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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, BIODIVERSIDADE E


CONSERVAÇÃO

BC
DISTRIBUIÇÃO E BIONOMIA DE Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera:
Meliponini) NO ESTADO DA BAHIA
G
G

Henrique de Abreu Cerqueira Sousa


PP

Jequié-BA
2012
HENRIQUE DE ABREU CERQUEIRA SOUSA

DISTRIBUIÇÃO NA BAHIA E BIONOMIA DE Melipona mondury Smith 1863


(Hymenoptera: Meliponini)

BC
Dissertação de mestrado apresentada ao
programa de Pós-Graduação em Genética,
Biodiversidade e Conservação
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
da
G
para obtenção do título de Mestre em
Genética, Biodiversidade e Conservação.
G

Orientadora:
PP

Profª. Drª. Ana Maria Waldschmidt

Co-orientador:
Prof. Dr. Juvenal Cordeiro Silva Junior
Prof. Dr. Rogério Marques de Oliveira Alves

Jequié-BA
2012
BC
S696 Sousa, Henrique de Abreu Cerqueira.
Distribuição na Bahia e bonomia de melípona mondury Smith 1863
(hymenoptera: meliponini /Henrique de Abreu Cerqueira Sousa. Jequié, 2012.
63f.; il.; 30cm
G
(Monografia apresentada a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -
UESB, sob orientação da Profª Drª. Ana Maria Waldschmidt)
G

1.Abelhas sem ferrão 2.Meliponicultura . 3.Meliponini I.Silva Junior, Juvenal


Cordeiro II. Alves, Rogério Marques de Oliveira III.Título
PP

CDD – 595.799

Jandira de Souza Leal Rangel, Bibliotecária CRB 5/1056


HENRIQUE DE ABREU CERQUEIRA SOUSA

DISTRIBUIÇÃO NA BAHIA E BIONOMIA DE Melipona mondury Smith 1863


(Hymenoptera: Meliponini)

Aprovada em ____/_____/____

BC
Comissão Examinadora:

Prof. Dra. Ana Maria Waldschmidt


G
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB/Campus de Jequié-BA
(Orientadora)
G
PP

Prof. Dr. Rogério Marcos de Oliveira Alves


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – IF Baiano / Catu
(Co-orientador)

Prof. Dr. Derval Gomes Pereira


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB / Campus de Jequié
(Parecerista)
BIOGRAFIA

Henrique de Abreu Cerqueira Sousa, filho de Marina Cerqueira Silva e Moyséis Sousa
Silva, nasceu em Jequié/Ba em 02 de abril de 1970.

Em dezembro de 1988 adquiriu o título de Técnico Agrícola com habilitação em


Agropecuária pela EMARC/Urçuca/Ba.

Em março de 2002 recebeu o título Engenheiro Agrônomo pela UFBA/Cruz das


Almas/Ba.

BC
Desde 1995 tem trabalhado com Sistemas Agroflorestais em sua propriedade no
municipio de Jaguaquara/Ba e em diversas instituições governamentais e não governamentais
do País.

Em Março de 2010 iniciou como aluno regular no curso de Mestrado do Programa de Pós
G
Graduação em Genética, Biodiversidade e Conservação da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia. Após ter cumprido todas as exigências para obtenção de título de Mestre,
G

defendeu dissertação em 05 de março de 2012.


PP
RESUMO

Distribuição na Bahia e Bionomia de Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera:


Meliponini)

A espécie Melipona mondury distribui-se ao longo da Mata Atlântica, sendo encontrada nos
estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina. O grau de conservação da mesma não é homogêneo ao longo de sua região original
de ocorrência e hoje a sua presença está limitada a fragmentos remanescentes. É uma espécie
importante pelo seu papel polinizador e prestador de serviços ambientais prioritários, além de

BC
boa produtora de mel e pólen. A sua criação racional poderá trazer vantagens econômicas e
ambientais. Este trabalho teve dois objetivos: 1- Determinar a distribuição da espécie no
Estado da Bahia; 2- Avaliar os parâmetros biométricos da colônia e conhecer os hábitos de
nidificação da M. mondury. Atendendo ao primeiro objetivo, uma base de dados com as
localidades do Estado da Bahia onde há registro de M. mondury foi estruturada em planilha
G
eletrônica e preenchida com informações de três formas: (1) entrevista com moradores da
região sobre a existência da espécie no local para posterior verificação in locu; (2) Coleta de
G

abelhas em campo nos locais previamente indicados por meliponicultores e (3) Pesquisa em
literatura sobre locais de ocorrência da espécie. A ocorrência da M. mondury foi registrada em
aproximadamente 103 municípios baianos, do total de 417 existentes, estando presentes em
PP

24,7 % dos municípios do Estado, localizados nas regiões Baixo Sul, Sul, Extremo Sul e em
Partes da Região Sudoeste da Bahia. A espécie ficou restrita às áreas úmidas do Estado nos
domínios da Mata Atlântica e a maior área de ocorrência se encontra em até 300m de altitude.
Atendendo ao segundo objetivo foram estudados aspectos como substrato utilizado para
nidificação, forma do ninho, número de favos de cria, tamanho das células de cria, tamanho e
volume dos potes de mel, tamanho e peso das massas contidas nos potes de pólen, e o número
de indivíduos por colônia. Os dados obtidos das 19 colônias estudadas demonstraram que a
arquitetura do ninho apresenta estrutura semelhante ao de outras espécies do gênero. Houve
variação nos parâmetros avaliados como população, potes de mel e pólen e favos de cria
dentro e entre caixas e cortiços. A termorregulação foi mais eficiente em caixas mais
populosas. Os resultados obtidos nesse estudo poderão ser utilizados no manejo racional e na
conservação da M. mondury, espécie chave para o Bioma Mata Atlântica e com grande
potencial para ser utilizada como fonte de renda para pequenos agricultores ao longo da sua
área de ocorrência.

Palavras-chave: abelhas sem ferrão, meliponicultura, Meliponini.

BC
G
G
PP
ABSTRACT

Melipona mondury is distributed along the Atlantic Rainforest, in the states of Bahia, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná and Santa Catarina. Its degree of
conservation is not homogeneous throughout its original area of occurrence and today their
presence is limited to the remaining fragments. It is an important species because of
pollination and other environmental priority services, and producer of honey and pollen. Its
rational creation can bring economic and environmental advantages. This study had two
objectives: 1– To know the area of occurrence of the species, 2 - To study the nesting habits
and bionomic aspects of M. mondury. For the first objective, a data base of all districts in the
State of Bahia, where there is record of M .mondury, was structure din a spreadsheet and filled

BC
with information in three ways: (1) Interviews with local residents about the existence of the
species in that area to check later in locus, (2) Collection of bees in the field in locations
previously indicated by beekeepers and (3) Literature research for places of occurrence. The
occurrence of M. mondury was registered in 103 municipalities of Bahia, out of a total of 417
existing, representing 24.7% of municipalities in the state, located in the regions Down South,
G
South, Deep South and other parts of Southwest Region of Bahia. The species was restricted
to moist areas of the State in area sof Atlantic Rain forest and the largest area of occurrence is
G

within 300mof altitude. Considering the second objective, aspects as substrates used for
nesting, so the nest, the number of combs, brood cell size, size and volume of honey pots, size
and weight of the masses of pollen contained in pots, and the number of individuals per
PP

colony were studied. Data from the 19 colonies studied showed that the architecture of the
nest has a structure similar to that of other species. There was variation in the evaluated
parameters such as population, jars of honey and pollen and brood combs within and between
boxes and original holes. Thermo regulation was more effective in more populated boxes. The
results of this study can be used in the rational management and conservation of M. mondury,
key species for the Atlantic Forest biome with great potential to be used as a source of income
for small farmers throughout its range.

Keywords:, meliponicultura, Meliponini, stingless bees.


LISTA DE FIGURAS

CAPÌTULO 1.
Figura 1. Range of M. mondury in Bahia state............................................................. 25
Figura 2. – Map of rainfall within the range of M. mondury in Bahia......................... 26
Figura 3. Altitude variation and percentage within the range of M. mondury in
Bahia…………………………………………………………………………………. 27
CAPÌTULO 2.
Figura 1. Entrada da colônia de M. mondury............................................................... 40
Figura 2. Colônia de M. mondury evidenciando o invólucro, potes de mel e pólen... 41

BC
Figura 3. Relação entre temperatura ambiente e temperatura dentro e fora do ninho
em uma colônia forte de M. mondury............................................................................
Figura 4. Relação entre temperatura interna do ninho e temperatura fora do ninho
em uma colônia forte de M. mondury..........................................................................
43

43
G
Figura 5. Relação entre temperatura ambiente e temperatura dentro e fora do ninho
44
em uma colônia fraca de M. mondury...........................................................................
Figura 6. Relação entre temperatura no interior do ninho e temperatura fora do
45
G

ninho em uma colônia fraca de M. mondury.................................................................


