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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS

LUANA GOMES CORDEIRO

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DO BAGAÇO DE


MALTE ORIUNDO DE CERVEJARIAS PARA FINS ENERGÉTICOS

João Pessoa – PB
2011
LUANA GOMES CORDEIRO

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DO BAGAÇO DE


MALTE ORIUNDO DE CERVEJARIAS PARA FINS ENERGÉTICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos
como exigência parcial à obtenção do título de
Mestre.

Linha de Pesquisa: Química e


Bioquímica de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Ânoar Abbas El-Aouar

João Pessoa – PB
2011
C794c Cordeiro, Luana Gomes.
Caracterização e viabilidade econômica do bagaço de
malte oriundo de cervejarias para fins energéticos / Luana
Gomes Cordeiro.-- João Pessoa, 2011.
120f.
Orientador: Ânoar Abbas El-Aouar
Dissertação (Mestrado) – UFPB/CT
1. Tecnologia de Alimentos. 2. Bagaço de malte –
capacidade energética. 3. Poder calórico. 4. Subproduto
cervejeiro. 5. Biomassa. 6. Cogeração de energia.

UFPB/BC CDU: 664(043)

UFPB/BC CDU: 346.1(043)


UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE ECONÔMICA DO BAGAÇO DE MALTE


ORIUNDO DE CERVEJARIAS PARA FINS ENERGÉTICOS

LUANA GOMES CORDEIRO

Dissertação julgada para obtenção do título de


mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos,
defendida em 12/09/2011 pela Comissão
Examinadora.

Banca Examinadora:

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗

Prof. Dr. Ânoar Abbas El-Aouar

Orientador – UFPB

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗

Prof. Dr. Heinz Johann Holschuh

Membro Interno – UFPB

‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗‗

Prof. Dr. Geraldo Dantas Silvestre Filho

Membro Externo - UFPB


v

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais


pelos ensinamentos, amor e dedicação que
me motivaram a chegar até aqui.
vi

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, por me confortar, iluminar e me dar forças para


caminhar;
Agradeço a meus pais Marcos Cordeiro e Mª de Fátima e aos meus irmãos
Marquinhos e Anderson, pelo apoio, incentivo, amor e paciência durante o início
desta caminhada acadêmica até o presente momento;
Ao meu amado, Cassius Vinícius, pelas palavras de incentivo, pelo carinho, pelo
encorajamento nas horas difíceis e pela ajuda com o estudo da viabilidade;
Ao meu orientador Prof. Dr. Ânoar Abbas El-Aouar, pela dedicação, disposição,
cooperação e compreensão. Pessoa atenciosa e solicita, tendo sempre contribuindo
com suas observações e seu profissionalismo ao longo deste trabalho de pesquisa;
Aos professores Heinz Johann e Geraldo Dantas pela disponibilidade, sugestões,
enfim por toda a contribuição desde a qualificação até a defesa;
As minhas amigas Ana Isabel, Marta, Eva e Ana Roberta pelos momentos de alegria
e estímulo dados a mim durante essa jornada;
Aos amigos do mestrado: Claudia, Rennan, Ronaldo, Isis, Maristela, Ana Raquel e
Vagner;
Aos queridos Irlan Targino, Juliana Keilla, Hélio José e Clebson por toda ajuda e
amizade;
A professora Mabel que tenho grande respeito e admiração;
Ao Clovis Gouveia pelos esclarecimentos, contatos e ajuda nesse trabalho;
A equipe da Brassagem que me ajudou na coleta das amostras;
E enfim, a todos que contribuíram de forma direta e indireta para realização deste
trabalho.

MUITO OBRIGADA A TODOS!


vii

Epígrafe

"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder


o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por
simples medo de arriscar." (William Shakespeare)
viii

Resumo

CORDEIRO, L. G. Caracterização e viabilidade econômica do bagaço de malte


oriundo de cervejarias para fins energéticos. João Pessoa, 2011. 120f.
Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal
da Paraíba.

Este trabalho teve como objetivo estudar a capacidade energética do bagaço


de malte oriundo de cervevf jarias em diferentes níveis de umidade para fins
energéticos, mediante caracterização e análise de viabilidade econômica. A coleta
da amostra foi feita em uma empresa situada na cidade de João Pessoa-PB. Foram
realizadas análises físico-químicas para determinação da composição centesimal,
onde foi constatado seu potencial de consumo tanto para ração animal como para
alimentação humana. A análise imediata apresentou elevados teores de materiais
voláteis e baixos teores de carbono fixo. As amostras foram caracterizadas de
acordo com a umidade, poder calorífico superior e densidade. Foram obtidas
umidades de (50%, 40%, 30%, 20% e 15%) e poder calorífico superior variando de
2.656 a 5.025 kcal.kg-1 para a maior e menor umidade respectivamente. Os modelos
de regressões propostos puderam expressar em mais de 98% a relação entre poder
calorífico superior e teor de umidade e mais de 92% a relação poder calorífico
superior e densidade. Com relação à viabilidade econômica, pode-se perceber que
todos os regimes de trabalho propostos para a nova configuração de trabalho das
caldeiras foram viáveis e o regime mais rentável apresentou uma redução de
49,98% nos custos com gás natural, ou seja, uma economia de R$ 3.900.842,00 por
ano. Pode-se verificar que o bagaço de malte é viável como fonte energética.

Palavras-chave: Poder Calorífico, Subproduto Cervejeiro, Biomassa, Cogeração de


Energia.
ix

Abstract

CORDEIRO, L. G. Characterization and economic viability of bagasse coming


from malt beer for energy purposes. João Pessoa, 2011. 120f. Dissertação
(Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Universidade Federal da Paraíba.

This work aimed to study the energy capacity of the cake originating from malt beer

at different moisture levels for energy, through description and analysis of economic

viability. Sample collection was made in a company located in the city of João

Pessoa-PB. Physical and chemical analysis were carried out to determine the

chemical composition, where it was found their consumption potential for both animal

feed and for human consumption. The immediate analysis showed high levels of

volatile materials and low content of fixed carbon. The samples were characterized

according to the humidity, higher calorific value and density. Moisture content were

obtained (50%, 40%, 30%, 20% and 15%) and gross calorific value ranging from

2656 to 5025 kcal.kg-1 for the highest and lowest humidity respectively. The proposed

regression model was able to express in more than 98% the relationship between

higher calorific value and moisture content, and more than 92% compared to gross

calorific value and density. With regard to economic feasibility, can be seen that all

schemes of work proposed for the new working configuration of boilers were viable

and the most profitable decreased by 49.98% in the cost of natural gas, that is, an

economy R$ 3,900,842.00 per year. You can check that the malt bagasse as an

energy source is feasible.

Keywords: Calorific Value, By-Brewer, Biomass, Energy Cogeneration.


x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cevada (Hordeum vulgare L.). .............................................................................. 21


Figura 2. Estrutura do grão de cevada. ................................................................................ 25
Figura 3. Variedade de cevada: (2r) duas fileiras e (6r) seis fileiras. .................................... 33
Figura 4. Cores dos maltes. ................................................................................................. 34
Figura 5. Fluxograma do processo de malteação (TELES, 2007). ....................................... 35
Figura 6. Geração de resíduos sólidos na produção de cerveja (UNEP, 1996). ................... 43
Figura 7. Geração de resíduos numa cervejaria de 106 hl cerveja por ano (EC, 2003). ....... 43
Figura 8. Fontes de Biomassas............................................................................................ 48
Figura 9. Percentagem de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e azoto (N) em base
seca sem cinzas. .......................................................................................................... 50
Figura 10. Vista e corte de um calorímetro. ......................................................................... 55
Figura 11. Curva típica da variação da temperatura na determinação do PCS em
calorímetro.................................................................................................................... 55
Figura 12. Teor de cinzas (bs) Vs poder calorífico superior de vários tipos de biomassa. .... 56
Figura 13. Fases de decomposição de uma partícula de biomassa (adaptação de Scala,
1997). ........................................................................................................................... 60
Figura 14. Calorímetro (CORDEIRO, 2011). ........................................................................ 65
Figura 15. Revestimento Isolante (CORDEIRO, 2011)......................................................... 65
Figura 16. Balde para imersão da bomba (CORDEIRO, 2011). ........................................... 66
Figura 17. A) Bomba de combustão de oxigênio ou bomba calorimétrica (PARR
INSTRUMENT COMPANY, 2011) e B) Divisão da bomba de combustão de oxigênio
(CORDEIRO, 2011). ..................................................................................................... 66
Figura 18. Cabeça da bomba calorimétrica (CORDEIRO, 2011).......................................... 66
Figura 19. A) Bomba Calorimétrica imersa em água com as conexões elétricas encaixadas
e B) Mecanismo de agitação mais termômetro (CORDEIRO, 2011). ............................ 67
Figura 20. Cilindro de oxigênio composto por dois manômetros, válvula de alívio e
acoplamento para carregar a bomba (CORDEIRO, 2011). ........................................... 67
Figura 21. A) Prensa de pellet (PARR INSTRUMENT COMPANY, 2011) e B) Amostra em
forma de pellet (CORDEIRO, 2011). ............................................................................. 68
Figura 22. A) Bagaço úmido para secagem e B) Estufa de secagem utilizada na pesquisa
(CORDEIRO, 2011). ..................................................................................................... 69
xi

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Poder calorífico superior em função do teor de umidade. .................................... 88


Gráfico 2. Poder calorífico superior em função da densidade. ............................................. 88
Gráfico 3. Volume de produção referente ao ano de 2009. .................................................. 92
Gráfico 4. Simulação do regime de trabalho 1 entre as caldeiras em funcionamento. ........ 100
Gráfico 5. Simulação do regime de trabalho 2 entre as caldeiras em funcionamento. ........ 100
Gráfico 6. Simulação do regime de trabalho 3 entre as caldeiras em funcionamento. ........ 100
Gráfico 7. Relação entre o consumo de GN (RT 1, RT 2 e RT 3) e o consumo de GN suprido
pela caldeira. .............................................................................................................. 101
Gráfico 8. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção de
bagaço seco (BS) com 15% de umidade. ................................................................... 102
Gráfico 9. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção de
bagaço seco (BS) com 20% de umidade. ................................................................... 102
Gráfico 10. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção de
bagaço seco (BS) com 30% de umidade. ................................................................... 103
Gráfico 11. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção de
bagaço seco (BS) com 40% de umidade. ................................................................... 103
Gráfico 12. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção de
bagaço seco (BS) com 50% de umidade. ................................................................... 104
xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Área de produção de cevada e de exportação, 2005-06. .................................... 23


Quadro 2. Composição do Grão de Cevada. ....................................................................... 26
Quadro 3. Características Intrínsecas e Respectivos Teores Limítrofes. ............................. 32
Quadro 4. Poder calorífico inferior de alguns resíduos orgânicos. ....................................... 40
Quadro 5. Oferta de energia no Brasil e no mundo. ............................................................. 44
Quadro 6. Projeção da Oferta Interna de Energia – Brasil (em milhares de tep). ................. 45
Quadro 7. Estimativas do poder calorífico da biomassa. ...................................................... 54
Quadro 8. Análise Imediata (% base úmida) de amostras de biomassas. ............................ 58
Quadro 9. Análise Elementar de amostras de biomassas. ................................................... 59
Quadro 10. Poder calorífico superior (kcal.kg -1) de amostras de biomassas. ....................... 59
Quadro 11. Determinações físico-químicas e metodologias. ................................................ 63
Quadro 12. Tarifas aplicadas ao Estado da Paraíba. ........................................................... 74
Quadro 13. Calendário de referência. .................................................................................. 74
Quadro 14. Determinação físico-química de outros tipos de alimentos. ............................... 82
xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Regimes de trabalhos propostos. ......................................................................... 77


Tabela 2. Composição físico-química do bagaço de malte (b.u). ......................................... 78
Tabela 3. Valores médios dos materiais voláteis (MV), cinzas (Cz) e carbono fixo (CF). ..... 83
Tabela 4. Valores médios dos teores de umidade, densidades e poder calorífico superior. . 86
Tabela 5. Equações de regressão para poder calorífico superior. ........................................ 89
Tabela 6. Análise de variância das regressões do poder calorífico superior em função da
umidade e da densidade do bagaço de malte. .............................................................. 89
Tabela 7. Valores médios dos poderes caloríficos superiores (PCS) estimados e
determinados para o bagaço de malte. ......................................................................... 89
Tabela 8. Levantamento de consumo de energia térmica. ................................................... 93
Tabela 9. Capacidade energética mensal e anual das caldeiras em estudo. ....................... 94
Tabela 10. Simulação do volume de gás natural consumido pela empresa no ano de 2009.
..................................................................................................................................... 95
Tabela 11. Volume de gás natural consumido por semana. ................................................. 96
Tabela 12. Simulação do custo mensal e anual do consumo de gás natural para a
configuração atual. ....................................................................................................... 97
Tabela 13. Geração de bagaço úmido. ................................................................................ 98
Tabela 14. Receita com a venda do bagaço úmido.............................................................. 98
Tabela 15. Produção mensal de bagaço seco. .................................................................... 99
Tabela 16. Simulação do custo mensal e anual do consumo de gás natural para a
configuração proposta. ............................................................................................... 105
Tabela 17. Quantidade de bagaço seco excedente. .......................................................... 106
xiv

LISTA DE NOMENCLATURA

b.s. Base seca -


b.u. Base úmida -
BM Bagaço de malte -
BS Bagaço seco -
Cz Cinza %
D Densidade kg/m³
gl Grau de liberdade -
GN Gás natural -
MQ Média Quadrática -
MSB Multiple step boiling -
MV Materiais voláteis %
PCI Poder calorífico inferior kcal/kg
PCS Poder calorífico superior kcal/kg
R2 Coeficiente de determinação -
RT Regime de trabalho -
SQ Soma Quadrática -
TU Teor de umidade %
xv

SUMÁRIO

Dedicatória ........................................................................................................................................ v
Agradecimentos .............................................................................................................................. vi
Resumo .......................................................................................................................................... viii
Abstract ............................................................................................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................17
2. OBJETIVOS ...............................................................................................................................19
2.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................................................19
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................................19
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .....................................................................................................20
3.1. CEVADA ..............................................................................................................................20
3.1.1. Aspectos Gerais ...........................................................................................................20
3.1.2. Utilização da cevada....................................................................................................22
3.1.3. Estrutura do grão de cevada.......................................................................................24
3.1.4. Composição química do grão e função nutricional ...................................................25
3.1.4.1. Carboidratos ..............................................................................................................26
3.1.4.2. Proteínas ...................................................................................................................31
3.1.5. Malte de cevada ...........................................................................................................31
3.1.5.1. Malteação ..................................................................................................................33
3.2. APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS ..........................................37
3.2.1. Aspectos Gerais ...........................................................................................................37
3.2.2. Subprodutos agroindustriais .......................................................................................39
3.2.3. Subprodutos gerados pela indústria cervejeira .........................................................41
3.3. DEMANDA E OFERTA DE ENERGIA NO BRASIL E NO MUNDO ...............................44
3.3.1. Biomassa ......................................................................................................................46
3.3.2. Composição de biomassa ...........................................................................................49
3.3.3. Características da biomassa.......................................................................................50
3.3.4. Poder calorífico da biomassa......................................................................................53
3.3.5. Cogeração a partir da biomassa ................................................................................57
3.3.6. Fenômenos associados à combustão de biomassa: secagem, pirólise,
desvolatilização e combustão ...............................................................................................60
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................................63
4.1. MATÉRIA-PRIMA ...............................................................................................................63
4.2. DETERMINAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA ..........................................63
xvi

4.2.1. Análise imediata ...........................................................................................................64


4.3. DETERMINAÇÃO DO PODER CALORÍFICO DO BAGAÇO DE MALTE .....................64
4.3.1. Calorímetro ...................................................................................................................64
4.3.2. Prensagem ...................................................................................................................67
4.3.3. Poder calorífico superior (PCS) ..................................................................................68
4.3.3.1. Cálculo do poder calorífico superior........................................................................70
4.4. COMPARAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR DO BAGAÇO DE MALTE
COM OUTROS COMBUSTÍVEIS .............................................................................................71
4.5. VIABILIDADE ECONÔMICA ..............................................................................................71
4.5.1. Diagnóstico energético da planta em estudo ............................................................71
4.5.2. Configuração atual de geração e proposta de cogeração .......................................72
4.5.4. Cálculo da geração de bagaço úmido .......................................................................75
4.5.5. Cálculo da produção de bagaço de malte seco ........................................................76
4.5.6. Regime de trabalho entre as caldeiras em funcionamento ......................................77
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................78
5.1. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO BAGAÇO DE MALTE ........................................78
5.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO BAGAÇO DE MALTE .............................................83
5.3. VARIAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR EM FUNÇÃO DOS TEORES DE
UMIDADE E DENSIDADE.........................................................................................................85
5.3.1. Estimativa do poder calorífico superior. .....................................................................88
5.4. COMPARAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR DO BAGAÇO DE MALTE
COM OUTROS COMBUSTÍVEIS .............................................................................................90
5.5. ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA ......................................................................92
5.5.1. Diagnóstico energético da planta em estudo ............................................................92
5.5.2. Configuração atual de geração e proposta de cogeração .......................................94
5.5.3. Custo com o consumo do gás natural........................................................................95
5.5.4. Geração de bagaço úmido ..........................................................................................98
5.5.5. Produção de bagaço de malte seco ...........................................................................99
5.5.6. Regime de trabalho entre as caldeiras em funcionamento ......................................99
6. CONCLUSÃO...........................................................................................................................107
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................................................................108
8. REFERÊNCIAS........................................................................................................................109
17

1. INTRODUÇÃO

Segundo Shapiro (2007), os baixos níveis de eficiência energética dos países


em desenvolvimento são atualmente uma barreira aos esforços de mitigação das
alterações climáticas. Promover medidas e implantar projetos neste sentido podem
fazer com que o que hoje é uma ameaça seja uma oportunidade, com possibilidade
de ganhos no processo de desenvolvimento humano.

No setor industrial, por exemplo, nos últimos anos verificam-se várias


iniciativas neste sentido, com especial atenção à remodelação de processos e ao
uso de combustíveis renováveis e alternativos, enquanto fontes limpas de energia,
em substituição às de alta emissão de gases de efeito estufa, dentre outros
poluentes nocivos à saúde humana e ao meio ambiente (ACEEE, 2008)

Acompanhando essas rápidas mudanças do atual cenário energético mundial,


o Brasil tem cada vez um papel de destaque, sendo até mesmo um líder em alguns
desses processos, como no caso da produção do etanol de cana-de-açúcar e no
aproveitamento dos resíduos e efluentes dos processos produtivos para a geração
de energia limpa e renovável (BARBOSA, 2010).

Uma solução viável no sentido de se diminuir a exploração de florestas é a


utilização racional e eficiente de resíduos agro florestais, subprodutos vegetais de
culturas alimentícias, agroindústrias ou de exploração de florestas, que não são
utilizados diretamente como energéticos por possuírem em geral baixa densidade,
alta umidade, formato geométrico indesejado e baixo poder calorífico, sendo
necessários, portanto, processamentos com o objetivo de aumentar a eficiência de
utilização desses insumos, o que em muitos casos se torna vantajoso devido aos
baixos custos de obtenção desses resíduos (MAYER, 2007).

A questão ambiental, com a necessidade de minimização das emissões de


CO2, é um ponto favorável ao uso da biomassa, pois quando ela é queimada, CO 2 é
liberado na atmosfera; entretanto esse gás é absorvido pelas plantas durante a
fotossíntese, mantendo constante a sua quantidade na atmosfera. Vantagens como
estas fazem com que a biomassa seja opção estratégica para o mundo também, só
18

dependendo de políticas adequadas para sua viabilização. Vale ressaltar que os


distintos cenários, presente nas macro regiões do País, influenciam diretamente nos
parâmetros de utilização da biomassa como fonte energética (AMBIENTE BRASIL,
2011).

De maneira geral, a biomassa assim empregada enquadra-se perfeitamente


no conceito do desenvolvimento sustentável, pois permite a criação de empregos na
região, dinamiza as atividades econômicas, reduz os custos relativos à distribuição e
transmissão da energia gerada e, quando utilizada de forma sustentável, não agride
o meio ambiente.

