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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JOÃO CARLOS CANSIAN JUNIOR

ESTIMATIVA DA VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE BATATA-


DOCE DO SUL DO ESPÍRITO SANTO POR INTERMÉDIO DA
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E BROMATOLÓGICA

Alegre
2022
JOÃO CARLOS CANSIAN JUNIOR

ESTIMATIVA DA VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE ACESSOS DE BATATA-


DOCE DO SUL DO ESPÍRITO SANTO POR INTERMÉDIO DA
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E BROMATOLÓGICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas do Instituto Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para a obtenção do
título de Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientador(a): Profª. Drª. Monique Moreira Moulin.

Alegre
2022
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Biblioteca Monsenhor José Bellotti – IFES campus de Alegre

C228e Cansian Junior, João Carlos

Estimativa da variabilidade genética entre acessos de batata-doce do sul


no Espírito Santo por intermédio da caracterização morfológica e
bromatológica / João Carlos Cansian Junior – 2022.
59 f. : il.

Orientador: Monique Moreira Moulin



Monografia (Graduação) – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo. Licenciatura em Ciências Biológicas, 2022.

1. Batata-doce. 2. Germoplasma vegetal - Recursos. 3. Genética Vegetal.


4. Botânica – Morfologia. 5. Alimentos - análise I. Moulin, Monique Moreira. II.
Título. III. Instituto Federal do Espírito Santo.

CDD 23: 631.523

Elaborado por Felipe Fernandes Klajn – CRB6-ES 984


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CAMPUS ALEGRE
Rodovia BR-482 (Cachoeiro-Alegre), Km 47 – Distrito de Rive - Caixa Postal 47 – 29.500-000 –
Alegre – ES - 28 3564-1800

COORDENAÇÃO DO CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS


BIOLÓGICAS

ATA Nº 007/2022, DA DEFESA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC


Às oito (8) horas do dia vinte e um (21) do mês de outubro do ano de dois mil e vinte e dois (2022),
compareceu para defesa pública da monografia, requisito obrigatório para a obtenção do título de
Licenciado em Ciências Biológicas, o acadêmico: João Carlos Cansian Junior, tendo como Título
da Monografia: “ESTIMATIVA DA VARIABILIDADE GENÉTICA ENTRE
ACESSOS DE BATATA-DOCE DO SUL DO ESPÍRITO SANTO POR INTERMÉDIO DA
CARACTERIZAÇÂO MORFOLÓGICA E BROMATOLÓGICA” .
Constituíram a Banca Examinadora:
Professor(a) orientador(a): Monique Moreira Moulin
Professor coorientador: Alexandre Cristiano Santos Junior
Professor examinador: Rafael de Almeida

Resultado final do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado:


( ) Aprovado sem restrições;
( ) Aprovado com recomendações e correções.
( ) Aprovado, mas deve refazer e reapresentar o TCC.
( ) Reprovado.
OBSERVAÇÕES:

Eu, Monique Moreira Moulin, (Presidente da Banca Examinadora), lavrei a presente ata que segue
assinada por mim e pelos demais membros da Banca Examinadora.

Assinaturas:

Orientador:

Examinador:

Examinador:

Acadêmico(a):
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente ao IFES pela excelente estrutura disponível


para o desenvolvimento do projeto e à Fapes pela concessão da Bolsa de Iniciação
Científica o que me permitiu uma maior estabilidade socioeconômica, possibilitando
a realização do projeto de forma mais empenhada.

Aos meus colegas: Vinicius Alves Porto Rodrigues, Rafael de Almeida, Israel Felipe
Gonçalves Soares, Felipe Cruz Paula e Lorena Souza Maurício pela ajuda no
desenvolvimento do experimento em campo e na avaliação das características.

Aos professores Tércio da Silva de Souza, Luciano Menini e Alexandre Cristiano


Santos Júnior pelos ensinamentos relacionados à análise bromatológica e, em
especial a minha professora orientadora Monique Moreira Moulin por me nortear no
desenvolvimento do projeto. Aos técnicos José Dias de Souza, Larissa Carvalho
Nascimento, Adriano Azevedo e Jaqueline Rodrigues Cindra de Lima Souza por me
orientarem na realização das avaliações da batata-doce.

Aos professores do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do IFES Campus


de Alegre, por todos os ensinamentos e oportunidades.

Ao meu amigo Wilker Marques Farias que aceitou com muito carinho realizar a
formatação, correção e demais configurações desse trabalho na Norma ABNT dessa
instituição.
“A imaginação muitas vezes nos leva a
mundos que nunca sequer existiram. Mas
sem ela, não vamos a lugar nenhum.”

(Carl Sagan)
RESUMO
A batata-doce (Ipomoea batatas) é um alimento que possui uma considerável
importância socioeconômica, pois além de ser uma ótima fonte de carboidratos, em
especial às populações mais carentes, também é cultivada principalmente por
pequenos produtores. Entretanto, nas últimas décadas houve grandes perdas de
variabilidade genética em diversas culturas alimentares em razão do intenso êxodo
rural e das significativas mudanças de hábito de consumo alimentar. A batata-doce é
uma das culturas que vem sofrendo um intenso processo de erosão genética. Neste
sentido, bancos de germoplasma são importantes para a conservação dos
genótipos. Além disso, as caracterizações morfológicas e bromatológicas são meios
válidos para estimar a variabilidade genética da cultura da batata-doce, sendo
considerados métodos baratos e eficientes. Diante disso, este trabalho teve como
objetivo compor um Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de batata-doce para o
IFES Campus de Alegre e também realizar um estudo da variabilidade genética
desse BAG a partir de características morfológicas e bromatológicas. Inicialmente foi
realizado a coleta de 38 acessos oriundos da região sul do estado do Espírito Santo.
Posteriormente, esses acessos foram cultivados no Setor de Agroecologia do IFES
Campus de Alegre, e em seguida, foram avaliadas oito características
bromatológicas e 18 morfológicas. O agrupamento dos acessos foi obtido pelo
método Unweighted Paired Group Method using Arithmetic averages (UPGMA). O
dendrograma resultou na formação de dez grupos, porém os grupos III, V, VII e X se
destacaram por possuírem características diferenciadas, a saber: os grupos III e V
apresentaram os melhores aspectos nutricionais; o grupo VII demonstrou
características morfológicas peculiares, como ter acessos com cor da polpa laranja
intensa (IFES39) e roxa intensa (IFES27); e o grupo X exibiu o maior teor de cinzas
e também raízes com as maiores dimensões. Tanto a caracterização morfológica
quanto a bromatológica disponibilizaram informações valiosas sobre o BAG, o que
permite ofertar aos produtores e ao mercado consumidor acessos de batata-doce
conforme suas necessidades e finalidades, promovendo de forma indireta a
conservação da espécie. Desta forma, é possível inferir que os pequenos produtores
rurais do sul do estado do Espírito Santo mantêm materiais tradicionais com
significativa variabilidade genética.
Palavras-chave: Ipomoea batatas; Banco Ativo de Germoplasma; Recursos
Genéticos Vegetais.
ABSTRACT
The sweet potato (Ipomoea batatas) is a food that has considerable socioeconomic
importance, because in addition to being a great source of carbohydrates, especially
for the poorest populations, it is also cultivated mainly by small producers. However,
in recent decades there have been great losses of genetic variability in several food
crops due to the intense rural exodus and significant changes in food consumption
habits. Sweet potato is one of the crops that has been undergoing an intense
process of genetic erosion. In this sense, germplasm banks are important for the
conservation of genotypes. Furthermore, the morphological and bromatological
characterizations are valid means to estimate the genetic variability of the sweet
potato crop, being considered cheap and efficient methods. Therefore, this work
aimed to compose an Active Germplasm Bank (AGB) of sweet potato for the IFES
Campus in Alegre and also to carry out a study of the genetic variability of this AGB
based on morphological and bromatological characteristics. Initially, 38 accessions
from the southern region of the state of Espírito Santo were collected. Subsequently,
these accessions were cultivated in the Agroecology Sector of IFES Campus de
Alegre, and then eight bromatological and 18 morphological traits were evaluated.
The grouping of accesses was obtained by the Unweighted Paired Group Method
using Arithmetic averages (UPGMA). The dendrogram resulted in the formation of
ten groups, but groups III, V, VII and X stood out for having different characteristics,
namely: groups III and V presented the best nutritional aspects; group VII showed
peculiar morphological characteristics, such as having accessions with an intense
orange (IFES39) and intense purple (IFES27) pulp color; and group X exhibited the
highest ash content and also the roots with the largest dimensions. Both
morphological and bromatological characterization provided valuable information
about the BAG, which allows to offer producers and the consumer market accesses
of sweet potato according to their needs and purposes, indirectly promoting the
conservation of the species. Thus, it is possible to infer that small rural producers in
the south of the state of Espírito Santo maintain traditional materials with significant
genetic variability.
Keywords: Ipomoea batatas; Active Germplasm Bank; Plant Genetic Resources.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição das espécies I. batatas, I. trifida e I. triloba no Continente


Americano ................................................................................................................. 15

Figura 2 – Preparação da área experimental. ........................................................... 25

Figura 3 – Realização dos tratos culturais no experimento ....................................... 26

Figura 4 – Experimento com aproximadamente 100 dias após o plantio .................. 28

Figura 5 – Aferindo o peso das batatas-doces .......................................................... 29

Figura 6 – Líquido proveniente da polpa da raíz de batata-doce .............................. 29

Figura 7 – Aferição do pH.......................................................................................... 30

Figura 8 – Dendrograma de dissimilaridade genética, obtido a partir de dados


morfológicos e bromatológicos de Ipomoea batatas provenientes do Banco Ativo de
Germoplasma do IFES Campus de Alegre. .............................................................. 36

Figura 9 – Contribuição relativa das características quantitativas, segundo a Análise


de Singh .................................................................................................................... 39

Figura 10 – Variabilidade Morfológica das Raízes dos 38 acessos de Ipomoea


batatas do Banco Ativo de Germoplasma do IFES Campus de Alegre. .................... 46
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 11

2.1 ASPECTOS BOTÂNICOS ................................................................................ 11

2.2 ORIGEM E ASPECTOS HISTÓRICOS ............................................................ 13

2.3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA .......................................................................... 15

2.4 IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL ........................................................................ 19

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 23

3.1 COLETA DOS ACESSOS PARA A FORMAÇÃO DO BAG .............................. 23

3.2 CONDUÇÃO EXPERIMENTAL ........................................................................ 25

3.3 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E BROMATOLÓGICA ......................... 26

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 33

5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49
8

1 INTRODUÇÃO

O cultivo de vegetais com presença de raízes tuberosas são elementos essenciais


na dieta humana, tendo a batata-doce como um bom exemplo disto, a mesma
possui significativa importância socioeconômica, pois além de fornecer calorias,
minerais e vitaminas na alimentação humana, em especial à populações carentes, o
vegetal é cultivado principalmente por pequenos agricultores (CÂMARA et al., 2017;
ANDRADE et al., 2017a; MOULIN et al., 2012a).

