Você está na página 1de 87

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CAMILA BOMFIM FREIRE

LAR DOS SONHOS - ABRIGO INSTITUCIONAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

SALVADOR / BA

2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 2


CAMILA BOMFIM FREIRE

LAR DOS SONHOS - ABRIGO INSTITUCIONAL PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Salvador - UNIFACS, como requisito final para
obtenção do título de bacharel em Arquitetura e
Urbanismo

Orientador: Prof.º José Ferreira Nobre Neto


Convidado interno: Prof.ª Paula Ernica Berton Lima
Convidado externo: Paula Cal Bugallo

SALVADOR

2018
“Você criança,
que vive a correr,
é a promessa
que vai acontecer...
é a esperança
do que poderíamos ser...
é a inocência
que deveríamos ter...
Você criança, de qualquer idade,
vivendo entre o sonho e a realidade
espargem pelas ruas da cidade,
suas lições de amor e de simplicidade!
Criança que brinca,
corre, pula e grita
mostra ao mundo,
como se deve viver
cada momento, feliz,
como quem acredita
em um mundo melhor
que ainda vai haver!
Você é a criança,
que um dia vai crescer!
É a promessa,
que vai se realizar!
É a esperança
da humanidade se entender!
É a realidade
que o adulto precisa ver...
e também aprender a ser...”
(Autor
Abrigo Institucional para Crianças desconhecido)
e Adolescentes |4
LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Criança Vulnerável

Figura 02: Retrato da pobreza

Figura 03: Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia

Figura 04: Turma da Mônica em: O Estatuto da Criança e do Adolescente

Figura 05: Faixas etárias do ECA

Figura 06: Abrigo Institucional

Figura 07: Organização de Auxílio Fraterno

Figura 08: Aula de arte

Figura 09: Refeitório

Figura 10: Área de lazer

Figura 11: Sala de TV

Figura 12: Pátio

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 5


Figura 13: Berçário

Figura 14: Quarto das meninas

Figura 15: Sala de TV e varanda

Figura 16: Cozinha

Figura 17: Escola Nossa Senhora de Nazaré

Figura 18: Área externa e quadra de esportes

Figura 19: Capela

Figura 20: Auditório

Figura 21: Área de convivência

Figura 22: Vista aérea da Aldeia SOS em fase final de construção

Figura 23: Circulação coberta da Aldeia

Figura 24: Área da Aldeia SOS

Figura 25: Esquema de ventilação cruzada

Figura 26: Janela com venezianas móveis

Figura 27: Mapa da cidade de Salvador-BA


Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 6
Figura 28: Localização do terreno

Figura 29: Área do terreno

Figura 30: Área do terreno

Figura 31: Mapa Zoneamento

Figura 32: Mapa ZEIS

Figura 33: Tipos de uso

Figura 34: Gabarito

Figura 35: Mobilidade

Figura 36: Estudo condicionantes climáticos

Figura 37: Crianças brincando

Figura 38: Zoneamento das edificações no terreno

Figura 39: Estudo elementos fachada

Figura 40: Estudo volumetria

Figura 41: Estudo volumetria

Figura 42: Cubo mágico


Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 7
Figura 43: Parque infantil Lar dos Sonhos

Figura 44: Planta geral

Figura 45: Parque infantil em Praga, República Checa

Figura 46: Área de convivência

Figura 47: Área externa

Figura 48: Área de convivência e Parque infantil

Figura 49: Parque infantil

Figura 50: Portaria

Figura 51: Quarto das crianças

Figura 52: Sala de TV e brinquedoteca

Figura 53: Sala de TV e brinquedoteca

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 8


LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Equipe mínima de profissionais

Tabela 02: Infraestrutura e espaços mínimos

Tabela 03: Total de crianças e adolescentes no Cadastro Nacional de Adoção

Tabela 04: Serviço de Acolhimento Institucional. Brasil e Regiões

Tabela 05: Distribuição dos SAI segundo modalidade. Brasil e Regiões

Tabela 06: Violações aos direitos da criança e do adolescente

Tabela 07: Enquadramento de usos por grupos e subcategorias de uso não residencial

Tabela 08: Usos permitidos por Zonas de uso

Tabela 09: Parâmetros de ocupação do solo

Tabela 10: Programa de necessidades e pré-dimensionamento edifício apoio

Tabela 11: Programa de necessidades e pré-dimensionamento residência

Tabela 12: Zoneamento geral


SUMÁRIO

Apresentação......................................................................................................................................................................................14

1. Introdução..................................................................................................................................................................................15
2. Justificativa................................................................................................................................................................................16
3. Objetivos....................................................................................................................................................................................17
 Geral...............................................................................................................................................................................17
 Específicos......................................................................................................................................................................17
4. Metodologia...............................................................................................................................................................................18
 Pesquisa.........................................................................................................................................................................18
 Projeto.............................................................................................................................................................................18

Embasamento Teórico.......................................................................................................................................................................20

5. Breve histórico do abandono de crianças e adolescentes no Brasil.........................................................................................21

5.1 Código de menores e o estatuto da criança e do adolescente – ECA.....................................................................................22

5.2 Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes....................................................................26

5.2.1 Abrigo Institucional................................................................................................................................................................26

O Tema................................................................................................................................................................................................31
Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 10
6. Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes...................................................................................................................32

Análise de correlatos.........................................................................................................................................................................37

7. Referência Local........................................................................................................................................................................38

7.1 Lar da Criança..........................................................................................................................................................................38

7.2 Organização de Auxílio Fraterno..............................................................................................................................................42

8. Referência Nacional....................................................................................................................................................................47

8.1 Aldeias Infantis SOS Brasil, Manaus – Amazonas...................................................................................................................47

Área de intervenção...........................................................................................................................................................................50

9. Condicionantes do terreno........................................................................................................................................................51
9.1 Histórico do bairro.....................................................................................................................................................................59
9.2 Análise do entorno....................................................................................................................................................................60
9.3 Justificativa para escolha do terreno........................................................................................................................................61
9.4 Estudo dos Condicionantes Climáticos.....................................................................................................................................62

Projeto de Arquitetura........................................................................................................................................................................63

10. Projeto de Arquitetura................................................................................................................................................................64

10.1 Descrição do Projeto...............................................................................................................................................................64

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 11


10.2 Conceito..................................................................................................................................................................................65

10.3 Partido Arquitetônico...............................................................................................................................................................67

10.3.1 Principais diretrizes do projeto.............................................................................................................................................68

10.4 Programa de necessidades e pré-dimensionamento.............................................................................................................68

10.4.1 Edifício Apoio.......................................................................................................................................................................68

10.4.2 Residência...........................................................................................................................................................................71

10.5 Planta Geral............................................................................................................................................................................73

10.6 Perspectivas do projeto..........................................................................................................................................................75

Considerações Finais........................................................................................................................................................................83

Referências.........................................................................................................................................................................................84

Anexos................................................................................................................................................................................................87

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 12


RESUMO ABSTRACT

Através de pesquisas e visitas à abrigos da cidade de Through research and visits to shelters in the city of
Salvador – BA, percebeu-se que a maioria não demanda de Salvador - BA, it was noticed that the majority does not have an
estrutura física adequada para acolher as crianças e adequate physical structure to welcome children and
adolescentes em situação de risco pessoal e social. As adolescents in situations of personal and social risk. The
edificações em geral foram adaptadas para o uso enquanto buildings were in general adapted for use while housing, where
abrigo, onde a preocupação era atender com condições the concern was meet with basic living conditions, food and
básicas de moradia, alimentação e acompanhamento professional accompaniment.
profissional.
Therefore, this work proposes a model of house-home
Diante disso, este trabalho traz uma proposta de modelo that will serve for future shelters that will be built / created with
de casa-lar que sirva para futuros abrigos que serão all the necessary support for the development, growth, comfort
construídos/criados com todo suporte que necessita para o and professional accompaniment of all the children and
desenvolvimento, crescimento, conforto e acompanhamento adolescents who will live in them.
profissional de todas as crianças e adolescentes que neles irão
morar.
Keywords: Shelter; Children; Adolescents; Home; Social
Palavras-chave: Abrigo; Crianças; Adolescentes;
project.
Casa-lar; Projeto Social.
Figura 01: Criança Vulnerável

APRESENTAÇÃO
Fonte: http://observatorio3setor.org.br/carrossel/estFudo-aponta-que-27-milhoes-de-criancas-moram-em-abrigos/ Data:12/03/2018
1. Introdução

No Brasil, o abandono de crianças e adolescentes existe desde o século XVIII. O principal fator para o abandono foi a miséria,
pois as famílias não tinham condições de criar seus filhos, dar uma vida digna com educação, saúde e moradia e acabavam
abandonando-os nas ruas (CARVALHO, 2011). Diante desta situação e com o abandono se tornando cada vez maior foi criado em
1990 o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente com o objetivo de facilitar a adoção e garantir o direito à proteção e bem-estar
das mesmas, incluindo moradia e educação.

