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O facto é que tudo o supra citado se da por razoes múltiplas, em primeiro porque a grosso
modo há de facto muitas variáveis influenciadoras, valores éticos morais e culturais, o
desenvolvimento que inclui a própria construção de personalidade, as mudanças significativas,
mais, é de recordar que a vida é como uma construção que tem de ter uma base solida,
porque a mentalidade muda , as circunstancias de vida mudam, os contextos e tipo de
sociedade transformam se com o tempo, e tudo esta em constante mudança, e é dado
confirmado, neste processo longitudinal designado de vida, que nos temos de adaptar
constantemente.
Pautado nestes aspetos o comportamento é de certo modo dinâmico, dado que nada é
estanque no que a este diz respeito, muito menos quando se fala em desajuste
comportamental ou caminho desviante, dai a trajetória de vida ser tao importante, porque é
determinante o reconhecimento deste processo LIFE span de cada um de nos.
Mesmo que enquanto seres humanos, disponhamos de certas skills que trazemos connosco
logo a nascença e ate se sabe que há também fatores genéticos preponderantes e
influenciadores, o nosso comportamento é acima de tudo conseguido pelo processo de
socialização que marca a nossa forma de aprender.
Dessa forma, nada muda senão mudar primeiro a mente, esta é uma realidade, e quando
estimulados inequivocamente para fazermos e praticarmos o mal, toda essa integração de
dados acoplada a uma falta de reajuste ou desadequação, acaba por ser transformada em
comportamentos violentos, que só conseguirão posteriormente ser explicados por modelos
cognitivo comportamentais, colados depois e por sua vez a estas experiências anteriores
sabemos que de certa forma a infância marcada por violência, marcara toda a vida da pessoa,
e isso traduzir se a em certos casos em ciclo vicioso.
Dessa forma, a integração destas pessoas desaparece, porque o autoconceito que é aquilo
que eu penso que os outros pensam sobre mim, descamba em certos e determinados
processos de rotulação e piora a situação quando interiorizados precocemente, sendo que,
estes processos de rotulação acabam por levar a pessoa a agir em plena conformidade com
eles e a definir a sua autoimagem, forma de ser de estar e de agir, prejudicando a sua auto
estima, e por isso se faz necessário saber mais sobre a vida da pessoa, há toda uma génese
uma origem, e o comportamento atual é sempre na sua maioria das vezes fruto destas
conceções anteriores.
Depois entra a avaliação em que tendencialmente avaliamos uma pessoa pela sua forma de
se comportar, mas quando baseados apenas nas primeiras impressões nunca conseguiremos
desenhar ou inferir que aquela pessoa é assim, o avaliar é difícil porque implica sempre um
processo de investigação, onde a rotulação ocorre indiscriminadamente, mesmo que não se
queira nos seres humanos nunca somos totalmente imparciais, e tem de haver todo um
cuidado ético, principalmente porque a imparcialidade é um aspeto a ter em conta pois
alimenta uma objetividade que se faz necessária e sabe se que, avaliar é uma ciência e uma
forma empírica de se obter a aproximação a uma exatidão de resposta, senão estaremos a
rotular pessoas, e há uma auto imagem, autoestima e autoconceito, a defender, sendo que,
este ultimo que é aquilo que eu penso que os outros pensam sobre mim, nas questões de
rotulação secundaria pode despontar uma necessidade permanente na pessoa que a faca
definir se como a rotulam.
Há aqui um fator de risco, que emerge, é que a ciência por sua vez só é ciência quando
existirem estes três elementos, imparcialidade objetividade e exatidão nas suas respostas e
isto é extremamente difícil de ser alcançado quando se quer explicar determinado
comportamento violento, principalmente nas questões psicométricas, e se de certa forma, os
seres humanos, enquanto profissionais não se absterem de pré conceções.
Ate porque Moffit já denominava teoricamente duas vias de desenvolvimento que são
distintas entre si , mas que são explicativas de comportamento ofensor, nomeadamente
crianças que começam por cometer pequenos delitos mas que com o tempo acabam por se
enveredar em atos criminosos, e outros que acabam por cometer alguns delitos e pequenos
crimes também muito devido a irreverencia da fase da juventude, fase em que o risco é um
elemento apetecível, e iminente característico da idade, mas só que ficam por ai , a designada
via dos ofensores limitados a adolescência.
Tendo esta panóplia de fundo explicativa de que o comportamento violento não surge do
nada, muito pelo contrario, então é necessária uma reflexão sobre a teoria desenvolvimental
da coerção, porque é um facto comprovado que pais passivos demais ou autoritários demais
vão ter sempre influencias, são dois polos, que recaem sobre o comportamento dos filhos,
primeiro porque aprendemos por modelagem e depois na infância tal como na adolescência,
há comportamentos coercivos que estão constantemente a ser observados e que se
configuram no seio familiar, desde logo o ambiente em casa, que prejudica a formação de
valores, a escola por exemplo já é muitas das vezes o palco onde jovens descarregam as suas
frustrações, embora que não exista uma linearidade de respostas mas parte se da ideia de que
as influencias socio ambientais sejam as que mais se demarcam no desenvolvimento
comportamental do individuo.