Apesar da raiz ser a principal parte consumida da cultura, todos os quatro


segmentos da planta (raízes, caules, pecíolos e folhas) podem ser empregados na
alimentação humana, e em algumas partes do Sudeste Asiático o consumo humano
de folhas de batata-doce é um hábito extremamente difundido (HE; QIN, 2020;
JANG; KOH, 2019).

A batata-doce (Ipomoea batatas L.) possui como centro de origem a América


Tropical, mais especificamente na região que hoje compreende o território mexicano
até o território venezuelano, e na América Latina como um todo a cultura possui
diversos nomes populares como: kumara, apichu, camote, boniato, batata e batata-
doce (FENG et al., 2020; HUAMAN, 1992). O Brasil, considerado um dos centros
secundários da cultura, apresenta uma variabilidade considerável de batata-doce,
com a cultura estando presente em todos os estados da federação (MOULIN et al.,
2012b, 2014).

A planta é cultivada principalmente pelos agricultores familiares, onde seu cultivo


ocorre de forma associada com diversas outras culturas em campo, com a finalidade
em geral de atender a alimentação humana e a alimentação de animais domésticos,
mas podendo também atender a indústria de alimentos e de cosméticos, além de ser
empregado na produção de biocombustíveis, como o etanol (MOULIN et al., 2012a;
SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018; SILVEIRA et al., 2011).

Em virtude de ser cultivada essencialmente por pequenos produtores, os


conhecimentos tradicionais associados às práticas de cultivo de variedades locais
podem trazer informações relevantes sobre a cultura, apesar de ser comum de
observar variedades iguais do ponto de vista genético, porém com nomes populares
9

diferentes e também variedades diferentes apresentando o mesmo nome (MOULIN


et al., 2012a, 2012b).

A elevada variabilidade genética da batata-doce permite a mesma se adaptar melhor


aos mais distintos tipos de solos e climas (MOULIN et al., 2012b). E em razão dessa
rusticidade característica da cultura, a batata-doce é constantemente vinculada aos
pequenos produtores, responsáveis por conservarem uma variabilidade genética
significativa da cultura, apesar de haver poucas pesquisas sobre a cultura no Brasil
em função justamente de sua rusticidade (MOULIN et al., 2012b, 2014). Entretanto,
as perdas de variabilidade genética em culturas alimentares vem se intensificando
por inúmeros motivos, dentre os principais pode-se destacar: mudanças
significativas de hábitos de consumo alimentar e o êxodo rural, que desestimulam os
produtores a cultivarem variedades locais de I. batatas (MOULIN et al., 2012a).

Apesar da batata-doce possuir a multiplicação vegetativa como principal meio de


reprodução, a cultura é caracterizada pela alta variabilidade genotípica e fenotípica,
um aspecto fundamental nos trabalhos de melhoramento de plantas (DONATO et
al., 2020; MOULIN et al., 2012b; SRISUWAN et al., 2019).

A cultura também pode se reproduzir por meio da propagação sexuada, porém isso
ocorre em menor frequência em razão da baixa fecundação das flores, mesmo que
ocorra condições favoráveis, e em razão disso a propagação sexuada é
desenvolvida principalmente por melhoristas em seus trabalhos (CAMPOS;
CALIGARI, 2017).

Conhecer a dissimilaridade genética presente em um Banco Ativo de Germoplasma


possui grande relevância, pois permite identificar duplicatas e indicar cruzamentos
entre genótipos que possam resultar em uma maior variabilidade genética na
descendência, e com isso há um melhor manuseio e utilização do banco em
programas de melhoramento genético da cultura, visando melhorar determinadas
características, como por exemplo: maior tolerância ao estresse hídrico, maior
resistência a certa doença, maior teor de carboidrato, vitaminas e minerais, entre
outras (ANDRADE et al., 2017a; MOULIN et al., 2014).

As atividades de coleta, caracterização, multiplicação, documentação e conservação


apresentam um papel primordial para otimizar o emprego dos recursos genéticos em
programas de melhoramento da cultura (MOULIN et al., 2014). E as caracterizações
10

morfológicas e bromatológicas são meios válidos de estimar a variabilidade genética


na cultura da batata-doce, sendo métodos eficientes e baratos (CARDOSO et al.,
2015; ANDRADE et al., 2017a).

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo compor um Banco Ativo de
Germoplasma (BAG) de batata-doce com acessos provenientes da região sul do
estado do Espírito Santo e também realizar um estudo de variabilidade genética
desse BAG a partir de características morfológicas e bromatológicas.
11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ASPECTOS BOTÂNICOS

A batata-doce (Ipomoea batatas L.) é uma hortaliça tuberosa, dicotiledônea,


angiosperma, que pertence a ordem Solanales, família Convolvulaceae, gênero
Ipomoea, subgênero Quamoclit e secção Batatas (AL-MOHANNA et al., 2019;
DONATO et al., 2020; SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018). A família
Convolvulaceae compreende cerca de 55 gêneros e mais de 1900 espécies, sendo
que o gênero Ipomoea apresenta em torno de 600 espécies (SILVA; SIQUEIRA;
SIQUEIRA, 2018).

A secção Batatas apresenta treze espécies silvestres que são consideradas


parentes próximas da I. batatas, são elas: I. umbraticola, I. triloba, I. trifida, I. tiliacea,
I. tenuissima, I. tabascana, I. ramosissima, I. littoralis, I. leucantha, I. lacunosa, I.
grandifolia, I. cynanchifolia e I. cordatotriloba (HUAMAN, 1992).

A cultura apresenta enorme variabilidade genética, e isso pode ser explicado em


razão da mesma apresentar poliploidia, uma condição relevante na diversificação e
evolução das plantas, e isso pode provocar alterações na padronização dos
genomas e mudanças na expressão gênica, resultando no surgimento de novos
fenótipos (MOULIN et al., 2012b; ROULLIER et al., 2013).

A batata-doce foi primeiramente descrita por Linnaeus como Convolvulus batatas em


1753, posteriormente Lamarck em 1793 intitulou a mesma de Ipomoea batatas, o
gênero Ipomoea possui três subgêneros: Quamoclit, Ipomoea e Eriospermum
(SRISUWAN et al., 2019).

A parte aérea do vegetal é composta por um caule herbáceo, rasteiro e na forma de


estolho, podendo crescer tanto na horizontal (mais comum) quanto na vertical (mais
raro), além disso, a parte aérea possuí ramos foliares com coloração que varia entre
o roxo ao verde e uma forma que pode variar entre o triangular, arredondado,
cordado, reniforme, hastado e lobado (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).

É largamente cultivada em razão de sua rusticidade, alta tolerância a diversas


doenças e à seca, adaptabilidade climática e baixo custo de produção (DARON et
al., 2020; DONATO et al., 2020). É provável que em razão das batatas-doces terem
12

sido cultivadas em solos pobres em nutrientes durante longos períodos de tempo,


tenham desenvolvido adaptações para adquirir e manter nutrientes, dentre essas
adaptações destacam-se: capacidade de conservar fósforo no interior da planta,
simbiose com fungos micorrízicos e certas modificações de traços morfológicos da
raiz (MINEMBA et al., 2020).

A Ipomoea batatas é um vegetal hexaplóide (6x) possuindo no total 90


cromossomos, apesar de haver outras espécies do gênero Ipomoea tetraploide,
triploide e até diploide, e podendo se reproduzir tanto de forma sexuada quanto
assexuada (HUAMAN, 1992; SHEN et al., 2019; SRISUWAN et al., 2019).

A reprodução assexuada (ou vegetativa) pode ocorrer tanto por meio das ramas
quanto pela raiz, nesta última ocorre quando a mesma é deixada no solo,
desenvolvendo caules e ramas, e essa propagação vegetativa é muito utilizada
pelos agricultores na produção de raízes de armazenamento, enquanto que a
propagação sexuada é realizada quase que exclusivamente por melhoristas para o
desenvolvimento de cultivares, vale ainda ressaltar que os principais agentes de
dispersão de sementes da hortaliça são: a água, os pássaros e os seres humanos
(CAMPOS; CALIGARI, 2017).

Os ramos da planta que entram em contato com o solo desenvolvem-se em raízes,


que podem apresentar as mais diferentes colorações e formatos que variam em
função das cultivares (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018). A coloração da polpa
das raízes podem variar entre branca, creme, amarela, laranja e até roxa escura
(MELO et al., 2020; MOULIN et al., 2014). Enquanto que a coloração da casca da
raiz varia entre as colorações branca, creme, amarela, laranja, rosa, vermelha e roxa
(MOULIN et al., 2014). A película externa da raiz contém um látex oriundo da parte
central do parênquima, onde sua acumulação pode variar em função das condições
ambientais (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).

As raízes podem ser classificadas em dois tipos em decorrência de sua função


desenvolvida na planta, são elas: raízes de absorção, responsáveis pela nutrição e
suporte da planta, e raízes de reserva, responsáveis pelo armazenamento de
substâncias nutritivas, essas últimas possuem grande interesse comercial
(HUAMAN, 1992). As raízes tuberosas crescem a partir de raízes adventícias, que
podem possuir formatos fusiformes, oblongos, ovais ou redondos (KROCHMAL-
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MARCZAK; SAWICKA; TOBIASZ-SALACH, 2018; MOULIN et al., 2014; PONNIAH


et al., 2017).

Em relação a flor, a cultura pode apresentar uma variação na coloração entre o roxo
ao branco; já as características: comprimento e formato da sépala, tamanho e forma
da flor, cor do estilo e do estigma variam significativamente em função do genótipo
(CAMPOS; CALIGARI, 2017).

A intensidade e duração da floração são muito influenciados pelo estresse


ambiental, genótipo e fotoperíodo; e a flor é caracterizada por possuir tanto gineceu,
representada pelo pistilo, quanto o androceu, representada pelos estames, ou seja é
uma flor bissexual, que abre somente na parte da manhã e fecha no período da
tarde, onde as chances de falha na polinização são altas pois o estigma da flor
permite a entrada de pólens apenas na parte da manhã, sendo as flores polinizadas
principalmente por insetos, em especial pelas abelhas (CAMPOS; CALIGARI, 2017).
Apesar de ser hermafrodita, as flores realizam fecundação cruzada em razão da alta
autoincompatibilidade, a polinização resulta em frutos diminutos secos deiscentes
que apresentam poucas sementes mesmo em boas condições (SILVA; SIQUEIRA;
SIQUEIRA, 2018).

E mesmo que a batata-doce floresça em quantidades significativas, há alguns


motivos que explicam a baixa fecundação, como: elevados graus de
autoincompatibilidade, fatores ambientais e incompatibilidade cruzada (CAMPOS;
CALIGARI, 2017; SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018). Essa grande
incompatibilidade é causada por diversos fatores como anormalidades meióticas,
anomalias citológicas, presença de diferentes sistemas esporofíticos, entre outros
(CAMPOS; CALIGARI, 2017).