Vulnerabilidade social é o conceito que caracteriza a condição dos grupos de indivíduos que estão à margem da sociedade,
ou seja, pessoas ou famílias que estão em processo de exclusão social, principalmente por fatores socioeconômicos
(SIGNIFICADOS, 2012). Sendo assim, os abrigos se tornaram essenciais e a única forma de proteção para estas crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social, abandono ou que foram afastadas do convívio familiar pela autoridade
competente. Os serviços de acolhimento precisam cumprir sua função protetiva com moradia, alimentação, bem como favorecer o
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, além de desenvolver suas potencialidades.

É necessário destacar que de acordo com o ECA, Capítulo 2, Art. 101, “O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. ” A criança deve permanecer o menor tempo possível
no mesmo. Entretanto, na maioria dos casos a demora nas decisões judiciais somado à falta de Políticas Públicas de combate à
pobreza, fazem com que esta medida deixe de ser provisória e muitas crianças passam mais de dois anos ou toda sua
infância/adolescência (até os 18 anos), em um ambiente institucional e fora do convívio familiar e comunitária.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 15


2. Justificativa

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), toda criança tem direito à segurança, moradia,
alimentação, entre outros. Visando na qualidade do ambiente onde essas crianças estão inseridas, proporcionando convivência
afetiva e familiar, faz-se necessário projetos que sirvam de modelo para os abrigos com infraestrutura adequada para atender as
mesmas.

Através de visitas feitas aos abrigos de Salvador, bem como entrevistas dadas por responsáveis e/ou assistentes sociais dos
mesmos, foi possível perceber que as casas de acolhimento ainda possuem carências na sua infraestrutura, dificultando no
desenvolvimento da educação, da saúde, do lazer e do convívio social. É fundamental pensar categoricamente em uma Casa que
se pareça o mais próximo possível de uma residência comum, mas sem esquecer dos espaços para acompanhamento profissional,
uma vez que estas crianças foram submetidas ao rompimento familiar, causando, muitas vezes transtornos que precisam ser tratados
por profissionais.

Cabe salientar, ainda, que a maioria dos abrigos foram criados a partir de edificações adaptadas ao uso que tinham como
prioridade o atendimento das necessidades básicas de acolhimento e acompanhamento profissional e muitas vezes a casa tinha
pouca ou nenhuma privacidade, além da falta de uma área de convívio e lazer acarretando no desenvolvimento das crianças. Além
disso, de acordo com uma pesquisa feita pelo IPEA (2004), 86,7% dos abrigados possuem famílias com a qual a maioria mantém
vínculos (58,2%), sendo a pobreza o motivo mais relacionado ao abrigamento. E o tempo de institucionalização é de 2 a 5 anos para
32,9% dos abrigados.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 16


Sendo assim, o projeto proposto para o Lar dos Sonhos, que será instrumento deste trabalho, está localizado no bairro
Nordeste de Amaralina, em uma área mais carente em que a comunidade local poderá utilizar os espaços de lazer e do Edifício
Apoio.

O serviço proposto para o mesmo é destinado à proteção de crianças e adolescentes em situação de risco, seja ela
vulnerabilidade social ou abandono com faixa etária entre 0 e 18 anos, com projetos que promova sua inserção na comunidade,
além de toda estrutura física que uma casa de acolhimento demanda.

3. Objetivos

3.1 GERAL

Desenvolver um projeto de um Abrigo Institucional, para crianças e adolescentes no bairro Itaigara, em Salvador – BA. Será
considerado o máximo de 20 crianças e/ou adolescentes entre 0 e 18 anos que se encontram em situação de abandono e/ou
vulnerabilidade social e que sirva como modelo para instituições deste tipo.

Através da arquitetura e do espaço físico, criar ambientes acolhedores, com privacidade e que será planejado de acordo com
o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente de 2014 e Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças
e Adolescentes de 2009, com infraestrutura e espaços adequados ao desenvolvimento psicossocial, promovendo qualidade de vida,
conforto e reintegração familiar.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 17


3.2 ESPECÍFICOS
 Criar um espaço que tenha estrutura mais próxima possível de uma residência comum;
 Organizar espaços internos de modo a gerar sensação de pertencimento e conforto, além de privacidade;
 Criar espaços ao ar livre para atividades de lazer, artes e culturais e que sejam de permanência confortável e em
contato com o meio ambiente;
 Projetar espaços para orientação e acompanhamento profissional;
 Projetar espaços destinados à projetos sociais e oficinas que irão acrescentar conhecimentos às crianças e
adolescentes;

4. Metodologia

4.1 PESQUISA

O projeto tem como base levantamento de dados legislativos vigentes e do ECA (1990), pesquisas teóricas à cerca do tema e
de entidades de acolhimento no Brasil e no mundo, visitas à abrigos de Salvador com entrevistas aos profissionais da área para
conhecer a demanda, a estrutura física, as necessidades e funcionalidades dos mesmos, com a finalidade de coletar informações
essenciais para a criação de um programa de necessidades funcional. Além de pesquisa de dados legais do terreno e da poligonal
em estudo.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 18


4.2 PROJETO

Para o desenvolvimento do projeto foi feita análise do entorno com visitas realizadas na região do terreno proposto, além do
estudo das normas específicas para a implantação de um abrigo a partir do documento Orientações Técnicas: Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes.

Foram feitas consultas ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU (2016) e a Lei de Ordenamento e Uso do Solo –
LOUOS (2016) para ter um embasamento para as decisões projetuais como o desenvolvimento das diretrizes, conceito e partido,
programa de necessidades, setorização dos ambientes e edificações propostas, além do zoneamento da área em estudo.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 19


Figura 02: Retrato da pobreza

EMBASAMENTO TEÓRICO
Fonte: https://pixabay.com/pt/crian%C3%A7as-favelas-pobreza-pobre-2876359/ Data: 13/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 20


5. Breve histórico do abandono de crianças e adolescentes no Brasil

A trajetória das crianças e adolescentes foi longa até conseguirem respeito e reconhecimento como sujeitos que possuem
direitos essenciais à vida, proteção, educação, moradia (LOBO, 2017). Desde o período Colônia o abandono infantil está presente
e a legislação que defendia sua assistência sofreu várias alterações.

O histórico sobre a criança em situação de abandono, na Bahia, surge na Santa Casa de Misericórdia da Bahia em 1734, com a
Roda dos Expostos, lugar onde as crianças eram colocadas para que fossem recolhidas pelas freiras. Elas não permaneciam
internadas por muito tempo, pois eram encaminhadas para famílias beneméritas e permaneciam como agregadas (SOUZA, 2011).

Estas Rodas surgiram com o intuito de amenizar a prática do abandono de crianças nas ruas das cidades. Nestas Rodas tidas
como alternativa acontecia também, índices de mortalidade evidenciados. Por isso foi criado então, um sistema de atenção à saúde
e a contratação de amas de leite que viviam na Casa de recolhimento, para cuidar das crianças até outras famílias as acolherem ou
até a sua morte. (MELLO, 1986).
Fig. 3 Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 21


Fonte: http://marthamaria11.blogspot.com.br/2011/12/roda-dos-expostos-da-
santa-casa-de.html Data: 05/03/2018
Com a proclamação da República, as crianças ficaram em total miséria circulando pelas ruas das cidades. Diante disso,
para tentar solucionar este problema e que estas crianças tivessem um futuro melhor como pessoas boas e honestas, foi aprovado
em 1927 o Código de Menores que tinha como objetivo estabelecer a proteção das mesmas.

Com a criação do Código de Menores, O Estado passou a investir mais nos direitos das crianças e adolescentes. Sendo
assim, a Constituição Federal de 1988, dispõe:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente, e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988, Art. 227).

Seguindo tais direitos, em 1990, surge o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, que assegurava todos os direitos das
crianças e adolescentes no Brasil.

5.1 CÓDIGO DE MENORES E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA

O início do século XX foi um período de relevantes mudanças na sociedade brasileira. Com a crise econômica e a política da
República Liberal, a preocupação estava nas questões sociais e o papel do Estado nelas. Neste período, foram inauguradas várias
instituições para educação e assistência as crianças, conforme indicam Abreu e Martinez (1997, p. 28-9).

