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Universidade Lusíada de Lisboa

Ano letivo: 2021/2022


3º Ano – 2º Semestre
Regente: Prof. Doutor Manuel Monteiro

Parte I

 1. Conceito de Ética

O conjunto de regras que regem o meu comportamento numa área profissional, estamos já no
campo da Deontologia. Exemplo: Um jornalista tem de ser imparcial e não revelar as suas
fontes, só em caso em que o tribunal requerer, ou o facto de o psicólogo, ter de manter o sigilo
quanto ao que o cliente lhe confidenciou.

Segundo o professor antes de sermos cidadãos somos primeiro seres humanos, sendo assim a
cronologia:

Ser Humano Cidadão Profissional

Todos os seres Humanos, na Declaração Universal dos Direitos do Homem, não a do Cidadão,
porque como a cronologia explicita somos antes de cidadão, ser Humano, quer dizer assim que a
declaração mencionada refere que independentemente da cor de cada, um somos seres humanos
e com direitos. Sendo assim, existem duas correntes: a do Direito natural e a do Direito positivo.

Um exemplo, em que nós portugueses e muitos outros países temos um sistema jurídico, em que
os pais não podem deserdar os filhos a não ser ao colocar uma ação em tribunal, os pais tem
uma quota disponível, ou seja dos seus bens, podem dispor livremente de uma parte, mas há
uma parte que caso não tenha havido nenhuma ação para deserdar não podem mexer porque é
obrigatório deixar aquela parte dos bens aos filhos.

Os ingleses por sua vez, dizem que o pai tem o dever de educar os filhos até uma determinada
idade, e a partir dai deixa-se os bens, se os pais assim o quiserem. Porque se entenderem deixar
à senhora cabeleireira de baixo ou a quem quiserem, podem porque os bens são seus.

Na Austrália a questão de uma filha e de um pai que tem relações sexuais, atuando como um
casal, e que o caso foi para o Supremo Tribunal, em que estes indivíduos evocaram a liberdade
individual e que o assunto era deles e de mais ninguém.

A questão aqui importante a colocar é se o valor da liberdade individual ou o valor de


comunidade, se sobrepõem face um ao outro. Ex: um caso de um colega do porto que no
caminho de regresso da queima das feitas, no autocarro que se encontrava, com mais uma
colega, decidiram fazer sexo no autocarro, face a isto privilegia-se a liberdade individual de
fazerem o que lhes apetece ou deve haver regras de condicionem o comportamento destes
indivíduos.

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Deve ou não haver regras numa sociedade? E o porque dessas regras? Porque as fizeram? Outra
questão importante para entender o que é a ética, é a questão se é certo ou se é um dever nosso?
A questão de um indivíduo hackear a Vodafone, é um excelente profissional, mas um aldrabão
ou o facto de alguém roubar um computador e de virmos quem o fez, denunciamos ou não.

As nossas atitudes na sociedade são avaliadas de acordo com a lei. Ex: alguém é apanhado a
copiar, este ato viola uma regra jurídica que é estabelecida pela instituição de ensino.

Mas o plano ético, é muito antes disso, o que importa neste plano é se a pessoa tem ou não tem
honra, valores, princípios, etc. Aqui estamos a falar do caráter, da honra, avaliando o
comportamento do indivíduo perante a sociedade e não se seguiu ou não a lei.

Outra questão qual o parâmetro é que define um comportamento ético de um não ético? É uma
questão bastante complicada. O caso de hackear a Vodafone ou de um psicólogo utilizar a
manipulação como forma de influência sobre o cliente. Demonstra por um lado bons
profissionais, mas por outro uns crápulas, sem caráter. Outro aspeto importante é a questão que
denota a desconfiança ou confiança da sociedade, sendo a do Norte mais aberta que a do sul.

O caso de deixarmos o carro fechado em vez de aberto, devido a uma necessidade de segurança,
alarmes em casa também revelam isso. Para além disso, o caso de um aluno que foi apanhado a
copiar, porque o professor regressou à sala porque se esqueceu do telemóvel. No Parlamento
europeu em que não precisavam comprovar que tinham viajado para o seu país, porque o PE,
confiava, mas depois mudou isso.