2.2 ORIGEM E ASPECTOS HISTÓRICOS

A espécie possui como centro de origem a região tropical das Américas,


compreendendo a América Central e o norte da América do Sul (FENG et al., 2020).
Há evidências que comprovam que a cultura foi domesticada há pelo menos 6.000
anos a.C. em uma região próxima dos Andes Centrais, localizada no atual território
peruano (CAMPOS; CALIGARI, 2017).
14

A partir das expedições de Cristóvão Colombo, a batata-doce foi levada para a


Europa entre o final do século XV e início do século XVI, quase um século antes da
batata comum, Solanum tuberosum, chegar também no continente Europeu
(KROCHMAL-MARCZAK; SAWICKA; TOBIASZ-SALACH, 2018).

Há vestígios do cultivo de batata-doce na Polinésia aproximadamente 1000 anos


depois de Cristo, onde especialistas elaboraram a hipótese de que os antigos
polinésios interagiam com populações da Costa Oeste da América do Sul e
acabaram levando a cultura para as ilhas do Oceano Pacífico, ainda em tempos pré-
colombianos (MU; LI, 2019). Estudos que analisaram o material genético de mais de
mil variedades de batata-doce na América e na Ásia concluíram que a hortaliça
tuberosa chegou à Polinésia 400 anos antes de Cristóvão Colombo chegar ao Novo
Mundo (MU; LI, 2019).

Chegou na Ásia por intermédio dos espanhóis ao introduzirem a cultura nas Filipinas
no século XVI, em 1594 já haviam relatos da batata-doce na China, sendo cultivada
com o objetivo de amenizar os efeitos da seca, se tornando assim um dos alimentos
básicos junto ao arroz, e os portugueses foram os responsáveis por levar a cultura
finalmente a África e a Índia (CAMPOS; CALIGARI, 2017).

Apesar da América Central e do Sul serem o centro primário de variabilidade


genética da cultura, representando dois pools genéticos pré-históricos relevantes, há
também centros secundários de variabilidade genética importantes no Sudeste
Asiático e na África Subsaariana (CAMPOS; CALIGARI, 2017).

A relação filogenética da batata-doce com outras espécies do gênero Ipomoea não é


bem definido, mas há duas hipóteses: a primeira e mais aceita é de que a I. batatas
se desenvolveu a partir da hibridização entre a I. trifida e a I. triloba, e a segunda
hipótese é de que a I. batatas se desenvolveu por poliploidização a partir da I. trifida
(Figura 1) (CAMPOS; CALIGARI, 2017).
15

Figura 1 – Distribuição das espécies I. batatas, I. trifida e I. triloba no Continente


Americano.

Fonte: ROULLIER et al. (2013).

Diversos estudos filogenéticos apontam para a espécie silvestre I. trifida como a


parente mais próxima da I. batatas, e com isso há fortes indícios de que esta
espécie silvestre seja o progenitor mais provável da batata-doce (ROULLIER et al.,
2013).

Estudos de variabilidade baseados em DNA de cloroplastos e DNA nucleares


demonstraram que a batata-doce pode ter sido domesticada na América Central e
na América do Sul de forma independente por meio da autopoliploidização de duas
diferentes populações de I. trifida, o fato da cultura apresentar diferentes níveis de
ploidia, como hexaploide, tetraploide e triploide, corrobora a hipótese da batata-doce
ter sido domesticada mais de uma vez (CAMPOS; CALIGARI, 2017).

2.3 IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

A cultura está presente nos cinco continentes, cultivada em mais de 117 países, com
uma produção mundial estimada de 100 milhões de toneladas somente no ano de
2016 (BEVILAQUA et al., 2019; CAMPOS; CALIGARI, 2017; MINEMBA et al., 2020).
16

Além disso, a batata-doce realiza um papel fundamental para manter a segurança


alimentar em diversos países ao redor do mundo, em especial nos países em
desenvolvimento (FENG et al., 2020). Por exemplo, em Burundi o consumo per
capita é próximo de 114 kg/hab/ano, já nos Estados Unidos da América é de apenas
2 kg/hab/ano (SILVEIRA et al., 2011).

A hortaliça é a sexta cultura alimentar mais relevante no mundo, atrás somente do


milho (Zea mays L.) com 1.060 milhões de toneladas, trigo (Triticum aestivum L.)
com 749 milhões de toneladas, arroz (Oryza sativa L.) com 741 milhões de
toneladas, batata comum (Solanum tuberosum L.) com 376 milhões de toneladas e
mandioca (Manihot esculenta C.) com 277 milhões de toneladas (ANDRADE et al.,
2017b; MU; LI, 2019; WADL et al., 2018).

Sendo muito apreciada no Brasil, com uma produção nacional média em torno de
500 mil toneladas por ano, o Brasil é o décimo oitavo maior produtor mundial da
cultura e no país a batata-doce é a quarta hortaliça mais consumida (SILVA;
SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018; VARGAS et al., 2018; VIZZOTTO et al., 2018).

A cultura é capaz de consumir menos água para seu desenvolvimento e ao mesmo


tempo gerar mais energia por hectare do que as culturas de trigo e arroz por
exemplo (SAWICKA et al., 2020). Apesar de ser vista como uma cultura subutilizada,
o cultivo de batata-doce nos últimos anos vem apresentando um aumento
significativo de rendimento a fim de atender a demanda de batata-doce para o
consumo humano, fabricação de ração animal, biocombustíveis, cosméticos, entre
outras finalidades (AL-MOHANNA et al., 2019).

Em nível mundial a Ásia é o principal continente produtor de batata-doce com


aproximadamente 75% da produção, seguida pela África com 20%, América do Sul
com 2,5%, América do Norte e Central com 1,4%, Oceania com 0,8% e por fim a
Europa com 0,05%, apenas 30 países são responsáveis por 99% da produção anual
no mundo (CAMPOS; CALIGARI, 2017; MU; LI, 2019). A China é o maior produtor
de batata-doce com uma produção estimada de 70% da produção mundial,
enquanto a América do Sul dispõe do maior centro de variabilidade genética da
hortaliça de raiz tuberosa (MINEMBA et al., 2020; WADL et al., 2018).

Em virtude da rusticidade da cultura, a batata-doce apresenta baixo custo financeiro


para a implementação e manejo cultural, a Ipomoea batatas demonstra também uma
17

capacidade de desenvolver-se em qualquer tipo de solo, sendo os solos com pH


entre 5,6 à 6,5; leves, soltos, com fertilidade mediana à alta considerados os mais
apropriados para a batata-doce (DARON et al., 2020).

Os fatores que mais influenciam o desenvolvimento das plantas são: textura,


fertilidade e condição de drenagem do solo; apesar de que dependendo da situação
a cultura pode desenvolver-se de forma satisfatória até mesmo em solos pobres,
desde que possuam uma boa drenagem e textura (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA,
2018).

Outro fator relevante é o fotoperíodo, onde dias com maior fotoperíodo promovem o
desenvolvimento dos brotos, enquanto dias com menor fotoperíodo promovem o
desenvolvimento das raízes (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018). Vale ressaltar
que locais onde a temperatura do ambiente for maior, a colheita pode ser realizada
entre quatro a cinco meses após o plantio, já em lugares com clima mais ameno,
onde a temperatura do ambiente for menor, é indicado a colheita ser realizada entre
cinco a seis meses após o plantio (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).

A cultura da batata-doce, em razão das mudanças climáticas e sua rusticidade,


adaptabilidade e tolerância à seca, possui um alto potencial de expansão, além da
mesma ser capaz de controlar o desenvolvimento de certas plantas invasoras e
ervas daninhas em virtude de seu rápido crescimento, capacidade de realizar
alelopatia e facilidade em reproduzir-se, entretanto, ainda há carências de pesquisas
a nível global sobre a cultura (NYATHI et al., 2019; SAWICKA et al., 2020; SHEN et
al., 2019).

No desenvolvimento da cultura é essencial acompanhar a aplicação de nitrogênio e


potássio em quantidades adequadas, já que níveis exorbitantes de nitrogênio
promove um crescimento excessivo da parte aérea e simultaneamente danos no
desenvolvimento das raízes, enquanto que o potássio está relacionado com a
síntese de proteína e sua carência pode resultar no aumento significativo do teor de
carboidrato (SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).

O Brasil possui uma produtividade média de 14,5 t/ha da cultura, uma produtividade
ligeiramente menor do que a média global, de 14,7 t/ha (BEVILAQUA et al., 2019).
Apesar de na literatura ser possível encontrar relatos de que a cultura pode chegar
facilmente a 30 t/ha de produtividade desde que realizado o manejo correto, e
18

podendo alcançar até 60 t/ha se as condições forem favoráveis (SILVA; SIQUEIRA;


SIQUEIRA, 2018).

As regiões que possuem maior área de cultivo da Ipomoea batatas L. no Brasil são a
região Sul e Nordeste do país, e o fato da cultura estar presente em climas distintos
é explicado pela fácil adaptação climática, preferindo climas tropicais com
temperaturas médias superiores a 24 ºC e com pluviosidade anual ideal de 750 a
1000 mm, além disso a batata-doce pode ser cultivada em altitudes que variam até
3000 metros acima do nível do mar (DARON et al., 2020).

A batata-doce é amplamente empregada na alimentação humana, principalmente


para pessoas que possuem restrição alimentar, as raízes tuberosas são largamente
empregadas para o consumo humano, especialmente na forma frita, assada, cozida,
de doce e de farinha, apesar de toda a planta também ser consumível (DARON et
al., 2020; KROCHMAL-MARCZAK; SAWICKA; TOBIASZ-SALACH, 2018). A I.
batatas também é fonte de amido, álcool e pigmentos, onde a indústria extrai esses
mesmos compostos da planta de forma massiva (OKADA et al., 2019).

As raízes tuberosas do vegetal na área alimentícia pode ser usado na produção de


açúcares, produtos desidratados, bebidas alcoólicas, produtos cristalizados, xarope
de amido, alimentos probióticos e outros produtos (KROCHMAL-MARCZAK;
SAWICKA; TOBIASZ-SALACH, 2018).

Em razão da elevada concentração de amido na raiz, a cultura também pode ser


utilizada na produção de etanol, que já é realidade de alguns estados do Brasil, onde
alguns genótipos selecionados para este fim podem ser muito competitivos,
possuindo um rendimento de 7.078 L/ha a 15.484 L/ha, em relação a cultura da
cana-de-açúcar, que apresenta um rendimento de 7.500 L/ha a 13.000 L/há (COSTA
et al., 2018; SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).

