Você está na página 1de 107

1

CAMINHOS DA CURA

ENRIQUECENDO SUA VIDA COM ORAÇÕES, MEDITAÇÃO, VISUALIZAÇÃO,


SONHOS, CONTOS E OUTRAS PRÁTICAS MILENARES DE SAÚDE,
RELAXAMENTO E BEM-ESTAR COMPROVADAS PELA CIÊNCIA MODERNA.

Francisco Di Biase

Mario Sergio F. da Rocha

1
2

AS TÉCNICAS DESCRITAS NESTE LIVRO PODEM SER UTILIZADAS PELA

MAIORIA DAS PESSOAS, COMO MÉTODOS TERAPÊUTICOS AUXILIARES, EM

QUASE TODOS OS TIPOS DE DOENÇAS FÍSICAS OU MENTAIS. NO ENTANTO,

NÃO SUBSTITUEM A CONSULTA MÉDICA OU PSICOLÓGICA, NEM A

TERAPÊUTICA PRESCRITA POR SEU MÉDICO.EM CASO DE DOENÇA

SEMPRE CONSULTE EM PRIMEIRO LUGAR SEU MÉDICO, COM QUEM VOCÊ

DEVERÁ DISCUTIR A UTILIZAÇÃO COMPLEMENTAR DOS MÉTODOS AQUI

APRESENTADOS.

2
3

Dormiste por milhares e milhares de anos

Não queres acordar esta manhã ?

Kabir

INTRODUÇÃO

3
4

Este livro foi elaborado de tal forma que sua leitura se constitui por si

mesma em um processo transformador . Nele, você é conduzido de uma

forma natural, à um desmonte suave e progressivo de suas crenças

limitadoras, ao mesmo tempo em que se instrumentaliza para uma vida mais

feliz e saudável. A partir deste momento está para se instaurar em você,uma

nova perspectiva frente à vida e ao cosmos, enriquecedora de todos os

aspectos de sua existência. Este processo ocorrerá de uma maneira

espontânea, permitindo-lhe desfrutar de todo o bem-estar e felicidade para o

qual você foi destinado pelo universo.

Francisco Di Biase
Mário Sérgio F. da Rocha

Barra do Piraí,RJ- Páscoa de 1996

ÍNDICE

PREFÁCIO

4
5

Capitulo I
CIÊNCIA E ORAÇÃO
O método cientifico demonstrando que rezar funciona
Imposição de mãos e cura
Uso do terço
Como encontrar uma oração que funcione

Capitulo II
CIÊNCIA E MEDITAÇÃO
Uma Técnica inigualável de bem-estar e crescimento humano
A desmistificação do mantra
Como meditar e assumir o controle de seu bem-estar físico,mental e
emocional

Capitulo III
EXPECTATIVA E VISUALIZAÇÃO
Fatores de cura e transformação
O poder da expectativa
As técnicas de visualização do Dr. Carl Simonton
Como visualizar: adotando um modelo terapêutico.

Capitulo IV
HISTÓRIAS QUE CURAM
As metáforas terapêuticas
Como usar histórias para melhorar a sua saúde

Capitulo V
SINCRONICIDADE
O papel das coincidências em nossa vida
Formas de manifestação das sincronicidades
Como usar as coincidências da vida em seu benefício

Capitulo VI
SONHOS
As mensagens orientadoras do inconsciente
Como interpretar seus sonhos

5
6
Capitulo VII
EXPERIÊNCIAS PRÓXIMAS DA MORTE
A ciência investigando se existe vida além da vida
Uma aventura do espírito
As experiências próximas da morte na história
O ser de luz
EPM’s e transformações pessoais
O valor terapêutico da EPM’s

CapituloVIII
CONHECENDO A NATUREZA DA REALIDADE
Qual é a natureza ultima da realidade
O retorno ao sagrado
Como usar a mente para modificar a realidade: o portal da consciência

Capitulo IX
UM TOQUE DE MAGIA NO AR
O arquétipo do milagre e a leitura espiritual da realidade
Como acessar o arquétipo do Efeito Mágico para solucionar seus problemas
Desenvolvendo uma leitura espiritual da vida
O desabrochar da sabedoria
A Declaração de Veneza

Epilogo
OS CAMINHOS DA CURA
Cura e auto-organização
Interações sociais, doenças e cura
Amor, compaixão e cura

6
7

Sente-se diante dos fatos como uma criança,

e prepare-se para sacrificar todas as noções preconcebidas,

siga humilde por toda parte e por todos os abismos

que a natureza o levar, ou você não aprenderá nada .

T.H. Huxley

PREFÁCIO

A Organização Mundial de Saúde, há mais de duas décadas,


lançou um apelo para que todos se tornem agentes de saúde pois o planeta

7
8
inteiro está enfermo. Enquanto corpo coletivo, encontramo-nos numa sala de
U.T.I., nos estertores ou de uma agonia final ou de um renascimento
evolutivo. Neste contexto, despertar o agente interior torna-se um imperativo
vital e ético diante de nosso empreendimento comum: a perpetuação, com
qualidade e dignidade, da espécie homo sapiens sapiens.
O conceito do que é saúde e a nossa atitude diante do homem
depende de nossos pressupostos antropológicos. Se a nossa antropologia for
meramente materialista, então o corpo físico é o critério absouto da saúde.
Suspeito, nesse caso, que nem veterinária estamos fazendo ... Se partimos do
pressuposto psicossomático, nossos horizontes se ampliam, abrangendo o
aspecto emocional e mental, juntamente com o físico, para a avaliação do
sujeito. A dimensão essencial, nesse caso, estará sendo tragicamente
subtraída. Agora, se a nossa antropologia é holística ( do grego holos que
significa inteiro), o homem é considerado um todo indissociável bio-psico-
espiritual. Nessa visão inclusiva estará sendo honrada a vastidào do que
Teilhard de Chardin denominava de Fenômeno Humano, um espaço de
encontro do Universo consigo mesmo.
É surpreendente e instrutivo pesquisar a origem da palavra
terapeuta que nos conduz aos sacerdotes do deserto. Segundo Philon de
Alexandria, na tradução e releitura de Jean-Yves Leloup, os Terapeutas era
uma tradição hebraica que habitava o Egito e postulava, há dois milênios, uma
abordagem trandisciplinar holística aplicada à saúde. Ao mesmo tempo
filósofos, sacerdotes, psicólogos e médicos, os seus templos eram também
hospitais pois eles não separavam o que a própria vida uniu: o corpo, a psique
e o Espírito. Saúde plena, para os Terapeutas, é um estado em que o espírito
habita a psique e o corpo e a essência se faz transparente na existência. No
início da era cristã, os Terapeutas de Alexandria representam uma
extraordinária referência histórica e fecunda fonte de inspiração, na pós -
modernidade, para o resgate imprescindível da consciência de inteireza.
Neste sentido, Caminhos da Cura é um livro contemporâneo e
sintonizado com a transição paradigmática em pleno curso nesse crítico limiar
de terceiro milênio. Escrito com as virtudes conjugadas da simplicidade,
lucidez e embasamento experimental, resgata milenares vias de transformação
e harmonia à luz do espiríto científico e crítico, uma evidente competência de
seus autores. O seu discurso é tão fluido e interessante que pode ser lido de
um só fôlego. Respaldado em sólida bibliografia e em consistentes práticas
profissionais, consegue a proeza de informar amplamente com estilo leve e
estimulante.
Produto de uma feliz sinergia do amigo Francisco Di Biase,
médico, neurocientista e um dos pioneiros do movimento holístico no Brasil,
com o educador, psicólogo e pesquisador Mário Sérgio F. da Rocha,

8
9
Caminhos da Cura concilia o aspecto instrutivo e elucidativo com o prático e
vivencial. Evidenciando o grande valor terapêutico do despertar do hemisfério
consciencial sintético, aliado ao analítico, através das práticas de oração e
meditação, do imaginal e metafórico, do onírico e sincronístico, das
experiências limites de quase-morte e do fator humano, esse livro aponta para
a nova aliança entre ciência e consciência, entre a terapia moderna e a terapia
perene.
Os processos mutacionais, integrativos e desintegrativos,
encontram-se em intensa e acelerada dinâmica. Confio que estamos prestes a
realizar um salto quântico evolutivo, onde o conhecimento se reconectará à
sabedoria, ao amor e á solidariedade. Os mais inteiros e íntegros estarão, sem
dúvida, mais preparados para as tormentas existenciais que nos aguardam
nessa crise da crisálida, tempo-espaço de parte de uma nova idade da
consciência. Recomendo esse livro a todos e, sobretudo, aos que aceitam o
desafio da inteireza.

ROBERTO CREMA
do Colégio Internacional
dos Terapeutas.
Psicólogo, Antropólogo,
Vice-reitor da UNIPAZ.

Um rei submeteu sua corte à prova para preencher um cargo

importante. Um grande número de homens poderosos e sábios reuniu-se ao

redor do monarca. “O vós, sábios”, disse o rei, “eu tenho um problema e

quero ver qual de vós tem condições de resolvê-lo”. Ele conduziu os homens

9
10

a uma porta enorme, maior do que qualquer outra por eles já vista. O rei

esclareceu: “Aqui vedes a maior e mais pesada porta de meu reino. Quem

dentre vós pode abri-lá ?” Alguns dos cortesãos simplesmente balançaram a

cabeça. Outros, contados entre os sábios, olharam a porta mais de perto, mas

reconheceram não ter capacidade de fazê-lo. Tendo escutado o parecer dos

sábios, o restante da corte concordou que o problema era difícil demais para

ser resolvido. Somente um único vizir aproximou-se da porta. Ele examinou-

a com os olhos e os dedos, tentou movê-la de muitas maneiras e, finalmente,

puxou-a com força. E a porta abriu-se. Ela tinha estado apenas encostada, não

completamente fechada, e as únicas coisas necessárias para abrí-la eram a

disposição de reconhecer tal fato e a coragem de agir com audácia. O rei

disse: “Tu receberás a posição na corte, pois não confias apenas naquilo que

vês ou ouves; tu colocas em ação tuas próprias faculdades e arriscas

experimentar ”.

Conto da Tradição Persa

Capitulo I

CIÊNCIA E ORAÇÃO
O método científico demonstrando que rezar funciona .

10
11
Meados da década de 80.
Local : Hospital Geral de São Francisco, Califórnia, USA

Está para começar uma das mais intrigantes pesquisas científicas


realizadas nos últimos anos : O Dr. Randy Byrd quer verificar se a oração tem
efeitos positivos sobre o bem-estar do ser humano que possam ser
cientificamente demonstráveis.Para isso programou um computador para
selecionar aleatoriamente 393 pacientes, internados na Unidade Coronariana, e
dividi-los em dois grupos, ambos comparáveis em termos de idade e gravidade
da doença cardíaca. Um grupo com 192 pacientes será alvo de orações diárias,
das quais não tem nenhuma consciência, e que serão realizadas por grupos de
voluntários, de diversas religiões que também não conhecem a identidade dos
pacientes. Cada voluntário rezará para vários pacientes, e cada paciente terá
cinco a sete voluntários a rezar por ele. A maioria dos voluntários pedirá em
suas preces para que seus pacientes tenham uma rápida e boa recuperação. O
grupo restante, composto por 201 pacientes, não receberá orações de espécie
alguma . Este estudo duplo-cego aleatorizado, teve a duração de dez meses e
produziu resultados surpreendentes.
Ao contrário do que seria de se esperar, de acordo com nossa visão
materialista e científica, as preces fizeram diferença , e mais ainda, uma
diferença quantificável, e estatisticamente significativa. O grupo de 192
pacientes que recebeu preces e orações apresentou uma evolução clínica com
muito menos complicações do que o grupo-contrôle de 201 pacientes que não
foram alvo de orações. Os resultados mais importantes foram os seguintes:
a) No grupo que recebeu orações, somente três pacientes precisaram
utilizar antibiótico,em comparação a 16 no grupo-contrôle; uma diferença de
1 para 5 !
b) No grupo alvo de orações, somente 6 pacientes tiveram edema
pulmonar ( líquido nos pulmões) em comparação a 18 no grupo controle, ou
seja, uma diferença de 1 para 3 !

c) Nenhum dos pacientes que receberam preces necessitou de respiração


artificial, enquanto que 12 pacientes do grupo controle necessitaram deste tipo
de tratamento;uma diferença de 0 para 12.
Os resultados foram apresentados pelo Dr.Byrd à uma reunião da
Americam Heart Association em Miami, com grande repercussão nos meios
científicos internacionais. O Dr. Arthur Kernnel, cardiologista da Escola de
Medicina Mayo, em Rochester, afirma que “o Dr Byrd apresentou um estudo
fascinante sobre uma questão que tem preocupado a humanidade desde os
tempos primordiais: Deus ouve as nossas preces? Sim. Ele as ouve , e
responde !”

11
12

Está afirmação não lhe é familiar ?


Nossa Tradição espiritual não está impregnada de observações
semelhantes?
Confronte os resultados da pesquisa acima com o trecho abaixo :

“Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis ; batei, e abrir-se-vos-á.


Porque, todo aquele que pede, recebe; e o que busca, acha, e ao que
bate, se abre.
E qual dentre vós é o homem que, se o filho pede pão lhe dará uma
pedra?
E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente?
Se vós pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe
pedirem?”
Jesus, no sermão da montanha, segundo Mateus7,7 a 11 .

* * * * * * * * X* * * * * * * * * * *

E os fatos e pesquisas não param pôr aí .

Ano de 1969
Hospital de Meadowbrook, Nova York, USA
O Dr. Platon J. Collipp, chefe do setor de pediatria, resolveu pesquisar
os efeitos da oração na leucemia infantil. Para tanto, solicitou a vários médicos
que lhe fornecessem nomes, idades e diagnósticos de dezoito crianças com
esse tipo de câncer, todas submetidas a quimioterapia.
Detalhe: Nem as crianças, nem os médicos, sabiam que estavam sendo
pesquisados .
Um grupos de dez famílias residentes no estado de Washington, a
milhares quilômetros de distancia de Nova York, receberam os nomes de dez
das dezoito crianças, e rezaram por elas. A duração desta pesquisa foi de
quinze meses, e os resultados foram altamente positivos. Oito das dez
crianças que receberam orações, continuavam vivas após o término da
experiência, mas somente duas crianças do grupo-contrôle ( de oito), que não
receberam orações, sobreviveram. Este trabalho foi publicado no prestigiosa
revista científica Medical Times. O Dr. Collipp ficou tão impressionado com o
resultado de sua pesquisa que afirmou : “parece inacreditável que nossa
literatura científica, com seus medicamentos moderníssimos e a crescente

12
13
genialidade dos cirurgiões, fale tão pouco sobre a mais antiga e eficiente
forma de terapia. Os médicos que prescreveram este tipo de tratamento já
observaram seus surpreendentes resultados.”
Cada vez surgem mais provas de que as orações em prol dos doentes exercem
um efeito positivo sobre eles .
No número 287 do British Medical Journal de dezembro de 1983, o Dr.
Rex Gardner, ,médico do Hospital Geral do Distrito de Sunderland, na
Inglaterra, relata vários casos onde observamos os efeitos impressionantes da
oração . Entre eles, o ocorrido em Darmstadt , Alemanha, com uma freira
luterana que deu entrada no Hospital com uma grave fratura pélvica,
decorrente de uma queda numa capela em construção, e que foi confirmada
pelo raio x. Apesar da indicação médica de tração contínua por várias
semanas, as outras irmãs, após passarem dois dias em vigília de oração,a
retiraram do hospital e levaram-na para o convento, onde continuaram
orando, e associaram à oração a terapia de imposição de mãos. Para surpresa
de todos, imediatamente após a imposição de mãos, a irmã levantou-se da
cama , aparentemente recuperada, sem queixar-se das dores intensas que
antes a incomodavam . Com mais duas semanas deste tratamento, recuperou-
se plenamente, surpreendendo o médico que a atendera.

Até agora, tratamos de casos de pessoas que receberam orações feitas


por outros, e que obtiveram melhoras em sua saúde não explicáveis pela
ciência oficial . E o que acontece quando o doente toma parte ativa no
processo de cura com sua fé? Podem ocorrer melhoras aparentemente
milagrosas !
O pesquisador americano, Michael Talbot, em sua obra “The
Holographic Universe”, cita o caso do paciente Vittorio Michelli, admitido em
1962 no Hospital Militar de Verona, Itália, com um extenso câncer no quadril,
cujas radiografias comprobatórias são reproduzidas em seu livro . Considerado
um paciente fora de possibilidades terapêuticas, Vittorio foi enviado para casa
sem tratamento, e em dez meses novas radiografias revelaram que o sarcoma
ósseo havia corroído todo o seu quadril . Como ultimo recurso, Vittorio,
engessado, resolveu ir a Lourdes, na França, banhar-se na fonte considerada
milagrosa. Assim que entrou na água, percebeu um calor percorrendo todo o
seu corpo, sentindo um aumento de energia e bem-estar. Após vários banhos,
retornou para casa, e no mês seguinte, como se sentisse muito bem , solicitou
a seus médicos novas radiografias, que demonstraram uma grande redução de
volume tumoral. Tal fato levou os médicos a documentarem toda a evolução
do caso. Após o desaparecimento do tumor, o osso ilíaco regenerou-se
gradualmente, e após dois meses o paciente voltou a andar. Nos anos
seguintes, seu osso ilíaco se recuperou completamente, conforme o dossiê

13
14
elaborado pela equipe internacional de médicos da Comissão Médica do
Vaticano: “Houve uma reconstrução notável do osso ilíaco e da cavidade. Os
Raios X feitos em 1964,1965, 1968 e 1969 confirmam categoricamente, e sem
duvida, que ocorreu uma reconstrução óssea inesperada e até violenta de uma
forma desconhecida nos anais da medicina mundial ”.
Desde a antigüidade mais remota, até o início do século XX, os xamãs,
curandeiros, terapeutas e médicos sempre enfatizaram os efeitos curativos da
fé, da expectativa esperançosa de cura, do otimismo, da alegria de viver, dos
pensamentos positivos, e da paz interior. Com o avanço do conhecimento
médico-psicológico e da tecnologia moderna, os médicos e psicólogos
desvalorizaram a capacidade de cura existente no interior de cada pessoa.
As modernas pesquisas sobre a interação corpo-mente, e o
desenvolvimento da psiconeuroimunologia, da medicina psicossomática,das
neurociências e da psicologia transpessoal demonstram que a visão holística
de se unir a tecnologia ocidental com o potencial de auto- organização e cura
interior que há dentro de cada um de nós, promove resultados espetaculares na
saúde humana .

Imposição de mãos e cura

Associada à oração, existe a prática milenar da imposição das mãos. Tal


prática terapêutica é conhecida e praticada desde o período tribal-xamanístico,
quando pajés, parteiras, benzedeiras e curandeiros, a utilizavam como forma
privilegiada de terapia. No período das grandes civilizações, a imposição das
mãos se manteve como prática terapêutica de destaque, sendo encontrada
entre os gregos, egípcios, chineses, hindus e hebreus. No Novo Testamento
encontramos referências sobre este método de cura : “Grandes multidões o
seguiram. E eis que se aproxima um leproso que ajoelhando-se, lhe diz:
“Senhor, se desejares, podes me curar”. E Jesus estendeu sua mão, tocou-o e
lhe disse : “Desejo. Que fiques limpo”. E imediatamente após, sua lepra estava
curada”. Mateus 8,1 a 3 .
A partir do século XVIII Mesmer, o Marques de Puységur, Deleuze, o
Barão du Potet , Charles Lafontaine e outros, reabilitaram esta prática para a
modernidade denominando-a magnetismo animal. Atualmente nos EUA, mais
de oitenta faculdades de Medicina e Enfermagem realizam cursos regulares de
imposição de mãos com o nome de “toque terapêutico”, método desenvolvido
pela Dra. Dolores Krieger, professora na Universidade de Nova York. Entre os
métodos de imposição de mãos, divulgados hoje em dia, encontramos o Reiki
( prática japonesa muito difundida no Ocidente), o Johrei ( prática da Igreja
Messiânica, também de origem japonesa), o Passe ( praticado por espíritas e
umbandistas), a “reza”e a “benzeção” ( praticados pelos curandeiros populares

14
15
no Brasil ) , a energização ( praticada pelos terapeutas da Nova Era) e as
diversas formas de imposição de mãos praticadas nas igrejas católicas e
evangélicas, sempre associadas a orações e cânticos cristãos. Recentes estudos
científicos, tem comprovado o valor desta prática milenar, entre eles citamos o
da Dra. Dolores Krieger, no American Journal of Nursing, 5( 1975) , pp 784-
787, e o da Dra. Janet Quinn, da Faculdade de Enfermagem da Universidade
da Carolina do Sul, em sua dissertação de doutorado pela Universidade de
Nova York em 1981, intitulado “An Investigation of Therapeutic Touch Done
Without Physical Contact on State of Anxiety of Hospitalized Cardiovascular
Patients”

Uso do Terço

Muitas pessoas constumam fazer suas orações utilizando um terço (


colar de contas) . É uma tradição milenar encontrada em diversas religiões
Apesar de em nosso contexto cultural materialista, ser considerada uma prática
mística, desprovida de valor , a medicina e a psicologia modernas comprovam
sua eficácia . Pesquisas científicas realizadas em várias universidades
americanas e européias, possibilitaram-nos compreender que a oração , com
terço, produz no corpo humano uma resposta de relaxamento, contrária à
resposta de stress, capaz de desencadear imediatamente, benefícios físicos e
mentais ao seu praticante. Como veremos adiante , no capítulo II., o Dr.
Herbert Benson , da Universidade de Harvard, comprovou que quando a
atenção humana é voltada para a repetição mental de um som e/ou para a
percepção de um objeto, durante alguns minutos, é desencadeado no
organismo humano um processo inigualável de repouso, regenerador das
funções físicas, emocionais e psicológicas. E a oração com terço é exatamente
isto, uma vez que ela produz a resposta de relaxamento, devido a atenção da
pessoa estar voltada simultaneamente para a oração e a manipulação das
contas. Trata-se de uma poderosa âncora, física e mental, produtora de saúde e
bem-estar. Somente a partir dos anos 70, com o início das pesquísas científicas
sobre meditação, com o advento da Programação Neurolinguística, e da
valorização dos estados de transe pela Psicologia Transpessoal, é que fomos
compreender a sabedoria intrínseca destas práticas de oração tradicionais .
Pelo que dissemos acima,também podemos afirmar que as ladainhas,
orações com pequenas frases de sentido religioso repetidas continuamente
(jaculatórias), possuem o mesmo valor terapêutico.

15
16
Como encontrar uma oração que funcione

Não se sinta inibido de praticar orações nos moldes tradicionais vivendo em


uma cultura niilista, cética, e em decadência, uma vez que a própria ciência
comprovou os benefícios destas práticas.
Os resultados positivos das pesquisas descritas acima e outras, nos levam a
recomendar aos nossos clientes a prática diária da oração.
Qual é a oração que funciona?
As pesquisas científicas demonstram que, como método terapêutico auxiliar, a
oração eficaz é aquela que é realizada de acordo com a tradição religiosa a que
você pertence, independente de qual seja ela.

16
17

A força natural de cura existente em cada um

de nós é a maior força que dispomos para

chegar à saúde”.

Hipócrates ( pai da medicina ocidental)

Capítulo II

CIÊNCIA E MEDITAÇÃO
Técnica inigualável de bem estar e crescimento humano

Ano : 1971
Local: Universidade de Harvard, USA.

