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AGRADECIMENTO
Gostaria de agradecer primeiramente, a Deus, por permitir que eu chegasse ao final de mais uma
batalha na minha caminhada, aos meus familiares, pelo apoio financeiro e moral, aos meus professores,
que, o tempo todo vivi com eles uma proximidade repleta de zelo e interesse de cada um deles por
minha formação. Gostaria de agradecer ao meu amigo Lázaro Souza, formando em História pela
UEFS, por abri portas para me na Residência Universitária no decorrer da minha formação, sem
qualquer processo seletivo pra isso, e num momento que eu não tinha condições pra continuar a
batalha. Gostaria de agradecer a Secretaria de Educação desta cidade, por me permitir experimentar a
sala de aula no programa Partiu Estágio do Governo do Estado da Bahia. Enfim, sou grato a cada um e
a cada uma que encontrei durante esses dias, meses e anos intensos da minha vida, que me fez realizar
a maior de todas as descobertas, a descoberta de que eu não tinha subjetividade, que os meus
pensamentos e realidade foram publicados no mundo por uma força maior que o tempo e bem antes
que a razão fizesse parte das coisas e destino que eu fosse escolher no mundo pra me. É isso.
LISTA DE SÍMBOLOS
ABSTRACT
The present work is divided into two chapters, the first chapter develops the origin and
history of the Regional Museum of Arts, through the artist, poet and intellectual of the state, Dorizo
Dórea and the museologist, Selma Soares de Oliveira. In his book, Letters of Eurico Alves - Fragments
of the modernist scene, this author presents Eurico Alves Boaventura, who is another writer from the
region, as the inventor of the speech that gave rise to the creation of the Regional Museum of Art in the
city of Feira de Santana, through of the project to create museums in the interior cities of the country of
the Brazilian businessman, journalist and politician, Assis Chateaubriand. Then, the development of
this problem falls within the competence of the museologist Selma Soares de Oliveira, in her doctoral
thesis in Museology; The Regional Museum: Mediation of the Arts, Dissemination of Knowledge and
Cultural Interlocutions with Feira de Santana from 1967 to 1995. Thus, after being created, the
collection of this institution is divided into four collections, arranged in the set of visual arts and one
another part was made up of artifacts and old objects from the culture of country life, the cowboy and
farms in the Sertão. And, through this collection, the city of Feira de Santana lived the aesthetic
experience in the works of English and Brazilian artists and encouraged the sensitivities of its own
artists, through training and encouragement to them, who took it as an incentive in their professional
options and career choice. Thus, the Regional Museum of Feira de Santana was mobilized to fulfill its
mission as an artistic and cultural house in a city in the interior of the country. The second chapter deals
with the importance of art for the formation of a city. Thus, art was presented in two synthetic and
objective terms; figurative and abstract arts. The importance of the image and their artistic portrayals
was shown for the memory of a people and the ephemeral character of being, facing it through the
author Georges Didi-Huberman in his book, Before the time: Art history and anachronism of images.
However, the arts that foreshadow and figure the world are more numerous than the capacity for
quantifications and artistic portraits. With all this, the will to knowledge of human beings competes for
their own civility. In this field, the abstract arts, induce mentalities beyond the limits of the senses and
reason. Questioning was made about what the abstract is, from what is already known about the human
species, to what would be unimaginable, and yet necessary. The nonexistent can be only what does not
appear and is not in the world, or, to the knowledge of the senses and human reason. But, the world is
not the Universe and the freedom of thoughts in the construction of their own intellect would have no
direction if they lacked initiatives that theorized about the unknowable, that made them uncomfortable
with the world and in tune with its mysteries.
Thus, if art is uncomfortable, despite its importance, when, in its pictographic and figurative language,
and yet, abstract, it expressed realities and imagination, the historical testimony of civilizations was
asked, to understand the movement that originated the cities outside the center and the idea of
Eurocentric civility. It is in this dialogical plan that chapter two made the city of Feira de Santana
known in Brazil and in the world, in its various processes and periods that, at one time, made its
human, social and political expressions emerge, to be able to look for the moment when they were
given expression and artistic awareness, to finally be able to talk about themselves or their
surroundings from what was modernism and the Week of Modern Art for Brazil.