Os biocombustíveis, obtidos a partir de biomassa vegetal, se destacam por


possuírem grande potencial para substituir os combustíveis fósseis, como por
exemplo o etanol e o biodiesel (CANTOS-LOPES et al., 2017). Estima-se que a
partir de uma tonelada de raiz de batata-doce é possível gerar entre 170 a 200 litros
de etanol (MOULIN et al., 2014; SILVA; SIQUEIRA; SIQUEIRA, 2018).
19

Os Estados Unidos e o Brasil são os maiores produtores de etanol do mundo, com


57% e 28% da produção mundial respectivamente, apesar dos Estados Unidos
produzirem etanol essencialmente a partir do amido de milho, enquanto o Brasil
produz esse biocombustível a partir da sacarose da cana-de-açúcar (CANTOS-
LOPES et al., 2017; COSTA et al., 2018). Desta forma, o cultivo de batata-doce
direcionado para a produção de etanol é considerada uma excelente alternativa para
a produção de biocombustíveis e consequente diversificação da matriz energética
brasileira e mundial (CANTOS-LOPES et al., 2017).

No Brasil, a parte aérea da planta, composta sobretudo de folhas, pode chegar a


corresponder à metade da biomassa produzida pela hortaliça, e, em geral, é
considerada como resíduo, porém as ramas podem ser empregadas na alimentação
de animais como ruminantes, aves e peixes, por serem fontes de nutrientes como
proteína, vitaminas e açúcares (DARON et al., 2020; DONATO et al., 2020). Na
China as raízes e as ramas já são largamente usadas para a alimentação de porcos
(CAMPOS; CALIGARI, 2017). O produtor de batata-doce também pode direcionar
sua produção para ter dupla finalidade, onde a biomassa da parte aérea pode ser
usada na alimentação animal e a raiz utilizada para o consumo humano (NYATHI et
al., 2019).

As folhas podem possuir um papel fundamental no fornecimento de vegetais


folhosos para o consumo humano, já que crescem de forma rápida nas regiões
tropicais, além de apresentar uma produção maior que outros vegetais e podem ser
colhidas várias vezes ao ano (HE; QIN, 2020). As folhas ainda podem ser uma fonte
alternativa de vegetal fresco para o consumo humano quando ocorrer inundações,
terremotos, tsunamis, furações ou outros desastres naturais que provoquem a
escassez de alimentos na região afetada (SUN et al., 2014).

2.4 IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL

A batata-doce é um alimento energético, com o carboidrato presente em média de


85% da matéria seca da raiz, constituído principalmente por amido, carboidrato mais
relevante na raiz da planta, que está presente em 60% da matéria seca da raiz
(DARON et al., 2020; DRAPAL et al., 2019).
20

As folhas dessa hortaliça são amplamente consumidas como vegetais frescos no


Sudeste Asiático, as mesmas inclusive são uma ótima fonte de minerais, vitaminas,
fibras, antioxidantes, ácidos graxos, proteínas e entre outros elementos (HE; QIN,
2020). Vale ressaltar que as folhas da batata-doce podem auxiliar no combate de
diabetes, leucemia e até mesmo alguns tipos de cânceres (HE; QIN, 2020).

As raízes ainda são fontes de vitamina A, certas vitaminas do complexo B, vitamina


C; minerais como ferro, potássio, cobre, manganês; antioxidantes como antocianinas
e carotenoides; além de proteínas, fibras e um baixo teor de lipídeos (DRAPAL et al.,
2019; LAI et al., 2020; WADL et al., 2018). As fibras da I. batatas estão localizadas
principalmente na casca das raízes e elas são essenciais para melhorar o processo
de digestão (MOULIN et al., 2014).

A cada 100 g de raiz in natura é possível obter em média um valor energético de 85


kcal, maior do que a batata (Solanum tuberosum) porém menor que os cereais, a
raiz também fornece uma quantidade de minerais e vitaminas relativamente maior
do que os cereais (MU; LI, 2019).

Nos Estados Unidos da América é possível observar um aumento do consumo de I.


batatas nos últimos 20 anos, o que pode ser explicado pelo fato da população estar
mais consciente sobre os benefícios do consumo da hortaliça para a saúde (WADL
et al., 2018).

A batata-doce tem a capacidade de combater principalmente anemia, hipertensão,


diabetes tipo 2 e até alguns tipos de cânceres (SANTOS et al., 2019). A I. batatas
também é vista como um alimento que pode erradicar carências nutricionais em
indivíduos com deficiência de consumo em calorias ou nutrientes, atletas também
consomem a raiz, em decorrência do mesmo apresentar uma ótima composição
nutricional, ressaltando também a baixa concentração de lipídeos (VARGAS et al.,
2018; VIZZOTTO et al., 2018).

No Sudeste Asiático e na África Subsaariana muitas pessoas, em especial mulheres


e crianças, sofrem com deficiências de vitamina A e alguns minerais, provocando um
maior número de mortes causadas por infecções comuns em razão da baixa
imunidade e também essas deficiências influenciam de forma negativa no
desenvolvimento das crianças, e o consumo de batata-doce poderia ser uma ótima
alternativa para amenizar este problema de desnutrição de micronutrientes, uma vez
21

que a batata-doce é uma excelente fonte de vitamina A (ANDRADE et al., 2017b;


DRAPAL et al., 2019).

O carotenoide que prevalece nas raízes de armazenamento da planta é o β-


caroteno, um fitoquímico precursor da vitamina A, o mesmo está presente em
maiores quantidades em polpas de coloração alaranjada (GEMENET et al., 2020;
GUL et al., 2015). Há fortes evidências de que a alta ingestão de carotenoides
dificulta o desenvolvimento de câncer no sistema pulmonar e no trato gastrointestinal
superior (RUSSELL; PAIVA, 1999).

Os carotenoides, em razão de sua característica antioxidante, apresentam


capacidade de reduzir riscos de doenças cardiovasculares, o β-caroteno atua na
prevenção de oncogêneses, estimulando a produção de células imunológicas
capazes de combater células tumorais (DARON et al., 2020).

Os carotenoides são pigmentos orgânicos produzidos por seres fotossintetizantes,


podendo ser classificados em dois grupos: o primeiro grupo se refere a carotenoides
compostos exclusivamente por carbono e hidrogênio, como por exemplo, o licopeno,
β-caroteno e α-caroteno; já o segundo grupo se refere a carotenoides derivados
desse primeiro grupo, como a zeaxantina, xantofilas e luteína (GUL et al., 2015).

Na indústria de alimentos o β-caroteno, com fórmula química de C40H56, pode ser


utilizado como corante natural, entretanto, é um composto muito instável que é
facilmente degradado pela luz, oxigênio ou calor do ambiente; há pesquisas sendo
feitas com o objetivo de proporcionar maior estabilidade ao β-caroteno sob
condições de processamento a fim de permitir o uso desse composto a nível
industrial, e variedades de batatas-doces com polpa alaranjadas poderiam ser uma
interessante alternativa de fonte de extração de β-caroteno pela indústria em um
futuro próximo (GEMENET et al., 2020; GUL et al., 2015).

Já as raízes com polpas roxas são ricos em antocianinas, um composto fenólico que
possui a propriedade de reduzir o risco da ocorrência de inúmeras doenças
degenerativas, por conta de sua atividade antioxidante, anti-hiperuricemia,
antiobesidade, antidiabética, hepatoprotetora, anticarcinogênica e outras (LUO et
al., 2018; MELO et al., 2020; YANG et al., 2019).
22

As antocianinas são compostos polifenólicos incluído na categoria dos flavonoides,


responsáveis pelas pigmentações vermelhas, azuis e roxas em inúmeros
segmentos, como em folhas, flores, frutos e até raízes, de diversas plantas
pertencentes as mais diversas famílias (LUO et al., 2018; YANG et al., 2019)

As moléculas de antocianina, de forma genérica, apresentam dois anéis de benzeno


ligados por uma cadeia linear de três átomos de carbono representado pelo sistema
C6-C3-C6, entretanto, há certas variações presentes nas diferentes moléculas de
antocianinas, como: o tipo e número de açúcares conectados a molécula básica da
antocianina, a posição de ligação, a variedade e o número de ácidos fenólicos e
orgânicos unidos ao segmento de açúcar, etc (LUO et al., 2018).
23

3 MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi dividido em quatro etapas: a primeira foi a coleta dos acessos para a
formação do Banco Ativo de Germoplasma, a segunda foi a condução do
experimento em campo, a terceira foi a caracterização morfológica e bromatológica,
e a quarta foi a realização da análise estatística dos dados obtidos.

3.1 COLETA DOS ACESSOS PARA A FORMAÇÃO DO BAG

Inicialmente foi realizado a coleta de 38 acessos de Ipomoea batatas oriundas da


região Sul do Estado do Espírito Santo, mais precisamente de quatro municípios,
são eles: Alegre, Jerônimo Monteio, Mimoso do Sul e Muniz Freire.

A principal fonte de coleta foi em terrenos cultivados, obtidos em pequenas


propriedades, porém houve acessos provenientes de mercados, como o IFES02,
IFES17 e IFES28, e também provenientes do Próprio IFES Campus de Alegre, como
IFES10, IFES21 e IFES27 oriundos do Setor de Olericultura; IFES22 proveniente do
Setor de Fruticultura; IFES33 oriundo do Polo de Educação Ambiental da Mata
Atlântica (PEAMA) e IFES26 oriundo do Setor de Bovinocultura. E a altitude em que
se encontravam os acessos variou entre 100 a 699 metros (m) acima do nível do
mar.

A coleta de todos os acessos ocorreu entre o período do dia 20/07/2020 a


20/09/2020, sendo doadas ramas e colhidas seis ramas por acesso, possuindo em
torno de 20 a 25 centímetros (cm) cada.
24

Tabela 1 – Origem dos 38 acessos do BAG de Batata-Doce do IFES Campus de Alegre.


