmente sobre blocos comportando porcentagens de armaduras
reduzidas, legitimem o método simplificado. Mas esperando os resultados de tais ensaios, pensa-se ser prudente seguir as
regras anunciadas. É conveniente, de qualquer forma, observar que as seções de armaduras assim determinadas são
inferiores àquelas conduzidas pela aplicação do método de cálculo de vigas de grande altura definidas pelas Regras CA
1960.
21

A seguir são apresentados, na Tabela [1], diferentes valores da relação 𝑎𝑎/𝑙𝑙𝑡𝑡 , valores de ℎ em
função de 𝑙𝑙𝑡𝑡 e de 𝑁𝑁′𝑎𝑎 em função de 𝑄𝑄 pela fórmula de Frémy.
É perfeitamente possível prever blocos com altura superior à calculada pela Equação [16], mas
seria então prudente determinar o valor de 𝑁𝑁′𝑎𝑎 pelas fórmulas correspondentes a esta altura,
pois, ao ter-se bielas muito inclinadas, a resistência das barras pode não ser utilizada em sua
totalidade.
Outras duas condições devem ser verificadas:
𝑇𝑇𝑢𝑢 𝑄𝑄𝑢𝑢
i. A tensão de cisalhamento 𝜏𝜏𝑢𝑢 = = (𝑏𝑏0 a largura do bloco, 𝑧𝑧 o braço de alavanca
𝑏𝑏0 𝑧𝑧 2𝑏𝑏0 𝑧𝑧
7
tomado como ℎ) pode atingir um valor elevado mas não deve ultrapassar 1,2 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (𝜎𝜎′𝑗𝑗 a
8
resistência à tração do concreto) 16.
Se essa condição não for verificada, é preciso prever barras dobradas se não for possível
aumentar a altura do bloco.
ii. A tensão do concreto nas bielas deve ser limitada pelas desigualdades apresentadas nas
Equações [17] e [18] 17.
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏 = < 0,6 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (17)
𝐵𝐵 sin² 𝜃𝜃
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏1 = < 0,6 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (18)
𝐵𝐵1 sin² 𝜃𝜃

Nas quais: 𝐵𝐵 é a área da seção do pilar; 𝐵𝐵1 é a área da seção de uma estaca; 𝜃𝜃 é a inclinação do
eixo das bielas fictícias da teoria simplificada em relação à horizontal; 𝜎𝜎𝑗𝑗 é a resistência à
compressão medida em corpos-de-prova cilíndricos (ℎ = 2 ∅). Tomar-se-á, em princípio, 𝜎𝜎𝑗𝑗 =
𝜎𝜎28 .
Em razão das possíveis diferenças de implantação, os eixos das estacas e do pilar podem não
estar num mesmo plano vertical. É boa prática construtiva dispor longarinas perpendiculares ao
plano vertical médio do bloco para equilibrar, por sua resistência à flexão, os momentos
produzidos pela excentricidade de carga em relação ao plano vertical que contém os eixos das
estacas.
De toda forma, é bom conferir a esses blocos uma certa resistência à torção dispondo:
1˚ Armaduras superiores, como ilustrado na Figura [40], cuja seção deve ser da ordem de
1/8 a 1/5 da seção das armaduras inferiores, um valor mais baixo não deve ser admitido uma
vez que as condições de execução são muito rigorosas no que diz respeito à precisão de
implantação (estacas escavadas de grande diâmetro);
2˚ Estribos envolvendo as barras inferiores e superiores ao longo de todo o comprimento
do bloco, também ilustrado pela Figura [40]. Aparentemente, para blocos menos carregados, é
conveniente prever um mínimo de estribos de ∅ 10 a cada 12 cm; para blocos transmitindo
cargas da ordem de 80 t por estaca, será necessário ao menos estribos duplos de ∅ 10 a cada 10
cm; e para os blocos transmitindo cargas superiores estribos triplos ou quádruplos. Esses