SUMÁRIO
Capítulo I
Capítulo II
A IMPORTÂNCIA DA ARTE PARA A FORMAÇÃO DE UMA CIDADE
Sobre as artes figurativas……………………………………………………………………….…2.0
Sobre as artes abstratas................................................................................................…………….2.1
A cidade de Feira de Santana no Brasil e no mundo..........................................................……......2.2
Conclusão............................................................................................................…………………..2.3
Referências…………………………………………………………………………………………2.4
INTRODUÇÃO
De acordo com o minidicionário da língua Portuguesa, RUTH ROCHA, dos autores Ruth
Rocha e Hindenburg da Silva Pires, entende-se ser o vocábulo; “Museu sm. Lugar onde se guardam
coleções de objetos de artes, científicos, históricos, etc. (ROCHA, PIRES, 2005, 485).” E a museologia
é a ciência que trata dos princípios de conservação dos diversos acervos museológicos, com o objetivo
de guardar a memória de um povo para apresentá-la às gerações vindouras (2005, 485). Enquanto uma
instituição estatal e sem fins lucrativos, o museu investiga, seleciona e guarda a memória de um povo
de um determinado lugar, de uma determinada região, ou, de um país, com a finalidade de expô-la e
também, de criação de novos conhecimentos para a constante e incessante atualização cultural e
testemunhalidade histórica de toda a produção cultural de uma determinada época por um povo, ou, por
uma civilização. Entre as suas muitas funções sociais, as mais abrangentes são; criação de uma
identidade nacional, regional, ou ainda, local, objetivando a homogeneização da população; criação de
discursos pertinentes aos anseios de uma população, um grupo, ou, uma instituição. Nesse trabalho, em
específico, será apresentado e desenvolvido a origem e história do Museu Regional de Arte, a
constituição do seu acervo, a sua atuação cultural, os personagens envolvidos, ou seja, artistas feirenses
e demais personalidades, que foram marcados pela influência do movimento modernista que
determinou o rumo do ser e fazer artístico em todo o país em nível de sede e de cidades menores,
intuindo e contribuindo para a formação de uma identidade genuinamente brasileira que se desdobra
nos seus muitos aspectos locais e regionais. No segundo capítulo, será desenvolvido a importância da
arte para a formação de uma cidade para dar conta da origem de uma consciência artística em âmbito
nacional. Precisou rebuscar nas suas origens, quais foram os acontecimentos que fizeram que as terras
brasileiras fossem ocupadas e, dessa ocupação, especificamente de seus sistemas político-
administrativos, aparecessem as suas primeiras expressões sociais e culturais, nas capitais
administrativas, e depois, nos municípios, vilas e povoados. É nesse plano que a importância das artes
será procurada, e essa atitude vai caminhar com vista na origem da cidade de Feira de Santana e do
legado histórico que lhe rendeu as condições de cidade, na construção de uma memória cada vez menos
eurocêntrica e centralizada à ideia imperativa de artes, que se difunde das capitais do país às demais
cidades brasileiras interioranas. O recorte histórico será feito do ano de 1967, que foi o ano de criação
do Museu Regional de Arte, ao ano de 1995, ano em que ele foi transferido do seu primeiro endereço
para o endereço atual.
CAPÍTULO I
Eurico Alves foi um escritor articulado com as inquietações do seu tempo e é dono de
uma obra que, em muitos aspectos emparelha-se com as canônicas manifestações
literárias do Modernismo. Atuou em várias frentes, indo da poesia ao ensaísmo, do
local ao nacional, dos currais das roças à utopia das cidades dinâmicas e tentaculares
(DÓREA, 2012, p. 15).
Eurico Alves também foi um ferrenho defensor da cultura sertaneja, do vaqueiro e de todo
o seu legado social, enquanto figura de destaque entre as personalidades que foram responsáveis pela
origem de várias cidades no interior do país. Quando o Brasil foi colônia de Portugal e os
colonizadores, no intuito de povoar as regiões mais afastadas do litoral, utilizaram a pecuária como
meio para desbravarem as regiões do interior, eles construíram estradas, fazendas, povoados, vilas e
municípios. Feira de Santana é uma dessas cidades, fruto das tentativas bem-sucedidas de colonização
do interior do país pelos europeus, por meio da pecuária.
Mais especificamente, Eurico Alves com seu Fidalgo e Vaqueiro, pretendia dar
visibilidade a uma outra face da Bahia, a que ficava distante do litoral e fora moldada
pelas trilhas das boiadas. Ou seja, a Bahia sertaneja e pastoril (DÓREA, 2012 p. 183).
Assim, para esse escritor, pesquisar, escrever e preservar objetos e documentários sobre a
vida e o jeito sertanejo de ser, era revelar um universo com detalhes e significados próprios. Das cartas
que ele escreveu aos seus vários destinatários, numa determinada carta denominada de “carta aberta”,
destinada a sociedade feirense, o remetente “convoca o povo desta cidade para cultuar os fatos do
município e do sertão, com o intuito de preservação da memória sertaneja (DÓREA, 2012, p. 130).” O
objetivo era reunir pessoas interessadas na defesa dos valores culturais da região, com isso, ele
defendia a necessidade de criação de um centro de documentações, reunindo a memória cultural da
região (2012, p. 191). Percebe-se, nessa carta, o aparecimento da primeira proposta de criação de um
espaço público interessado em coletar, documentar, preservar e expor tudo o que a “civilização do
pastoreio” vinha produzindo culturalmente, ou seja, a cultura dos vaqueiros e das fazendas da região.