Acesso Município Localidade Doador Fonte da Coleta Localização Altitude (m)
1 Alegre Roseira Roberto Rivelino Rangel Terreno Cultivado 20º52'51''S 41º32'24''O 699
2 Alegre Vila do Sul Carlos Pirovane Mercado 20º46'03''S 41º31'57''O 245
4 Jerônimo Monteiro Serra da Aliança José Miranda Terreno Cultivado 20º51'47''S 41º22'39''O 161
5 Alegre Córrego do Porcino Valdeci Alves Terreno Cultivado 20º52'50''S 41º30'55''O 648
6 Mimoso do Sul Novo Brasil Nelson Alves Terreno Cultivado 20º55'05''S 41º31'58''O 704
7 Alegre Córrego do Porcino Vinicius Alves Porto Rodrigues Terreno Cultivado 20º52'45''S 41º30'50''O 654
9 Mimoso do Sul Novo Brasil Nelson Alves Terreno Cultivado 20º55'05''S 41º31'58''O 704
10 Alegre Rive Diego Rogerio Ferraz Instituição 20º45'46''S 41º27'29''O 118
11 Alegre Córrego do Porcino João Batista da Silva Terreno Cultivado 20º52'43''S 41º31'06''O 646
12 Alegre Roseira Roberto Rivelino Rangel Terreno Cultivado 20º52'51''S 41º32'24''O 699
13 Alegre Roseira Roberto Rivelino Rangel Terreno Cultivado 20º52'51''S 41º32'24''O 699
14 Alegre Córrego do Porcino Marcos Correia Alves Terreno Cultivado 20º52'44''S 41º30'52''O 649
15 Alegre Roseira Roberto Rivelino Rangel Terreno Cultivado 20º52'51''S 41º32'24''O 699
16 Mimoso do Sul Novo Brasil Nelson Alves Terreno Cultivado 20º55'05''S 41º31'58''O 704
17 Alegre Vila do Sul Carlos Pirovane Mercado 20º46'03''S 41º31'57''O 245
18 Alegre Córrego do Porcino Valdeci Alves Terreno Cultivado 20º52'50''S 41º30'55''O 648
19 Alegre Córrego do Porcino Vinicius Alves Porto Rodrigues Terreno Cultivado 20º52'45''S 41º30'50''O 654
20 Alegre Córrego do Porcino João Batista da Silva Terreno Cultivado 20º52'43''S 41º31'06''O 646
21 Alegre Rive Diego Rogerio Ferraz Instituição 20º45'46''S 41º27'29''O 118
22 Alegre Rive Karla Maria Pedra de Abreu Instituição 20º45'24''S 41º27'15''O 110
23 Jerônimo Monteiro Rua Augusto Gonçalves Alves Janea Sessa Moulin Terreno Cultivado 20º47'36''S 41º24'27''O 124
24 Jerônimo Monteiro Córrego do Inhame João Carlos Cansian Junior Terreno Cultivado 20º45'13''S 41º23'19''O 100
25 Jerônimo Monteiro Rua Joaquim Gonçalves Alves Paulo Henrique Moulin Breda Terreno Cultivado 20º46'59''S 41º23'23''O 115
26 Alegre Rive Denilton Cabanez Manhaes Instituição 20º45'57''S 41º27'18''O 128
27 Alegre Rive Diego Rogerio Ferraz Instituição 20º45'46''S 41º27'29''O 118
28 Jerônimo Monteiro Avenida Dr. José Faráh Leonardo Ferreira Mendonça Mercado 20º47'24''S 41º23'51''O 122
29 Alegre Rive Pedro Martins Terreno Cultivado 20º45'26''S 41º27'37''O 125
30 Muniz Freire Amorim Rafael de Almeida Terreno Cultivado 20º31'57''S 41º24'52''O 522
31 Jerônimo Monteiro Córrego do Inhame Jonas de Oliveira Filho Terreno Cultivado 20º45'01''S 41º24'44''O 123
32 Jerônimo Monteiro Rua Joaquim Gonçalves Alves Vanilda da Silva Terreno Cultivado 20º47'07''S 41º23'25''O 123
33 Alegre Rive Altair Torres Vaillant Instituição 20º45'46''S 41º27'45''O 135
34 Alegre Rive Poliany de Oliveira Barbosa Terreno Cultivado 20º45'33''S 41º27'34''O 124
35 Alegre São Bartolomeu Paulo Roberto Sessa Terreno Cultivado 20º46'05''S 41º26'13''O 120
36 Jerônimo Monteiro Rua Angelina Sá Diogo Porto Rodrigues Terreno Cultivado 20º47'40''S 41º23'53''O 142
37 Jerônimo Monteiro Rua Dr. José Porphirío da Silva Diogo Porto Rodrigues Terreno Cultivado 20º47'38''S 41º23'52''O 138
38 Jerônimo Monteiro Rua de Cima Diogo Porto Rodrigues Terreno Cultivado 20º47'47''S 41º24'11''O 128
39 Jerônimo Monteiro Santo Amaro Marlene Sessa Moulin Terreno Cultivado 20º43'05''S 41º23'38''O 111
40 Alegre Rive Thatiane Sevidanes da Silva Terreno Cultivado 20º45'54''S 41º26'49''O 143
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).
25

3.2 CONDUÇÃO EXPERIMENTAL

O experimento foi implementado no Setor de Agroecologia do IFES Campus de


Alegre, às margens da Rodovia BR 482, km 47, em Rive, distrito de Alegre, nas
coordenadas 20º45’43’’S e 41º27’42’’O, a 133 metros (cm) de altitude.

Aproximadamente duas semanas antes do plantio a área experimental foi preparada


por meio dos processos de aração, gradagem e construção de leirões com
aproximadamente 30 cm de altura (Figura 2). Em seguida, foi aplicado 50 kg de
calcário calcítico e uma fina camada de matéria orgânica, em torno de 2 a 5
centímetros (cm) sobre o solo, proveniente de folhas de árvores e gramas.

O plantio das ramas foi realizado no dia 29/09/2020, e foi empregado o


delineamento em blocos casualizados (DBC), com o uso de 6 repetições e 38
acessos no total, além de um espaçamento de 1 m entre fileiras por 0,5 m entre
plantas.

Figura 2 – Preparação da área experimental.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

Todos os tratos culturais, o que incluiu principalmente irrigação, adubação e controle


mecânico de plantas competidoras, foram realizados de acordo com as
recomendações propostas por FILGUEIRA (2005) para a cultura da batata-doce.
26

Figura 3 – Realização dos tratos culturais no experimento.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

3.3 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E BROMATOLÓGICA

Foram avaliados no total 26 características, sendo oito bromatológicas e 18


morfológicas. As variáveis bromatológicas foram exclusivamente quantitativas, a
saber: Sólidos Solúveis Totais (SST), Potencial Hidrogeniônico (pH), Umidade (UM),
Teor de Cinzas (TCZ), Acidez Total Titulável (ATT), Teor de Carboidrato (TCB), Teor
de Proteína Bruta (TPB) e Teor de Fibra (TFB). Com exceção da característica
Sólidos Solúveis Totais (ºBrix) e o Potencial Hidrogeniônico (pH), as demais
variáveis bromatológicas foram mensuradas em porcentagem.

Do total de 18 variáveis morfológicas, havia três variáveis quantitativas e 15


variáveis qualitativas. As características quantitativas foram: Peso da Raiz (PR),
Comprimento da Raiz (CR) e Diâmetro da Raiz (DR), com a primeira sendo medida
em quilogramas e as duas últimas quantificadas em centímetros. Já as
características qualitativas foram: Formato da Raiz (FR), Superfície da Raiz (SR),
Cor da Casca (CC), Intensidade da Cor da Casca (ICC), Cor Principal da Polpa
27

(CPP), Cor Secundária da Polpa (CSP), Distribuição da Cor Secundária da Polpa


(DCS), Perfil Geral da Folha (PF), Tipo de Lóbulo da Folha (TL), Forma do Lóbulo
Central da Folha (FLC), Cor da Folha Madura (CFM), Cor da Folha Imatura (CFI),
Tamanho da Folha (TF), Pigmentação do Pecíolo (PP) e Espessura do Córtex (EC)
(Tabela 2).

Tabela 2 – Classes das variedades Qualitativas.


Descritores Classes Observadas
FR 1 – redonda, 2 – redonda elíptica, 3 – elíptica, 4 – oval, 5 – oboval, 6 –
oblonga, 7 – oblonga longa, 8 – longa elíptica, 9 – longa irregular.
SR 1 – pele de jacaré, 2 – veias, 3 – constrições, 5 – sulcos longitudinais.
CC 1 – branca, 2 – creme, 3 – amarela, 4 – laranja, 5 – marrom alaranjado, 6 –
rosa, 7 – vermelha, 8 – vermelha arroxeada, 9 – roxa escura.
ICC 1 – pálida, 2 – intermediária, 3 – escura.
CPP 1 – branca, 2 – creme, 3 – creme escura, 4 – amarelo pálida, 5 – amarelo
escura, 6 – laranja pálida, 7 – laranja intermediária, 8 – laranja escura, 9 –
roxo.
CSP 0 – ausente, 1 – branca, 2 – creme, 3 – amarelo, 4 – laranja, 5 – rosa, 6 –
vermelha, 7 – vermelha arroxeada, 8 – roxa, 9 – roxa escura.
DCS 0 – ausente, 1 – branca, 2 – creme, 3 – amarelo, 4 – laranja, 5 – rosa, 6 –
vermelha, 7 – vermelha arroxeada, 8 – roxa, 9 – roxa escura.
PF 1 – redonda, 2 – reniforme, 3 – cordada, 4 – triangular, 5 – lanceolada, 6
– lobulada, 7 – quase dividida.
TL 1 – ausência de lóbulos, 2 – muito superficiais, 3 – superficiais, 4 –
moderados, 5 – profundos, 6 – muito profundos.
FLC 1 – dentada, 2 – triangular, 3 – semicircular, 4 – semielíptica, 5 – elíptica, 6 –
lanceolada, 7 – oblongo-lanceolada, 8 – linear ou ausente.
CFM 1 – verde amarelado, 2 – verde, 3 – verde borda roxa, 4 – verde cinza, 5 –
verde nervura roxa, 6 – pouco roxa, 7 – muito roxa, 8 – verde e roxa, 9 –
roxa.
CFI 1 – verde amarelado, 2 – verde, 3 – verde borda roxa, 4 – verde cinza, 5 –
verde nervura roxa, 6 – pouco roxa, 7 – muito roxa, 8 – verde e roxa, 9 –
roxa.
TF 3 – pequena (< 8 cm), 5 – média (8-15 cm), 7 – grande (16-25 cm), 9 – muito
grande (> 25 cm).
PP 1 – verde, 2 – verde e roxo, 3 – verde com roxo perto da folha,4 – verde com
nervuras roxas, 5 – verde mancha roxa no pecíolo, 6 – verde com estrias
roxas, 7 – roxa com segmentos verdes, 8 – roxo.
EC 1 – muito fina (< 1mm), 3 – fina (1-2mm), 5 – intermediária (2-3mm), 7 –
espessa (3-4mm), 9 – muito espessa (> 4mm).
Fonte: HUAMÁN (1991).

A caracterização morfológica da parte aérea da batata-doce, o que inclui folhas e


pecíolos, foi realizada com aproximadamente 100 dias após o plantio (Figura 4),
onde foram analisadas as variáveis: Tipo de Lóbulo da Folha, Forma do Lóbulo
Central da Folha, Perfil Geral da Folha, Tamanho da Folha, Cor da Folha Madura,
Cor da Folha Imatura e Pigmentação do Pecíolo.
28

Figura 4 – Experimento com aproximadamente 100 dias após o plantio.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

Já a caracterização morfológica da parte radicular da cultura foi realizada em torno


de 150 dias após o plantio, onde foram aferidos: Formato da Raiz, Superfície da
Raiz, Cor da Casca, Intensidade da Cor da Casca, Cor Principal da Polpa, Cor
Secundária da Polpa, Distribuição da Cor Secundária da Polpa, Espessura do
Córtex, Peso da Raiz (Figura 5), Comprimento da Raiz e Diâmetro da Raiz. Todos os
descritores morfológicos foram avaliados no Setor de Agroecologia e seguiram as
recomendações propostas por HUAMÁN (1991).