3,6 𝑀𝑀𝑢𝑢
16 Calculado pela fórmula a partir do momento de ruptura 𝑀𝑀𝑢𝑢 por flexão dos corpos-de-prova prismáticos.
𝑏𝑏²
0,85 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐
17 Nota dos pesquisadores: Da NBR 6118:2014, para coeficiente de segurança 1,67 tem-se: = 0,607.
ϕ𝑐𝑐
22

estribos têm certamente uma influência bastante favorável sobre a contenção do bloco 18;
realizam, além disso, uma certa diminuição da zona de ancoragem.
Certamente consiste boa prática construtiva prever à meia altura do bloco uma barra sobre cada
face cuja seção pode ser da ordem da seção das armaduras inferiores. Essas barras seriam unidas
transversalmente ao bloco por pinos de mesmo espaçamento que os estribos.
No caso de blocos muito carregados, se uma das condições – tensão de cisalhamento ou tensão
de compressão das bielas – não é verificada, pode-se aumentar a resistência do bloco adicionando
barras ao longo do traçado indicado na Figura [41].
Mesmo que não tenham sido realizados ensaios em blocos comportando barras dobradas, tais
barras são certamente eficazes para retardar a fissuração inclinada e aumentar a resistência do
bloco 19. Pode-se admitir que se 𝐴𝐴′𝑝𝑝 é a seção das barras identificadas a 45°, elas asseguram a
transmissão de uma parte da carga igual a 𝐴𝐴′𝑝𝑝 𝜎𝜎�𝑎𝑎 ′√2.

5.3 Blocos sobre três estacas

Considerando primeiramente o caso em que o pilar suportado pelo bloco é de seção quadrada.
Tem-se como limite de validade de aplicação do método das bielas 40° < θ < 55°, mas estima-
se que os valores de θ < 45° devem ser evitados na medida do possível pois correspondem a
seções de aço relativamente importantes.
É preferível então ater-se à condição θ ≥ 45°, que corresponde a uma altura igual à calculada
pela Equação [19].
𝑎𝑎
ℎ ≥ 0,58 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (19)
2
É, no entanto, vantajoso ter-se uma altura útil correspondente a uma inclinação das bielas de
55º, condição na qual a altura terá valor próximo ao calculado pela Equação [20]
𝑎𝑎
ℎ ~ 0,825 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (20)
2
Nessas condições, a força de tração nas armaduras tem valor
− Armaduras dispostas segundo as medianas: 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑄𝑄/4,3
− Armaduras dispostas paralelamente aos lados: 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑄𝑄/7,4
Caso se adote uma altura superior a esta, é prudente conservar, para o cálculo das armaduras, os
valores escritos acima.
Não parece indicado prever, para os blocos sobre três estacas, uma altura variável; em princípio,
os blocos têm uma altura constante, a mesma até a base do pilar.
Dois sistemas de armaduras são recomendáveis:

18 Nota dos pesquisadores: Os estribos horizontais aumentariam a segurança contra a tração diagonal.
19 Nota dos pesquisadores: Esse fenômeno foi estudado por Delalibera & Giongo [3].
23

1˚ Armaduras em laços 20 e armaduras segundo as medianas, como ilustrado na Figura [42];


2˚ Armaduras em laços e armaduras distribuídas em malha, como ilustrado na Figura [43].
No primeiro caso, essas armaduras em laços de seção 𝐴𝐴′𝑐𝑐 são calculadas para equilibrar um
esforço que pode ser calculado por meio da Equação [21].
𝑄𝑄′𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (21)
9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡
𝑎𝑎 2 4
(seja 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑄𝑄′/7,4 para ℎ ≥ 0,825 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − �, com 𝑄𝑄′ compreendido entre 𝑄𝑄 e 𝑄𝑄 – as
2 3 5
armaduras ao longo das medianas são então determinadas para equilibrar uma força de tração
(𝑄𝑄−𝑄𝑄′ )𝑙𝑙𝑡𝑡 √3 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − �.
9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

No segundo caso, as armaduras em laços de seção 𝐴𝐴′𝑐𝑐 devem equilibrar uma força que pode ser
calculada pela Equação [22].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (22)
9ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

correspondente à carga total 𝑄𝑄 do pilar. A seção das armaduras dispostas em malha só pode ser
determinada empiricamente; estima-se que caso se deseje limitar a fissuração na face inferior,
convém dispor em cada sentido uma seção de armaduras da ordem de 20% da seção dos laços.
As condições relativas às tensões de compressão das bielas são apresentadas nas Equações [23]
e [24] 21.
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏 = < 0,75 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (23)
𝐵𝐵 sin² 𝜃𝜃
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏1 = < 0,75 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (24)
3𝐵𝐵1 sin² 𝜃𝜃