“Observa-se que, um museu voltado para a cultura regional, passará a ser daí por diante, preocupação
recorrente do escritor (DÓREA, 2012, p. 191).”
Num artigo publicado pelo professor poeta e animador cultural da cidade de Feira de
Santana, Dival da Silva Pitombo (1915-1989), no jornal Feira Hoje, conta-se que;
Alguns anos depois, quando Assis Chateaubriand anunciou seu projeto de criar
pequenos museus nas cidades do interior, a proposta veio novamente à tona, sendo o
pleito dos feirenses encaminhados a Odorico Tavares, à época diretor dos Diários
Associados, na Bahia. É ainda Dival Pitombo quem registra que “não foi difícil o
acolhimento” daquela pretensão. E acrescenta; “após reuniões com representantes da
terra, definiu-se a instalação do nosso museu, graças a boa vontade do então secretário
da Educação, Alaor Coutinho, e do prefeito Joselito Amorim que facilitou tudo
(DÓREA, 2012, 209).
Inaugurado em 26 de março de 1967, na rua Geminiano Costa, número 255, num prédio da
antiga dependência do Campo do Gado também conhecido como Currais Modelo, o museu se chamou
Museu Regional de Feira de Santana: […] “trazia um importante acervo voltado para as artes plásticas,
que ocupava várias salas, e um espaço para abrigar peças da cultura popular regional (OLIVEIRA,
2012, p. 209)”. No entanto, para administrar a instituição museológica;
Para a doutora e museóloga Selma Soares de Oliveira, em sua tese de doutorado O Museu
Regional: Mediações das Artes, Difusão do Conhecimento e Interlocuções Culturais com Feira de
Santana de 1967 a 1995;
O acervo constitui a alma do museu e define até mesmo a sua tipologia: museu de arte
(acervo artísticos variados): Museu de história (acervo histórico): Museu de ciências
(acervo ligado as ciências materiais): Museu de tecnologias (acervo ligados a inovação
tecnológica e científicas): eco museus (caracterizados, entre outras coisas, por um
ambiente, território demarcado culturalmente) (OLIVEIRA, 2018, p. 95).
No tocante ao acervo do Museu Regional de Feira de Santana, além da falta de uma
tipologia museológica definida para essa instituição, antes da sua transferência para o Centro
Universitário de Cultura e Artes (CUCA) da Universidade Estadual de Feira de Santana, constatou-se
que, todas as obras que integravam o seu acervo, desde 1967, foram doadas, ou seja, adquiridas sem
pagamentos. A doação é um dos meios de aquisição que os museus podem usar para reunir um
determinado tipo de acervo. Deste modo, afirma Oliveira; “A forma de aquisição pode variar de
instituição para instituição e, até mesmo, uma única instituição pode ter adquirido e formado o seu
acervo de diferentes maneiras, por meio de coleta de campo, doação, compra, permuta (troca) e legado
(OLIVEIRA, 2018, p. 95).” Assim, na composição do acervo do Museu Regional de Feira de Santana,
houve doações;
[…] vindas de várias instituições e de diversos segmentos da sociedade, da Bahia, do
Brasil e do exterior. Há doações do governo da URSS, do governo do estado da Bahia,
do Banco Baiano da Produção, da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, dos
Diários Associados da Bahia, do banqueiro Gilberto Farias, dos Diários Associados do
Rio Grande do Norte, dos Diários Associados do Ceará, de artesãos como o vaqueiro
Otacílio de Lopes e Doro e, principalmente, de artistas. Consta no citado livro que
apenas duas obras foram adquiridas por empréstimo: Autorretrato de Raimundo de
Oliveira e Paisagem baiana, de Edelweiss (OLIVEIRA, 2018, p. 96).
Foram esses os artistas que também fizeram parte do grupo de doadores da primeira
quantidade de obras que integrou as coleções de artes visuais e artefatos da cultura sertaneja do acervo
do museu. Localizado no seu primeiro endereço, à rua Geminiano Costa, o acervo dessa instituição
encontrava-se dividido em coleções e artefatos que representavam a cultura sertaneja e regional do
cotidiano rural nordestino. As obras que integrava as coleções de artes visuais, eram de autores
nacionais e ingleses. As artes visuais, por sua vez, eram representadas por obras produzidas a partir da
segunda metade do século XX e o outro conjunto era representado por objetos ligados a cultura popular
brasileira, em específico, a civilização do couro (2018, p. 96). No conjunto que integrava as artes
visuais, encontrava-se, ainda, formas ecléticas de artes, existia, desde pinturas, desenhos e gravuras, as
esculturas. Nesse sentido, afirma Oliveira; “Por razões metodológicas, ele será estudado observando os
seguintes recortes: coleção dos artistas ingleses, coleção dos artistas brasileiros, coleção dos artistas baianos e
coleção dos escultores (OLIVEIRA, 2018, p. 96).”