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 22


Desta forma, houve uma conscientização com a gravidade das precárias condições de sobrevivência das crianças pobres, e uma
preocupação com a criminalidade infantil. Este problema começou a ser tratado pela união da pedagogia, a puericultura¹ e a ciência
jurídica, segundo Paes (2013).

Em 1927, foi promulgado o primeiro Código de Menores do Brasil, que visava o “menor em situação irregular”. Ou seja, o Estado
só dava a tutela para a criança que estivesse nesta situação. Esta expressão era para classificar o menor de 18 anos que fosse
abandonado, que estivesse em perigo social, vítimas de maus tratos, entre outros.

O Estado fica responsável pelo menor abandonado e órfão e as crianças desamparadas recebem orientação e oportunidade para
trabalhar. Isso ocorreu devido a confusão que tinha com o menor abandonado e o menor infrator que possuíam os mesmos direitos
e eram tratados da mesma forma, como indica Silveira (1984). Desta isso, foi necessário o Poder Judiciário criar e regulamentar o
Juizado de Menores e suas instituições auxiliares.

O Brasil, teve avanços no que diz respeito à educação e a saúde infantil, pós criação do Código de Menores. Dentre estes
avanços tem-se a criação, em 1942 do SAM (Serviço de Assistência ao Menor). O SAM é um órgão do Ministério da Justiça que
cuidava do menor infrator, através de casas de correção e reformatórios.

Com a extinção do SAM, fez-se necessário a criação de outros órgãos. Em 1964 cria-se a FUNABEM (Fundação Nacional do
Bem-estar do Menor) e em 1979, a FEBEM (Fundação Estadual do Bem-estar do Menor). A FUNABEM tem o objetivo de criar e
implementar política nacional de bem-estar do menor, através de diretrizes políticas e técnicas. Já a FEBEM, é a instituição que
executa as medidas socioeducativas, aplicadas pelo Poder Judiciário aos menores infratores com idades entre 12 e 21 anos,
conforme indica Lobo (2017).

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 23


1- Especialidade médica que trata do cuidado das crianças durante os primeiros anos da sua vida (AURÉLIO, 2017).
Em substituição ao Código de Menores, cria-se o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), um conjunto de normas, instituído
pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 que tem a finalidade de assegurar, com absoluta prioridade, direitos fundamentais inerentes
à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento (ECA, 1990).
As diretrizes do ECA, são voltadas ao desenvolvimento sadio e harmonioso, além da proteção integral de crianças e adolescentes,
conforme indica os artigos abaixo:
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
Fig. 4 Turma da Mônica em: O Estatuto da pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se
Criança e do Adolescente lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de
dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
Fonte: Fundação Telefônica Data: 20/03/2018 assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA, 1990, Art. 3º e 4º).

O ECA, diz ainda que, nenhuma criança e/ou adolescente, será objeto de qualquer forma de
violência, exploração e discriminação, entre outros, além de possuírem direito de proteção à saúde, à
vida, em condições dignas de existência, através das políticas públicas que permitam o nascimento e
desenvolvimento sadios.

Para o Estatuto, é considerado criança, a pessoa de zero a doze anos incompletos, e


adolescente, de doze a dezoito anos de idade. Dessa forma, nenhum menor é discriminado e todos estão sob tutela e protegidos.

Com isso, após o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, as instituições acolhedoras precisaram passar por um
processo de adaptação às novas regras. Tais regras, argumentam que as crianças e adolescentes, só podem ficar no máximo até
dois anos em casas de acolhimento e, o judiciário tem a responsabilidade de decidir se elas serão reintegradas as famílias ou

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 24


colocadas em família substituta. Quando completam dezoito anos, são retiradas dessas instituições e recebem toda orientação para
serem inseridas em cursos profissionalizantes e moradia, que pode ser a inserção na casa de algum parente.

As instituições acolhedoras funcionam como forma de guarda, para os menores que foram afastados do convívio familiar, por
decisão judicial, sendo esta medida provisória, e escolhida em situações em que outras medidas protetivas não foram eficazes. É
umas das medidas de proteção determinados pelo ECA, para crianças e adolescentes que possuíram seus direitos violados ou
ameaçados. O Estatuto garante, também, que os menores convivam com os pais, com visitas periódicas, de acordo com a entidade
responsável e independente da autorização judicial.
Fig. 5 Faixas etárias do ECA.
O ECA, continua em vigor até os dias atuais, sendo a sua criação, de
extrema importância para os avanços dos direitos das crianças e
adolescentes.

Fonte: Questões insanas Data: 20/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 25


5.2 ORIENTAÇÕES TÉCNICAS – SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

“Orientações Técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes” é um documento, elaborado pela Secretaria
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, lançado em 2009, através de uma resolução conjunta da CNAS/CONANDA nº
1/2009. Este documento tem como finalidade regulamentar, no território nacional, a organização e oferta de Serviços de
Acolhimento para Crianças e Adolescentes, no âmbito da política de Assistência Social (ORIENTAÇÕES TÉCNICAS, 2009).

O documento estabelece, ainda, os parâmetros de funcionamento, além de oferecer as orientações metodológicas, para que
a função protetiva e de reestabelecimento dos vínculos familiares e comunitários, sejam cumpridas pelas instituições acolhedoras.
As orientações metodológicas favorecem, dentre outros aspectos, o seu desenvolvimento integral, o fortalecimento da cidadania,
autonomia e a inserção social.

As Orientações técnicas, define as tipologias dos serviços acolhedores e oferta quatro modalidades, sendo eles: Abrigo
Institucional, Casa Lar, Serviço de Acolhimento em família acolhedora e república. A tipologia é escolhida de acordo com cada
situação e perfil de vulnerabilidade social, respondendo de forma adequada as necessidades de cada menor. A tipologia adotada
para este projeto, será o Abrigo Institucional.

5.2.1 Abrigo Institucional

De acordo com as Orientações Técnicas, o Abrigo Institucional tem como objetivo oferecer acolhimento provisório para crianças
e adolescentes afastados do convívio familiar em função de abandono ou cujas famílias estão impossibilitados para dar proteção e
cuidado, até serem reinseridas às suas famílias de origem ou inseridas em famílias substitutas.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 26


A casa deve estar inserida em local residencial e deve se parecer com residências comuns. Deve ter o mínimo de dignidade, com
ambiente acolhedor, oferecendo convívio familiar e comunitário para as crianças e adolescentes, além de utilizar os serviços e
equipamentos comunitários disponíveis na região.
O Abrigo deve ofertar até 20 crianças e adolescentes, com faixa etária de zero a dezoito anos. Desta forma, os serviços de
acolhimento devem assegurar que toda criança e adolescente receberá o atendimento necessário de acordo com os serviços
oferecidos e particularidades de cada indivíduo.

Tabela 01: Equipe mínima de profissionais

COORDENADOR

 Formação Mínima: Nível superior e experiência em função congênere


Perfil  Experiência na área e amplo conhecimento da rede de proteção à infância e juventude, de
políticas públicas e da rede de serviços da cidade e região
Quantidade  1 profissional para cada serviço
EQUIPE TÉCNICA
 Formação Mínima: Nível superior
Perfil
 Experiência no atendimento a crianças, adolescentes e famílias em situação de risco
 2 profissionais para atendimento a até 20 crianças e adolescentes
Quantidade
 Carga horária mínima indicada: 30 horas semanais
EDUCADOR/CUIDADOR

Perfil
 Formação Mínima: Nível médio e capacitação específica
 Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes
 1 profissional para até 10 usuários, por turno
 A quantidade88 de profissionais deverá ser aumentada quando houver usuários que
Quantidade
demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde ou
idade inferior a um ano. Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 cuidador para
cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com demandas específicas; b) 1 cuidador para
cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas
AUXILIAR DE EDUCADOR/CUIDADOR

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 27


 Auxiliar de Educador/cuidador
Perfil  Formação mínima: Nível fundamental e capacitação específica
 Desejável experiência em atendimento a crianças e adolescentes
 1 profissional para até 10 usuários, por turno
Quantidade  Para preservar seu caráter de proteção e tendo em vista o fato de acolher em um mesmo
ambiente crianças e adolescentes com os mais diferentes
Fonte: Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (2009)

O documento indica, ainda, que não deve ser colocada nenhuma placa indicativa de natureza institucional, além de seguir os
padrões das residências do local onde está inserido.
Deverá ser respeitado a equipe mínima de profissionais sugerida (Tabela 1), bem como a infraestrutura e os espaços mínimos
da residência (Tabela 2).
Tabela 02: Infraestrutura e espaços mínimos