A ética tenta distinguir o bem do mal, ou seja o que nos convém (bem) e o que não nos convém
(mal). Mas, é difícil saber distinguir o bem do mal porque afinal de contas uma coisa pode ser
boa num aspeto e sob outro, ao mesmo tempo, pode ser má.

https://www.significados.com.br/etica/

Por exemplo: O fogo, pode ser-nos útil para nos iluminar num local sem eletricidade, mas se
tocarmos nele pode-nos causar queimaduras muito graves.

Então é a Ética que nos ajuda a saber o que devemos fazer, ou seja, a Ética é uma reflexão
moral sobre o que devemos ou não fazer para que tenhamos uma vida boa (sendo vida boa o que
nós realmente queremos e uma vida partilhada com pessoas do nosso lado e tratando-as como
pessoas que são e não como coisas, ou seja, se eu tratar alguém como uma coisa, então não terei
uma vida boa, visto que estarei supostamente a viver com coisas e por isso estarei sozinha, na
solidão).

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Por todos estes motivos, podemos concluir que a ética é uma das bases de qualquer educação,
porque nos ajuda a tornar uma pessoa e não uma coisa, ou seja, uma pessoa é um fim em si
mesma, não pode ser utilizada como um objeto para chegar a um objetivo, mas as coisas têm um
valor relativo porque dependem geralmente de uma pessoa (no caso da caneta, se uma pessoa
não a utilizar, não terá qualquer valor). Um dos grandes temas de debate da ética é o sentido de
liberdade (o poder que alguém tem de dizer que sim ou que não, e ter a consciência de que
qualquer que seja a nossa decisão, temos de ser responsáveis pelas consequências que essa
escolha possa trazer, portanto, liberdade está relacionada com a responsabilidade).

 1.1. Conceito de Moral:


Etimologicamente a palavra moral está ligada aos costumes (costume é uma espécie de rotina,
por exemplo, todos os dias úteis, quando não estou de férias, costumo levantar-me e preparar-
me para a escola) e também com as ordens. Moral é um conjunto de normas que costumamos
aceitar como válidas.

Moral carateriza-se por preceitos e regras, estabelecidos por uma sociedade, regulam o
comportamento de quem dela faz parte. Ética O objeto de estudo da ética são os princípios que
orientam as ações humanas e a capacidade de avaliar essas ações. A moral se fundamenta na
obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. Já a ética,
busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.

O filósofo inglês Bernard Williams (1929-2003) afirma que o objetivo da ética é responder às
questões: "Como viver?" ou "Qual é o modo de vida que conduz à felicidade?". A moral,
por outro lado, diz respeito aos deveres impostos pela sociedade, como não roubar, não mentir,
não matar etc.

A questão da ética e a moral, em que medida a perceção moral religiosa condiciona ou não um
comportamento correto. A questões poligamia é ou não uma questão moral religiosa. A
definição do comportamento correto não deve estar presa questões da moral religiosa. Sendo
este o primeiro tópico da matéria. O segundo quem primeiro pensou e escreveu sobre o que é o
pensamento ético. O terceiro consideração o que é um mundo e uma sociedade justa em que
circunstancias.

Relativamente às doutrinas, elementos de estudo: os tópicos que o professor vai enviar para os
delegados, o livro da História da ética Allases (está no programa da disciplina).

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Ética e moral duas questões práticas: A china anunciou há anos atrás, que estava em condições
de criar um bebê inteligente, de altos níveis de inteligência. A China através de um cientista
veio-nos dizer que se pode criar o tipo de indivíduo que queremos.

Uma autora francesa veio dizer no seu livro que a sociedade era injusta e que a mulher era
tratada de forma desigual, não a níveis superficiais e que a sociedade só era justa se escolhesse o
tipo de filho que queria ter e a sua constituição, sendo o ponto auge da liberdade da mulher. Não
obstante de a ciência o poder fazer é não ou justo de o poder fazer? Sendo assim o problema da
ética e da Moral. Imaginemos Maria pede à mãe que se engravide por ela, mas é filha de Maria
e da mãe, também acaba por ser mãe de Maria, onde delimita onde começa e acaba a minha
liberdade individual e quais os limites da mesma face a mim.