A primeira coleção é a coleção inglesa, formada por 31 obras de 27 autores ingleses que
tiveram atuação nas décadas de 1950 a 1960. Com foco no período modernista, essas obras exerceram a
função de vanguarda do que se vinha produzindo em matéria de artes visuais nesse país. Mostrou-se,
com isso, mais um motivo para conferir nelas, um valor distinto. O jornalista, político e empresário,
Assis Chateaubriand, além de ser o idealizador da criação de pequenos museus nas cidades do interior
do país, também foi o doador das obras que formam essa coleção, que, por sua vez, foram adquiridas
quando ele foi embaixador do Brasil na Inglaterra, na década de 1950. Ele cedera essas obras ao
governo do estado da Bahia, e este, por último, as doou ao Museu Regional de Feira de Santana. Os
autores dessas obras são de um único período, e por isso, elas formam um conjunto homogêneo e
harmonioso.
A segunda coleção é constituída por artistas do Brasil e seguem várias tendências,
representadas pela pintura, desenhos e gravuras. Essas obras estão também sintonizadas com o período
modernista e seus autores tiveram destacada influência no eixo – Rio-São Paulo (2018, p. 99).
A terceira coleção é formada por artistas baianos, ela é composta por; pintura, desenhos e
gravuras, porém “[…] integram esta coleção, não necessariamente os artistas baianos de nascimento,
mas, aqueles que atuavam na Bahia na época da criação dos museus regionais, […] (OLIVEIRA, 2018,
p. 99)”. Essa coleção é a única que inclui artistas feirenses.
A quarta e última coleção é a das esculturas, composta por oito peças, essa coleção também
tem um valor distinto e especial para o acervo do Museu Regional de Feira de Santana. O outro
conjunto, representado por objetos ligados a cultura popular brasileira, ou seja, a civilização do couro,
caracterizado pela cultura das fazendas e dos vaqueiros; “[…] incluía objetos oriundos da Bahia, Ceará,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. (OLIVEIRA, 2018, p.
100)”. Formada por uma diversidade de objetos, esse seguimento do acervo, tinha, porém, um foco na
civilização do couro e no universo do vaqueiro do sertão e das fazendas de gado dessa região (2018,
101).
Desse modo, a museóloga afirma;
O livro de tombo registra trinta e nove peças ligadas ao vaqueiro de Feira de Santana,
quinze ligadas a montaria gaúcha, cinco malas de couro e um banco, também de couro,
provenientes de Minas Gerais, quatro peças doadas pelos Diários Associados do Rio
Grande do Norte, uma roupa de vaqueiro, doada pelos Diários Associados do Ceará e
seis peças oriundas de Pernambuco. Entre os objetos estavam; selas diversas,
indumentárias de vaqueiros de Feira de Santana, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do
Norte, malas de couro, ferros de marcar gado, alforjes, surrão, cangalhas, esporas,
ferrão, chocalhos, banco de couro, pilão e alpercatas (OLIVEIRA, 2018, p. 101).
Para tanto, na sua tese de doutorado, considerando a pesquisa qualitativa descritiva como
um dos métodos utilizados na elaboração do seu trabalho, a museóloga Selma Soares de Oliveira,
elaborou, através de entrevistas, uma série de depoimento e testemunhos de artistas locais relatando
como eles foram influenciados e também disseram como o museu os influenciou nas suas escolhas
profissionais. Dentre esses artistas, optou-se por desenvolver as entrevistas com; Caetano Dias, Carlo
Barbosa, César Romero, Graça Ramos, Guache Marques e Juraci Dórea, todos da cidade de Feira de
Santana. Nesse trabalho, considerou-se ainda, o relacionamento dos museus com a comunidade e os
aspectos ligados à educação em museus, tomando como fundamento a concepção da nova museologia
(2018, p. 21), onde se estabelece e entende o papel do museu na contemporaneidade para além de um
espaço que apenas deveria conservar e expor obras de artes e objetos antigos em geral. Assim, afirma a
museóloga;
Quanto a atuação artística e cultural do Museu Regional, ou seja, de como ele realmente se
mobilizou socialmente e realizou seus contatos na cidade de Feira de Santana, viu-se nesse trabalho
elaborado pela museóloga Selma Soares de Oliveira, que essa instituição museológica, no cumprimento
de sua função social, atuou à frente de três mobilizações sociais, dentro do período de sua criação ao
ano de 1995. A primeira dela, denominada Feirart LS 1, foi realizado entre os dias 13 de julho e 2 de
agosto de 1968. A mesma tinha como objetivo, fazer o mapeamento da produção artística na cidade.