O Dr. Herbert Benson, cardiologista, e o Dr Robert Keith Wallace,


psicólogo, estão para iniciar uma pesquisa pouco convencional : Irão avaliar
através do rigor do método científico, se a prática da meditação traz benefícios
para o ser humano. A técnica meditativa selecionada para a experiência foi a

17
18
Meditação Transcendental ( MT), conforme divulgada no ocidente pelo sábio
oriental Maharishi Maheshi Yogi. Basicamente este método consiste em você
sentar em qualquer posição confortável, de olhos fechados, e repetir
mentalmente durante vinte minutos um Mantra, um som secreto, que é
transmitido ao meditador, e que este não pode revelar. Segundo a tradição
hindu a que pertence Maharishi ( tradição Shankaracharya) a origem deste
mantras se perde nos tempos, e vem sendo transmitida oralmente de mestre
para discípulos há mais de cinco mil anos .
O experimento de Wallace e Benson, consistiu em monitorar parâmetros
fisiológicos, tais como o consumo de oxigênio, a freqüência cardíaca, a
resistência elétrica da pele, os ritmos elétricos cerebrais
( eletroencefalograma), e a concentração de ácido lático do sangue (produto
químico relacionado com o stress). Trinta e seis indivíduos, sem deficiências
físicas ou mentais, de ambos os sexos, com idade de dezessete a quarenta e
um anos , foram selecionados aleatoriamente. Estes meditadores não possuíam
praticas religiosas, dietéticas ou ritualísticas que pudessem interferir com a
experiência .
Os resultados obtidos foram tão extraordinários que não só abriram
novos caminhos para a medicina e a psicologia ocidentais, como também
revelaram implicações importantíssimas para a educação, a administração, a
religião, e as ciências humanas em geral. Durante a meditação, os meditadores
alcançaram um nível de relaxamento muito mais profundo do que o do sono,
até então considerado pela ciência o estado de maior repouso fisiológico,
conforme evidenciado pela redução de 16 a 18% no consumo de oxigênio,
contra 8% encontrado no sono .
Todas as outras medidas fisiológicas também apresentaram resultados
extraordinários, confirmando a existência de um estado inigualável de repouso
profundo. Os resultados da pesquisa de Wallace e Benson foram publicados
numa das mais conceituadas revistas científicas americanas, a Scientific
American, com o título de Fisiologia da Meditação ,no volume 226, número 2,
fevereiro 1972, pagina 84-90. A publicação deste trabalho, atraiu a atenção da
comunidade científica internacional , porque o repouso é considerado pela
medicina, a pré- condição básica para a ativação dos processos auto-
organizadores e regenerativos que permitem a otimização de todos os aspectos
da mente, do corpo e das emoções . Logo ,pesquisadores em universidades e
instituições científicas, em todo o mundo, estavam investigando os efeitos
psicofisiológicos benéficos da meditação. Graças a milhares de pesquisas,
realizadas em mais de cento e cinqüenta instituições independentes, em vinte
e sete países, como a Escola de Medicina de Harvard, a Universidade da
Califórnia, a Universidade de Oxford, a Universidade de Lund na Suécia, o
Instituto La Rochefoucauld na França, e publicadas nos mais prestigiados

18
19
periódicos científicos mundiais como Lancet, New England Journal of
Medicine, Journal of the American Medical Association, Circulation, Science,
Nature, Psychosomatic Medicine, etc. comprovou-se que a prática da
meditação é a técnica isolada que mais proporciona benefícios ao ser humano.
Nenhuma técnica pesquisada pela ciência, apresenta tantos resultados
benéficos em diversas áreas, em tão pouco tempo. Entre estes destacamos :
eliminação do stress e da ansiedade, redução da depressão, da insônia e das
doenças psicossomáticas, normalização da pressão arterial e do peso,
desaceleração do processo de envelhecimento e o conseqüente
rejuvenescimento, aumento da eficiência cardiovascular e da saúde física e
psicológica, melhora no desempenho acadêmico e atlético, aumento na média
das notas escolares e na capacidade de aprendizagem , maior inteligência,
memória e criatividade, aumento da cordialidade, compreensão e bom humor,
aumento da satisfação com a vida, e da freqüência de sentimentos prazeirosos
e de felicidade, maior estabilidade emocional, aumento da energia, da
eficiência e da paz interior, aumento da concentração, aumento da
produtividade e do desempenho nas empresas, maior satisfação e motivação
no trabalho, melhor relacionamento profissional com os colegas de trabalho,
aumento da capacidade de comunicação e da capacidade de relacionamentos
interpessoais que se tornam mais afetuosos e gratificantes, melhoria do
desempenho e do desejo sexual, redução das neuroses, fobias e traumas, e
redução do uso de álcool, cigarros, tranqüilizantes e drogas .

A Desmistificação dos mantras

Tudo isso era muito bom, mas o detentor dos mantras era Maharishi.
Somente ele, e os seus instrutores autorizados, dominavam o segredo dos
mantras. O Dr. Benson , como cientista, não negava a eficácia dos mantras,
uma vez que ele mesmo tinha sido pioneiro na demonstração experimental dos
benefícios físicos, emocionais e sociológicos da Meditação Transcendental.
Entretanto, ele questionava a exclusividade dos mantras, como
desencadeadores de tais benefícios. Além do mais, este mistério acerca dos
mantras era incompatível com o espírito científico, e a popularização da
técnica. Benson tinha convicção de que não eram os mantras os responsáveis
finais pelos benefícios observados, e sim uma resposta neurofisiológica de
relaxamento , há muito buscada pela ciência, em oposição à resposta de luta e
fuga do stress. Benson resolveu então, testar experimentalmente esta hipótese

19
20
com o apoio do próprio Maharishi. Para isto, selecionou aleatoriamente um
grupo-controle de meditadores da MT que meditavam com mantra, e um outro
grupo de não-meditadores, aos quais ensinou a meditar com um pensamento-
foco, que era a palavra “one” ( um, em inglês), no lugar dos mantras da MT .
Os resultados da experiência foram conclusivos, uma vez que os meditadores
que utilizaram o pensamento -foco “one”, obtiveram os mesmos resultados
fisiológicos, que os praticantes da meditação transcendental. Caía pôr
terra o mistério e o dogma do mantra Não eram os mantras
secretos da MT, os responsáveis pelo profundo relaxamento observado nos
experimentos científicos, uma vez que qualquer palavra escolhida
aleatoriamente, como foi o caso do pensamento-foco “one”, produzia os
mesmos resultados. Era um processo neurofisiologico, auto-induzido através
da repetição mental de qualquer som, que produzia os benefícios observados.
Benson descobrira a Resposta de Relaxamento. Um processo fisiológico auto-
organizador oposto à resposta de stress. Em 1975, Benson descreveu esta
descoberta em seu livro “The Relaxation Response .” e seu trabalho já faz
parte da história da medicina, psicologia e espiritualidade.
O conceito e a prática da resposta de relaxamento, difundiu-se
mundialmente, a ponto de atualmente ser sinônimo científico para a palavra
meditação. Alem disto, tornou-se a pratica meditativa mais indicada para
desenvolver o bem-estar e o potencial humano por grandes expoentes da
medicina , psicologia, educação e administração, tais como Dr. Kenneth
Cooper, Dr Dean Ornish, Dr Carl Simonton , Dr. Bernie Siegel, Karl Albrecht,
Spencer Johnson e Steven Halpern .
No final dos anos 70 e início dos anos 80 instrutores dissidentes da MT,
como Frank Kaleda ,Susan Scott, John Weldon e Zola Levitt, vieram a publico
divulgar os mantras da MT. Soubemos então tratar-se somente de dezesseis
mantras que eram atribuídos ao iniciante de acordo com a faixa etária a que
pertencia (1) Nossa própria experiência clínica, confirmou a exatidão das
informações divulgadas pôr estes dissidentes.

20
21

(1) cf. com o livro Manual de Meditação de Mário Sérgio F. da


Rocha, Editora Vozes, onde se pode obter a relação completa
de todos os mantras da MT por idade .

Como meditar e assumir o controle do seu bem -estar físico mental


e emocional

Não existe um método único para provocar a Resposta de Relaxamento.


Há muitas maneiras de trazê-la à tona .
O Dr. Herbert Benson em sua pesquisa notou que os povos orientais e
ocidentais, através de muitas culturas e religiões, desenvolveram milhares de
métodos históricos para produzir a Resposta de Relaxamento .
No entanto, parece haver quatro elementos básicos sustentando a
produção da Resposta de Relaxamento , independente de sua fonte cultural .
O primeiro elemento é o ambiente tranqüilo .
A pessoa precisa “desligar-se”não só dos estímulos internos como
também das distrações externas .
O segundo elemento é uma posição sentada, confortável e ereta, para que
não haja tensão muscular .
O terceiro elemento é um ponto de referência para fixar a atenção

21
22
Pode ser a repetição mental ou verbal de um som ou palavra, olhar um
objeto ou símbolo, pensar num sentimento especial, ou atentar para
determinada parte ou função corporal ( geralmente a respiração ) .
O quarto elemento é uma atitude despreocupada
Quando ocorrerem pensamentos que distraiam, eles deverão ser
registrados calmamente e sem culpa, e a atenção novamente reconduzida de
maneira despreocupada à repetição mental ou observação do objeto. Não
desejar acabar com as divagações mentais e não se preocupar com uma boa
atuação durante a pratica meditativa é fundamental. Esta atitude
despreocupada e passiva parece ser o fator mais importante na produção da
Resposta de Relaxamento .
Desde que contenha os quatro elementos básicos acima descritos
quaisquer das técnicas meditativas antigas e tradicionais produzem a resposta
de relaxamento e seus benefícios .
O conhecimento dos quatro elementos básicos para a produção da
Resposta de Relaxamento também nos permite elaborar uma técnica moderna,
secular, sem as conotações místicas e esotéricas das práticas tradicionais .
Eis um método atual de trazer à tona a Resposta de Relaxamento e seus
benefícios :
1- Escolha um lugar tranqüilo onde você não possa ser perturbado por
ninguém .
Com o tempo de prática você conseguirá meditar em qualquer lugar,
mesmo onde haja barulho que possa distrair : ônibus , trem, metrô, barca, bar,
banco de parque etc. Entretanto, tanto quanto possível, é melhor arranjar-se de
maneira que não possa ser perturbado por aproximadamente trinta minutos
2- Sente-se em qualquer posição confortável, com as costas retas .
Durante a meditação a cabeça poderá tombar para frente ou inclinar-se
para um lado. Não se deve usar nenhum esforço consciente para evitar isso,
porém quando se percebe que o mesmo ocorreu, deve-se, gentilmente, levantar
a cabeça e voltar à posição ereta. Se começarmos a meditar em uma posição e
descobrimos que ela se tornou desconfortável, não há nada de errado em
mudá-la, sem movimentos bruscos, durante a Meditação. Igualmente, se
sentimos um impulso repentino de coçar o nariz, espirrar, tossir, ou seja lá o
que for, não devemos reprimir ou tentar ignorar essas necessidades. Podemos
também abrir um olho ligeiramente para olhar para o relógio e ver como o
tempo está passando. Como a quietude é fundamental para se produzir a
Resposta de Relaxamento , somente não se deve deixar que tais necessidades
aconteçam facilmente .
3 Feche os olhos .
4-Alongue e relaxe os músculos do corpo, espreguiçando-se
prazeirosamente como faz um gato .

22
23
5-Repita mentalmente, de modo lento, o pensamento- foco Uan
O Dr. Benson habitualmente recomenda a repetição mental contínua do
número 1, one em inglês, cuja expressão fonética é uan. Mantenha a repetição
mental por vinte minutos . Quando terminar permaneça sentado calmamente
or alguns minutos, primeiro de olhos fechados e depois abertos. Abra seus
olhos vagarosamente, olhe para o chão , evitando qualquer fonte de luz. Não
se levante por mais alguns minutos. É o tempo de adaptação à experiência
cotidiana. Após isto, levante-se e reassuma suas atividades .
6- Não se preocupe com o modo como está indo a sua meditação
Esta é a atitude fundamental para provocar a resposta de relaxamento.
Não tente controlar seus pensamentos. Não deseje que as divagações não
venham. Se um pensamento vier, não tente empurrá-lo para fora. Sempre que
você se tornar consciente de que está divagando volte calma e tranqüilamente,
sem culpa, a recitar mentalmente o pensamento-foco UAN. Se outros
pensamentos estiverem juntos com o pensamento-foco não se importe com
eles e não tente removê-los. Despreocupadamente dê mais atenção ao
pensamento-foco do que aos demais pensamentos .
7-Exercite a técnica duas vezes pôr dia .
Mas nunca a pratique menos de duas horas depois das refeições, pois o
processo de digestão interfere com a tentativa de produzir a Resposta de
Relaxamento. Os períodos mais adequados para a prática são de manhã cedo
antes do desjejum, e ao cair da tarde antes do jantar .
Quanto ao pensamento-foco você pode utilizar a frase ou palavra que
lhe for mais conveniente. Algumas pessoas preferem meditar utilizando um
pensamento-foco de conotação religiosa tais como, Jesus, Shalom ( paz),
Abba ( pai), Aum , Hare Krishna, Salaam Aleikum ( a paz esteja convosco),
Om Shanti ( a paz esteja convosco) , Om Mane Padme Hum ( salve o Deus
que há dentro de você). Entretanto, uma vez escolhido o pensamento-foco,não
fique trocando-o a cada meditação. Utilize sempre aquele pensamento-foco
que você escolheu se UAN não o agradou
Mantenha a prática diária e contínua da meditação . Ela irá lhe trazer
gradualmente e sem esforço, os múltiplos benefícios que a caracterizam .

Algumas observações que podem facilitar a sua prática


* Não tenha expectativas com relação à experiência proporcionada pela
resposta de relaxamento. Habitualmente a experiência meditativa é uma
sensação de paz , de tranqüilidade. Todos nós já a sentimos alguma vez.

* A resposta de relaxamento gera benefícios durante e após sua prática.


Busque não ultrapassar o tempo de vinte minutos de prática diária , duas vezes

23
24
ao dia : a resposta de relaxamento tende a ser improdutiva quando
freqüentemente praticada além desse período.

* As divagações, distrações e pensamentos ocorridos durante a prática da


resposta de relaxamento são sinais de uma boa prática meditativa . Segundo o
Dr. Kanellakos, da Universidade de Stanford, este fenômeno indica
eliminação de estresses e um estado de auto-organização e regeneração
orgânica durante o processo meditativo. Somente lembre-se de uma coisa:
sempre que você tomar consciência de que está pensando ou divagando
durante a prática da resposta de relaxamento, retorne calmamente , sem culpa,
ao pensamento- foco UAN. Assim, você estará meditando muito bem .

* Durante a meditação, o ritmo cardíaco e a respiração diminuem


acentuadamente. O sangue flui para toda a musculatura de maneira mais
abundante, havendo um aumento de sua temperatura corporal. Por isso, você
poderá suar durante a meditação. A percepção de tempo poderá ser alterada.
Você pode achar que os vinte minutos durante os quais você meditou
passaram muito rápido ou que demoraram a passar .

* Durante a prática de resposta de relaxamento, é muito comum a ocorrência


de movimentos musculares involuntários, inquietação, coceiras, tosses e
espirros. Estes fatos acontecem, principalmente, nos iniciantes, Podem
também ocorrer sentimentos de que se está praticando errado a técnica, de que
a resposta de relaxamento não está adiantando em nada, de que você está
perdendo tempo. Pode surgir até mesmo vontade de parar de meditar. Tudo
bem! Todas essas manifestações também são sinais de eliminação de estresse
e auto- regeneração orgânica . Se você não se deixar perturbar por elas e
continuar a prática meditativa, elas desaparecem.

* * * * * *

O que você está esperando ?


Releia as instruções, faça já a sua primeira meditação e comece a
auferir os seus benefícios antes de passar para o próximo capítulo .

24
25

Ao enfatizarmos a crença em si, usando-a para reforçar e auxiliar tanto

as defesas naturais do corpo, como o melhor tratamento médico disponível,

estaremos no caminho de desenvolver uma abordagem médica que tenha o

apoio da pesquisa científica. Continuar a ignorar o papel da mente e das

emoções na recuperação -apesar das provas médicas que já existem - é uma

forma de charlatanismo, pois estaremos ignorando técnicas que já deram as

suas provas. A questão atual não é a de saber se a mente influencia

(juntamente com as emoções) o resultado final do tratamento; agora o

importante é saber como direcioná-las para que influenciem o resultado do

tratamento, de uma maneira mais eficiente .

25
26

Dr. Carl Simonton

Capítulo III

EXPECTATIVA E VISUALIZAÇÃO
Fatores de Cura e Transformação

O Poder da Expectativa

No ano de 1957, o Dr. Bruno Klopfer publicou um trabalho no Journal


of Prospective Techniques( 31,pg 331-340), em que relatava o caso de um
cliente de nome Wright portador de um linfosarcoma avançado( câncer dos
gânglios linfáticos), que apresentava poucas perspectivas de sobrevida. Todos
as terapias convencionais haviam falhado, e o paciente apresentava
tumorações do diâmetro de uma laranja disseminados pelo pescoço, axilas ,

26
27
virilhas, peito e abdomem, e o baço e fígado aumentados. Segundo todas as
avaliações medicas, Wright tinha poucos dias de vida, só conseguindo respirar
com auxílio de máscara de oxigênio. No entanto , apesar de saber da
gravidade de sua situação, Wright tinha esperanças de sobreviver, e quando
soube de um projeto experimental sobre uma nova droga anticancerígena de
nome Krebiozen, que seria realizado no hospital onde estava internado,
suplicou ao Dr. Klopfer que o incluísse no programa. Wright não tinha a
mínima condição de ser aproveitado pelo programa, pois era um paciente
terminal, e o programa previa a aplicação da droga em pacientes com
expectativas de vida entre 3 a 6 meses. Por piedade, o Dr Klopfer aplicou-lhe
uma injeção de krebiozen numa sexta feira, esperando encontrá-lo morto na
segunda feira. Qual não foi sua surpresa, quando na segunda feira encontrou
Wright andando pela enfermaria, batendo papo com as enfermeiras e outros
pacientes, a quem transmitia mensagens de ânimo. Klopfer atônito, detectou
ao exame clínico uma redução significativa das massas tumorais, que em
poucos dias estavam reduzidas à metade, o que não foi evidenciado nos outros
pacientes que também haviam tomado a mesma droga. Segundo Klopfer esta
era uma diminuição de tamanho muito mais rápida do que mesmo as mais
potentes radioterapias podiam conseguir. O tratamento com krebiozen foi
continuado conforme previsto, e dez dias depois da primeira aplicação, Wright
teve alta, sem sinais evidentes do câncer, com ótima disposição, saindo do
hospital direto para seu avião, voando a doze mil pés de altura ( 3.500m
aprox.), sem o menor desconforto. Após 2 meses, ao tomar conhecimento de
notícias veiculadas pela imprensa, de que o Krebiozen mostrara-se ineficaz em
todos os estudos clínicos realizados , Wright que era um homem de
mentalidade lógica e científica, apresentou uma séria recaída, voltando para o
hospital , com as mesmas massas tumorais que apresentara no início da
doença. Klopfer resolveu então, tentar um experimento: injetaria em Wright
água pura, dizendo ser uma nova versão concentrada e super-refinada do
Krebiozen. Mais uma vez os resultados foram surpreendentes, com Wright
apresentando uma recuperação mais espetacular do que na primeira vez, e
tornando-se a própria imagem da saúde. Klopfer, devido ao sucesso obtido,
manteve a “terapia”com água destilada, e Wright permaneceu livre dos sinais
e sintomas durante os 2 meses seguintes. Por esta época, a imprensa divulgou
o relatório da Associação Médica Americana: “Testes em escala nacional
demonstram que o krebiozen é inútil no tratamento do câncer”. Dias após este
noticiário, Wright foi reinternado em estado terminal com reaparecimento dos
tumores, sem esperanças e sem fé, morrendo dois dias depois .

Este foi um dos primeiros relatos bem documentados sobre o chamado


efeito placebo, o efeito pelo qual 1/4a 1/3 dos pacientes apresentam melhoras,

27
28
por acreditarem que estão tomando uma droga eficaz, apesar de que esta não
contém nenhuma substancia ativa indicada para o seu caso . O efeito placebo
demonstra cabalmente o poder que uma simples crença possui para ativar as
forças curativas dentro de nós, estimulando o nosso sistema imunológico ( o
sistema de defesa).
Os estudos científicos demonstram que pessoas otimistas e auto-
confiantes, apresentam menos sinais de doenças e maior bem estar físico. Os
pessimistas por outro lado, evidenciam uma redução das defesas imunológicas
em seu organismo. ‘Existe uma biologia da auto-confiança”; “o que se espera
é o que se consegue”( conforme Ornstein e Sobel) .
O pesquisador norte-americano Michael Talbot relata uma serie de
estudos que demonstram o efeito que nossas atitudes tem sobre diversas
condições clínicas: “As pessoas que têm um índice elevado, destinado a medir
hostilidade e agressividade, são sete vezes mais predispostas a morrer de
problemas cardíacos do que pessoas com índices baixos. Mulheres casadas
tem um sistema imunologico mais forte do que as mulheres separadas ou
divorciadas, e mulheres com casamentos felizes tem sistemas imunológicos
ainda mais fortes. Pessoas com AIDS que mostram espírito de luta, vivem
mais do que os indivíduos infectados que tem uma atitude passiva. Pessoas
com câncer também vivem mais tempo, se conservam um espirito de luta. Os
pessimistas têm mais resfriados do que os otimistas. O estresse diminui a
resposta imunológica; pessoas que acabaram de perder o cônjuge, têm uma
incidência maior de doenças e enfermidades, e assim por diante”.
As expectativas esperançosas, não atuam somente na saúde humana,
mas possuem um espectro de influencias muito mais amplo. A pesquisa
relatada abaixo, realizada pela equipe do professor Robert Rosenthal,
demonstra claramente este fenômeno da expectativa positiva na área da
Educação .
Em maio de 64, o psicólogo Robert Rosenthal iniciou uma pesquisa
sobre como o poder da expectativa positiva dos professores pode influenciar
os alunos. Foi escolhida uma escola publica do Sul da cidade de São
Francisco, na Califórnia, em um bairro pobre, freqüentada por mexicanos e
porto-riquenhos. Neste meio social desfavorecido, o desempenho escolar das
crianças costuma ser abaixo da media, com índices elevados de reprovação e
repetência. Nem os professores, nem os alunos, sabiam os reais objetivos da
pesquisa: verificar o efeito da expectativa no ser humano .
Rosenthal e seus colaboradores se apresentaram na escola, como
participantes de uma grande pesquisa sobre a maturação tardia dos alunos
desenvolvida pela Universidade de Harvard, e financiada pela National
Science Foundation Impressionados com o porte dos pesquisadores que
estavam recebendo em sua escola, os professores deram todo o apoio à

28
29
pesquisa. Mal sabiam os professores que a pesquisa não visava estudar os
alunos, mas sim a eles próprios. A pesquisa iniciou-se com um teste de
inteligência não-verbal realizado em 18 turmas de nível primário, no início do
ano escolar. Os professores foram avisados de que o teste iria indicar quais os
alunos que durante o decorrer do ano teriam um excelente desenvolvimento
intelectual. Entretanto, tudo era uma farsa. O teste aplicado era somente
um teste padrão de avaliação de Q.I. Depois da aplicação deste teste, 20% do
alunos foram escolhidos aleatoriamente por Rosenthal, sem nenhuma relação
com os resultados, e indicados como “futuros gênios intelectuais”. Aos
professores foi dito de maneira casual que estas crianças poderiam demonstrar
enormes progressos escolares durante o ano .A única diferença entre o grupo
de alunos “futuros genios”e os outros, era a expectativa positiva induzida
pelos pesquisadores nos professores. Para manter a expectativa e monitorar a
pesquisa foram aplicados novos testes, quatro meses após o início das aulas ,
ao final do ano escolar, e um ultimo no início do próximo ano letivo. Os
resultados deixaram Rosenthal e seus colaboradores boquiabertos: os alunos
falsamente indicados como “futuros gênios” apresentaram resultados muito
mais significativos do que os outros!Vejam estes casos exemplares:
José , que apresentava antes de seus professores acreditarem que era um
aluno prodígio , um Q.I. de 61 pontos, apresentou um ano mais tarde, um Q.I.
de 106 pontos. Em doze meses, de aluno retardado, transformou-se
milagrosamente em aluno bem dotado, por puro efeito da expectativa positiva
dos professores.
Maria, uma alunazinha que possuía Q.I. de 81 pontos, doze meses mais
tarde alcançou a surpreendente marca de 128 pontos !
O que significa este fenômeno?
Quando a nossa visão de mundo, nossas crenças, são modificadas por
expectativas positivas, otimistas, os resultados em nós e no meio ambiente,
podem ser surpreendentes, podendo até mesmo beirar o sobrenatural .
Utilizamos muito pouco de nossas capacidades pessoais de transformação.
Dentro de nós há um imenso potencial auto-organizador de cura e de
intervenção sobre o universo, ainda inexplorado .