Cômodos Características

 Cada quarto deverá ter dimensão suficiente para acomodar as camas / berços / beliches
dos usuários e para a guarda dos pertences pessoais de cada criança e adolescente de
forma individualizada (armários, guarda-roupa, etc.).
 Nº recomendado de crianças/adolescentes por quarto: até 4 por quarto, excepcionalmente,
Quartos até 6 por quarto, quando esta for a única alternativa para manter o serviço em residência
inserida na comunidade.
 Metragem sugerida: 2,25 m² para cada ocupante. Caso o ambiente de estudos seja
organizado no próprio quarto, a dimensão dos mesmos deverá ser aumentada para 3,25 m²
para cada ocupante.
 Com espaço suficiente para acomodar o número de usuários atendido pelo equipamento e
os cuidadores/educadores.
Sala de Estar ou
similar  Metragem sugerida: 1,00 m² para cada ocupante.
Ex: Abrigo para 15 crianças / adolescentes e 2 cuidadores/educadores: 17,0 m²
Abrigo para 20 crianças / adolescentes e 2 cuidadores/educadores: 22,0 m²
 Com espaço suficiente para acomodar o número de usuários atendido pelo equipamento e
Sala de jantar / os cuidadores/educadores.
copa  Pode tratar-se de um cômodo independente, ou estar anexado a outro cômodo (p. ex. à sala
de estar ou à cozinha)

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 28


 Metragem sugerida: 1,00 m² para cada ocupante.

 Poderá haver espaço específico para esta finalidade ou, ainda, ser organizado em
Ambiente para outros ambientes (quarto, copa) por meio de espaço suficiente e mobiliário adequado,
Estudo quando o número de usuários não inviabilizar a realização de atividade de
estudo/leitura.

 Deve haver 1 lavatório, 1 vaso sanitário e 1 chuveiro para até 6 (seis) crianças e
adolescentes
Banheiro
 1 lavatório, 1 vaso sanitário e um chuveiro para os funcionários
 Pelo menos um dos banheiros deverá ser adaptado a pessoas com deficiência

 Com espaço suficiente para acomodar utensílios e mobiliário para preparar alimentos
Cozinha
para o número de usuários atendidos pelo equipamento e os cuidadores/educadores.
 Com espaço suficiente para acomodar utensílios e mobiliário para guardar
Área de Serviço
equipamentos, objetos e produtos de limpeza e propiciar o cuidado com a higiene do
abrigo, com a roupa de cama, mesa, banho e pessoal para o número de usuários
atendido pelo equipamento.
 Espaços que possibilitem o convívio e brincadeiras, evitando-se, todavia, a instalação
de equipamentos que estejam fora do padrão socioeconômico da realidade de origem
dos usuários, tais como piscinas, saunas, dentre outros, de forma a não dificultar a
reintegração familiar dos mesmos.
Área externa  Deve-se priorizar a utilização dos equipamentos públicos ou comunitários de lazer,
(Varanda, esporte e cultura, proporcionando um maior convívio comunitário e incentivando a
quintal, socialização dos usuários.
jardim,etc)  Os abrigos que já tiverem em sua infra-estrutura espaços como quadra poliesportiva,
piscinas, praças, etc, deverão buscar, gradativamente, possibilitar o uso dos mesmos
também pelas crianças e adolescentes da comunidade local, de modo a favorecer o
convívio comunitário, observando-se, nesses casos, a preservação da privacidade e da
segurança do espaço de moradia do abrigo.
 Com espaço e mobiliário suficiente para desenvolvimento de atividades de natureza
técnica (elaboração de relatórios, atendimento, reuniões, etc)
Sala para
equipe técnica  Recomenda-se que este espaço funcione em localização específica para a área
administrativa / técnica da instituição, separada da área de moradia das crianças e
adolescentes.
Sala de  Com espaço e mobiliário suficiente para desenvolvimento de atividades administrativas
coordenação / (área contábil / financeira, documental, logística, etc.).
atividades  Deve ter área reservada para guarda de prontuários das crianças e adolescentes, em
administrativas condições de segurança e sigilo.
Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 29
 Recomenda-se que este espaço funcione em localização específica para a área
administrativa / técnica da instituição, separada da área de moradia das crianças e
adolescentes.
Sala / espaço  Com espaço e mobiliário suficiente para a realização de reuniões de equipe e de
para reuniões atividades grupais com as famílias de origem.
Observações:
 Toda infra-estrutura do abrigo institucional deverá oferecer acessibilidade para o atendimento de pessoas com
deficiências.
 Deverá ser disponibilizado meio de transporte que possibilite a realização de visitas domiciliares e reuniões com os
demais atores do Sistema de Garantia de Direitos e da Rede de Serviços, na razão de um veículo para cada 20
crianças ou adolescentes acolhidos

Fonte: Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (2009)

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 30


Fig. 6 Abrigo Institucional

O TEMA
Fonte: Correio de Uberlândia Data: 20/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 31


6 Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes

O termo “abrigo” nasceu com a discussão do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), na década de 80. De acordo com a
história, eram instituições que tinham como objetivo separar do poder público aquilo que provocava desordem social e ia contra a
dignidade humana, neste caso o abandono e maus-tratos de crianças (BARBOSA, 2016).

Os espaços devem fazer com que as crianças e adolescentes se sintam acolhidas, protegidas, que criem vínculos de confiança,
além de ser um lugar de socialização.

De acordo com a pesquisa promovida pelo Cadastro Nacional de Adoção em 2018, no Brasil, 8594 crianças e adolescentes estão
cadastradas, destas, 56,56% estão disponíveis para adoção. Ainda, de acordo com a pesquisa, do total de cadastros do Brasil,
somente 2,07% encontram-se na Bahia (Tabela 3).

Tab. 3 Total de crianças e adolescentes no Cadastro Nacional de Adoção

TÍTULO TOTAL PORCENTAGEM


Crianças / adolescentes
8594 100,00%
cadastradas no Brasil
Crianças disponíveis para
4861 56.56%
adoção no Brasil
Crianças cadastradas na Bahia 178 2.07%
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (2018)

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 32


O Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes, é um projeto do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Social (CNAS) e com o Conselho Nacional da Criança e do
Adolescente (CONANDA) e, diz respeito aos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, existentes no país.

De acordo com este Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes (2010), o Brasil possui 2.624 Serviços de
Acolhimento Institucional (SAI), em 1.157 (20,8%) municípios. Destes, 264 encontram-se no Nordeste, com 3710 crianças e
adolescentes acolhidas (Tabela 4).

Tab. 4 Serviços de Acolhimento Institucional Brasil e Regiões

Fonte: Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes (2010)

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 33


Há, ainda, a distribuição dos SAI de acordo com a modalidade. Do total de 2624 unidades no Brasil, 64,2% são Abrigos
Institucionais. Comprovando, assim, que esta é a modalidade mais utilizada no país (Tabela 5).

Tab. 5 Distribuição dos SAI segundo modalidade. Brasil e Regiões.

Fonte: Levantamento Nacional de Crianças e Adolescentes (2010)

Destes Abrigos Institucionais, 67,8% encontram-se no Nordeste, sendo esta uma das regiões com maior número de Serviços
de Acolhimento do país, ficando atrás somente da região Sudeste.

Conforme Art. 90, § 1º, do ECA, toda instituição que desenvolve trabalho com crianças e adolescentes deve efetuar seu
registro e inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento junto ao Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente/CMDCA (CMDCA, 2018).

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 34


Segundo o CMDCA (2018), além de manter os registros das Instituições que acolhem crianças e adolescentes, bem como de
seus programas e projetos, o Conselho Municipal dos direitos da Criança e do Adolescente, é responsável, também, por formular e
controlar Políticas Públicas voltadas para o atendimento das crianças e adolescentes. Além disso, é responsável pela captação de
recursos, destinado para a promoção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2004) a pobreza é um dos motivos mais citados para o
abrigamento (52%). Muitas dessas crianças e adolescentes abrigadas possuem famílias (86,7%), e a maioria mantém vínculos com
elas (58,2%). Sendo assim, é necessário implementar políticas públicas voltadas à estas famílias, além de programas de apoio sócio
familiar para a preservação de vínculos.

De acordo com o Sistema de Informação da Infância e Adolescência (SIPIA, 2017), no estado da Bahia, foram registradas
606 violações ao direito da criança e do adolescente, das quais 394 foram violações do direito a convivência familiar e comunitária
(Tabela 6).