O 25 de abril de 1974, uma das grandes mudanças foi que não devia continuar a existir filhos de
pai incógnito, porque não se sabia quem era o pai, sendo uma vitória política e cultural. Hoje
imaginemos uma criança que nasce de um doador anónimo, a criança nasce, mas tem no ponto
de vista jurídico um pai, mas não o pai originário.

Temos que saber refletir em função do todo e não na parte, assim sabemos dar uma opinião
fundamentada. Se todos decidirmos que que queremos ter olhos azuis, ou cabelos naturais
contraria o que é natural ao ser humano. Há pessoas que a nível físico não são tão bonitos, mas
que a nível interior é belo, isto é visto do ponto de vista da ética. É ou não correto fazer o que a
ciência pode fazer?

A autora francesa diz que será livre quando não precisar de nenhum homem para acasalar, e
escolher a constituição do filho que quer ter. Exemplo: Um cientista quer ser Deus, controlando
o tempo que podemos viver, imaginemos que a ciencia consegue? Dualidade ética e moral esta
questão. A ciencia esteve limitada por questões da moral religiosa. Quem pode limitar o que a
ciencia pode fazer é o legislador, e quais os valores a que este se condicionará.

Distinção entre ética e moral:

 Moral é um conjunto de normas que aceitamos como válidas.


 Ética é a reflexão moral sobre o porquê de considerarmos tais normas válidas.

 2. As Doutrinas Éticas: Os Antigos

 2.1. Platão e o Idealismo Platónico

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Platão entendia que uma sociedade só é ética, se uma sociedade tiver um comportamento
correto, valorizando a verdade em favor da amizade. Teve a ideia da sociedade ideal e que
realisticamente não acontecerá. Sendo possível alcançar uma sociedade ética se mudássemos as
regras de funcionamento da sociedade, tendo assim outros modelos conceptuais e de educação.
Naturalmente, tenderei a privilegiar os meus interesses em vez dos outros se me for útil, temos
que contrariar a tendência natural do ser humano, cortando a mal pela raiz.

Existe uma ligação entre a mãe e o filho cortando o cordão umbilical, e essa separação física
não elimina a ligação emocional, o que levará a que essa ligação tende a favorecer essa ligação,
tendo assim a tendência de nos protegermos um ao outro, o que é visto como Platão não ético.
Exemplo: se ocultamos em nome da amizade a verdade, então é um comportamento não ético.
Exemplo: se for filha ou sobrinha do professor monteiro, privilegiando a sua relação de
parentesco há uma relação de suspeita ou então um juiz julgar o seu filho. Platão veio dizer para
não haver propriedade privada, defendendo retirar os filhos às mães.

Há uns tempos questionava-se a ética do governo por ter pai e filha no governo, não é ilegal e
ninguém questionou, só questionaram na perspetiva ética. A questão ilegalidade ou não, não é
para aqui chamado, mas sim se o comportamento é certo ou errado. Uma sociedade que tenta
resolver problemas éticos através da legislação é uma sociedade manca, muitas vezes tudo se
resolve através do consenso. A questão da verdade é relevante. A nossa tendência é para falar a
verdade ou para ocultá-la? Esta situação da verdade, não é assim tão transparente, como o
exemplo que recebe um doente em fase terminal, deve dizer ou não a verdade, que este vai
morrer.

O professor passou por isso, em que o médico perguntou se podia dizer que essa pessoa estava
em estado terminal. E quando o paciente perguntou se poderia ser salvo, o médico disse que
iriam trabalhar nisso, sabendo que este iria morrer. De acordo, com Platão era eticamente
errado. A falsidade deturpa os factos, isto é visto, caso sejamos testemunhas em tribunal. Falar a
Verdade não é compatível com a realidade, imaginemos de perguntar a receita especial da Coca
Cola, assim estão a violar o seu sigilo. Aristóteles contraria completamente o que Platão,

A ética é a ciência pratica do bem, e o bem é aquilo que todos querem, esperam e desejam
alcançar, fazendo uma distinção entre comportamento e bem. O bem é o cumprimento da lei e o
respeito pelos costumes. O bem é o respeito pelo aquilo que é natural ao ser humano, dizendo
Platão que é ser natural ao ser humano ser proprietário, e este abomina toda a propriedade,
mesmo de mãe e filho.