No British Medical Journal 2 ( 1952), pg. 422-423 o hipnoterapeuta


A.A.Mason, relata um caso de ictiose congênita tratado no Hospital Rainha
Vitória, em Londres. Esta doença, também conhecida como Doença de Brocq,
é uma patologia de origem genética em que o paciente desenvolve uma pele
endurecida, semelhante as escamas de um reptil, quebradiça e que sangra aos
mínimos traumas. Devido ao risco de infeções freqüentes, os pacientes
constumam apresentar uma sobrevida pequena. O paciente encaminhado a
Mason era um jovem de 16 anos com a doença já em estado avançado, e foi

29
30
lhe indicado a hipnoterapia como um recurso extremo. Mason conseguiu
colocar o paciente facilmente em estado de transe profundo,. induzindo-lhe a
crença de que estava se curando. Em cinco dias a pele escamosa do braço
começou a soltar-se surgindo uma pele saudável em todo o braço em dez dias.
Trabalhando sobre as outras áreas, foi possível, eliminar toda a pele escamosa
do corpo. Após cinco anos o menino ainda permanecia livre dos sintomas,
perdendo Mason o contato com ele após este período. Como a doença de
Brocq é de origem genética, o fato de se conseguir uma cura , demonstra a
possibilidade de que uma pessoa em estado alterado de consciência (EAC),
pode ser induzida a modificar suas crenças, sendo então capaz de auto-
organizar seus processos fisiológicos, e atuar sobre a programação genética
do próprio ADN, desencadeando a inibição de uma manifestação externa
fenótipo)-1 e , obtendo desta maneira, a saúde e o bem-estar que necessita
1- cf. o trabalho de um dos autores, Francisco Di Biase, intitulado “Auto-
organização e evolução-fundamentos para uma teoria piagetiana da evolução”,
publicado em Ciência e Cultura, Jan 86,vol 38 nr.1, pag 100-109, Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência .

As Técnicas de Visualização do Dr. Simonton

Em seu livro, Com a Vida de Novo ( Getting Well Again ) Carl


Simonton, oncologista e radioterapeuta americano, relata como o processo de
visualização passou a integrar o arsenal de cura utilizado pela medicina,
Simonton, que é diretor do Centro de Pesquisa e Aconselhamento do Câncer ,
em Dallas , Texas, foi convidado, em 1971, para tratar de um paciente de 61
anos que chamaremos de Frank, portador de um câncer de garganta e que
apresentava menos de 5% de chances de sobreviver mais de cinco anos.
Frank foi ensinado a influenciar o curso de sua doença, através das técnicas de
relaxamento e visualização desenvolvidas por Simonton e sua equipe. Durante
três períodos, de cinco a quinze minutos cada durante o dia ( pela manha, ao
acordar, à tarde , e à noite antes de deitar) Frank imaginava que a radiação que
lhe fora aplicada, era constituída de pequenos projéteis de energia que ao
bombardear suas células cancerosas as destruíam . Simultaneamente
imaginava suas células sangüíneas brancas de defesa como soldados do
sistema imunológico carregando as células cancerosas mortas para o seu
fígado e rins , de onde eram eliminadas do organismo. Após isso, ele deveria
visualizar o seu câncer diminuindo de tamanho, e a sua saúde sendo
restabelecida. Os resultados foram espetaculares.O tratamento conjunto de
visualização associado à radioterapia, funcionou de forma extraordinária:
Frank não experimentou nenhum dos efeitos colaterais da radioterapia,

30
31
recuperando seu peso e seu vigor , e em apenas dois meses estava
completamente livre de qualquer sinal do câncer que o acometera.
Posteriormente Frank utilizou a mesma técnica de visualização, para tratar de
sua artrite e de sua impotência sexual que já durava 20 anos, obtendo o
mesmo sucesso. Em 1974, em uma outra pesquisa mais abrangente, com
pacientes considerados incuráveis clinicamente, Simonton ensinou suas
técnicas de visualização a cento e cinqüenta nove pessoas . O tempo de
sobrevida previsto para estes paciente era de aproximadamente doze meses.
Quatro anos mais tarde , sessenta e três destes pacientes ainda estavam vivos.
Destes, quatorze (22,2%) não apresentava mais nenhum sinal clínico da
doença, em doze (19,1%) a doença regredira, e em dezessete ( 27,1%) a
doença permanecia estável .Mesmo aqueles pacientes que morreram,
chegaram a viver uma vez e meia mais do que os do grupo controle, e com
mais qualidade de vida . A sobrevida média do grupo como um todo foi de
24,4 meses, cerca de três vezes mais do que a média nacional nos Estados
Unidos , e o dobro do registrado nas melhores instituições americanas para
tratamento do câncer.Deve-se lembrar que cem por cento dos pacientes eram
considerados portadores de doença maligna incurável pelos procedimentos
médicos existentes. Posteriormente, outros trabalhos confirmaram a eficácia
da visualização,como tratamento adjunto às terapias convencionais.
Atualmente vários outros grupos utilizam a técnica de visualização de
Simonton com sucesso .
A visualização é uma forma de se desencadear no paciente uma
expectativa positiva e ativa, que possibilita o despertar de nossos potenciais
inatos de auto-organização e cura. Simonton demonstrou em um estudo
realizado com 152 paciente da Travis Air Force Base, o maior hospital da
Aeronáutica da costa oeste, que “uma atitude positiva em relação ao
tratamento, era um indicador mais seguro do reação que o paciente teria, do
que a gravidade da doença. Os pacientes que tinham prognósticos ruins ,
porem atitudes positivas reagiram melhor do que os pacientes que tinham
prognósticos melhores, porem, com atitudes negativas. Além do mais, aqueles
pacientes que começaram a adotar uma atitude positiva em relação ao
tratamento, tinham menos efeitos colaterais do que os outros”.

Como visualizar: adotando um modelo terapêutico.

A partir dos trabalhos do Dr. Carl Simonton , e do Dr. Bernie Siegel, e


de nossas próprias experiências , desenvolvemos três modelos terapêuticos
de crescimento pessoal que poderão auxiliá-lo nas seguintes situações:
1- Quando sua saúde necessitar de cuidados .

31
32
2- Quando mesmo em bom estado de saúde, você queira reforçar e
aprimorar o seu contato com as fontes auto-organizadoras internas da
inteligência corporal que nos fornecem bem-estar e energia.
3- Quando você quiser expandir a sua consciência, e contactar a
inteligência primordial que nos orienta e conduz à auto-realização.
Esta pratica deve ser feita duas vezes ao dia durante dez minutos,
sempre após a prática da oração e da meditação. Se você não pratica nenhuma
forma de oração, e nem tem interesse em desenvolvê-la, não se preocupe,
pode iniciar o processo a partir da meditação .

Modelo I ( Visualização para tratar de doenças)

1- Oração ( três a cinco minutos)


2- Meditação ( 15 a 20 minutos )
3- Após o término da meditação, mantenha-se na mesma posição, de
olhos fechados , e visualize um ambiente natural, agradável para você. Busque
vê-lo, ouvi-lo, e senti-lo ( ex. você está num jardim, vendo o verde exuberante
da vegetação, ouvindo os pássaros e sentindo a brisa do vento em seu corpo).
4- Visualize e sinta a sua doença da primeira forma que lhe vier à
mente, sem nenhuma censura .
5- Imagine ( veja, ouça e sinta ) um calor gostoso penetrando em seu
corpo e atuando nos locais onde você mais necessita, aliviando a dor e
curando . Este calor permanecerá em você, até o momento em que sua missão
curativa estiver cumprida.
6- Imagine seus glóbulos brancos, vigilantes da sua saúde, envolvendo o
local da doença, alimentando-se dela, ao mesmo tempo em que você se sente
cada vez mais forte e saudável . A cada dia que passa a sua doença se reduz
mais .
Ex. Uma criança, paciente do Dr. Bernie Siegel via sua doença como comida
para gatos, e as suas células imunológicas brancas, como gatinhos brancos que
a comiam .
Outro paciente visualizou pássaros brancos comendo alpiste .
7- Agradeça a si mesmo, e ao universo, por poder estar participando de
sua própria cura. Imagine-se cheio de energia, e livre de doenças, capaz de
viver a vida plenamente. Veja -se repetindo este exercício duas vezes ao dia, e
cada vez melhor .

Modelo II ( Visualização para fortalecer a saúde e aumentar o bem estar


e a energia pessoal)
1- Siga os passos um a quatro do modelo I

32
33
2- Imagine ( veja , ouça e sinta ) um calor gostoso penetrando em cada
parte do seu corpo( cabeça , braços tronco e pernas ), trazendo-lhe um intenso
bem-estar, e aumento da sua energia vital . Este calor permanecerá em você
até cumprir a sua missão revitalizadora .
3 - Quando este calor acabar finalize sua visualização, agradecendo à
inteligência de seu corpo, e ao universo, por este contato regenerador .

Modelo III ( expansão da consciência, orientação e auto-realização)

1- Siga os passos de um a quatro do modelo I


2- Busque ver, ouvir e sentir uma presença,uma energia próximo à
você . Assim que esta presença estiver intensificada, visualize-a na primeira
forma que lhe vier à mente. Ela pode surgir sob a forma de um velho sábio,
um anjo, uma fada, uma luz, uma inteligência não-corpórea, ou quaisquer
outros símbolos ( arquétipos) orientadores da mente humana .
3- Inicie uma conversação com este símbolo, solicitando as orientações
que você necessite. Você perceberá, surpreso , que esta imagem orientadora
responderá aos seus apelos. A resposta poderá vir de várias maneiras: através
de palavras, de imagens, de uma intuitição, um pressentimento, etc .
4-Após receber a orientação agradeça ao universo pela oportunidade de
contar com este auxílio .

33
34

“Qualquer caminho é apenas um caminho, e não há

ofensa para si ou para outros em abandoná-lo se é isto que o seu

coração diz a você ... Olhe para cada caminho bem de perto

estudando-o cuidadosamente . Experimente-o quantas vezes

você achar necessário. Então pergunte a você mesmo, e somente

a você mesmo uma questão ... Esse caminho tem um coração?

Se ele tem, é um bom caminho; se não tem, é inútil.”

34
35

D. Juan ,“ brujo” Yaqui, orientador de Carlos Castãneda

Capitulo lV

HISTÓRIAS QUE CURAM


As metáforas Terapêuticas

Anos 60
Local: Consultório do Dr. Milton Erickson, Phoenix, Arizona, USA.

Um paciente se queixava de sua ulcera no estômago à Erickson. A dor


era tão forte que a incapacitara para o trabalho, para o lar, e para todas as suas
relações sociais. Sua maior preocupação, era o fato de naõ conseguir suportar
as visitas dos sogros, três a quatro vezes por semana. Eles chegavam sem
avisar e ficavam o tempo que queriam . Ao ouvir sua queixa, Erickson
salientou que ela não precisava agüentar os sogros , mas poderia suportar, ir à
igreja , jogar cartas com os vizinhos, e trabalhar. Especificamente sobre os
sogros disse: “Você não gosta realmente deles. Eles são como um sôco no
estômago. Toda vez que a visitam isto pode ser aproveitado. Eles certamente
não podem esperar que você limpe o chão se vomitar quando chegarem”.

35
36
Erickson acabara de utilizar uma metáfora terapêutica, ao comparar a visita
dos sogros a um soco no estômago . A paciente adotou este procedimento, e
vomitava quando os sogros vinham visitá-la . Então, frágil e lamurienta, se
desculpava enquanto eles limpavam o chão. Assim que ela os ouvia chegar,
corria para a geladeira e bebia um copo de leite , eles sentavam, ela os
comprimentava e começava a conversar, então subitamente, ficava enjoada e
vomitava. Os sogros começaram a telefonar antes de aparecer, para saber se
ela estava bem para recebe-los. Ela dizia: “Hoje não”, e, de novo, “Hoje não”.
Finalmente disse: “Creio que hoje estou bem”. Infelizmente se enganara ,
vomitou , e eles tiveram que fazer toda a limpeza .
Eles deixaram de visitá-la durante alguns meses, e então ela os
convidou “para passar a tarde”.Eles chegaram desconfiados, dizendo
cautelosamente: “Talvez fosse melhor irmos embora”. Quando ela quis que
eles partissem tudo que teve de fazer foi colocar um olhar de mal estar no
rosto e esfregar o estômago. Seus sogros foram rapidamente
embora .
Neste jogo, sem o perceber, acabou por resolver todos os seus
problemas. Para vomitar, precisava guardar toda a sua dor para as visitas ,
assim sua ulcera desapareceu, e ela voltou a trabalhar, e a se relacionar
socialmente.

O médico psiquiatra, psicólogo e hipnoterapeuta, Milton H. Erickson foi


considerado o terapeuta mais efetivo do mundo . Muitas vezes, somente em
uma sessão, era capaz de curar pessoas tidas como “casos perdidos”.
Seu trabalho atraía clientes, e terapeutas aprendizes de todos os lugares
dos Estados Unidos, e do mundo. Entre as várias estratégias que utilizava
para obter seus extraordinários resultados, estava o costume de narrar contos,
histórias , parábolas, e anedotas a seus pacientes.
Revivendo a antiga tradição humana, de se utilizar expressões gestuais e
verbais, e de contar histórias para transmitir sabedoria, e provocar
modificações em seus ouvintes, Erickson os levava a se libertarem de suas
limitações , expandindo seus horizontes pessoais. Para Erickson, as histórias,
contos e expressões, quando utilizadas adequadamente, funcionam
inconscientemente como metáforas terapêuticas cujo poder auto-organizador
provoca espontaneamente, mudanças substanciais nas pessoas .
O trabalho de Erickson foi tão reconhecido que vários pesquisadores o
entrevistaram e filmaram, além de desenvolverem teses baseadas em suas
técnica terapêuticas.
Entre eles, citamos Jay Haley ( Universidade de Harvard) e os criadores
da programação neurolinguística ( PNL) Richard Bandler e John Grinder . As

36
37
mais importantes técnicas empregadas pela PNL, são derivadas do trabalho de
Erickson, especialmente as metáforas terapêuticas, e a hipnose ericksoniana .

Como usar as histórias para melhorar a sua saúde.

Casa história possui um valor terapêutico próprio. A utilização de histórias


para melhorar sua saúde, não possui nenhuma complexidade. Esse é o seu
encanto!
Você não precisa ser nenhum doutor em psicologia, medicina ou literatura
para utilizá-las em seu benefício. Basta que simplesmente leia a história, para
que seu conteúdo terapêutico, penetre em voce produzindo, expontaneamente,
mudanças benéficas.
Convidamos você, para uma aventura marcante através das histórias e contos
tradicionais da humanidade .
Leia cada uma das histórias que iremos apresentar a seguir, em doses
homeopáticas( uma por dia), a fim de desfrutar em sua totalidade,de todo o seu
encanto transformador, e seu completo potencial terapêutico.

Um crente ortodoxo procurou o profeta Elias. Ele estava interessado na


questão do céu e inferno, pois naturalmente queria viver a vida de acordo.
“Onde fica o inferno? Onde fica o cëu?” Dizendo essas palavras, ele
aproximou-se do profeta, mas Elias não respondeu. Elias segurou a mão do
homem e conduziu-o por caminhos escuros até um palácio . Ele passaram por
um portão de ferro e entraram num salão cheio de pessoas, ricas e pobres,
algumas em trapos. No meio do salão, um caldeirão de sopa, chamado asch,
estava sobre o fogo aberto. A caçarola fervente espalhou um aroma
maravilhoso pela sala . Em volta do caldeirão, uma multidão de pessoas
emaciadas e de olhar vazio manobrava para conseguir sua porção de sopa. O
homem que acompanhava Elias ficou assombrado pelo tamanho das colheres
que as pessoas carregavam, pois elas eram do tamanho das próprias pessoas.
Cada colherão consistia de uma concha de ferro, esbranquiçado pelo calor do
sopão e, bem no outro extremo, um pequeno pegador de madeira. As pessoas
famintas mexiam gulosamente no panelão. Embora todos quisessem sua
porção, ninguém a conseguia. Era difícil levantar aquele colherão pesado e
tirá-lo da panela, e sendo ele muito comprido, nem o homem mais forte
conseguia trazê-lo até a boca. As pessoas mais impertinentes até queimavam
seus braços e rostos ou derramavam sopa sobre seus vizinhos. Xingando-se
mutuamente, eles lutavam e batiam-se com os colherões que eles deveriam ter
usado para aquietar sua fome. O profeta Elias segurou seu acompanhante pelo

37
38
braço e disse: “Aquilo é o inferno.”Eles abandonaram o recinto e em pouco
tempo já não ouviam os gritos infernais atrás deles. Após uma longa viagem
através de passagens escuras, eles entraram num salão diferente. Aqui também
havia pessoas sentadas em toda parte. No meio do salão, mais uma vez, tinha
um caldeirão de sopa quente. Cada uma das pessoas tinha um colherão enorme
nas mãos, igual ao que Elias e o moço haviam visto no inferno. Mas aqui as
pessoas estavam bem- nutridas . Só se escutava um sussurro baixinho de
satisfação, junto com o som dos colherões tirando a sopa. Sempre havia duas
pessoas trabalhando juntas. Uma delas tirava a sopa do panelão com o
colherão e dava para o parceiro comer. Quando o colherão ficava muito
pesado para uma pessoa só duas outras pessoas ajudavam a segurá-lo, paras
que todos pudessem comer em paz. Assim que uma pessoa ficava satisfeita,
era a vez de outra. O profeta Elias disse ao seu acompanhante: “Isto é o céu!”

Conto da tradição islâmica

38
39

Em pleno calor do dia , um pai andava pelas poeirentas ruas de Keshan


junto com seu filho e um jumento . O pai estava sentado no animal, enquanto
o filho o conduzia , puxando a montaria com uma corda. “Pobre criança!”,
exclamou um passante, “Suas perninhas curtas precisam esforçar-se para não
ficar para trás do jumento. Como pode aquele homem ficar ali sentado tão
calmamente sobre a montaria, ao ver que o menino está virando um farrapo de
tanto correr. O pai tomou a sério essa observação, desmontou do jumento na
esquina seguinte e colocou o rapaz sobre a sela. Porém não passou muito
tempo até que outro passante erguesse a voz para dizer : “Que desgraça! O
pequeno fedelho lá vai sentado como um sultão , enquanto seu velho pai corre
ao lado.” Esse comentário muito magoou o rapaz, e ele pediu ao pai que
montasse também no burro,às suas costas. “Já se viu coisa como essa?”,
resmungou uma mulher usando véu. “Tamanha crueldade para com os
animais! O lombo do pobre jumento está vergado, e aquele velho que para
nada serve e seu filho abancaram-se como se o animal fosse um divã. Pobre
criatura!”Os dois alvos dessa amarga crítica entreolharam-se e, sem dizer
palavras, demontaram. Entretanto mal tinham andado alguns passos quando
outro estranho fez troça deles ao dizer: “Graças a Deus que eu não sou tão
bobo assim! Por que vocês dois conduzem esse jumento se ele não lhes presta
nenhum serviço, se ele nem mesmo serve de montaria para um de vocês?”O
pai colocou um punhado de palha na boca do jumento e pôs a mão sobre o
ombro do filho. “Independentemente do que fazemos”, disse, “sempre há
alguém que discorda de nossa ação. Acho que nós mesmos, precisamos
determinar o que é correto .”
Conto da tradição Sufi

39
40

Os crentes vieram em grande número a fim de escutar as palavras do


profeta Maomé. Um homem escutou de maneira especialmente atenta e
devotada, orou com fé e fervor e finalmente deixou a presença do profeta
quando a noite caía. Mal havia saído, quando voltou correndo e gritou com
voz trêmula : “Ó, meu senhor! Essa manhã montei meu camelo para poder te
escutar, o profeta de Deus. Agora meu camelo se foi . Por toda a redondeza
não há um camelo que se possa avistar. Fui obediente a ti, atendi a todas as
tuas palavras e confiei no poder de Deus. Agora, ó senhor, meu camelo se foi.
Acaso é isso a justiça divina? Será isso a recompensa por minha fé? É isso o
agradecimento por minhas orações?” Maomé escutou essas palavras
desesperadas e respondeu com um sorriso amigo : “Acredita em Deus e
amarra bem teu camelo .”

Conto da tradição islâmica

40
41

Lao Tzu ,Chuang Tzu e Lieh Tzu estavam caminhando juntos em


uma floresta quando depararam com um rio de fluxo rápido que lhes barrou o
caminho. Imediatamente, Lieh Tzu sentou-se na margem do rio e meditou
sobre o eterno Tao. Dez minutos depois, ele se levantou e começou andar
sobre a água para o outro lado .
Em seguida, Chuang Tzu sentou-se na posição de lotus por vinte
minutos e então ele se levantou e também andou, atravessando o rio.
Lao Tzu, observando isso com assombro, sacudiu os seus ombros,
sentou-se na margem do rio como os outros e meditou por mais de uma hora.
Finalmente, com completa confiança no Tao, ele fechou os seus olhos, deu um
passo para dentro do rio e afundou .
Na outra margem, Chuang Tzu riu, virou-se para Lieh Tzu e disse:
“Será que deveríamos lhe dizer aonde estão as pedras?”

Conto da tradição taoísta ( chinesa)

41
42

Havia um homem que importunava Deus com toda sorte de pedidos .


Um dia, Deus olhou para ele e disse: “Já estou farto , três pedidos e nada
mais”Três petições , e depois de lhe dar isso, não lhe darei nada mais . Diga
seus três desejos!” O homem ficou encantado e disse: “Qualquer coisa que eu
pedir? E Deus disse: “Sim! Três pedidos e nada mais! “E o homem falou : “O
Senhor sabe, eu tenho vergonha de falar, mas gostaria de me livrar da minha
mulher, porque é uma chata e está sempre ..... o Senhor sabe . É insuportável!
Não consigo viver com ela . Poderia livrar-me dela?” Está bem”, Deus falou,
“seu desejo será satisfeito”. E a mulher dele morreu . O homem se sentia
culpado pelo alívio que sentia, mas estava feliz e aliviado e pensou: “Vou me
casar com uma mulher mais atraente”. Quando os parentes e amigos vieram ao
funeral e começaram a rezar pela morta, o homem voltou de repente a si e
exclamou: “Meu Deus, eu tinha essa mulher encantadora, eu não a apreciava
quando viva”. Então se sentiu muito mal, foi correndo ao encontro de Deus e
pediu: “Traga-a de volta à vida, Senhor”. Deus respondeu : “Está bem,
segundo desejo atendido”. Agora só lhe restava mais um desejo . Ele pensou:
“Que devo pedir?” E foi consultar os amigos. Alguns disseram : “Peça
dinheiro, se você tiver dinheiro poderá ter o que quiser”.Outros: “De que lhe
vai adiantar o dinheiro se não tiver saúde?”Outro amigo disse : “De que lhe
adianta a saúde se vai morrer um dia ? Peça a imortalidade!” O pobre homem
já não sabia o que pedir, porque outros diziam: “De que serve a imortalidade
se você não tem ninguém para amar? Peça o amor”. Então ele pensou,
pensou .... e não conseguiu chegar a nenhuma conclusão, não conseguia saber
o que queria. Cinco...dez anos... Um dia Deus lhe disse: “Quando é que você
vai fazer aquele seu terceiro pedido?” E o pobre homem disse: “Senhor, estou
todo confuso, não sei o que pedir! O Senhor podia me dizer o que pedir?”
Deus riu quando ouviu isso e disse: “Está bem, eu lhe digo o que pedir. Peça
para ser feliz, não importa o que lhe aconteça. Aí está o segredo !”