Tab. 6 Violações ao direito da criança e do adolescente

Fonte: SIPIA (2017)

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 35


Conclui-se de tal modo, que o abrigo pode substituir o papel da família no desenvolvimento das relações humanas, uma vez
que algumas crianças e adolescentes não possuem vínculos com os mesmos. Portanto, é necessário que o abrigo seja um ambiente
acolhedor e afetivo, e que desenvolva os estímulos dos menores abrigados. Além de ambientes que promovam a apropriação
espacial como lar, fazendo com que minimize os transtornos psicológicos, causados pelo afastamento das suas famílias.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 36


ANÁLISE DE CORRELATOS
Fig.7 Organização de Auxílio Fraterno

Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 37


7 Referência Local

7.2 LAR DA CRIANÇA – SALVADOR, BAHIA

Foi realizada uma visita realizada ao Lar da Criança, onde foi possível analisar sua infraestrutura e condições em que as
crianças e adolescentes vivem. O Lar é uma organização que acolhe crianças e adolescentes de 0-18 anos de idade, órfãs, em
situação de risco social e pessoal. Foi fundado em junho de 1963, por Dulce Maria Goulart de Freitas, funcionária pública do
Juizado de Menores, que tinha como sonho acolher crianças desamparadas. Atualmente, o Lar da Criança é dirigido por Iraci
Coimbra, que vem mantendo o sonho da fundadora, com comprometimento e solidariedade. O Lar funciona na Rua Artur
D`Almeida Couto, Nº 72, Vila Laura em Salvador na Bahia.

Atualmente, o Lar abriga 19 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos. No entanto, possui capacidade para 25 (vinte e cinco)
crianças e adolescentes, distribuídos em sete dormitórios que são separados por sexo e faixa etária. Estas crianças possuem
assistência psicológica, pedagógica e médica, além de contar com a assistente e social durante todo o dia. O Lar, conta ainda,
com os cuidadores, auxiliares de cuidadores e cozinheira que se comprometem com a alimentação dos menores, organização e
limpeza da casa, além de cuidarem das crianças e adolescentes. Destes auxiliares, dois ficam à noite para cuidar e supervisionar
os abrigados. O Abrigo possui atividades sociais e cursos, como o curso de arte terapia, aulas de música, balé e judô. Atualmente,
a instituição é mantida através de doações e ajuda da Prefeitura (que não é fixa), além de fazer parte do Criança Esperança
como uma das instituições acolhidas pelo Projeto.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 38


Fig. 8 Aula de arte

Fonte: Lar da Criança Data 05/04/2018

Durante a visita, foi possível perceber que a casa está sempre limpa e organizada, mas as crianças não possuem de muitas
áreas de lazer, nem de áreas verdes. A casa possui uma quadra, onde a maioria das atividades são feitas lá. O Lar, tem
características de uma residência convencional, proporcionando um ambiente familiar para os menores abrigados, além de terem
oportunidade de participar da vida comunitária como escolas, centros médicos e áreas de lazer.

O Lar possui uma área administrativa que é separada da casa, onde também, está sendo construída uma enfermaria, longe dos
menores e fazendo com que a privacidade dos abrigados seja mantida. Além dos dormitórios, a residência possui, também, duas
Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 39
salas de tv, leitura e brinquedos, além da sala de música, onde ocorrem as aulas. O refeitório encontra-se em uma área externa
coberta, onde as crianças também utilizam para brincar.

Por questões de segurança, a casa é toda gradeada, para que as crianças não saiam sem serem vistas e evitar acidentes. Apesar
de entender esta segurança, isto faz com que as crianças fiquem “presas”, sem frequentar a área externa que fica na frente da casa,
onde possui alguns brinquedos. O acesso só é feito com algum cuidador e com a autorização dos mesmos.

Fig. 9 Refeitório Fig. 10 Área de lazer

Fonte: Massariol Soares Data 26/03/2014 Fonte: Massariol Soares Data 26/03/2014

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 40


Fig. 11 Sala de TV Fig. 12 Pátio

Fonte: Massariol Soares Data 26/03/2014 Fonte: Massariol Soares Data 26/03/2014

O Lar da Criança, atende as necessidades básicas das crianças, com capacidade adequada para o desenvolvimento e
crescimento das crianças e adolescentes. Entretanto, é necessário investir em melhores áreas de lazer, com áreas verdes, uma
horta que sirva para a própria instituição, além das salas de estudo e informática que não foi possível constatar se possui. Durante
a visita não foi autorizado tirar fotos, e as fotos utilizadas foram tiradas de outras pesquisas.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 41


7.2 ORGANIZAÇÃO DE AUXÍLIO FRATERNO – SALVADOR, BAHIA

A Organização de Auxílio Fraterno é uma instituição que abriga crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, que foram separadas
de suas famílias por decisão judicial e que estão em risco social ou pessoal. A Organização foi fundada em 12 de outubro de 1958,
pela Drª Dalva de Matos, que trabalhava no Juizado de Menores. Durante suas atividades no Juizado de Menores, Drª Dalva
presenciou cenas e relatos de abusos contra crianças e adolescentes. Nesse sentido, nasceu a vontade de iniciar um projeto social,
onde essas crianças fossem acolhidas, para que tivessem proteção e uma vida digna. A OAF, encontra-se na Rua do Queimado,
17, Lapinha, Salvador, Bahia.

De acordo a visita realizada à OAF, o lar possui atualmente 65 (sessenta e cinco) crianças e adolescentes de 0 a 18 anos,
entretanto a capacidade é para 80 (oitenta) crianças e adolescentes, que são distribuídas em apartamentos. Cada apartamento
possui quatro quartos, dois banheiros, sala, cozinha, área de serviço e varanda, além de uma horta na varanda. Os apartamentos
abrigam em média 20 crianças, que são divididas por sexo e faixa etária, entretanto, os irmãos são não separados. Cada lar faz sua
própria comida. Os apartamentos são independestes uns dos outros, no qual cada um possui seus mantimentos, produtos de limpeza
e higiene pessoal, roupas de cama e banho, brinquedos, além de uma cuidadora e uma auxiliar.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 42


Fig. 13 Berçário Fig. 14 Quarto das meninas

Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018 Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018

Fig. 15 Sala de TV e varanda Fig. 16 Cozinha

Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018 Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 43


As crianças recebem visitas dos familiares, que ocorre segunda a sexta em horários estipulados pela Instituição. Há, também,
acompanhamento com psicóloga, pedagoga, assistente social, além de assistência à saúde. A Organização é mantida através de
doações e ajuda da Prefeitura, além das rendas de aluguéis das salas multiuso, do auditório com capacidade para 80 pessoas e da
área da Escola Nossa Senhora de Nazaré. Todas estas edificações encontram-se na mesma área da Instituição, sendo a escola
frequentada pelas crianças do abrigo, além das crianças e adolescentes do bairro. A OAF possui, ainda, uma Capela onde toda
sexta-feira, é realizada uma missa e, as crianças e adolescentes recebem a benção do padre.

Fig. 17 Escola Nossa Senhora de Nazaré Fig. 18 Área externa e quadra de esportes

Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018 Fonte: Acervo Pessoal Data: 26/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 44


Fig. 19 Capela

Fig. 20 Auditório

Fonte: Acervo pessoal Data: 26/03/2018 Fonte: Acervo pessoal Data: 26/03/2018

Diante de visitas realizadas a outros abrigos da cidade de Salvador, foi possível perceber que a OAF é a Instituição mais bem
estruturada, organizada, e de grande porte. Todos os apartamentos são limpos, organizados, contém estrutura adequada para
receber os abrigados. A externa é grande, com um pátio na área dos apartamentos, onde as crianças podem brincar. Possui uma
quadra de esportes, que durante a semana é usada pela escola, sendo os finais de semana de uso livre das crianças e adolescentes.
O fato da Escola estar na mesma área da Instituição, é favorável para as crianças, fazendo com que elas fiquem mais seguras e
protegidas no percurso da escola ao abrigo e vice-versa.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 45


Apesar de possuir uma grande área, ainda há necessidade de uma área verde no abrigo, que funcione como área de lazer,
de aulas e cursos ao ar livre, além de atividades simples como um piquenique ou uma horta, em que elas mesmas possam plantar,
fazendo com que tenham contato com a natureza, além de promover a consciência ambiental e a socialização.