Nas quais: 𝐵𝐵 é a área da seção do pilar; 𝐵𝐵1 é a área da seção de uma estaca; 𝜃𝜃 é a inclinação do
eixo das bielas em relação à horizontal; 𝜎𝜎𝑗𝑗 é a resistência à compressão medida em corpos-de-
prova cilíndricos.
Para θ = 55°, as condições acima são dadas pelas Equações [25] e [26] 22.
𝑄𝑄
< 0,50 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (25)
𝐵𝐵
𝑄𝑄
< 0,50 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (26)
3𝐵𝐵1

Essas condições são geralmente satisfeitas pois a tensão admissível de compressão simples é
normalmente limitada no pilar a 0,30 𝜎𝜎′𝑗𝑗 .
Todas as armaduras devem terminar em ganchos (normais ou a 45°). A menos que se tenha
justificativas especiais, o traspasse dos laços deve ter um comprimento de pelo menos 35 ∅. É

20 Como visto, no caso de blocos sobre três estacas é preferível dispor os laços que as armaduras ao longo dos lados; os
laços dão uma segurança superior, limitam as fissuras nas faces laterais e, sobretudo, permitem evitar o emaranhamento
dos dispositivos de ancoragem perpendicularmente a cada estaca.
21 Nota dos pesquisadores: Da NBR 6118:2014, para coeficiente de segurança tem-se: 1,05 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 = 0,75.
ϕ𝑐𝑐
0,70 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐
22 Nota dos pesquisadores: Da NBR 6118:2014, para coeficiente de segurança tem-se: = 0,50.
ϕ𝑐𝑐
24

vantajoso utilizar laços com três barras superpostas, tornando 𝑑𝑑′ não excessivo e permitindo um
cobrimento em cada lado do bloco.
À medida que vários laços são dispostos no mesmo plano horizontal, é conveniente estudar com
cuidado as disposições das armaduras (traçado das barras, curvatura perpendicularmente as
estacas, traspasse de barras situadas num mesmo plano e barras superpostas).
Melhora-se certamente a estabilidade do bloco dispondo à meia altura um laço suplementar cuja
seção, não levada em consideração nos cálculos, pode ser inferior àquela de cada um dos laços
inferiores.
No caso em que o pilar suportado pelo bloco tem uma seção se distanciando da forma quadrada,
pode-se ainda aplicar o método das bielas simplificado tomando como 𝑎𝑎 a menor dimensão do
pilar.
Pode-se também aplicar o método de Frémy para determinar a seção das armaduras. No caso
de pilares de seção retangular alongada, solicitadas ou não por momentos fletores, o método
conduz a armaduras diferentes paralelas aos lados do triângulo formado pelos centros das
estacas; evidentemente caso se adote a disposição de armaduras em laços, é preciso adotar como
seção dos laços aquela correspondente ao momento máximo ou mesmo completar os laços com
armaduras de seção apropriada dispostas ao longo de alguns lados do bloco.

5.4 Blocos sobre quatro estacas

Considerando primeiramente o caso em que o pilar suportado pelo bloco é de seção quadrada.
Tem-se como limite de validade de aplicação do método das bielas 40° < θ < 55°, mas estima-
se que os valores de θ < 45° devem ser evitados na medida do possível pois correspondem a
seções de aço relativamente importantes.
É preferível então ater-se à condição θ ≥ 45° que corresponde a uma altura dada pela
Equação [27].
𝑎𝑎
ℎ ≥ 0,71 ∙ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (27)
2
É interessante tomar uma altura correspondente a uma inclinação de bielas de 55° para a qual a
altura é igual a aproximadamente a altura calculada pela Equação [28].
𝑎𝑎
ℎ ~ �𝑙𝑙𝑡𝑡 − � (28)
2
Nessas condições, a força de tração nas armaduras tem valor
𝑄𝑄√2 𝑄𝑄
− Armaduras dispostas segundo as diagonais: 𝑁𝑁 ′ 𝑎𝑎𝑎𝑎 = =
8 5,65
𝑄𝑄
− Armaduras dispostas paralelamente aos lados: 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 =
8
Caso se adote uma altura superior a esta, é conveniente conservar, para calcular as forças nas
armaduras, os valores indicados acima.
Para os blocos sobre quatro estacas é possível utilizar uma altura variável, mas não é prudente
adotar uma altura na periferia do bloco inferior aos 2/3 da altura da região de contato com o
pilar.
25

As condições relativas às tensões de compressão das bielas são dadas pelas Equações [29] e
[30] 23.
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏 = < 0,9 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (29)
𝐵𝐵 sin² 𝜃𝜃
𝑄𝑄
𝜎𝜎𝑏𝑏1 = < 0,9 𝜎𝜎′𝑗𝑗 (30)
4𝐵𝐵1 sin² 𝜃𝜃