Conto da tradição hindu

42
43

Um mulá*, orgulhoso dono de um barco, levou o mestre- escola da vila


para uma excursão no Mar Cáspio. O mestre-escola descansava, olhando as
nuvens, quando perguntou ao mulá: “Que tempo teremos hoje?” O mulá
verificou a direção do vento, olhou para o sol, franziu a testa e respondeu: “Se
queres saber, acho que nós vai ter uma tempestade”. Escandalizado com tal
resposta, o mestre-escola fez uma careta e reclamou:”Mulá, o senhor nunca
aprendeu gramática? Não é “nós vai”, é “ nós vamos”.O mulá respondeu a
essa repreensão com apenas um encolher de ombros. “Que me importa a
gramática?”, ele perguntou . O mestre-escola ficou quase louco : “O senhor
não sabe gramática! Isso significa que metade da sua vida está perdida”.
Conforme o mulá havia predito, nuvens escuras surgiram no horizonte , uma
ventania forte agitou as ondas, e o barco era chacoalhado como uma casca de
noz. As ondas encheram o barco com montes de água . Aí então, o mulá
perguntou ao mestre-escola: “O senhor sabe nadar?” O professor retrucou:
“Não, por que deveria eu aprender a nadar?”Dando um sorriso largo , o mulá
respondeu : “Pois neste caso sua vida inteira está perdida, porque nosso barco
já vai afundar .”

Conto da tradição persa

43
44

* Mulá Mestre da lei muçulmana.

Um belo dia, diz a história, um ousado jovem subiu ao alto de uma


montanha e encontrou um ninho de águia. Retirou do ninho um ovo e veio
colocá-lo numa das chocadeiras da granja do seu pai. A galinha chocou os
ovos e , entre os pintos, nasceu um filhote de águia. Criada entre galinhas, a
pequena águia não sabia sequer que não era uma delas . Durante algum tempo
contentou-se com a sua sina e viveu uma vida normal de galinha .
Mas à medida que crescia começou a sentir estranhas ânsias interiores.
De quando em quando ocorria-lhe o pensamento : “Devo ser algo mais do que
uma simples galinha !”Mas não tomou qualquer providência, até que um dia
uma tremenda águia passou voando sobre o galinheiro . A pequena águia
sentiu um novo vigor nas suas asas . Seu potente coração entrou a bater-lhe
com mais força no peito. E, observando a águia, veio-lhe o pensamento:
“Também sou assim . Não nasci para o galinheiro. Quero subir aos céus e
empoleirar-me no cume das montanhas .”
A pequena águia não tinha nunca voado, mas aninhava em si a força e o
instinto. Ela distendeu as asas e alçou-se a um pequeno monte. Deslumbrada,
voou depois até um cabeço um pouco mais alto e, afinal, rasgou o azul,
subindo a um cume altíssimo. Tinha descoberto o seu grande “eu”.
Conto da tradição indígena norte-americana

44
45

Um Bonzo chamado Yuan veio ver o mestre Tai Chu Hui-Huai e


perguntou-lhe:
- Para chegar ao TAO ( absoluto) há um caminho particular ?
Tai Chu: Sim , há um .
Yuan :Qual é ele?
Tai Chu: Quando temos fome, comemos; quando estamos fatigados ,
dormimos...
Yuan:É isso o que todo o mundo faz; o caminho deles é, pois, o mesmo que o
vosso ?
Tai Chu:Não, não é o mesmo .
Yuan:Como assim ?
Tai Chu: Quando eles comem, eles não comem simplesmente, eles evocam
toda espécie de imaginações. Quando eles dormem, eles não dormem
simplesmente, eles abandonam-se a mil e um vãos pensamentos.Eis por que o
caminho deles não é o meu caminho .

Conto da tradição taoísta

45
46

Aconteceu que duas rãs caíram num balde contendo creme de leite. A
superfície do creme estava bem afastada da abertura do balde. As rãs tentaram
saltar para fora, sem resultados, porém. Lutaram, espumaram, agitaram-se,
fizeram tudo para sair . Nada .
Finalmente uma rã assumiu uma atitude negativa . Começou a ter
pensamentos derrotistas . O ácido da futilidade começou a espalhar-se em seu
espírito . Ela tornou-se pessimista e disse para si mesma : “Sei que não posso
sair desse pote ,portanto, por que cansar-me com todas essas tentativas? De
qualquer modo tenho que morrer. Por que então não acabar com isso e morrer
em paz?” Desesperada e resignada mergulhou no creme e morreu . Seu
epitáfio foi : “Morreu de um complexo de inferioridade ”.
A outra rã era feita de uma fibra mais forte. Teve uma educação
diferente e, sem dúvida, descendia de uma grande linhagem de rãs destemidas.
Era uma rã de pensamentos positivos . Disse para si : “Talvez eu venha a
morrer, mas se morrer será uma morte brilhante. Serei perseverante . Lutarei
para sair dessa situação em que me encontro. Alternarei atividade com
repouso, avanço com recuo, e se afinal não puder sair, morrerei altivamente,
de conformidade com a gloriosa tradição das ilustres rãs antigas”.
E, com isso, enfrentou a situação com todo o vigor. Começou a nadar
em volta, cortando aqui e ali, batendo assim o creme, fazendo grande agitação.
Resultou que começou a sentir gradativamente uma base sólida debaixo de si .
Sua atividade estava transformando o creme em manteiga. Finalmente suas
pernas, agitando-se como pequenos pistões, puderam firmar-se e ela saltou
vitoriosamente para fora do balde, cujo conteúdo tinha transformado agora em
sólida manteiga .

46
47

Uma estória chinesa muito antiga do taoísmo fala de um camponês que


habitava numa aldeia muito pobre do interior. Era considerado bem de vida
porque possuía um cavalo que usava para arar a terra e como meio de
transporte . Um dia seu cavalo fugiu. Todos os vizinhos exclamaram que isso
era terrível; o camponês disse simplesmente: “Talvez”.
Alguns dias depois, o cavalo voltou e com ele trouxe mais dois cavalos
selvagens. Todos os vizinhos alegraram-se com sua boa sorte, mas o
camponês disse simplesmente : “talvez”.
No dia seguinte, o filho do camponês tentou montar num dos cavalos
selvagens; este o lançou por terra e o rapaz quebrou a perna . Os vizinhos
todos condoeram-se com seu azar, mas novamente o camponês disse :
“talvez”
Na semana seguinte, os oficiais da convocação militar vieram até à
aldeia para recrutar jovens para o exército. Rejeitaram o filho do camponês
porque estava com a perna quebrada. Quando os vizinhos comentaram como
tinha sorte, o camponês respondeu : ‘talvez”...

47
48

Há uma história zen : Havia dois mosteiro vizinhos , cujos mestres


tinham meninos de recados . Os dois meninos costumavam ir ao mercado ,
buscar legumes ou outras coisas para os mestres. Esses mosteiros eram
antagônicos entre si , mas meninos são meninos. Esqueciam-se de suas
doutrinas e encontravam-se no caminho para conversar e se divertirem juntos .
Estavam proibidos de conversar , pois os mosteiro eram inimigos . Um dia,o
menino do primeiro mosteiro disse: a seu mestre: Estou confuso. Estava indo
ao mercado quando vi o menino do outro mosteiro e lhe perguntei: Aonde
você está indo ? Ele respondeu : Para onde o vento soprar. Fiquei sem saber
o que dizer ; ele me confundiu . O mestre disse: Isso não é bom. Ninguém do
nosso mosteiro foi alguma vez derrotado por alguém do outro, nem mesmo um
empregado ; portanto, você tem de acertar as contas com esse menino .
Amanhã , pergunte novamente aonde ele está indo . Quando ele disser: Para
onde o vento soprar, você dirá: E se não tiver vento? O menino não conseguiu
dormir a noite toda pensando no que aconteceria no dia seguinte . Ficou
ensaiando muitas vezes como falaria com outro garoto . No dia seguinte,
esperou à beira da estrada . Quando o outro menino chegou, o primeiro
perguntou: Aonde você está indo ? O garoto respondeu: Aonde meus pés
me levarem . O primeiro menino ficou novamente sem saber o que dizer.Sua
resposta estava preparada . Mas a realidade é imprevisível . Ele voltou muito
triste e disse aos mestre: Aquele menino não é digno de confiança . Ele
mudou, e eu fiquei sem saber o que fazer. Então o mestre disse: Da próxima
vez, quando ele responder : Aonde meus pés me levarem , você dirá: E se
você ficar aleijado ou suas pernas forem cortadas? Novamente o menino não
pode dormir .De manhã cedo, foi esperar o outro na estrada . Quando ele
chegou, o primeiro perguntou: Aonde você esta indo? E o menino respondeu:
Buscar legumes no mercado . O primeiro menino ficou atrapalhado e foi dizer
ao mestre: Esse menino é impossível ! Está sempre mudando !
A vida é aquele menino .

Conto da tradição Zen Budista ( japonesa)

48
49

O mestre japonês Nan-in concedeu uma audiência a um professor de


filosofia . Ao servir o chá, Nan-in encheu a xícara de seu visitante, mais
continuou despejando sem parar .O professor ficou observando o
transbordamento até não poder mais se conter: Pare! A xícara está mais do que
cheia, nada mais cabe aí . Nan-in disse: Como esta xícara , você também está
cheio de opiniões e idéias. Como posso mostrar-lhe o Zen, sem que antes você
esvazie a sua xícara?

Conto da tradição Zen Budista

49
50

Rendo-me à crença de que meu conhecimento é uma

pequena parte de um conhecimento integrado mais amplo

que mantém unida toda a biosfera ou a criação

Gregory Bateson

CapituloV

50
51

SINCRONICIDADE
O Papel das Coincidências em nossa vida.

Anos 20

Local: Zurique, Suíça


Consultório do Psicanalista Carl Gustav Jung

O Dr. Jung realiza uma sessão de análise com uma jovem paciente .
Várias sessões já foram feitas com ela, entretanto a análise não estava dando
bons resultados, devido, a sua extrema racionalidade, que a está impedindo de
obter uma compreensão mais humana e intuitiva de si mesma, e da vida. Jung
já tinha esgotado todos os recursos de seu arsenal terapêutico, e só lhe restava
ter esperanças e aguardar que acontecesse algo inesperado e irracional, capaz
de quebrar a resistência intelectual da paciente .Foi quando o incrível
aconteceu. A paciente lhe relatava um sonho que tivera na noite anterior, onde
recebera de alguém uma jóia valiosa, um escaravelho de ouro. Exatamente no
momento em que ela lhe relatava esse sonho, Jung, que se encontrava de
costas para a janela, percebeu o barulho de algo batendo no vidro . Ao se
virar, notou que um inseto voador de tamanho considerável, estava do lado de
fora, tentando estranhamente penetrar no consultório escuro. Surpreso, Jung
resolveu abrir a janela, e o inseto imediatamente penetrou o aposento, o que o
fez pegá-lo com a mão . Tratava-se de uma coincidência extraordinária. Jung
mal podia acreditar! Ele tinha em mãos, um besouro de cor verde-dourada,
extremamente parecido com o escaravelho de ouro do relato da paciente .
Imediatamente, ao notar tamanha coincidência, Jung entregou-lhe o besouro,
dizendo-lhe : “Aqui está o seu escaravelho”. Esta experiência surpreendente
quebrou o racionalismo da paciente , permitindo que dali em diante o seu
tratamento continuasse com sucesso. Este exemplo, hoje clássico, de
coincidência significativa, demonstra aquilo que Jung denomina
sincronicidade: um termo para descrever as ocorrência de dois eventos que
não possuem relação causal, e que entretanto estão relacionados devido ao seu
significado . Não havia nenhuma relação de causa e efeito entre o sonho com

51
52
o escaravelho de ouro da paciente de Jung, e o aparecimento do besouro
verde-dourado, semelhante ao escaravelho no consultório, no mesmo
momento em que o sonho era relatado. Entretanto, esta coincidência foi
significativa , a ponto de provocar uma experiência emocional
transformadora na paciente.
A psiquiatra Jean Shinoda Bolen conta-nos em seu livro “The Tao of
Psychology ”, uma ocorrência sincronística muito interessante, ocorrida com
sua amiga, a pintora Ann Hogle .Seu filho participaria de uma brincadeira na
escola com alguns amigos no dia seguinte: soltaria fogos de artificio no auge
de uma aula de latim. Para tanto convenceu a mãe a companhá-lo até uma
loja onde compraram os fogos de artificio. Na volta para casa, passaram por
um carro que havia sido completamente destruído pelo fogo. Naquela tarde em
casa, a parte de cima do fogão pegou fogo. Ann utilizou o aspirador para
remover os resíduos . Então, o aspirador também pegou fogo, provavelmente
por que alguns dos resíduos permaneceram acesos dentro dele . Quando foi
assistir televisão, percebeu que o filme que estava passando era sobre um
incêndio.
Ann foi dormir inquieta e intrigada com estes eventos , acordando às
quatro horas da madrugada , convencida de que todas essas ocorrências com
fogos deviam ter algo a ver com a brincadeira com fogos de artifícios de que
seu filho participaria . Apesar de não ter nenhum motivo lógico para ligar a
serie de incêndios a esse evento, intuitivamente parecia-lhe haver uma
interligação. Contou a seu filho as estranhas coincidências ocorridas, e pediu-
lhe para não participar da brincadeira, solicitação a que ele prontamente
obedeceu. No decorrer da aula, houve um acidente com os fogos de artificio,
do lado de fora da sala, envolvendo dois alunos . Um dos meninos teve suas
mãos feridas .

Formas de manifestação das sincronicidades

Jung , o criador do conceito de sincronicidade descreveu três categorias


do fenômeno
1- Coincidência entre o conteúdo mental, que pode ser um pensamento ou
um sentimento, e um evento externo .
Os casos do besouro e dos fogos pertencem a esta categoria.
Outro exemplo que vamos fornecer provavelmente já aconteceu com
você, leitor . É àquele que ocorre quando estamos pensando em alguém , e
este alguém aparece de repente, ou nos telefona, ou nos remete uma carta.

52
53
Geralmente quando ele ocorre utilizamos a expressão “puxa, fulano , você não
morre mais !”

2- Coincidência de um sonho ou uma visão, com um acontecimento que


está ocorrendo a certa distância, e isto é comprovado mais tarde..
Ex. Todos nós conhecemos casos de pessoas que costumeiramente tem
impressões , sonhos, ocorrências ou visões relacionados à eventos que estão
acontecendo com parentes, amigos , ou conhecidos, ocorrências que
posteriormente são confirmadas .

3- Coincidência entre uma imagem de algo que acontecerá no futuro


(sonho, visão ou premonição), e o evento real que efetivamente ocorre.
Ex: Em nossa Clínica, uma de nossas secretárias freqüentemente sonha
ou vivência situações que relaciona a determinados números do jogo de bicho;
quando os joga consegue desta forma prêmios significativos .

Como usar as coincidências da vida em seu benefício.

A importância da sincronicidade

As ocorrências sincronísticas demonstram a existência de sutis


conexões entre todos nós e todos os seres vivos, e entre nós e o universo . A
sincronicidade nos conscientiza de que somos parte integrante de algo muito
maior do que nós mesmos, levando-nos a desenvolver uma sensação de
unidade com a natureza, conferindo um sentido transcendental às nossas
vidas. Percebemos que há uma inteligência auto-organizadora que está por
trás de tudo .O surgimento de coincidências significativas (sincronicidade) são
uma das maneiras que o universo desenvolveu, para ,organizar a vida de uma
forma mais coerente com os nossos desejos e necessidades pessoais. A
sincronicidade faz-nos compreender, através da vivência pessoal, que
habitamos um universo inteligente,que nos orienta, ampara, protege e auxilia,
sempre que necessitamos.

Usando a sincronicidade.

53
54

Em nossa cultura ocidental, aprendemos a importância de sermos pessoas de


ação. Somos ensinados a resolver problemas por meio de atitudes ativas e
decisões pensadas. Esquecemo-nos de que muitas vezes o apressado come
cru.Há determinados momentos em nossas vidas em que uma atitude receptiva
e intuitiva, é a mais apropriada e benéfica. Um destes momentos é quando nos
defrontamos com uma coincidência significativa(sincronicidade).
Para compreender as mensagens não-verbais que o universo está lhe enviando,
adote uma postura receptiva, fazendo-se a seguinte pergunta:
O QUE O UNIVERSO PODERIA ESTAR QUERENDO ME DIZER COM
ESTE ACONTECIMENTO?
A resposta pode ser imediata “insight” ou pode demorar alguns dias para
aparecer em sua mente. Ela poderá até surgir em momentos imprevisíveis,
como por exemplo quando você está tomando banho, andando de ônibus, na
igreja, no trabalho, sonhando,etc.O importante é que a resposta surgirá, e com
ela uma compreensão mais ampla e um caminho benéfico lhe estarão sendo
indicados. Para tanto, temos somente de estar alertas, no dia a dia, a fim de
compreendermos as mensagens não-verbais que o universo nos envia a todo
momento, por meio dos eventos sincronísticos.

54
55

“Segue teu coração para que tua face

resplandeça durante o tempo de tua vida”

Ptathotep Sacerdote egípcio( III milênio A.C.)

“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que

derramarei do meu espírito sobre toda a carne; e vossos filhos e

vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e vossos

anciãos sonharão sonhos.”

Novo Testamento, Atos 2,17 .

Capitulo VI

55
56
SONHOS
Mensagens orientadoras do inconsciente

Um jovem universitário, estudante de psicologia,e professor de


filosofia, casado, com filhos, encontrava-se numa situação desesperadora.
Devido à política econômica praticada pelo governo, seus recursos financeiros
tornaram-se insuficientes para pagar todos os compromissos
assumidos(aluguel, escolas, alimentação, etc.). Apesar de trabalhar e estudar
honestamente, seus esforços não produziam os resultados econômicos que
necessitava. Faltava-lhe dinheiro, e isto ameaçava sua estabilidade psíquica,
familiar e social.
Um dia, sua situação econômica chegou ao seu nível mais crítico, e o
jovem pai dormiu preocupadíssimo. Nesta noite , ele teve um sonho muito
nítido, que o impressionou tanto que ele chegou a lembrá-lo com detalhes ao
acordar . Segundo o seu relato, ocorreu o seguinte : “no sonho, um grande
amigo que por acaso possui o mesmo nome que o meu , convidou-me para ir
a sua casa. Feliz, aceitei o convite, entretanto, ao chegar na entrada, de seu
jardim, fiquei temeroso. Meu amigo possuía três cães de aspecto
extremamente feroz .Comentei com ele sobre meu medo de ser mordido pelos
seus cães, e ele sorriu para mim , afirmando-me que não havia perigo nenhum
de que eu fosse mordido. Desta maneira, apesar de estar com medo, eu entrei
em seu jardim, rumo à sua casa . Mal dei alguns passos, e os três cães partiram
agressivos para cima de mim, latindo muito, fazendo grande estardalhaço . Eu
fiquei apavorado é estático. Dois dos cães eram pastores alemães, e ao
chegarem perto de mim, somente me lamberam, querendo brincar comigo. O
terceiro cão era um dobermam, e este era ferroz para valer.Quando ele estava
a poucos centímetros de mim , prestes a me morder foi detido pela corrente à
qual estava preso. Acordei com este sonho vívido na memória, anotei-o e o
interpretei . Para mim, o seu significado era óbvio. Eu quase seria
“mordido”pela situação em que me encontrava, porem, seria “salvo em cima
da hora”e conseguiria, de alguma maneira, o dinheiro de que necessitava para
pagar meus compromissos, e sustentar minha família . Ainda impressionado
resolvi consultar o livro Egípcio do Destino e o I Ching ( oráculo chinês),
obtendo, respectivamente, as seguintes respostas: “Tuas desgraças não são tão
grandes, e podes afastá-las por teus próprios esforços” , e “Trabalho sobre o
que se deteriorou tem sublime sucesso”(I Ching, hexagrama 18) .
Com estas mensagens positivas fui trabalhar e, ao cair a tarde voltando
de ônibus para minha residência , acabei me distraindo, não descendo em meu
ponto. Ao me dar conta desta situação, desci no próximo ponto imediatamente

56
57
. Ao caminhar em direção à minha moradia encontrei com uma amiga,
iniciamos uma conversação, e resolvi propor-lhe aulas de filosofia oriental.
Ela disse que adoraria, pois há muito tempo buscava aprofundar-se no tema .
Esta amiga cedeu-me seu apartamento para as aulas, reuniu um grupo de
pessoas interessadas e logo, na semana seguinte, iniciamos um curso . Os
recursos financeiros oriundos do curso permitiram-me dar conta de todos os
meus compromissos. Tal como o sonho e os oráculos tinham indicado, eu
conseguira me safar da problemática em que me encontrava .”
O caso seguinte ocorreu com um militar da Marinha Brasileira:
“Quando eu era mais jovem, freqüentava muito bailes. Num final de
semana , sexta feira, marcara com vários amigos, para irmos juntos de carro
num baile, sábado à noite, numa cidade vizinha . N a noite de sexta feira tive
muitos pesadelos , dos quais não lembro detalhes . Entretanto, o que sei, e que
acordei de madrugada com a firme impressão de que não deveria ir de carro
junto com meus amigos. Não lhes relatei os pesadelos que tive, e alegando
estar passando mal, abri mão da carona, e fiquei em casa no sábado . No
domingo ,quando acordei , descobri a noticia que meus amigos tinham sofrido
um acidente , após o término do baile, na volta para nossa cidade. Felizmente,
ninguém morreu, mas todos ficaram bastante feridos. Graças aos pesadelos eu
tinha escapado de um desastre automobilístico . Deste momento em diante,
passei a respeitar mais meus sonhos e minhas intuições”.
Na antigüidade, a promoção e a interpretação de sonhos orientadores era
prática comum em muitos povos. Hipócrates e Galeno habitualmente
forneciam diagnósticos e terapêutica baseados nos sonhos de seus pacientes.
Inúmeros templos na Grécia e no Egito estimulavam o relato dos sonhos, pois
estes eram considerados mensagens sagradas enviadas à humanidade, a fim de
que ela alcançasse seus propósitos .
O Talmud , livro sagrado judaico, afirma : “ Um sonho não examinado
é como uma carta que não se abriu ”. A arte de interpretar os sonhos, se
perdeu com o passar dos tempos e somente em 1900, com a publicação do
livro “A Interpretação dos Sonhos” por Sigmund Freud, criador da psicanálise,
ela voltou a ocupar espaço na cultura ocidental. Por muito tempo considerada
supertição, a arte de analisar sonhos, começou a ser desenvolvida novamente
no século XX . Segundo Freud, muitos sonhos dizem respeito às preocupações
diárias, e revelam muito pouco sobre os aspectos mais profundos da psique do
sonhador. Entretanto, determinados sonhos “são a estrada real para o
inconsciente”, e apresentan símbolos que são uma representação disfarçada de
desejos reprimidos, ocultando invariavelmente o inaceitável.
O psiquiatra Carl G. Jung aceitava estes aspectos dos sonhos e
acrescentou mais uma dimensão a eles : além de muitos sonhos se originarem
do inconsciente pessoal do paciente, dizendo respeito aos seus problemas

57
58
emocionais cotidianos, às relações interpessoais, ou às experiências do
período infantil, existiam sonhos orientadores que lhe pareciam originar-se do
inconsciente coletivo, a parte da mente humana que deve sua existência
exclusivamente à hereditariedade, e não a experiências pessoais que tenham
sido conscientes em determinado momento, desaparecendo depois da
consciência. Segundo Jung, além de um inconsciente pessoal, fruto de nossas
experiências particulares, possuímos um inconsciente coletivo, que é herdado,
impessoal e comum a todos nós. Uma espécie de depósito das experiências e
conhecimentos de toda a raça humana, sabedoria disponível a qualquer um,
em determinados estados de consciência, sob a forma de sonhos , visões,
coincidências significativas , intuições, pressentimentos, impressões, etc .
Para Jung os sonhos orientadores, dotados de grande sabedoria,
provinham do inconsciente coletivo e podiam ser reconhecidos por sua
numinosidade, ou seja, por marcarem intensa e emocionalmente o sonhador.
Este percebe que o sonho ocorrido não foi um “sonho comum”,que há algo
mais nele, que ele traz uma “mensagem”a ser decifrada .
Conforme Jung, os sonhos orientadores ocorrem em qualquer momento
de nossas vidas, e aumentam de freqüência quando estamos passando por um
período de grande agitação interior e forte tensão emocional , como quando
estamos enfrentando uma séria situação de conflito e dúvidas; atravessando
um período de lutas e dificuldades, vivenciando uma intensa paixão amorosa,
experimentando um momento de felicidade, auto-descoberta e criatividade,
etc.
Aliás o aumento de nosso “clima emocional” também torna mais
freqüente a ocorrência , conosco, de pressentimentos, intuições, “palpites”,
sincronicidades, visões ,telepatia, e outros fenômenos psíquicos e
parapsicologicos promovidos pelo inconsciente coletivo .
A evolução nos fez desenvolver um sentido natural de orientação e
auto-organização que se faz presente automaticamente, quando precisamos de
auxilio e esclarecimento para nossas dificuldades, profissão, saúde,
relacionamentos, desenvolvimento pessoal, realização financeira, etc.
O grande desafio agora, é aprendermos a valorizar este “sexto
sentido”,como faziam nossos ancestrais .