Com essa finalidade, o museu chegou a colocar um número expressivo de novos nomes no cenário
artístico de Feira de Santana, reunindo 16 artistas emergentes, numa exposição liderada pelo jornalista
José Carlos Teixeira e pelo arquiteto, artista e poeta, Juraci Dórea;
CAPÍTULO II
Falar sobre a importância da arte para a formação de uma cidade é tentar responder quais as
contribuições que a música, a dança, a pintura, a escultura, o teatro, a literatura, o cinema, a fotografia,
as histórias em quadrinhos, os jogos eletrônicos e as artes digitais teriam para a construção da
personalidade e caráter dos seres humanos. Devido à complexidade e amplitude dialógica do tema “A
importância das artes para a formação de uma cidade”, essa problemática será desenvolvida tendo
como ponto de partida e de chegada, a cidade de Feira de Santana. O simplificação da questão resume-
se, de modo sintético e objetivo, à compreensão da arte em dois tipos imagéticos de representação, a
saber; a forma figurativa e abstrata. Estas, por sua vez, estão inclusa num conjunto maior de
representações artísticas, chamado de Artes Visuais, que, por sua vez, é representada pela pintura,
escultura, desenhos, arquitetura, artesanato, fotografia, cinema, designer, arte urbana e as últimas
formas de representações tecnológicas das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Pensando na arte como uma forma de manifestação humana compreendida como uma
técnica, ou, habilidade, conforme as significações de que esse vocábulo tem suas origens, a arte é uma
possibilidade de conhecimento da realidade que existe na profundidade das emoções humanas. Em
muitas dessas possibilidades, há um apontamento para o que seja o espírito, e ela acaba sendo de uma
natureza implicativa altamente necessária à formação da personalidade humana, principalmente em
função dela ser de uma solicitude e engenhosidade no que ainda não é ciência ou, não está representado
como qualquer forma de conhecimento corporificado nos limites da razão humana como forma
figurativa ou, abstrata. Entende-se, com vista nessas afirmações, que, independente do labor artístico
compreender a prefiguração e figuração do mundo material como para aquilo que realmente existe, ou,
deverá existir, à natureza material que distingue as artes figurativas como representação somente do
que existe no mundo e do que realmente deverá existir, cumpre-se, de modo obrigatório, afirmar que
nem mesmo nesse viés, ela daria conta das formas materiais e concretas que existe no mundo. Em
outros termos, é possível que os artistas consigam representar todas as formas materiais do que existe
no mundo? No presente momento, a resposta para essa questão é “não”. E se se exercita o cogito
criativo sobre tudo isso, aparece outro, ou, outros autores dentro do mistério e vontade de
conhecimento humana de quem seja e o que são essas representações materiais no mundo, do mundo e
além dele, fora do alcance dos olhos e cognoscibilidade pelo intelecto humano através dos sentidos, ou,
do espírito.
Uma vez que se compreenda a grandeza da necessidade que os seres humanos têm de se
interpretar em suas certezas, para sondar o que seja verdadeiro ao seu respeito e a respeito do que é e há
no seu lugar, que é onde ele mora, a arte é uma obrigação do espírito humano para a sua própria
natureza comparecer ao que é verdadeiro e ainda oscila nas artes louváveis e dignas do filosofar
pensamentos, imagens e realidades. Quer se pense que o espírito seja uma realidade que dar aos corpos
humanos, unitariamente, o conhecimento de muitas coisas, ou, de todas as coisas fora do alcance dos
sentidos e muito além de tempo e lugar, que se pense, em verdade, que ele seja um esforço do
pensamento com vista na realização tanto de coisas possíveis, porém, separadas do cogito humano por
possibilidades descritíveis ou não, ou, a realização de coisas impossíveis e sobrenaturais, cujo
cumprimento das mesmas, tende a naturalizá-las, ampliando com isso, os limites da “natureza
humana”, a necessidade humana da arte pelos seres humanos, continua de modo paralelo e ininterrupto
às suas próprias verdades, cumprindo no âmago das emoções humanas, diversas procurações,
independente de gostos ou desejos. Ou seja, na íntegra, o que é o homem que ama? O que é o homem
político? O que pode ser verdadeiro nas emoções humanas? E ainda, os sentimentos teriam uma
intensidade? E, de modo mais direto, qual mistério existe no pensamento além de imagens e palavras,
que, se não aparecem em formas audíveis, é subjetivo e individual ao sujeito no maior dos sentidos? A
arte não responde a essas questões, mas, de modo compensatório e eficaz, ela causa reflexões,
meditações e respostas diversas, fazendo surgir novas perguntas e, consequentemente, novas respostas
e possibilidades de personalidades e mundos. As ciências são as que, por obrigação, devem dizer os
seus objetos e delimitar os seus campos de especificidades e realidades para desenvolverem suas
fórmulas e suas regras, no cumprimento de um fim específico. Mas, o objeto de estudo da arte não pode
ser mensurado nem representado, ainda que sobre ela imponham regras de gostos e rigorosidades
estéticas com vista em padronizar modelos de criação para atender as necessidades consumistas das
sociedades capitalistas.