Nas quais: 𝐵𝐵 é a área da seção do pilar; 𝐵𝐵1 é a área da seção de uma estaca; 𝜃𝜃 é a inclinação do
eixo das bielas em relação à horizontal; 𝜎𝜎𝑗𝑗 é a resistência à compressão medida em corpos-de-
prova cilíndricos.
Para θ ≥ 45°, essas condições são geralmente satisfeitas uma vez que as tensões na base do
pilar e na cabeça das estacas são limitadas às tensões admissíveis.
Os sistemas de armadura recomendados são os seguintes:
1˚ Armaduras ao longo dos lados + armadura segundo as diagonais (Figura [44]);
1˚ bis Armaduras em laços + armaduras ao longo das diagonais (Figura [45]);
2˚ Armaduras em ao longo dos lados + armaduras distribuídas em malha (Figura [46]);
2˚ bis Armaduras em laços e armaduras distribuídas em malha (Figura [47]).
Nos sistemas 1 e 1 bis, as armaduras ao longo dos lados ou os laços devem equilibrar uma força
que pode ser calculada pela Equação [31].
𝑄𝑄′𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (31)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

As armaduras ao longo das diagonais devem equilibrar uma força que pode ser calculada pela
Equação [32].
(𝑄𝑄−𝑄𝑄′ )𝑙𝑙𝑡𝑡 √2 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (32)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

𝑄𝑄′ e 𝑄𝑄′′ = 𝑄𝑄 − 𝑄𝑄′ podem ser da mesma ordem, pode-se, por exemplo, tomar 0,5𝑄𝑄 < 𝑄𝑄′ <
0,65𝑄𝑄.
Nos sistemas 2 e 2 bis, as armaduras ao longo dos lados ou os laços devem equilibrar um força
que pode ser calculada pela Equação [33].
𝑄𝑄′𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (33)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

𝑄𝑄′ deve ser uma fração relativamente importante de 𝑄𝑄; deve-se tomar 0,75𝑄𝑄 < 𝑄𝑄′ < 0,85𝑄𝑄.
As armaduras dispostas em malha devem equilibrar em cada sentido uma força que pode ser
calculada pela Equação [34].
(𝑄𝑄−𝑄𝑄′ )𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = 2,4 ∙ �1 − � (34)
8ℎ 2𝑙𝑙𝑡𝑡

o coeficiente 2,4 em vez de 2 é introduzido para levar em conta a eficácia reduzida que as barras
dispostas em malha apresentavam (ver capítulo de ensaios).

1,26 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐
23 Nota dos pesquisadores: Da NBR 6118:2014, para coeficiente de segurança tem-se: = 0,90.
ϕ𝑐𝑐
26

Nos casos de blocos sobre quatro estacas, as armaduras dispostas paralelamente aos lados não
apresentam os mesmos efeitos quase incapacitantes que nos blocos sobre três estacas. As
armaduras em laços parecem, entretanto, preferíveis pois estão mais próximas das laterais; elas
limitam a abertura de fissuras sobre tais faces; evitam a acumulação de ancoragens
perpendicularmente as estacas; permitem dispor armaduras ao longo das diagonais ou em malha
mais próximas da face inferior, portanto em condições de maior eficiência.
Como para os blocos sobre três estacas, todas as barras devem ser terminadas por ganchos
normais ou a 45° e, a menos que haja justificativa, os traspasses dos laços devem ter um
comprimento de ao menos 35 ∅. Os laços podem vantajosamente serem constituídos de ∅
superpostos (quatro no máximo). É possível dispor vários laços num mesmo plano horizontal;
é necessário então estudar com cuidado a disposição das barras.
Melhora-se certamente a estabilidade do bloco dispondo à meia altura um laço suplementar.
No caso em que o pilar apoiado no bloco tenha uma seção que se distancie da forma quadrada,
pode-se ainda utilizar o método das bielas simplificado tomando como 𝑎𝑎 a menor dimensão do
pilar.
Pode-se também aplicar o método de Frémy para determinar a seção das armaduras ao longo
dos quatro lados: no caso de pilares de seção retangular alongada, solicitadas ou não por
momentos fletores, o método conduz a armaduras diferentes ao longo dos diferentes lados do
bloco; evidentemente caso se adote a disposição de armaduras em laços, é preciso adotar como
seção dos laços aquela correspondente ao maior valor de armadura obtido.