Assim, com base nos conhecimentos já proporcionados por essa discussão, o


que se propõe nesta dissertação é determinar o poder calorífico do bagaço de malte
para utilizá-lo como possível fonte de energia. Espera-se com isto ampliar o alcance
desses conhecimentos e contribuir com subsídios analíticos úteis ao setor cervejeiro,
de modo que o presente estudo possa servir como instrumento auxiliar na tomada
de decisões em futuros investimentos no setor.
19

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Estudar a capacidade energética do bagaço de malte oriundo de cervejarias


em diferentes níveis de umidade para fins energéticos, mediante caracterização e
análise de viabilidade econômica.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Determinar a composição físico-química do bagaço de malte;

b) Caracterizar, sob o ponto de vista energético, o bagaço de malte proveniente


de indústrias cervejeiras;

c) Comparar o poder energético do bagaço de malte com os combustíveis


fósseis e as biomassas usuais;

d) Verificar a viabilidade econômica da substituição parcial do combustível atual


(gás natural) pelo bagaço de malte como fonte de geração de calor.
20

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. CEVADA

3.1.1. Aspectos Gerais

A cevada é uma das culturas fundadoras da agricultura do velho mundo e foi


um dos primeiros cereais caseiros. É também um modelo experimental devido ao
seu curto ciclo de vida e características morfológicas, fisiológicas e genéticas.
(AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2008)

A região sul do país destaca-se por sua grande produção de cereais, entre os
quais de cevada (Hordeum vulgare L.), ocupando a quarta posição em produção de
cereais no mundo (Yalçin et. al., 2007), sendo superada somente pelo trigo, arroz e
milho. É extensamente usada na indústria cervejeira e alimentação animal. O seu
uso tem sido restrito na alimentação humana, em parte devido à ausência de uma
adequada avaliação nutricional. No entanto, devido ao seu elevado teor de β-
glucanas (Fujita & Figueroa, 2003) há um interesse crescente neste cereal para
consumo humano e usos industriais (OSCARSSON et. al.,1996; BHATTY, 1999).
Nos países da Ásia, a cevada é amplamente usada na indústria de alimentos
(BHATTY & ROSSNAGEL, 1998).

A cevada é uma gramínea cerealífera, o seu período de germinação é de 1 a


3 dias. Suas flores são dispostas em espigas, na extremidade do colmo, e os frutos,
amarelados e ovóides, fornecem uma farinha alimentícia que é utilizada na
fabricação da cerveja, e os grãos torrados e moídos são usados na fabricação de
bebida semelhante ao café natural sem cafeína (SCARLATELLI, 1994).

Hordeum vulgare é dividida em duas subespécies: Hordeum vulgare L. ssp.


vulgare. e Hordeum vulgare L. ssp. spontaneum (C. Koch.) Thell. Hordeum vulgare
L. ssp. vulgare é a cevada cultivada, já a Hordeum vulgare L. ssp. spontaneum é o
progenitor selvagem da cevada (AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2008).
21

A cevada (Hordeum) pertence ao gênero Triticeae tribo da família das


gramíneas, Poaceae (também conhecido como Gramineae). A tribo Triticeae é um
grupo de plantas de clima temperado com diversos cereais e forrageiras de
importância econômica, bem como cerca de 350 espécies selvagens. O gênero
Hordeum é incomum entre os Triticeae, já que contém ambas as espécies anuais,
como H. vulgare e H. marinum e espécies perenes, tais como H. bulbosum (VON
BOTHMER, 1992).

O gênero Hordeum possui centros de diversidade na região central e sul da


Ásia Ocidental, América do Norte ocidental, América do Sul, e no Mediterrâneo
(VON BOTHMER, 1992). As espécies Hordeum ocorrem em uma vasta gama de
habitats. A maioria das espécies silvestres perenes crescem em ambientes úmidos,
enquanto que as espécies anuais são restritas a habitats abertos e áreas
antropizadas. Muitas espécies são adaptadas a ambientes extremos e muitos têm
tolerância ao frio e salina (VON BOTHMER, 1992).

A cevada cultivada cresce em uma série de ambientes diversificados que


variam de sub Ártico ao sub-tropical, com maior concentração em áreas temperadas
e altitudes elevadas dos trópicos e subtrópicos. Diferentemente do planalto frio, a
cevada é raramente cultivada nos trópicos, uma vez que não é adequado para
climas quentes úmidos (NEVO, 1992).

Figura 1. Cevada (Hordeum vulgare L.).


22

3.1.2. Utilização da cevada

Para fins comerciais, as variedades de cevada são classificadas em três


classes gerais que são usadas como base para o comércio mundial. Os principais
fatores utilizados para distinguir variedades de cevada são alimentos para animais
ou cevada, o hábito de crescimento no inverno ou primavera, razão de amilose por
amilopectina, descascados ou cevada casco inferior e variedades de seis, de quatro
ou duas linhas (OCDE, 2004).

A cevada é o cereal de quarta maior importancia no mundo depois do trigo,


milho e arroz, e está entre as dez melhores plantas cultiváveis no mundo (AKAR et.
al. 2004). Globalmente, mais de 136 milhões de toneladas de cevada são
produzidos anualmente em cerca de 56 milhões de hectares. Principais
exportadores de cevada incluem: Austrália, Ucrânia, União Européia, Canadá e
Rússia (ver Quadro 1), enquanto os principais mercados para a importação de
cevada são a Arábia Saudita, Japão e China.

Atualmente, cerca de 90% da cevada cultivada no Brasil, usada


principalmente para fabricação de cerveja, são da variedade BR-2. A produção deste
grão atende às três unidades de malteação nacionais e geram, por ano, 270 mil
toneladas de malte que é bastante pequena em comparação com o que se é
consumido pelas cervejarias, em torno de um milhão de toneladas (SANTOS et. al.,
2001).

O grão é utilizado na industrialização de bebidas (cerveja e destilados), na


composição de farinhas ou flocos para panificação, na produção de medicamentos e
na formulação de produtos dietéticos e de substitutos de café. A cevada é ainda
empregada em alimentação animal como forragem verde e na fabricação de ração.
No Brasil, a malteação é o principal uso econômico da cevada, já que o país produz
apenas 30% da demanda da indústria cervejeira (Vieira & Braz, 2009).
23

Quadro 1. Área de produção de cevada e de exportação, 2005-06.


Exportação do
Produção Área Colhida comércio
País
('000 ton) ('000 hectares) anual
('000 ton)
União Européia 54,752 13,790 2,587
Federação Russa 15,800 9,150 1,397
Canadá 11,678 3,634 1,876
Austrália 9,563 4,447 5,231
Ucrânia 9,000 4,350 4,926
Turquia 7,600 3,600 550,000
Estados Unidos 4,613 1,323 357,000
República Popular da China 3,400 850,000 3,000
Mundo 136,628 55,654 17,428
FONTE: AUSTRALIAN GOVERNMENT, 2008.

Originalmente, a cevada era principalmente cultivada e utilizada na


alimentação humana, mas hoje ela é usada principalmente para alimentação animal
e para a produção de malte, com pequenas quantidades de sementes e utilizados
para consumo humano direto. A cevada também é usada para a produção de fécula,
seja para alimentação ou para a indústria química (OCDE, 2004). Além disso, a
cevada tem alguns subprodutos úteis, o mais valioso é a palha que é usada
principalmente para a compostagem nos países desenvolvidos, mas também para
alimentar animais nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos (AKAR et. al.
2004).

Globalmente, até 85% da cevada produzida é utilizada na alimentação de


animais, incluindo bovinos (corte e leite), suínos e aves (AKAR et al 2004;. OECD
2004). Na maioria dos casos, a cevada inteira é esmagada, moída ou em flocos,
antes de ser alimentada, para melhorar a digestibilidade (OCDE, 2004).

A cevada é considerada como tendo um pobre valor nutritivo comparado com


o trigo, devido o seu alto teor de fibras, a energia não é facilmente utilizada por
animais. Embora tenha um alto teor de proteína maior que o milho, a dieta de alto
desempenho de animais monogástricos normalmente precisa ser complementada
24

com outras fontes de proteína, devido ao baixo teor e qualidade da proteína no grão
de cevada (OCDE, 2004).

Tradicionalmente, a cevada era um dos grãos dominante, mas foi


ultrapassado pelo arroz e trigo, em muitos países. A cevada é ainda um grão de
alimento importante em várias regiões do mundo, incluindo Marrocos, Índia, China e
Etiópia (OCDE, 2004). Por exemplo, cevada, pão sírio ou mingau de aveia são
amplamente consumidos no Norte de África e partes da Ásia. Comida de cevada é
geralmente encontrado em regiões onde outros cereais não crescem bem, devido às
chuvas, a baixa altitude, ou salinidade do solo (FAO, 2002).

Nos países ocidentais, a cevada está aumentando na popularidade como um


grão de comida e é utilizado em farinhas de panificação ou de outras especialidades,
tais como os alimentos para bêbes, alimentos saudáveis e espessantes. É preferido
por alguns fabricantes de alimentos devido ao seu baixo preço em comparação com
o trigo e seu valor nutricional (AKAR et. al. 2004). Amido de cevada é utilizada tanto
na indústria alimentícia como adoçante e ligante, e da indústria cervejeira, na
produção de cerveja e álcool (OCDE 2004).

3.1.3. Estrutura do grão de cevada

A cevada é um grão com características organolépticas atraentes (cor, sabor,


odor e textura). É semelhante a espigas do trigo, embora seja ligeiramente mais
clara na cor. O uso do grão inteiro (integral) é relativamente desconhecido, haja vista
o número limitado de pesquisas existentes em relação à sua importância nutricional.
Entretanto, pesquisas com grãos de cevada, separados das bractéas florais com
espinhos semilhados vem sendo desenvolvidas, visando à introdução deste cereal
na alimentação humana (HELM & DE FRANCISCO, 2004; HOLTEKJOLEN et. al.
2007). O grão de cevada é composto, basicamente, por três porções: casca,
embrião e endosperma (Figura 2).
A casca é a parte exterior da semente, camada resistente e tem a função de
proteção, contém fibras, antioxidantes, minerais e vitaminas do complexo B. A
cevada difere de muitos grãos, pois a fibra está distribuída na semente inteira e não
25

apenas na camada externa (YALÇIN et. al., 2007). Assim, quando a casca, ou a
camada externa é removida, apenas parte da fibra é perdida (XUE et. al., 1997;
OSCARSSON et. al., 1996). Desta forma, um produto processado a partir da
camada externa do grão de cevada, como o farelo, pode ser nutricionalmente
atraente com elação aos teores de fibra alimentar. O restante do grão retém ainda
em torno de 50% de seu valor de fibra (HELM & DE FRANCISCO, 2004).

Figura 2. Estrutura do grão de cevada.

Evers (1999) em revisão bibliográfica sobre a estrutura e composição de


grãos de cereais, cita um valor de 13% de perda de casca nos grãos de cevada.
Valor este que reflete diretamente o rendimento do grão, na indústria de
processamento, quando descascado.

O embrião da semente contém vitaminas do complexo B, algumas proteínas,


minerais e lipídeos. O endosperma é a fonte de nutrientes do embrião sendo a
parcela da semente que contém maior quantidade de carboidratos, proteínas e
quantidades pequenas de minerais e vitaminas (MAYER, 2007).

3.1.4. Composição química do grão e função nutricional

Os principais componentes do grão de cevada são: o amido, a proteína e a


fibra alimentar, e os componentes minoritários são os lipídeos, minerais e vitaminas
(YALÇIN et. al., 2007). Esses grupos sofrem variações químicas por fatores
genéticos e ambientais (MOLINA-CANO et. al.,1995; YALÇIN et. al., 2007). Os
diferentes componentes do alimento e suas quantidades exercem efeitos
diferenciados no organismo. Assim, a variação na composição química de
26

determinado alimento pode definir sua utilização. Abaixo segue a composição do


grão de cevada (em 100% da matéria seca):

Quadro 2. Composição do Grão de Cevada.


Nutriente Concentração
Matéria Seca 89,0%
Proteína Bruta 7 – 13%
Proteína degradável no rúmen (% da PB) 75,0%
Proteína não degradável no rúmen (% da PB) 25,0%
Proteína Solúvel (% da PB) 20,0%
Fibra Bruta 6,0%
Fibra detergente ácido (FDA) 7,0%
Fibra detergente neutro (FDN) 19 - 25%
Fibra detergente neutro-efetiva (% da FDN) 50,0%
Carboidratos não estruturais 56,0%
- 9,1% açúcares ―
- 81,7% amido ―
- 9,2% pectina e b-Glucans ―
Extrato etéreo 2,2%
Cinzas 2,6%
Cálcio 0,1%
Fósforo 0,4%
NDT 84,0%
Fontes: Hoard’s Dairyman Feeding Guide, 1998. From Feed to Milk, Penn state University.

3.1.4.1. Carboidratos

Dos carboidratos, que representam de 40 a 80% do valor energético total da


alimentação diária (Bhatty, 1999; Freitas, 2002), o amido é o principal componente e,
conseqüentemente, a maior fonte de glicose da dieta humana, necessárias, também
para a manutenção do tecido nervoso e cerebral (MAHAM et. al., 2002). Além do
amido, outros carboidratos não fibrosos estão presentes em quantidades menores
na forma de açúcares simples, como a frutose e glicose (Matsuo et. al., 1995), mas
representam um valor nutricional e industrial importante.
27

As recentes descobertas relacionadas à importância nutricional dos


carboidratos complexos e aos efeitos fisiológicos têm sido modificadas. Neste grupo
de nutrientes, incluem-se o amido e os polissacarídeos não-amiláceos, os quais
possuem diferenças em suas estruturas químicas e em seus efeitos fisiológicos
(LOBO & SILVA, 2003).

 Amido

O amido constitui de 50% a 65% do peso dos grãos de cereais secos, e até
80% da matéria seca das raízes e dos tubérculos. Em conseqüência, desta
participação, os grãos de cereais são usados na alimentação como principal fonte
energética (MAYER, 2007).

A quantidade de amido no grão de cevada apresenta variação entre


cultivares, o que pode ser atribuído à fatores genéticos e ambientais. Pesquisas
realizadas por Oscarsson et. al. (1996), Xue et. al. (1997) e Holtekjolen et. al. (2007)
com grãos de cevada sem casca, mostraram valores de 51 a 64% de amido.

 Amilose, Amilopectina e Amido resistente

O grânulo de amido é constituído por dois polissacarídeos, a amilose e a


amilopectina (VANDEPUTTE et. al., 2003; SANDHU et. al., 2004). A amilose é
formada por unidades de glicose, unidas por ligações glicosídicas α (1  4),
originando uma cadeia essencialmente linear. A amilopectina é composta por
unidades de glicose unidas em α (1  4) e α (1  6), formando uma estrutura
ramificada, representando cerca de 80% dos polissacarídeos. Em razão das
diferenças estruturais, a amilose é mais hidrossolúvel que a amilopectina, e essa
característica pode ser usada para separar esses dois componentes.

Eerlingen & Delcour (1995), define amido resistente, com base na sua
resistência à hidrólise enzimática, como a parcela do grânulo ou de seus produtos
de degradação, que não são digeridos ou absorvidos no intestino delgado de
indivíduos saudáveis, podendo, entretanto, ser fermentado no intestino grosso.
28

Nutricionalmente, o amido pode ser classificado como glicêmico ou resistente, sendo


que o amido glicêmico é degradado à glicose por enzimas no trato digestivo.

De acordo com Englyst et. al. (1992), quanto à digestão, o amido pode ser
classificado, como lentamente ou rapidamente digestível no intestino delgado.
Sendo que o amido resistente é a soma do amido e dos produtos de degradação
que resiste à digestão no intestino delgado de indivíduos sadios, porém é
fermentado no intestino grosso pela microflora bacteriana (porção distal do cólon)
(Levin, 2003; Coppini, 2004), apresentando valor calórico baixo. Entretanto, por não
ser digerido, ele representa um papel importante fisiologicamente, pois se torna
disponível como substrato para fermentação pelas bactérias anaeróbicas do cólon
(JENKINS et. al., 1998). Dessa forma, se caracteriza por efeitos fisiológicos
gastrointestinais semelhantes ao das fibras alimentares, sendo freqüentemente
considerado como tal (MUIR & O’DEA, 1992). Por apresentar estas características, o
amido resistente contribui para o aumento do volume fecal, conseqüentemente,
contribui para melhora na constipação, hemorróidas, além de diluir compostos
tóxicos potenciais formadores de células cancerosas (YUE & WARNING, 1998).

 Fibra alimentar

Naturalmente, todos os alimentos são funcionais, uma vez que proporcionam


valor nutritivo, por exemplo. Entretanto, nas últimas décadas, o termo funcional está
sendo aplicado a alimentos com uma característica diferente, ou seja, de
proporcionar um benefício fisiológico adicional, além das qualidades nutricionais
básicas encontradas (MAYER, 2007).

De acordo com a Anvisa (1999), alimento funcional é aquele que, além de


funções nutricionais básicas, produz efeitos metabólicos e ou fisiológicos e ou feitos
benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica. A
fibra alimentar, pela sua composição, permite que os alimentos possam ser incluídos
na categoria de alimentos funcionais, pois a sua utilização dentro de uma dieta
equilibrada ou balanceada pode reduzir o risco de certas doenças (dislipidemias,
29

diabetes melitus, doenças cardíacas, doenças relacionadas ao intestino) (FDA,


1998; FAO, 1997).

Existem varias definições, para fibra alimentar. Segundo Peterson (1992) é


constituída pela soma de polissacarídeos não-amiláceos (PNA) e lignina de vegetais
que não são digeridos por enzimas digestivas de seres humanos. Por sua vez a
Association of Official Analytical Chemists (AOAC), órgão americano, é a parte
comestível das plantas ou análogos aos carboidratos que são resistentes à digestão
e absorção pelo intestino delgado humano, com fermentação parcial ou total no
intestino grosso. Essa definição permite incluir substâncias, que fisiologicamente são
semelhantes às fibras, façam parte dessa categoria de nutrientes. São elas: a
inulina, os frutooligossacarídeos (FOS) e os amidos resistentes (COPPINI, 2004).

As fibras podem ser classificadas de acordo com a estrutura como


polissacarídeos, em relação a sua solubilidade em água e grau de fermentação (pela
ação das bactérias anaeróbicas no intestino grosso) em solúveis e insolúveis.
Enquanto que a fração solúvel é composta por substancias pécticas, β-glucanas e
gomas, a fração insolúvel é constituída por celulose, lignina e hemicelulose
(GUERRA et. al., 2004).

A partir destes conceitos e pesquisas que vêm sendo desenvolvidas ao longo


dos anos, os grãos de cevada podem ser comparados a cereais com características
de alimentos funcionais, devido a sua composição química e valor nutricional, pois
seu uso em determinadas situações pode amenizar ou reduzir complicações
metabólicas e fisiológicas (DONGOWSKI et. al., 2002; LI et. al., 2003; TRUSWELL,
2006).

As frações que constituem a fibra alimentar exercem efeitos fisiológicos e


metabólicos distintos no organismo humano. As fibras solúveis se caracterizam por
serem rapidamente degradadas no intestino grosso, possuem alto grau de
fermentação, apresentando efeito metabólico no trato gastrintestinal, aumentam o
volume das fezes por aumentar o crescimento microbiano, retardando o
esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal (BEDFORD & CLASSEN, 1992).
30

São substratos para a fermentação bacteriana que resultam em gases


(hidrogênio, metano e dióxido de carbono) e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC).
Estes são resultantes da degradação bacteriana de carboidratos e proteínas da dieta
e os mais abundantes são o acetato, propionato e butirato. Os AGCC exercem papel
importante na fisiologia do intestino, como principal fonte de energia, melhora do
fluxo sanguíneo, aumento da absorção de água e sódio, diminuição do pH,
fundamentais pelas propriedades ao trofismo intestinal e atuam no metabolismo da
glicose e do colesterol (MOORE et. al., 1998; BEHALL, 2004; LI et. al., 2004).

Presentes na fibra solúvel, as β-glucanas são polissacarídeos lineares, não


ramificados, compostos por unidades de glicose (β-D-glicopiranosil) unidos por
ligações glicosídicas β-1,4 e β -1,3. Os cereais apresentam quantidades variáveis de
β-glucanas, a variabilidade ocorre em grande quantidade no endosperma e na
parede celular. Nos grãos de cevada, o teor de β-glucanas observado tem sido de
3,01 a 9,68% (Molina-cano et. al.,1997; Xue et. al.,1997; Fujita & Figueroa, 2003;
Helm & de Francisco, 2004), os quais são influenciados por fatores ambientais e
genéticos (YALÇIN et. al., 2007). Comparando com os valores de 2 a 6% de β-
glucanas presentes em cereais como a aveia (Gutkoski & Trombeta, 1999), a
cevada apresenta valores mais elevados, o que faz com que o consumo desses
grãos na dieta seja desejável.