Como Interpretar Seus Sonhos

A respeito dos sonhos marcantes, Jung recomendava que realizássemos


seu cuidadoso registro num diário, e que analisássemos conjuntamente, toda a
série de sonhos registrados . Está série uma vez analisada, iria nos fornecer,

58
59
com mais precisão do que somente um único sonho, a mensagem do
inconsciente coletivo para nós .
Jung considerava errôneo empregar um simbolismo fixo, como aquele
encontrado em livros de sonhos, na interpretação dos sonhos. Para Jung, o
ideal é que cada sonhador interpretasse seus sonhos de acordo com a primeira
impressão que lhe viesse à mente, pois cada pessoa, dado sua experiência de
vida, possui um simbolismo que lhe é particular e que se manifesta espontânea
e imediatamente, ao se analisar os sonhos , conferido-lhes significado.

Cheguem até a borda, disse ele.


Eles responderam: Temos medo .
Cheguem até a borda, ele repetiu.
Eles chegaram .

59
60
Ele os empurrou... e eles voaram .
Guillaume Apollinaire

Por trás da noite... em algum lugar


distante, uma extraordinária madrugada
branca.
Rupert Brooke

Capitulo VII

EXPERIÊNCIAS PRÓXIMAS DA MORTE (EPM)


A ciência investigando se existe vida além da vida.

“ Um homem estava morrendo e, quando chega ao ponto de maior


aflição física ouve seu médico declará-lo morto. Começa a ouvir um ruído

60
61
desagradável, um zumbido alto ou toque de campainhas, e ao mesmo tempo se
sente movendo muito rapidamente através de um túnel longo e escuro. Depois
disso, repentinamente se encontra fora de seu corpo físico, mas ainda na
vizinhança imediata do ambiente físico, e vê seu próprio corpo a distância,
como se fosse um espectador . Assiste às tentativas de ressurreição desse
ponto de vista inusitado em um estado de perturbação emocional .
Depois de algum tempo, acalma-se e vai se acostumando à sua estranha
condição. Observa que ainda tem “corpo”, mas um corpo de natureza muito
diferente e com capacidades muito diferentes das do corpo físico que deixou
para trás. Logo outras coisas começam a acontecer. Outros vêm ao seu
encontro e o ajudam . Vê de relance os espíritos de parentes e amigos que já
morreram e aparece diante dele um caloroso espírito de uma espécie que
nunca encontrou antes- um espirito de luz . Este ser pede-lhe , sem usar
palavras, que reexamine sua vida, e o ajuda mostrando uma recapitulação
panorâmica e instantânea dos principais acontecimentos de sua vida. Em
algum ponto encontra-se chegando perto de uma espécie de barreira ou
fronteira, representando aparentemente o limite entre a vida terrena e a vida
seguinte. No entanto , descobre que precisa voltar a Terra, que o momento da
sua morte ainda não chegou. A essa altura oferece resistência pois está agora
tomado pelas suas experiências no após-vida e não quer voltar . Está agora
inundado de sentimentos de alegria , amor, e paz. Apesar dessa atitude,
porém , de algum modo se reúne ao seu corpo físico e vive .
Mais tarde tenta contar o acontecido a outras pessoas , mas tem
dificuldade em fazê-lo. Em primeiro lugar, não consegue encontrar palavras
humanas adequadas para descrever esses episódios não-terrenos. Descobre
também que os outros caçoam dele, e então pára de dizer essas coisas. Ainda
assim, a experiência afeta profundamente sua vida, especialmente suas
opiniões sobre a morte e as relações dela com a vida .”
Segundo o Dr. Raymond A. Moody Jr, este é um relato-modelo típico
de uma experiência próxima da morte ( EPM), contendo seus principais
elementos. Desde os anos setenta, graças ao desenvolvimento de técnicas
cardiopulmonares de ressuscitamento, consegue-se salvar muito mais
pacientes que estão à beira da morte do que antes era possível. Uma
conseqüência muito interessante desse desenvolvimento tecnológico, é que
vários destes pacientes ressuscitados retornam contando experiências
surpreendentes: Quando estavam sendo declarados clinicamente
“mortos”permaneceram conscientes, deixaram seu corpo físico e num corpo
de outro tipo visitaram o que parecia ser o domínio do pós-vida. Trata-se das
experiências próximas da morte .
Tais relatos tornaram-se tão comuns que por volta da metade da década
de 1970 despertaram a atenção da sociedade e dos meios científicos norte-

61
62
americanos. Logo, inúmeros cientistas estavam investigando o fenômeno.
Entraram em cena pesquisadores como o Dr. Raymond A. Moody Jr. médico
psiquiatra,e filósofo; a Dra.Elizabeth Kluber-Ross, psiquiatra; o Dr. Michael
Sabom, cardiologista; o Dr. Melvim Morse, pediatra , e o Dr. Kenneth Ring,
psicólogo, entre outros .
Destas pesquisas resultaram a publicação de vários livros, a divulgação
de estudos em prestigiosos períodos científicos como o Journal of Psychiatry e
o Journal of Nervous and Mental Disease; a fundação da Associação
Internacional para o Estudo de Experiências Próximas da Morte ( endereço
para contato : Department of Psychiatry, University of Connecticut . Health
Center, Farmington, CT 06032), e o aparecimento do periódico científico
Anabiosis, especifico para a publicação de estudos relativos às E.P.M.s O
Instituto de Pesquisas Gallup divulgou em 1982, que oito milhões de norte-
americanos passaram por uma experiência próxima da morte. Eis alguns dos
impressionantes relatos de EPM obtidos pelo Dr. Raymond A. Moody Jr :
1-“Sofri um ataque cardíaco e me encontrei em um vácuo negro, e aí
soube que tinha deixado para trás o meu corpo físico. Sabia que estava
morrendo e pensei: “Ó Deus, fiz o melhor que eu sabia fazer na ocasião. Por
favor me ajude”. Imediatamente fui sendo movido para fora daquela treva,
através de um cinzento pálido, e fui indo, flutuando e movendo rapidamente, e
bem em frente , ao longe, via uma névoa cinza, e eu estava indo
aceleradamente para lá. Não estava chegando tão rápido quanto queria , e, à
medida que ia me aproximando, dava para ver através dela. Além da névoa,
podia ver bem as pessoas, e as suas formas eram as mesmas que tinham tido
na Terra , e dava para ver também coisas que pareciam construções. Toda a
cena estava permeada da mais encantadora luz - uma luz vívida, de brilho
amarelo-ouro, de cor pálida , e não como o dourado berrante que conhecemos
na Terra. Quando eu me aproximei mais, tive certeza de que ia passar através
da névoa . Era uma sensação tão alegre e maravilhosa que não há palavras que
a possam descrever. No entanto, ainda não tinha chegado a minha vez de
ultrapassar a névoa, e isso porque vindo do outro lado instantaneamente
apareceu na minha frente meu tio Carl, que tinha morrido muitos anos antes.
Ele bloqueou minha passagem dizendo: “Volte. Seu trabalho na Terra ainda
não acabou . Agora volte”. Eu não queria voltar, mas não tinha escolha , e
imediatamente estava de volta ao meu corpo. Senti aquela dor horrível no
peito e ouvi meu filhinho chorando: “Deus, traga a minha mãe de volta”.

2- “Esta experiência ocorreu durante o parto do meu primeiro filho. Lá


pelo oitavo mês de gravidez começou a aparecer o que o médico diagnosticou
como uma condição tóxica, e ele me aconselhou a me internar no hospital,

62
63
onde poderia fazer um parto prematuro. Foi imediatamente depois do parto
que tive uma forte hemorragia, e o médico teve muita dificuldade em detê-la .
Eu sabia o que estava acontecendo, pois , tendo sido enfermeira, compreendia
o perigo. Nesse momento, perdi a consciência , e ouvi um zumbido
desagradável um som ressoante . Quando dei por mim outra vez, parecia que
eu estava em um navio, ou em um pequeno barco navegando para o outro lado
de uma grande extensão de água. Na margem distante eu via todos os meus
entes queridos que já tinham morrido minha mãe, meu pai, minha irmã e os
outros . Podia vê-los, podia ver os seus rostos, assim como eram quando os
conheci na Terra. Pareciam estar me chamando para ir até lá, e o tempo todo
eu estava dizendo : ‘Não, não, ainda não estou pronta para reunir a vocês. Não
quero morrer. Não estou pronta para ir’.
“Bem, foi a mais estranha das experiências, porque todo esse tempo eu
podia ver também os médicos e as enfermeiras trabalhando no meu corpo, mas
era como se eu fosse espectadora, e não aquela pessoa - aquele corpo- na qual
eles estavam trabalhando. Eu estava tentando com todas as minhas forças
comunicar ao meu médico: ‘Eu não vou morrer’, mas ninguém podia me
ouvir. Tudo- os médicos, as enfermeiras, a sala de parto , o barco, a água ,e a
margem distante - era uma espécie de conglomerado só. Misturava tudo, como
se uma cena estivesse superposta à outra.
“Finalmente quando o barco estava alcançando a margem distante, um
pouco antes de chegar, fez meia-volta e começou a retornar. Eu estava
tentando com todas as minhas forças comunicar ao meu médico: ‘Eu não vou
morrer’, mas ninguém podia me ouvir. Acho que foi nesse momento que eu
voltei a mim, e o doutor explicou o que tinha acontecido, que eu tinha tido
uma hemorragia post partum e que eles quase me tinham dado por perdida,
mas que eu ia ficar boa.”

3- “Isto aconteceu quando eu tinha onze anos. Ganhei uma bicicleta


nova, no meu aniversário. No dia seguinte, enquanto passeava com ela, não vi
um carro que se aproximava, e ele me atropelou.
Não me lembro de ter sido atingido, mas , subitamente,estava olhando
para min mesmo. Vi o meu corpo sob a bicicleta, e minha perna estava
quebrada e sangrando. Lembro-me de olhar e de ver os meus olhos fechados.
Eu estava em cima .
Flutuava, cerca de um metro e meio acima do meu corpo, e havia
pessoas em volta. Um homem tentou me ajudar. Uma ambulância chegou.
Estranhei que as pessoas ficassem preocupadas comigo, já que estava ,me
sentindo muito bem . Vi meu corpo sendo colocado na ambulância e tentei

63
64
dizer-lhe que estava bem, mas ninguém me ouviu. Mas eu ouvi o que elas
diziam .
Uma delas disse: “Ajude-o”. E outra: “Acho que ele está morto, mas
vamos tentar salvá-lo”.
A ambulância foi embora e eu tentei seguí-la . Fiquei flutuando acima
dela . Pensei que estava morto . Depois, olhei em volta e vi que estava dentro
de um túnel com uma luz brilhante. Ele parecia subir e subir. Mas cheguei do
outro lado .
Havia muita gente sob a luz, porém não reconheci ninguém. Contei-lhes
sobre o acidente, e me disseram que eu teria de voltar . Disseram que ainda
não era chegada a minha hora de morrer e que eu tinha de voltar para junto do
meu pai, da minha mãe e da minha irmã .
Fiquei sob aquela luz, por muito tempo. Pareceu-me muito tempo. Senti
que todos ali me amavam . Que todos eram felizes. Senti que a luz era Deus.
O túnel girava na direção da luz , como um redemoinho. Eu não sabia porque
estava naquele túnel, nem para onde estava indo . Desejava alcançar aquela
luz. E, quando cheguei lá , não queria mais voltar. Quase que esqueci do meu
corpo.
Enquanto subia pelo túnel, duas pessoas me ajudaram .Eu não sabia
exatamente onde estava, mas desejava chegar até aquela luz, no fim. Elas me
disseram que eu estaria bem e que me levariam para a luz. Podia sentir o
amor emanando delas . Não vi os seus rostos, apenas os seus traços, no
interior do túnel . Assim que alcançamos a luz, pude ver os seus rostos. Isto é
muito difícil de explicar, porque é muito diferente da vida aqui na terra . Não
tenho palavras. Parecia que elas vestiam mantas muito brancas. E tudo estava
iluminado. Elas estiveram comigo o tempo todo .
Então, disseram-me que eu teria de voltar. Atravessei, novamente, o
túnel e fui parar no hospital, onde dois médicos me socorriam . Eles gritavam:
“Jason, Jason”. Vi o meu corpo sobre a mesa e ele parecia azul. Sabia que ia
voltar, porque foi isso que as pessoas sob a luz me disseram .
Os médicos estavam preocupados , mas eu tentava dizer-lhes que estava
tudo bem . Vi um deles colocar um aparelho sobre o meu peito e o meu corpo
estremecer . Mais tarde, depois que acordei, disse ao médico que o vira fazer
aquilo .
“No ano passado , um garoto da minha turma morreu. Ele teve
leucemia. Ninguém queria falar sobre o assunto, mas eu disse que Don está
bem onde está, que a morte não é uma coisa definitiva”.

64
65
Uma aventura do espírito

Existem inúmeras teorias farmacológicas, fisiológicas, neurológicas e


culturais que tentam explicar as EPM’s como um fenômeno psicofisiológico
relacionando-as a disfunções cerebrais, alucinações, ilusões ou fantasias da
imaginação . Entretanto,o vasto corpo de evidencias obtido, e a massa de
dados levantados contraria tais teorias. Sob circunstancias normais, o que quer
que uma pessoa fale, pense, imagine, sonhe ou faça é registrado em seu
eletroencefalograma como uma enorme quantidade de atividade elétrica
cerebral. Mesmo alucinações fantasias e ilusões são registradas pelo cérebro .
Todavia existem muitos casos de pessoas que tiveram uma EPM quando seus
eletroencefalogramas estavam horizontais, indicando ausência de atividade
elétrica cerebral. Se suas EPM’s fossem simplesmente fantasias, alucinações
ou imaginação, teriam sido registradas .
Outro fato que contraria essas teorias acima mencionadas, são as EPM’s
ocorridas com pacientes cegos que não possuem nenhuma percepção de luz .
Eles podem ver e descrever exatamente o que está ocorrendo a sua volta,
quando deixam seu corpo durante uma EPM. Em seu livro On Children and
Death” a Dra Elizabeth Kluber-Ross afirma sobre os cegos: “Para nosso
assombro eles eram capazes de descrever a cor e o desenho das roupas e das
jóias que as pessoas presentes usavam” . O Dr. Raymond A Moody Jr. em sua
obra “The Light Beyond”, narra os seguintes casos que na sua opinião,
sugerem que as EPM’s estão mais para uma “aventura do espírito” que para
alguma forma de ilusão ou alucinação :
1-“Em Long Island, uma mulher de setenta anos cega desde os dezoito,
foi capaz de descrever, com detalhes vívidos, o que aconteceu , enquanto os
médicos tentavam ressucitá-la de um ataque do coração . Ela conseguiu dar
uma boa descrição dos instrumentos que foram utilizados , e até mesmo de
suas cores.
E o mais surpreendente para mim é que a maioria daqueles instrumentos
sequer fora concebida na época em que ela ainda podia ver, havia cerca de
cinqüenta anos . Além de tudo isso, ela ainda disse ao médico que ele usava
um jaleco azul quando começou a ressucitá-la”.

2- “Um homem de quarenta e nove anos teve um ataque cardíaco tão severo
que, após vinte minutos de vigorosos esforços de ressucitamento, o médico
desistiu e começou a preencher o atestado de óbito . Então, alguém percebeu
um sinal de vida, o médico prosseguiu no seu trabalho com o aparelho de
ressuscitamento, e conseguiu fazer o coração do homem funcionar novamente.

65
66
No dia seguinte , quando já estava mais lúcido, o paciente foi capaz de
descrever, com grande riqueza de pormenores, o que aconteceu na sala de
emergência. Isto surpreendeu o médico. Mas o que o deixou ainda mais
espantado, foi a vívida descrição que o paciente deu da enfermeira que entrou,
às pressas, na sala para ajudá-lo .
Descreveu-a perfeitamente, inclusive a forma do penteado, e ainda disse
o seu sobrenome, Hawkes. Contou que a viu empurrando um carrinho pela
sala, com uma máquina que parecia ter duas raquetes de pingue-pongue em
cima ( um eletrochoque, o equipamento básico de ressuscitamento).
Quando o médico lhe indagou como sabia o sobrenome da enfermeira e
o que ela fizera durante o seu ataque de coração o homem respondeu que tinha
abandonado o seu corpo, e enquanto caminhava para o salão de espera , para
ver sua espôsa - atravessara o da enfermeira Hawkes. Leu seu nome no crachá,
ao passar por dentro dela, por isso lembrou-se de agradecê-la, mais tarde .
Conversei muito longamente com o médico sobre este caso. Ele parecia
bastante desconcertado . O homem somente poderia ter relatado tudo isso,
com tamanha precisão, disse ele, se realmente tivesse estado lá”.

3- “Outro caso espantoso, que indica que as EPM são algo mais do que
meras ilusões mentais, me foi contado por um médico de Dakota do Sul .
Certa manhã, quando dirigia para o hospital, ele bateu na traseira de um
carro. Isso deixou-o muito aborrecido e preocupado . As pessoas no carro
atingido poderiam alegar algum dano físico e processá-lo por isto, exigindo
uma grande soma de dinheiro .
O acidente fez com que ficasse profundamente perturbado, e foi neste
estado de espírito que ele, mais tarde, entrou na sala de emergência, para
ressuscitar uma pessoa que estava tendo uma parada cardíaca .
No dia seguinte , o homem a quem socorrera contou-lhe uma história
incrível : “Enquanto o senhor trabalhava, deixei o meu corpo e observei o que
fazia”.
O médico principiou a perguntar sobre o que ele tinha visto e ficou
surpreso ao verificar a acuidade da descrição . Com pormenores precisos, o
homem contou-lhe como eram os instrumentos e até mesmo em que ordem
foram usados. Descreveu as cores dos aparelhos , seus formatos, e também os
mostradores das máquinas .
Mas o que, finalmente , convenceu o jovem cardiologista de que a
experiência do homem era genuína foi ele ter dito: “Doutor, sei que o senhor
está preocupado com aquele acidente. Mas não existe razão alguma para se
preocupar com coisas como esta. O senhor dedica o seu tempo em benefício
de outras pessoas. Ninguém irá prejudicá-lo”.

66
67
Este paciente não apenas apreendeu os detalhes físicos à sua volta, mas
também leu a mente do médico” .

4- “Após uma conferência para médicos, em uma base do exército


americano, em Fort Dix, Nova Jersey, um homem aproximou-se de mim e
contou-me sua notável EPM. Confirmei sua história , depois, com os médicos
que o atenderam .
‘Eu estava terrivelmente doente, com problemas cardíacos, ao mesmo
tempo em que minha irmã se encontrava em coma diabético em outra parte do
mesmo hospital . Deixei o meu corpo e fui para o alto da sala, onde fiquei
observando os médicos trabalharem .
De repente, dei-me conta de que conversava com minha irmã, que ela
estava lá em cima, junto comigo. Nós éramos muito ligados, e ficamos
conversando sobre o que acontecia lá embaixo, até que ela começou afastar-se
de mim.
Tentei seguí-la, mas ela me disse para permanecer onde estava. “Ainda
não é sua hora”, disse ela. “Você não pode ir junto comigo, porque ainda não
é sua hora”. Então , foi se afastando cada vez mais, desaparecendo numa
espécie de túnel, e eu fiquei lá, sozinho .
Quando acordei, disse aos médicos que a minha irmã tinha morrido.
Eles negaram, mas como insistisse, mandaram uma enfermeira verificar. Ela
realmente havia morrido, como eu já sabia.’
Estes são apenas uns poucos casos que, para min, provam que as EPM
são algo mais do que simples alucinações ou “sonho maus”. Não existe uma
explicação lógica para as experiências dessas pessoas. Mesmo admitindo-se
que as visões de túneis e de seres de luz possam ser taxadas de meras “ilusões
mentais”, restam as experiências de separação do corpo, que são capazes de
deixar desconcertado o mais cético dos médicos .

Como os pacientes podem apresentar relatos tão elaborados e


detalhados de seus ressuscitamentos, explicando tudo o que os médicos
fizeram para salvar suas vidas ?
Como tantas pessoas podem contar o que aconteceu em outras
dependências do mesmo hospital , enquanto seus corpos estavam sendo
ressuscitados na sala de operações ?
Para o Dr. Moody Jr , “Estas são as duas questões mais difíceis a que os
pesquisadores devem responder. Na realidade, até o presente momento, parece
ser impossível explicar essas experiências, exceto de uma única maneira :
Admitir que elas realmente ocorreram (...) Estou convencido de que as pessoas

67
68
que vivenciam uma EPM tem realmente um vislumbre do além, realizam uma
breve passagem por uma outra realidade.”
Outro famoso pesquisador de EPM, o médico pediatra Dr. Melvim
Morse tem a mesma opinião :
“Nas escolas de medicina, ensinam-nos a tentar encontrar as
explicações mais simples possíveis para os problemas médicos. Após ter
examinado todas as outras explicações para as experiências próximas da
morte, penso que a mais simples de todas é aquela que afirma serem elas, na
verdade, vislumbres do mundo do além. E por que não ? Li praticamente
todas as enroladas explicações psicológicas e fisiológicas para as EPM, e
nenhuma delas me pareceu inteiramente satisfatória”.
Michael Talbot, autor de The Holographic Universe, e estudioso do
fenômeno EPM afirma :
“Em resumo, quando todos estes dados são considerados juntos - a
natureza difundida da EPM, a ausência de características demográficas, a
universalidade da experiência essencial, a capacidade dos que vivem uma
EPM de ver e saber coisas que não têm nenhum meio sensorial normal de ver
e saber, e a ocorrência de EPM em pacientes que têm eletroencefalogramas
horizontais - não se pode escapar da conclusão: as pessoas que têm EPM não
estão sofrendo alucinações ou fantasias da imaginação, mas estão , na
verdade, fazendo visitas a um nível inteiramente diferente da realidade .”
Como resultado de suas pesquisas de 1981, até Geoge Gallup Jr.,
presidente das Pesquisas de Opinião Gallup, concorda : ‘Um número crescente
de pesquisadores juntou e avaliou os relatos daqueles que tiveram estranhos
encontros próximos da morte. E os resultados preliminares foram altamente
sugestivos de que há algum tipo de encontro com um domínio
extradimensional da realidade . Nossa própria pesquisa extensiva é o mais
recente destes estudos, e também está descobrindo algumas tendências que
apontam na direção de um superuniverso paralelo, seja de que tipo for .”

As experiências próximas da morte na história

As Experiências Próximas da Morte parecem ser um fenômeno


universal. Encontramos relatos sobre o assunto em diversas culturas e em
várias épocas . As EPM’s são descritas com apurada precisão tanto no livro
Tibetano dos Mortos (sec.VIII) como no livro Egípcio da Morte ( sec. V Ac) .
No livro X de A Republica , Platão ( 428 a 348 Ac .) nos conta um

68
69
interessante caso de EPM ocorrido com um soldado grego chamado Er,que
voltou à vida quando se encontrava na pira fúnebre, após ser considerado
morto .É impressionante, como a história de Er guarda semelhança aos relatos
que estamos obtendo atualmente . Segundo o Dr. Raymond Moody Jr..
“Er partiu para uma batalha na qual muitos gregos foram mortos, e,
quando seus compatriotas foram recolher os corpos dos seus mortos de guerra,
o corpo de Er estava entre eles. Jazia, ao lado de todos os outros, sobre a pira
funerária para ser incinerado. Depois de algum tempo seu corpo reviveu e Er
descreveu o que tinha visto em sua viagem ao reino do além . Primeiro de
tudo, conta Er, sua alma saiu de seu corpo e reuniu-se a um grupo de outros
espíritos, e foram a um lugar onda havia “aberturas”ou “passagens”que
aparentemente conduziam da Terra para os reinos depois da morte . Aqui as
outras almas foram detidas e julgadas por seres divinos, que podiam ver num
relance , em uma espécie de exibição, todas as coisas que a alma tinha feito
enquanto estava na vida terrena . Er, entretanto, não foi julgado, e os seres
disseram que ele deveria voltar e informar aos homens do mundo físico a
respeito de como era o outro mundo .
Pouco antes de regressar ele viu almas que estavam sendo preparadas
para nascerem para a vida :
“Todas elas viajavam pela Planície do Esquecimento, sob um calor
terrível e sufocante, pois não havia árvores ou plantas; e ali acampavam ao
anoitecer, à margem do Rio do Olvido, cujas águas nenhum recipiente é capaz
de conter . Tinham que beber um pouco da água e, aqueles que não eram
salvos pelo bom senso, bebiam além da medida. E, ao beber , cada uma se
esquecia de todas as coisas. Depois que adormeciam e a noite avançava, soava
o estrondo de um trovão e a terra tremia . Então, elas eram levadas pelo ar,
cada uma em direção diferente, como estrelas cadentes, até seu local de
nascimento . Er disse que não lhe permitiram beber daquela água . Não
obstante, declarou-se incapaz de explicar como e de que forma retornara ao
seu corpo, mas , repentinamente, recuperou a visão e viu-se deitado na pira
fúnebre.”