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Segundo o filósofo, uma sociedade só é ética se os elementos que a compõem priorizarem


sempre a verdade em vez da amizade. Isto é complicado, pois uma mãe sabendo que um filho
cometeu um crime, não o vai denunciar. Assim, na lógica de Platão aquele que para
salvaguardar uma amizade não diz a verdade, não é amigo. Platão tinha a perspetiva de que a
honra se sobrepõe à lei escrita.

Para Platão, este mundo sensível em que nos movemos é uma cópia, uma participação do
verdadeiro mundo: O mundo das ideias. Do mundo ideal provém o homem, pela sua alma, e a
ele há de voltar utilizando as suas forças: A inteligência, a vontade e o entusiasmo. Comporta-se
bem, moralmente, é dar-se conta de que a autêntica realidade é a ideal: "sou muito amigo de
Sócrates, mas sou mais amigo da Verdade". Atuar eticamente é atuar segundo o logos melhor,
com retidão de consciência. A inteligência, bem utilizada, leva ao Bem, que é "o primeiro
amor". E com o Bem está o Belo e o Justo.

 A verdade, é um valor ético individual, essencial, e é mais importante que a amizade.

 Se procuramos o Belo e o Justo, terá de ser através da Verdade.

A Verdade é o comportamento essencial da Ética: Só mudando a sociedade é que o mundo


ideal existiria. A sociedade de hoje é imperfeita. Só na sociedade perfeita é que o valor da
verdade superará o valor da amizade.

Para isso acontecer, é necessário em 1º é necessário abolir a família e em 2º a propriedade


(sentimento de posse: bem-estar e comodidade). O estado deve educar os filhos, na busca do
homem novo: dever em cima dos sentimentos.

Se não existir verdade existe corrupção, ou seja, existe falta de legislação, falta de regras. Não
podemos esperar que uma sociedade seja justa ou correta, enquanto nós cidadãos sejamos
injustos, falso, e não verdadeiros, de forma a obter apenas e só a sua satisfação pessoal e/ou
profissional. Platão tinha a perspetiva que nunca poderíamos esperar uma sociedade justa e
honesta, se os elementos desta não o fossem.

Mesmo que as pessoas sejam educadas, o valor da amizade acaba sempre a ser mais forte.

Exemplo: Uma mãe (muito provavelmente) nunca vai duvidar de um filho.

Platão tem em vista a harmonia, a felicidade e até mesmo a perfeição dos homens. Platão
idealizava a sociedade perfeita, na qual cada um dos seus elementos, desempenhava uma
especifica tarefa. Esses elementos, enquanto membros de uma classe, integrantes na

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Comunidade (a Cidade ou o Estado), deveriam agir em função da felicidade do conjunto, do


todo.

Platão diz que os homens agirão em função do resultado esperado, neste caso da satisfação das
necessidades. Platão também afirma que “se alguém pratica uma ação em vista de um
resultado, é esse resultado que quer e não a ação praticada”. E nesse sentido os homens
procuram alcançar o bem, pelo que é.

A ideia de uma Cidade em que o bem-estar coletivo e a ausência de interesses egoístas


individuais estejam presentes, tendo em vista alcançar a justiça social e que consiste em dar “a
cada um a função social que merece pelo conjunto das suas qualidades físicas, intelectuais e
morais”, conduz a uma sociedade que é a um tempo inigualitária e igualitária. É inigualitária a
partir de uma situação de igualdade, uma vez que todos recebem uma educação idêntica, sob o
ponto de vista intelectual, moral e físico e só depois é que serão selecionados os melhores para
entrarem na classe dos guardas, e posteriormente, dos chefes (dos guardiões perfeitos); e é uma
sociedade igualitária, porque desde logo porque igual é a finalidade para que todos e cada um
dos seus membros estão orientados.

É a igualdade nos objetivos e nos fins. A Educação surge aqui como um algo de destaque.
Platão considerava que a educação seria determinante para a implantação do seu modelo e dai
ter fundado uma escola, a Academia.

Tudo isto, porque uma sociedade perfeita, nasce quando o valor da verdade e da objetividade é
correta. Aquilo que é avaliado é a sabedoria do individuo, ou seja, a sua verdade. Para Platão, a
Ética está, em última instância, baseada na aspiração do homem a tender para Deus.