A fração insolúvel faz parte da estrutura das células vegetais, apresenta efeito
mecânico no trato gastrintestinal, sendo, em geral pouco fermentada, acelera o
tempo de transito intestinal devido à absorção de água (COPPINI, 2004). Como
conseqüência, os principais efeitos são aumentar a freqüência da evacuação,
diminuir o tempo de trânsito no cólon, proteção contra infecção bacteriana,
melhorando ou prevenindo a constipação, diminuindo o risco de hemorróidas e
diverticulite (MAFFEI, 2004).

Embora sejam evidenciados os efeitos individuais das frações insolúvel e


solúvel da fibra, deve-se considerar que, em dietas usuais, ambas serão consumidas
juntas, uma vez que são partes integrantes dos alimentos. Desta forma, os efeitos
31

sobre os processos digestivos e metabólicos não dependerão somente da variação


nos seus teores individuais, mas também, da predominância de uma fração em
relação à outra, da sua composição química e organização estrutural. Estes fatores
determinam as propriedades físico-químicas da fibra e os seus efeitos sobre os
processos digestivos e metabólicos (VANDERHOOF, 1998; LI et. al., 2003; BEHALL,
2004). Na dieta de seres humanos, Maham (2002) sugeriu que o consumo de fibra
deva obedecer à proporção de 3 partes de fibra insolúvel para uma parte de fibra
solúvel.

3.1.4.2. Proteínas

O conteúdo de proteína em grãos de cevada representa uma fração


importante na composição bromatológica. Segundo Xue et. al. (1997), Oscarsson et.
al. (1996) e Yaçin et. al. (2007), os teores oscilam entre 10 a 16%. De acordo com
esses autores fatores que podem influenciar nesta variabilidade são genéticos e
ambientais.

As proteínas, formadas por uma cadeia de aminoácidos, são moléculas


essenciais para manter a estrutura e o funcionamento de todos os organismos vivos
e podem ter diferentes propriedades e funções. São as moléculas orgânicas mais
abundantes e importantes nas células e perfazem 50% ou mais de seu peso seco,
estando presentes em todas as partes de todas as células, uma vez que, são
fundamentais sob todos os aspectos da estrutura e função celulares (MAHAM,
2002). Desta forma, necessita-se de uma identificação das cultivares, também com
relação ao teor de proteínas para uso na nutrição humana.

3.1.5. Malte de cevada

Malte é o termo técnico que define a matéria-prima resultante da germinação


de qualquer cereal sob condições controladas. Há malte de trigo, centeio entre
outros cereais (KALNIN, 1999).
32

De acordo com a Brasil (1977), malte cervejeiro ou cevada malteada para fins
cervejeiros é o produto resultante da germinação forçada e controlada, sob
condições especiais de umidade e temperatura, da cevada Hordeum, sp, cujas
características se enquadram nos limites constantes nas presentes especificações.

O malte cervejeiro ou cevada malteada para fins cervejeiros, segundo o


processo de malteação empregado, respeitados os limites fixados na tabela da
Quadro 3, é ordenado em quatro classes: Malte Pilsen, Malte Munique, Malte
Caramelo e Malte Preto ou Torrado (BRASIL, 1977).

Quadro 3. Características Intrínsecas e Respectivos Teores Limítrofes.

Fonte: BRASIL, 1977.

Em geral, as variedades de cevada de duas linhas são as preferidas para a


produção de malte (Australian Bureau of Statistics, 2007), apesar da cevada de seis
linhas ser comum em algumas cervejas lager de estilo americano. As cervejas
larger iniciam sua fermentação em baixas temperaturas fazendo com que o fermento
se acumule no fundo do tanque de fermentação.
33

Figura 3. Variedade de cevada: (2r) duas fileiras e (6r) seis fileiras.

A característica mais importante na qualidade do malte cervejeiro é o teor de


proteína do grão (Hector et. al., 1996), relacionado negativamente com o rendimento
em extrato (volume de mosto por quilograma de malte) (RUITER & HASLEMORE,
1996; MOLINA-CANO, 1989; VERA-NUÑEZ et. al., 2001). Os teores elevados de
proteína levam ao aumento da viscosidade e instabilidade do mosto, o que provoca
problemas na elaboração do malte e na estabilidade da cerveja (Moreno & Moreno,
2002). Por outro lado, teores de proteína demasiado baixos reduzem a atividade
enzimática. Assim, para satisfazer os padrões estabelecidos pela indústria malteira,
o teor de proteína do grão deve situar-se entre 9 e 12% da matéria seca (Briggs,
1978; Hector et. al., 1996), sendo o intervalo ótimo de 10 a 11% (MORENO &
MORENO, 2002).

O excesso de proteínas no grão resulta em menor teor de amido e,


conseqüentemente, de carboidratos fermentescíveis (FLORIANI, 2002). A menor
quantidade de carboidratos aumenta o tempo de maltagem para que ocorram as
modificações necessárias neste processo.

3.1.5.1. Malteação

É um processo, no qual se sintetizam e mobilizam enzimas liberadas do


grânulo de amido (endosperma). As enzimas produzidas irão participar da quebra de
macromoléculas presentes nas matérias-primas cervejeiras durante a mosturação
(TELES, 2007).
34

O sabor final de uma cerveja depende de uma série de parâmetros


relacionados com a qualidade inicial da cevada e com as várias etapas de seu
processamento. Dentre estes, destaca-se como um fator de grande importância, a
qualidade do malte, que depende do teor de enzimas presentes no produto, que, por
sua vez, é influenciado pela temperatura de secagem da cevada germinada
(SANTOS et. al. 2001).

Os componentes do aroma, do paladar e da cor característica do malte são


formados por reações químicas complexas (caramelização e reação de Maillard) que
acontecem quando o malte é submetido à secagem (WUHRER, 1948;
COTTINGHAM & CIA, 1997). Para a obtenção de malte claro, essas reações devem
ser mantidas em nível mínimo e a taxa de remoção de umidade, em nível ideal, sem
utilizar temperaturas elevadas. Ao contrario, para produzir maltes escuros, utilizam-
se temperaturas elevadas enquanto o teor de umidade ainda é alto (BRAHMA,
1998).

Figura 4. Cores dos maltes.

Nos últimos anos houve muitos avanços no processo do malteado.


Atualmente, para se obter o malte de cevada, por exemplo, leva-se de 8 a 9 dias. Há
50 anos, o mesmo processo levava 14 dias (VARNAM et. al., 1997). Esses avanços
são devidos a um melhor conhecimento da fisiologia do grão da cevada. Hoje, a
germinação pode ser acelerada e uniformizada através da adição e da remoção do
ácido giberélico que produzido no escutelo da cevada, difunde-se para a aleurona e
35

comanda a produção de enzimas hidrolíticas (amilases, proteases, glucanases,


entre outras) que serão posteriormente secretadas.

Em especial, as glucanases merecem atenção, pois são responsáveis pela


degradação dos beta-glucanos presentes nas paredes das células do endosperma.
Os beta-glucanos elevam a viscosidade do mosto, dificultam a filtração, como
também causam turvação no produto final (TELES, 2007). O processo de malteação
(Figura 5) é dividido em: maceração, germinação e secagem.

Figura 5. Fluxograma do processo de malteação (TELES, 2007).

Na etapa de maceração, a cevada já limpa (sem sujidades, grãos estranhos


ou meios-grãos) é colocada em tanques para ser macerada com água. Essa água
de maceração deve estar na faixa de 5 a 8ºC, sendo trocada de 6 a 8 horas. Durante
essa troca, o oxigênio necessário para a respiração é injetado nos tanques. No
embrião há síntese de ácido giberílico e hormônios da planta que irão se difundindo
pela aleurona (HARDWICK, 1994). O processo termina quando a cevada atinge 42-
48% de umidade, com o aparecimento da radícula, ou seja, em torno de dois dias
(VENTURUNI FILHO, 2000).

Durante a germinação, ocorre a hidrólise do amido, proteínas e produção de


enzimas. No período de germinação, a cevada recebe corrente de ar úmido
36

(oxigênio) que vai servir para resfriar o tanque, mantendo umidade e temperatura na
faixa de 15 a 21ºC, servindo também para arrastar o gás carbônico produzido
através da respiração do grão. Quando a estrutura embrionária atinge dois terços do
comprimento do grão, interrompe-se a germinação no processo de secagem
(TELES, 2007).

Diferentes valores de temperatura do ar de secagem podem ser usados na


desidratação do malte verde, conforme literatura disponível. Wuhrer (1948) relatam
que uma temperatura do ar na faixa de 70 a 100 ºC seria adequada para tal
processo. Segundo Lewis e Joung (1995), um processo de secagem mais eficiente é
obtido quando se usam, numa mesma operação, diferentes temperaturas do ar de
secagem, na faixa de 50 a 85ºC, de acordo com a umidade do produto.

O processo de secagem da cevada germinada, malte verde, é descrito por


Lewis e Joung (1995) em três estágios. No primeiro, o produto encontra-se bastante
úmido e a água superficial do grão e aquela das camadas inferiores, próximas à
superfície, podem ser facilmente removidas pelo uso de fluxos de ar elevados, à
temperaturas de 50 a 60ºC. Nesta fase, a evaporação da água dos grãos esfria-os
fazendo com que as enzimas do malte não sejam tão sensíveis à temperatura inicial
do ar de entrada. Durante esta fase o teor de umidade do malte é reduzido para 23-
25% b.u. (base úmida). No segundo estágio, a umidade deve difundir das camadas
mais profundas do grão para a superfície e, então, ser removida. A umidade é
reduzida para 12% b.u. O grão encolhe a medida que é seco, isto reduz a distância
que a umidade deve difundir, como também a área superficial na qual ela pode ser
evaporada. Se a temperatura e o volume de ar de secagem permanecerem os
mesmos, o ar de saída carrega menos água que a sua carga máxima, sendo
necessário um aumento de temperatura (em torno de 70ºC), para aumentar a
eficiência de secagem. Quando a cevada encontra-se abaixo de 12% b.u., existe,
praticamente, apenas a água de constituição e, para removê-la, a temperatura do ar
deve ser novamente elevada. Geralmente, neste estágio são usadas temperaturas
de 80 a 85ºC. Neste terceiro estágio, a umidade é reduzida de 12 para 5% b.u., e
quando o grão se aproxima de 5% b.u. o malte está curado e, então, é deixado em
repouso (de 4 a 8 horas), até alcançar umidade final de 3-5% b.u.
37

3.2. APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS

3.2.1. Aspectos Gerais

Da mesma forma que aconteceu com a indústria, a evolução do agronegócio


e o desenvolvimento dos processos de transformação de alimentos levaram à
geração de muitos resíduos, sendo que estes são um dos principais problemas
ambientais, não só do Brasil, mas do mundo como um todo (GIORDANO, 2000).

Os resíduos gerados nos processos agroindustriais representam perdas


econômicas no processo produtivo e, se não receberem destinação adequada,
podem proporcionar problemas ambientais, em razão da sua carga poluidora. Dentre
estes resíduos, existem vários que podem ser utilizados na alimentação de
ruminantes, podendo ser citados, como exemplo, a polpa cítrica, a casca e o farelo
de arroz, a torta de algodão e o resíduo úmido (bagaço de malte) de cervejaria. Este
último tem se destacado, uma vez que é gerado em grande volume durante o ano
todo (BROCHIER, 2007).

Uma forma de atuação, no que diz respeito ao aproveitamento de resíduos, é


a de buscar utilizações viáveis e econômicas para os inevitáveis resíduos
agroindustriais gerados. Sempre que possível, o resíduo final deverá se constituir
em matéria-prima para um novo processo, constituindo uma segunda transformação.
Há muitos exemplos disso, entre os quais, cita-se o processamento da cana-de-
açúcar no Brasil, cujo bagaço serve desde à alimentação animal até à cogeração de
energia elétrica para venda, satisfazendo demandas regionais. Outro exemplo é o
processamento úmido do milho, em que a melhor solução para seus resíduos foi
repassá-los à indústria de produção de óleo a partir do gérmen (CEREDA, 2000).

Estudos realizados no Rio Grande do Sul – Brasil sugeriram o


compartilhamento do fluxo de resíduos gerados por duas atividades poluidoras da
região (a mineração de carvão e a curtição de couro) como uma estratégia para
promover a redução do impacto ambiental. Os resultados mostraram que os
resíduos da mineração podem ser usados para tratar os resíduos do curtume,
38

implementando uma eco-tecnologia para reduzir a drenagem do ácido da mina


devido ao descarte dos sulfetos reduzidos, enquanto auxiliam na remoção do cromo
dos curtumes, evitando a contaminação de recursos naturais como solo e água
(GIANNETI, 2004).

É crescente também, a aplicação de fibras naturais em uma série de materiais


de uso prático como, por exemplo, o cânhamo e o linho que podem ser convertidos
principalmente em fios, barbantes, cordas marinhas, redes, produção de lençóis,
roupas de banho, lonas (Williams, 2003), além de serem empregados como reforço
de polímeros (OKSMAN, 2003). A fibra de cânhamo foi utilizada em substituição às
fibras vítreas convencionais na obtenção de um compósito termoplástico mais leve
(cerca de 40 %), de baixo preço e com melhor capacidade para absorção de
impactos, sendo essas propriedades vantajosas para o seu emprego no setor
automobilístico (PERVAIZ, 2003).

O consumo da água de coco e da polpa de coco gera uma quantidade


significativa de resíduos, representados por suas cascas. No caso do coco maduro,
as cascas são, geralmente, utilizadas como combustível de caldeiras ou ainda
processadas para beneficiamento de fibras, que são usadas como manufaturas de
cordoalhas, tapetes, esteiras e outros produtos (ROSA et. al., 2002).

Um estudo realizado pela Embrapa Agroindústria Tropical mostrou viabilidade


da utilização do pó da casca do coco verde como substrato agrícola (ROSA et. al.,
2002).

Na indústria do arroz temos como subproduto mais volumoso, as cascas, as


quais podem ser aproveitadas de diversas maneiras (HOUSTON, 1972). Atualmente,
parte desta casca está sendo utilizada na fabricação de blocos e painéis
empregados na construção civil, onde substitui a fibra de madeira comumente
utilizada (SANTOS, 1997). A geração de energia através da queima da casca de
arroz é uma alternativa praticável do ponto de vista tecnológico, viável do ponto de
vista econômico e ética do ponto de vista ecológico, uma vez que existe tecnologia
para a conversão, a matéria-prima é abundante e todo CO2 produzido na queima
39

volta para o ciclo de carbono da biosfera terrestre (HOUSTON, 1972). Como resíduo
desta combustão, é produzida a cinza de casca de arroz. Esta cinza, até então útil
somente para estabilização de solos (ainda sem comprovação técnica) e aterros
sanitários, devido ao seu elevado teor de óxido de silício, está sendo utilizado,
segundo Fonseca (1999), na fabricação de vidros, isolantes térmicos, tijolos
prensados e materiais refratários, bem como na produção de cimento portland e na
forma de agregado em argamassas e concretos (SANTOS, 1997).

Para Valle (1995), um material deixa de ser considerado resíduo pela sua
valorização como matéria prima para a produção de novos produtos. Nesse caso,
determinado resíduo passa a ser tratado como subproduto do processo produtivo.

3.2.2. Subprodutos agroindustriais

Os subprodutos são obtidos a partir do processamento de produtos


agroindustriais destinados à alimentação humana. Podem ser classificados de
acordo com o grau de nobreza, sendo os mais valorizados os subprodutos
(entendidos como matérias de valor comercial que não são as razões de ser da
unidade produtiva) e, na seqüência, os resíduos (COELHO e FIGUEIREDO, 2005).

Apenas 5% dos subprodutos agroindustriais produzidos no planeta são


suficientes para alimentar o rebanho mundial. A América Latina produz mais de 500
milhões de toneladas de subprodutos e resíduos agroindustriais (SOUZA, 2004). O
Brasil produz mais desta metade, sendo que desta metade 1,7 milhões de toneladas
são de resíduo de cervejaria (MUSSATO, et. al., 2006).

Com o crescimento da agroindústria no país as indústrias de cervejaria


passaram a produzir relativamente grande quantidade de subprodutos e resíduos,
gerando certa preocupação no setor. Normalmente, quando os subprodutos e
resíduos são inutilizados e descartados, apresentam grande potencial de
contaminação ao meio ambiente, ou seja, são poluentes em potencial. Entretanto,
comparada às outras indústrias, a indústria de cervejaria tende ser ambientalmente
menos poluente (SANTOS, 2005).
40

Como forma de escoar a demanda, a maior parte desses subprodutos pode


ser reciclada e reutilizada. Sendo assim, na estratégia de se combater o desperdício
e aproveitar as sobras ou descartes inutilizados pelas indústrias, os subprodutos são
utilizados como fontes de matéria-prima para outros setores, além de gerar maior
competitividade entre as indústrias (COELHO e FIGUEIREDO, 2005).

Os resíduos agrícolas provenientes de lavouras comerciais se fossem


utilizados como fontes de energia para a secagem, seriam mais do que suficientes
para a secagem dos produtos que lhes deram origem. O calor produzido pela
queima de um sabugo de milho seria suficiente para secar os grãos de duas ou três
espigas. Aproximadamente, 70% do total de sabugos produzidos em uma lavoura
seria suficiente para a secagem dos grãos e do próprio sabugo (SILVA et. al., 2001).

Quanto ao uso da palha de café como fonte de energia no aquecimento do ar


para secagem do café, deve-se levar em consideração o inconveniente de se estar
eliminando um rico adubo orgânico para a lavoura. Contudo, dependendo da
situação, o seu uso como vetor energético pode ser vantajoso. No Quadro 4,
mostram-se a massa específica e o poder calorífico dos principais resíduos agrícolas
encontrados.

Quadro 4. Poder calorífico inferior de alguns resíduos orgânicos.


Umidade Massa Específica Poder Calorífico
Resíduo
(%b.u.) (kg.m-3) Inferior (kJ.kg-1)
Casca de arroz 12 140 12.977
Casca de amendoim 12 150 12.977
Palha de trigo 20 160 13.395
Sabugo de milho 13 220 17.598
Palha de café 13 250 15.488
Serragem de madeira 40 300 8.372
Bagaço de cana-de-açúcar 50 150 7.535
Fonte: (SILVA et. al., 2001).

No que se refere à composição e ao poder calorífico, os resíduos agrícolas


são térmicos e quimicamente equivalentes à madeira, merecendo, por essa razão,
toda a atenção no momento de sua utilização como combustível, mesmo
apresentando energia menos concentrada (SILVA et. al., 2001).
41

Por fim, deve-se lembrar de que os resíduos agrícolas e florestais geralmente


são acompanhados de grande quantidade de terra. A utilização desse material em
fornalhas pode ocasionar elevado teor de sílica nas cinzas, o que poderá ocasionar
dificuldades operacionais (SILVA et. al., 2001).

3.2.3. Subprodutos gerados pela indústria cervejeira

O setor cervejeiro brasileiro é o mais importante do mercado sul-americano


(COMBINACIÓN, 2005) e um dos maiores do mundo (BRASIL, 2005a). A produção
de cerveja no Brasil alcançou em 2010 a marca recorde de 12,6 bilhões de litros, um
crescimento de 18% em relação a 2009, mais do que o dobro do PIB (BARROS,
2011). Com esse resultado, o Brasil se tornou o terceiro maior mercado de cerveja
do mundo, atrás apenas da China, com uma produção na faixa de 40 bilhões de
litros, e Estados Unidos, com 35 bilhões de litros. Num ano só, o Brasil deixou para
trás gigantes como Rússia e Alemanha (BARROS, 2011).
No processo cervejeiro, os resíduos sólidos são gerados principalmente nas
etapas de filtragem, envase e tratamento de água e efluentes líquidos. Os principais
resíduos gerados são:

Grãos usados: principal tipo de resíduo, em relação à quantidade gerada. São


aqueles resíduos oriundos do aproveitamento do conteúdo dos grãos de malte,
constituídos de restos de casca e polpa dos grãos, misturados, em suspensão ou
dissolvidos no mosto. Embora de origem semelhante, dependendo da etapa onde
são retirados do mosto possuem características físicas e composição distinta, e,
portanto são separados em três tipos:

 Bagaço de malte: resíduo gerado na filtração do mosto após a caldeira de


mostura, antes da fervura;
 Trub grosso: resíduo tirado do whirlpool, na primeira filtração após o
cozimento, composto de gordura vegetal e proteínas coaguladas.
 Trub fino: resíduo obtido na segunda filtração, composto de gordura vegetal,
que sai misturado à terra diatomácea e parcelas de levedo.
42

Tanto o trub fino como o grosso possuem excelentes características


nutricionais, assim como o bagaço de malte, e por esta razão são usados na
fabricação de ração animal. Em alguns casos, estes são misturados ao bagaço de
malte, e em algumas plantas até se utiliza deste trub no preparo de novas bateladas
de mosto (UNEP, 1996).