Figura 7. Favos de cria de Melipona mondury, evidenciando os pilares e larvas........ 46
PP
LISTA DE TABELAS

CAPÌTULO 2.
Tabela I. Dimensões médias dos substratos arbóreos utilizados para nidificação por
Melipona mondury nos municípios de Jequié, Jaguaquara e Tancredo Neves, Bahia,
Brasil.............................................................................................................................. 39
Tabela II. Coeficiente de correlação de Pearson entre temperatura ambiente (1),
temperatura dentro da colônia (2) e temperatura dentro do invólucro que envolve a
área de cria (3) de uma colônia forte............................................................................. 42
Tabela III. Coeficiente de correlação de Pearson entre temperatura ambiente (1),

BC
temperatura dentro da colônia (2) e temperatura dentro da área de cria (3) de uma
colônia fraca..................................................................................................................
Tabela IV. Características dos ninhos de Melipona mondury, coletados nos
municípios de Jequié, Jaguaquara e Tancredo Neves, no Estado da Bahia, Brasil.......
44

47
G
Tabela V. Teste de média dos parâmetros número de indivíduos, volume de mel e
peso da massa de pólen nos potes entre colônias de cortiço e de caixa
rústica............................................................................................................................. 48
G
PP
SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................... 5
ABSTRACT................................................................................................................. 7
LISTA DE FIGURAS................................................................................................. 8
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... 9
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 13
2.1. Considerações sobre abelhas 13

BC
2.2. Distribuição 14
2.3. Bionomia 15
3. OBJETIVOS.................................................................................................... 16
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 17
G
CAPITULO 1:
Distribution of Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera: Meliponini) 21
from state of Bahia
G

ABSTRACT................................................................................................................. 22
RESUMO...................................................................................................................... 23
INTRODUCTION....................................................................................................... 23
PP

RESULTS AND DISCUSSION................................................................................. 24


CONCLUSION............................................................................................................ 25
REFERENCES............................................................................................................ 28
CAPITULO 2:
Bionomia de Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera: Meliponini)
31
RESUMO...................................................................................................................... 32
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 33
2. MATERIAIS E METODOS........................................................................... 36
3. RESULTADOS................................................................................................ 38
4. DISCUSSÃO.................................................................................................... 49
5. CONCLUSÃO.................................................................................................. 56
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 56
CONCLUSÕES GERAIS................................................................................... 63

BC
G
G
PP
12

1. INTRODUÇÃO

O mel certamente foi a primeira experiência de doce concentrado na história da


humanidade. Foi a expectativa do mel que motivou o envolvimento do homem com as
abelhas. Hoje o conhecimento a respeito das abelhas não se restringe unicamente ao mel, mas
a sua função ecológica, como polinizadores. Para muitas espécies esta talvez seja a sua
principal função. A atividade destas abelhas pode ser considerada como serviço ambiental
prioritário.
Mesmo com toda a importância das abelhas, muitas espécies nativas têm sua
população diminuída. Chegando algumas até a extinção em determinados locais, e isso é o
resultado, sobretudo da perda de hábitat causado pelo desmatamento. Hoje só são encontradas

BC
determinadas espécies nos fragmentos florestais existentes. No entanto, a falta de
conectividade entre os fragmentos reduz o fluxo gênico, colocando em risco o futuro de
muitas espécies de meliponíneos.
Alguns agricultores, com objetivo de produzir mel para o consumo e mercado, coletam
enxames na natureza e tentam criá-los. No entanto, por desconhecimento sobre a vida e as
G
necessidades das colônias acabam perdendo enxames, causando prejuízos econômicos e
ambientais devido à perda de material genético. Esse é o caso da M. mondury, espécie que
G

ocorre na Mata Atlântica, do Estado da Bahia a Santa Catarina. Espécie que nidifica
exclusivamente em ambiente de mata, praticamente sem nenhum estudo sobre os reais limites
de sua ocorrência no Estado da Bahia e pouco conhecimento sobre hábito de nidificação e a
PP

arquitetura de ninho.
Neste trabalho foram abordados os estudos sobre a ocorrência desta espécie no Estado
da Bahia, aspectos biológicos e hábitos de nidificação que podem nortear outros estudos como
genéticos e ecológicos.
13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Considerações sobre abelhas

As abelhas pertencem à classe Insecta e constituem um conjunto de espécies que


alcança um total de 20.000 descritas. Estão presentes em diversos biomas e variam em forma
e hábitos de vida. A maioria das espécies é de vida solitária e o restante possui vários níveis
de organização social (Velthius, 1997; Silveira et al, 2002).
Elas são parte integrante do ecossistema em que vivem, atuando como importantes
agentes polinizadores devido a sua abundância no ambiente, ampla distribuição geográfica e
atração pelas flores (Souza, 2007). As abelhas vivem em alto nível de cooperação com a

BC
natureza, recebendo desta alimento como pólen, néctar, resinas e local para abrigo e, ao
mesmo tempo, prestam o benefício da polinização que se aproxima de 30 a 40% de acordo
com o bioma, sendo que as espécies da subfamília Meliponinae se destacam nesta tarefa
(Kerr,1997). Assim, as abelhas são espécies chave para a manutenção das comunidades
vegetais pelo seu papel polinizador, do qual depende a reprodução sexuada e como resultado a
G
variabilidade genética da maioria das plantas floríferas. Dessa ação polinizadora depende a
produção de frutos e sementes que sustentam muitas populações de outras espécies (Silveira
G

et al., 2002), inclusive a humana. Isso tudo pode ser contabilizado como serviços ambientais
prioritários (Campanili & Schaffer, 2010).
Grande parte do conhecimento sobre a biologia das abelhas se deve ao interesse
PP

econômico de seus produtos. Foram estimados os valores dos serviços do conjunto de


ecossistemas da biosfera em mais de 33 trilhões de dólares anuais. A estimativa dos serviços
da polinização seria de 112 bilhões de dólares (ANNUAL REVIEW OF ECOLOGYAND
SYSTEMATICS, 1998), sendo que as abelhas se destacam como os polinizadores mais
importantes.
A tribo Meliponini, que inclui todas as “abelhas indígenas sem ferrão”, apresenta
distribuição nas regiões tropicais do mundo e nas regiões subtropicais do hemisfério sul sendo
todas as espécies eussociais (Michener, 2000). Segundo esse autor foram descritas cerca de
375 espécies pertencentes a 23 gêneros, sendo o Brasil um dos principais locais de ocorrência
dessas abelhas. Dentre os meliponíneos, Melipona é o gênero com maior número de espécies,
cerca de sessenta e nove, e se distribui por toda a região neotropical, distribuindo-se desde o
14

México até Misiones na Argentina sendo mais diversificado na Bacia Amazônica (Silveira et
al, 2002; Camargo & Pedro, 2007).
As matas, em qualquer bioma do planeta, constituem o local ideal para as abelhas sem
ferrão. Ali elas encontram alimentos e local para nidificação. Entretanto, esses ambientes têm
mudando ao longo do tempo devido à ação antrópica, principalmente por meio do
desmatamento. Desde o início da colonização do país a pressão sobre as matas tem sido
intensa. Ambientes que antes eram diversificados e heterogêneos se tornaram simplificados
após a retirada da mata. Ocorre a simplificação porque as características físicas do local,
como a luminosidade, ventilação, umidade do solo, do ar dentre outras, se alteram e nesta
nova realidade, apenas um pequeno número de espécies vegetais adaptadas se estabelecem. E,
como resultado, um número bem menor de espécies animais passa a se associar a estas

BC
plantas. Segundo Kerr (1987), o desmatamento está contribuindo para a redução da população
de meliponíneos e esse processo é acentuado quando estas áreas desmatadas são utilizadas
para a agricultura e pecuária intensiva, sendo que, para espécies que são restritas a um
determinado tipo de vegetação, as áreas alteradas funcionam como barreiras para sua
manutenção e dispersão (Viana & Melo, 1987).
G
A espécie M. mondury, conhecida popularmente como uruçu amarela faz parte do
grupo rufiventris. Melo (2003) foi o primeiro a propor que os indivíduos da mata eram
G

diferentes em caracteres morfológicos daqueles encontrados no cerrado. Desta forma, os


nomes M. rufiventris e M. mondury passaram a ser utilizados para as espécies presentes em
regiões de Cerrado e Mata Atlântica, respectivamente. Este resultado foi corroborado por
PP

marcardores moleculares PCR-RAPD (Tavares et al, 2007), microssatélite (Tavares et al,


2007), PCR-RFLP (Schetino, 2005; Barni et al, 2007), Isoenzimas (Tavares et al, 2007) e
ISSR (Dias, 2008).

2.2. Distribuição

M. mondury ocorre ao longo da Mata Atlântica, sendo encontrada nos estados da


Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina
(Silveira et al, 2002). Sendo que no estado de Minas Gerais, devido ao desmatamento e à
fragmentação de habitat, esta espécie já está na lista das espécies em extinção (Campos,
1998).
15

O grau de conservação da M. mondury não é homogêneo ao longo de sua região


original de ocorrência e hoje a sua presença está limitada a fragmentos remanescentes
(Tavares et al, 2008). Contudo, esta espécie demonstra necessitar de fragmentos maiores e de
melhor qualidade. Praticamente não encontrando esta abelha nos remanescentes florestais,
que em regra são fragmentos menores e pouco desenvolvidos (Tavares et al, 2008). Assim, o
atual estado de fragmentação da Mata Atlântica constitui uma ameaça à biodiversidade pelo
isolamento dos remanescentes e consequente perda da variabilidade genética de suas
populações (Morellato e Leitão Filho, 1995).
A Mata Atlântica reúne características vegetais diversificadas e heterogêneas,
caracterizando-se por ser uma floresta sempre verde e perenifólia com alta umidade e
temperaturas elevadas devido ao acompanhamento da costa atlântica. No estado da Bahia se

BC
concentrava uma das maiores áreas de Mata Atlântica do país e que é apontada como uma das
áreas de maior importância para a manutenção da diversidade biológica brasileira. Essa área
costeira caracteriza-se pela vegetação de mata ombrófila densa, habitat ideal para várias
espécies de abelhas, principalmente da subtribo Meliponina. No entanto, os altos níveis de
desmatamento modificam os habitats da Mata Atlântica, sendo uma das principais causas de
G
extinção de espécies nesse ecossistema (Schaffer & Prochnow, 2002).
O entendimento da distribuição das espécies constitui um dos pilares para estudos
G

mais amplos, como a biogeografia, genética e ecologia. Dados pontuais de ocorrência


compõem a base de muitos estudos sobre biodiversidade, sendo que a obtenção de um
conjunto de dados de distribuição das espécies é o inicio para a elaboração de estratégias de
PP

conservação (Sutherland, 2000).