5.5 Blocos sobre cinco estacas

Duas disposições são usualmente encontradas.


Mesmo que tais blocos não tenham sido sistematicamente estudados, pode-se extrapolar o
método das bielas nas seguintes condições:
1˚ Bloco composto por quatro estacas formando um quadrado e uma estaca central.
Em razão da rigidez do bloco, pode-se admitir que as cinco estacas são igualmente carregadas e
suportam uma carga 𝑄𝑄/5.
Admite-se que a transmissão da carga à estaca central se faz diretamente e que a transmissão das
cargas às estacas periféricas é feita pelas bielas inclinadas. É conveniente, portanto, calcular o
4
bloco como um bloco sobre quatro estacas que suporta uma carga igual a 𝑄𝑄. 24
5
Parece lógico armar os blocos como ilustrado pela Figura [48]:
− Por barras em laços para equilibrar os esforços devidos à uma parte da carga;
− Por barras em ao longo das diagonais para equilibrar os esforços devidos ao complemento
da carga.
Os esforços equilibrados pelos dois sistemas de armaduras podem ser da mesma ordem de
grandeza.

24 Nota dos pesquisadores: Para bloco rígido com apoio em solo com muita resistência de ponta, deve-se evitar a

utilização de estacas no centro do bloco (meio).


27

2˚ Bloco composto por cinco estacas dispostas nos vértices de um polígono regular de lado
𝐴𝐴.
Admite-se que a transmissão de carga às estacas se faz por intermédio das bielas localizadas nos
planos verticais passando pelo centro do bloco (centro do círculo circunscrito ao pentágono) e
pelos eixos das diferentes estacas. Os esforços de tração resultantes da decomposição das forças
são equilibrados por armaduras dispostas em laços, isto é, ao longo dos lados do pentágono
formado pelas estacas.
Caso admitidas as bielas partindo, na seção da base do pilar, de pontos distantes de 𝑎𝑎/4 do
centro do pilar suposto de seção quadrada de lado 𝑎𝑎, pode-se calcular a força de tração nas
armaduras pela Equação [35].
0,725 𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (35)
5ℎ 3,4𝑙𝑙𝑡𝑡

Admite-se que a altura mínima corresponde à inclinação das bielas de 45°, então tem-se a
condição dada pela Equação [36].
𝑎𝑎
ℎ > 0,851𝑙𝑙𝑡𝑡 ∙ �1 − � (36)
3,4𝑙𝑙𝑡𝑡

É certamente preferível ter uma altura de bloco correspondente a uma inclinação das bielas em
relação à horizontal de 55°, então tem-se a condição dada pela Equação [37].
𝑎𝑎
ℎ > 1,20𝑙𝑙𝑡𝑡 ∙ �1 − � (37)
3,4𝑙𝑙𝑡𝑡

Nessas condições, a força nos laços é calculada pela Equação [38].


𝑄𝑄
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = (38)
8,3

As armaduras em laço devem, a princípio, equilibrar os esforços devidos à carga total. Mas, para
evitar fissurações excessivas no centro do bloco, é conveniente prever uma malha de armaduras
na face inferior, como ilustrado na Figura [49], sendo que a seção de cada uma das camadas de
armadura dessa malha deve ser de ao menos 20% da seção dos laços.
Seria evidentemente possível dispor nos blocos sobre cinco estacas, além das armaduras em
laços, armaduras dispostas paralelamente aos lados do pentágono que tem por vértice o centro
das estacas, como ilustrado na Figura [50]. Pode-se levar em consideração essas armaduras nos
cálculos do bloco; se 𝑄𝑄′ é a parte de 𝑄𝑄 equilibrada pelas armaduras em laços de seção igual à
calculada pela Equação [39].
0,725 𝑄𝑄′ 𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝐴𝐴′𝑐𝑐 = ∙ �1 − � (39)
�𝑎𝑎 ′
5ℎ 𝜎𝜎 3,4𝑙𝑙𝑡𝑡

o complemento 𝑄𝑄′′ = 𝑄𝑄 − 𝑄𝑄′ deve ser equilibrado por armaduras dispostas ao longo dos lados
do pentágono de seção igual à calculada pela Equação [40].
1,8 𝑄𝑄′′ 𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝐴𝐴′𝑐𝑐 = ∙ �1 − � (40)
�𝑎𝑎 ′
5ℎ 𝜎𝜎 3,4𝑙𝑙𝑡𝑡
𝑎𝑎
seja o caso particular em que ℎ = 1,20𝑙𝑙𝑡𝑡 ∙ �1 − �, a armadura ao longo dos lados pode ser
3,4𝑙𝑙𝑡𝑡
calculada pela Equação [41].
28