Excesso de levedura: durante o processo de fermentação as leveduras se


reproduzem, obtendo-se ao final do processo mais levedo do que se utilizará na
próxima batelada. Como já citado, parte desta levedura é utilizada no preparo de
nova batelada, e parte é vendida parta a indústria alimentícia.

Resíduos do envase: durante a etapa de envase existem dois tipos de resíduos


gerados:

 Pasta celulósica: composta dos rótulos removidos na lavagem das garrafas


retornáveis a mesma é vendida a empresas de reciclagem de papel;
 Garrafas quebradas, latas e tampas metálicas amassadas, plástico e papelão
originários de embalagens. São segregados e vendidos para as empresas de
reciclagem.

Terra Diatomácea: usada na clarificação, é retirada, passa por um processo de


secagem e posteriormente destinada para aterros como material inerte.

Lodo: tanto na Estação de Tratamento de Águas (ETA) como na Estação de


Tratamento de Efluentes (ETE), geram-se quantidades consideráveis de lodo, que
deve ser corretamente gerenciado como resíduo.

Para que se tenha uma idéia do que isso representa em termos mássicos,
nas Figuras 6 e 7 são apresentados gráficos comparativos das quantidades de
resíduos gerados. O gráfico da Figura 7 apresenta valores que não consideram os
grãos usados (UNEP, 1996), enquanto o gráfico da Figura 8 apresenta dados de
uma cervejaria européia que produz 1 milhão de hl cerveja por ano (EC,2003).
43

Figura 6. Geração de resíduos sólidos na produção de cerveja (UNEP, 1996).

Figura 7. Geração de resíduos numa cervejaria de 106 Hl cerveja por ano (EC, 2003).

O bagaço de malte é um subproduto do processo de produção das cervejarias


formado pela parte sólida obtida da filtração do mosto cervejeiro antes da fervura.
Este é constituído principalmente de restos de casca e polpa de malte, mas também
dos grãos do adjunto, como arroz, milho e trigo. O bagaço de malte é
quantitativamente o principal subproduto do processo cervejeiro, sendo gerado de
14 a 20 kg a cada 100 litros de cerveja produzida (SANTOS et. al. 2005).
44

3.3. DEMANDA E OFERTA DE ENERGIA NO BRASIL E NO MUNDO

As fontes de energia classificam-se em primárias e secundárias. A energia


primária refere-se aos produtos energéticos da natureza, na sua forma natural
(bruta), dividindo-se em renováveis (biomassa, energia eólica e solar) e não
renováveis (petróleo, gás natural e carvão mineral). Com relação à energia
secundária, constitui-se dos produtos gerados pela transformação (beneficiamento)
das fontes primárias (ex.: óleo diesel, gasolina, biodiesel) (BRASIL, 2006).

A produção e o consumo de energia, com base nos tradicionais combustíveis


de origem fóssil, são atualmente responsáveis pelos maiores impactos ambientais
em nível mundial, notadamente pela emissão de gases responsáveis pelo efeito
estufa. Assim, a busca por tecnologias e fontes energéticas alternativas e renováveis
vem sendo discutida por pesquisadores, cientistas, empresários, ONGs, políticos e
líderes de governos do mundo todo.

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil consumiu


em 2007 um total de 215,6 milhões de tep (tonelada equivalente de petróleo),
registrando um crescimento de 6,2% no consumo em relação a 2006.

O Quadro 5 relaciona as fontes de energia ofertadas no Brasil e no mundo.


Verifica-se que até 2006 o uso de fontes energéticas renováveis em nível mundial
era de apenas 12,9%, enquanto no Brasil já representava 42,76%, com expressiva
participação da biomassa (27,87%). Contudo, a Agência Internacional de Energia
(AIE) prevê que até 2028 as fontes de energias renováveis representarão um terço
de toda a energia produzida pelo homem no planeta (CORTEZ et. al., 2008).

Quadro 5. Oferta de energia no Brasil e no mundo.

Fonte: BRASIL, 2007.


45

Segundo o Ministério de Minas e Energia (2008), a previsão para a Oferta


Interna de Energia – OIE no Brasil em 2030 é de 557,1 milhões de tep,
correspondendo a uma taxa média de crescimento de 3,8% a.a. Apesar de
evidenciar um importante aumento na participação das fontes de energias
renováveis, o cenário futuro nacional prevê uma retração expressiva na participação
da lenha e do carvão vegetal na matriz energética do Brasil. Essa previsão pode
justificar-se pela alta concorrência da lenha pelos diversos segmentos (celulose e
papel, siderúrgicas - carvão vegetal, mobiliário), abrindo mais espaço às propostas
de geração de energia a partir dos resíduos da biomassa. No Quadro 6 é
apresentada à projeção da matriz energética dentro desse cenário.

Quadro 6. Projeção da Oferta Interna de Energia – Brasil (em milhares de tep).


Matriz 2005 2010 2020 2030
Energia não renovável 121.349 159.009 216.007 297.786
Petróleo e derivados 84.553 97.025 119.136 155.907
Gás natural 20.526 37.335 56.693 86.531
Carvão mineral e deriv. 13.721 20.014 30.202 38.404
Urânio e derivados 2.549 4.635 9.976 16.944
Energia Renovável 97.314 119.999 182.430 259.347
Hidráulica e eletricidade 32.379 37.800 54.551 75.067
Lenha e carvão vegetal 28.468 28.151 28.069 30.693
Cana de açúcar e deriv. 30.147 39.330 69.475 103.026
Outras fontes renováveis 6.320 14.718 30.335 50.561
Total 218.663 279.008 398.437 557.133
Fonte: Adaptada de Ministério de Minas e Energia – Matriz Energética Nacional 2030.

As indústrias que têm maior potencial para este tipo de exploração associada
- energia térmica mais energia elétrica ou mecânica - são ligadas direta ou
indiretamente ao setor agrícola. Algumas destas agroindústrias são: cervejarias,
laticínios, beneficiadoras de grãos, fábricas de ração, curtumes, fábricas de pós
(leite, café, etc), fábrica de óleo e derivados, indústria de celulose e papel, indústria
de conservas em geral, usinas de açúcar e álcool e indústria da madeira (SPILLING,
1996).
46

3.3.1. Biomassa

O conceito de Biomassa tem evoluído ao longo do tempo, definida


primeiramente do ponto de vista biológico a partir do conceito de massa total de uma
planta que possa ser eventualmente utilizada, se as técnicas de colheita e condições
de mercado permitirem (Hall & Overed, 1987), até o presente, em que se faz uso do
conceito de sistemas energéticos com base no uso da biomassa, como sendo esta
um insumo fornecido por materiais de origem vegetal renovável ou obtido pela
decomposição de dejetos (FIESP/CIESP, 2001).

Sobre a composição da biomassa ―ocorre em formações naturais e, portanto,


possui composição e morfologia muito variada em função das condições locais e
ambientais, onde é produzida, sendo basicamente composta de Carbono,
Hidrogênio, Oxigênio e Nitrogênio‖ (CANES, 2005).

Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de eficiência


reduzida, seu aproveitamento pode ser feito diretamente, através da combustão em
fornos, caldeiras, etc. Para aumentar a eficiência do processo e reduzir impactos
sócio-ambientais, tem-se desenvolvido e aperfeiçoado tecnologias de conversão
eficiente, como a gaseificação e a pirólise (HOFFMANN, 1999).

Os combustíveis mais comuns da biomassa são os resíduos agrícolas,


madeira e plantas como cana-de-açúcar, que são colhidos com o objetivo de
produzir energia. O lixo municipal pode ser convertido em combustível para o
transporte, indústrias e mesmo residências (CANES, 2005).

A demanda por energia está aumentando rapidamente, devido ao


crescimento da população e seus anseios tecnológicos. A população mundial
dedicou-se às indústrias de carvão e petróleo, mas com a exploração desenfreada
de reservas naturais e a questão do efeito estufa, existe atualmente grande
interesse para a produção sustentável de energia. As fontes de energia renováveis,
como a biomassa, têm papel fundamental no contexto energético, ambiental e sócio-
econômico (DEMIRBAS, 2008).
47

No Brasil, além da produção de álcool, queima em fornos, caldeiras e outros


usos não-comerciais, a biomassa apresenta grande potencial no setor de geração
de energia elétrica. A produção de madeira, em forma de lenha, carvão vegetal ou
toras também gera uma grande quantidade de resíduos, que pode igualmente ser
aproveitada na geração de energia elétrica, entretanto, através da fotossíntese, as
plantas capturam energia do sol e transformam em energia química. Esta energia
pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. As fontes orgânicas que
são usadas para produzir energia usando este processo são chamadas de biomassa
(CANES, 2005).

A utilização energética de biomassa faz uso de diferentes processos, onde


Cortez & Lora (1997) destacam:

1. Combustão ou queima direta: transformando energia química em calor com a


reação do combustível com o oxigênio, fornecido além da quantidade
estequiométrica;
2. Gaseificação: aquecimento com a presença de oxidante, em quantidade menor
que a estequiométrica, obtendo-se gás combustível (compostos de CO, H2, CH4,
entre outros);
3. Pirólise: aquecimento em ausência de oxidante, obtendo gases combustíveis,
produtos líquidos (alcatrão e ácido piro-lenhoso) e substância carbonosa (processo
de fabricação do carvão vegetal);
4. Liquefação: processo para obtenção de combustíveis líquidos reagindo a
biomassa triturada com monóxido de carbono, em presença de um catalisador
alcalino;
5. Fermentação: conversão anaeróbia, pela ação de microorganismos (processo
usado na obtenção do álcool anidro a partir da cana-de-açúcar); e
6. Biodigestão: conversão anaeróbia, pela ação de microorganismos, produzindo
biogás (metano e gás carbônico).

Em Cortez & Lora (1997) podemos encontrar ainda exemplos das diferentes
indústrias com utilização energética de biomassa: setor sucro-alcooleiro, papel e
48

celulose, cerâmicas, padarias, etc., se estendendo por uma série de setores do meio
produtivo, distribuídas desde pequeno até grande porte.
A biomassa voltada para fins energéticos abrange a utilização de vários
resíduos para a geração de fontes alternativas de energia (CORTEZ, LORA e
AYARZA, 2008). A Figura 8 apresenta um esquema das fontes de biomassa.

Figura 8. Fontes de Biomassas.

Com relação à origem deste suprimento energético, como descrito por Tillman
(1987), ela pode ser:

1. Esterco proveniente da pecuária (bovina, suína, etc.);


2. Cultivos específicos de espécies com objetivos energéticos, plantações
energéticas, árvores de crescimento rápido, sorgo, etc.;
3. Resíduos de indústrias alimentícias, como no caso do açúcar, café instantâneo,
frutas e vegetais enlatados, entre outros;
4. Resíduos do processamento de madeira, tal como: indústria de papel e celulose e
beneficiamento de toras.

Estudos realizados na Índia e no Brasil sobre a utilização dos resíduos


agrícolas (160 milhões de toneladas por ano) e estrume de gado (600 milhões de
49

toneladas por ano), mostram a viabilidade do emprego da biomassa como fonte


energética (KISHORE, 2004; WALTER, 2001).

A biomassa oriunda dos resíduos agrícolas pode também ser aplicada na


remoção de corantes a partir de soluções aquosas. As cascas de árvores de
eucaliptos, por exemplo, são eficientes na remoção de Remazol reativo a partir de
soluções do corante hidrolisado (MORAIS, 1999). Pode-se ainda obter eco-produtos
a partir de biomassas, a exemplo dos carbonos ativados (CAs) utilizando cascas de
coco como precursores. A conversão da biomassa através da pirólise contribui
sensivelmente para a diminuição da poluição ambiental ocasionada pelo acúmulo de
resíduos sólidos (Laine, 1989; Bonelli, 2001), bem como para a minimização das
emissões de SOx, NOx e CO2 em relação à queima dos combustíveis fósseis
(BONELLI, 2001; CUIPING, 2004).

3.3.2. Composição de biomassa

A fotossíntese das plantas produz um conjunto enorme de compostos


químicos necessários para que estas se possam alimentar, crescer e reproduzir. Os
principais componentes de biomassa incluem celulose, hemicelulose, lenhina,
lipídios, proteínas, açúcares simples, hidrocarbonetos, cinzas e outros compostos
minoritários. A abundância de cada um destes compostos está limitada à espécie de
planta e ao tipo de tecido específico que nos possamos estar a referir. Porém, o uso
da biomassa não é estrito à derivada de plantas. Existe, pois um conjunto bastante
alargado de tipos de biomassa (lamas de ETAR, resíduos industriais biológicos, etc.)
dos quais pode ser convertidos termicamente. A combustão pode então ser aplicada
à biomassa, tal como esta se encontra na natureza, bem como a derivados de
reações bioquímicas (p.e. fermentação). Apesar de a biomassa apresentar uma
aparente diversidade de formas, é interessante de verificar na Figura 9 que a sua
composição elementar se mantém constante independentemente do tipo de
biomassa. Devido à sua estrutura de hidratos de carbono, a biomassa apresenta
tipicamente entre 30 a 40% em base seca sem cinzas (bssc) de oxigênio. Contudo,
o maior constituinte é o carbono, entre 45 a 57% bssc. Da constituição orgânica o
hidrogênio é o terceiro maior constituinte e encontra-se em proporções entre os 5 e
50

6% em bssc. O azoto, o enxofre e o cloro encontram-se em percentagens inferiores


a 1% em bssc (IDEIAS, 2008).

Figura 9. Percentagem de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e azoto (N) em base seca sem
cinzas.

3.3.3. Características da biomassa

Os componentes da biomassa incluem a celulose, hemi-celuloses, lenhina,


lipídios, proteínas, açucares simples, amido, água, hidrocarbonetos, cinzas e outros
compostos. A concentração de cada classe depende da espécie, tipo de tecido,
estado de crescimento e condições de crescimento. A celulose é um hidrato de
carbono de cadeia longa não ramificada constituída por unidades β-D-glucose,
celobiose e com ligações glicosídicas 1-4 (Jenkins et. al., 1996), com composição
elementar C6H10O5. Tem-se verificado que diferentes tipos de celuloses,
provenientes de diferentes materiais e processos têm praticamente a mesma
composição, sendo em todos os casos muito semelhantes à celulose pura, o que
implica que a sua variação estrutural é desprezável (SHENG e AZEVEDO, 2001).

As hemi-celuloses são polissacarídeos de composição variável, incluindo


monossacarídeos de 5 e 6 átomos de carbono. A sua estrutura é muito semelhante
à da celulose, no entanto, é mais curta e apresenta mais ramificações (SHENG e
51

AZEVEDO, 2001). A lenhina é um polímero irregular, ramificado, de unidades de


fenilpropano unidas por ligações carbono-carbono e ligações éter (JENKINS et. al.,
1996).

Devido ao fato de ser essencialmente constituída por hidratos de carbono, a


biomassa tem muito mais oxigênio que os combustíveis fósseis convencionais,
incluindo o carvão, correspondendo a cerca de 30 a 45% da matéria seca. Por este
motivo, teoricamente, a combustão da biomassa necessita de menor quantidade de
ar (TABARÉS et. al., 2000). No entanto, tal como nos combustíveis fósseis, o
principal constituinte é o carbono, cerca de 30 a 60% da matéria seca, seguido do
oxigênio. O hidrogênio é o terceiro maior componente, com cerca de 5 a 6% da
matéria seca. O azoto, enxofre e cloro encontram-se em quantidades normalmente
inferiores a 1% da matéria seca, sendo no entanto responsáveis pela formação de
emissões poluentes. Um exemplo é o caso do azoto, constituinte da fração protéica
das plantas e elemento indispensável para o seu crescimento, no entanto é
responsável pela emissão NO e NO2 (JENKINS et. al., 1996). Verifica-se que o teor
protéico da matéria lenhosa apresenta grandes variações entre espécies diferentes,
observando-se a ocorrência de valores desde 3% (base seca), como é o caso dos
cereais, até cerca de 21% (base seca), como é o caso do bagaço de girassol
(MCDONALD et. al., 1981). Em alguns resíduos de biomassa provenientes da
agricultura, como é o caso da palha dos cereais e a casca de arroz, a sílica é o
terceiro maior componente, atingindo teores até 10-15% da matéria seca (JENKINS
et. al., 1996).

As características que afetam a combustão da biomassa podem dividir-se em


dois tipos principais (KANURY, 1994):

 Termoquímicas: entre as características mais importantes encontram-se a


entalpia da reação de combustão, a temperatura de combustão, a energia de
ativação (TABARÉS et. al., 2000) e o teor em cinzas. Estas características
são influenciadas pelas propriedades dos combustíveis (análise próxima, teor
de umidade, minerais, etc.) e da instalação de queima;
52

 Taxa de combustão: este fator afeta tanto o processo de combustão no


interior da partícula como à sua superfície. Certas propriedades, tais como o
tamanho da partícula, condutividade térmica, densidade, calor específico e
porosidade são propriedades físicas que afetam os processos internos. Por
outro lado, as propriedades que afetam os processos à superfície estão
essencialmente relacionadas com a transferência de calor desde o ambiente
exterior para a partícula, com a circulação do ar e com a transferência de
massa entre os voláteis e o ar (AZEVEDO, 2002).

De fato, algumas das características que fazem da biomassa um bom


combustível são a facilidade de secagem, elevado poder calorífico, baixa
temperatura de ignição, elevado teor em voláteis (Werther et. al., 2000), elevada
taxa de combustão (Kanury, 1994) e baixa energia de ativação (TABARÉS et. al.,
2000). Estas propriedades são influenciadas tanto pelas características do
combustível como pelas características da fornalha (KANURY, 1994). Por outro lado,
certas características como a umidade, granulometria, densidade e heterogeneidade
dos materiais lenhosos irão limitar a eficiência da sua combustão (KANURY, 1994).
Outro aspecto importante é o fato de ser praticamente impossível obter uma mistura
completamente homogênea entre o combustível e o comburente, sobretudo quanto
se entra em conta com o curto espaço de tempo em que ocorre a mistura
(TABARÉS et. al., 2000). De uma forma simples, a reação global de combustão da
biomassa com o ar pode ser representada pela seguinte expressão:

79
Cx1H x 2Ox 3 N x 4 S x 5  n1H 2O  n2 ( 1  e )( O2 
N2 ) 
21
 n3CO2  n4 H 2O  n5O2  n6 N 2  n7CO  n8 NO  n9 SO2

onde a composição da biomassa é simplificada, sendo representada como um


composto formado por apenas C, H, O, N, S e H 2O. Nesta expressão o ar
atmosférico é igualmente simplificado, sendo representado por uma mistura binária
de N2 e O2 (na proporção N2 por O2 = 3.76), desprezando a participação do CO 2,
vapor de água e gases raros da atmosfera. Nos produtos formados na combustão,
foi considerada apenas a formação de CO 2, H2O (resultante da evaporação da água
e reação do hidrogênio do combustível), N2, CO, NO e SO2 (AZEVEDO, 2002).
53

A medida padrão do teor energético de um combustível é o seu poder


calorífico, o qual depende da sua composição química, incluindo o teor de umidade,
fator limitante da combustão devido à sua entalpia de evaporação (JENKINS et. al.,
1996).

3.3.4. Poder calorífico da biomassa

Definiu-se como poder calorífico, a quantidade de calor gerado pela unidade


de massa ou de volume de um combustível submetido ao processo de combustão à
pressão constante (PERA, 1990). Este pode ser expresso em poder calorífico
superior (PCS) ou poder calorífico inferior (PCI), dependendo da forma como a água
se encontra nos produtos, ou seja, se esta se encontra em estado líquido ou gasoso,
respectivamente.

Segundo Petroff & Doat (1978), o poder calorífico superior do carvão aumenta
à medida que a porcentagem de carbono fixo aumenta.

Segundo Kollmann (1959), deve-se levar em consideração especial aqueles


combustíveis que contenham umidade e hidrogênio, pois nos seus gases de
combustão se encontra água, cujo estado em que se encontra (vapor ou líquido)
influi no valor do poder calorífico.

O PCS é obtido em laboratório, mediante o emprego de aparelho denominado


calorímetro ou determinado analiticamente, desde que a composição elementar do
combustível e a entalpia de combustão dos elementos ou compostos gasosos sejam
conhecidas (PERA, 1990). Alguns dos trabalhos mais relevantes são apresentados
no Quadro 7.
54

Quadro 7. Estimativas do poder calorífico da biomassa.