2.3. Bionomia

A meliponicultura ou criação racional de abelhas sem ferrão é uma atividade de baixo


impacto ambiental e adequado à agricultura familiar. Promove ocupação e entretenimento
para toda a família e além de gerar renda, produz um alimento de alto valor nutritivo para a
família (Alves, 2007). Essas espécies por serem criadas próximas das casas contribuem, via
polinização, para melhorar a produtividade dos quintais, sobretudo daqueles ricos em espécies
frutíferas.
16

No entanto, com toda essa importância, a forma de criação e manejo ainda é muito
rudimentar isso como resultado do desconhecimento das necessidades da espécie. Isso leva a
baixa produtividade e perdas de colônias.
A área de cria das melíponas requer temperatura de 29,67 °C para o desenvolvimento
das crias. Estas espécies usam estratégias para termorregulação dos ninhos. Uma delas é
nidificar em troncos de árvores com parede espessa e a construção do invólucro envolvendo
as crias (Cortopassi-Laurino e Nogueira-Neto, 2003; e Lima et al. 2010). Quando estas
espécies são retiradas do ambiente natural e não são observadas estas características, as
colônias gastam muitos recursos para se ajustarem a esta realidade e outras terminam se
extinguindo.
Os meliponíneos possuem hábitos de nidificação variados, sendo observada quase a

BC
totalidade de suas espécies vivendo em ocos de árvores (Kerr, 1999). O conhecimento dos
hábitos de nidificação das abelhas sem ferrão permite compreender melhor sua adaptação aos
diferentes habitats e acumular maiores informações sobre a biologia e o comportamento das
suas espécies (Alfaro, 2003). Elcure e Cardoso (1990) apontam que essas informações
viabilizam estratégias de uso racional da vegetação que contribui para a conservação das
G
abelhas.
G

3. OBJETIVO GERAL

Este trabalho teve como objetivo obter informações sobre aspectos da bioecologia da
PP

M. mondury, subsidiando planejamento conservacionista e econômico.

3.1. OBJETIVOS ESPECIFICOS

- Conhecer as áreas distribuição da espécie no Estado da Bahia.


- Avaliar os parâmetros biométricos da colônia e conhecer os hábitos de nidificação da M.
mondury.
17

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BC
WINSTON, ML. 2003. A Biologia da Abelha. Tradução de Carlos A. Osowski. Porto Alegre:
Editora Magister. 276 p.
G
G
PP
21

CAPÍTULO 1

Distribution of Melipona mondury Smith 1863


(Hymenoptera: Meliponini) from state of Bahia*

BC
G
G
PP

*Artigo escrito de acordo com as normas da revista Magistra.


22

Distribution of Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera: Meliponini) from


state of Bahia

Henrique de Abreu Cerqueira Sousa1; Rogério Marcos Oliveira Alves2; Marcus Vinicius Canário

Viana1, Ana Maria Waldschmidt1

1
Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Av José Moreira Sobrinho s/n,

Campus de Jequié, CEP 45206-190, Jequié, BA. E-mail: souza_henrique@hotmail.com,

lemos_jacqueline@hotmail.com, amwalds@gmail.com
2
Escola Agrotécnica Federal de Catu, Rua Barão de Camacari 118, CEP 48110-000, Catu, BA. E-mail:

BC
eiratama@gmail.com

Abstract: A remarkable attention has been given to stingless bees not only because of the honey
production but by their role as pollinators as well. Melipona mondury popularly known as “uruçu amarela”
G
nests in Forest environments and it is widespread through Atlantic Forest from Bahia to Santa Catarina.
The goal of this work was to determine the range of this species in Bahia state. A database was
established comprising the locality records of M. mondury in Bahia based on interviews with local
G

inhabitants and further in loco sampling collection. The occurrence of M. mondury was recorded in 103
out of the 417 municipalities in Bahia, thereby representing 24.7 % of cities from this state. This species is
restricted to hot and humid areas from Atlantic forest domains, usually concentrated within areas with
more than 1500 mm of annual rainfall. It a typical species of low altitudes once 65.35% of its range occurs
PP

in municipalities between 0 to 200 m above sea level. Dense ombrophilous forests are the preferred sites
for nesting of M. mondury, while semideciduous forests represent the extreme of their range. Due to
human activities, this environment has been drastically changed along the years so the survival of this
species might be hindered. Therefore, sustainable bee keeping might be an alternative to preserve this
species and improve the incomes of familial farmers.

Keywords: stingless bee, Atlantic Forest, conservation.


23

Distribuição de Melipona mondury Smith, 1863 (Hymenoptera: Apidae, Meliponini) na

mata atlântica do Estado da Bahia

Resumo: Grande interesse tem surgido pelas abelhas sem ferrão não só devido à produção de mel, mas
pelo seu papel de polinizador. A Melipona mondury conhecida como uruçu amarela nidifica em ambiente
de mata e ocorre no bioma Mata Atlântica, da Bahia até Santa Catarina. Este trabalho teve como objetivo
determinar a distribuição da espécie no Estado da Bahia. Foi montada uma base de dados com as
localidades do Estado da Bahia onde há registro de M. mondury, as informações foram coletadas através
de entrevistas com moradores da região e posterior coleta in loco. A ocorrência da espécie M. mondury
foi registrada em 103 municípios baianos, do total de 417 existentes, estando presentes em 24,7 % dos
municípios do Estado. A espécie está restrita às áreas quentes e úmidas do Estado, nos domínios da
Mata Atlântica, concentrando-se na área de ocorrência, na faixa acima de 1500 mm de precipitação

BC
anual. É uma espécie típica de baixas altitudes tendo 65,35% de sua área de ocorrência em municípios
situados de 0 a 200 m de altitude. As Matas ombrófilas densas são os locais preferenciais de nidificação
da M. mondury, sendo as Matas semideciduais o extremo de sua ocorrência. Este ambiente devido a
ação humana tem mudado drasticamente ao longo dos anos podendo comprometer a sobrevivência da
espécie. Assim a criação racional pode ser um meio para preservar a espécie e contribuir para a
melhoria da renda de agricultores familiares.
G
Palavras-chave: abelha sem ferrão, Mata Atlântica, conservação.
G
PP

Introduction

A great importance has been given to stingless bees because of their role in both honey
production and pollination. Pollinators are referred as key components of global biodiversity, providing
essential environmental services in agriculture and natural ecosystems. Nonetheless, there are evidence
of remarkable decline in pollinators worldwide mainly related to deforestation, fragmentation, habitat
losses, harmful agricultural practices, pathogens, invasion of exotic species, and climate changes (Piha et
al, 2007; Aubad, 2010; Potts 2010). Under this context, species of genus Melipona have been
significantly affected, particularly those associated with rainforests.
The species M. mondury, popularly known in Brazil as “uruçu amarela” belong to the group
rufiventris. Melo (2003) was the first to separate this species, stating that individuals from forests were
different from that found in Brazilian savannahs. Therefore, the names M. rufiventris and M. mondury
were validated to discriminate the species from Brazilian savannah and from Atlantic Forest, respectively.
Afterwards, this results was corroborated by studies with molecular markers such as PCR-RAPD
24

(Tavares et al, 2007), microsatellites (Lopes, 2004; Tavares et al, 2007), and isoenzymes (Tavares et al,
2007).
M. mondury is widespread throughout Atlantic forest from Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, São Paulo, Paraná to Santa Catarina (Silveira et al, 2002). In the state of Minas Gerais,
this species was included in the list of endangered species as a result of deforestation and habitat
fragmentation (Campos, 1998). Indeed, the conservation status of M. mondury is heterogeneous along
their original range and their presence is usually restricted to remaining forest fragments (Tavares et al,
2008).
The state of Bahia encompasses a wide territorial extension including rainforests in several
regions, mainly along the coastline in which one of the largest Atlantic forest areas is present, being
referred as some of the most important hotspots of Brazilian biodiversity. This coastal zone is
characterized by dense ombrophilous vegetation that serves as proper habitats for several bee species
such as those from subtribe Meliponina. The knowledge about species range is the starting point for

BC
further studies involving biogeography, genetics and ecology. Isolated data about occurrence are used in
many biodiversity analyses and the establishment of database about geographical distribution of a
species is an essential step in defining conservation status and management strategies (Sutherland,
2000).
Thus, the goal of this work was to determine the range of M. mondury in Bahia state, Brazil,
providing subsidies for further conservation and proper management of this species.
G
Material and Methods
G