A coleta das raízes a fim de realizar a caracterização bromatológica foi realizada


aproximadamente 150 dias após o plantio, onde eram colhidos três raízes por
acesso de forma aleatória, e todas as avaliações físico-químicas das raízes eram
realizadas no Laboratório de Química Aplicada.
29

Figura 5 – Aferindo o peso das batatas-doces.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

Para realizar as avaliações de sólidos solúveis totais, pH e acidez total titulável foi
necessário extrair líquido da raiz. Este processo iniciou-se com a lavagem da parte
externa da raiz por água da torneia e água destilada, respectivamente, a fim de
retirar as impurezas e, posteriormente, o material foi cortado em fatias menores, sem
retirar a casca, e triturado em um liquidificador. Em seguida, esse material triturado
foi levado a um espremedor de batatas de alumínio, onde finalmente o líquido foi
obtido para posteriormente ser analisado (Figura 6).

Figura 6 – Líquido proveniente da polpa da raíz de batata-doce.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

A análise de sólidos solúveis totais foi determinada por refratometria, onde houve a
inserção de duas gotas do líquido extraído da batata-doce na lente do refratômetro
30

portátil com o auxílio de uma pipeta de Pasteur de 3 mL, logo em seguida, o


refratômetro demonstrava o valor em ºBrix.

Já para a determinação do pH, 1 mL do líquido extraído foi inserido em um becker


de vidro de 50 mL. Em seguida, houve a adição de 20 ml de água destilada.
Posteriormente, o eletrodo do peagâmetro digital de bancada da marca MS
TECNOPON foi mergulhado na solução, demonstrando o valor do pH.

A avaliação da acidez total titulável foi realizada utilizando NaOH (Hidróxido de


Sódio) a 0,01 de normalidade. Em um becker de vidro de 50 mL pipetou-se 1 mL do
líquido extraído e adicionou-se 20 mL de água destilada. Logo após, houve a
inserção do eletrodo do peagâmetro digital de bancada na solução, para a
realização da titulação contou-se com o uso de uma bureta de 25 mL contendo
NaOH a 0,01 de normalidade, este último sendo adicionado na solução até atingir o
pH 8,2. Após esse procedimento, o valor obtido em mL de NaOH foi convertido em
porcentagem de ácido cítrico, que é o ácido orgânico predominante na batata-doce
(CORRÊA et al., 2016).

Figura 7 – Aferição do pH.

Fonte: Acervo do próprio autor (2022).

A umidade foi determinada por meio do uso do método gravimétrico através do


emprego de calor, em que inicialmente identificou-se os cadinhos de porcelana de
50 mL, e previamente estes foram levados vazios à estufa por uma hora na
temperatura de 105ºC para a retirada de umidade, em seguida, os cadinhos foram
transferidos para o dessecador, pois este recipiente permite que os cadinhos voltem
31

a temperatura ambiente sem absorverem umidade do ar, com os cadinhos na


temperatura ambiente, os mesmos foram pesados. Logo em seguida, com a balança
tarada, pesou-se valores entre 3 a 4 g de amostra de batata-doce em cada cadinho,
posteriormente, as amostras inseridas nos cadinhos foram colocadas na estufa
novamente a 105ºC por um período em torno de 24 horas. Após este período os
cadinhos com as amostras foram novamente realocados para o dessecador até os
mesmos esfriarem, com os cadinhos frios realizou-se a última pesagem relacionada
à umidade.

A característica teor de cinzas foi obtida através da incineração das amostras na


mufla a 550ºC, até que as mesmas apresentassem cinzas claras, com uma
coloração variando entre o branco e o cinza. As amostras que tinham sido
previamente alocadas na estufa para avaliar a porcentagem de umidade, foram
transferidas para o forno mufla ajustado a 550ºC por um período de 5 horas. Após
este intervalo de tempo as amostras nos cadinhos foram colocadas no dessecador
até esfriar, para realizar uma posterior pesagem. As variáveis sólidos solúveis totais,
pH, acidez total titulável, umidade e teor de cinzas foram realizadas de acordo com o
recomendado pelo Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2008).

O teor de proteína bruta das cultivares de batata-doce foi determinado empregando


o método proposto por Kjeldahl com certas modificações, que consiste em 3 etapas:
digestão da amostra em ácido sulfúrico concentrado a 400°C, destilação e titulação
com ácido diluído (GALVANI; GAERTNER, 2006).

O teor de fibra foi analisado através do método de Weende modificado por SILVA e
QUEIROZ (2009), que consiste em expor as amostras de 1 g a uma solução ácida,
seguida de uma solução básica, para serem posteriormente levadas ao forno mufla
a 550 °C por 2 horas e serem finalmente pesadas. O teor de carboidrato foi
determinado com o auxílio de um espectrofotômetro UV-VIS a 540 nm, tendo como
base a curva padrão da glicose (GRÄF et al., 2018; KARTCHNER; THEURER, 1981;
KOZLOSKI et al., 1999)

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA


32

A partir dos dados de origem qualitativa e quantitativa foi possível obter o


dendrograma de dissimilaridade genética entre os acessos de batata-doce, em que
os dados de origem qualitativa foram avaliados pelo método de variáveis
multicategóricas, convertidos em binários e submetidos a distância de Gower a fim
de se obter a matriz qualitativa, enquanto que para se obter a matriz quantitativa foi
utilizado a distância de Mahalanobis.

Com a junção das matrizes qualitativas e quantitativas foi possível gerar o


dendrograma, onde também utilizou-se o método Unweighted Paired Group
Methodusing Arithmetic Averages (UPGMA) para agrupar os genótipos. E para
determinar a importância das variáveis quantitativas foi empregado o método de
Singh (SINGH, 1981) na elaboração do gráfico de contribuição da diversidade
genética.

A fim de aprimorar as análises quantitativas, mais precisamente através da


comparação de médias entre os acessos, usou-se o agrupamento Scott-Knott a 5%
de probabilidade (SCOTT; KNOTT, 1974). E também com a finalidade de melhorar
as análises qualitativas, empregou-se a metodologia de análise descritiva em
percentual de frequência das classes fenotípicas.

Tanto o gráfico de contribuição dos caracteres quantitativos quanto o dendrograma


foram elaborados com o auxílio do Software estatístico GENES (CRUZ, 2013).
Enquanto que para desenvolver o teste de média Scott-Knott utilizou-se o Software
estatístico R (http://www.r-project.org).
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em razão da topologia, o corte no dendrograma de dissimilaridade foi realizado no


ponto de 70% de dissimilaridade, ou na distância de 5.45, resultando na formação
de 10 grupos com base em suas características avaliadas (Figura 8).

O grupo I foi constituído por nove acessos: IFES21, IFES37, IFES09, IFES04,
IFES15, IFES06, IFES10, IFES16 e IFES40. Esse grupo se destacou por possuir:
um formato da raiz predominantemente redondo (89%); uma intensidade
intermediária da cor da casca (89%); coloração branca da polpa (100%); lóbulos
muito superficiais (78%).

O grupo II compreendeu no total treze acessos: IFES18, IFES24, IFES17, IFES25,


IFES38, IFES33, IFES14, IFES32, IFES36, IFES19, IFES20, IFES13 e IFES31. Esse
grupo demonstrou: a predominância de um formato de raiz oboval (77%); superfície
da raiz com sulcos longitudinais (92%); cor da folha madura e imatura verde (100%).

O grupo III alocou os acessos IFES34, IFES35 e IFES29, que apresentaram valores
relativamente elevados para as características: sólidos solúveis totais (7,600ºBrix);
teor de cinzas (1,653 %); teor de carboidrato (26,173%) e teor de proteína (1,866%),
além de um peso da raiz relativamente baixo (0,477kg), tamanho da folha médio
(100%); lóbulos muito superficiais (100%) e um perfil triangular da folha (100%).

As raízes dos acessos que compõem o grupo III são as mais indicados para serem
empregadas tanto na alimentação animal quanto na alimentação humana já que
possuem características nutricionais superiores. O maior teor de carboidrato implica
em maior fornecimento de energia, o que para a alimentação animal é algo
excelente enquanto que para a alimentação humana é indicada apenas em certos
casos como no caso dos atletas que necessitam de uma grande quantidade de
energia, pois caso os indivíduos consumam carboidratos em excesso, haverá a
formação de gordura (CUNHA, 2014). Vale ressaltar que caracterizar os acessos de
batata-doce em razão do teor de carboidrato é algo fundamental, já que a cultura é
classificada justamente como um alimento energético por possuir como um dos seus
principais componentes o próprio carboidrato (DARON et al., 2020)

O teor de cinzas além de ser uma variável que representa diretamente a porção
inorgânica da raiz, também evidencia a porção mineral presente nesta última, desta
34

forma os acessos do grupo III detêm uma maior concentração de minerais, o que é
uma característica relevante (SANTOS, 2015).

Já o grupo IV foi constituído pelos acessos IFES23, IFES26 e IFES22, que exibiram
valores elevados para as características: acidez total titulável (0,376%); teor de
proteína (1,895%), e também um pH baixo (6,303). Além de demonstrar uma casca
com coloração creme (100%) e um córtex da raiz muito espesso (>4mm).

A variável pH pode ser utilizada para diversas finalidades, porém essa variável é
mais empregada para determinar a deterioração do alimento em razão
principalmente de atividades enzimáticas ou pelo crescimento de microrganismos.
Em razão da capacidade do pH limitar o desenvolvimento de certos microrganismos,
os alimentos são classificados conforme seu pH: muito ácidos (pH < 4,00); ácidos (4
< pH < 4,5) e pouco ácidos (pH > 4,5). As hortaliças em geral são classificadas como
pouco ácidas, o que faz com o que sejam mais vulneráveis ao ataque de bactérias e
fungos. Logo selecionar acessos de batata-doce com menor pH, como os acessos
do grupo IV, é algo vantajoso por permitir uma maior longevidade do produto no
mercado (VELHO, 2016).

O grupo V foi composto apenas pelo acesso IFES12, e foi discriminado por possuir
os maiores valores para sólidos solúveis totais (9,200ºBrix) e um elevado teor de
proteína (2,014%), e também demonstrar uma baixa acidez total titulável (0,200%) e
umidade (68,607%). Esse acesso apresenta características interessantes para a
comercialização, como por exemplo, possuir uma raiz com sabor mais adocicado em
decorrência da maior concentração de sólidos solúveis totais (GEMENET et al.,
2020). Essas raízes podem ter um maior tempo de prateleira já que compreende
menor valor de acidez total titulável, o que reflete consequentemente em uma menor
fermentação (PIMENTA; CARVALHO; VILELA, 2000) e também o menor teor de
umidade aumentam a longevidade das raízes, já que a água acelera reações
biológicas o que não é algo desejável para a comercialização (CORREA; MONTERO
CASTILLO; MARTELO, 2018; VELHO, 2016).

