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Em 2006, aos 21 anos, Vanessa ganhara mais medalhas do que qualquer outra atleta da sua
idade, contudo isso teve várias consequências e um preço enorme na vida da atleta. Existia
uma pressão extrema e crescente, visto que, o esperado por parte dos jornalistas,
treinadores, família, o país inteiro era a vitória. Havia o Campeonato do Mundo, os Jogos
Olímpicos. Os objetivos eram cada vez mais ambiciosos, desmesurados. Era preciso ser a melhor do
mundo.
Vanessa superava-se. Estava cada vez mais em forma, cada vez mais rápida, cada vez mais magra. E
adoeceu. “Eles precisam das medalhas, por isso não reconhecem que uma pessoa está doente”, diz
Maria Areosa. “Ela era a galinha dos ovos de ouro”.
A doença de vanessa foi descoberta em 2006, mas mantida em segredo. A sua doença começou a
ser tratada por estruturas médicas da Federação, mas não obteve resultados e tentou um psiquiatra,
contudo, também não resultou.
Segundo os médicos, a doença não foi provocada pela prática desportiva, mas era potenciada por
ela. E, no entanto, continuou a prática da sua modalidade normalmente ou até com ritmo mais
intenso. Vanessa começou a sentir se desgastada e começou a perder a vontade de competir, mas
não lhe deixaram descansar.
A sua doença era principalmente evidenciada pela pressão que lhe era submetida a cada prova que
passava juntamente com uma importância crescente
“Nós entrámos no triatlo porque éramos boas, e alguém nos mandou para ali. Não foi propriamente
uma opção”, diz Maria, que em 2004 decidiu abandonar o desporto, durante 4 anos. Afirma ainda
que o esperado era ela aguentar, porque ela ganhava sempre, mas por causa da pressão existe uma
altura que é mais fácil continuar do que desistir.
Vanessa em 2008 tinha à sua frente a medalha de ouro em Pequim que seria o sonho de todos,
incluindo o seu. Contudo Vanessa perdeu a vontade de lutar por esse sonho, mas mesmo assim, fê-
lo em nome dos portugueses.
As expectativas em Vanessa eram tremendas, e esta obteve a medalha de prata. Após os jogos,
Vanessa perdeu completamente a vontade de treinar e competir. Nunca mais ganhou nenhuma
prova. Fazia treinos de duas horas de bicicleta a chorar do princípio ao fim. Começou a decadência
da atleta no mundo do desporto, esta começou a faltar aos treinos e a inventar desculpas para não
ir. Para tentar divertir-se começou a sair a noite com a irmã, mas esta apercebeu-se que Vanessa
não estava bem, que não tinha amigos. Afirma “Ela queria sair comigo e os meus amigos, para
disfarçar o mal-estar. Queria distrai-se, mas estava completamente desorientada”.
Vânia tornou-se sua confidente. “Não quero mais o desporto”, dizia-lhe Vanessa, a chorar. “Eu já não
ando a fazer isto por nada nem por ninguém. Só quero ser uma pessoa normal, ter um emprego
normal”. E assim Vanessa afastou-se da sua grande carreira no desporto
http://blogues.publico.pt/reporterasolta/o-que-correu-mal-a-vanessa-fernandes/
Algumas das consequências mais comuns relacionadas à especialização precoce de um atleta numa
determinada modalidade desportiva são: lesões, desgaste físico ou emocional/psicológico, que por
sua vez, provocará, em alguns casos, incapacidade funcional e cognitiva. Por vezes, de modo a
dedicar um maior tempo à modalidade, os atletas abandonam a escola, visto que vêm o desporto
como sendo um futuro promissor. Em casos mais extremos, a especialização precoce pode levar a
um abandono da modalidade que costuma praticar, ou até mesmo do desporto em geral.
O treinador, de certo modo, acaba por ser aquele que, em conjunto com os pais, possui mais
responsabilidade relativamente a este assunto. Os treinadores devem sempre respeitar as etapas de
formação dos atletas, através da elaboração de treinos adaptados às capacidades de cada um,
respeitando, acima de tudo, os limites físicos, psicológicos e cognitivos.
https://psicologia-do-desenvolvimento-humano.webnode.pt/especializacao-precoce-no-desporto/