A database compiling the localities in Bahia state where M. mondury has been recorded was
established as electronic files and filled with information according to the following methods: (1) interviews
PP

with local people about the occurrence of species for further in loco studies; (2) collection of bees in the
field based on the localities indicated by stingless bee keepers and (3) literature review about the
occurrence of this species. We searched papers and thesis, in both English and Portuguese using
Scholar Google tool and the query terms were: “stingless bees”, “distribution”, “occurrence”, “abelhas sem
ferrão”, distribuição” and “ocorrência”.
Climate, topographical and vegetation data were obtained from “Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais” in Bahia (SEI, 2007) and “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística” (IBGE,
1992; IBGE, 2007). Geographical coordinates and altitude were determined by using a GPS MLRSP 12x
device. The climatic classification and the division in mesoclimates were established according to
differences in humidity levels (IBGE, 1981).
25

Results and Discussion

The occurrence of M. mondury was recorded in 103 out of the 417 municipalities in Bahia, thus
representing 24.7 % of total cities in the state (Figure 1). Alves (2010) recorded M. scutellaris in 102 cities
from Bahia. However, both species are sympatric in a few places such as those located at northwestern
boundaries of the natural range of M. mondury.
The distribution pattern of M. mondury in Bahia ranges from eastern coastal regions up to
western transition zones between Atlantic and semidecidual forests (locally referred as “Mata de Cipó”),
up to municipalities like Jaguaquara, Boa Nova and Ribeirão do Largo. In a north-to-south direction, this
species ranges from Amargosa, Varzedo and Valença up to extreme southern of Bahia (Figure 1).

BC
G
G
PP

Figure 1 – Range of M. mondury in Bahia state (no scale). Source: Henrique Sousa.

Melipona mondury is restricted to hot and wet areas of Bahia, within Atlantic forest habitats. Their
occurrence in municipalities of high altitude with sub-humid climate cannot be regarded as an evidence
that this bee species usually inhabits this region once these localities present some variation in humidity
that allows the establishment of a typical vegetation of wet areas (Alves, 2010) or else are interspersed
with areas of low altitudes covered by Atlantic forests, like Boa Nova and Jaguaquara. In fact, the
occurrence of M. mondury in these municipalities is observed in eastern region corresponding to forest
26

zones or areas with higher rainfall indexes (Figure 2).The same behavior was also detected in all cities
along the western boundary of their range, i. e. transition zones close to semidecidual forests or semiarid
habitats (Ubaíra, Santa Inês, Cravolândia, Jaguaquara, Jequié, Boa Nova, Barra do Choça, Vitória da
Conquista, Itambé, Ribeirão do Largo and Macarani).
M. mondury can be considered a typical species of humid environments since their occurrence
increases in areas with more than 1500 mm of annual rainfall (Figure 2). On the other hand, their
occurrence in cities with lower rainfall indexes (below 1000 mm per year) such as Vitória da Conquista
and Ribeirão do Largo is restricted to reduced sites that present particular heavier rainfalls (Figure 2).

BC
G
G
PP

Figure 2 – Map of rainfall within the range of M. mondury in Bahia. Source: SEI, 2012.

The occurrence areas of M. mondury include several landscapes that, altogether, compose a
large mosaic of phytophisiognomy (Rizzini, 1979). The main vegetal formations found in this region are
dense ombrophilous forests, semidecidual forests, coastal ecosystems (mangroves and “restingas”) and
natural grasslands, including the several succession stages in areas of natural restoration.
In this mosaic, the dense ombrophilous forests are the preferred sites for nesting of M. mondury,
while semidecidual forests represent extreme habitats in their range. The typical forest for the occurrence
of this bee species is highly structured and composed of large trees, with straight stems and solid trunks.
27

The canopy is continuous with a mean height of about 30 m. This type of forests presents large amounts
of epiphytes, besides lianas and vines, characterizing common features of tropical rainforests (Cordeiro,
2003). The forest understory has low light intensity and it is sparsely consisted of shrubs and herbs
(Peixoto and Genhy, 1990).
Batalha-Filho et al (2011), analyzing the occurrence of M. mandacaia based on niche modeling
stated that the range of this species is usually associated with arboreal semiarid caatinga habitats in
which Commiphora leptophloeos (“imburana”) predominates and serves as the main substrate for their
nesting. In the case of M. mondury, there is not a predominant plant species related to their occurrence
but, rather, it is associated with the presence of several tree species that can provide a high number of
nesting holes.
M. mondury is a species found in low altitudes. Most of occurrence was recorded within areas
below 200 m, as observed in 65.35 % of municipalities within their range, while 27.72 % of municipalities
were located within 201 to 400 m, 1.98 % within 401 to 600 m and 4.95 % in areas from 601 to 1000 m

BC
above sea level (Figure 3). This distribution pattern differs from that reported in M. scutellaris from Bahia
that can be found from sea level in municipalities, like Camamu and Salvador, up to more than 1000 m in
altitude (e.g., Barra da Estiva and Morro do Chapéu) (Alves, 2010).
Roubik (1989) proposed that the distribution of meliponins would be more affected by availability
of nesting sites than by climate conditions. However, the range pattern of M. mondury diverges from this
hypothesis once this species was absent in high altitudes independently on the presence of proper sites
G
for nests, as reported in M. scutellaris (Alves, 2010).
G
PP

Figure 3 – Altitude variation and percentage within the range of M. mondury in Bahia. Source: Henrique
Sousa

Analyzing the occurrence sites of M. mondury in Bahia, it is intriguing that this species was
recorded neither northern to Valença nor in the northeastern areas. Most likely, apart from the
28

abovementioned features like rainfall, altitude and vegetation cover, the higher light intensity of these
regions seems to restrain the distribution of this stingless bee.

Conclusion

The present paper shows that M. mondury is a species from dense ombrophilous vegetation in
Atlantic forest, a biodiversity hotspot in which conservation of vegetation covers is critical. However, the
current economic and agricultural practices of local human population invariably lead to deforestation.
Studies about occurrence of this bee species in the region might foster the utilization of M. mondury in
honey and pollen production, assuring the maintenance of essential environmental services such as
pollination.

BC
Acknowledgements

The authors are grateful to Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB)
and Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) for financial support and to colleagues from
Molecular Genetics Laboratory, particularly Bruno Santos Almeida and Jacqueline Lemos Viana for their
G
collaboration and to bee keepers for providing the information about several localities.
G

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PP

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BC
G
G
PP
31

CAPÍTULO 2

BC
BIONOMIA DE Melipona mondury Smith 1863
(Hymenoptera: Meliponini)*
G
G
PP

*Artigo escrito de acordo com as normas da Revista Iheringia Série Zoologia.


32

BIONOMIA DE Melipona mondury Smith 1863 (Hymenoptera: Meliponini)

RESUMO

A espécie M. mondury distribui-se ao longo da Mata Atlântica, sendo encontrada nos

estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa

Catarina. O grau de conservação da mesma não é homogêneo ao longo de sua região original

BC
de ocorrência e hoje a sua presença está limitada a fragmentos remanescentes. É uma espécie

importante pelo seu papel polinizador e prestador de serviços ambientais prioritários, além de

boa produtora de mel e pólen. Sendo que a sua criação racional poderá trazer vantagens

econômicas e ambientais. O objetivo deste trabalho foi estudar o hábito de nidificação e


G
aspectos bionômicos fornecendo subsídios para programas de criação racional e conservação

da espécie. Foram estudados aspectos como substrato utilizado para nidificação, forma do
G

ninho, número de favos de cria, tamanho das células de cria, tamanho e volume dos potes de

mel, tamanho e peso das massas contidas nos potes de pólen, e o número de indivíduos por
PP

colônia. Os dados obtidos das 19 colônias estudadas demonstraram que a arquitetura do ninho

apresenta estrutura semelhante ao de outras espécies do gênero. Houve variação nos

parâmetros avaliados como população, potes de mel e pólen e favos de cria dentro e entre

caixas e cortiços. A termorregulação foi mais eficiente em caixas mais populosas (Os

resultados obtidos nesse estudo poderão ser utilizados no manejo racional e na conservação da

M. mondury, espécie chave para o Bioma Mata Atlântica e com grande potencial para ser

utilizada como fonte de renda para pequenos agricultores ao longo da sua área de ocorrência.

Palavras-chave: abelha sem ferrão, arquitetura do ninho, uruçú amarela, conservação.


33

1. INTRODUÇÃO

As abelhas pertencem à classe Insecta e constituem um conjunto de espécies que

alcança um total de 20.000 descritas. Estão presentes em diversos biomas e variam em forma

e hábitos de vida. A maioria das espécies é de vida solitária, o restante possui vários níveis de

organização social (VELTHIUS, 1997; SILVEIRA ET AL. 2002).