Verifica-se que os resíduos de biomassa apresentam valores muito diferentes


de umidade, enquanto que por exemplo as palhas dos cereais apresentam baixos
valores de umidade (~14%), existem outros como o bagaço de azeitona e outros
resíduos da agroindústria com valores cerca de 40-80% de umidade (DIAS e
AZEVEDO, 2001). Em alguns estudos realizados, sintetizados no Quadro 7,
verificou-se que a energia libertada na combustão da biomassa apresenta uma
relação muito estreita com a análise elementar (carbono, hidrogênio, azoto e
enxofre), análise imediata (cinzas, voláteis e umidade) e com os constituintes
lenhosos (celulose, hemi-celulose e lenhina), permitindo realizar estimativas a partir
da composição química conhecida.

No calorímetro, mede-se o aquecimento provocado no sistema, pela queima


completa da massa de um combustível. Realizada a combustão, aguarda-se
determinado tempo até se constatar o equilíbrio do processo (PERA, 1990).
55

Fonte: (PARR INSTRUMENT COMPANY, 2011).


Figura 10. Vista e corte de um calorímetro.

Fonte: (PARR INSTRUMENT COMPANY, 2011).


Figura 11. Curva típica da variação da temperatura na determinação do PCS em calorímetro.

O processo permite a aplicação da equação fundamental da calorimetria para


o cálculo do PCS.

Onde,
C = capacidade equivalente do calorímetro correspondente à quantidade de calor
necessária para elevar a temperatura medida a 1ºC.
m = a massa do combustível em gramas.
56

∆t = variação de temperatura ocorrida no processo, até o equilíbrio.

O parâmetro de maior influência no poder calorífico dos combustíveis é o teor


de umidade. A umidade aumenta a energia necessária à pré-ignição e diminui o
calor liberado pela combustão (SILVA et. al., 2001).

Um fato curioso de verificar é que o teor em cinzas da biomassa está


intimamente ligado ao poder calorífico desse mesmo material. Pode mesmo afirmar-
se que existe uma dependência, entre o poder calorífico de um dado combustível e o
seu conteúdo em cinza, como pode ver-se na Figura 12. Nesta figura, está
representado o teor em cinzas em função do poder calorífico, que deriva de uma
revisão da literatura de mais de 90 tipos de biomassa. Como pode verificar-se,
através desta representação gráfica, é notória a dependência entre o teor em cinzas
e o poder calorífico, ou seja, quanto maior for o teor em cinzas da biomassa menor
será o seu poder calorífico.

Figura 12. Teor de cinzas (bs) Vs poder calorífico superior de vários tipos de biomassa.

O processo de combustão da biomassa é um pouco mais complexo que


outros combustíveis (ex. metano, gasolina, etc.), uma vez que o combustível
apresenta uma composição físico-química complexa (Tabarés et. al., 2000) e muito
variável entre espécies diferentes.
57

3.3.5. Cogeração a partir da biomassa

A cogeração é a geração simultânea de energia térmica e mecânica, a partir


de uma mesma fonte primária de energia. A geração mecânica pode ser utilizada na
forma de trabalho (por exemplo, acionamento em moendas, numa usina de açúcar e
álcool) ou transformada em energia elétrica através de gerador de eletricidade; a
energia térmica é utilizada como fonte de calor para o processo (numa indústria,
hospital, ―shopping center‖, etc) (CANES, 2005).

O mercado potencial de cogeração é formado pelos segmentos industriais


(Ambiente Brasil, 2011) que utilizam grandes quantidades de vapor no processo
industrial, ou seja, os seguintes ramos de atividade:

 Açúcar e álcool;
 Alimentos e bebidas;
 Papel e celulose;
 Têxtil;
 Químico;
 Petroquímico.

É importante observar que o processo de cogeração é, antes de tudo, uma


ação de conservação de energia, uma vez que o rendimento do processo de
geração do vapor é elevado a partir da produção combinada, dando-se um melhor
aproveitamento ao conteúdo energético do combustível básico (CANES, 2005).

Dentro do setor industrial, os segmentos de açúcar e álcool, papel e celulose


e alimentos são os que mais utilizam a biomassa, pela grande disponibilidade de
subprodutos (bagaço de cana, resíduos e casca de madeira, licor negro)
correspondendo a 29% do consumo total de biomassa no país, o setor de alimentos,
onde está incluído o setor sucroalcooleiro, utiliza bagaço como maior fonte
energética (50,3% do consumo) (CANES, 2005). Segundo Bem (1997) apud De
Freitas et al, (2000), as outras indústrias do setor compram bagaço das usinas de
açúcar e álcool.
58

No setor de papel e celulose, o maior consumo é de lixívia (23,8%), lenha


(13,4%) e óleo combustível (12,3%) que, como se observa, ainda ocupa uma
posição importante nas fontes energéticas deste setor. A lixívia e a madeira
(incluindo resíduos do processo) são subprodutos do processo de fabricação da
celulose (pelo processo sulfato) (BEM,1997 apud DE FREITAS, et al, 2000).

Por outro lado, aumenta significativamente o número de empresas que


consideram a possibilidade de investir em auto-geração, apesar da atual falta de
viabilidade econômica, decorrentes de dois fatores que são: a perspectiva de
elevação de tarifas e o risco de interrupção do fornecimento, o que provocaria sérias
dificuldades na produção e na qualidade dos produtos (CANES, 2005).

Os Quadros 8, 9 e 10 apresentam os resultados da análise imediata, análise


elementar e poder calorífico de diferentes tipos de biomassas.

Quadro 8. Análise Imediata (% base úmida) de amostras de biomassas.


Amostra Carbono fixo Voláteis Cinzas Umidade
Caroço de azeitona 26,1 70,3 3,6 9,2
Casca de avelã 28,3 69,3 1,4 9,0
Pele da semente de avelã
27,0 71,2 1,8 6,8
(seedcoat)
Madeira macia 28,1 70,0 1,7 8,8
Madeira dura 25,0 72,3 2,7 7,8
Palha de trigo 23,5 63,0 13,5 8,5
Casca de árvore 31,8 66,6 1,6 8,8
Sabugo de milho 12,5 86,5 1,0 12,1
Milho seco 17,6 78,7 3,7 10,6
Madeira de abeto 28,3 70,2 1,5 7,6
Madeira de faia 24,6 74,0 0,4 7,4
Folha de tabaco 11,2 72,6 17,2 8,4
Madeira de ailanto 24,8 73,5 1,7 8,1
Casca de nozes (base seca) 37,9 59,3 2,8 -
Casca de amêndoas (base seca) 22,7 74,0 3,3 -
Casca de semente de girassol
19,8 76,2 4,0 -
(base seca)
Fonte: Demirbas, (1997); Demirbas, (2006).
59

Quadro 9. Análise Elementar de amostras de biomassas.


Amostra C H O N
Caroço de azeitona 50,0 6,2 42,2 1,6
Casca de avelã 52,9 5,6 42,7 1,4
Pele da semente de avelã (seedcoat) 51,0 5,4 42,3 1,3
Madeira macia 52,1 6,1 41,0 0,2
Madeira dura 48,6 6,2 41,1 0,4
Palha de trigo 45,5 5,1 34,1 1,8
Casca de árvore 53,1 6,1 40,6 0,2
Sabugo de milho 49,0 5,4 44,6 0,4
Milho seco - - - -
Madeira de abeto 51,9 6,1 40,9 0,3
Madeira de faia 49,5 6,2 41,2 0,4
Folha de tabaco - - - -
Madeira de ailanto 49,5 6,2 41,0 0,3
Casca de nozes 53,5 6,6 35,5 1,5
Casca de amêndoas 47,9 6,0 41,6 1,1
Casca de semente de girassol 47,4 5,8 41,4 1,4
Fonte: Demirbas, (1997); Demirbas, (2006).

Quadro 10. Poder calorífico superior (kcal.kg-1) de amostras de biomassas.


Amostras Poder Calorífico
Caroço de azeitona 4.538
Casca de avelã 4.610
Pele da semente de avelã (seedcoat) 4.610
Madeira macia 4.777
Madeira dura 4.490
Palha de trigo 4.060
Casca de árvore 4.896
Sabugo de milho 4.060
Milho seco 4.251
Madeira de abeto 4.801
Madeira de faia 4.586
Folha de tabaco 3.583
Madeira de ailanto 4.538
Casca de nozes 5.159
Casca de amêndoas 4.490
Casca de semente de girassol 4.299
Fonte: Demirbas, (1997); Demirbas, (2006) (Adaptado).

A questão ambiental, com a necessidade de minimização das emissões


globais de CO2, é um ponto favorável ao uso da biomassa, pois quando esta é
queimada, CO2 é liberado na atmosfera; entretanto, esse gás é absorvido pelas
plantas durante a fotossíntese, mantendo constante a sua quantidade na atmosfera.
Vantagens como estas fazem com que a biomassa seja uma opção estratégica para
60

o país, só dependendo de políticas adequadas para sua viabilização (Foletto et al,


2005).

3.3.6. Fenômenos associados à combustão de biomassa: secagem, pirólise,


desvolatilização e combustão

A combustão de biomassa apresenta diferenças significativas relativamente


ao carvão, nomeadamente no que diz respeito, ao teor de matéria volátil. Deste
modo, convêm referenciar quais os processos envolvidos e as fases pelas quais um
combustível com estas características passa quando é queimado.

A combustão da biomassa processa-se segundo determinados processos


físico-químicos (Figura 13).

Figura 13. Fases de decomposição de uma partícula de biomassa (adaptação de Scala, 1997).

Em primeiro lugar, a partícula começa por aquecer e secar, quando atinge


temperaturas entre a temperatura de admissão e os 200ºC. Este é um processo
endotérmico e normalmente acompanhado de diminuição de tamanho da partícula.
Tipicamente, os tempos de secagem são muito reduzidos, alguns segundos.
Seguidamente, entre a temperatura de 200-500ºC, o combustível começa a
desvolatilizar. A desvolatilização (ou pirólise) consiste na remoção de compostos
ricos em hidrogênio e oxigênio da matriz sólida do combustível, pela degradação
térmica da mesma acompanhada pela fragmentação do material. Este é um
processo que ocorre devido à degradação térmica da biomassa, sendo a
composição dos produtos gerados em função das condições operatórias: tipo de
biomassa, tamanho das partículas, densidade das partículas no leito, velocidade de
61

aquecimento, temperatura inicial e final, tempo de exposição e pressão (Tarelho,


2001). Esta fase ocorre num espaço de tempo compreendido entre 10 a 100s.
Segundo Saastamoinen (2006), a secagem e a desvolatilização são processos
consecutivos que dependem do tempo (t) e do diâmetro da partícula (d). Considera
também que existe um gradiente de temperatura dentro da partícula e que o tempo
de pirólise pode ser estimado, calculando a temperatura no centro da partícula em
função do tempo.

A terceira fase compreende a queima dos voláteis que ardem em fase


homogênea. A localização da libertação dos voláteis e da combustão é de grande
importância, porque a combustão dos voláteis produz uma quantidade significativa
do total do calor libertado.

A quarta e última fase diz respeito às partículas de carbonizado que são


formadas quando da libertação dos voláteis. O carbonizado é majoritariamente
formado por carbono e cinzas. A sua constituição difere significativamente da
partícula inicial em termos de constituição química, porosidade e massa volumétrica.
As reações associadas à combustão deste material são heterogêneas. Os tempos
de combustão do carbonizado podem ser na ordem dos milhares de segundos.

Na literatura pode ainda ser encontrada uma outra divisão para os processos
que ocorrem durante da combustão de biomassa. Por exemplo Basu (2006), refere
que a combustão se processa segundo um conjunto de quatro eventos
consecutivos: aquecimento e secagem, desvolatilização e combustão dos voláteis,
diminuição do tamanho da partícula e fragmentação primária, e ainda combustão do
carbonizado e fragmentação secundária.

Em outro trabalho, este assinado por Saastamoinen e Richard (1996), os


autores consideram que a desvolatilização é controlada pela transferência de calor,
somente para partículas de biomassa grandes e consideram que a temperatura da
superfície de uma partícula, à qual a secagem termina, pode exceder uma enorme
influência na temperatura à qual a desvolatilização começa. Tal implica que a
secagem e a pirólise, em algum momento, ou em todo o processo se sobreponham.
62

Nota-se portanto, que não existem diferenças significativas quanto ao modo


de como a combustão da biomassa se processa. O que se verifica é que não existe
um consenso acerca do momento em que se processa a secagem, pois existem
autores que consideram que esta ocorre simultaneamente com a desvolatilização e
outros consideram que estas fases deverão ser separadas.
63

4. MATERIAIS E MÉTODOS

As análises foram realizadas nos seguintes locais:

a) Laboratório de Operações Unitárias – LOU e Laboratório de Tecnologia de


Alimentos – LTA, localizado no Centro de Tecnologia da UFPB;

b) Laboratório de Termodinâmica – LT, localizado no Departamento de


Engenharia Química da UFRN.

4.1. MATÉRIA-PRIMA

Para realização das análises foi utilizado o bagaço de malte úmido


proveniente de uma indústria cervejeira localizada no Estado Paraíba.

Foram coletados 2 kg de amostra ao término da filtração antes da remoção do


bagaço para a caixa de bagaço, armazenado em embalagem hermeticamente
fechada, refrigerado e posteriormente transportado para o Laboratório de Operações
Unitárias - LOU, do Departamento de Engenharia de Alimentos, do Centro de
Tecnologia, Campus I, da Universidade Federal da Paraíba.

4.2. DETERMINAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA

As análises físico-químicas foram realizadas em triplicata, portanto, o valor


final de cada análise corresponde à média das três repetições. O bagaço de malte
úmido foi submetido às seguintes determinações: umidade, cinzas, proteínas totais,
lipídios, fibra bruta, carboidratos e energia.

Quadro 11. Determinações físico-químicas e metodologias.

Determinação Metodologia

Umidade, Cinzas, Proteínas Totais, Carboidratos,


BRASIL, 2005b.
Fibra Bruta, Energia

Lipídeos BLIGH E DYER, 1959.


64

4.2.1. Análise imediata

Segundo LELLES e SILVA (1994), a determinação da composição química


imediata baseia-se nas normas ASTM D-1762-64 ―Chemical Analysis of Wood
Charcoal‖ e ABNT NBR 8112-83 ―Carvão Vegetal - Análise Imediata‖.

Para a análise química imediata o bagaço de malte úmido foi submetido às


seguintes determinações: teor de umidade, teor de voláteis e teor de cinzas, sendo o
carbono fixo obtido por diferença.

4.3. DETERMINAÇÃO DO PODER CALORÍFICO DO BAGAÇO DE MALTE

Para determinar o Poder Calorífico foi utilizado um Calorímetro (Figura 14) da


marca Parr Instrument Company, modelo 1341 Plain Oxygen Bomb Calorimeter, do
tipo adiabática. Esta propriedade está relacionada com a quantidade de energia
liberada (cal) por unidade de massa (g), quando submetida ao processo de
combustão. O teste consiste na combustão de toda a amostra, em ambiente fechado
com a presença de oxigênio sob pressão.

4.3.1. Calorímetro

Quatro elementos essenciais são necessários para um bom resultado da


bomba calorimétrica: um revestimento isolante para proteger a caçamba de
transiente térmicas durante o processo de combustão (Figura 15), um recipiente
para a imersão da bomba em uma quantidade determinada de água, juntamente
com um mecanismo de agitação (Figura 16), uma bomba em que as taxas de
combustível pode ser queimado (Figura 17) e um termômetro ou outros sensores
para medir as mudanças de temperatura dentro do balde (Figura 19).

O calorímetro tem alta resistência, revestimento de fibra de vidro moldado


formado com paredes duplas e uma dupla cobertura para proporcionar uma câmara
oval para o balde do calorímetro que é completamente cercada por espaço aéreo
fechado, morto. Este sistema simples, mas de isolamento eficaz permite uma
pequena transferência de calor entre o calorímetro e seus arredores. Um eixo de
65

agitação e termistor são unidos à tampa e são removidos com a tampa quando o
calorímetro é aberto. Agitação é fornecida por um pequeno motor presa à jaqueta,
mas suficientemente afastados para que ele não adicione calor ao sistema. Um par
de fios com plugues banana realizam o circuito de disparo para os terminais na
cabeça da bomba (PARR INSTRUMENT COMPANY, 1981).

Para pressurizar a bomba de combustão faz-se necessário um cilindro de


oxigênio, dois manômetros para acompanhamento da pressão, uma válvula de alívio
automático para prevenir excesso de pressão durante a operação de enchimento e
um acoplamento para carregar a bomba (Figura 20).

Figura 14. Calorímetro (CORDEIRO, 2011).

Figura 15. Revestimento Isolante (CORDEIRO, 2011).


66

Figura 16. Balde para imersão da bomba (CORDEIRO, 2011).

A) B)
Figura 17. A) Bomba de combustão de oxigênio ou bomba calorimétrica (PARR INSTRUMENT
COMPANY, 2011) e B) Divisão da bomba de combustão de oxigênio (CORDEIRO, 2011).

1) Ponto para pressurização;

2) Encaixe para as conexões elétricas;

3) Válvula de alívio de pressão.

Figura 18. Cabeça da bomba calorimétrica (CORDEIRO, 2011).


67

A) B)
Figura 19. A) Bomba Calorimétrica imersa em água com as conexões elétricas encaixadas e B)
Mecanismo de agitação mais termômetro (CORDEIRO, 2011).

Figura 20. Cilindro de oxigênio composto por dois manômetros, válvula de alívio e acoplamento para
carregar a bomba (CORDEIRO, 2011).

4.3.2. Prensagem

Para realização da prensagem foi utilizado uma prensa de pellet da marca


Parr Instrument Company, modelo 2811 Pellet Press (Figura 21A). Como o bagaço
de malte é composto por pedaços de cascas e alguns resquícios de amido optou-se
por fazer uma seleção antes da compactação, logo, foi selecionado apenas as
cascas, em seguida realizada sua compactação para tornar a amostra mais
homogênia e favorecer a queima da mesma (Figura 21B). As amostras foram feitas
em triplicatas.
68

De acordo com a Parr Instrument Company (2011), as amostras sólidas


queimam melhor em uma bomba de oxigênio quando reduzidos para um mesh de 60
ou menor e comprimidos em um pellet. O tamanho das partículas é importante
porque influencia a taxa de reação. Partículas grandes podem não queimar
completamente e pequenas partículas são facilmente arrastada para fora da cápsula
de gases turbulentos durante a rápida combustão

A) B)

Figura 21. A) Prensa de pellet (PARR INSTRUMENT COMPANY, 2011) e B) Amostra em forma de
pellet (CORDEIRO, 2011).

4.3.3. Poder calorífico superior (PCS)

A determinação do poder calorífico superior foi conduzida em calorímetro a


volume constante no LT-UFRN, foi utilizada a norma ABNT NBR-8633-84 e o
manual do calorímetro 1341 Plain Oxygen Bomb Calorimeter.

Antes da determinação do PCS foi realizada uma secagem do bagaço úmido,


onde cada placa de petri apresentava aproximadamente 13 g de bagaço úmido
(Figura 22A). O secador usado nessa pesquisa foi uma estufa de laboratório (Figura
22B), com potência de aquecimento de 1000 W, dimensões internas (L x A x P) de
(50 x 50 x 60) cm, temperatura interna 105 ºC, temperatura externa de 27 ºC e
coeficiente convectivo de 42,73 W.m-2ºC-1. Nesta fase foram obtidos os seguintes
conteúdos de umidade: 50%, 40%, 30%, 20% e 15%.
69

A) B)

Figura 22. A) Bagaço úmido para secagem e B) Estufa de secagem utilizada na pesquisa
(CORDEIRO, 2011).

Cada amostra com sua respectiva umidade foi submetida à combustão


segundo o procedimento abaixo:

 Medição e pesagem de 10 cm do fio de níquel cromo, tendo-se o máximo de


cuidado no manuseio para não aderir a ele nenhuma gordura, aumentando,
assim, o seu peso;
 Realizado o engate das duas extremidades do fio de níquel cromo nas
hastes, para que ocorra a ignição e explosão do combustível;
 Adicionado (1,00±0,01) mL de água destilada ao fundo da bomba de
combustão;
 Prensagem do material combustível, bagaço de malte para formação da
pastilha;
 Pesagem da pastilha;
 A cabeça da bomba, já com o cadinho e a amostra a ensaiar no seu interior,
foi colocada no respectivo corpo, ajustando-se o conjunto com auxílio de um
anel roscado. Foi purgado o interior da bomba com oxigênio para eliminar o
azoto atmosférico e em seguida saturado a bomba com 28 atm de oxigênio;
 Foi feita a medição do volume de 2000 ml de água e colocação da mesma
dentro do recipiente adiabático onde em seguida foi instalada a bomba
calorimétrica;
 Após inserir a bomba calorimétrica no banho termostático, foi feita a conexão
das ligações elétricas na cabeça da bomba;
70

 A tampa do calorímetro foi fechada e o conteúdo do vaso calorimétrico


(bomba+água) foi aquecido até próximo da temperatura pretendida para o
início do ensaio. Após a estabilização da temperatura da água do vaso,
procedeu-se o disparo manual do sistema de ignição do calorímetro,
ocorrendo à combustão da amostra com o correspondente aumento da
temperatura da água do vaso calorimétrico;
 Foi acompanhado o aumento da temperatura através do termômetro até se
alcançar o equilíbrio, anotando o valor final da temperatura;
 O sistema calorimétrico foi desligado e a bomba foi retirada do vaso
calorimétrico. A válvula de saída de gases foi aberta lentamente e a bomba
desmontada;
 O comprimento dos pedaços de fio fusível não queimados foi medido para se
contabilizar a energia envolvida na combustão do fio fusível (energia de
ignição).