Fig. 21 Área de convivência

Fonte: Organização de Auxílio Fraterno Data:28/03/2018

Todas as visitas realizadas em Instituições da cidade de Salvador - BA, foram essenciais para conhecer a realidade dos abrigos e
as condições em que as crianças e adolescentes vivem, além de conhecer as reais necessidades dos mesmos e seu funcionamento.
Estas informações foram essenciais para a execução do programa de necessidades e do pré-dimensionamento desse projeto.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 46


8 Referência Nacional

8.1 ALDEIAS INFANTIS SOS BRASIL – MANAUS, AMAZONAS

Segundo informações obtidas no site Aldeias Infantis, é uma organização não-governamental e sem fins lucrativos, que acolhe e
dá assistência às crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, promovendo ações na defesa dos direitos das mesmas, por meio do
desenvolvimento sócio comunitário. Foi fundada em 1949, na Áustria, pelo educador Hermann Gmeiner e inicialmente, tinha como
objetivo acolher crianças órfãs e vítimas da Segunda Guerra Mundial. Atualmente, trabalham no amparo de crianças e adolescentes
em situação de risco social e pessoal, e que foram afastadas do convívio familiar, visando a garantia dos direitos deles, através de
ações voltadas às comunidades, famílias e à saúde.

A cidade de Manaus, no Amazonas, é um dos locais que abriga as Aldeias no Brasil. O projeto foi concebido pelo arquiteto
Severiano Porto, em concluído em 1997. É composta por pequenas comunidades, com dez a doze casas-lares, que abrigam entre
sete e nove crianças, de diferentes idades e ambos os sexos. Cada casa, possui uma Mãe-social, que é responsável pelas menores,
além de possuir sua própria rotina, sempre prezando pelo direito à alimentação, educação, lazer, convívio familiar, entre outros. As
Aldeias são mantidas através de doações e de parcerias com empresas, além de obter convênios com o Poder Público.

Segundo Rovo e Oliveira (2004), foi projetado e pensado minuciosamente, para integrar o conjunto ao meio natural, bem como
ao contexto urbano, atendendo as necessidades do programa e bem-estar das crianças. Ocupa uma área de 6.431,22 m², e
contempla, escola de mães e alojamento para visitantes, além de casa do zelador, casa das tias e casa dos dirigentes.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 47


Fig. 22 Vista aérea da Aldeia SOS em fase final de construção

Fonte: http://www.vitruvius.com.br Data: 30/03/2018

O conceito de aldeia se sustenta pela integração das casas-lares aos espaços de uso comum como circulação coberta,
auditório, jardim de infância, biblioteca infantil, área de esportes e lazer, que também são frequentados pelas comunidades vizinhas.
(ROVO E OLIVEIRA, 2004). A circulação coberta foi construída em madeira e folhas de palmeira, referenciando à cultura local, como
as ocas indígenas. Esta área coberta, é utilizada para diversas atividades como o lazer das crianças em dias de chuva, atividades
educativas ou simplesmente, utilizado para circulação, sendo este o principal local de convívio, permitindo a integração física e social
da comunidade.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 48


Fig. 23 Circulação coberta da Aldeia Fig. 24 Área da Aldeia SOS

Fonte: http://www.vitruvius.com.br Data: 30/03/2018 Fonte: http://www.vitruvius.com.br Data: 30/03/2018

As edificações foram dispostas pensando na ventilação cruzada por todos os edifícios, visando na orientação adequada do sol
de Manaus, bem como dos ventos dominantes. Sua volumetria cria áreas de cheios e vazios, de sombra e luz, além de possuir
janelas com venezianas móveis melhorando, assim, a ventilação e iluminação nos ambientes.
Fig. 25 Esquema de ventilação cruzada Fig. 26 Janela com venezianas móveis

Fonte: http://www.vitruvius.com.br Data: 30/03/2018 Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 49


ÁREA DE INTERVENÇÃO
Fig. 27 Mapa da Cidade de Salvador - BA

Fonte: Google Maps Data: 12/04/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 50


9. Condicionantes do terreno

9.1 LOCALIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO


Fig. 28: Localização do terreno
A área de estudo para implantação do Abrigo está localizada no
bairro Nordeste de Amaralina, e está ligado entre a Pituba e o Parque Fig. 28: Localização do terreno

da Cidade, na cidade de Salvador – BA (Figura 28). O terreno em


estudo, hoje funciona uma quadra de esportes e é de terra batida.
TERRENO
A proposta é fazer um Abrigo Institucional para Crianças e PROPOSTO

Adolescentes, nomeado de Lar dos Sonhos, com infraestrutura


adequada para atender as necessidades das mesmas. O terreno conta
com 3.850,00 m², localizado na Av. Nova República, no bairro Nordeste
de Amaralina.

Fonte: Google Maps Data: 26/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 51


Fig. 29: Área do terreno

Fonte: Google Data: 26/03/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 52


Fig. 30: Área do terreno

Fonte: Google Data: 26/03/2018

A região onde está localizado o terreno, segundo a LOUOS (2016), pertence a Zona Especial de Interesse Social (ZEIS)
(Figura 31), sendo classificada no subgrupo ZEIS 1, assentamentos precários. (Figura 32).

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 53


Fig. 31: Mapa Zoneamento

ÁREA ONDE
LOCALIZA-SE
O TERRENO

Fonte: LOUOS 2016 Data: 15/04/2018

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 54


Fig. 32: Mapa ZEIS

Fonte: LOUOS 2016 Data: 15/04/2018

De acordo com a LOUOS, os abrigos de medidas protetivas para crianças e adolescentes, se enquadra no grupo não
residencial, compatível com a vizinhança residencial (nR01-06). De acordo com o enquadramento de usos por grupos e
s Data: 26/02/2018
subcategorias de uso não residencial, pertence ao Quadro 06, definido como serviços de educação e assistência social (Tabela 7),
sendo permitido este tipo de uso na ZPR 2 (Tabela 8).

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 55


Tab. 7: Enquadramento de usos por grupos e subcategorias de uso não residencial

Fonte: LOUOS 2016 Data: 15/04/2018

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 56


Tab. 8: Usos Permitidos por Zonas de uso

Fonte: LOUOS 2016 Data: 15/04/2018

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 57


Abaixo, estão os parâmetros permitidos de ocupação do solo para a área em estudo (Tabela 9), de acordo com a LOUOS
(2016).
Tab. 9: Parâmetros de ocupação do solo

Fonte: LOUOS 2016 Data: 15/04/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 58


9.2 HISTÓRICO DO BAIRRO

De acordo com o livro O Caminho das Águas em Salvador (2010), na segunda metade do século XIX, as terras que
correspondem aos bairros Chapada do Rio Vermelho, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas, o Nordeste de Amaralina e as localidades
Areal, Boqueirão e Nova República eram grandes fazendas que mais tarde foram loteadas. Parte da ocupação foram de pessoas
que vieram do interior para trabalhar, inicialmente, nas fazendas e mais tarde, nas casas de veraneio como empregadas domésticas,
lavadeiras e caseiros nas imediações da Praia de Amaralina.
As casas eram de taipa, não tinham energia elétrica e água encanada, além de uma espaçada população, foram o que deram
origem ao bairro, que hoje é conhecido como uma “ilha popular” entre os bairros que são considerados de alta renda. O comércio é
forte variado, sendo ele uma das principais fontes de renda dos seus moradores.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 59


9.3 ANÁLISE DO ENTORNO

O bairro do Nordeste de Amaralina, é um bairro periférico, com comunidade carente, além de possuir poucas áreas de lazer,
sendo o seu potencial o comércio. Portanto, percebe-se que a maioria das edificações do entorno são residenciais (Figura 33), sendo
que as predominâncias são de edificações entre 1 a 3 pavimentos (Figura 34).
Fig. 34: Gabarito
Fig. 33: Tipos de Uso

Fonte: Gleicy Kelly Santana Data: 15/04/2018 Fonte: Gleicy Kelly Santana Data: 15/04/2018

É possível perceber que o entorno possui hospitais próximos como o Teresa de Lisieux e o Hospital Aliança, entretanto não
possui hospitais públicos nas proximidades. Em relação a área de lazer, o mais próximo é o Parque da Cidade, com uma vasta área
verde.
s Data: 26/02/2018 s Data: 26/02/2018

O Nordeste de Amaralina, é cortada por uma importante via que é a Avenida Juracy Magalhães Júnior, que dá acesso à vários
bairros da cidade. O mapa abaixo, indica a mobilidade da área em estudo (Figura 36). A Avenida Juracy Magalhães Júnior é bem
atendida de transporte público, entretanto, a região onde localiza-se o terreno não possui transporte público de fácil acesso.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 60


Fig.35: Mobilidade

Fonte: PDDU 2016 Data: 15/04/2018

9.4 JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TERRENO


s Data: 26/02/2018

Segundo as Orientações Técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, do Ministério de Desenvolvimento
Social e Combate à Fome – MDS (2009), os Abrigos, devem estar inseridos em locais com predominância residencial e parecer o
mais próximo possível de uma residência comum, para que esse público possa se sentir acolhida e em família. A região de Nordeste
de Amaralina, é predominantemente residencial, possuindo poucas áreas de lazer.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 61


Portanto, o Lar dos Sonhos, irá atender não só os abrigados, bem como a comunidade local, com espaços de lazer e atividades
culturais como oficinas de artes, desenhos, entre outros, abertos para este público. Além disso, é necessário à interação e a
socialização com áreas de vivência e áreas verdes, e tanto o Lar dos Sonhos como o Parque da Cidade (que é uma área próxima
ao terreno) podem ser utilizados para este fim.