Elas são parte integrante do ecossistema em que vivem, atuando como importantes

agentes polinizadores devido a sua abundância no ambiente, ampla distribuição geográfica e

BC
atração pelas flores (NOGUEIRA-NETO, 1997). Estes insetos vivem em alto nível de

cooperação com a natureza recebendo desta o alimento, como pólen, néctar, resinas e local

para abrigo e, ao mesmo tempo prestam o benefício da polinização que se aproxima de 30 a

40% de acordo com o bioma, sendo que as espécies da subfamília Meliponinae se destacam
G
nesta tarefa (KERR, 1997). Assim, as abelhas são espécies chave para a manutenção das

comunidades vegetais pelo seu papel polinizador, do qual depende a reprodução sexuada e
G

como resultado a variabilidade genética da maioria das plantas floríferas. Dessa ação

polinizadora depende a produção de frutos e sementes que sustentam muitas populações de


PP

outras espécies (SILVEIRA ET AL., 2002), inclusive a humana. Isso tudo pode ser contabilizado

como serviços ambientais prioritários (CAMPANILI & SCHAFFER, 2010). Foram estimados os

valores dos serviços do conjunto de ecossistemas da biosfera em mais de 33 trilhões de

dólares anuais. A estimativa dos serviços da polinização seria de 112 bilhões de dólares

(ANNUAL REVIEW OF ECOLOGY AND SYSTEMATICS, 1998), sendo que as abelhas constituem os

polinizadores mais importantes.

A tribo Meliponini, que inclui todas as “abelhas indígenas sem ferrão”, apresenta

distribuição nas regiões tropicais do mundo e nas regiões subtropicais do hemisfério sul sendo

todas as espécies eussociais (MICHENER, 2000). Segundo esse autor foram descritas cerca de
34

trezentos e setenta e cinco espécies pertencentes a vinte e tres gêneros, sendo o Brasil um dos

principais locais de sua ocorrência. Dentre os meliponíneos, Melipona é o gênero com maior

número de espécies, cerca de sessenta e nove, e se distribui por toda a região neotropical,

distribuindo-se desde o México até Misiones na Argentina sendo mais diversificado na Bacia

Amazônica (SILVEIRA ET AL., 2002; CAMARGO & PEDRO, 2007).

Os meliponíneos possuem hábitos de nidificação variados, sendo observada quase a

totalidade de suas espécies vivendo em ocos de árvores (KLEINERT-GIOVANINI, 1989; KERR,

1999). O conhecimento dos hábitos de nidificação das abelhas sem ferrão permite

BC
compreender melhor sua adaptação aos diferentes habitats e acumular maiores informações

sobre a biologia e o comportamento das suas espécies (ALFARO, 2003). ELCURE & CARDOSO

(1997) apontam que essas informações viabilizam estratégias de uso racional da vegetação
G
que contribui para a conservação das abelhas.

As matas, em qualquer bioma do país, constituem o local ideal para os meliponíneos.


G

Ali eles encontram alimentos e local para nidificação. Entretanto, estes ambientes têm

mudando ao longo do tempo devido à ação antrópica, principalmente por meio do


PP

desmatamento. Desde o início da colonização a pressão sobre as matas tem sido intensa.

Ambientes que antes eram diversificados e heterogêneos se tornaram simplificados após a

retirada da mata. Ocorre a simplificação porque as características físicas do local, como a

luminosidade, ventilação, umidade do solo, do ar dentre outras, se alteram e nesta nova

realidade, apenas um pequeno número de espécies vegetais adaptadas se estabelecem. E,

como resultado, um número bem menor de espécies animais passa a se associar a estas

plantas. O desmatamento está contribuindo para a redução da população de meliponíneos e

esse processo é acentuado quando estas áreas desmatadas são utilizadas para a agricultura e

pecuária intensiva, sendo que, para espécies que são restritas a um determinado tipo de
35

vegetação, as áreas alteradas funcionam como barreiras para sua manutenção e dispersão

(VIANA & MELO, 1987).

A espécie M. mondury, conhecida popularmente como uruçu amarela faz parte do

grupo rufiventris. MELO (2003) foi o primeiro a propor que os indivíduos da Mata eram

diferentes em caracteres morfológicos daqueles encontrados no Cerrado. Desta forma, os

nomes M. rufiventris e M. mondury passaram a ser utilizados para as espécies presentes em

regiões de Cerrado e Mata Atlântica, respectivamente. Estudos moleculares utilizando

marcadores PCR-RAPD (BUSSE et al. 2003; TAVARES et al. 2007), microssatélite (TAVARES

com os resultados apontados por MELO (2003).


BC
et al. 2007), PCR-RFLP (BARNI et al. 2007) e Isoenzimas (TAVARES et al. 2007) corroboram

A M. mondury distribui-se ao longo da Mata Atlântica, sendo encontrada nos estados


G
da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina

(MELO, 2003). A Mata Atlântica reúne características vegetais diversificadas e heterogêneas,


G

caracterizando-se por ser uma floresta sempre verde, alta umidade devido ao

acompanhamento da costa atlântica aliada as altas temperaturas, e vegetação com folhas


PP

largas e perenifólia, entretanto, seu atual estado de fragmentação constitui uma ameaça a

biodiversidade pelo isolamento dos remanescentes e, consequentemente, perda da

variabilidade genética de suas populações (MORELLATO E LEITÃO FILHO, 1995). Os altos

níveis de desmatamento modificam os habitats da Mata Atlântica, sendo uma das principais

causas de extinção de espécies nesse ecossistema (SCHAFFER & PROCHNOW, 2002). Outra

causa para a redução dos Meliponíeos nesta região é o fator histórico local que teve sua

organização econômica e social em torno do monocultivo do cacau, não apresentando

histórico de interesse na criação de abelhas pelos agricultores, ao contrário do que ocorreu


36

com outras regiões da Bahia, onde espécies como a M. scutellaris e M. mandacaia foram

criadas pelos agricultores em suas propriedades.

O grupo M. rufiventris está entre as abelhas que tem sofrido grande redução

populacional e, no estado de Minas Gerais é considerada ameaçada de extinção (MACHADO et

al., 1998). O grau de conservação da M. mondury não é homogêneo ao longo de sua região

original de ocorrência e hoje a sua presença está limitada a fragmentos remanescentes

(TAVARES et al. 2008). Contudo, esta espécie demonstra necessitar de fragmentos maiores e

de melhor qualidade e praticamente não se encontra esta abelha nos remanescentes florestais,

BC
que em regra são fragmentos menores e pouco desenvolvidos (TAVARES et al. 2008).

Possivelmente isso ocorra ou se acentue pela falta de substrato adequado para nidificação

(ALVES et al. 2009).

Pelo fato de não existirem estudos sobre aspectos da biologia do ninho dessa espécie,
G
esse trabalho teve por objetivo estudar o hábito de nidificação e aspectos bionômicos da M.

mondury fornecendo subsídios para programas de criação racional e conservação da espécie.


G

2. MATERIAL E MÉTODOS
PP

Foram utilizadas dezenove colônias de M. mondury, sendo treze de caixas rústicas e

seis de cortiços oriundas dos municípios de Jaguaquara (UTM0413152/8481060), Jequié

(UTM0407600/8474112) e Tancredo Neves (UTM0441826/8506350), municípios que estão

inseridos dentro do bioma Mata Atlântica. O trabalho foi realizado entre os meses de

dezembro de 2009 a agosto de 2011. As espécies vegetais utilizadas como cortiços foram

identificadas por taxonomistas e confirmadas através de exsicatas enviadas ao Herbário da

UESB.
37

A descrição dos ninhos seguiu a metodologia apresentada por CAMARGO (1970) e Wille

e MICHENER (1973). Foram tomadas medidas sobre forma do ninho, número de favos de cria,

tamanho das células e numero de células de cria por unidade de área de favo (cm²), tamanho

dos potes de mel e pólen (cm), volume do mel (ml) e peso das massas de pólen (g)

encontradas em potes fechados.

Os ninhos foram fotografados e suas medidas externas foram obtidas com o uso de

uma trena. Para a obtenção das medidas dos favos de cria, altura e diâmetro dos potes de

alimento, células de cria e pilares, foi utilizado paquímetro e régua graduada. Para

BC
determinação dos volumes dos potes de mel foi utilizada seringa graduada (20 ml) descartável

e balança digital (com precisão de 0,01 g) para determinar as massas de pólen armazenadas

nos potes. O peso das operárias e das rainhas foi obtido em balança analítica DENVER

INSTRUMENT APX-200 (com precisão de 0,001 g).


G
A obtenção do número médio de células de cria/cm² de favo de cria e o estado da

colônia foram obtidos segundo a metodologia de Aidar (1998) e a população total foi
G

estimada conforme IHERING (1930), por meio da relação (x + x/2), em que x representa ao

numero de células de crias nascentes na colônia.


PP

Ao findar a descrição da arquitetura dos ninhos, as colônias foram transferidas para

caixas racionais modelo INPA (OLIVEIRA & KERR, 2000), por demonstrar ser um modelo que

apresenta facilidades no manejo e para o processo de multiplicação artificial de colônias do

gênero Melipona. As dimensões utilizadas para as caixas foram de 20,0 x 20,0 x 20,0 cm para

ninho e sobreninho, com base na forma e estrutura geral da colônia desta espécie obtida

previamente.

As temperaturas ambientais, interior da colônia e interior do invólucro nas caixas

racionais, foram obtidas com termômetro digital indoor/outdoor (Termo Higrômetro Digital

JProlab).
38

A análise de dados foi realizada com auxílio do software estatístico BioEstat versão

5.0 (AYRES et al., 2007), a qual se fundamentou em análise descritiva das variáveis avaliadas,

por meio de estimativa de média, desvio padrão e coeficiente de variação. Além disso,

verificou-se a relação entre temperatura ambiente, temperatura dentro da colônia e

temperatura dentro do invólucro que envolve a área de cria utilizando correlação linear de

Pearson.