 2.3. O conceito de Verdade de Platão (aprofundado):


A verdade, segundo Platão é que ela precisa estar sempre a ser procurada. A verdade não é
algo concreto, palpável. Não se pode dizer dela: essa, a verdade. Ou a verdade das verdades.
Tudo é relativo. Se a pessoa fica passiva a olhar apenas para a aparência das coisas, ela morrerá
na ignorância pensando, talvez, ser a dona da verdade, quando conhece apenas a superfície
sombria das aparências. Para conhecer a verdade (ainda que provisória) das coisas, é
necessário agir, caminhar, interrogar-se em busca do conhecimento, da luz, da explicação mais
razoável do porquê que existem as sombras e aqueles que nelas acreditam. As sombras são
toda a realidade e toda a verdade para aqueles que não saem da caverna e se contentam
em acreditar nelas. Cada pessoa deve a si mesma um melhor conhecimento do mundo real, e

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para isso precisa mover-se em direção à luz do conhecimento mais amplo desse mundo, da vida,
da realidade.
Uma pessoa, um grupo de pessoas, uma grande parte da sociedade, comportam-se como
sombras desinteressadas da luz do conhecimento, contentando-se com o que é dito e mostrado
nos canais de TV que funcionam como sombrias realidades, induzindo-as a aceitar tudo que
mostram como se essa realidade à mostra não pudesse ser diversa, como se as forças sociais por
trás delas, não pudessem agir de outra maneira, segundo outros, novos, paradigmas.

Essa realidade mostrada na TV pode ser vista como a sombra atualizada da caverna de Platão.
As pessoas voltadas para a contemplação dos acontecimentos sombrios se isentam da
responsabilidade de se movimentarem rumo a alteração dessa realidade da sala de jantar
globalizada por interesses que, presume-se, não são os delas. O televisor está cada vez mais
prestigiado, violento, corrompido pelos que tiram proveito dessa corrupção das vontades
(individual e coletiva) enquanto entretenimento sombrio para os observadores passivos dessas
sombras semoventes da realidade do horário nobre da sala de jantar.

A verdade para Platão é que o conhecimento exige movimento, superação da passividade. A


busca da verdade sugere que a pessoa possa afastar-se do lugar sombrio no qual ela se reflete
enquanto sombra.

 Resumo de Platão
 Platão foi autor de várias obras, entre elas: “A República”, “A Politeia”, “Leis”,
considerando a sua última e grande obra “O Político”;

 Foi identificado por muitos autores como " ... o primeiro defensor das ideias
comunistas" e como aquele que terá dado o pontapé de saída, na idealização do
Estado totalitário. É certo que há quem tenha considerado o totalitarismo de Platão,
como "… puramente racional e construtivo...", um totalitarismo que "…
assentava numa base ética universalista, todo projeção da ideia pura", um
totalitarismo que " pouco tinha de comum com os totalitarismos modernos...",
mas esta posição está longe de ser consensual. Platão só reconhece um só critério
último, o interesse do Estado. Tudo o que o favorece é bom e virtuoso e justo, tudo
o que o ameaça é mau, pernicioso e injusto. As ações que o servem são morais, as
que o põem em perigo, imorais.

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 O código moral de Platão é estritamente utilitário; é um código de utilitarismo


coletivista ou político. O critério de moralidade é o interesse do Estado. O interesse
do Estado, concebido e definido como um fim em si próprio, independentemente
dos meios utilizados para se alcançar tal fim, serviu de mote à implantação dos mais
cruéis e desumanos regimes. A prova disso são as ditaduras totalitárias que se foram
implantando pelo mundo e algumas que ainda perduram hoje. Quando a prepósito
da melhor forma de governo e do modo como os chefes devem exercer o poder
considerou que " aqueles que exercem o poder, quer governem em liberdade ou
sob opressão, respeitando as leis ou desprezando-as, (…), devem ser, (..),
considerados governantes, qualquer que seja a sua arte de governo".

 Cidade Ideal- que cada um indivíduo não é autossuficiente então necessita de outro
e assim sucessivamente, ajudam-se dos indivíduos todos vão dar origem a uma
cidade.

 - As tarefas da cidade devem ser repartidas pelos habitantes em função das suas
naturais aptidões.