9.5 ESTUDO DOS CONDICIONANTES CLIMÁTICOS


Fig. 36 Estudo Condicionantes Climáticos

Salvador, possui clima tropical, predominantemente quente e


úmido. É caracterizado por altas temperaturas, com predominância de
chuvas no inverno, e clima mais seco no verão. De acordo com o estudo
dos condicionantes térmicos, pode-se perceber, que a ventilação maior
vem do Sudeste, seguida do Leste e do Nordeste, o que contribui para
melhores soluções de ventilação no desenvolvimento do projeto. E a
predominância de chuvas, vinda do Sul. No lado poente, para solucionar
o calor excessivo, será utilizado grandes aberturas e brises. Sendo que
Fonte: Base Sicar Editado pela autora Data: 15/04/2018
este último, servirá também, para a proteção da chuva.

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 62


Fig. 37: Crianças brincando

PROJETO DE ARQUITETURA
Fonte: www.leiturinha.com.br Data: 15/04/2018

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 63


10. Projeto de Arquitetura

10.1 DESCRIÇÃO DO PROJETO

Fig. 38: Zoneamento das edificações no terreno

O projeto do Abrigo Institucional é composto por


edificações setorizadas, subdivididas em edifício Apoio e a
Residência. Atende as normas das Orientações Técnicas:
Parque
Infantil Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, do
Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome –
Residência
MDS (2009), além do Estatuto da Criança e do Adolescente
Ed. Apoio
(ECA, 1990).

O espaço arquitetônico, busca promover o


Fonte Acervo Pessoal Data: 06/11/2018 desenvolvimento, a vivência e a qualidade de vida dos
abrigados, bem como minimizar os possíveis traumas como pobreza, abandono, violência, entre outros. Nesse sentido, é de extrema
importância trazer o lúdico com a utilização de cores e objetos, e grande área verde com espaço de lazer e convivência.

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 64


10.2 CONCEITO

Utilizar da função do Cubo Mágico, como premissa para criar volumetrias com elementos coloridos e com sentidos diferentes
para remeter aos deslocamentos do Cubo Mágico. Além de elementos que desenvolva o raciocínio das crianças e adolescentes e,
formas geométricas que se pareçam com peças de um quebra cabeça.

Fig. 39: Estudo elementos fachada

Fonte: Acervo pessoal Data: 22/04/2018

s Data: 26/02/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 65


Fig. 40 e 41: Estudo volumetria

Fonte: Acervo pessoal Data: 22/04/2018

Segundo Pires (2015), o Cubo Mágico foi criado em 1974, por Erno Rubik, inicialmente, com o objetivo de ajudar os estudantes
de Arquitetura com o conceito de terceira dimensão. No entanto, atualmente pode ser trabalhado por todas as idades, promovendo
s Data: 26/02/2018
a interação social, a concentração e o raciocínio.

Fig. 42: Cubo Mágico

Fonte: www.brasilescola.uol.com.br Data: 22/04/2018


Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 66
10.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO

O Partido Arquitetônico, busca privilegiar a áreas de lazer e convivência, promovendo, assim uma interação entre os espaços internos
e externos. A preocupação quanto a este projeto, é que todas as áreas abracem o projeto, com áreas aconchegantes e confortáveis,
fazendo com que as crianças e adolescentes queiram permanecer nestes espaços, seja brincando ou relaxando.

Fig. 43: Parque infantil do Lar dos Sonhos

Fonte Acervo Pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 67

s Data: 26/02/2018
10.3.1 Principais diretrizes do projeto

 Inserir vegetação, com o objetivo de aproximar as crianças e adolescentes da natureza, incentivando assim, a sua
preservação;
 Utilizar cores na fachada, para promover o desenvolvimento, a criatividade e interação social;
 Propor um centro de atividades, onde as crianças possam ter aula de artes com oficinas de desenho e pintura, aulas de
informática, além de acompanhamento com professores para reforço escolar em que o público externo possa participar,
aproximando, assim, os menores à comunidade;
 Propor área de convivência, lazer e interação social.

10.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

10.4.1 Edifício Apoio


Tab. 10: Programa de necessidades e pré-dimensionamento edifício apoio
EDIFÍCIO APOIO
TÉRREO
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA (m²)
RECEPÇÃO 1 23.15
SANITÁRIO PCD 1 4.13
COPA 1 23.36
DEPÓSITO DOAÇÕES 1 9.56

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 68


ALMOXARIFADO 1 7.63
ÁREA TÉCNICA 1 5.53
MEDIDOR / GERADOR 1 5.96
TRIAGEM 1 13.94
DML 1 4.15
TOTAL 9 534,00
PRIMEIRO PAVIMENTO
OFICINA 1 63.04
PREPARAÇÃO / MATERIAL 1 14.47
SALA DE AULA 2 48.24
SALA DE INFORMÁTICA 1 29.77
SALA MONITOR 1 6.86
BIBLIOTECA 1 46.67
SANITÁRIO FEMININO 1 2.39
SANITÁRIO MASCULINO 1 3.26
SANITÁRIO FEMININO PCD 1 4.59
SANITÁRIO MASCULINO
1 4.59
PCD
SANITÁRIO INFANTIL 1 2.41
DML 1 4.15
TOTAL 13 769,00

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 69


SEGUNDO PAVIMENTO
SANITÁRIO FEMININO PCD 1 4.59
SANITÁRIO MASCULINO
1 4.59
PCD
DML 1 4.15
ADMINISTRAÇÃO 1 16.61
ARQUIVO 1 12.40
DIREÇÃO / COORDENAÇÃO 1 19.56
PSICÓLOGA 1 13.37
PEDAGOGA 1 14.39
ASSISTENTE SOCIAL 1 9.09
ENFERMARIA 1 20.61
SALA DE REUNIÕES 1 14.85
CONDULTÓRIO MÉDICO 1 15.73
SALA MULTIUSO 1 42.83
ANTE SALA 1 5.28
DEPÓSITO 1 8.65
TOTAL 15 969,00
TOTAL PAVIMENTOS 37 2272.00
Fonte: Acervo pessoal Data: 16/05/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 70

s Data: 26/02/2018
O Edifício Apoio, conta com todo setor administrativo, apoio e acompanhamento psicológico e pedagógico das crianças e
adolescentes e suas famílias, além do centro de atividades.

10.4.2 Residência
Tab. 11: Programa de necessidades e pré-dimensionamento residência
RESIDÊNCIA
TÉRREO
AMBIENTE QUANTIDADE ÁREA (m²)
SALA DE TV /
1 116.86
BRINQUEDOTECA
SANITÁRIO FEMININO 1 10.63
SANITÁRIO MASCULINO 1 10.20
SANITÁRIO PCD 2 7.01
FRALDÁRIO 1 8.39
QUARTOS 2 55.82
BERÇÁRIO 1 23.12
QUARTO CUIDADORA 1 9.80
SANITÁRIO CUIDADORA 1 3.15
ROUPARIA 1 6.80
LAVANDERIA 1 11.26
ROUPA SUJA 1 3.24
LIXO 1 8.37

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 71


REFEITÓRIO 1 102.90
COCÇÃO / PREPARO 1 32.20
LOUÇARIA / UTENSÍLIOS 1 5.00
DESPENSA 1 7.78
HIGIENIZAÇÃO 1 7.11
HIGIENIZAÇÃO ALIMENTOS 1 4.70
TRIAGEM / RECEBIMENTO 1 8.76
DML 1 2.27
SANITÁRIO FUNCIONÁRIOS 3 9.05
QUARTO FUNCIONÁRIOS 1 8.55
HALL ENTRADA
1 6.91
FUNCIONÁRIOS
TOTAL 28 1547,00
PRIMEIRO PAVIMENTO
SALA DE JOGOS / SALA TV 1 151.75
SALA DE ESTUDOS 1 52.49
QUARTOS 3 83.03
QUARTO CUIDADORA 1 11.31
SANITÁRIO CUIDADORA 1 3.84
COPA 1 15.15
SANITÁRIO FEMININO 1 10.73

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 72


SANITÁRIO MASCULINO 1 12.68
SANITÁRIO PCD 2 7.39
TOTAL 12 781,00
TOTAL PAVIMENTOS 40 2328.00

Fonte: Acervo pessoal Data: 16/05/2018

A casa é composta por dois pavimentos, com um berçário e mais cinco quartos, sendo um adaptado. Conta, ainda, com toda
estrutura de cozinha, refeitório, área de26/02/2018
s Data: serviço, área de lazer e estudos, entre outros. A residência, possui toda estrutura de conforto,
segurança, alimentação e necessidades essenciais para os moradores, além de promover a sensação de lar.