Outra das explicações conduz nos diretamente as predisposições, uma noção baseada na
teoria psicodinâmica e psicanalítica de Freud, em que nos seres humanos já nascemos com um
tipo de energia violenta, e que caso não sejam dadas as condições necessárias para dissiparem
estas energias, nomeadamente as crianças, esse comportamento reprimido acabara por ser
influente na formação da personalidade, com uma grande probabilidade de virem a responder
com violência as situações ao longo da vida, outros autores como John Dollard foi ainda mais
longe com a hipótese de agressão- frustração, admitindo que a agressão seria resultado direto
da frustração, ou seja uma resposta automática repleta de violência, portanto a agressão será
vista como uma consequência da frustração.
O que se sabe de facto é que a agressão acontece, mesmo que não seja inata e que a premissa
básica seja a da teoria da aprendizagem (aprendizagem vicariante), a pessoa acaba sempre por
aprender de assimilar e de acomodar conhecimentos que lhe permitem agir em sua auto
defesa, só que não se deve misturar auto defesa com comportamento violento, e como
podemos então ver esta situação, se olhar mos ao modelo geral da agressão baseado em
estruturas de conhecimento, há três estruturas que são as que se nomeiam de esquemas , os
pessoais, todos temos valores diferentes, os percetuais a percepção que tantas e tantas vezes
nos engana e que configura a grande parte dos nossos atos, e os scripts comportamentais,
preconizando assim que certos inputs situação/estimulo despoletam um estado interno que
por sua vez ira ser a fonte de uma determinada ação sem esquecer outros fenómenos
explicativos de comportamentos.
Estes outros fenómenos colam se aquilo que se pode designar de fatores de risco, a pobreza,
que traz efeitos cumulativos ao longo da vida, nos vários períodos de desenvolvimento e não
apenas no atual, ate porque se salienta o processo longitudinal em que a falta de recursos
continuada e as condições difíceis em que certas famílias vivem , também dificultam o acesso a
uma boa educação das crianças, no sentido do acesso a esses recursos, e depois as influencias
de pares antissociais, que pode levar ao consumo de substancias e depois ao role play
vivencial, subjugado por esse tipo de vida, a literatura demonstra que grupos depares tem uma
influencia enorme no comportamento e na conduta principalmente nos jovens.
Depois o insucesso escolar, que esta de fato intimamente conectado com o desenvolvimento
antissocial de comportamentos violentos, e temos de ter cuidado novamente com as
rotulações, insucesso escolar não e reportar com isso reduzidos níveis de inteligência, e assim
o nível de inteligência também não faz com que a pessoa se envolva mais ou se envolva menos
numa atividade criminal, atentando a que questões de inteligência misturadas com outras
variáveis possam ter essa causa efeito, e ainda se falarmos depois em fatores familiares como
a monoparentalidade estaremos a navegar sem bussola, pois não se sabe ao certo sobre, e
existe pouca evidencia na explicação de como essas condições afetam o envolvimento no
crime.
Por fim há outros aspetos a considerar como os problemas a nível socio emocional e
comportamental dos pais que se tiverem um desenvolvimento cognitivo mais pobre este
poderá ser um forte indicador para virem a surgir comportamentos indesejáveis, e veja se os
casos em que há de facto uma psicopatologia dos pais por exemplo o caso do pai ou da mãe ou
ambos depressivos, um cenário indesejável.
Fatores como a falta de empatia, não tem de haver de todo um determinismo explicativo, mas
vai acontecer na maioria dos casos os estudos apontam para a ligação entre níveis baixos de
empatia poderem vir a corresponder a maiores níveis de crueldade e violência, depois os
défices cognitivos e de linguagem, o que pode dar como resultado direto problemas de
conduta nas crianças e jovens, ate na própria aquisição da linguagem, mas não só muitas das
outras competências que serão necessárias poderão ficar comprometidas, bem sabemos o que
Vigotsky acentuava que a linguagem é o meio essencial necessário para o bom
desenvolvimento do ser humano, nomeadamente como a função superior que permite
desenvolver o pensamento, a equação final será um aumento dos níveis de frustração que
poderão resultar em agressividade.
Depois muitas das questões passam por evidenciar que défice de atenção e hiperatividade, faz
também com que um quarto dos indivíduos com estes problemas tenham uma maior
probabilidade de desenvolver condutas antissociais principalmente no período da
adolescência, ou crimes em idade adulta, parte se da teoria dos impulsos, a falta de controlo
dos impulsos. O perigo depois esta também nas questões de motivação, pois por detrás da
motivação esta a intenção, por isso entramos ai no campo legal, com questões de
inimputabilidade, que não será excluída quando a anomalia psíquica tiver sido provocada pelo
agente com a intenção de praticar o facto, tendo em conta que é sempre necessário que se
comprove que no momento efetivo do crime a pessoa estaria num episodio ativo de
perturbação, isto é não é o diagnostico que vai inimputar a pessoa, o que Sô demonstra que a
avaliação não se deve conter apenas a aplicação de testes, o que comprova que os testes
avaliam o momento, mas não avaliam o todo da pessoa.
A importância de explicar que os comportamentos violentos tem uma génese vai recair na
ideia da necessidade de entrevistas e observação como os componentes centrais , pois são
estas técnicas que nos providenciarão outras informações que vão para alem dos testes , para
alem disso a recolha ou triagem dos dados deve ser apoiada por informações de outros
informadores significativos, tudo isto porque há uma historia de vida carregada de
experiencias que de facto ajuda ( os técnicos) a entender quem é aquele sujeito e porque é
que teve este tipo de comportamento.