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo faz afirmações


interessantes, características de alguém que ouviu ou passou por uma EPM :
“Mas dirá alguém: Como ressuscitarão os mortos? E em que tipo de
corpo virão? (...) Há corpos celestes e há corpos terrestres....Assim também é
a ressurreição dos mortos (...) é semeado um corpo animal, ressucitará um
corpo espiritual (...). Eis que vos digo um mistério: Na verdade, nem todos
dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e
fechar de olhos, ao som da ultima trombeta, porque a trombeta soará; e os

69
70
mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Pois é
necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade , e que
este corpo mortal se revista da imortalidade. Mas quando este corpo mortal se
revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que esta escrita:
“Tragada foi a morte na vitória. Onde esta ó morte, a tua vitória? Onde está, ó
morte, o teu aguilhão ?

É necessário que me glorie, embora não convenha, mas farei agora


menção dos visões e revelações do Senhor . Conheço um homem em Cristo, o
qual há quatorze anos ( não sei se foi no corpo, se fora do corpo, Deus o sabe)
foi arrebatado até o terceiro céu. Sim , conheço o tal homem ( se foi no corpo,
ou separado do corpo, não o sei; Deus o sabe), que foi arrebatado ao Paraíso,
e ouviu palavras inefáveis, as quais não é licito a um homem proferir.”
I Coríntios 15, 35 a 55 e II Corintios 12,1 a 4

O ser de luz

O elemento mais comum das experiências próximas da morte é,


certamente o elemento que tem o mais profundo efeito sobre as pessoas,é o
encontro com o “Ser de Luz”. Ele emana um amor, um calor, uma aceitação
incondicional indescritíveis para as pessoas que estão morrendo. Esta
profunda experiência transpessoal é tão marcante que aqueles que passam por
uma EPM voltam transformados demonstrando a ocorrência de um profundo
processo de auto-reorganização física, mental e emocional . Eis alguns relatos
obtidos por Moody Jr .
1-“Eu me levantei e fui até o vestíbulo beber água, e foi então, como
eles descobriram mais tarde, que meu apêndice supurou. Fiquei muito fraco e
caí . Comecei a me sentir como que vagando, um movimento do meu ser real
para dentro e para fora do meu corpo, e a ouvir uma linda música . Flutuei
pelo hall e para fora da porta até a varanda. Lá começou a se juntar uma névoa
cor-de rosa, parecia quase como uma nuvem, em volta de mim, e aí flutuei
através da cerca como se ela não existisse e fui subindo até essa luz pura e
clara como cristal, uma luz, uma luz branca que iluminava . Era linda e
brilhante, tão radiante, mas não ofuscava meus olhos . Não é uma espécie de
luz que se possa descrever na terra. Não cheguei propriamente a ver ninguém
nessa luz, e, no entanto, ela possuía certa identidade, mesmo . É uma luz de
perfeito amor e perfeita compreensão.

70
71
“Me veio à mente o pensamento : “Vós me amais?” Não era bem na
forma de uma pergunta, mas acho que a conotação do que a luz disse era: ‘Se
você me ama, volte e complete o que começou na vida .’ E durante todo esse
tempo eu me sentia como se estivesse rodeado de uma plenitude de amor e
compaixão .
2-“Eu sabia que estava morrendo e que não havia nada que pudesse
fazer, porque ninguém me ouvia.... Eu estava fora do meu corpo, não há
dúvida sobre isso, porque podia ver o meu corpo lá na mesa de operação.
Minha alma estava fora ! Tudo isso me fez sentir muito mal no início, mas
depois veio aquela luz bem brilhante. Parecia inicialmente um tanto frouxa;
depois, era um feixe enorme. Era só uma quantidade enorme de luz, não tinha
nada de parecido com o facho de luz de uma lanterna, era só luz, luz demais. E
me dava calor; eu sentia uma sensação de quentura .
“Era uma luz brilhante, branco-amarelada, mais para o branco. Tinha
um brilho imenso; mas não dá para descrevê-la. Parecia que ela cobria tudo,
embora não me impedisse de ver ao redor de min - a sala de operação, os
médicos e enfermeiras, tudo. Dava para ver claramente e a luz não ofuscava .
“No começo, quando veio a luz, eu não sabia bem o que estava
acontecendo, mas aí ela perguntou- me perguntou assim- se eu estava pronto
para morrer . Estava falando como se fosse uma pessoa, mas não havia pessoa
alguma. Era a luz que estava falando, mas só uma voz.
“Agora, acho que a voz que estava falando comigo sabia mesmo que eu
não ia morrer. Sabe, ela estava, mais me testando do que qualquer outra coisa.
Mas, no momento em que a luz falou comigo, me senti realmente bem- segura
e amada. O amor que vinha dela é inimaginável, indescritível. Era uma pessoa
agradável para ter junto da gente! E tinha também senso de humor , se tinha !”
No Brasil, o Doutor em psicologia Pierre Weil, conduziu uma pesquisa
sobre o assunto . Comentando o fenômeno da Experiência de Saída do Corpo
(ESC) em seu livro “As Fronteiras da Evolução e da Morte”, afirma que “o
mesmo fenômeno é descrito por inúmeras pessoas que tiveram morte clínica e
foram reanimadas por processos médicos”. Reporta-se então a uma
investigação que conduziu na Universidade Federal de Minas Gerais com a
ajuda de estudantes da cadeira de Psicologia Transpessoal, sobre relatos
obtidos em estado de consciência cósmica, tais como sono, meditação, drogas
e psicose.Neste estudo havia também um grupo de relatos de experiências
próximas da morte, com oito casos colhidos no Brasil e trinta e cinco na
literatura estrangeira. Foram examinados mais de seis mil frases, e
classificadas em mais de cem categorias diferentes. No caso específico das
EPM’s , a característica mais freqüente foi o encontro com seres em outra
dimensão ( parentes falecidos, amigos , seres desconhecidos , mestres) a qual
correspondem a 67,44% dos relatos. Ainda 62,79% dos casos descreveram a

71
72
visão de uma luz indescritível, 53,48% experimentaram a experiência de saída
do corpo físico, 30,23% comunicaram-se com um ser em outra dimensão e
25,58% perderam totalmente o mêdo da morte.

As EPM’s estão ocorrendo debaixo de nossos narizes

Não somente as EPM’s são incríveis, mas muitas vezes a forma como
os investigadores se interessam por estudá-las também é impressionante.
Vejamos por exemplo o caso do Dr. Michael Sabom, autor do livro
Recollections of Death : a Medical Investigation. A primeira vez que o Dr.
Sabom ouviu falar das EPM’s foi através de sua amiga , a assistente social
Sarah Kreutziger . Como médico cardiologista jamais ouvira qualquer de seus
pacientes mencionar tais experiências. De qualquer maneira, resolveu indagar
de outros colegas médicos se algum deles tinha ouvido falar das EPM’s .
Nenhum deles tinha. Mas quando decidiu conversar com seus paciente a coisa
foi diferente. A respeito disto Sabom nos conta: “Perguntei a vários dos meus
pacientes, e fiquei espantado ao descobrir que um grande número deles as
experimentara. Foi muito desconcertante verificar que aquelas experiências
estavam ocorrendo bem debaixo dos nossos narizes, com pessoas que estavam
sob os nossos cuidados, e que ignorávamos tudo . Ficamos tão intrigados com
o assunto que decidimos realizar um estudo sobre as EPM’s (...) entrevistamos
cerca de cento e vinte pessoas (...)então, formou-se o núcleo do livro que
escrevi”.

EPM’s e Transformações Pessoais

Existe um denominador comum a todas as experiências próximas da


morte: elas transformam as pessoas . O Dr. Raymond A. Moody Jr. identificou
vários tipos de mudanças possíveis de ocorrerem com pessoas que tenham
passado por uma EPM. Entre outras citamos:
- Valorização do amor e do conhecimento - quando retornam, quase todas as
pessoas afirmam que o amor é a coisa mais importante da vida, sendo seguido
de perto pela aquisição de conhecimentos . Ambos, amor e conhecimentos,
devem estar a serviço daqueles que necessitarem, e também serem
empregados no crescimento pessoal .
- Eliminação do medo da morte .
- Sensação contínua de que tudo no universo é interligado .
- Sensação de contrôle pelo rumo de suas vidas
- Valorização da vida e do viver

72
73
- Busca crescente de espiritualidade
- Sensação de que o universo é amigo , benevolente e seguro .

O valor terapêutico das EPM’s

O desenvolvimento filosófico e cientifico dos últimos quatro séculos


criou uma sociedade competitiva e materialista, onde as pessoas de sentem
inseguras, solitárias e insignificantes .
Valores e estruturas estabelecidas se desmoronam, o futuro torna-se
imprevisível . Há uma sensação persistente de desamparo, de fracasso pessoal
e de falta de contrôle. Sentimo-nos um joguete das circunstâncias numa
sociedade em transformação contínua e acelerada. Percebemos claramente que
nosso bem estar é ameaçado continuamente, e que não estamos conseguindo
realizar nossos projetos pessoais. É a era dos grandes feitos tecnológicos, e
também é a época da ansiedade, da depressão e da raiva . Para nós sentirmos
melhor, iniciamos todo tipo de manobras defensivas, desde maior intimidade
sexual, maior agressividade, fumar, comer e beber em excesso, abusar de
drogas até a busca continua de novidades, excitação, poder e prestígio, para
compensarmos a insegurança corrosiva, e a sensação de desamparo, abandono
e isolamento que sentimos . Tudo isto é um terreno fértil para o
desenvolvimento das doenças físicas e mentais .
As experiências próximas da morte, quer as experimentemos, ou delas
tomemos conhecimento, nos auxiliam a resgatar o sentimento de que
habitamos um lugar seguro em que podemos nos desenvolver plenamente
como sêres humanos . Desaparecem os sentimentos de carência e desnutrição
emocional e espiritual .
O vislumbre de que existe algo maior do que nós, amparando-nos e
unificando todo o universo, é psicologicamente central à experiência humana .
Nutre a nossa psique , cura a nossa sensação de separação, falta e isolamento,
além de reconstituir a nossa alma.É um processo terapêutico auto-
organizador! O psiquiatra Stanislav Grof, um dos fundadores da psicologia
transpessoal, afirma em seu livro “Beyond The Brain” :
“De acordo com novos dados, a espiritualidade é uma propriedade
intrínseca da psique que emerge, quase espontaneamente, quando o processo
de auto-exploração alcança profundidade suficiente. Uma confrontação
experiêncial direta com os níveis perinatais e transpessoais do inconsciente, é
sempre associada a um despertar espontâneo de uma espiritualidade bastante
independente das experiências infantis do indivíduo, da programação religiosa,
da filiação a determinada religião, e mesmo de um background racial e
cultural. O indivíduo que se conecta com esses níveis da psique desenvolve,
automaticamente, uma visão nova do mundo em que a espiritualidade

73
74
representa um elemento natural, essencial e absolutamente vital da existência.
Segundo minha experiência, transformações desse tipo têm ocorrido em
grande número de indivíduos, incluindo ateus inflexíveis, céticos, cínicos,
filósofos marxistas e cientistas de orientação positivista .
À vista desse fatos, um enfoque ateísta, mecanicista e materialista do
mundo e da existência, reflete uma alienação profunda do âmago de um ser,
falta de verdadeira autocompreensão, e repressão psicológica dos campos
perinatais e transpessoais da própria psique. Significa também que o indivíduo
em questão se identifica unilateralmente com apenas um aspecto parcial de
sua natureza; aquele caracterizado pelo ego-corpo e pelo modelo hilotrópico
de consciência (orentado materialmente). Tal atitude , truncada em relação a si
mesmo e à existência é, em última análise, repleta de um sentido de futilidade
da vida, alienada do processo cósmico, repleta de necessidades insaciáveis ,
impulsos competitivos e ambições que nenhuma conquista pode satisfazer.
Numa escala coletiva , tal condição humana leva `a alienação da natureza, a
uma orientação para “crescimento ilimitado”e a uma obsessão por objetivos e
por parâmetros quantitativos da existência. Essa maneira de ser no mundo é
basicamente destrutiva: autodestrutiva tanto para o indivíduo quanto para os
planos coletivos.
O potencial terapêutico de experiências que têm qualidade espiritual
ultrapassa qualquer coisa acessível que esteja em conexão com manipulações
focalizando material biográfico. Qualquer sistema conceitual ou técnica de
psicoterapia que não reconheça e não utilize os domínios perinatais e
transpessoais da psique, apresentam uma imagem incompleta e superficial dos
seres humanos e, além disso, priva a si, e aos clientes, de poderosos
mecanismos de cura e transformação da personalidade .”
. . .

“Os psiquiatras que aderem ao modelo estritamente biográfico dos seres


humanos não podem imaginar a força transformadora associada às
experiências perinatais ou aos estados transpessoais da consciência .
. . .

Um conceito estritamente pessoal do inconsciente, limitado a elementos


biográficos explicáveis, não é apenas menos eficaz e de valor limitado, mas é,
em última análise, antiterapêutico” .
Durante muito tempo experiências místicas como as EPM foram
consideradas patológicas. Hoje percebemos que elas tem potencial para
conduzir à auto-realização , a auto-organização, e ao crescimento pessoal .

74
75
A espiritualidade é uma força vital na existência humana. Atender às
dimensões e impulsos espirituais da psique, é essencial para a manutenção de
nossa saúde e bem estar .

“Até que você se comprometa com algo existirá a hesitação, a

oportunidade de retroceder, sempre a ineficácia. Relacionada com todos os

atos da iniciativa ( e criação) , existe uma verdade elementar, cuja ignorância

mata incontáveis idéias e esplêndidos planos :No momento em que você se

compromete definitivamente, a Providencia se movimenta também e toda

espécie de coisas ocorrem para ajudar, coisas que de outra forma não teriam

ocorrido. Um torvelinho de acontecimentos ocorre após a decisão, levantando

a seu favor todos os incidentes, encontros e assistência material imprevistos,

acerca dos quais nenhum homem poderia ter sonhado que viriam dessa
maneira.
Aprendi a ter grande respeito pelos versos de Goethe :

“Seja lá o que você possa fazer, ou sonhar que pode fazer, comece . A

75
76
ousadia tem gênio, força e magia em si mesma”

W.H. Murray, A Expedição Escocesa ao Himalaya

Capitulo VIII

CONHECENDO A NATUREZA DA REALIDADE

Há muito tempo em um país distante, havia um imperador que tinha


como conselheiros seis homens muito sábios que eram cegos .
Chegou à corte uma notícia de que em uma cidade nos limites do reino
tinha aparecido um animal desconhecido, chamado elefante. O imperador
então mandou seus conselheiros irem lá para examinarem o estranho
animal e depois lhe darem sua descrição. Os sábios foram e , alguns dias
depois, voltaram :
--- Imperador, o elefante é como um grande barril suspenso sobre o chão ,
disse o primeiro cego que tinha apalpado a barriga do elefante por baixo .
--- Não é nada disto, é como um tronco de árvore, disse o segundo cego,
que tinha abraçado a perna do animal .
--- Vocês estão enganados, o elefante se parece com uma cobra, disse o
terceiro cego, que tinha pegado a tromba .
O quarto cego, que tinha tocado em uma de suas presas disse estar convencido
de que o elefante se assemelhava a uma espada . O quinto cego, que tinha
tocado as orelhas , declarou que o elefante era muito parecido com um leque .

76
77
O sexto cego tinha lhe puxado o rabo, e disse meio envergonhado ao Impera-
dor :
--- O elefante é como uma corda pendurada no alto, e quando a puxamos,
cai um monte de sujeira em cima da gente....

Qual é a natureza ultima da realidade ?


Místicos de todas as épocas e tradições, tanto do oriente como do
ocidente sempre enfatizaram a unidade básica do universo, e uma concepção
holística do cosmos .
Para eles, todas as formas animadas e inanimadas, e todos os
acontecimentos, são considerados aspectos ou manifestações de uma realidade
mais fundamental, sendo completamente inter-relacionados entre si e
permeados de vida e espiritualidade . Esta realidade última, insondável,
inteligente, criadora do espirito e da matéria, unificadora de todas as coisas, é
chamada por vários nomes: Tao, Sunyata, Deus, etc.Nesta concepção não há
separação entre espiritualidade e matéria. O homem se sente seguro e parte da
natureza. Não se distingue a ciência da filosofia, da religião, da arte e do
cotidiano . Habita-se um universo vivo, inteligente, orgânico, material e
espiritual simultaneamente. Há um senso de sagrado por toda a parte .
A natureza ultima da realidade, fonte de toda a diversidade, pode ser
experimentada mediante o ingresso em determinados estados alterados de
consciência, como a oração , a meditação, a visualização e o êxtase .
Contudo , tal experiência gratificante possui uma natureza inefável, não
podendo ser adequadamente descrita. Foi este fato que levou Lao Tsé, sábio
chinês, a afirmar “Aquele que conhece não fala, aquele que fala não sabe”
( Tao Te King, poema 56) . A filosofia dos antigos gregos da Escola Jônica do
Sec. V A.C. ( Tales, Anaximandro, Anaximenes, Heráclito, Empédocles), bem
como a sabedoria dos mestres hinduistas, budistas e taoistas também se
encontram de acordo com toda esta perspectiva. A partir do sábio grego
Parmênides ( 530-460 a.C. ), se inicia a formação de uma concepção diferente
de universo, que considerava uma substancia material, o átomo indivisível, a
natureza última da realidade.Trata-se de uma perspectiva materialista e
mecanicista de universo que alcançará o seu apogeu no sec XIX de nossa era:
o paradigma cartesiano newtoniano .
Parmênides considerou o Ser a fonte criadora de todas as coisas, o qual
seria distinto e separado da matéria. Essa concepção dualista foi aprofundada
pelos atomistas gregos, principalmente por Demócrito ( 460 a 370 A.C.)
Na cidade de Abdera ( 400 A.C. ), encontramos o filósofo Demócrito
refletindo sobre a constituição do universo . Lembrava-se dos ensinamentos de
Leucipo, que propunha a existência de uma substancia fundamental
indestrutível como base de todas as coisas . Sua memória também o remetia a

77
78
Heraclito e sua famosa afirmação : “Nenhuma pessoa se banha duas vezes no
mesmo rio”, indicando com isso que todas as coisas do universo estão em
contínuo processo de mudança . Subitamente, Demócrito teve uma certeza : a
matéria e o espirito deveriam ser constituídos por pequeninos blocos de
construção indestrutíveis a que deu o nome de átomos . Para ele a natureza
última era de origem, espiritual , entretanto todas as coisas materiais eram
constituídas por átomos. O s átomos seriam os blocos básicos de construção
da matéria. Tudo o que existe seria composto por suas inúmeras combinações.
Os átomos, indivisíveis, moviam-se no vácuo, impulsionados por forças
espirituais.
Essa concepção se manteve durante toda a idade média e veio a se
fortalecer com a revolução cientifica dos séculos XVI e XVII . Na Europa foi
a época do aparecimento de grandes sábios como Copérnico, Kepler, Galileu,
Bacon, Descartes, Hobbes, Locke e Newton .
René Descartes ( 1596- 1650), fundador da racionalismo moderno,
reafirmou de maneira sofisticada a separação entre espírito e matéria,
considerando todo o universo material uma grande máquina criada por Deus .
Isaac Newton ( 1642-1727), fundador da mecânica clássica, manteve a
concepção de átomo sólido e indivisível de Democrito, acrescentando que
seus movimentos eram devido à gravidade e não à forças de origem espiritual.

O retorno ao sagrado

Ambos , Descartes e Newton, consideravam Deus a realidade última;


todavia, devido ao próprio conhecimento cientifico desenvolvido por estes
sábios, muitos dos cientistas que se seguiram, consideraram o universo e a
vida perfeitamente explicáveis do ponto de vista material . O conceito de Deus
ou de forças espirituais não era necessário, segundo eles, para se entender a
criação. O átomo sólido, material, indivisível era a realidade última,
constituinte de todas as coisas . Era o auge do paradigma cartesiano-
newtoniano . No século XX, o desenvolvimento cientifico nos levou a superar
essa visão de mundo materialista e mecanicista, a medida que nos demonstrou
experimentalmente que o átomo material não era a realidade última de todas
as coisas . Tal superação está nos conduzindo a uma concepção de vida e
universo muito semelhante, à dos antigos sábios gregos e orientais , que
tinham os abandonado nos últimos 400 anos. É o retorno, a volta do
paradigma holistico.
Em 1919, o físico inglês Ernest Rutheford, bombardeou átomos com
radiação, conseguindo dividí-los, provando experimentalmente que o átomo
não é menor partícula constituinte da matéria. Seu interior é constituído de

78
79
unidades ainda menores, as partículas subatômicas. Evidenciava-se um novo
campo de estudo, a física das partículas, também conhecida como física
quântica . A partir da década de 1920, um grupo internacional de físicos, a
partir da teoria quântica de Max Planck, entre eles Albert Einstein, Max Born
e Werner Heisenberg, da Alemanha; Paul Dirac, da Inglaterra ; Louis de
Broglie, da França; Erwin Schrodinger e Wolfgang Pauli, da Austria, e Niels
Bohr da Dinamarca, desenvolveram um programa de cooperação para
investigar e conhecer melhor o mundo subatômico . As descobertas iniciadas
neste fascinante período da história da ciência transformaram, definitivamente,
nossa visão de mundo . No decorrer dos anos a pesquisa da física quântica
demonstrou que inexistia uma partícula material básica que constituísse todo o
universo, como imaginavam Demócrito e Newton . O paradigma cartesiano-
newtoniano fora mortalmente abalado em seu cerne. Desde então foram
descobertas centenas de partículas subatômicas, entre elas o Fóton, os Quarks
e os Léptons, que por meio de uma rede infinita de interconexões estruturam
toda a matéria conhecida. Até mesmo o termo partículas, é inadequado para
descrever a constituição do mundo subatômico, pois dá a entender que elas
são constituídas por alguma matéria solida, o que não é a realidade . Como
Fritjof Capra, doutor em física nuclear, nos ensina, “os átomos consistem em
partículas e essas partículas não são feitas de qualquer substancia”. As
partículas subatômicas não parecem ser sólidas ou existir com certeza em
lugares definidos, uma vez que a observação humana interfere na maneira
como elas se comportam . Dependendo de como as observamos , elas podem
ser consideradas partículas ou ondas ( freqüência).