𝑄𝑄′′ 0,3 𝑄𝑄′′


𝐴𝐴′𝑐𝑐 = = (41)
�𝑎𝑎 ′
3,34 𝜎𝜎 �𝑎𝑎 ′
𝜎𝜎

Essa disposição apresenta, entretanto, um sério inconveniente: a superposição no centro do


bloco de cinco camadas de armaduras que se cruzam. Por esta razão, busca-se evitar tal
disposição na medida do possível.

5.6 Blocos sobre seis estacas

Duas disposições são usualmente encontradas. Parece ser possível extrapolar o método das
bielas nas seguintes condições:
1˚ Bloco composto por cinco estacas formando um pentágono e uma estaca central.
Em razão da rigidez do bloco, pode-se admitir que as cinco estacas são igualmente carregadas e
suportam uma carga 𝑄𝑄/6.
5
Pode-se calcular o bloco como um bloco sobre cinco estacas que suporta uma carga igual a 𝑄𝑄.
6
Parece lógico armar os blocos:
− Por barras em laços;
− Por barras em ao longo das diagonais do pentágono ou, simplesmente, por barras em malha.
2˚ Bloco composto por cinco estacas dispostas nos vértices de um hexágono regular de
lado 𝐴𝐴.
Admite-se que a transmissão de carga às estacas se faz por intermédio das bielas localizadas nos
planos verticais diametrais passando pelos eixos das estacas. Os esforços de tração resultantes
da decomposição das forças são equilibrados normalmente por armaduras dispostas em laços,
isto é, ao longo dos lados do hexágono formado pelas estacas e por três grupos de armaduras
dispostas ao longo dos planos diametrais passando pelos eixos das estacas, como ilustrado na
Figura [51].
Caso admita-se que as bielas iniciam-se, na seção do vértice, de pontos distantes de 𝑎𝑎/4 do
centro do pilar suposto de seção quadrada de lado 𝑎𝑎, a força de tração nas armaduras é calculada
pela Equação [42].
𝑄𝑄𝑙𝑙𝑡𝑡 𝑎𝑎
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = ∙ �1 − � (42)
6ℎ 4𝑙𝑙𝑡𝑡

e 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 , que é a força nas armaduras diametrais, é igual a 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 .


Admite-se que a altura mínima corresponde à inclinação das bielas de 45°, então tem-se a
condição dada na Equação [43].
𝑎𝑎
ℎ > 𝑙𝑙𝑡𝑡 ∙ �1 − � (43)
4𝑙𝑙𝑡𝑡

É certamente preferível ter uma altura de bloco correspondente a uma inclinação das bielas em
relação à horizontal de 55°, então a altura é igual à calculada pela Equação [44].
𝑎𝑎
ℎ = 1,428 𝑙𝑙𝑡𝑡 ∙ �1 − � (44)
4𝑙𝑙𝑡𝑡
29

Nessas condições, as forças 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 e 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 são calculadas pela Equação [45].
𝑄𝑄
𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑁𝑁′𝑎𝑎𝑎𝑎 = (45)
8,6

Praticamente, pode-se equilibrar as forças de tração pela metade com laços e armaduras
diametrais; a seção dos laços e das armaduras diametrais são, portanto, iguais e podem ser
calculadas pela Equação [46].
𝑄𝑄
𝐴𝐴′𝑐𝑐 = 𝐴𝐴′𝑑𝑑 = �𝑎𝑎 ′
(46)
17,2 𝜎𝜎

5.7 Blocos sobre sete estacas

Será examinado somente o caso de blocos sobre sete estacas dispostas segundo um hexágono
regular de lado 𝐴𝐴 e uma estaca central.
O bloco é então calculado seguindo os mesmos princípios anteriores como um bloco sobre seis
6
estacas suportando uma carga igual a 𝑄𝑄.
7

5.8 Blocos sobre mais de sete estacas

Seria excepcional que pudesse-se aplicar o método das bielas a blocos bastante raros em edifícios.
Considera-se, portanto, consolos ou vigas fictícias as quais determina-se as armaduras pelos
métodos usuais da Resistência dos Materiais. É preciso então calcular as armaduras transversais
para equilibrar o esforço cortante nas condições regulares.