 - Três classes: guardiões-ouro (possuem na sua composição um metal precioso por


isso governam), militares-prata (asseguram a defesa e segurança) e os artificies-
bronze (produzem e garantem o sustento da comunidade). - Particular atenção a
quem governa, um guardião " do Estado e das leis", os que governam devem ser
assim " os mais firmes e corajosos e até onde for possível, os mais formosos". A
educação deste modo uma preocupação fulcral no pensamento de Platão, uma vez
que " uma educação e instrução honestas (...) tornam a natureza boa. - Relevante a
forma como os guardiões devem viver que não devem possuir algo próprio deles só.
- A cidade então poderá definir-se como justa, quando nela existam três classes,
cada uma com as suas tarefas, e quando a esse princípio de justiça estiverem
associadas as virtudes da "temperança", da "coragem" e da "sabedoria"

 Com Platão nascem novas ideias e novas formas de pensar a Cidade, tendo em vista
os objetivos de harmonia, de felicidade e até de perfeição dos homens. Platão
idealiza a sociedade perfeita, na qual cada um dos seus elementos, desempenhava
uma específica e pré-definida missão.

 2.4. O Realismo Aristotélico:

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Segundo Aristóteles, a Ética é a ciência prática do BEM: O bem é "o que todos desejam", já
que ninguém atua pretendendo o mal. Se escolhe algo que é (para os outros) mau, fá-lo porque o
julga o bem.

O homem é um ser vivo, um animal político, ou seja, é um ser eminentemente social, que
necessita de outros homens para viver. Há que ter em conta a perspetiva não só de
naturalidade como de necessidade, no pensamento de Aristóteles neste domínio. É natural que
os homens queiram viver com outros homens, mas é também necessário que assim seja, pois,
um homem que viva sozinho não é autossuficiente, e desta forma, não conseguirá sobreviver.

Ora o estado de suficiência do Homem, é encontrado na Cidade, na Pólis, local onde tem origem
a política. Sendo assim a Cidade, o ponto em que os homens se encontram e se associam, para
em conjunto viverem, quer a Cidade quer a Política, surgem como algo natural na existência
dos próprios homens.

Para Aristóteles não havia distinção entre sociedade civil e sociedade política, para ele, toda a
sociedade era por natureza uma sociedade política.

O bem de cada coisa está definido na sua natureza e esse bem tem para o agente razão de
objetivo, de algo a alcançar. Atua-se para atingir esse bem, que é a perfeição a que é chamada a
"natureza humana concreta". Do bem depende, portanto, a autorrealização do agente, o seu
prazer, a sua felicidade.

O bem próprio do homem é a inteligência e, portanto, o homem tem de viver segundo a razão.
Seguindo a razão, chega-se às virtudes, à vida virtuosa e a virtude é mais importante é a
sabedoria.

 A virtude, diz, que é um hábito que torna bom quem o pratica . A virtude é um
cume; é o que há de mais oposto à mediocridade. Portanto, a sociedade perfeita, é onde
cada um de nós tem um comportamento justo.
 Justo é aquilo que é equitativo. Aquilo que é atribuído a cada um consoante o seu
mérito. Pressupõe que é necessário tratar tudo o que é igual por igual e tratar tudo o que
é diferente por diferente – Comportamento Ético.

Ter um comportamento justo é racional? Aquele que é destituído da razão é que não pratica o
bem. Porque é que alguém quer ter mais do que aquilo que merece? Praticas o mal, para quê?
Não há lógica para isso, pois poderás ser descoberto amanhã. Pratica o bem, sê correto, pois traz
benefícios.

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OU SEJA, a Ética aristotélica realiza uma interpretação das ações humanas fundamentadas em
análises de meio e de fim, resultando da definição de determinadas práticas humanas onde o
conteúdo moral estará relacionado à prática de ações específicas. Tais ações devem ser
implementadas não apenas por parecerem corretas aos olhos de quem as pratica, mas porque
através dessas ações o homem estará mais próximo do bem.

Aristóteles, em seu livro “Ética a Nicômaco” (1097 b), afirma que esse bem supremo nada
mais é do que a FELICIDADE. Através das ações positivas, praticadas num contexto ético e
moral, o homem materializa o bem, alcançando a felicidade:

Ora, parece que a felicidade, acima de qualquer outra coisa, é considerada como esse
sumo bem. Ela é procurada sempre por si mesma e nunca no interesse de outra coisa.