3. RESULTADOS

3.1. Substrato de Nidificação

BC
Das seis colônias encontradas em substrato natural, duas foram encontradas em
G
árvores da espécie Pouteria venosa (Sapotacea) e as demais em espécies diferentes Hirtella

hebeclada (Chrysobalanácea), Tabebuia serratifolia (Bignoniácea), Ocotea odorifera


G

(Lauracea) e Byrsonima stipulacea (Malpighiaceae).

Foi encontrado um volume médio da cavidade dos troncos de 18,4±5,34 litros e


PP

coeficiente de variação (CV) de 29,17% para o volume da cavidade do tronco (Tabela I). A

espessura da madeira variou de 4-12 cm com uma média de 7,0±3,00 cm de espessura e CV

de 42,80%. Esses dois parâmetros são importantes, pois sinalizam para as dimensões das

caixas racionais a serem construídas e a espessura da madeira a ser usada na construção.


39

Tabela I. Dimensões médias dos substratos arbóreos utilizados para nidificação por Melipona

mondury nos municípios de Jequié, Jaguaquara e Tancredo Neves, Bahia, Brasil.

Parâmetros n Variação Média±dp CV (%)

Comprimento da cavidade do tronco (cm) 6 80 -110 92,6±12,4 13,30

Diâmetro da cavidade do tronco (cm) 6 11-19 15,8±2,95 18,67

Volume da cavidade do tronco (litros) 6 10-24 18,4±5,34 29,17

Espessura da madeira (cm) 6 4–12 7,0±3,00 42,80

n=número de ninhos; dp=desvio padrão; CV=coeficiente de variação

3.2. Arquitetura de ninho


BC
G
3.2.1. Entrada da colônia

A entrada da colônia desta espécie é confeccionada de barro e própolis (geoprópolis),


G

formando um orifício central circundado por raios convergentes com bastante destaque nas

colônias mais populosas e na sua coloração que varia conforme a disponibilidade de alimento
PP

(Figura 1).
40

Figura 1. Entrada da colônia de M. mondury.

BC
O orifício de entrada das colônias de M. mondury apresenta um diâmetro médio de
G
0,96 0,14 cm que se comunica com o interior da colônia através de um tubo de cerume ou

geoprópolis, de coloração marrom escuro e com comprimento variável de acordo com a


G

proximidade do local de acesso ao ninho. A altura do orifício de entrada em relação ao solo é

variável com a localização da cavidade. Das colônias mensuradas, a altura variou de 2,80 a
PP

5,20 m. Colônias alojadas em locais mais altos torna difícil a visualização e isso pode ser uma

causa de não encontrar muitas colônias na sua área de ocorrência.

Foi observado que a M. mondury usa diversos materiais para a confecção e proteção

de suas colônias contra invasores, tais como resinas, cera e barro. A coleta de barro por esta

espécie foi observada nas margens dos cursos d’água ou no solo úmido durante as chuvas de

verão. Sendo este material utilizado para vedar as aberturas do local de nidificação, na

construção da estrutura de entrada, e do batume, que misturado com resina e própolis, forma a

geoprópolis usada para delimitação do ninho. Esta geoprópolis é de consistência dura e

avermelhada, predominando a coloração da resina da madeira onde foi coletada.


41

Existem algumas espécies vegetais que são bastante procuradas por M. mondury para a

coleta de resina. Neste estudo foi observado coletas frequentes nas espécies Centrolobium

tomentosum (Fabaceae) e Joanesia princeps (Euphorbiaceae), que são espécies de ocorrência

frequente na localidade. É o pigmento da resina que da a cor característica da estrutura de

entrada da colônia dessa espécie.

3.2.2. Invólucro

Em todas as colônias estudadas foi encontrado invólucro envolvendo os discos de

crias. Nas colônias mais fracas o invólucro se apresentava mais espesso. Quando transferido

BC
os ninhos para as caixas racionais em períodos do ano com temperatura mais elevada, estes

ninhos permaneciam sem invólucro por mais tempo. Mas quando a transferência era feita em

épocas do ano com temperatura mais amena (em torno de 22°C), a construção do invólucro se

iniciava imediatamente.
G
G
PP

Figura 2. Colônia de M. mondury evidenciando o invólucro, potes de mel e pólen.

3.2.3. Temperatura na Colônia/Ambiente

A temperatura da área de cria nas colônias variou de 28 a 31°C com média (29,67 ±

0,33), enquanto a temperatura ambiente no período do estudo variou de 17,0 a 30,0°C com
42

média (22,58 ± 1,16). A amplitude de variação ambiental foi de 13°C, enquanto na área de

cria foi de 3°C.

Em colônias fortes, instaladas em caixa racionais, não se verificou relação

significativa entre a temperatura ambiente e a temperatura dentro do invólucro que envolve a

área de cria (p=0,1176), e (r = 0,48 e r2 = 23%). No entanto, foi encontrada correlação

significativa (p<0,01) entre a temperatura ambiente e a temperatura interna da colônia e entre

temperatura interna da colônia e temperatura dentro do invólucro que envolve a área de cria,

resultados explicados pelos elevados valores de r = 0,85 e r2 = 72,1% e r = 0,81 e r2 = 66,40 %

BC
respectivamente (Tabela II e figuras 3 e 4).

Tabela II. Coeficiente de correlação Linear de Pearson entre temperatura ambiente (1),

temperatura interna da colônia (2) e temperatura dentro do invólucro que envolve a área de
G
cria (3) de uma colônia forte.
G

Variáveis R r2 (%) p-value

1e2 0,85* 72,10 0,0005


PP

1e3 0,48ns 23,00 0,1176

2e3 0,81* 66,40 0,0012

*significativo a 1% de probabilidade pelo teste t (p<0,01); nsnãosignificativo


43

2
r = 0,48 e r = 23,00%

2
r = 0,85 e r = 72,10%

BC
Figura 3. Relação entre temperatura ambiente e temperatura dentro e fora do ninho em uma

colônia forte de M. mondury.


G
G
PP

Figura 4. Relação entre temperatura interna do ninho e temperatura fora do ninho em uma

colônia forte de M. mondury.

Já em uma colônia menos populosa ou fraca, a correlação foi significativa (p<0,01)

tanto entre a temperatura ambiente e a área de cria e temperatura ambiente e a temperatura


44

dentro da colônia, resultados confirmados pelos altos valores do coeficiente de correlação (r)

e de determinação (r2) (Tabela 3 e figuras 5 e 6).

Tabela III. Coeficiente de correlação de Pearson entre temperatura ambiente (1), temperatura

dentro da colônia (2) e temperatura dentro da área de cria (3) de uma colônia fraca.

Variáveis R r2 (%) p-value

1e2 0,96* 92 0,0001

BC
1e3 0,68* 46 0,0110

2e3 0,78* 61 0,0016

*significativo a 1% de probabilidade pelo teste t (p <0,01).


G
G

r = 0,68 e r2= 46%


r = 0,96 e r2= 92%
PP

Figura 5. Relação entre temperatura ambiente e temperatura dentro e fora do ninho em uma

colônia fraca de M. mondury.


45

BC
Figura 6. Relação entre temperatura no interior do ninho e temperatura fora do ninho em uma

colônia fraca de M. mondury.


G
3.2.4. Favos de Cria
G

O número de favos de cria nas colônias de M. mondury estudadas variou de 6 a 15 e

média (9,26±2,64), com dimensões médias de 12,03±3,89 cm de comprimento e 9,75±3,33


PP

cm de largura. As células de cria apresentaram altura média de 1,03±0,18 cm e diâmetro

interno médio de 0,52±0 cm, não havendo variação no diâmetro das células de cria (Tabela 4).

Os favos são separados uns dos outros através de pilares de cera medindo em média

0,41±0,05 cm de altura (Tabela IV), permitindo a passagem de abelhas entre os discos de cria

(Figura 7). A construção dos favos se dá do centro para a periferia. A cera dos favos de cria

mais novos (ovo até larva) é mais escura do que os mais velhos (pupa até a adulta próxima a

emergir).
46

BC
Figura 7. Favos de cria de Melipona mondury, evidenciando os pilares e larvas.

3.2.5. Potes de Alimentos


G
Foi observado nas colônias alojadas em substrato natural que a área de cria situa-se no

centro do orifício e os lados são ocupadas por potes de alimentos, sendo que os potes de pólen
G

ocupam posição próxima a área de crias e os potes de mel as extremidades.

O tamanho dos potes de mel de M. mondury variou de 2 a 5 cm de diâmetro (2,81 ±


PP

0,54cm) com CV=19,28% e 2 a 4 cm de altura (3,29 ± 0,54cm) e CV de 17,97%, com

variação de 7 a 39 ml (15,85 ± 5,30 ml) no volume de mel e CV de 33,45% (Tabela 4).

Os potes de pólen e mel encontram-se arranjados uns sobre os outros sem aparente

uniformidade e são presos às paredes do ninho por meio de pilares de cera a semelhança dos

que separam os favos.

As dimensões dos potes de pólen variaram de 2 a 4 cm (2,93 ± 0,58cm) de diâmetro e

altura de 2 a 7 cm (3,21 ± 0,81cm). E a massa de pólen nos potes variou de 5 a 33 g (12,56 ±

4,93g) e coeficiente de variação de 39,32% (Tabela 4).