Como usar a mente para modificar a realidade: o portal da consciência

As partículas subatômicas surgem do nada, somente têm tendência a


existir, e só podem ser identificadas dentro de um contexto de relações com as
demais partículas, não podendo ser observadas isoladamente . O físico inglês
Paul Dirac afirmou “Toda a matéria é criada a partir de algum substrato
imperceptível... um nada inimaginável e indetectavel. Mas há uma forma
peculiar do nada a partir da qual toda a matéria é criada”. Este estado de não-
existência, fonte suprema de todas as coisas, é um misterioso vazio fecundo.
Um campo auto-organizador inteligente que coordena todo o universo. As
partículas subatômicas entram e saem continuamente deste nada criador . Um
aviso : não se trata do modo pelo qual a matéria e a energia se transformam
uma na outra, mas de algo muito mais intrigante. As partículas subatômicas
surgem para a existência vindas do nada e saem da existência entrando neste
vazio. Este é o modo como funciona o universo !
Com este nada pleno e criador, o mistério voltou , de uma forma

79
80
imprevisível, a fazer parte de nossa visão científica do mundo . O paradigma
cartesiano-newtoniano, fundamentado na realidade ultima do átomo material
solido e indivisível, demonstrou-se inconsistente, equivocado e ultrapassado .
Por meio de experimentos de grande precisão matemática e sofisticação
física ultrapassamos a visão materialista e mecanicista do universo,
readquirindo uma perspectiva holística e sistêmica . É o retorno do sagrado.
Nesta nova ( e antiga ) perspectiva, habitamos universo participativo, que é
concebido como uma teia infinita de eventos dinâmicos interrelacionados,
conectados de forma instantânea por meio das chamadas conexões não-locais.
Isto significa que cada coisa no universo é afetada instantaneamente pelas
demais e, ao mesmo tempo, as influencia . Tal fato também vale para nossa
consciência: nossa mente influencia e modifica os níveis fundamentais do
universo, o mundo das partículas subatômicas. Este fenômeno, teorizado no
célebre Princípio da Incerteza de Heinsenberg, foi comprovado
experimentalmente , dando-lhe um Prêmio Nobel .
Neste ponto surge uma indagação interessante: até onde podemos com a
nossa consciência influenciar e modificar a matéria ? O físico inglês David
Bohm, com sua teoria holográfica da ordem implícita e explicita, fornece-nos
um quadro muito rico a respeito dessa questão. Ao vazio pleno, criador da
matéria , da consciência e das leis físicas, Bohm chama ordem implícita .
Criou o termo holomovimento, para designar o incessante vai- e vem que
permite o aparecimento e o desaparecimento da matéria em nosso nível de
existência .
A tudo o que se origina da ordem implícita, e que se manifesta como o nosso
universo e consciência, denominou ordem explícita. Para Bohm, a mente
“pode operar diretamente nas profundezas da ordem implícita.”Isto tem sérias
implicações para a espécie humana, pois conforme assinala o psiquiatra
Stanislav Grof, um dos criadores da psicologia transpessoal, “se as suposições
básicas da teoria holonômica, sobre a ordem explícita e implícita, refletem a
realidade, com um grau suficiente de exatidão, também é concebível que
certos estados incomuns da consciência, possam mediar experiências diretas
da ordem implícita ou nela intervir . Isto tornaria possível modificar os
fenômenos no mundo objetivo ao influenciar a matriz geradora”.Como afirma
o Dr. Deepak Chopra em seu livro Vida Incondicional: ‘para usar a linguagem
da física, uma intenção local começa a ter resultados não locais...o campo está
agindo sobre si mesmo...meu papel é apenas dar ordens, deixando o campo
computar, instantânea e automaticamente, o resultado que espero.O segredo...é
que se entra no computador cósmico usando o cérebro como teclado’. Uma
vez que somos capazes de “operar diretamente nas profundezas da ordem
implícita”e “modificar os fenômenos no mundo objetivo ao influenciar a
matriz geradora” que cria qualquer realidade material e as leis da física, existe

80
81
a possibilidade de realizar qualquer mudança que desejemos . Encontramo-nos
no campo de todas as possibilidades. Isto pode explicar muitos dos
impressionantes efeitos benéficos produzidos pela oração, meditação,
visualização, hipnose e outras técnicas tradicionais redescobertas e
investigadas pela ciência moderna. E por isto que acima afirmamos que o
campo auto-organizador criador de tudo, coordena o universo, pois coordenar
é ordenar junto, e nós seres humanos participamos ativamente, mesmo que
inconscientemente, deste processo, através de nossa consciência. No entanto,
se o processo é simples, não significa que seja fácil fazê-lo conscientemente,
pois temos que nos encontrar em “estados incomuns de consciência”. Vários
estudos científicos demonstraram que quanto mais intensas, esperançosas e
emocionalmente carregadas são as nossas expectativas, crenças e desejos,
maiores são as mudanças que podemos fazer gradualmente, tanto em nosso
corpo como em nossa própria realidade . Se aliarmos à nossa tecnologia
cientifica, práticas tradicionais milenares de alteração da consciência, como a
oração, a meditação e a visualização, poderemos realizar feitos considerados
até pouco tempo como milagrosos.
Estamos acordando para as enormes potencialidades que existem em
nosso interior. Em nosso íntimo possuímos uma passagem que nos permite
acessar a ordem implícita e alterar a realidade das coisas : o portal da
consciência .

As semelhanças entre a Ciência Moderna e as Tradições Espirituais

As descobertas da física quântica, e a sua relação com a ciência da


consciência, estão nos remetendo surpreendentemente aos grandes textos
sapiênciais da humanidade . Na alvorada do terceiro milênio, ciência e
tradições espirituais estão falando uma linguagem muito semelhante :

Pois em verdade vos digo que se


tiverdes fé como um grão de mostarda

81
82
direis a este monte : passa daqui para acolá,
e ele há de passar; e nada vos será impossível.
Jesus Cristo, Mateus 17,20 .

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos ? Que


beberemos? Com que vos vestiremos ?Porque vosso pai celestial bem sabe
que precisais de tudo isto . Portanto , buscai primeiramente o reino de Deus, e
a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas .
Jesus Cristo, Mateus 6,31 a 33 .

Reescrevendo o ultimo versículo desta citação, de acordo com as idéias


científicas de Bohm e Grof teríamos :
Buscai primeiramente a ordem implícita, e suas leis naturais,
e todas as suas necessidades serão atendidas .

Mas deixemos as divagações de lado e continuemos com as analogias :

Somos o que pensamos.


Tudo o que somos surge com nossos pensamentos .
Com nossos pensamentos fazemos o mundo .
Buda

“A Matéria de que o mundo é feito


é matéria mental”
Sir Arthur Eddington (físico e astrônomo)

“Da maneira que o desejo de um homem é, assim é seu destino”


Brimadarantaka Upanishad

82
83

“O universo começa a se parecer mais com uma grande mente


do que com uma grande máquina”
Sir James Jeans(físico e astrônomo)

“Nada move o mundo a não ser a própria mente”


Sutra Hindu

“Do inominável se originam o céu e a terra”


Lao Tse, Tao Te King

“Com um átomo de mim mesmo sustento o universo”


Krishna, Bhagavad Gita

“Habita a alma um certo poder capaz de mudar a natureza das coisas e


de subordinar a elas outras coisas, particularmente, quando ela se acha
arrebatada num grande excesso de amor ou de ódio. Portanto, quando a alma
de uma pessoa cai num grande excesso de alguma paixão, pode-se provar
experimentalmente que ele ( o excesso)liga as coisas e as modifica no sentido
em que a pessoa quiser”
Avicena, pai da medicina árabe

“Tudo o que podemos dizer é que essa visão é compatível com a idéia
de que há uma verdade, uma realidade, um ser além daquilo que pode ser
apreendido pelo pensamento, e que é inteligência, o sagrado , o santo”
David Bohm

83
84

“As pessoas intuem do passado uma forma de inteligência que


organizou o universo, e a personalizam dando-lhe o epíteto de “Deus”. A
mesma intuição existe hoje, sem no entanto ser personalizada e nomeada
assim”
David Bohm

‘Se o universo é realmente interligado, podemos ser capazes de aprender a


usar nossas mentes para compreender e talvez influenciar a realidade do lado
de fora de nossos corpos. Então poderemos expandir nosso controle não
apenas sobre nossos corpos, mas também sobre a realidade física à nossa
volta”.
Dr. Herbert Benson

‘Pensar é uma atividade quântica e é por isso, que ela nos permite controlar as
leis da natureza...o que os Rishis(sábios védicos da Índia Antiga) viram tão
claramente é que o campo quântico é uma fonte criativa onde cada pessoa
pode brincar, como um monte de barro esperando que uma criança venha fazer
bolos,bonecas ou casas de barro. Você não consegue ver objetos na lama
informe, mas num certo sentido, todos os objetos estão potencialmente dentro
dela...Apesar do infinito poder e vastidão do campo, não é preciso uma imensa
capacidade para comandá-lo.Fazemos isso cada vez que temos um
pensamento,mas para conquistarmos o verdadeiro domínio sobre ele, para
fazermos nossos mais profundos desejos se tornarem reais, devemos nos
empenhar para alcançar um nível mais elevado de consciência...Quando as
pessoas descobrem que seus desejos estão começando a se realizar, desafiando
o modo como a realidade supostamente deveria se comportar, o súbito influxo
de poder traz com ele emoções intensas, elas se sentem jubilosas e triunfantes,
sentem-se fundidas ao coração da natureza...o medo torna-se sem significado,
sendo substituído por um imenso alívio diante da verdadeira simplicidade da
vida”.
Dr. Deepak Chopra.

“Vos sois deuses”.

Jesus, Evangelho segundo João 10,34.

84
85

“... o solo de todo o ser é de alguma forma permeado com


uma inteligência suprema que é criativa, e a evidência para isso,
é a tremenda ordem no universo, em nós e no cérebro. E
também, provavelmente, com menos evidência, mas presente,
este solo é permeado com amor e com compaixão...”
David Bohm

“A maior descoberta da minha geração, é a de que os seres


humanos podem alterar suas vidas alterando suas atitudes
mentais .”

William James
Psicólogo norte-americano

85
86

CAPÍTULO IX

UM TOQUE DE MAGIA NO AR
O arquétipo do milagre e a leitura espiritual da realidade

Anos 50
Local : Universidade de Harvard, EUA .

A Dra.Gertrud Schmeidler, está para realizar uma experiência sobre


percepção extra-sensorial ( PES), que se tornará clássica.
Ela deseja verificar quais são os efeitos da expectativa na P.E.S.. Para
tanto, selecionou dois grupos de pessoas. O primeiro, constituído por pessoas
que acreditavam na P.E.S, ela chamou de “ovelhas”. O segundo grupo
constituído por pessoas que não acreditavam na P.E.S, a Dra. Schmeidler
chamou de “bodes”. O experimento de percepção extra-sensorial era o
seguinte: A Dra. Schmeidler preparou previamente uma lista de símbolos em
seqüência. A tarefa de ambos os grupos, tanto dos bodes como das ovelhas,
era tentar advinhar qual era esta seqüência de símbolos. Tarefa além da
capacidade normal de qualquer pessoa . O resultado foi muito interessante. O
grupo de pessoas que se aproximou com expectativa esperançosa da
experiência ( o grupo das ovelhas) acreditando que seriam bem sucedidas, teve

86
87
acertos consistentemente mais elevados do que o grupo dos incrédulos
( bodes), cujos resultados ficaram abaixo da média. A expectativa
esperançosa, fez diferença para as pessoas diante de uma situação- problema
insolúvel pelos meios normais . As que acreditavam que iriam conseguir
resolver o problema, foram melhor sucedidas do que aquelas que não
acreditavam .
O Dr. J.B. Rhine, famoso parapsicólogo americano,da Universidade
Duke também realizou os mesmos experimentos, obtendo resultados
semelhantes.
A ciência confirma : vale a pena ser otimista, e esperar que tudo dê
certo. A sua expectativa positiva, pode realmente transformar situações
desfavoráveis para melhor.

O psiquiatra Carl Gustav Jung dizia, a respeito destas impressionantes


ocorrências, que o “arquétipo do milagre”ou o “arquétipo do efeito
mágico” tinha sido evocado.

Como acessar o Arquétipo do Efeito Mágico para solucionar seus problemas

Para Jung, quando uma pessoa ingressa num estado emocional de expectativa
esperançosa, alcança um estado de consciência no qual sua mente se une ao
inconsciente coletivo e ao universo, auxiliando-a a solucionar situações
impossíveis , que se encontravam além de sua capacidade normal de
resolução. Segundo o eminente psicanalista, esta capacidade interna que todos
possuímos, pode ser utilizada para nos auxiliar a resolver qualquer
problemática em que nos encontremos, desde que tenhamos esgotados todos
os esforços pessoais para resolver a situação- problema sem êxito.
Para ingressar conscientemente, neste estado emocional de expectativa
esperançosa, que tanto nos beneficia, sugerimos várias maneiras que você
utilizará de acordo com sua preferencia pessoal: visitar uma igreja, perambular
pela natureza, pintar, ler algum livro sagrado, escrever, tocar algum
instrumento musical, praticar esporte , escutar musica, meditar ou rezar.
Após realizar uma ou várias destas praticas, permaneça receptivo, pois
algum auxílio inesperado surgirá.
De que jeito este auxilio chega até nós?
De muitas maneiras, mas é necessário estarmos alertas para a solução
que nosso inconsciente e o universo estão providenciando para nós :
Um sonho poderá ocorrer fornecendo orientação .
Uma resposta pode surgir durante a meditação, oração ou leitura .

87
88
Uma solução criativa pode aparecer numa súbita inspiração, ao escutar
musica, ao passear , ou ao tomar banho.
Uma sincronicidade pode acontecer solucionando o problema .
Jung, nos anos 50, quando falava sobre estas coisas era considerado um
místico. Entretanto, não se tratava disso. Ele apenas era bem informado. Era
um grande sábio que se relacionava com muitos cientistas, inclusive Einstein,
chegando mesmo a escrever um livro, juntamente com o físico Wolfgang
Pauli, tratando das relações entre a física e a consciência .

Desenvolvendo uma leitura espiritual da vida

A consciência de que participamos de um universo vivo, sistêmico,


auto-organizador, inteligente, traz à tona potencialidades que dormitavam em
nos. Já examinamos a possibilidade de nossa consciência entrar em comunhão
com o universo, alterando nossa realidade cotidiana.
Vamos agora explorar o contrário : o universo comunicando-se com a
nossa consciência .

“Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se


extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se
extraviou? Se acontecer achá-la, em verdade vos digo que se regozija mais por
causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.Assim não é
da vontade de nosso Pai que está nos céus, que pereça um destes pequeninos”.
Jesus Cristo, segundo Mateus l8, 12 a 14.

Segundo muitas tradições, tal como na parábola cristã do bom pastor à


procura de sua ovelha perdida , o universo conspira incansavelmente a nosso
favor, enviando-nos mensagens não verbais a todo o momento, a fim de que
não nos percamos em nossa jornada pela vida . Aprendendo a ler estas
mensagens, obteremos as orientações necessárias para vivermos em
abundância e felicidade. É uma arte saber ler, tanto nos momentos de maior
normalidade da vida como nos momentos cruciais, um significado neles que
ultrapasse as aparências superficiais. É a possibilidade de ver em todos os
acontecimentos,sejam eles externos ou internos, as mensagens orientadoras do

88
89
universo ( ou qualquer outro nome, que se queira dar a ele : Deus, Mente
Cósmica, Tao, Alah, Iavé, Ordem Implícita, etc.)
A arte de compreender as mensagens orientadoras não- verbais que o
cosmos nos envia, era chamada de leitura espiritual pelos antigos .
Encontramos, tanto em textos cristãos, como nos textos hindus, pistas sobre
esta antiga arte:

“Sabeis discernir o aspecto da terra e do céu, e por que não discernis o


tempo presente?”
Jesus( Lucas. 12,56)

“A leitura espiritual põe em contato com o divino”


Patanjali,sábio indiano, Yoga Sutras II,44

O aprendizado de ler nos acontecimentos objetivos ( externos) e


subjetivos (psíquicos) mensagens para uma jornada existencial produtiva não
é difícil. Ele consta de três passos :

1- Interprete qualquer ocorrência objetiva ou subjetiva, da maneira como você


está acostumado .
2- Agora, interprete estas ocorrências, dando-lhe um significado mais amplo
(cósmico), fazendo-se as seguintes perguntas :
a- Que mensagem para minha vida poderia extrair desta ocorrência, se eu
quisesse ?
b- Esta ocorrência, estaria por ventura, “comentando” algo importante para
mim?

3- Pratique os dois passos anteriores com quaisquer ocorrências objetivas e


subjetivas que queira. A prática conduzirá você ao pleno domínio da arte
milenar da leitura espiritual . Mas, atenção: não confunda leitura espiritual
com superstições e com delírios. Não se permita com esta prática regredir a
conceituações infantis do tipo “passar debaixo de escada dá azar”,ou a
produzir interpretações fantasiosas não desprovidas de sentido,construtivo.
A leitura espiritual é na verdade um ato de filosofar sobre a existência .

O desabrochar da sabedoria

89
90
Durante os últimos quatro séculos nossa cultura ocidental tem
valorizado o desenvolvimento de todas as atividades características do nosso
hemisfério cerebral esquerdo: a lógica , a racionalidade, o pensamento linear,
a análise. Temos enfatizado o que é tangível e mensurável, desconsiderando
importantes atividades, características do hemisfério cerebral direito: a
intuição, a sensibilidade, o pensamento simbólico, a síntese, a percepção de
totalidade. Esta desvalorização cultural empobrece nossa experiência
individual e coletiva, impedindo-nos de utilizar plenamente nossos recursos
pessoais. Durante muito tempo, aprendemos apenas a confiar em nosso
raciocínio lógico e linear, através dos cinco sentidos. Isto resultou numa
experiência pessoal unilateral, árida, restrita, carente de sentido e de
significado emocional. No início do terceiro milênio, estamos percebendo que
uma apreciação plena da vida requer também as dimensões intuitivas,
simbólicas e emocionais. É perigoso e doentio sermos unilaterais, baseando
nossa percepção, existência, e atitudes, somente sobre o pensamento lógico ou
somente sobre o simbólico ( sonhos, intenções, etc). Chegou o momento de
bebermos de ambas as fontes, a lógica e a simbólica, para enriquecermos
nossas vidas e alcançarmos a sabedoria. Estaremos muito mais preparados
para compreendermos a nós mesmos, e ao mundo, bem como para desfrutar o
melhor da existência, se formos capazes de receber e processar informações,
tanto de fontes simbólicas como de fontes lógicas .
O desenvolvimento da ciência, paradoxalmente, está nos reaproximando
do sagrado. O período de aridez espiritual, dos últimos séculos, foi apenas um
breve intervalo, um obscurecimento de nossa visão cósmica. Por espiritual,
entendemos o sentimento de estarmos unidos ao cosmos, e com ele
interagirmos. Não estamos sós nesta jornada. Em março de 1986, percebendo
a saturação, o esgotamento, e a tendência violentadora da harmonia homem-
natureza provocada pela visão de mundo atual ( paradigma cartesiano-
newtoniano) um notável grupo de pensadores, cientistas, filósofos , sábios,
líderes religiosos e artistas, se reuniram em Veneza sob os auspícios da
UNESCO, no Colóquio “A Ciência face aos confins do conhecimento : o
prólogo do nosso passado cultural”,e chegaram a um acordo sobre os
seguintes pontos :

DECLARAÇÃO DE VENEZA

1- Somos testemunhas de uma importantíssima revolução no domínio da


ciência, engendrada pela ciência fundamental, ( em particular, pela física e
pela biologia), pela perturbação que suscita na lógica, na epistemologia e

90
91
também na vida cotidiana através das aplicações tecnológicas. No entanto,
verificamos, ao mesmo tempo, a existência de defasagem importante entre a
nova visão de mundo que emerge do estudo dos sistemas naturais, e os valores
que ainda predominam na filosofia, nas ciências humanas, e na vida da
sociedade moderna . Pois esses valores estão fundamentados, em grande parte,
no determinismo mecanicista, no positivismo e no niilismo. Sentimos que essa
defasagem é extremamente prejudicial e portadora de pesadas ameaças de
destruição da nossa espécie .

2-O conhecimento cientifico, por seu próprio movimento interno,


chegou aos confins, onde pode começar o diálogo com outras formas de
conhecimento. Nesse sentido, reconhecendo as diferenças fundamentais entre
a ciência e a tradição , verificamos não a sua oposição, mas a sua
complementaridade. O encontro inesperado e enriquecedor entre a ciência e as
diferentes tradições do mundo permite pensar no aparecimento de nova visão
de humanidade, até de novo racionalismo, que poderia levar a uma nova
perspectiva metafísica .

3-Recusando qualquer projeto globalizante, qualquer sistema fechado de


pensamento, qualquer nova utopia, reconhecemos, ao mesmo tempo, a
urgência de uma pesquisa verdadeiramente transdisciplinar em intercâmbio
dinâmico entre as ciências “exatas”, as ciências “humanas”, a arte e a
tradição. De certa forma, essa abordagem transdisciplinar está escrita em
nosso próprio cérebro através da interação dinâmica entre seus dois
hemisférios. O estudo conjunto da natureza e do imaginário, do universo e do
homem poderia, assim, aproximar-se melhor do real, e permitir-nos enfrentar
melhor os diferentes desafios de nossa época .

4- O ensino convencional da ciência, devido à apresentação linear dos


conhecimentos, dissimula a ruptura entre a ciência contemporânea, e as visões
ultrapassadas do mundo. Reconhecemos a urgência da pesquisa de novos
métodos de educação, capazes de levar em conta os avanços da ciência que
agora se harmonizam com as grandes tradições culturais, cuja preservação e
cujo estudo mais profundo parecem fundamentais . A UNESCO seria a
organização adequada para a promoção de tais idéias .

5- Os desafios de nossa época- o desafio da autodestruição de nossa


espécie, o desafio da informática, o desafio genético etc. -iluminam, de
maneira nova , a responsabilidade social dos homens de ciência, tanto no que
diz respeito à iniciativa da pesquisa como à sua aplicação. Se os homens de
ciência não podem decidir sobre a aplicação de suas próprias descobertas, não

91
92
devem também assistir passivamente à aplicação cega, levada a cabo por
outros, destas mesmas descobertas. É nossa convicção que a amplitude dos
desafios contemporâneos exige, de um lado, informação rigorosa e
permanente da opinião pública e, de outro lado, a criação de organismos de
orientação e mesmo de decisão de natureza pluri- e transdisciplinar .

Queremos expressar a esperança de que a UNESCO dê prosseguimento


a esta iniciativa , estimulando uma reflexão dirigida para a universidade e a
transdisciplinaridade .
Agradecemos à UNESCO, que tomou a iniciativa de organizar este
encontro, de acordo com a vocação de universalidade que a distingue .
Agradecemos também a Fundação Giorgio Cini, que ofereceu condições para
que o encontro se realizasse em lugar ideal para o desenvolvimento de
trabalho desta natureza .

PARTICIPANTES

-Professor D.A. Akyeampong ( Gana), físico-matemático, Universidade


de Gana.
-Professor Ubiratan d’Ambrosio ( Brasil), matemático, coordenador
geral dos Institutos, Universidade Estadual de Campinas.
-Professor René Berger ( Suiça), professor honorário, Universidade de
Lausanne .
-Professor Nicolo Dallaporta ( Itália), professor honorário da Escola
Internacional de Altos Estudos , Trieste.
-Professor Jean Dausset ( França), Prêmio Nobel de Fisiologia e de
Medicina (1980), presidente do Movimento Universal da Responsabilidade
Científica ( MURS- França) .
-Senhora Maltraye Devi ( Índia), poetisa-escultora .
--Professor Gilberto Durand ( França), filósofo, fundador do Centro de
Pesquisa sobre o Imaginário .
-Dr. Santiago Genovès ( México), pesquisador do Instituto de Pesquisa
Antropológica, acadêmico titular da Academia Nacional de Medicina .
-Professor Avishai Margalit ( Israel), filósofo, Universidade Hebraica de
Jerusalém .
-Professor Yujiro Nakamura ( Japão), filósofo-escritor, professor da
Universidade Meiji .
-Professor David Ottoson (Suécia) , presidente do Comitê Nobel para
fisiologia ou medicina, professor e diretor, Departamento de Fisiologia,
Instituo Karolinska .

92
93
-Professor Abdus Salam (Paquistão) , Prêmio Nobel de Física( 1979),
diretor do Centro Internacional de Física Teórica, Trieste, Itália, representado
pelo Dr. L.K. Shayo (Nigéria), professor de matemática .
-Dr. Rupert Sheldrake(Reino Unido)., Ph.D. em bioquímica,
Universidade de Cambridge .
-Professor Henry Stapp ( EUA), físico, Laboratório Lawrence Berkeley,
Universidade da Califórnia, em Berkeley .
-Dr. David Suzuki ( Canada), geneticista, Universidade da British
Columbia .