Essa qualidade primorosa da arte deve muito ao seu passado, afinal, tudo o que se sabe da
Pré-História, por exemplo, encontra-se registrado no interior de muitas cavernas. Emoções, ideias e
sensações, ou seja, a forma desses primeiros habitantes do planeta se perceberem e perceberem a
natureza, ficaram representadas na primeira forma de expressão humana chamada, arte rupestre.
Segundo George Didi-Huberman (França, 1953), professor da École des Hautes Études en
Sciences Sociales de Paris, em seu livro Diante do tempo – História da arte e anacronismo das
imagens, este autor afirma que:
Por ser a única forma de expressão da Pré-História, as artes rupestres revelam detalhes do
modo como viviam as primeiras comunidades, como elas foram se desenvolvendo e torna possível
teorizar a origem das primeiras cidades. Assim, ainda sobre a imagem, o professor Didi-Huberman
afirma;
Diante de uma imagem, enfim, temos que reconhecer humildemente isto: que
ela provavelmente nos sobreviverá; somos diante dela o elemento de passagem,
ela é, diante de nós, o elemento do futuro, o elemento da duração [durée]. A
imagem tem frequentemente mais memória e mais futuro que o ser [étant] que a
olha. (DIDI-HUBERMAN, 1996, 16).
O período da Pré-História na América que precede a sua descoberta pelos europeus é
denominado Pré-cabraliano. O que se sabe a respeito da existência de seres humanos na região que
atualmente corresponde a localização da cidade de Feira de Santana é que antes, esse lugar era habitado
por uma aldeia de índios chamados Paiaiás. A exemplo de outros estados brasileiros, não foram
encontrados nesse lugar, cavernas ou sítios arqueológicos que pudessem ter guardado quaisquer
resquícios ou sinais dessa comunidade.
Assim, a arte pré-cabralina poderia ter sido uma espécie de memória necessária à população
feirense. Um povo que desconhece o seu passado, vive, consequentemente, outras culturas, outras
verdades e não teria tempo para produzir no seu presente, a sua própria expressão cultural de mundo e
gente. Como adverte de modo dialogicamente clínico, o professor Didi-Huberman:
O lógico é dizer e fazer o que tem sentido. É assim que o logos encontra a ordem do
mundo. E a comunidade global entende que o sentido das coisas é quase sempre decorrente das suas
práticas, ou, para o que elas servem. As coisas que não se faziam, não se produziam e nem se
conheciam antes de serem seres e ações, não tinham sentido. Logo, o sentido das coisas que existem é
procurado no campo lógico da solicitude e necessidade. Assim, os seres humanos não precisam do que
não conhecem. Um sujeito não pede a outrem o que não precisa. Isso não teria sentido. Enfim, qual a
importância das artes abstratas para a formação de uma cidade? Parece que as sociedades têm
necessidade de estagnação lógica. Como é de se esperar. O conforto que vem das certezas que surgem
da razão em exercício, é necessário para a ordem e o bem comum. No entanto, caminhar na direção do
que não aparece, necessariamente não significa procurar pelo que não exista, uma vez que se sabe que
o Universo não se resume ao planeta Terra, essa procuração tem outras implicações, outros sentidos. A
realização do movimento da comunidade global é quem precisa de regras e fixidez das mesmas para o
seu auto regimento, não o pensamento. Comunidade é ordem e cooperação mútua para o bem comum.