Enquanto a honra, o prazer, a razão, e todas as demais virtudes, ainda que as escolhamos por si
mesmas (visto que as escolheríamos mesmo que nada dela resultasse), fazemos isso no interesse
da felicidade, pensando que por meio dela seremos felizes. Mas a felicidade, ninguém a escolhe
tendo em vista alguma outra virtude, nem, de uma forma geral, qualquer coisa além dela
própria.

Ressalte-se, no entanto que quando se fala em felicidade, se refere à verdadeira felicidade,


aquela que abranda almas e corações, e não à pseudo felicidade, que advém de conquistas e
atitudes que massacram o semelhante e determinam um mórbido prazer ao algoz.

Para Aristóteles, a VIRTUDE está centrada no JUSTO MEIO, ou seja, os extremos de


qualquer situação devem ser descartados, buscando-se a chamada MEDIANIA. Assim, diante
de determinada situação, que exige uma decisão, o indivíduo deverá buscar o equilíbrio (que
não significa necessariamente exatamente o meio das opções), evitando os extremos. Tudo que
é extremo não conduz à VIRTUDE, deve haver um intermédio.

 Resumo de Aristóteles

 Foi aluno de Platão, mas, apesar disso, as ideias que mais contribuem para identificar o
seu pensamento são habitualmente apresentadas em oposição às do fundador da
Academia. “Aristóteles não é um idealista como o Platão, mas um realista”, e que
"Aristóteles dedica grande parte do seu tratado a criticar as ideias comunistas de
Platão...". Aristóteles foi, e continua a ser, quanto a nós, um pensador de incontornável
dimensão, que antecipou muito daquilo que habitualmente vemos associado a outros
períodos da história e a outros pensadores.

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 A visão que nos transmitiu do Homem e da Cidade, a forma como trouxe até nós o
conceito de Cidadão e como descreveu as modalidades para a aquisição da cidadania, o
modo como antes de todos explicou a importância da existência de Classes Médias, a
relevância que deu à distinção entre a Lei escrita e o costume, a atenção que dedicou à
Separação dos Poderes (nas suas palavras à separação das magistraturas), e até a defesa
de Tribunais diferenciados, são alguns exemplos da sua permanente atualidade. Só o
desconhecimento do pensamento e da obra que nos legou, ou a tentativa de conferir
destaque a certos momentos históricos através do silenciamento de outros, pode
justificar que não se reconheça a Aristóteles o que ele essencialmente, e em primeiro
lugar, pertence.

 Aliás, essa tendência para silenciamento do que foi defendido e escrito na "antiga"
Grécia, em geral, e por Aristóteles, em particular, é uma característica hoje presente em
muitos dos que pretendem atribuir apenas às revoluções liberais a defesa de ideias e
princípios, que tiveram origem na antiguidade. É uma característica que não podemos
partilhar e que o conhecimento da História das ideias políticas ajuda a esclarecer.

 É certo que muitas dessas ideias e princípios, nomeadamente aquelas a que nas linhas
anteriores nos referimos, sofreram evolução, não podendo ser hoje vistas como simples
decalque do que então foi preconizado, mas daí a ignorarmos a fonte de onde provêm
vai uma distância que não pode ser ignorada.

 Para Aristóteles, o Homem “... é por natureza, um ser vivo político", feito para viver em
sociedade, precisamente porque "aquele, que por natureza e não por acaso, não tiver
cidade, será um ser decaído ou sobre-humano..." e " quem for incapaz de se associar ou
que não se sente essa necessidade por causa da sua autossuficiência, não faz parte de
qualquer cidade, e será um bicho ou um deus".

 A Cidade é apresentada como a"... comunidade completa, formada a partir de várias


aldeias e que (…), atinge o máximo de autossuficiência". A cidade é "formada(..) para
preservar a vida..." e por isso se pode afirmar que ela “... subsiste para assegurar a vida
boa". Cidadão, Aristóteles dá-nos uma definição que mantém em múltiplos aspetos pela
relevância e atualidade. Ora vejamos o que nos disse o filósofo sobre "Cidadão" e
"Cidadania". Segundo o filósofo se há cidade, há cidadãos (a cidade é, nas suas palavras
"...um composto de cidadãos"), mas esse estatuto. Tudo dependerá, de acordo com os

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seus ensinamentos, do regime instituido, uma vez que ..." o homem que é tido por
cidadão numa democracia, muitas vezes não é uma oligarquia".