47

Não foi encontrada diferença significativa (p=0,4716) entre a capacidade de

armazenamento dos potes de mel e dos potes de pólen entre as colônias no ambiente natural

(cortiços) e nas caixas rústicas (Tabela 5).

Tabela IV. Características dos ninhos de Melipona mondury, coletados nos municípios de

Jequié, Jaguaquara e Tancredo Neves, no Estado da Bahia, Brasil.

Parâmetros n Unidade Var Média±dp CV%

BC
Favos/colônia 19 Colônia 6-15 9,26±2,64 28,56

Altura da área de cria nos cortiços (cm) 6 Cortiço 10 -25 19,0±5,14 27,04

Favos de cria - comprimento (cm) 57 Favo 2- 17 12,03±3,89 32,33

Favos de cria - largura (cm) 57 Favo 2 -15 9,75±3,33 34,13


G
Diâmetro do orifício de entrada (mm) 14 Colônia 7 – 11 9,21±1,37 14,85

Altura das células de cria (mm) 29 Célula 10 -11 10,03±0,18 1,85


G

Diâmetro das células de cria (mm) 29 Célula 0 5,2±0 0

Altura dos pilares (cm) 12 Pilar 3 -5 0,41±0,05 12,61


PP

Nº de células/cm2 de favo de cria 12 Favo 2-4 3,75±0,62 16,58

Altura dos potes de mel (cm) 86 PA 2-4 3,29±0,59 17,97

Diâmetro dos potes de mel (cm) 86 PA 2 -5 2,81±0,54 19,28

Volume dos potes de mel (ml) 129 PA 7-39 15,85±5,30 33,45

Altura dos potes de pólen (cm) 82 PA 2-7 3,21±0,81 25,33

Diâmetro dos potes de pólen (cm) 82 PA 2-4 2,93±0,58 19,93

Pólen depositado em potes fechados (g) 113 PA 5- 33 12,56±4,93 39,32

n = número de unidades avaliadas; PA = pote de alimento; Var = Variação


48

3.3. Estimativa Populacional

Tomando-se o número médio de células de cria por colônia, a população de M.

mondury variou entre 3537 e 10281 indivíduos (ovos, larvas, pupas e adultos) sendo em

média de 5959±1736 indivíduos.

Quando se comparou as médias do número de indivíduos das colônias no ambiente

natural e das caixas rústicas foi vrificado uma diferença significativa (p<0,01) entre elas

(Tabela 5).

BC
Tabela V. Teste de média dos parâmetros número de indivíduos, volume de mel e peso da

massa de pólen nos potes entre colônias de cortiço e de caixa rústica.

Média do número de indivíduos


G
Cortiço Caixas T p-value

7763 5126 4,34* 0,0002


G

Média do volume de mel (ml)


PP

Cortiço Caixas T p-value

15,65 15,72 -0,07ns 0,4716

Média do peso de pólen (g)

Cortiço Caixas T p-value

13,13 14,06 -0,88ns 0,1908

*significativo a 1% de probabilidade pelo teste t; ns não significativo


49

4. DISCUSSÃO

4.1. Substrato de Nidificação

Foram verificadas diferenças em relação ao substrato de nidificação da M. mondury

com outras espécies de Melipona (M. mandacaia, M. quadrifasciata, e M. subnitida) de

regiões menos favorecidas quanto à pluviosidade, e que nidificam preferencialmente em

determinadas espécies vegetais como Commiphora leptophoeos (Mart.) Gillett. (ALVES, et al.

BC
2007). SOUZA et al. (2008) num estudo com M. asilvai, na caatinga baiana, identificou esta

espécie nidificando preferencialmente em Amburana cearenses, também muito abundante

nesse bioma. Na Mata Atlântica, os ocos são formados devido a acidentes naturais nas

árvores. A ruptura de um galho e sua má cicatrização permite a entrada de água no interior do


G
tronco contribuindo para a deterioração da parte lignificada, formando assim um orifício que

permite a nidificação das melíponas (Figura 1), não existindo espécies arbóreas preferenciais
G

para este fim (SANTOS, 1985). ALVES et al. 2009, estudando substratos vegetais utilizados por

M. scutellaris no litoral norte da Bahia, em local de Mata Atlantica, menciona que esta
PP

espécie utiliza diversas espécies vegetais como substrato de nidificação, destacando-se

Tapirira guianensis e Sclerolobium rugosum.

Nas observações realizadas não foi encontrada esta espécie nidificando nas áreas de

estágios menos avançados na sucessão natural, como as capoeiras e matas secundárias, isto,

muito provavelmente devido à inexistência das condições necessárias ao seu desenvolvimento

como local para nidificação, temperatura e umidade, além de fontes de alimentos. Com isso, a

M. mondury nidifica em ambientes mais equilibrados e visita espécies que estão na escala

mais avançada da sucessão natural.


50

Os troncos das árvores do bioma Mata Atlântica possuem maior diâmetro, em

comparação a outros biomas, como caatinga ou cerrado. Isso leva a orifícios maiores e com

alta variação. ALVES et al. (2007) encontraram um volume médio de 1,59 L para as cavidades

nidificadas por M. mandacaia e SOUZA et al.(2008) encontraram a média de 2,73 L para M.

asilvai. Estes autores encontraram médias de 6,86 cm e 6,78 cm para a espessura da madeira

respectivamente, valores muito próximos do que foi verificado para M. mondury, que foi de

7,0 cm (Tabela IV). Esse volume acentuado das cavidades nidificadas por M. mondury pode

ser um indicativo do potencial desta espécie para a produção de indivíduos, pólen e mel.

BC
KERR et al. (2001) recomendam que as caixas racionais sejam o dobro do maior

volume encontrado na natureza. No entanto, neste trabalho, as colônias averiguadas em caixas

rústicas com volumes de 16 L apresentavam espaço vazio e médias de indivíduos menores

que nos cortiços naturais (Tabela V). Este estudo indica que para o estabelecimento da caixa
G
racional para M. mondury deverá ser levado em conta as dimensões encontradas no ambiente

natural e a disponibilidade de alimento (pólen e néctar) nos arredores do meliponário. As


G

colônias no ambiente natural (mata) estão dispersas e tem maior oferta de alimento, podendo

expressar todo o seu potencial reprodutivo.


PP

De acordo com as informações levantadas neste estudo sugerimos que as caixas

racionais para a M. mondury seja o modelo INPA (OLIVEIRA & KERR, 2000) com dimensões

de 18 cm X 18 cm X 09 cm para ninho e sobre ninho e 18 cm X 18 cm X 04 cm para

melgueiras.
51

4.2. Arquitetura do Ninho

4.2.1. Entrada da Colônia

Segundo NOGUEIRA-NETO (1997) o formato de marcação de entrada observado para a

espécie é comum a maioria das melíponas. A entrada da colônia destas abelhas tem a

finalidade de orientação das campeiras, que devido às substancias glandulares aplicadas à sua

estrutura, possuem alta refletância ao ultravioleta (IHERING, 1930; ROUBIK, 1989). Entretanto,

no caso da M. mondury a estrutura de entrada funciona como campo de pouso para as

BC
campeiras e nos momentos de forte atividade de forrageamento fica congestionada com

abelhas aguardando o momento de entrada na colônia, pois devido à pequena espessura do

orifício (Tabela IV) geralmente só transita uma abelha por vez.

O pequeno diâmetro do orifício de entrada da M. mondury (Tabela IV) e das demais


G
melíponas, comparado ao tamanho corporal, está relacionado ao seu sistema de defesa. Foi

observado que fica uma campeira no orifício e na estrutura de entrada atenta a qualquer
G

intruso.

ALVES et al. (2007) encontraram para M. mandacaia o diâmetro médio do orifício de


PP

entrada de 0,71 cm. Para M. asilvai, SOUZA et al. (2008), encontraram o diâmetro médio do

orifício de entrada de 0,36 cm e os autores observaram que, em colônias fracas, esta espécie

fecha o orifício de entrada com barro e ou fezes de animais durante períodos de baixa

temperatura. Este hábito não foi observado em M. mondury.

Devido à altura das árvores nas áreas de Mata Atlântica, tornou-se tarefa muito difícil

localizar colônias de M. mondury quando nidificadas nas partes altas das árvores.

Ao longo dos vinte anos de criação desta espécie pelo autor não foi observada a coleta

de fezes pelas operarias, ao contrário do que já foi observado para espécies das regiões secas,
52

como M. mandacaia, M. quadrifasciata, M. subnitida e M. asilvai (OLIVEIRA, 2002;

NOGUEIRA-NETO, 1997; SOUZA et al., 2008) que coletam fezes de animais e humanos para o

fechamento do orifício de entrada e para a vedação de aberturas na colônia, por ser um

material com umidade disponível.

Foi verificada uma quantidade considerável de água na parte externa da estrutura da

entrada e as operarias, com frequência, colocando água para fora do ninho, isto ocorre nas

épocas em que a umidade do ar está mais elevada, sendo, provavelmente, o resultado da

retirada da umidade do ninho que é aumentada, possivelmente, pela desidratação do néctar

BC
que ocorre no seu interior. Mesmo nesse esforço para colocar retirar água da colônia, ainda

um excesso escorre pelo pelos fundos das caixas. E, quando as colônias estão em caixas

racionais o fundo destas deterioram com muita frequência tendo que se tomar cuidado ao

confeccionar caixas com fundo especial para absorção desta umidade ou deixar o fundo da
G
caixa com pequena declividade e com canais para o escoamento da água, além de aberturas na

parte superior para melhorar a saída da umidade. Outra recomendação para ajudar a aumentar
G

a longevidade da caixa é deixá-la suspensa por arame ou por estrutura formando pés para que

promova a ventilação e escoamento da água.