Pode-se presumir, parcialmente, que ainda não existem regras para o pensamento e nunca existirá
limites para o intelecto. Deste modo, como ensinar ao pensamento realidades onde a razão ainda não
chegou? Se as artes abstratas intuem, ou, possibilitam calorosas reflexões e discursos para o acesso a
essas realidades, isso é uma escolha individual ou coletiva. Não existem leis obrigando pessoas ou
sociedades a pensar e a dizer o incognoscível. As pessoas poderiam escolher dizer que o que não tem
sentido, e que, de modo nenhum lhes interessam, não lhes servem para nada. Mas, as suas faculdades
mentais lhes responderiam o quão emotiva e estéticas elas estariam sendo. Estéticas por causa da
intuição deliberada de dizer para se mesmas que somente o belo ou o feio seriam funcionais no seu
logos. Desse modo, os artistas não saberiam responder para que servem suas obras se as emoções não
lhes justificassem nas suas inspirações e labores artísticos. No entanto, se as emoções, os sentimentos e
as ideias são abstratos, como os sujeitos as presentem e sentem, o esclarecimento do mistério é uma
obrigação de ordem humana e artística.
Para tanto, se o efeito de coisas novas e inéditas forem capazes de causar nos pensamentos
e corpos, novas sensações, novas realidades e, consequentemente, novas verdades, o esforço de
responder a questão sobre a importância das artes abstratas para a formação de uma cidade cumpriu-se
de modo necessário e miraculoso.
Segundo Ana Maria Carvalho dos Santos Oliveira, em sua tese como requisito parcial para aquisiçao
do título de doutora em História pela Universidade de Pernanbuco, cujo título, Feira de Santana em
tempos de Modernidade - Olhares, Imagens e Práticas do Cotidiano (1950-1960).
Por volta do ano de 1705 a 1710 o casal português Ana Brandao e Domingos Barbosa
compram uma fazenda de nome, Olhos D'água, numa localização denominada, Alto da Boa Vista, que
corresponde atualmente a uma área de terra situado nas proximidades das praças monsenhor Galvão e
Padre Ovídio e proximidade da Estrada Real. Esse casal doou cem braças de terra em quadra para
construir uma Igreja em homenagem a Senhora Santana e São Domingos. Assim, em 1819, surge um
povoado ao redor dessa fazenda que ficou sendo chamada de Santana dos olhos D´água. Nesse
povoado, surge uma feira decorrente da movimentação constante de viajantes e vaqueiros que
transitavam pelas estradas das boiadas, que ligava o litoral ao interior do país. Também chamados de
tropeiros, eles transportavam especiarias, ou, levavam as boiadas de corte para vender nas cidades de
Cachoeira, Santo Amaro e Salvador. Desta forma, por ter se tornado um ponto estratégico de descanso,
à localização da fazenda Santana dos Olhos D´água também propiciou a origem de um comércio forte e
emergente que se diversificava no sortimento de mercadorias e aumentava a quantidade de pessoas,
que, a partir dessa iniciativa, decidiam permanecer no local e se estabelecerem, com base na
perspectiva que aquele comércio passava a lhes oferecer.
No ano de 1833, o governo vigente no país, já com a presença da Família Real no Brasil e o
fim do Governo Geral e instalação do Brasil Império, que é outro sistema de governo e administração,
fundam o município e a vila denominada de vila do Arraial de Feira de Sant’Ana. Esse ato fez que o
território que vai corresponder à cidade de Feira de Santana fosse desmembrado do território da cidade
de Cachoeira a qual o novo município tinha como seu centro de decisões políticas e administrativas.
Depois da criação do município e elevação da sua condição de povoado à vila, ele passa a ser
constituído pelas freguesias de São José das Itapororoca que era a sede atual da vila, Sagrado Coração
de Jesus do Perdão e Santana do Camisão, que corresponde ao atual município de Ipirá. Em 1846, cria-
se a Paróquia de Sant´Ana, e a sede do município é transferido do povoado de São José das Itapororoca
para a Vila do Arraial de Feira de Sant´Ana, por causa do seu comércio emergente e da sua influência
política, econômica e administrativa sobre os demais povoados.
O Brasil Império foi um período da história desse país que teve início em 1822 e término
em 1889. Constituído de três momentos políticos, a saber, o Primeiro Reinado, o Período Regencial e o
Segundo Reinado, não existem relatos de produções artísticas na cidade Comercial de Feira de Santana,
desse período. Isso se deve a pouca liberdade de expressão que os brasileiros tinham, pois, a
independência da colônia não significou autonomia de consciência, vontades e gostos, e também, nesse
período os grupos estavam lutando para conquistar a liberdade que a independência vislumbrou. Uma
conquista significativa que houve nessa época foi a abolição da escravatura, em 1888, e a volta da
Família Real para Portugal. Assim, em 1889, um grupo de militares depõe o governo imperial e
estabelece um outro regime de governo, a República. A República herdou a estrutura de poder que veio
desde as Capitanias Hereditárias e foi caracterizada por cinco períodos, a República Velha, também
chamada Primeira República, Era Vargas ou, Nova República, a República Populista, Ditadura Militar
e Nova República.