5.9 Observações sobre a aplicação do método de Frémy

Ao longo deste trabalho, viu-se consideravelmente os casos de blocos suportando um pilar de


seção aproximadamente quadrada submetido a uma carga centrada. Se o pilar fosse de seção
retangular, poder-se-ia ainda utilizar o método das bielas simplificado aplicando as fórmulas
anteriores, mas tomando como 𝑎𝑎 a menor dimensão do pilar.
À medida que o pilar é solicitado na seção da base por momentos fletores, alguns engenheiros
ainda aplicam o método das bielas, porém calculando as armaduras como se o bloco suportasse
uma carga central igual a 𝑛𝑛 𝑄𝑄1 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 , 𝑛𝑛 sendo o número de estacas e 𝑄𝑄1 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 a carga máxima sobre
uma estaca calculada levando em consideração 𝑁𝑁 e 𝑀𝑀, supondo o bloco infinitamente rígido.
Essas extrapolações conduzem sem dúvidas a uma segurança maior e pareceria lógico aplicar,
nesses casos, o método de Frémy que constitui um conjunto coerente. Mas se pode
responsabilizar tal método por fornecer seções de armadura maiores que o método simplificado
nos casos em que este último teve sua validade confirmada pelos ensaios em blocos sobre três e
quatro estacas.
_______
NOTA: É preciso notar que a denominação “laços” se aplica sempre, no texto apresentado e
nas tabelas em anexo, à armaduras dispostas paralelamente aos lados do polígono regular que
30

tem por vértices os centros das estacas, na proximidade da parede externa do bloco, as partes
perpendiculares de armadura estando conectadas por partes curvas de raio de curvatura
suficientes.

6 Agradecimentos
A Faculdade de Engenharia Civil vinculada à Universidade Federal de Uberlândia, a empresa
Gerdau S.A., pelo apoio à pesquisa e a FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de Minas Gerais.

7 Referências bibliográficas
[1] BLÉVOT, J.; FRÉMY, R. Semelles sur pieux. Analles de L’Institut Technique du Batiment
et des Travaux Publics, Paris, v.20, n.230, 1967; p.223-295.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento. NBR 6118, Rio de Janeiro, 2014.
[3] DELALIBERA, R. G.; GIONGO, J. S. Deformação nas diagonais comprimidas em blocos
sobre duas estacas. Revista IBRACON de estruturas e materiais, v.1, n.2, 2008; p.121-157.
31

TABELAS

Tabela 1 Parâmetros relativos à formulação de Frémy.


𝑎𝑎⁄𝑙𝑙𝑡𝑡 0,2 0,3 0,4 0,5

ℎ= 0,63 𝑙𝑙𝑡𝑡 0,595 𝑙𝑙𝑡𝑡 0,56 𝑙𝑙𝑡𝑡 0,525 𝑙𝑙𝑡𝑡

𝑄𝑄 𝑄𝑄 𝑄𝑄 𝑄𝑄
𝑁𝑁′𝑎𝑎 =
2,55 2,45 2,36 2,29
32

FIGURAS

Figura 1. Blocos sobre duas estacas.

Figura 2. Blocos sobre três estacas.

Figura 3. Blocos sobre quatro estacas.


33

Figura 4. Duplo dispositivo.

Figura 5. Disposições de armaduras dos blocos sobre quatro estacas.


34

Figura 6. Bloco 2,3: Fissura de ruptura de aspecto vertical.

Figura 7. Bloco 2,4: Ruptura complexa.

Figura 8. Bloco 3,1: Fissura de ruptura inclinada.


35

Figura 9. Bloco 6,4: Ruptura com fissura inclinada e esmagamento do concreto na parte superior.

Figura 10. Bloco 9 A 1: Ruptura com descolamento de uma biela (θ=62°).

Figura 11. Bloco 12,1 B: Ruptura com deslizamento sobre um apoio (Armaduras sem ganchos).
36

Figura 12. Bloco 4 N 1: Fissuração durante carregamento.

Figura 13. Bloco 4 N 1: Fissuras de ruptura.

Figura 14. Bloco 4 N 1: Fissuração na face inferior – Ruptura a 700 t.


37

Figura 15. Bloco 4 N 2: Fissuras de ruptura inclinada a partir de uma estaca.

Figura 16. Bloco 4 N 2: Fissuração na face inferior – Carga de 500 t.