4.3.3.1. Cálculo do poder calorífico superior

Para calcular o poder calorífico do bagaço de malte em estudo foram


utilizadas as seguintes equações:

Q1  (C  c)
Kbomba 
T (Eq. 4.1)

Onde:
Q1: Calor relativo à queima de 1,0g do ácido benzóico = 6.318 cal.g-1;
∆C = Tamanho do fio inicial – tamanho do fio final, em cm;
c: Caloria contida em 1,0 cm do fio-fusível = 2,30 cal.cm-1;
T = Tf – Ti: Variação de temperatura (ºC).

A capacidade calorífica do calorímetro ( Kbomba ) é fornecida em cal.g-1ºC-1


(valor experimental obtido com ácido benzóico para efeito de calibração do
dispositivo). Uma vez determinada à capacidade calorífica da bomba, pode-se
determinar o poder calorífico superior do bagaço utilizando a equação abaixo.
71

PCS  Kbomba  T   (C  c) (Eq. 4.2)

Onde:
PCS: Calor relativo à queima do bagaço de malte (cal.g-1);
Kbomba = Capacidade calorífica da bomba (cal.g-1ºC-1).
∆C = Tamanho do fio inicial – tamanho do fio final, em cm;
c: Caloria contida em 1,0 cm do fio-fusível = 2,30 cal.cm-1;
T = Tf – Ti: Variação de temperatura (ºC).

4.4. COMPARAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR DO BAGAÇO DE


MALTE COM OUTROS COMBUSTÍVEIS

Foi comparado o poder calorífico superior do bagaço de malte nos diferentes


níveis de umidade encontrados com os combustíveis listados na Tabela 13 e com
outras biomassas usuais. Também foi realizada a comparação com os seguintes
combustíveis fósseis: Gás Natural, Gás Liquefeito de Petróleo e Coque.

A comparação foi feita utilizando apenas o poder calorífico superior, o poder


calorífico inferior não foi considerado neste estudo.

4.5. VIABILIDADE ECONÔMICA

O presente trabalho propõe o reaproveitamento do bagaço de malte,


subproduto gerado pela indústria cervejeira, como alternativa de combustível para
seus fornos industriais. A matriz energética da planta em estudo é focada no gás
natural, um produto que é relativamente caro comparado a uma série de biomassas.

4.5.1. Diagnóstico energético da planta em estudo

Foi coletada em visita pessoal a empresa em estudo os dados sobre a


produção de cerveja e o consumo de energia térmica, referentes ao ano de 2009.
72

A partir de informações do setor de utilidades da empresa constatou-se que a


sala de cozimento consome aproximadamente 50% do vapor gerado (produção de
grande flutuação) e o envase (packaging) aproximadamente 30% do vapor
(processo contínuo e demanda constante de energia).

Destaca-se que grande quantidade de vapor é também consumida nas etapas


de limpeza e higienização de equipamentos, embora esses processos ocorram em
curto intervalos de tempo.

As caldeiras produzem em média 16,63 quilos de vapor por quilo de


combustível (Gás Natural) consumido. Para calcular o consumo energético foi
utilizado o fator de 86,97 MJ por Hl valor estimado pelos dados coletados. Para
identificação dos meses de alta e baixa produção foi utilizado os seguintes
parâmetros:

 Mês de baixa produção: volume ≤ 230.000Hl;


 Mês de alta produção: volume > 230.000Hl.

4.5.2. Configuração atual de geração e proposta de cogeração

A configuração atual de geração, é composta por três caldeiras de mesma


capacidade do tipo flamotubular para a produção de vapor no estado saturado
(pressão de 9 bar, produção de vapor de 10 t.h-1 e capacidade térmica de 7.153.163
kcal.h-1), utilizando gás natural. Das três caldeiras existentes duas produzem vapor e
uma fica em ―stand by‖, ou seja, só é utilizada quando umas das caldeiras quebram
ou entram em manutenção.

A proposta de cogeração contempla a instalação de uma caldeira de


biomassa da fabricante Aalborg Industries A/S, modelo FAM-10 (pressão de 9 bar,
produção de vapor de 10 t.h-1 e capacidade térmica de 6.441.628 kcal.h-1), utilizando
como biomassa o bagaço de malte seco.

Para o estudo da viabilidade econômica foi considerado apenas o custo com


o gás natural, já que o bagaço de malte é obtido na própria empresa. Não serão
73

mensurados os custos com a aquisição da planta de secagem e da caldeira de


biomassa, nem os custos operacionais.

O cálculo utilizado para a capacidade de produção de energia térmica mensal


e anual das cadeiras em estudo foi o seguinte:

CTM = CTH x nº de horas (Eq. 4.3)

Onde,

CTM = Capacidade térmica mensal, em kcal.mês-1;


CTH = Capacidade térmica horária, em kcal.h-1;
Nº de horas = será considerado 744 h que equivale a 31 dias.

CTA = CTM x nº de meses (Eq. 4.4)

Onde,
CTA = Capacidade térmica anual, em kcal.ano-1;
CTM = Capacidade térmica mensal, em kcal.mês-1;
Nº de meses = será considerado 12 meses.

Para realização da simulação do consumo do gás natural foi utilizado como


base o consumo de energia térmica da produção de cerveja do ano de 2009. Para o
cálculo do consumo do gás natural foi utilizado o poder calorífico superior de 9400
kcal.m-3 segundo bibliografia consultada. Foi utilizada a equação abaixo para
obtenção dos consumos:

CC = CET ÷ PCS (Eq. 4.5)

Onde,
CC = Consumo do combustível, em m³;
CET = Consumo de energia térmica, em kcal;
PCS = Poder calorífico superior do Gás Natural, em kcal.m-3.
74

4.5.3. Custo pelo consumo do gás natural

O preço do gás natural foi obtido pela PBGÁS de acordo com a tabela de
tarifas do Estado da Paraíba com vigência a partir de 01/08/2011.

Quadro 12. Tarifas aplicadas ao Estado da Paraíba.


Tarifas sem Tarifas com
Classe Volume (m³ por semana)
tributos tributos
R$.m-3 R$.m-3
1 IND. 1 - 0,01 a 35.000,00 m³ 1.0535 1.3745
2 IND.2 - 35.000,01 a 70.000,00 m³ 1.0107 1.3273
3 IND. 3 - 70.000,01 a 105.000,00 m³ 0.9664 1.2785
4 IND. 4 - 105.000,01 a 210.000,00 m³ 0.9226 1.2302
5 IND. 5 - 210.000,01 a 350.000,00 m³ 0.8780 1.1811
6 IND. 6 - 350.000,01 a 700.000,00 m³ 0.8254 1.1231
7 IND. 7 - > 700.000,00 m³ 0.7570 1.0478
Fonte: PBGÁS (2011).
Notas: 1. As tarifas são aplicadas em cascata; 2. Tarifas para o Gás Natural referenciado nas
-3
seguintes condições: Poder Calorífico Superior de 9.400 kcal.m ; Temperatura = 293,15ºK (20º C);
e Pressão = 1 atm (1,033 kg.cm-2).

O quadro acima apresenta o consumo em m³ por semana, logo, para a


obtenção desse volume foi considerado o calendário do ano de 2010 e as seguintes
equações:

Quadro 13. Calendário de referência.


Calendário do ano de 2010
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Dias 31 28 31 30 31 30 31 31 30 31 30 31

Volume diário = Consumo mensal (m³) ÷ nº de dias de cada mês (Eq. 4.6)
Volume semanal = Volume diário (m³) x 7 (Eq. 4.7)

Para o cálculo mensal dos custos do consumo de GN foi considerada a tarifa


com tributos e a aplicação em cascata foi realizada seguindo o esquema abaixo.
75

Primeiro foi identificada a classe industrial de consumo por semana com base
no resultado da equação 4.7. Supondo que o valor encontrado ―B‖ encontre-se na
classe 4, aplicamos os seguintes cálculos.

1ª Classe:
35.000,00 m³ x 1,3745 R$.m-3 = R$ 48.107,50
2ª Classe:
(70.000,00 m³ - 35.000,00 m³) = 35.000,00 m³ x 1,3273 R$.m-3 = R$ 46.455,50
3ª Classe:
(105.000,00 m³ - 70.000,00 m³) = 35.000,00 m³ x 1,2785 R$.m-3 = R$ 44.747,50
4ª Classe:
(“B” m³ - 105.000,00 m³) = “C” m³ x 1,2302 R$.m-3 = R$ “D”

Logo, o custo do volume m³ por semana foi dado pela soma dos resultados das
classes (1, 2, 3, 4...).

4.5.4. Cálculo da geração de bagaço úmido

Para o cálculo da geração de bagaço úmido foi suposto um regime de


trabalho da sala de brassagem de 26 dias, com produção de 8 fabricos diários, onde
cada fabrico foi produzido com 11.000 kg de malte moído gerando na filtração
13.200 kg de bagaço de malte úmido.

O fator utilizado para o cálculo da geração do bagaço foi o apresentado por


Fischer (1996), onde 100 kg de malte moído equivale a 120 kg de bagaço de malte
úmido.

Foi utilizada a equação abaixo para o cálculo da geração diária do bagaço de


malte úmido.

GBUD = PFD x GBU (Eq. 4.8)

Onde,
GBUD = Geração de bagaço úmido diário, em (kg.dia-1)
PFD = Produção de fabrico diário, em (fabricos por dia)
76

GBUF = Geração de bagaço úmido por fabrico, em (kg por fabrico)

Já para a geração mensal do bagaço de malte úmido foi utilizada a equação


abaixo.

GBUM = GBUD x nº de dias (Eq. 4.9)

Onde,

GBUM = Geração de bagaço úmido mensal, em (kcal.mês-1)


GBUD = Geração de bagaço úmido diário, em (kg.dia-1)
Nº de dias = dias trabalhados por mês.

De acordo com as informações obtidas da empresa em estudo, a tonelada do


bagaço úmido é vendida a R$ 50,00. Logo, multiplicando a quantidade de bagaço
úmido gerado por mês pelo preço de venda obtemos o lucro mensal que a planta
tem com a venda desse subproduto.

4.5.5. Cálculo da produção de bagaço de malte seco

Para o cálculo da produção de bagaço seco foi considerado apenas 50% da


geração de bagaço úmido, sendo que os outros 50% serão destinados a ração
animal, com isso foi utilizado à equação abaixo:

PBSM = GBUM – (GBUM x PM) (Eq. 4.10)

Onde,
PBSM = Produção de bagaço seco mensal, em (kg.mês-1)
GBUM = Geração de bagaço úmido mensal (apenas 50%), em (kg.mês-1)
PM = Perda de massa na secagem, em (%)

Para o cálculo da produção anual foi multiplicado a PBSM por 12.


77

4.5.6. Regime de trabalho entre as caldeiras em funcionamento

Para a simulação do melhor regime de trabalho (RT) entre as caldeiras em


funcionamento (gás natural e biomassa) foram utilizados dois critérios.

1º Critério: Foram realizados cálculos para os três regimes de trabalho propostos


em função do número de dias trabalhado por mês como mostra a tabela abaixo.

Tabela 1. Regimes de trabalhos propostos.


Regime de Regime de Regime de
Caldeiras
trabalho 1 trabalho 2 trabalho 3

nº de dias de cada nº de dias de cada nº de dias de cada


Gás Natural
mês x 80% mês x 70% mês x 60%

nº de dias de cada nº de dias de cada nº de dias de cada


Biomassa
mês x 20% mês x 30% mês x 40%

*O número de dias de cada mês será de acordo com o calendário do ano de 2010.

Os regimes de trabalho acima foram escolhidos levando em consideração a


capacidade energética das caldeiras e a quantidade de combustível (biomassa)
disponível para suprir a demanda requerida.

2º Critério: Foram estipulados os consumos de gás natural e biomassa necessários


para suprir as demandas requeridas pelos regimes de trabalho 1, 2 e 3. Para o
cálculo do consumo foi utilizada a equação referência na seção 4.5.2. fazendo a
modificação do valor do PCS para a biomassa.

Foi realizada a simulação do custo com o consumo de gás natural apenas


para o regime de trabalho escolhido seguindo os métodos referenciados na seção
4.5.3.
78

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO BAGAÇO DE MALTE

A determinação físico-química do bagaço de malte foi realizada de acordo


com os métodos referenciados na seção 4.2. As análises descritas a seguir foram
todas feitas em triplicata. Portanto, o valor final de cada análise corresponde à média
das três repetições. A Tabela 2 ilustra os resultados obtidos:

Tabela 2. Composição físico-química do bagaço de malte (b.u).


Análises Resultados* Unidade
Umidade 75,45 g.100g-1
Minerais Totais 1,29 g.100g-1
Carboidratos 15,46 g.100g-1
Proteínas Totais 5,37 g.100g-1
Gorduras Totais 2,43 g.100g-1
Fibra Bruta 3,98 g.100g-1
Energia 105,19 Kcal.100g-1
*Valores referentes à amostra expressa em porcentagem (g.100g-1) do produto em base úmida.

Comparando os resultados da Tabela 2 aos obtidos por Murdock et. al.


(1981), Polan et. al. (1985), Rogers et. al. (1986), NRC (1986) e Costa et. al. (1994)
observa-se que o conteúdo de proteínas totais, gorduras totais, fibra bruta e minerais
totais são inferiores ao da literatura. Os conteúdos de carboidratos e energia (em
b.u.) não foram encontrados na literatura. Ascheri (2007) encontrou valores de
minerais totais semelhantes aos encontrados neste estudo.

As diferenças apresentadas entre os valores obtidos neste estudo e os da


literatura são perfeitamente compreensíveis quando se sabe que a composição
centesimal do bagaço de malte é função de diversos fatores, tais como: variedade
da cevada, o tempo de colheita, os cereais utilizados na maltagem, o processo
tecnológico empregado na cervejaria, dentre outros.
Segundo Schmidt (1989), o bagaço de malte apresenta umidade em torno de
79%. De acordo com Ascheri et. al., (2007), o bagaço de malte caracteriza-se por ter
79

alto teor de umidade 86% (b.u.) que limita seu tempo útil até 30 dias para seu
consumo in natura. A elevada quantidade de água no resíduo úmido pode resultar
em outros fatores limitantes como a dificuldade no transporte a longa distância e
dificuldades no armazenamento. Muitos autores limitam a utilização deste
subproduto a determinadas distâncias das indústrias. Nas condições dos E.U.A.,
pesquisadores acreditam que o resíduo só é econômico até um raio de
aproximadamente 100 km das indústrias (EASTRIDGE, 1991; CHANDLER, 1997).
Mas se tratando das condições brasileiras, não é recomendado ultrapassar 50 km
(CHANDLER, 1990). A conservação deste material em propriedades rurais também
é considerada uma limitação. Allen (1997) cita os fungos e as leveduras como os
principais microrganismos responsáveis pela degradação do resíduo em condições
de aerobiose. A rápida biodegradação foi observada por Stern & Ziemer (1993), que
sugerem menores períodos de armazenamento; estudos em condições de aerobiose
aconselham períodos de no máximo 10 dias (JOHNSON, 1987).

As primeiras recomendações para o resíduo desidratado foi seu uso como


suplemento concentrado para animais em confinamentos. Segundo Morrison (1956),
o resíduo desidratado é menos palatável que outros alimentos, mas que pode ser
incorporado como parte dos ingredientes dos concentrados, pois tem menor custo
que os grãos. A influência do processo de secagem no bagaço de malte foi
verificada por López & Pascual (1981) onde encontraram uma variação na
composição química do bagaço de malte, com teores de matéria seca (MS) de
9,40% a 29,90%, proteína bruta (PB) de 26,20 a 34,80 % na MS e extrato etéreo
(EE) de 7,40 a 10,10% na MS. Cabral Filho (1999) e Geron (2007) encontraram
valores de carboidratos em massa seca de 0,42% e 7,90% respectivamente. Cabral
Filho (1999) encontrou valores de energia de 448,1 kcal.100g-1 expresso em massa
seca.

O método de conservação do bagaço de malte e sua utilização na


alimentação de vacas leiteiras foram avaliados por Johnson et. al. (1987) que
observaram um teor de MS, PB e fibra em detergente neutro (FDN) de 45,08%;
15,11% e 26,33% na MS, respectivamente. West et. al. (1994) avaliaram o bagaço
de malte na alimentação de vacas leiteiras (Jersey) e observaram uma composição
80

química com valores de MS, PB, EE, FDN e fibra em detergente ácido (FDA) de
24,40%; 29,60%; 6,80%; 65,50% e 22,70% na MS, respectivamente. A piscicultura
também é uma alternativa produtiva dada a este subproduto, podendo ser utilizado
na alimentação de peixes, especialmente as espécies de tambaqui e curimatã. Em
um projeto ambiental, realizado no município maranhense de Vitória do Mearim-MA,
no Pesqueiro de São Raimundo, os peixes são alimentados com o bagaço de malte
sem a adição de outro complemento alimentar, exibindo uma produção anual de 600
t.ano-1 com 10 t dia deste bagaço (BORGES, 2005). Borges (2005) relata ainda que
em dietas para aves e suínos, o bagaço apresenta em pequenas proporções quanto
a sua utilização. Para as rações de engorda de leitões, o bagaço de malte entra com
um percentual de 4%, demonstrando uma eficiência em ganhos de produtividade,
apesar de sua pequena participação; nas aves esse percentual vai até 10% em
rações para frangos de corte. Experimentos realizados com aves de capoeira e
porcos foram realizados na cidade de Camarões-África, em que incorporaram 20 a
30% de bagaço de malte na alimentação de aves de capoeira e 30 a 50% nas de
porco, fazendo um complemento com milho e bagaço de algodão (MEFFJA, 2003).

O bagaço de malte tem sido comparado com vários outros subprodutos como
casca de trigo, bagaço de cana, polpa de beterraba, polpa cítrica, casca de arroz,
glúten de milho, farelo de glúten de milho, casca de soja e grãos de destilados
(WESTENDORF & WOHLT, 2002). Os teores de minerais totais da amostra
analisada resultaram em 1,29%, bem próximo dos apresentados por Carvalho et. al.
(2006) para o bagaço de cana 1,22%. Segundo Salinas (2002), os resultados da
característica mineral de uma amostra vegetal são determinados pelo solo onde
crescem. De forma geral o subproduto estudado pode ser tido como fonte importante
de carboidrato, pois apresenta valor semelhante ao de alimentos tradicionais, como
o farelo de algodão (19,21%), glúten de milho (19,98%) e casca de soja (17,65%),
valores expressos na matéria seca encontrados por Rocha Júnior et. al., (2002).

O uso do bagaço de malte a na alimentação animal apresenta limitações,


como o alto teor de umidade, apresentando teores de matéria seca geralmente
baixas. Apresenta também quantidade de proteínas totais insuficientes para
alimentação animal, mas na forma seca torna-se uma fonte rica em proteínas. Logo,
81

podemos perceber que para um bom aproveitamento do bagaço de malte na


alimentação animal este deve sofre um processo de secagem para se conseguir
quantidades satisfatórias de nutrientes para sua nutrição.

Apesar da grande aplicação do bagaço de malte para ração animal, o mesmo


também pode ser utilizado para alimentação humana, segundo Dobrzanski et. al.
(2008), o alto valor de fibras e os resíduos de proteínas e açúcares tornam este
bagaço com potencial de utilização em produtos elaborados na panificação, como
pães de forma e biscoitos, onde o incremento principalmente em fibras traz
benefícios ao consumidor do ponto de vista nutricional e de funcionalidade. Esses
autores analisaram e caracterizaram um pão com 10% de bagaço de malte (que
sofreu processo de secagem e moagem) e concluíram que após a adição do resíduo
o pão apresentou uma cor escura, com aparência de pão integral. Também ficou
mais ácido devido o bagaço apresentar um pH ácido. Mattos (2010) também
trabalhando com bagaço de malte caracterizou um pão com 30% de bagaço de
malte (sem sofrer processo de secagem e moagem) e conluio que após a adição do
resíduo o pão apresentou aparência e textura semelhantes à de um pão integral.
Observou também através de análise sensorial um sabor acentuado de fermento.