O grande momento das artes no Brasil enquanto República independente, foi a Semana de
Arte Moderna que aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, durante o período da República Velha,
ou, Primeira República. Esse acontecimento teve o modernismo como movimento artístico que
inspirava as iniciativas. O Modernismo pregava um rompimento com o tradicionalismo e com as suas
regras de produções literárias. Ele foi utilizado pelos artistas brasileiros que se inspiravam nas
vanguardas artísticas europeias, para criar uma identidade genuinamente brasileira. Por isso, ele teve
que criticar as formas de leituras e produções artísticas que exerciam de forma hegemônica, na
mentalidade brasileira, a fixidez de um padrão eurocêntrico e acadêmico de pensar, ter, e ser
consciência artística. Enfim, pretendeu-se atualizar a consciência artística do país, desde esse
movimento ocorrido na cidade de São Paulo, às demais cidades metropolitanas do país.
Somente quarenta anos depois é que a cidade de Feira de Santana acorda para a sua
realidade artística, e, tenta reunir seus artistas. Desse modo, no início da década de 60, o intelectual
feirense Dival Pitombo, cria a Associação Feirense de Artes (AFA), com o objetivo inicialmente de
fazer aparecer a expressão artística dessa cidade, através da realização de concertos, exposições,
conferências e manifestações diversas. Essa foi a primeira iniciativa pública criada por seus
idealizadores que teve como inspiração, a Semana de Artes Moderna, para começar a produzir a sua
própria consciência artística e intelectual. Anteriormente, o que se produzia de artes em Feira de
Santana não chegava ao conhecimento da cidade e nem existiam espaços para a realização desses
objetivos. A esse respeito, a museóloga Selma Soares de Oliveira afirma;
2.3 Conclusão
A apresentação da origem e fundação do museu com o seu acervo e atuação na cidade de
Feira de Santana e depois, a importância da arte para a formação de uma cidade, inclui uma série de
preocupações relacionada com a visibilidade artística e cultural dessa cidade para o Brasil e o mundo,
inclui o valor e grandeza que tem o seu acervo, como uma ponte dialógica entre a cidade de Feira de
Santana e os países europeus, dentre os quais, a Inglaterra. A própria constituição do acervo do Museu
Regional de Feira de Santana é um diálogo com muitas cidades brasileiras, principalmente quando o
acervo era composto com objetos e indumentárias do vaqueiro e da vida nas fazendas de diversas
cidades do país. Mas, a mudança de endereço e da quantidade de peças que constituía o seu acervo, não
o fez ter menos importância. O museu numa cidade é o espaço de excelência das conversas e
racionalização de imagens, fatos, realidades e consciências além de ser a garantia fiel da preservação da
memória de um povo, ou, de uma civilização, em uma época determinada. Enquanto investidor e
criador de identidades, o museu numa cidadeveicula as noções estéticas de artes, gostos, gêneros e
hábitos, além de promover o movimento cultural que responde aos anseios e inquietações
contemporâneas. Sabe-se que a arte é a expressão cultural mais sublime de um povo. Assim, também a
sua importância para a formação de uma cidade existe mirando o aguçamento e acuidade espiritual nas
coisas mais sutis que fogem ao conhecimento e maturação dos sentidos. Que ela fale aos sentidos
humanos sobre aquilo que ainda não lhe é lógico, também nisso se percebe a sua importância e presteza
para a formação de uma cidade. Enfim a investigação dos seres humanos nas suas virtudes, por suas
próprias verdades, mostra-se necessária e incessante.
Somente através dos hábitos um povo se manifesta, mas, se, e somente se as ciências
responderem de modo compensatório e não satisfatório o que um povo precisa e quer ver. Logo, a
precisão de memórias é uma obrigação de ordem social e humana.
Durante o período em que o Brasil recebeu a Família Real, teve início a origem da sua
consciência artística com a fundação da Academia Real de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro. A
vida e consciência artística do país esteve centralizada por causa dessas e de outras iniciativas. Por
tanto, obedeceu-se critérios econômicos, políticos e administrativos para dizer que Feira de Santana
teria uma consciência e expressão artística nos conformes do que foi a Semana de Arte Moderna.
Concluindo, mais do que antes, o Museu Regional de Feira de Santana conversa de modo hierárquico e
harmônico com as demais cidades e capitais brasileiras através do seu acervo e com os países que se
mostrarem afins e solícitos da sua grandeza, visibilidade e imponência.
2.4 Referências:
OLIVEIRA, Selma Soares de. O Museu Regional: Mediação das Artes, Difusão do Conhecimento e
Interlocuções culturais com Feira de Santana de 1967 a 1995. Feira de Santana, 2018.
MRF, Ulisses. Introdução à Museologia (, Aula 1, 2 , 3 e 4). YouTube, 2017. Disponível em; <
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