PP

4.2.2 Invólucro

O invólucro nas colônias de M. mondury está relacionado com a termorregulação da

área de cria. E está de acordo com o que ALVES et al. (2007) e SOUZA et al. (2008), que

encontraram resultados semelhantes, estudando M. mandacaia e M. asilvai, respectivamente.

Em todas as colônias estudadas de M. mondury foi encontrado o invólucro, tanto em colônias

fracas como em colônias fortes. ALVES et al. (2007) observaram que apenas poucas colônias

de M. mandacaia apresentaram essa estrutura, entretanto em regiões mais frias mesmo as

colônias fortes apresentaram o invólucro. Dessa forma, percebe-se que a presença do


53

invólucro está mais relacionada à temperatura ambiente do que ao nível de atividade da

colônia.

4.2.3 Temperatura Colônia /Ambiente

A variação de temperatura encontrada demonstra que a temperatura da área de cria não

varia com a do ambiente. SOUZA et al. (2008) e CORTOPASSI-LAURINO e NOGUEIRA-NETO

(2003), estudando aspecto bionômico de M. asilvai e Tetragonisca weyauchi,

respectivamente, verificaram que a temperatura interna dos ninhos destas espécies

BC
acompanhou as variações da temperatura ambiente, permanecendo sempre próxima.

Esses dados apontam para a importância das lamelas de cerume do invólucro como

regulador de temperatura, como observados por CORTOPASSI-LAURINO e NOGUEIRA-NETO

(2003).
G
Os resultados apresentados na Tabela 3 evidenciam que numa colônia fraca a

termorregulação não é tão eficiente. Entretanto, se verificou uma correlação positiva r=0,96
G

(p<0,01) entre temperatura ambiente e temperatura na área de cria, o que pode ser explicado

pelo alto valor de r2=92%, o qual explica o quanto da variação que houve na área de cria,
PP

ocorreu em função da variação na temperatura ambiente.

Este dado sugere que a termorregulação da área de cria nas colônias de M. mondury se

dá pela presença do invólucro somado ao número de indivíduos na colônia ou a sua atividade.

Esse pode ser um dos fatores que impede a sobrevivência das colônias fracas nos períodos

mais frio do ano, pois a temperatura na área de cria não atinge a média (29,67°C verificado

em colônias forte) necessária para o desenvolvimento das crias.


54

4.2.4 Favos de Cria

Em M. mandacaia, ALVES et al. (2007) estimaram média de 6,13 favos por colônia e

dimensões de 6,32 cm de comprimento por 5,74 cm de largura, células de cria com diâmetro

de 0,57 cm, altura de 1,01 cm e as células de cria apresentaram média de 4,32 células/cm2 de

favo. SOUZA et al. (2008), estudando M. asilvai, encontraram, em média, 5,55 favos por

colônia com dimensões de 5,44 cm de comprimento e 4,13 cm de largura, células de cria

apresentaram diâmetro médio de 0,45 cm e altura de 0,76 cm e o número médio de células de

cria por unidade de área foi de 5,87 células/cm2. Neste trabalho foi encontrado para M.

BC
mondury uma média de 9,26±2,64 unidades de favos por colônia e dimensões de 12,03±3,89

cm de comprimento, 9,75±3,33 cm de largura, 10,03±0,18 cm de altura, 3,75±0,62

células/cm2 e para as células de cria foi encontrado um valor de 5,2±0 mm.


G
4.2.5 Potes de Alimento
G

Segundo ALVES et al. (2007) o tamanho médio dos potes de mel de M. mandacaia é

de 2,53 cm de diâmetro e 2,78 cm de altura sendo que o volume médio dos potes de mel foi
PP

de 6,47 ml.

SOUZA et al. (2008) encontraram a mesma irregularidade na arrumação dos potes de

mel e pólen em M. asilvai. Percebe-se que este formato irregular nas dimensões e arrumação é

influenciado pelo espaço do local de nidificação, pois as operárias procuram aproveitar todo o

espaço disponível. Esse fato é confirmado por CAMARGO (1970) que menciona ser esta uma

característica dos diversos meliponíneos.

COSTA (2010) encontrou para Scaptotrigona xanthotricha o tamanho dos potes de

alimento de 2,0 cm de diametro por 2,0 a 2,5 cm de altura.


55

ALVES et al.(2007) estudando M. mandacaia verificaram valores médios de 3,02 cm

de altura, diâmetro de 2,48 cm e o peso das massas de pólen armazenadas nos potes de 6,66g.

Neste trabalho, foi encontrado para a M. mondury potes de mel com os valores de

3,29±0,59 cm de altura, 2,81±0,54 cm de diâmetro e 15,85±5,30 ml o volume de mel

armazenado. Já para os potes de pólen foi encontrado 3,21±0,81 cm de altura, 2,93±0,58 cm

diâmetro e 12,56±4,93 g de pólen depositado em potes fechados.

A diferença do volume de mel e peso da massa de pólen nos potes entre colônias de

cortiço e de caixa rústica não foi significativo (p=0,4716) (tabela 5). Estas características

BC
demonstram ser inerentes à espécie, não variando quando se altera o ambiente de criação ou o

estado da colônia.

4.3 Estimativa Populacional


G
A variação no número de indivíduos por colônia da mesma espécie também ocorre em
G

outras espécies de Melíponas. ALVES et al. (2007) encontraram para M. mandacaia uma

média de 1297 indivíduos, variando de 889 a 1597. SOUZA et al. (2008) encontraram dados
PP

semelhantes estudando M. asilvae, uma média de 1034 indivíduos e a mais populosa, 1868

indivíduos. Esse acentuado número de indivíduos em M. mondury pode ser uma vantagem

quando se propõe a criação racional para uso em polinização dirigida. Visto que um maior

número de campeiras determinará maior volume de forrageio e naturalmente maior número de

visitas às flores. No entanto um número elevado de abelhas por colônia pode ser uma

desvantagem para a produção de mel pois no período de baixa florada será maior o consumo

das reservas, sendo prejudicial para toda a colônia.

A média superior para os cortiços em relação às caixas rústicas (p<0,01) (tabela 5) se

deve, provavelmente, devido o fato de estas colônias terem maior oferta de alimentos, por
56

estarem em ambiente de mata e por ter menor concentração de colônias nos arredores, com

isso menor numero de abelhas para o alimento existente. O fato, também, dos cortiços não

serem manejados ou intervencionados, fica isento do estresse inerente ao manejo.

5. CONCLUSÃO

Neste contexto, devemos ressaltar a importância de estudos sobre bionomia, pois os

dados obtidos poderão ser úteis no manejo racional e na conservação das espécies. Os dados

dos favos, por exemplo, nos informa sobre o tamanho da caixa racional para a espécie

BC
estudada, exemplo da M. mondury, chave para o Bioma Mata Atlântica e com grande

potencial para ser utilizada como fonte de renda por pequenos agricultores ao longo da sua

área de ocorrência.

Este estudo evidenciou a necessidade de locais de nidificação natural para a


G
espécie. Assim sugerimos o plantio de espécies vegetais de crescimento rápido, pouco

exigentes e com facilidade para formação natural de orifícios, a exemplo das espécies
G

Tapirira guianensis e Sclerolobium rugosum. (ALVES et al.2009).


PP

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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63

CONCLUSÕES GERAIS

O estudo da distribuição e bionomia da M. mondury demonstrou ser esta espécie de ambiente


de baixa altitude e elevada pluviosidade. Ficou evidente também que ela dependente de boas
condições ambientais para sua conservação. E que a espécie tem uma relação de dependência
muito forte com a floresta. Para que ocorra a nidificação no ambiente natural faz necessário a
existência de plantas de porte elevado e que tenha orifício de diâmetro suficiente para alojar a
colônia. Demostrou também que as espécies utilizadas para nidificação são espécies da
vegetação primária que leva muito anos para atingir a maturidade. Assim, a manutenção desta
espécie no ambiente natural depende da existência e conservação das matas virgens.

BC
Por outro lado o estudo sugere que esta espécie possui todas as condições de ser criada
racionalmente. É dócil, possui colônia populosa e possui potes de mel e de pólen de elevada
capacidade. Essas informações são indicativo que esta espécie possa se desenvolver bem em
caixas racionais.
G
A criação racional talvez seja a forma de evitar o risco de declínio desta espécie na natureza.
Por outro lado para que a sua criação seja bem sucedida é preciso levar em consideração
G

alguns pontos como um manejo adequado das colônias, criar um ambiente com conforto
térmico no meliponário, simulando um ambiente de mata e enriquecimento do pasto
meliponicola.
PP

O estudo demostrou que, devido as características da espécie, ela pode ser utilizada em
programas de polinização dirigida, paisagismo e educação ambiental. No entanto, pelo fato da
sua maior distribuição estar em áreas mais úmidas da faixa litorânea atlântica ela pode não ser
adequada a criação em condições climáticas diferentes.

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