10.5 PLANTA GERAL


Fig. 44: Planta Geral Tab. 12: Zoneamento geral
1- PORTARIA / ENTRADA PEDESTRE
2- ESTACIONAMENTO
1 3- EDIFÍCIO APOIO
7
4- RESIDÊNCIA
8
6 4 5- ÁREA DE CONVIVÊNCIA
6- PARQUE INFANTIL
5
7- CASA DE LIXO / CASA DE GÁS
9 2
8- CARGA E DESCARGA RESIDÊNCIA
3 4 9- ENTRADA VEÍCULOS

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 73


No parque infantil, será utilizado o piso emborrachado Playtop. É um piso muito conhecido na Europa, aplicada de forma
líquida, e pode ser disposta em qualquer área. É feito de borracha de pneu reciclada, grânulos de borracha EPDM, ou até mesmo,
de solado de tênis. É não tóxico, amortece impactos, é antiderrapante, drenante, totalmente sustentável e possibilita criar contornos
3D, além de ser um piso de baixa manutenção com durabilidade de até 20 anos.

Abaixo, (Figura 48) exemplo de parque infantil e da aplicação deste piso que serão utilizadas neste projeto. No Brasil, uma
das empresas que faz instalação deste piso é a Oikotie, localizada no Rio de Janeiro. Uma empresa de arquitetura e design
especializada em parques infantis. Foi através dos projetos desta empresa, que surgiu a ideia de criar este espaço no abrigo.

Fig. 45: Parque infantil em Praga, República Checa

Fonte: www.oikotie.com.br 20/05/2018


Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 74
10.6 PERSPECTIVAS DO PROJETO
Fig. 46: Área de convivência

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 75

s Data: 26/02/2018
Fig. 47: Área externa

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 76

s Data: 26/02/2018
Fig. 48: Área de convivência e Parque Infantil

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 77

s Data: 26/02/2018
Fig. 49: Parque Infantil

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 78

s Data: 26/02/2018
Fig. 50: Portaria

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 79

s Data: 26/02/2018
Fig. 51: Quarto das crianças

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 80

s Data: 26/02/2018
Fig. 52: Sala de TV e brinquedoteca

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 81

s Data: 26/02/2018
Fig. 53: Sala de TV e brinquedoteca

Fonte: Acervo pessoal Data: 06/11/2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 82

s Data: 26/02/2018
Considerações finais

Diante da situação encontrada nos abrigos visitados na cidade de Salvador, muitos sem infraestrutura adequada para acolher
as crianças e adolescentes, causou uma indignação e, abriu espaço para um projeto que possa ser referência para muitas
Instituições. O projeto tem como objetivo, atender as necessidades básicas dos menores abrigados, como alimentação, segurança,
moradia, educação, entre outros.

Apesar de, ao longo da história, as crianças e adolescentes terem conquistado muitos direitos, ainda hoje há menores sendo
abandonados, passando fome, sofrendo violência e muitas vezes, encontram-se fora da escola. Ainda que, tenha sofrido muitos
traumas antes de chegar ao abrigo, elas podem, através deste projeto, retomar sua infância, voltar a sonhar e, ter a sensação de
lar, respeitando a privacidade de cada um.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 83


Referências

CADASTRO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Salvador: Prefeitura de Salvador, 05 nov. 2016.
Disponível em: <http://www.cmdca.salvador.ba.gov.br/index.php/cmdca.html>. Acesso em: 08 mar. 2018.

CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO: Relatórios estatísticos. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 20 mar. 2018. Disponível
em: <http://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf>. Acesso em: 20 mar. 2018.

CARVALHO, Leandro: História do abandono de crianças no Brasil. Escola Kids, 05 dez. 2011. Disponível em:
<http://escolakids.uol.com.br/historia-do-abandono-de-criancas-no-brasil.htm>. Acesso em: 08 mar. 2018.

CLIMA. Salvador: Laifi, 30 nov. 2011. Disponível em: <http://www.laifi.com/laifi.php?id_laifi=3227&idC=59484#>. Acesso em: 25
abr. 2018.

ESTUDO APONTA QUE 2,7 MILHÕES DE CRIANÇAS MORAM EM ABRIGOS. São Paulo: Caio Lencioni, 29 dez. 2017.
Disponível em: <http://observatorio3setor.org.br/carrossel/estudo-aponta-que-27-milhoes-de-criancas-moram-em-abrigos/>.
Acesso em: 08 mar. 2018.

GUEDES, Carina Ferreira: Acolhimento Institucional na Assistência à Infância: o cotidiano em questão. São Paulo: Carina
Ferreira Guedes; Ianni Regia Scarcelli, 20 abr. 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822014000500007>. Acesso em: 08 mar. 2018.

LOBO, Isadora. Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes. Salvador, 16 jun. 2017. Acesso em: 08 mar. 2018

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 84


O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA: Os abrigos para crianças e adolescentes no Brasil. Brasília:
Clarissa Santos e Maria Tereza Lopes Teixeira, dez. 2004.

PAES, Janiere Portela Leite. O código de menores e o estatuto da criança e do adolescente: avanços e retrocessos. 21
maio 2013. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-código-de-menores-e-o-estatuto-da-criança-e-do-
adolescente-avanços-e-retrocessos>. Acesso em: 12 mar. 2018.

PAGANINI, Juliana. A Criança e o adolescente no Brasil: uma história de tragédia e sofrimento. Boletim Jurídico,
Uberaba/MG, a. 12, no 752. Disponível em: <https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2195> Acesso em:
10 mar. 2018.

POR UM REGIONALISMO ECO-EFICIENTE: a obra de Severiano Mário Porto no Amazonas. Rio de Janeiro: Vitruvius, 20 abr.
2004. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.047/594>. Acesso em: 20 abr. 2018.

SIGNIFICADO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: O QUE É VULNERABILIDADE SOCIAL. Significados, 10 maio 2012.


Disponível em: <https://www.significados.com.br/vulnerabilidade-social/>. Acesso em: 08 mar. 2018.

SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: Estatísticas de violações por direito violado. Brasília, 31
dez. 2017. Disponível em: <http://www.sipia.gov.br/CT/?x=EmI3*QLtpSm*ksRqOtZo2g>. Acesso em: 11 abr. 2018.

SOARES, Suellen Massariol. ABRIGO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE


SOCIAL: LAR JOÃO E MARIA. Salvador, 12 dez. 2014.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 85


SOUZA, Arisane de Almeida. A Roda dos Expostos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia: Uma abordagem sobre a
Infância no Brasil (1910). Salvador, 08 dez. 2011. Disponível em: <http://marthamaria11.blogspot.com.br/2011/12/roda-dos-
expostos-da-santa-casa-de.html>. Acesso em: 10 mar. 2018.

TRANS SALVADOR: linhas de ônibus. Salvador: Prefeitura de Salvador, 20 maio 2017. Disponível em:
<http://www.transalvadorantigo.salvador.ba.gov.br/homologacao/?pagina=onibus/onibus>. Acesso em: 25 abr. 2018.

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 86


Anexos

1- Planta de localização
2- Planta de situação
3- Planta baixa térreo Residência e Ed. Apoio
4- Planta baixa primeiro pavimento Residência e Ed. Apoio
5- Planta baixa segundo pavimento Ed. Apoio
6- Cortes e fachadas residência
7- Cortes e fachadas edifício apoio
8- Detalhamentos

Abrigo Institucional para Crianças e Adolescentes | 87

Você também pode gostar