As batatas-doces in natura em geral possuem teores de umidade relativamente


elevados, sendo muito sensíveis ao perecimento causado pela ação microbiana,
mesmo em condições de refrigeração (VELHO, 2016). A acidez total titulável da
batata-doce in natura é expressa em % de ácido orgânico predominante (no caso o
35

ácido cítrico). Além de influenciarem na acidez titulável, o ácido orgânico afeta no


aroma e na conservação do alimento. Porém com a maturação das raízes, os ácidos
orgânicos são usados como substrato para o processo de fermentação, por isso que
quanto menor a concentração de ácido orgânico no alimento, maior será a
conservação deste último (VELHO, 2016)

E o acesso IFES12 também apresentou um melhor aspecto nutricional por fornecer


uma maior concentração de proteínas, composto indispensável para um bom
desenvolvimento do organismo, possuindo inúmeras funções, como auxiliar na
produção de enzimas, hormônios e tecido como os músculos (GIUGLIANI;
VICTORA, 2000; HOFFMAN; FALVO, 2004).
36

Figura 8 – Dendrograma de dissimilaridade genética, obtido a partir de dados morfológicos e bromatológicos de Ipomoea batatas
provenientes do Banco Ativo de Germoplasma do IFES Campus de Alegre.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).


37

O grupo VI reuniu somente os acessos IFES02 e IFES11 em razão de apresentar os


menores valores para as variáveis: sólidos solúveis totais (5,934ºBrix), acidez total
titulável (0,169%) e teor de carboidrato (14,567%). E também por conter os maiores
valores para as variáveis: pH (6,624) e umidade (78,895%).

No grupo VII ficaram alocados os acessos IFES28, IFES39 e IFES27 devido o baixo
teor de carboidrato (17,229%) e peso da raiz (0,475kg), e também um valor
intermediário para comprimento da raiz (18,611cm). Ademais esse grupo também se
distinguiu pelo córtex da raiz muito espesso (>4mm). E ainda a respeito de
características morfológicas qualitativas, esse grupo se destacou por possuir uma
intensidade escura da cor da casca da raiz (100%), e também pode-se mencionar a
coloração da polpa dos acessos IFES39 e IFES27, onde o primeiro demonstrou uma
coloração laranja intensa e o segundo uma coloração roxa intensa.

Raízes que possuem polpas e cascas com as mais variadas cores refletem em uma
maior diversidade de pigmentos presentes nos mesmos, por exemplo, polpas de
coloração laranja apresentam maior concentração de β-caroteno, enquanto polpas
de coloração roxa apresenta maior concentração de antocianina (HAYATI et al.,
2020). Tanto o β-caroteno quanto a antocianina possuem atividade antioxidante, o
que gera inúmeros benefícios para a saúde humana (DARON et al., 2020; LUO et
al., 2018). O baixo teor de carboidrato é outro ponto importante, já que indivíduos
que buscam uma dieta mais saudável dão preferência em consumir alimentos com
baixo valor calórico, e os acessos que formam o grupo VII são uma excelente
alternativa já que possuem baixa concentração de carboidratos (REMONATO et al.,
2017).

O grupo VIII compreendeu os acessos IFES01 e IFES05, que em relação a


avaliação bromatológica se diferenciou por apresentar o maior teor de proteína
(2,087%). Enquanto que acerca das avaliações morfológicas foi discriminado por
possuir a casca de coloração creme (100%) e a polpa de coloração amarela pálida
(100%).

Apenas o acesso IFES07 constituiu o grupo IX, que foi caracterizado por apresentar
valores altos para as variáveis: peso da raiz (1,255kg), comprimento da raiz
(21,467cm), pH (6,600) e o maior teor de fibra observado (0,985%). Já em relação a
coloração, a casca da raiz foi creme enquanto que a polpa da raiz foi laranja pálida.
38

O maior teor de fibra é um aspecto bromatológico relevante, já que o consumo de


fibra auxilia na promoção da saúde do intestino, protegendo contra inflamações
intestinais, regulando o intestino, estimulando o desenvolvimento de bactérias
benéficas à digestão, entre outras funções (GOULART et al., 2016; SOUSA et al.,
2019).

E o grupo X reuniu somente o acesso IFES30 em razão das expressivas dimensões


das raízes, como diâmetro (14,783cm), comprimento (24,000cm) e peso (2,192kg), e
também do maior teor de cinzas (2,043%) verificado. A coloração da casca desse
acesso foi creme, enquanto que a coloração da polpa foi creme escura. As raízes do
acesso IFES30 são mais recomendadas para a alimentação animal em função
principalmente de seu tamanho, já que em mercados consumidores mais exigentes
a recomendação para o peso da batata-doce na forma in natura é de apenas 80 a
400 g (DEUS, 2019), enquanto que em mercados menos exigentes a recomendação
é de raízes que possuam entre 150 a 800 g (QUEIROGA et al., 2007).

As três variáveis quantitativas que mais contribuíram para a variabilidade genética


observada entre os acessos de batata-doce foram: teor de carboidrato (19,89%),
teor de cinzas (17,36%) e teor de proteína (14,45%). Já as três variáveis que menos
colaboraram foram: peso da raiz (1,51%), diâmetro da raiz (3,67%) e comprimento
da raiz (4,42%) (Figura 9).
39

Figura 9 – Contribuição relativa das características quantitativas, segundo a Análise


de Singh.

SST= Sólidos Solúveis Totais; pH= Potencial Hidrogeniônico; ATT= Acidez Total Titulável; UM= Umidade; TCZ= Teor de
Cinzas; TCB= Teor de Carboidrato; TPB= Teor de Proteína Bruta; TF= Teor de Fibra; PR= Peso da Raiz; CR=
Comprimento da Raiz; DR= Diâmetro da Raiz.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).

SILVA; PONIJALEKI; SUINAGA (2012) ao analisarem a divergência genética entre


genótipos de batata-doce, levando em consideração características fenotípicas das
raízes, demonstraram uma contribuição de 18,62% para peso da raiz; 3,18% para
comprimento da raiz e apenas 0,71% para diâmetro da raiz. Já em um estudo sobre
variabilidade genética e relevância de características em genótipos de batata-doce
visando a produção de silagem, AZEVEDO et al. (2015) evidenciaram uma
colaboração de apenas 0,03% para teor de proteína bruta e 1,40% para o pH.
Levando em consideração as características obtidas por AZEVEDO et al. (2015) e
SILVA; PONIJALEKI; SUINAGA (2012), as variáveis do presente estudo
apresentaram uma maior contribuição, com exceção da variável peso da raiz obtida
por SILVA; PONIJALEKI; SUINAGA (2012).

Para a melhor compreensão dos dados quantitativos, utilizou-se o método de Scott-


Knott a 5% de probabilidade, e para os dados qualitativos utilizou-se análise
descritiva em percentual de frequência das classes fenotípicas.
40

Em relação aos dados quantitativos, MOHD NAWI; MUHAMAD; MOHD MARSIN


(2015) ao executarem a caracterização físico-química de extratos de raízes de
batata-doce roxa, evidenciaram uma média geral de 9,90ºBrix, maior do que a média
geral de sólidos solúveis totais presente na Tabela 3. MOHAMMED et al. (2015) ao
analisarem a variabilidade genética de 116 acessos do Banco Ativo de
Germoplasma da Universidade de Haramaya (Etiópia) através de avaliações físico-
químicas e morfoagronômicas, demonstraram uma média geral (6,06) para a
variável pH menor do que no presente estudo. LOLA et al. (2018) ao realizaram uma
avaliação sensorial da bebida Kunun-zaki utilizando calda de batata-doce, notaram
uma média geral para acidez total titulável significativamente inferior, com apenas
0,19%.

LAI et al. (2013) ao estudarem a composição de açúcares e morfologia do amido de


batata-doce assada, evidenciaram uma variação de 64,60% a 73,10% de umidade
na batata-doce in natura. MENDOZA et al. (2018) ao analisarem características
físico-químicas de três acessos de batata-doce locais do Vale do Ribeira, interior do
estado de São Paulo, encontraram valores baixos para a variável teor de carboidrato
(16,20% a 19,10%). E MOHANRAJ; SIVASANKAR (2014) ao estudarem o valor
medicinal da I. batatas constataram um valor médio de 1,6% para o teor de proteína
bruta.

KROCHMAL-MARCZAK et al. (2014) ao estudarem de forma mais detalhada


características nutricionais de três variedades de batata-doce, obtiveram uma
variação de 1,07% a 1,52% para Teor de Cinzas; e 0,86% a 1,14% para Teor de
Fibra. Os dados dos últimos dois autores são similares aos presentes na Tabela 3.
41

Tabela 3 – Agrupamento das médias de 11 variáveis quantitativas dos 38 acessos de Ipomoea batatas pelo método de Scott-Knott
a 5% de probabilidade.
Acesso SST pH ATT UM TCZ TCB TPB TF PR CR DR
1 6.900c 6.620a 0.190d 70.837c 1.310c 19.225c 2.126a 0.780b 0.680b 17.000b 8.700a
2 5.600c 6.637a 0.180d 79.397a 1.000d 14.440d 1.580b 0.976a 0.700b 20.833a 8.803a
4 6.767c 6.553b 0.197d 70.747c 1.173d 24.465b 1.394c 0.953a 0.838b 18.833a 9.747a
5 7.233c 6.490b 0.253c 71.427c 1.147d 22.268b 2.048a 0.884a 0.693b 6.600b 10.117a
6 7.033c 6.530b 0.260c 71.327c 1.293c 23.556b 1.708b 0.912a 0.238b 14.200b 5.590a
7 6.633c 6.600a 0.207d 74.220b 1.230d 18.949c 1.160d 0.985a 1.255a 21.467a 9.233a
9 6.533c 6.706a 0.183d 72.250c 1.253c 24.778b 1.195d 1.148a 0.317b 13.300b 8.140a
10 7.167c 6.607a 0.243c 69.870d 1.293c 22.279b 1.703b 0.945a 0.717b 23.100a 7.103a
11 6.267d 6.610a 0.157d 78.393a 1.167d 14.694d 1.593b 0.746b 1.213a 22.833a 10.110a
12 9.200a 6.587a 0.200d 68.607d 1.263c 21.891b 2.014a 0.860a 0.450b 20.500a 6.497a
13 7.633b 6.743a 0.220c 68.997d 1.313c 25.183b 1.770b 0.954a 0.295b 16.667b 6.427a
14 7.600b 6.503b 0.323b 71.377c 1.350c 21.738b 1.358c 0.730b 1.078a 22.333a 8.880a
15 6.567c 6.540b 0.247c 71.703c 1.287c 23.856b 0.969d 0.958a 0.273b 15.333b 7.273a
16 8.167a 6.633a 0.253c 71.300c 1.200d 24.458b 1.780b 0.753b 1.295a 18.333b 9.757a
17 7.267c 6.487b 0.300b 69.420d 1.313c 26.650a 2.113a 0.620b 1.443a 27.333a 10.447a
18 6.733c 6.413c 0.230c 71.990c 1.190d 23.213b 1.305c 0.729b 0.245b 15.767b 6.233a
19 7.700b 6.340d 0.330b 70.010d 1.307c 27.343a 1.777b 0.770b 1.072a 21.433a 6.387a
20 7.133c 6.297d 0.287b 70.577c 1.127d 26.474a 1.370c 0.839a 0.378b 16.500b 7.260a
21 7.433b 6.413c 0.257c 68.633d 1.057d 28.840a 1.226d 0.723b 0.475b 15.500b 7.723a
22 8.667a 6.287d 0.350a 68.113d 1.453c 28.962a 1.825b 0.686b 0.805b 23.677a 8.357a
23 7.500b 6.263d 0.380a 72.243c 1.373c 24.365b 1.982a 0.518b 1.173a 23.000a 11.467a
24 6.767c 6.290d 0.343a 73.057c 1.227d 23.707b 1.433c 0.647b 0.540b 20.333a 7.543a
25 7.000c 6.437c 0.207d 75.650b 1.137d 21.870b 1.599b 0.591b 0.532b 16.000b 7.643a
26 6.833c 6.360d 0.400a 72.827c 1.193d 24.241b 1.877a 0.715b 0.748b 16.500b 9.880a
27 7.467b 6.437c 0.360a 69.617d 1.377c 19.745c 1.642b 0.700b 0.582b 19.500a 6.860a
28 5.833d 6.223d 0.257c 77.697a 1.003c 15.581d 1.481c 0.820a 0.387b 18.667a 7.913a
29 7.367b 6.463c 0.283b 70.683c 1.763b 26.950a 1.882a 0.701b 0.368b 14.500b 7.380a
30 6.900c 6.350d 0.310b 72.377c 2.043a 20.263c 1.136d 0.848a 2.193a 24.000a 14.783a
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).
42