PARTICIPANTES E AUTORES DE DOCUMENTOS DE TRABALHO :

-Dr. Susantha Goonalilake ( Sri Lanka), pesquisador, antropologia


cultural .
-Dr. Basarab Nicolescu ( França), físico, CNRS ( Centre Nationale de
Recherche Scientifique )

OBSERVADORES que fizeram intervenções no colóquio:

- Michael Random ( França) escritor, editor .


- Jacques G. Richardson ( França/EUA) escritor científico .

93
94

EPÍLOGO

OS CAMINHOS DA CURA

“Não devemos interromper a nossa investigação


e o final de toda a nossa investigação
será chegar ao lugar onde começamos
e conhecer o lugar pela primeira vez”

T.S. Eliot

Antes da iluminação
os rios são rios e as montanhas são montanhas .
Durante a iluminação
os rios deixam de ser rios e as montanhas
não são mais montanhas .
Depois da iluminação
os rios tornam a ser rios
e as montanhas a ser montanhas .

Sabedoria Zen

94
95

Cura e auto-organização

Segundo a física, todas as coisas surgem de um vazio não-manisfesto e


retornam a ele algum dia . Este campo informacional eterno, infinito, invisível,
alem do tempo e do espaço, alicerça o universo, e o mantém organizado. É por
isto que toda a natureza é permeada de ordem, inteligência e capacidade de
auto-organização. Isto também serve para nós seres humanos. Esta e a razão
pela qual inúmeros cientistas se interessam pela questão da inteligência,
ordem e auto-organização. Entre eles citamos Norbert Wiener,Von Foerster,
J. Von Newmann, Winograd, Cowan, Atlan, E. Morin, Maturana, Varela, D.
Bohm , I. Prigogine e J. Piaget.
No decorrer deste livro vimos que inúmeros métodos nos conduzem à
saúde e ao bem estar: oração, meditação, visualização, metáforas terapêuticas,
análise de sonhos, etc. Entretanto, a cura não provem de nenhum método em
particular . Os métodos são somente veículos que estimulam nossa capacidade
natural de auto-cura. A cura é uma alquimia interna, uma graça que recebemos
e que nos cabe manter . Pelo simples fato de fazermos parte da natureza, nos é
inerente um poder auto-organizador que se expressa como um fluxo de
inteligência inata, capaz de, entre muitas outras coisas, manter a estrutura da
matéria ( código nuclear), orientar o desenvolvimento físico e mental ( código
genético-ADN), manter a homeostase ( equilíbrio dinâmico do organismo), e
originar o pensamento abstrato ( equilibração-Piaget) .
Sobre este fenômeno, o Dr. Deepak Chopra, médico indiano, radicado
nos EUA, presidente da Sociedade Americana de Medicina Ayurvédica, assim
se expressa: “Na medida em que nos aprofundamos na patogênese da doença,
no entanto, surge uma verdade primeira: toda doença resulta da interrupção do
fluxo de inteligência”.
Não foi por acaso que nos anos 70, a Organização Mundial de Saúde
(OMS)definiu saúde como algo mais do que a ausência de doença ou
enfermidade. Para este organismo internacional, “saúde é um estado de
perfeito bem-estar físico, mental e social”. Isto significa um estado dinâmico
em que nos sentimos, em todos os momentos, felizes, satisfeitos,
harmonizados com o universo e a inteligência que o organiza.O Psicólogo e
Antropólogo Roberto Crema , membro do Colégio Internacional dos

95
96
Terapeutas, em sua obra-prima,Saúde e Plenitude, nos diz a respeito deste
assunto:”Quando nos convocamos a existir, numa coordenada tempo-espaço,
nós nos fazemos um propósito. Há uma promessa inerente ao nosso ser. Não
estamos aqui apenas para um pic-nic ou aposentadoria.Estamos aqui para
realizar uma tarefa pessoal intransferível. Estamos aqui para concretizar uma
obra-prima; para trazer uma diferença ao universo.É o que denomino de
vocação: a voz interna de nosso desejo mais fundamental e o imperioso
impulso para realizarmos o que somos.A saúde plena não se reduz a um
estado de ausência de doenças. É uma decorrência natural de um fluxo livre de
individuação, de realização do nosso potencial inato, de alinhamento e
transparência com aquilo que somos. Os sintomas das enfermidades são
denúncias de alguma interdição no processo natural de florescimento e
plenificação do ser. Nascemos para evoluir e adoecemos quando nos deixamos
estrangular neste curso singular de aperfeiçoamento rumo ao que realmente
somos. Como afirmava o mestre tibetano Thartang Tulku, saúde plena e
despertar não se diferenciam”.
A cura, mesmo aquelas mais impressionantes, é essencialmente o retorno da
saúde, dentro desta perspectiva mais ampla, onde nos religamos com nossa
capacidade natural de auto-organização e seu fluxo de inteligência. A fim de
facilitar este processo de religação, desenvolvemos um modelo terapêutico
auto-organizador ( modelo T.A.O.), cuja expressão prática é a Terapia Auto-
organizadora ( TAO) que utilizamos em nossa prática clínica e que será objeto
de nossos próximos trabalhos .

Interações sociais , doenças e cura

Nesta obra nosso enfoque básico, foi o papel ativo da pessoa em seu
processo de cura. Entretanto, sabemos que todos estamos inseridos em uma
sociedade composta por vários sub-sistemas, cujas interações afetam o bem-
estar de todos nos. Não é nosso propósito, desenvolver tal tema neste
momento, todavia adiantaremos aqui algumas palavras sobre o assunto, a fim
de que o leitor perceba a importância da ação do social sobre a sua doença ou
saúde. Ignorar o papel das interações sociais no bem-estar pessoal significaria
esquecermo-nos de poderosas fontes de doenças e desajustes físicos, mentais e
emocionais, o que é em ultima instancia alienante e anti-terapeutico.
A globalização da economia, a automação de empresas e serviços e a
introdução de novos modelos administrativo-gerenciais(qualidade total,
reengenharia, etc.) estão gerando cada vez mais desemprego.Nos últimos anos

96
97
, milhões de pessoas perderam seus empregos, devido a estas mudanças
fundamentais na economia .Esta se aproximando uma grande depressão
econômica, cuja base é o desemprego estrutural ,ou seja , o desemprego em
massa a longo prazo,impedindo que as pessoas possam desenvolver o estado
de consciência e paz interior adequados à sintonia com os processos auto-
organizadores da vida e do universo. O atual sistema social é produtor de
“ruídos”em excesso, tais como salários baixos, contas a pagar, insatisfação
pessoal e profissional e falta de oportunidades que desencadeiam stress,
frustraçao, desordens físico-emocionais e a impossibilidade de crescimento
pessoal e espiritual. Numa época como a nossa, em que todos estamos
despertando para novas possibilidades de ser e viver, uma situação como essa
torna-se intolerável e opressora. Surge uma contradição entre nossos anseios
interiores e as exigências exteriores. Muitas pessoas como você, tem
consciência das necessidades de mudança, da emergência de um novo
paradigma, mas são travados pelo sistema . Necessário se faz, que criemos
juntos, medidas capazes de reverterem este processo , implementando as
condições necessárias ao surgimento de uma sociedade e de um modo de vida
mais identificados com nossas aspirações pessoais, sociais e ambientais.
Nossos espíritos clamam por transformações, nossos corpos padecem e nosso
meio ambiente agoniza. Estamos imersos na ansiedade, na depressão, no
desespero,nas drogas, no desemprego, no sub-emprego e na deterioração
ambiental. As alternativas, capazes de produzirem uma melhor distribuição de
renda e uma maior satisfação e dignidade pessoal e espiritual , permitindo a
milhões de pessoas serem donas de seu próprio nariz, sem dependerem de
nenhum patrão,obtendo mais tempo livre para si e seus familiares, já
floresceram no interior do próprio sistema capitalista. São as REDES DE
INTERESSES MÚTUOS, tais como as Associações, Cooperativas,
Comunidades de Trabalhadores,Clubes de Serviços, Círculos Holisticos e
Empresas de Network Marketing.GRUPOS DE PESSOAS CONTATANDO
OUTRAS PESSOAS, A FIM DE SE UNIREM E OTIMIZAREM
RECURSOS E IDÉIAS, COM FINALIDADES E OBJETIVOS COMUNS,
promovendo a auto-realização pessoal, emocional, cultural e financeira,
eliminando o excesso de ruído que impede o sistema homem-sociedade-
ambiente de se auto-organizar naturalmente.
Os graves desafios emocionais, sociais e ambientais com que nos
deparamos no inicio deste novo milênio, são simultaneamente
desencadeadores de fascinantes oportunidades emergentes , se compreendidos
sob a ótica do novo paradigma holístico.

97
98

AMOR, COMPAIXÃO E CURA

“Então , levantando-se, disse-lhe um Doutor da Lei para o experimentar:


Mestre, o que preciso fazer para possuir a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus:
Que é o que está escrito na Lei? Que é o que lês nela?
Ele respondeu:
Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, com todas as
tuas forcas e com todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe Jesus:
Respondeste muito bem; faze isso e viverás”.

Jesus, no Evangelho de Lucas, cap. 10, 25 a 28.

Qualquer trabalho referente à cura seria incompleto, se não se referisse


à importância do amor, da compaixão, do perdão e da solidariedade.
A Arte da Cura só alcança seu ápice, quando praticada com pureza de
intenção, entrega e compaixão. Podemos mesmo afirmar que enquanto o
paciente não desenvolver também tais qualidades em si mesmo, amando as
pessoas á sua volta, abrindo-se para seus semelhantes, demonstrando uma fé
em seu processo de cura e nos terapeutas que o assistem,ele poderá até
conseguir uma melhora em seus sintomas, mas não estará curado do seu mal
essencial útil é refletir que não podemos nos enganar acerca de nossa própria
mortalidade; mesmo aquelas pessoas que foram curadas tanto a nível físico,
quanto a nível emocional, por Jesus, Buda , Hipócrates e outros grandes
Mestres da Humanidade também vieram a falecer. A verdadeira cura, a cura
real, é acima de tudo espiritual, e só se manifesta quando entramos em
sintonia com os processos auto-organizadores do universo, através da
caridade, da compaixão, da oração, da meditação, enfim, dos processos que
permitem nossa comunhão com o cosmos e com o nosso semelhante.,
exprimiu de forma vigorosa e poética esta sabedoria:

98
99
“Eis um segredo maravilhoso e entretanto tão simples de sabedoria do amor
em todos os tempos: toda entrega desinteressada, ainda que mínima, toda
participação, todo amor, nos faz ricos, enquanto todo empenho pela posse e
poder nos rouba forcas e nos torna mais pobres. Souberam-no e ensinaram-no
os hindus e depois os sábios e depois Jesus...E desde então vêm repetindo isso
milhares de sábios e poetas, cujas obras ultrapassaram os tempos, enquanto
fortunas e reinos contemporâneos seus se esfacelavam e desapareciam. Podeis
ficar com Jesus ou Platão, com Schiller ou Spinoza, será sempre esta a última
e derradeira sabedoria: nem o poder, nem a posse, nem o saber, fazem o
homem feliz , só o consegue o amor. Toda entrega de si, toda renúncia feita
por amor, toda dedicação operosa, todo devotamento aos outros, parece ser
perda ou atitude inútil. E é, todavia, enriquecimento e engrandecimento de nós
próprios. Este é o único caminho que leva para a frente e para o alto. O amor é
uma canção antiga.Mas verdades não envelhecem e são sempre por toda a
parte verdadeiras, quer pregadas no deserto, quer cantadas num poema, quer
impressas nas páginas de um livro” .

Hermann Hesse, escritor alemão, Prêmio Nobel de Literatura

99
100

CONTATO COM OS AUTORES:

Francisco Di Biase
Clínica Di Biase
Rua Paulo de Frontin, 280
Centro, Barra do Piraí-RJ
CEP 27123-120
Tel: ( 024 ) 442.3802
Internet e-mail: biase@ibm.net

Mário Sérgio F. da Rocha


Rua do Russel, 724/603
Flamengo - Rio de Janeiro - RJ
CEP 22.210-010
BIP : ( 021 ) 542.9977 - código 645.2287.

100
101
BIBLIOGRAFIA.

1 - Atlan, H., 1974, Conscience et désirs dans des systèmes auto-


organisateurs, in L’unité de L’homme, Seuil, Paris.
2 - Atlan, H., 1979, Entre le cristal et la fumée- essai sur l’organisation du
vivant, Seuil, Paris.
3- Benson, H.; 1975, The Relaxation Response, New York, William Morrow
& Company.
4 - Bateson, G., 1986, Mente e Natureza, a unidade necessaria. Francisco
Alves Editora e Cultrix. São Paulo.
5 - Benson, Herbert, 1984, Beyond the relaxation response, Random House.
6 - Bentov, Isaac, 1988, Stalking the Wild Pendulum, on the mechanics of
consciouness, Destiny Books, Rochester, Vermont.
7- Bohm, D.; 1980, Wholeness and The Implicate Ordem, London, Routledge
& Kegan Paul.
8- Bohm, D.; 1987, Unfolding Meaning , London , Ark Paper-
Backs.Routledge & Kegan Paul Ltd., London.
9- Bolen, J.S.; 1979, The Tao of Psychology, synchronicity and the self, San
Francisco, Harper & Row .
10 - Capra, Fritjof, 1975, The Tao of Physics, Berkeley, Shambala.
11 - Capra, Fritjof, 1987, O Ponto de Mutação, Cultrix, São Paulo.
12- Chopra, Deepak; 1991, Vida Incondicional, São Paulo, Ed. Best-seller.
13- Crema, Roberto; 1995, Saúde e Plenitude-um caminho para o ser, São
Paulo, Summus Editorial.
14 - Crema, Roberto, 1989, Introdução à visão holística. Summus Editorial,
São Paulo.
15 - Di Biase, Francisco, 1981, Auto-organização nos sistemas biológicos.
Ciência e Cultura, 33(9): 1155-1159, Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência. São Paulo.
16 - Di Biase, Francisco, 1992, Os limites da vida. Humanidades, Vol. 8, nr.
1(27). Ed. da Universidade de Brasília.
17 - Di Biase, Francisco, 1995, O Homem Holístico, Petrópolis, Ed. Vozes.
18 - Dumouchel, P., Dupuy, J.P.(org.), L’auto-organisation. De la physique au
politique. Seuil, Paris.
19 - Ferguson, M. 1990, A Conspiração Aquariana. Rio de Janeiro. Ed.
Record.
20- Gallup,Jr.,George and Proctor, William; 1982, Adventures in Immortality,
New York, McGraw Hill.

101
102
21- Greyson, Bruce e Flynn, C.P.;1984, The Near Death Experience, Chicago
Charles C. Tomas.
22- Grof,S.,1985, Beyond The Brain, Albany, N.Y., New York State
University Press.
23 - Grof, S. e Grof, C.(org.). 1992, Emergência Espiritual, São Paulo ,
Cultrix.
24- Haley,J.;1967, Advanced Techniques of Hypnosis and Therapy, selected
papers of Milton H. Erickson.M.D. , New York, Grune and Straton.
25-Haley,J.; 1968, Uncommon Therapy, New York, Grune and Stratton.
26-Hall, J.A.; 1977, Clinical Uses of Dreams: Jungian interpretation and ena
ctments, New York, Grune & Stratton.
27 - Heisenberg, W. , 1971, Physique et philosophie, Science d’aujourd’ hui,
Albin Michel.
28 - Hesse, Hermann; 1977, Para Ler e Pensar, Rio de Janeiro, Ed. Record
29-Hiley, B.J., and Peat,F.D.; 1987, Quantum Implications , London,
Routledge and Kegan Paul.
30-Jacob, J.; 1973, The Psychology of C.G.Jung, New Haven, Yale University
Press.
31 - Johnson, W., 1990, Do Xamanismo à Ciência. Uma história da
meditação. Editora Cultrix, São Paulo.
32-Josephson,Brian,1980,L’experience de la conscience et sa place en
physique, in Science et Conscience,les deux lectures de l’univers,Stock et
France-Culture.
33-Jung,C.C.; On Synchronicity: an acausal connective principle, Collected
Works, Vol 8, New Jersey, Princeton University Press. 1952
34-Klopfer, B.; 1957, Psychological Variables in Human Câncer, Journal of
Projective Techniques, 21, 331-340.
35-Koestler, A.,1972,As Razões da Coincidência,Editora Nova Fronteira ,Rio
de Janeiro.
36-Kluber-Ross, E.; 1983, On Children and Death, New York, Macmillan.
37-Mason,A.A.; 1952, A Case of Congenital Ichthyosiform, British Medical
Journal, p.p. 422-23.
38 - Maturana, H. 1981, Autopoiesis, In Autopoiesis: a Theory of living
organization, M. Zeleny, org. Elsevier. Amsterdan.
39-Mind and Brain, 1992, Scientific American, Special Issue,September 1992.
40 - Morin, Edgard, 1980, La Méthode - 2, La Vie de la Vie.Seuil, Paris.
41 - Morin, Edgard, 1986, La Méthode -3, La Connaissance de la
Connaissance. Seuil, Paris.
42-Moody Jr.,R.A., 1976; Life After Life, New York, Bantam Books.
43-Moody Jr.,R.A.; 1978, Reflections on Life After Life, New York, Bantam
Books.

102
103
44-Moody Jr.,R.A.; 1988, The Light Beyond , New York, Bantam Books.
45-Ornstein, R.e Sobel, D., 1988, De Prazer Também Se Vive ,Edit. Best-
Seller S.P.
46-Ornish,D.; 1990, Dr Dean Ornish’s Program for Reversing Heart Disease,
New York, Random House, inc.
47 - Piaget, Jean, 1976, A Equilibração das Estruturas Cognitivas, problema
central do desenvolvimento. Zahar Editores.
48 - Prigogine, I. e Stengers, I., 1979, La nouvelle alliance, Editions
Gallimard, France.
49-Progroff, I.; 1973, Jung’s Synchronicity and Human Destiny, New York,
The Julian Press.
50-Ring, K.; 1980, Life at Death, New York, Quill .
510-Rocha, Mário Sérgio F. ; 1996, Manual de Meditação, Rio de Janeiro,
Editora Vozes.
52-Rosenthal, R. and Rosnow, R.L; 1969, The Volunteer Subject Artifact in
Behavioral Research, New York, Academic Press.
53-Sabom, M.B.; Recollections of Death, New York, Harper and Row.
54-Schemeidler, G.; 1969, Extrasensory Perception, New York, Atherton .
55 - Science et Conscience. Les deux lectures de l’universe. Stock et France
Culture.
56- Scientific Research on the Transcendental Meditation Program, Vol. 1,
1976.MERU Press.
57- Scientific Research on Maharishi’s Transcendental Meditation and TM-
Sidhi Program, vol . 2, 1990.MERU Press.
58-Siegel, B.S.; 1986, Love, Medicine and Miracles, New York, Harper &
Row.
59-Simonton, O.C. , Simonton, S. M. and Creighton, J. L., 1980, Getting
Well Again , New York, Bantam Books .
60- Talbot, M.; 1991, The Holographic Universe, New York, HarperCollins
Publisher inc .
61 - Varela, J.F., 1988, Abordagens à ciência e tecnologia da cognição,
Ciência e Cultura 40(5) 460-470, maio, Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência.
62 - Von Foerster, Heinz, 1960, On self-organizing systems and their
environments, in Self-organizing systems. Pergamon, New York.
63 - Von Foerster, Heinz, 1977, “Les Objects: Gages de Comportements
propres.”In Epistemologie génétique et equilibration. Inhelder, A.et alli,
redacteurs. Delachaux et Niestlé, Neuchatêl, Paris.
64-Wallace, R.K. and Benson, H.; 1972 The Physiology of Meditation,
Scientific American, February .

103
104
65 - Watts, Alan W.; 1972, Psicoterapia Oriental e Ocidental. Record, Rio de
Janeiro.
66-Weber, R. , 1989. Diálogos com Cientistas e Sábios . A Busca da Unidade,
São Paulo,Circulo do Livro.
67 - Weil, P., 1982, A Consciência Cósmica, Vozes, Petrópolis, 3a. edição.
68 - Weil, P., Sutich, A., Tart, C.A., Coleman, D., Le Shan, L., 1991, Mística
e Ciência-pequeno tratado de Psicologia Transpessoal vol. 2, Vozes ,
Petrópolis.
69 - Weil, P., D’Ambrósio, U., Crema, R., 1993, Rumo à nova
transdisciplinaridade. Sistemas abertos de conhecimento, Summus Editorial,
São Paulo.
70 -Wilber,K.; 1977 The Spectrum of Consciousness, Wheaton, The
Theosophical Publishing House .
71 - Wilber, K.; 1984, Le Paradigme Holographique, Le Jour Editeur, France.

Primeira orelha do livro

104
105
CAMINHOS DA CURA.

Nesta obra , os autores, revelam como a união entre a ciência moderna e as


tradições espirituais, permite-nos compreender os mecanismos pelos quais
a oração, a meditação, a visualização, a interpretação dos sonhos, as
intuições,o amor, a compaixão, as coincidências(sincronicidades) e as
metáforas terapêuticas, entre outras práticas, podem estimular a mente e o
corpo , a se harmonizarem com a inteligência auto-organizadora do Universo,
abrindo um caminho para a cura e o bem-estar.
Através de um novo modelo educacional-terapêutico, histórias e contos, o
leitor é conduzido a uma aventura científica, desenvolvendo uma leitura
espiritual da vida, onde aprende facilmente a utilizar as práticas acima em seu
benefício.

***************************************************************
*

Segunda orelha do livro

105
106
Os autores

Francisco Di Biase é médico, neurocirurgião, formado pela Faculdade de


Medicina da UFRJ em 1973, com especialização nos serviços do Dr. Paulo
Niemeyer, e pós-graduação pela PUC-RJ. Exerce a medicina em Barra do
Piraí-RJ, onde dirige o Serviço de Neurocirurgia e Neurologia da Santa Casa e
o Departamento de Tomografia Computadorizada. Dedica-se à clinica privada
na Clínica Di Biase, onde estruturou uma equipe transdisciplinar, integrando
as neurociências e a psicologia à filosofia e medicina orientais.É Diretor e
Professor do Departamento de Pós Graduação das Faculdades de Barra do
Piraí e Volta Redonda(FERP).
Autor do livro O HOMEM HOLÍSTICO- a unidade mente-natureza,
publicado pela Editora Vozes.

Mário Sérgio Figueiredo da Rocha é Pedagogo,Orientador Educacional e


Psicólogo formado pelo Instituto Brasileiro de Medicina e
Reabilitação(IBMR), Rio de Janeiro, com cursos livres de extensão em
filosofia oriental,psicologia transpessoal,hipnose ericksoniana e busca do
sagrado.Exerce suas atividades profissionais na cidade do Rio de Janeiro e na
Clínica Di Biase em Barra do Piraí-RJ.É autor do livro AUTO-AJUDA
EFICAZ, como usar a meditação para criar paz interior, saúde, juventude,
amor e sucesso, publicado pela Editora Vozes.

Desde o início dos anos 90, os autores, praticantes de meditação e Tai


Chi Chuan vêm pioneiramente promovendo encontros e cursos holísticos na
Região Sul Fluminense. Pesquisadores da interação corpo-mente, vêm
desenvolvendo no Núcleo Transdisciplinar de Stress da Clínica Di Biase, um
novo modelo terapêutico, baseado no processo quântico-informacionais auto-
organizadores da Consciência e do Universo.

Elementos para a contra-capa ou quarta capa.

106
107

CAMINHOS DA CURA.

É possível à mente humana interagir com o Universo, modificando o corpo e a


realidade à sua volta?
Os autores afirmam que sim!
Fundamentados nas modernas descobertas da Física Quântica, nas
neurociências, na nova física da informação e nas concepções de renomados
cientistas como David Bohm, Stanislav Grof, e Karl Pribam
ensinam, através de práticas de oração, meditação e visualização, como fazer
sua consciência penetrar na matriz criadora do Universo, para modificar a
realidade cotidiana, e produzir transformações benéficas em sua saúde e sua
vida.

107

Você também pode gostar