38

Figura 17. Bloco 4 N 2: Fissuração na face inferior – Carga de 658 t (Ruptura).

Figura 18. Bloco 4 N 3: Fissuração de tendência paralela a uma diagonal.


39

Figura 19. Bloco 4 N 3: Fissura de ruptura quase vertical.

Figura 20. Bloco 4 N 4: Fissura de ruptura de aspecto diagonal.


40

Figura 21. Bloco 4 N 4 bis: A ruptura, fissura central quase vertical e fissura inclinada partindo de uma
estaca.

Figura 22. Disposições de armaduras dos blocos sobre três estacas.


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Figura 23. Bloco 4,1: Superfície de ruptura inclinada a partir de uma estaca.

Figura 24. Bloco 4,2: Fenômenos de ruptura muito complexos com desorganização completa do bloco.

Figura 25. Bloco 4,4: Ruptura muito brutal (Armaduras unicamente em malha).
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Figura 26. Bloco 3 N 1: As fissuras desenham os traços de curvas de transmissão de cargas – ruptura
por abertura de fissuras na parte baixa e na parte inferior.

Figura 27. Bloco 3 N 1: Relatório das fissuras a 200 t e 300 t.


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Figura 28. Bloco 3 N 1: Relatório das fissuras a 420 t (ruptura).

Figura 29. Bloco 3 N 2: Visão geral da fissuração na ruptura.


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Figura 30. Bloco 3 N 3: Esta fotografia dá uma visão da complexidade dos fenômenos observados na
ruptura de certos blocos.

Figura 31. Bloco 3 N 4 bis: Ruptura por fissura inclinada.


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Figura 32. Bloco 3 N 4 bis: Relatório de fissuras a 500 t e 600 t.

Figura 33. Bloco 3 N 4 bis: Relatório de fissuras a 720 t (ruptura).


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Figura 34. Bloco 5 A: Fissuras de ruptura desenhando a biela esmagada na cabeça.

Figura 35. Bloco 2 N 1: Ruptura por esmagamento de uma biela próxima ao pilar (θ=44°).

Figura 36. Bloco 2 N 2: Ruptura por esmagamento de uma biela próxima ao pilar (θ=54°).
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Figura 37. Bloco 2 N 3: Detalhe do esmagamento perto da estaca.

Figura 38. Bloco 2 N 3: Esmagamento simultâneo de uma biela em cima e em baixo (θ=60°).
48

Figura 39. Bloco 2 N 3: Detalhe do esmagamento perto do pilar.

Figura 40. Armaduras superiores.

Figura 41. Armaduras superiores.


49

Figura 42. Armaduras em laços e segundo as medianas.

Figura 43. Armaduras em laços e distribuídas em malha.

Figura 44. Armaduras ao longo dos lados + armadura segundo as diagonais.


50

Figura 45. Armaduras em laços + armaduras ao longo das diagonais.

Figura 46. Armaduras em ao longo dos lados + armaduras distribuídas em malha.

Figura 47. Armaduras em laços e armaduras distribuídas em malha.


51

Figura 48. Armação de bloco sobre cinco estacas com estaca central.

Figura 49. Armação de bloco sobre cinco estacas com estacas nos vértices.

Figura 50. Armação de bloco sobre cinco estacas com estacas nos vértices.
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Figura 51. Armação de bloco sobre seis estacas.


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IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES

A. B. PRADO a, R. G. DELALIBERA b, J. S. GIONGO c, V.F. GONÇALVES d

a
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia,
eng.anabeatrizprado@gmail.com, Av. João Naves de Ávila, 2121, CEP: 38400-902, Campus
Santa Mônica - Bloco 1Y, Uberlândia-MG, Brasil.
ORCID: 0000-0002-4595-4305
b
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia, delalibera@ufu.br, Av.
João Naves de Ávila, 2121, CEP: 38400-902, Campus Santa Mônica - Bloco 1Y, Uberlândia-
MG, Brasil (Professor Associado II)
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4730-6018
c
Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, jsgiongo@sc.usp.br, Avenida Trabalhador São-carlense, 400, CEP:
13566-590, São Carlos-SP, Brasil (Professor Doutor, aposentado).
ORCID: 0000-0001-6060-7005
d
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia, vitorfrg@gmail.com, Av.
João Naves de Ávila, 2121, CEP: 38400-902, Campus Santa Mônica - Bloco 1Y, Uberlândia-
MG, Brasil.
ORCID: 0000-0003-3669-713X

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