Como foram obtidos poucos dados na literatura sobre a utilização do bagaço


de malte na alimentação humana os dados da Tabela 2 foram comparados com os
dados de alguns alimentos consumidos no dia a dia. O Quadro 14 ilustra os
resultados obtidos pela (Lima, et. al., 2006) de outros alimentos, para efeitos
comparativos com os dados referentes aos do bagaço de malte úmido.
82

Quadro 14. Determinação físico-química de outros tipos de alimentos.


Minerais Fibra
Umidade Carboidratos Proteínas Gorduras Energia
Determinação Totais Bruta
(%) (g) Totais (g) Totais (g) (kcal)
(g) (g)
Milho verde cru 65,3 0,7 28,6 6,6 0,6 3,9 138,0
Tomate 95,1 0,5 3,1 1,1 0,2 1,2 15,0
Pimentão verde cru 93,5 0,4 4,9 1,1 0,2 2,6 21,0
Abacate 83,8 0,5 6,0 1,2 8,4 6,3 96,0
Abacaxi 86,3 0,4 12,3 0,9 0,1 1,0 48,0
Caju 88,1 0,3 10,3 1,0 0,3 1,7 43,0
Jaca 75,1 0,8 22,5 1,4 0,3 2,4 88,0
Pinha 75,0 0,7 22,4 1,5 0,3 3,4 88,0
Arroz carreteiro 68,0 2,4 11,6 10,8 7,1 1,5 154,0
Ervilha 76,8 1,0 14,2 7,5 0,5 9,7 88,0
Fonte: LIMA, et. al. 2006.

Comparando os resultados da Tabela 2 aos obtidos por Lima et. al. (2006),
observa-se que o conteúdo de minerais totais e gorduras totais do bagaço de malte
são muito superiores aos encontrados por Lima et. al. (2006), com exceção do arroz
carreteiro e do abacate.

O valor de proteínas totais encontrado neste trabalho foi inferior aos


encontrados por Lima et. al. (2006), para o milho verde cru, arroz carreteiro e ervilha
e superior ao tomate, pimentão, abacate, abacaxi, caju, jaca e pinha. O bagaço de
malte foi superior também no conteúdo de fibra bruta, ficando abaixo apenas do
abacate e da ervilha.

Tanto na Tabela 2 como o Quadro 14 os conteúdos de carboidratos são os


que se apresentam em maior quantidade, o valor encontrado para o bagaço de
malte foi superior em 70% maior aos valores encontrados por Lima et. al. (2006),
ficando abaixo apenas do milho verde cru, jaca e pinha.

As diferenças apresentadas entre os valores obtidos neste estudo e os da


literatura são perfeitamente compreensíveis quando se sabe que esses parâmetros
são variáveis de acordo com composição físico química das matérias-primas.

A comparação dos dados obtidos com o Quadro 14 nos mostra que o bagaço
de malte úmido pode ser utilizado como alimento humano uma vez que apresenta
83

composição similar e em alguns casos superior a outros alimentos normalmente


consumidos pelo ser humano. Observamos também de acordo com as discussões
acima que a quantidade de nutrientes do bagaço de malte aumenta com a redução
da umidade tonando esse subproduto mais atraente para o consumo.

5.2. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO BAGAÇO DE MALTE

Os valores médios obtidos para os teores de materiais voláteis, cinzas e


carbono fixo, são apresentados na Tabela 3. As análises descritas a seguir foram
todas feitas em triplicata. Portanto, o valor final de cada análise corresponde à média
das três repetições.

Tabela 3. Valores médios dos materiais voláteis (MV), cinzas (Cz) e carbono fixo
(CF).
Análise imediata
Materiais Voláteis (%) 95,95
Cinzas (%) 0,74
Carbono Fixo (%) 3,31

Analisando os resultados da Tabela 3 acima, podemos perceber o elevado


percentual de materiais voláteis e o baixo percentual de cinzas e carbono fixo.
Combustíveis com alto índice de carbono fixo apresentam queima mais lenta,
implicando maior tempo de residência nos aparelhos de queima, em comparação
com outros que tenham menor teor de carbono fixo (BRITO; BARRICHELLO, 1982).

A composição dos voláteis é de extrema importância na determinação dos


produtos finais da combustão e na estimativa da energia liberada no processo.
Também o teor de voláteis tem um papel importante durante a ignição e as etapas
iniciais da combustão de combustíveis sólidos. Assim, o bagaço de malte apresenta
uma queima bastante rápida, com intensa liberação da fração volátil e muito pouco
resíduo, indicando baixo rendimento para carbonização. Segundo Scala (1997) a
combustão da matéria volátil contribui de um modo significativo para a quantidade
de calor libertado durante a combustão de biomassa, pois esta representa 50-70%
em base seca, da massa da biomassa. Desta forma, a localização da libertação e
84

combustão da matéria volátil condiciona de forma significativa o perfil de


temperaturas ao longo do reator, a formação dos poluentes, a operação do reator,
bem como o dimensionamento e a localização das superfícies de transferência de
calor.

Ainda analisando a Tabela 3, podemos observar que o teor de cinzas para o


bagaço de malte foi de 0,74% o que é muito satisfatório por não prejudicar caldeiras
e fornalhas, isso significa uma pequena quantidade de minerais presentes na
biomassa. Segundo Oliveira, Gomes & Almeida (1982), o teor de cinza não sofre
nenhuma influência em relação aos fatores umidade e temperatura. Almeida (1983),
estudando o efeito da temperatura sobre as propriedades dos produtos da
carbonização não encontrou influência sobre o teor de cinza, o mesmo acontecendo
com Numazawa (1986), estudando 3 espécies da Amazônia. Quanto maior a
proporção de matérias minerais no material, maior será a percentagem de cinzas no
carvão e menor o poder calorífico (BOAS et. al. 2010).

Pera (1990) referencia para a borra de café valores de umidade de 78,90%,


materiais voláteis de 16,90%, cinzas de 0,86% e carbono fixo de 3,29%. Seebaluck
et. al. (2007) estudando o bagaço de cana com 50% de umidade encontrou valores
de materiais voláteis de 37%, cinzas de 1,5% e carbono fixo de 11,5%. Vale et.
al.(2007) analisando a casca de café obteve valores de 75,73% de materiais
voláteis, 13,96% de cinzas e 10,31% de carbono fixo. Teixeira (2003) estudando o
mesocarpo e a castanha do babaçu obteve valores de 94,62% e 93,78% de
materiais voláteis, 0,88% e 1,69% de cinzas e 4,66% e 4,53% de carbono fixo
respectivamente. Cortez & Lora (1997) encontraram para a palha de arroz e casca
de coco materiais voláteis de 65,47% e 67,95%, cinzas 17,89% e 8,25% e carbono
fixo de 16,67% e 23,80% respectivamente.

Comparando os resultados da Tabela 3 aos do Quadro 8, podemos perceber


que os teores de materiais voláteis encontrados foram inferiores aos observados
para o bagaço de malte. Já em relação ao carbono fixo e as cinzas o bagaço de
malte apresentou valores inferiores com exceção das cinzas da madeira de faia que
foi de 0,4%.
85

Ao analisar o teor de carbono fixo no carvão da madeira de eucalipto Trugilho


et. al. (2001) encontraram valores variando entre 78,2 e 81,5%. Baer Filho (2008),
trabalhando com resíduos de macaúba obteve um teor de carbono fixo para o
endocarpo de 86,51 ± 0,21%. Podemos perceber que as biomassas em geral
apresentam quantidade de carbono fixo inferiores aos carvões vegetais e quantidade
de materiais voláteis superiores. Segundo Ideias (2008) as partículas de biomassa,
apresentam tipicamente diâmetros muito superiores aos apresentados pelas
partículas de carvão. Apresentam também teores em matéria volátil e de
heterogeneidade na constituição, superiores aos do carvão.

Em relação ao conteúdo energético, a biomassa quando carbonizada


apresenta um aumento no poder calorífico devido à modificação das substâncias
químicas que a compõem, tornando-se mais energética. Durante o processo de
carbonização, quanto maior a exposição do material ao tempo e temperatura, maior
será à eliminação das matérias voláteis, refletindo diretamente no aumento do teor
de carbono fixo.

Os resultados encontrados na Tabela 3 estão relacionados diretamente com a


utilização do combustível e são importantes para o cálculo do projeto da fornalha e
das quantidades necessárias de ar primário e secundário em função da
percentagem de voláteis presentes no combustível.

5.3. VARIAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR EM FUNÇÃO DOS TEORES


DE UMIDADE E DENSIDADE.

Na Tabela 4, podem-se observar os valores médios dos teores de umidade,


densidades e poder calorífico superior do bagaço de malte.
86

Tabela 4. Valores médios dos teores de umidade, densidades e poder calorífico


superior.
Umidade Densidade Poder Calorífico Superior
-3
(%) (kg.m ) (kcal.kg-1)
50 219,0 2.656,0
40 161,1 3.687,0
30 171,0 4.037,0
20 117,2 4.697,0
15 123,0 5.026,0

Apresentam-se na Tabela 4 os valores médios de poder calorífico superior em


cada nível de umidade e, como esperado, nota-se considerável acréscimo com a
diminuição da umidade. Podemos verificar que tivemos PCS variando de 2.656
kcal.kg-1 a 5.026 kcal.kg-1 para as umidades de 50% e 15% respectivamente. O
teor de umidade é um fator de grande importância no uso da biomassa como
combustível, pois apresenta uma relação inversa com o poder calorífico.

Observa-se que, os bagaços de malte com 15% e 30% de umidade


apresentaram maior densidade do que os BM com 20% e 30% de umidade
respectivamente. Esse comportamento pode ter sido promovido uma vez que as
partículas do bagaço de malte não são uniformes, promovendo assim uma variação
na compactação dessas amostras. Devido ao seu arranjo não uniforme pode ter
ocorrido uma concentração de partículas menores nas amostras com 15% e 30% de
umidade e de partículas maiores nas amostras com 20% e 40% de umidade,
ocasionando assim, essa diferença. Observa-se também que a densidade tende a
aumentar com o acréscimo da umidade, mesmo apresentando algumas diferenças
entre as umidades. Em geral, quanto menor a granulometria média do material,
maior será a densidade do granel, pois há uma maior compactação das partículas
no recipiente em que a densidade está sendo determinada (Vale et. al., 2011).

O teor de umidade é um fator de grande importância no uso da biomassa


como combustível, pois prejudica o armazenamento, uma vez que pode ocasionar a
proliferação de fungos e a degradação do material; além de elevar os custos de
transporte. O custo do transporte está associado à densidade, onde biomassas
leves são pagas por metro cúbico (Albuquerque, 2006) e as pesadas por tonelada.
87

As de menor custo de transporte são as mais densas, dessa forma, os valores


baixos encontrados, principalmente para as amostras com 15% e 20% de umidade,
podem implicar maiores custos de transporte e dificuldades no manejo do resíduo,
caso não seja feita uma compactação. Além disso, quanto maior o conteúdo de
umidade da amostra, menor é o seu poder de combustão, devido ao processo de
evaporação da umidade, o qual absorve energia em combustão. Farinhaque (1981),
em um estudo sobre a influência da umidade no poder calorífico da madeira de
bracatinga, afirma que na combustão o teor de umidade não deve estar acima de
25% de umidade, pois umidades elevadas reduzem o valor do calor de combustão, a
temperatura da câmara de queima e a temperatura dos gases de escape.

Comparando os resultados de umidade e densidade da Tabela 4 com outras


biomassas, observa-se que o bagaço com 15% de umidade apresenta densidade
inferior a casca de café (167 kg.m-3), casca de arroz (140 kg.m-3), palha de trigo (160
kg.m-3), casca de amendoim (140 kg.m-3), casca de coco de babaçu (180%), palha
de cacau (150) e pó de tabaco (120 kg.m-3) com umidades de 16%, 12%, 12%, 10%,
15%, 10% e 5% respectivamente (VALE et. al., 2007; PERA, 1990). Já o bagaço
com 50% de umidade apresentou densidade superior ao bagaço de cana (120 kg.m-
3
) com mesma umidade (PETROBRÁS, 1982) e inferior a casca de pinho (360 kg.m-
3
) com mesma umidade (PERA, 1990).

A quantidade de calor que pode ser disponibilizada por unidade volumétrica


de bagaço de malte seco nas condições em que ele é produzido (umidade em base
seca de 50%, 40%, 30% 20% e 15%) é de 581.607 kcal.m-3, 594.076 kcal.m-3,
690.126 kcal.m-3, 550.638 kcal.m-3 e 617.746 kcal.m-3 respectivamente. Dessa forma
há uma otimização do espaço dentro dos aparelhos de queima ao utilizar o bagaço
com 30% de umidade em relação ao bagaço com 15% de umidade, pois haverá
maior produção de calor, por unidade de volume.

Uma tonelada de bagaço de malte produzido nas condições de umidade


estudadas terá um poder energético variando de 2.656.145 kcal a 5.025.594 kcal e
pode ser utilizado como biocombustível não só para gerar calor em fornalhas, como
também gerar energia elétrica em pequenas comunidades, onde a produção desse
88

subproduto seja significativa. Na ilha de Cuba isso já é uma realidade, segundo


Suarez & Luengo (2003), que registra o uso de casca de café para produção de
energia, o que indica que, nos países em desenvolvimento, a biomassa de resíduo
agrícola pode se transformar numa importante fonte energética para as
comunidades.

5.3.1. Estimativa do poder calorífico superior.

Os gráficos 1 e 2 apresentam o comportamento do poder calorífico superior


em função dos teores de umidade e densidades.

Gráfico 1. Poder calorífico superior em função do teor de umidade.


Poder Calorífico Superior (kcal/kg)

5.000,0

4.500,0

4.000,0

3.500,0

3.000,0

2.500,0
10% 20% 30% 40% 50%
Teor de Umidade (%)

Gráfico 2. Poder calorífico superior em função da densidade.


5.500
Poder Calorífico Superior (kcal/kg)

5.000

4.500

4.000

3.500

3.000

2.500
100 120 140 160 180 200 220 240
Densidade (kg/m³)
89

As equações de regressão, com seus respectivos coeficientes de


determinação (R²) são mostrados na Tabela 5. Quando se analisa o poder calorífico
superior, 98% de sua variação é explicada pela variação da umidade e 92% pela
variação da densidade.

Tabela 5. Equações de regressão para poder calorífico superior.


Equação de Coeficiente de
Relação
regressão determinação
(1) (3)
PCS=f(TU) PCS = - 6396,9(TU) + 6003,5 R² = 0,98
(2) (4)
PCS=f(D) PCS = - 21,635(D) + 7444 R² = 0,92
(1) (2) (3)
TU: Teor de umidade; D: Densidade; Significativo a 5% de probabilidade;
(4)
Significativo a 3% de probabilidade.

De acordo com os resultados das análises de variâncias das regressões


encontradas na Tabela 6, observa-se a significância dos modelos matemáticos
propostos: poder calorífico superior em função do teor de umidade e poder calorífico
superior em função da densidade.

Tabela 6. Análise de variância das regressões do poder calorífico superior em


função da umidade e da densidade do bagaço de malte.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Entre grupos 9692503 4 2423126 86,81 1,01 E-07 3,48
Dentro dos grupos 279117,9 10 27911,79
Total 9971621 14
*Significativo a 5% de probabilidade.

Os valores médios do poderes caloríficos superiores determinados em bomba


calorimétrica e os valores estimados a partir das equações propostas estão
apresentados na Tabela 7.

Tabela 7. Valores médios dos poderes caloríficos superiores (PCS) estimados e


determinados para o bagaço de malte.
Umidade 50% 40% 30% 20% 15%
(1) -1
PCS (kcal.kg ) 2.656 a 3.687 a 4.037 a 4.696 a 5.026 a
(2) -1
PCS (kcal.kg ) 2.805 a 3.445 a 4.084 a 4.724 a 5.044 a
(3)
PCS (kcal.kg-1) 2.707 a 3.958 b 3.745 a 4.907 a 4.785 a
(1)
PCS obtido pela bomba calorimétrica; (2) PCS = -6396,9(TU) + 6003,5; (3) PCS = -21,635(D) + 7444.
90

Os valores dos poderes caloríficos superiores obtidos pelas equações


propostas, a 50%, 30%, 20% e 15% de umidade, são estatisticamente iguais aos
valores do poder calorífico obtidos em bomba calorimétrica, ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste t. Portanto, para uma determinação do poder calorífico
superior do bagaço de malte produzidos nesses níveis de umidades, pode-se usar
qualquer uma das duas fórmulas.

5.4. COMPARAÇÃO DO PODER CALORÍFICO SUPERIOR DO BAGAÇO DE


MALTE COM OUTROS COMBUSTÍVEIS

Comparando o poder calorífico encontrado na Tabela 15 para os diferentes


níveis de umidade com outras biomassas podemos dizer que, o bagaço de malte
com 15% de umidade apresentou poder calorífico superior maior que a madeira de
Eucalyptus grandis (4.790 kcal.kg-1) segundo Jara (1989). Maior também que o
resíduo de madeira (Cedrelinga catenaeformis) 4.932 kcal.kg-1 encontrado por VALE
et. al. (2007).

O poder calorífico superior do BM com 20% de umidade é maior quando


comparado a outros resíduos, tais como: bambu com 4.458 kcal.kg-1 encontrado por
Brito et. al. (1987), casca de coco de babaçu com 4.500 kcal.kg-1 citado por Vale et.
al. (2007), bagaço de cana com 0% de umidade e PCS de 4.360 kcal.kg-1
encontrado por Silva (2008), madeira da espécie Pinho com 4.500 kcal.kg-1 (Pera,
1990), casca de amêndoas 4.490 kcal.kg-1, casca de sementes de girassol 4.299
kcal.kg-1 e caroço de azeitona 4.538 kcal.kg-1 segundo DERMIBAS (2006).

O PCS do bagaço de malte para a umidade de 30% é maior que o da casca


de café encontrado por Vale et. al. (2007) que foi de 3.933 kcal.kg-1 com 13,5% de
umidade. Superior também aos das madeiras das espécies Canelinha e Peroba com
4.010 kcal.kg-1 e 3.720 kcal.kg-1 respectivamente (PERA, 1990); bagaço de cana
com 10% de umidade e 3.985 kcal.kg-1 (SILVA, 2008); caroço de azeitona (3.712
kcal.kg-1) (DERMIBAS, 2006).
91

Segundo Pera (1990), as madeiras bracatinga e acácia negra apresentam


PCS de 3.300 kcal.kg-1 e 3.450 kcal.kg-1 respectivamente, a casca de arroz e a palha
de trigo ambos com 12% de umidade PCS de 3.300 kcal.kg-1, a casca de amendoim
e a palha de cacau ambos com 10% de umidade PCS de 3.400 kcal.kg-1 e 3.500
kcal.kg-1 respectivamente e o pó de tabaco com 5% de umidade 3.000 kcal.kg-1. Já
Vale et. al. (2011) referenciou valores de 2.800 kcal.kg-1, 2.900 kcal.kg-1 e 3.500
kcal.kg-1 para a semente de algodão, sabugo de milho e palha de arroz
respectivamente. Silva (2008), estudando o PCS do bagaço de cana encontrou para
as umidades de 20% e 30% os valores de 3.641 kcal.kg-1 e 3.145 kcal.kg-1
respectivamente. Todos os valores referenciados acima foram inferiores ao poder
calorífico superior encontrado para o bagaço de malte com 40% de umidade.

Observa-se que o PCS do bagaço de cana com 50% de umidade encontrado


por Silva (2008) possui um poder calorífico superior de 2.275 kcal.kg-1, menor que o
poder calorífico superior encontrado para o BM com 50% de umidade.

A torta de pinhão manso composta de endocarpo (casca) e albúmen


apresenta PCS médio de 5.122 kcal.kg-1, a borra de café 5.500 kcal.kg-1, o coco-da-
baía verde (Cocos nucifera) 5.636 kcal.kg-1, o carvão vegetal com umidade de 6%
(6.480 kcal.kg-1), a madeira de bracatinga 7.434 kcal.kg-1 (Vale et. al, 2011; Vale et.
al., 2007; Pera, 1990; Sturion e Silva 1989), todas essas biomassas superam os
poderes caloríficos encontrados nesta pesquisa.