Tabela 3 – Continuação.
Acesso SST pH ATT UM TCZ TCB TPB TF PR CR DR
31 6.633c 6.327d 0.270c 73.687b 1.687b 20.166c 1.107d 0.887a 1.270a 18.000b 8.677a
32 6.867c 6.307d 0.233c 74.087b 1.593b 21.975b 1.174d 0.703b 0.647b 15.333b 7.103a
33 7.100c 6.383c 0.323b 71.663c 1.417c 17.932c 1.535b 0.791b 0.631b 14.833b 9.240a
34 7.633b 6.310d 0.367a 71.817c 1.707b 24.986b 2.121a 0.741b 0.422b 17.000b 7.963a
35 7.800b 6.433c 0.310b 70.583c 1.490b 26.582a 1.595b 0.736b 0.640b 14.333b 9.590a
36 7.200c 6.457c 0.293b 71.220c 1.267c 23.042b 1.578b 0.649b 0.727b 17.000b 8.283a
37 6.733c 6.440c 0.286b 71.750c 1.300c 26.646a 1.175d 0.797b 0.593b 13.000b 11.673a
38 7.233c 6.587a 0.223c 74.903b 1.240d 20.365c 0.994d 0.588b 0.767b 20.500a 9.627a
39 7.067c 6.283d 0.357a 77.397a 1.213d 16.360d 1.418c 0.960a 0.457b 17.667b 7.243a
40 8.433a 6.497b 0.317b 69.920d 1.403c 25.018b 1.650b 0.631b 0.353b 13.833b 8.270a
M Geral 7.174 6.459 0.273 72.115 1.320 22.712 1.563 0.789 0.723 18.038 8.532
CV (%) 7.050 1.280 14.690 2.450 9.230 8.580 12.720 15.850 76.280 23.040 25.680
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
SST= Sólidos Solúveis Totais; pH= Potencial Hidrogeniônico; ATT= Acidez Total Titulável; UM= Umidade; TCZ= Teor de Cinzas; TCB= Teor de Carboidrato; TPB= Teor de Proteína Bruta;
TF= Teor de Fibra; PR= Peso da Raiz; CR= Comprimento da Raiz; DR= Diâmetro da Raiz.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).


43

SANOUSSI et al. (2016) ao estudarem a composição físico-química de dez


variedades oriundas de Benin, obtiveram um teor de fibra que variou entre 1,81 a
3,00%. NASCIMENTO et al. (2015) ao analisaram os aspectos nutricionais,
morfológicos e composição química de raízes de batata-doce, observaram um teor
de cinzas que variou entre 0,85% a 1,29%.

HAYATI et al. (2020) ao estudarem a produtividade e as características morfológicas


de 12 clones de batata-doce, notaram valores consideravelmente menores para as
características: diâmetro da raiz (entre 1,92 cm a 6,30 cm) comprimento da raiz (8,50
cm a 16,60 cm) e peso da raiz (0,099 kg a 0,443 kg).

Já em relação aos dados qualitativos das raízes, de uma forma geral, o presente
trabalho demonstrou: uma maior frequência de raízes com formato oboval (19,80%),
redonda (14,85%) e redonda elíptica (14,85%); uma predominância da coloração
vermelha arroxeada (38,46%) e creme (33,33%) para a casca das raízes; uma
intensidade da cor da casca pálida (42,10%) e intermediária (50%); uma maior
presença das cores brancas (68,42%) e amarelo pálida (18,42%) para a cor principal
da polpa; ausência de coloração (71,05%) e cor creme (13,16%) para a variável cor
secundária da polpa; predominância da coloração creme (36,36%) e amarela
(27,27%) na distribuição da cor secundária da polpa; superfície da raiz com sulcos
longitudinais (57,63%); e um córtex espesso (38,46%) e muito espesso (56,36%).

E no que se refere aos dados qualitativos das folhas, o presente trabalho


evidenciou: uma predominância do perfil da folha lobulada (40%), triangular (26%) e
lanceolada (20%); lóbulos muito superficiais (29,78%), superficiais (29,78%) e
moderados (23,40%); forma do lóbulo central da folha semielíptica (32%) e triangular
(30%); cor da folha madura verde (78,05%) e verde com variações de roxo
(12,20%); cor da folha imatura verde (56,41%) e verde amarelada (12,82%);
tamanho da folha média (66,67%) e grande (33,33%); pigmentação do pecíolo verde
com roxo perto da folha (42,31%) e verde com nervuras roxas (21,15%).

No que se refere as raízes, MOULIN et al. (2014) ao analisarem acessos de batata-


doce levando em consideração características morfológicas, observaram a presença
de raízes longas e irregulares (56,5%), seguida de oval (19,6%), redonda (8,7%),
longa elíptica (6,5%), oboval (4,2%) e entre outras; a predominância da cor rosa
44

(84,8%) e da cor creme (10,8%) para a cor da casca; maior frequência da cor creme
(93,5%) e branca (6,5%) para a cor principal da polpa, além da presença de córtex
das raízes muito finos (100%). E CAMARGO (2013) notaram uma coloração pálida
(42,5%), intermediária (40%) e escura (17,5%) para intensidade da cor da casca; e
cor ausente (37,5%), cor creme (37,5%) e cor alaranjada (15%) para a cor
secundária da polpa.

Foi constatada uma elevada variabilidade fenotípica para a cor da casca, cor da
polpa e formato da raiz (Figura 10). Destaca-se também que raízes coletadas em um
mesmo município tiveram alta variabilidade fenotípica, o que evidencia o cultivo de
diferentes variedades tradicionais de batata-doce pelos produtores rurais da região
Sul do estado do Espírito Santo. A cor da casca e da polpa e o formato das raízes
foram as características com maior variabilidade, colaborando com significativa
diferenciação dos grupos MOULIN et al. (2014).

Para as características qualitativas associadas à área foliar, LAURIE et al. (2013) ao


avaliarem 51 acessos de batata-doce da África do Sul, demonstraram um perfil da
folha variando entre lobulada (65% para o grupo 1 e 81% para o grupo 3) e
triangular (63% para o grupo 2). Em um estudo focado na diversidade morfológica
de variedades locais de batata-doce do Vale do Ribeira, VEASEY et al. (2007)
evidenciaram folhas com tipos de lóbulos superficiais (36%), folhas com ausência de
lóbulos (22%), lóbulos superficiais (15%), lóbulos profundos (15%) e moderados
(12%); predominância do formato triangular (72%) para o formato do lóbulo central
das folhas.

CAMARGO (2013) ao realizar um estudo sobre a caracterização morfológica,


molecular e físico-química de acessos de batata-doce provenientes do estado do
Paraná, verificaram o predomínio de coloração verde (80%) e amarelo-esverdeado
(10%) para a variável cor da folha madura; enquanto que para a cor da folha imatura
houve a predominância de verde com pontas avermelhadas (22,5%), verde (12,5%)
e roxa nas duas faces da folha (12,5%). DAROS et al. (2002) ao realizarem a
caracterização morfológica de 14 acessos de batata-doce, observaram que todos os
acessos tinham folhas de tamanho médio (8 a 15 cm), e houve uma frequência de
29% para a coloração verde, 29% para verde com roxo próximo à folha, e também
45

29% para verde com roxo em ambos os extremos para a variável pigmentação do
pecíolo.
46

Figura 10 – Variabilidade Morfológica das Raízes dos 38 acessos de Ipomoea batatas do Banco Ativo de Germoplasma do IFES
Campus de Alegre.
47

Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2022).


48

5 CONCLUSÃO

Conservar a cultura da batata-doce é de importância para a humanidade, já que


essa hortaliça é responsável por garantir a segurança alimentar em diversos países,
em especial, nas regiões mais pobres. Além disso, nas últimas décadas a I. batatas
vem sofrendo uma forte erosão genética, já que mudanças no hábito de consumo
alimentar e o intenso êxodo rural tornam o cultivo de variedades locais menos
atraentes aos produtores. E a elaboração de um Banco Ativo de Germoplasma
(BAG) é essencial para a conservação, uma vez que possui a finalidade de ser uma
fonte de recursos genéticos da cultura.

As caracterizações morfológicas e bromatológicas foram métodos eficientes em


estimar a notável variabilidade genética entre os 38 acessos de batata-doce que
integram o BAG do IFES Campus de Alegre. Desta forma, também é possível inferir
que os pequenos produtores rurais do Sul do Estado do Espírito Santo mantêm
materiais tradicionais com significativa variabilidade genética.

Tanto a caracterização morfológica quanto a bromatológica disponibilizam


informações valiosas sobre os acessos, o que permite ofertar aos produtores e ao
mercado consumidor variedades de batata-doce conforme suas necessidades e
finalidades, promovendo de forma indireta a conservação da espécie. Além disso,
esses materiais que compõem o BAG também podem ser utilizados em futuros
programa de melhoramento e para doação aos produtores rurais.

Foi possível constatar uma alta variabilidade fenotípica e bromatológica para os


acessos estudados. Os grupos III (IFES34, IFES35 e IFES29), V (IFES12), VII
(IFES28, IFES39 e IFES27) e X (IFES30) se destacaram por possuírem
características proeminentes. Os grupos III e V apresentaram os melhores aspectos
nutricionais; o grupo VII demonstrou características morfológicas diferenciadas,
como ter acessos com uma intensidade escura da cor da casca e também por
possuir acesso com cor da polpa laranja intensa (IFES39) e roxa intensa (IFES27); e
o grupo X exibiu o maior teor de cinzas e também raízes com as maiores dimensões.
49

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