Já, comparando a biomassa estudada com os combustíveis fósseis


normalmente utilizados para queima, podemos perceber que, o gás natural
apresenta poder calorífico superior de 9.400 kcal.m-3 ou 11.898 kcal.kg-1, o coque de
6.640 kcal.kg-1 e o gás liquefeito de petróleo de 11.920 kcal.kg-1 segundo bibliografia
consulta, são superiores ao poder calorífico do bagaço de malte. Sabe-se que a
capacidade energética dos combustíveis fósseis é maior que a da biomassa, mas
em contra partida, os impactos ambientais causados são maiores, comparados as
biomassas.
92

5.5. ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA

5.5.1. Diagnóstico energético da planta em estudo

O volume de produção foi encontrado de acordo com os métodos


referenciados na seção 4.5.1. O Gráfico 3 ilustra os resultados obtidos:

Gráfico 3. Volume de produção referente ao ano de 2009.

Volume de produção (Hl)

*Volume estimado de acordo com dados obtidos na visita.

De acordo com o Gráfico 3 acima, podemos verificar que tivemos volumes de


produções mensais variando de 1,96E+05 a 3,00E+05 Hl, nos meses de abril e
setembro respectivamente. Podemos verificar também que os meses de baixa
produção foram abril, junho e julho com volumes menores que 230.000 Hl e os de
alta produção os demais meses.

A Tabela 8 mostra os resultados do consumo de energia térmica por mês de


produção.
93

Tabela 8. Levantamento de consumo de energia térmica.


Consumo de Energia
Meses
Térmica (Gcal) *
Janeiro 5.937,0
Fevereiro 5.954,0
Março 5.819,0
Abril 4.072,0
Maio 5.555,0
Junho 4.337,0
Julho 4.556,0
Agosto 4.962,0
Setembro 6.221,0
Outubro 5.934,0
Novembro 6.141,0
Dezembro 6.026,0
Total 65.520,0
*Valores calculados segundo dados coletados.

De acordo com a Tabela 8 acima, podemos verificar que nos meses de baixa
produção os consumos de energia térmica foram menores quando comparado com
os de alta produção.

Ainda analisando a Tabela 8 acima e fazendo uma distribuição do consumo


de energia térmica total por área encontramos que a sala de cozimento é
responsável pelo consumo de 32.760,0 Gcal, a área de envase 19.656,0 Gcal e as
demais etapas de limpeza e higienização 13.104,0 Gcal. Logo, podemos dizer que a
grande consumidora de vapor da empresa é a sala de brassagem.

Segundo o Relatório de Sustentabilidade da Ambev (2008) umas das


inovações bem-sucedidas para economizar energia, é o processo MSB (Multiple
Step Boiling), durante a produção da cerveja. Esse processo consiste na alteração
da curva de cozimento reduzindo a taxa de evaporação da água durante a fervura
do mosto, diminuindo o consumo de energia calorífica, sem alterar o produto final.
94

5.5.2. Configuração atual de geração e proposta de cogeração

A capacidade de produção de energia térmica das caldeiras foi realizada de


acordo com os métodos referenciados na seção 4.5.2. A Tabela 9 ilustra os
resultados obtidos:

Tabela 9. Capacidade energética mensal e anual das caldeiras em estudo.


Caldeiras Capacidade (Gcal.mês-1) Capacidade (Gcal.ano-1)
Gás Natural 5.321,0 63.863,0
Biomassa 4.792,0 57.510,0
Total 10.114,0 121.374,0

De acordo com a Tabela 9 acima, podemos verificar que a caldeira de gás


natural apresenta uma capacidade energética maior que a caldeira de biomassa.

Comparando as Tabelas 9 e 8, é possível perceber que, a caldeira de GN


trabalhando sozinha supre 97% da demanda energética anual enquanto a caldeira
de biomassa apenas 88%. Logo, as caldeiras devem trabalhar simultaneamente
para suprir 100% da demanda exigida.

Ainda analisando a Tabela 9 acima, podemos verificar que a capacidade


anual total das duas caldeiras é de 121.374,0 Gcal, ou seja, 85 % maior que a
demanda energética requerida pela empresa no ano de 2009.

A Tabela 10 mostra o volume de gás natural consumido pela empresa no ano


de 2009 para produzir 31,54 E+05 Hl de cerveja.
95

Tabela 10. Simulação do volume de gás natural consumido pela empresa no ano de
2009.
Consumo de
Meses
Gás Natural (m³)
Janeiro 6,33E+05
Fevereiro 6,19E+05
Março 4,33E+05
Abril 5,91E+05
Maio 4,61E+05
Junho 4,85E+05
Julho 5,28E+05
Agosto 6,62E+05
Setembro 6,31E+05
Outubro 6,53E+05
Novembro 6,41E+05
Dezembro 6,33E+05
Total 69,70 E+05

De acordo com a Tabela 10 acima, podemos verificar que tivemos consumo


variando de 4,33E+05 a 6,62E+05 m³ por mês, nos meses de abril e setembro
respectivamente.

Ainda analisando a Tabela 10 acima, podemos verificar que foi consumido um


volume de 69,70 E+05 m³ por ano de gás natural.

5.5.3. Custo com o consumo do gás natural

A determinação do volume semanal foi realizada de acordo com os métodos


referenciados na seção 4.5.3. A Tabela 11 ilustra os resultados obtidos:
96

Tabela 11. Volume de gás natural consumido por semana.


Volume
Meses
(m³ por semana)
Janeiro 1,43E+05
Fevereiro 1,58E+05
Março 1,40E+05
Abril 1,01E+05
Maio 1,33E+05
Junho 1,08E+05
Julho 1,09E+05
Agosto 1,19E+05
Setembro 1,54E+05
Outubro 1,43E+05
Novembro 1,52E+05
Dezembro 1,45E+05

De acordo com a Tabela 11 acima, podemos verificar que tivemos volumes


semanais variando de 1,01E+05 a 1,58E+05 m³, nos meses de abril e fevereiro
respectivamente. O mês de fevereiro apresentou maior volume semanal por seu mês
ter apenas 28 dias fazendo assim com que o volume se concentre quando dividido
pelo número de dias.

A partir dos volumes semanais encontrados na Tabela 11, obtiveram-se os


custos mensais e anuais com o gás natural (Tabela 12). Todos os meses ficaram
inclusos na classe industrial 4 com exceção do mês de abril que ficou na classe
industrial 3.
97

Tabela 12. Simulação do custo mensal e anual do consumo de gás natural para a
configuração atual.
Meses Custo do GN
Janeiro R$ 679,57E+03
Fevereiro R$ 730,78E+03
Março R$ 670,41E+03
Abril R$ 537,27E+03
Maio R$ 649,78E+03
Junho R$ 565,88E+03
Julho R$ 571,70E+03
Agosto R$ 603,41E+03
Setembro R$ 717,97E+03
Outubro R$ 679,40E+03
Novembro R$ 711,54E+03
Dezembro R$ 686,51E+03
Total R$ 7.804,26E+03

De acordo com a Tabela 12 acima, podemos verificar que tivemos custos


variando de R$ 537,27E+03 a R$ 730,78E+03 nos meses de abril e fevereiro
respectivamente. A simulação mostra que no ano de 2009 foi gasto R$
7.804,26E+03 com gás natural.

Uma forma de reduzir esse custo é diminuindo o consumo de gás natural,


para isso se faz necessário o consumo de um combustível mais barato e que atenda
a demanda energética exigida. No item 4.5.2. foi sugerido a implantação de uma
caldeira de biomassa cujo combustível utilizado seria o bagaço de malte seco,
biomassa gerada na própria empresa. Utilizando a caldeira de biomassa no lugar de
uma de gás natural, reduzimos o consumo anual desse combustível.

Uma vez implanta a caldeira de biomassa, o consumo com gás natural pode
ser reduzido ainda mais, utilizando-se um regime de trabalho adequado entre as
duas caldeiras (gás natural e biomassa).
98

5.5.4. Geração de bagaço úmido

O cálculo da geração de bagaço úmido foi realizado de acordo com os


métodos referenciados na seção 4.5.4. A Tabela 13 ilustra os resultados obtidos:

Tabela 13. Geração de bagaço úmido.


Quantidade
Geração
(kg)
Diária 105,60E+03
Mensal 2.745,60E+03

Os valores apresentados na Tabela 13 podem variar para mais ou menos de


acordo com a quantidade de malte moído utilizado nas fabricações.

A tabela 14 mostra a receita mensal e anual da empresa com a venda do


bagaço úmido para ração animal.

Tabela 14. Receita com a venda do bagaço úmido.


Receita
Mensal R$ 137,28E+03
Anual R$ 1.647,36E+03

De acordo com a Tabela 14 acima, podemos verificar que a venda do bagaço


úmido gera uma receita anual de RS 1.647,36E+03. Essa comercialização é uma
forma de incrementar a receita da empresa.

Segundo o Relatório de Sustentabilidade da Ambev (2007) a reutilização


desse subproduto depende de sua qualidade. Por isso, são monitorados os níveis de
umidade e proteína durante a armazenagem e realizadas análises microbiológicas
do material.
99

5.5.5. Produção de bagaço de malte seco

O cálculo da produção de bagaço seco foi realizado de acordo com os


métodos referenciados na seção 4.5.5. A Tabela 15 ilustra os resultados obtidos.

Tabela 15. Produção mensal de bagaço seco.


Produção Mensal Produção Anual
Umidade
(kg) (kg)
15% 27,45 x 104 329,47 x 104
20% 35,69 x 104 428,31 x 104
30% 52,16 x 104 625,99 x 104
40% 68,64 x 104 823,68 x 104
50% 86,48 x 104 1.037,83 x 104

De acordo com a Tabela 15 acima, podemos verificar que tivemos valores


variando de 27,45 x 104 a 86,48 x 104 kg por mês e 329,47 x 104 a 1.037,83 x 104 kg por
ano para as umidades de 15% e 50% respectivamente.

De acordo com a tabela acima, podemos verificar que quanto maior a


umidade maior a produção de bagaço seco. Logo, umidades muito baixas irão
fornecer pequenas quantidades de bagaço.

5.5.6. Regime de trabalho entre as caldeiras em funcionamento

As simulações dos regimes de trabalhos foram realizadas de acordo com os


métodos referenciados na seção 4.5.6. Os gráficos abaixo ilustram os resultados
obtidos:
100

Gráfico 4. Simulação do regime de trabalho 1 entre as caldeiras em funcionamento.


Caldeira de GN (80%) Caldeira de Biomassa (20%)

6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6
6

25 22 25 24 25 24 25 25 24 25 24 25

*GN: Gás Natural.

Gráfico 5. Simulação do regime de trabalho 2 entre as caldeiras em funcionamento.

Caldeira de GN (70%) Caldeira de Biomassa (30%)

9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9
8

22 20 22 21 22 21 22 22 21 22 21 22

*GN: Gás Natural.

Gráfico 6. Simulação do regime de trabalho 3 entre as caldeiras em funcionamento.

Caldeira de GN (60%) Caldeira de Biomassa (40%)

12 12 12 12 12 12 12 12 12 12 12
11

19 17 19 18 19 18 19 19 18 19 18 19

GN: Gás Natural.


101

Pelos Gráficos 4, 5, e 6, observa-se que a caldeira de GN trabalhará mais


tempo que a caldeira de biomassa para os três regimes de trabalho propostos. O
inverso só poderia ocorrer se a produção de bagaço seco fosse maior.

O Gráfico 7 mostra a relação entre o consumo de GN requerido pelos


regimes de trabalho 1, 2 e 3 e o consumo de GN total que a caldeira pode suprir.

Gráfico 7. Relação entre o consumo de GN (RT 1, RT 2 e RT 3) e o consumo de GN


suprido pela caldeira.
600.000
550.000
500.000
450.000
400.000
Volume (m³)

350.000
300.000
250.000
200.000
150.000

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Consumo GN

Analisando o Gráfico 7 é possível perceber que, nenhum dos regimes de


trabalhos propostos ultrapassou o volume total de GN suprido pela caldeira que é de
566.165 m³.mês-1. Logo, os três regimes propostos são viáveis para a caldeira de
gás natural.

Ainda analisando o Gráfico 7 é possível perceber que, o consumo de gás


natural foi menor para o RT 3 seguido pelo RT 2 sendo o RT 1 o maior consumidor.
Logo, podemos afirmar que o RT 3 apresentará um custo menor quando comparado
com os RT 2 e 1.

Os Gráficos 8, 9, 10, 11 e 12 mostram a relação entre o consumo de


biomassa requerido pelos regimes de trabalho 1, 2 e 3 e a produção de bagaço seco
para as umidade de 15%, 10%, 30%, 40% e 50%.
102

Gráfico 8. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção


de bagaço seco (BS) com 15% de umidade.
500.000
450.000
400.000
Quantidade (kg)

350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Produção BS (15%)

Gráfico 9. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção


de bagaço seco (BS) com 20% de umidade.
600.000
550.000
500.000
450.000
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Produção BS (20%)


103

Gráfico 10. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção


de bagaço seco (BS) com 30% de umidade.
700.000
650.000
600.000
550.000
500.000
450.000
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Produção BS (30%)

Gráfico 11. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção


de bagaço seco (BS) com 40% de umidade.
750.000
700.000
650.000
600.000
550.000
500.000
450.000
400.000
kg
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Produção BS (40%)


104

Gráfico 12. Relação entre o consumo de biomassa (RT 1, RT 2 e RT 3) e a produção


de bagaço seco (BS) com 50% de umidade.
950.000
900.000
850.000
800.000
750.000
700.000
650.000
600.000
550.000
500.000
450.000
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0

Consumo RT 1 Consumo RT 2 Consumo RT 3 Produção BS (50%)

As quantidades de bagaço seco produzidos mensalmente e suas respectivas


umidades estão descrita na Tabela 15.

Analisando os Gráficos 8 e 9 é possível perceber que, a produção de bagaço


seco supre na sua totalidade apenas o RT 1, tornando os demais regimes inviáveis
para os bagaços com umidade de 15% e 20% respectivamente.

Comparando os Gráficos 10, 11 e 12 é possível perceber que, a produção de


bagaço seco com umidades de 30% e 50%, suprem na sua totalidade os RT 1 e 2,
tornando RT 3 inviável. Já para o bagaço seco com 40% percebe-se que todos os
regimes foram viáveis.

Logo, com base nos resultados encontrados nos gráficos 7, 8, 9, 10, 11 e 12,
podemos afirmar que todos os regimes de trabalho sugeridos são viáveis e como a
proposta do trabalho é a redução do consumo de gás natural com a utilização da
biomassa bagaço de malte seco optou-se pela utilização do regime de trabalho 3,
onde teremos a utilização de 60% da caldeira de gás natural e 40% da caldeira e
biomassa.
105

A Tabela 16 mostra o custo mensal e anual com gás natural para a nova
configuração proposta.

Tabela 16. Simulação do custo mensal e anual do consumo de gás natural para a
configuração proposta.
Meses Custo GN
Janeiro R$ 365,52E+03
Fevereiro R$ 332,49E+03
Março R$ 358,42E+03
Abril R$ 261,01E+03
Maio R$ 342,46E+03
Junho R$ 277,52E+03
Julho R$ 282,03E+03
Agosto R$ 306,57E+03
Setembro R$ 322,93E+03
Outubro R$ 365,38E+03
Novembro R$ 318,15E+03
Dezembro R$ 370,89E+03
Total R$ 3.903,41E+03

Comparando as Tabela 16 e 12 é possível perceber que, houve uma redução


de 49,98% nos custos com gás natural, ou seja, com a modificação da configuração
atual pela configuração proposta economizar-se-ia R$ 3.903,41E+03 por ano.

Vale salientar que com a mudança de configuração das caldeiras a margem


de lucro com a venda do bagaço úmido para ração animal diminui para R$ 823.680
por ano em virtude de 50% da geração do bagaço úmido ser destinada para geração
de energia. Mas essa receita pode aumentar com a venda do excedente do bagaço
seco gerado mensalmente, agregando ainda mais valor a esse subproduto uma vez
que ele está com sua umidade reduzida.

A Tabela 17 abaixo apresenta a quantidade de excedente de bagaço seco


gerado mensalmente.
106

Tabela 17. Quantidade de bagaço seco excedente com 40% de umidade.


Consumo de Produção de Excedentes
Meses
bagaço seco (kg) bagaço seco (kg) (kg)
Janeiro 64,41 x 104 68,64 x 104 4,22 x 104
Fevereiro 64,60 x 104 68,64 x 104 4,03 x 104
Março 63,13 x 104 68,64 x 104 5,50 x 104
Abril 44,18 x 104 68,64 x 104 24,45 x 104
Maio 60,27 x 104 68,64 x 104 8,36 x 104
Junho 47,05 x 104 68,64 x 104 21,58 x 104
Julho 49,42 x 104 68,64 x 104 19,21 x 104
Agosto 53,83 x 104 68,64 x 104 14,80 x 104
Setembro 67,49 x 104 68,64 x 104 1,14 x 104
Outubro 64,38 x 104 68,64 x 104 4,25 x 104
Novembro 66,63 x 104 68,64 x 104 2,00 x 104
Dezembro 65,37 x 104 68,64 x 104 3,26 x 104
Total 71,08 x 104 82,36 x 104 112,85 x 104

De acordo com a Tabela 17 acima, podemos verificar que nos meses de abril,
junho, julho e agosto a geração de excedentes é bastante elevada quando
comparada com os demais meses. Esses excedentes são gerados pelo fato da
produção de bagaço seco ser maior que a demanda para consumo, isso acontece
porque nesse trabalho foi considerado a produção de bagaço seco igual para todos
os meses. Uma forma de reduzir esse excedente é variando a produção de bagaço
de acordo com o consumo mensal. Como a umidade desse bagaço estará
compreendida em 40% não é indicado seu armazenamento por longos períodos,
sendo assim, sugerisse a venda desse excedente para outras unidades
consumidoras de biomassa ou para ração animal.
A proposta desse trabalho é altamente sustentável, visto que, a geração de
bagaço de malte é inerente ao processo de produção de mosto que por sua vez está
vinculado ao processo de fabricação de cerveja. A empresa terá grande economia
após o retorno dos investimentos, podendo comercializar os créditos de carbono e
obter valores monetários consideráveis após implantação desta nobre reutilização
de energia. Considerando também que o grupo possui outras unidades para
fabricação de cerveja em outros estados e com salas de brassagens na mesma
configuração, este projeto poderá ser implantado em todas as unidades.
Ressaltando que algumas unidades já possuem caldeiras de biomassa, mas não
utilizam como combustível o bagaço de malte.
107

6. CONCLUSÃO

 O bagaço de malte apresentou quantidades satisfatórias de carboidratos, fibra


bruta, gorduras totais, proteínas totais e minerais podendo ser utilizado tanto
para ração animal como para alimentação humana. Sendo que para ambos
seu aproveitamento é melhor se seguido de uma secagem reduzindo assim
sua umidade e conseqüentemente concentrando mais seus nutrientes.

 A análise imediata apontou que o bagaço de malte apresenta uma queima


rápida devido ao seu elevado conteúdo de materiais voláteis.

 Os resultados da análise calorimétrica demonstraram que para os diferentes


níveis de umidade o bagaço de malte pode ser adotado como combustível
sólido para geração de energia. Sendo o bagaço com 30% de umidade o que
apresentou maior quantidade de calor por unidade volumétrica.

 De acordo com os resultados obtidos na viabilidade econômica é possível


aproveitar 50% do bagaço de malte gerado na sala de brassagem para fins
energéticos, todas as umidades estudadas foram viáveis para utilização na
caldeira de biomassa proposta, sendo o bagaço de malte com 40% de
umidade, o mais atrativo em função do regime de trabalho escolhido ser o
mais rentável. Outro fator importante nesse estudo é a dispensa com os
custos da biomassa utilizada, pois a mesma é gerada dentro da própria
empresa, dispensa também a necessidade do transporte dessa biomassa,
evitando custos com fretes e os riscos de acidentes ao longo do caminho.

Todas as formas de reutilização ou reaproveitamento de energia são


consideradas nobres e significativas, pois estamos diante de um grande problema
para desenvolver formas de preservar os recursos naturais e reduzir o impacto
causado pelos processos industriais.
108

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

 Realizar a redução da umidade do bagaço de malte em prensa mecânica ao


invés de secador.

 Estimar os custos da aquisição de uma caldeira de biomassa e de uma planta


de secagem.

 Realizar a determinação do poder calorífico superior em outros níveis de


umidade e realizar a determinação do poder calorífico inferior.
109

8. REFERÊNCIAS

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