 Cidadão será assim aquele que tem a "… capacidade de participar na administração da
justiça e no governo", ou seja, aquele “... que tem direito de participar nos cargos
deliberativos e judiciais da cidade". O estatuto de cidadãos e a cidadania deve ser
concebida aos naturalizados, e aos filhos e aos descendentes daqueles cidadãos, que já
participavam no exercício das magistraturas.

 Enquanto Platão preconizava a abolição da Família, Aristóteles via na sua existência a


extensão natural do próprio homem, criticando de forma frontal as opções do seu antigo
mestre para quem o "comunismo familiar" era a solução a seguir, para que a sociedade
fosse perfeita, segundo Aristóteles "… tentar unificar absolutamente a cidade não é
(…), o melhor procedimento", desde logo porque da mesma forma que devemos
considerar vantajoso que a cidade seja “... o mais autossuficiente…", também deve
desejar-se que ela seja o menos unitária. No entanto, se par Aristóteles a defesa da
Família era um pressuposto de diferenciação, de uma diferenciação que não poderia
deixar de permanecer numa Cidade, também a sustentação dos laços naturais entre pais
e filhos estava presente nas suas preocupações.

 É elucidativo a este propósito o seu pensamento, quando afirma que “... se cada
cidadão chegasse a ter mil filhos, tais mil filhos não lhe pertenciam exclusivamente,
mas qualquer um seria igualmente filho de outro qualquer; em consequência todos os
pais menosprezariam todos os filhos".

 Propriedade privada: Enquanto Platão queria extinção da propriedade Privada, para os


que dirigiam a Cidade e para aqueles que tinham a função de a guardar, Aristóteles
queria a sua defesa, considerando ser "… claramente preferível que a propriedade seja
privada...", mesmo que "… a sua utilização seja comum", esclarecendo ainda não
existirem “... palavras para exprimir a importância de considerar uma coisa como
sua...".

 A Família, enquanto comunidade que corresponde à natureza individual de cada


homem, tem em Aristóteles um papel central na comunidade. Ela não é só uma das
bases dessa comunidade, como um dos seus fatores de equilíbrio. Há que reconhecer
que o conceito de Família não tinha então o mesmo significado que hoje lhe damos,

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uma vez que não se limitava a integrar o agregado correspondente às pessoas ligadas
entre si pelos laços de sangue.

 Família não correspondia só apenas a essas pessoas, mas também aos escravos de que
ela dispunha e a todos quantos dela dependiam, percecionando-se assim aquilo que hoje
também poderíamos identificar como unidade económica ou, num certo sentido, de
"empresa familiar". Não obstante as diferenças, isso não nos impede de colocar
Aristóteles como um dos primeiros e mais significativos defensores de tão importante
instituição social, contrastando em absoluto com o que tinha sido defendido e
preconizado por Platão, tal como nas páginas anteriores pudemos verificar.

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 Já quanto à propriedade privada, Aristóteles considerava que a posse individual não era

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um mal, antes traduzia o que de mais natural pode existir. É curioso constatar como
uma ideia tantas vezes associada, e até por vezes com foros de exclusividade, aos
 Comple me nto

A lei deveria ser limitada por preceitos de origem oral, eis a questão. André Jordan ligado
aos investimentos que fugiu com os pais da antiga Uc rania, para Portugal com os seus
pais para fazer os seus negócios. Na entrevista perguntaram -lhe sobre a Ucrania e o
desfecho da guerra, e diz que o mundo evolui de uma forma que o legislador que a
inteligência artificial não se de senvolvesse a um certo nível e que pode ria dar uma
sociedade imoral. S anto Agostinho falava da Guerra Justa, e sabemos que uma guerra
não é ética, como vemos com a Ucrania, e m que só pode sair mulheres e crianças e não
houve ninguém que falasse da igualdade, ficando os homens a lutar.

A ética aristotélica é a ciencia prática do bem e aquilo que cada um de nós que r, porquê ?
porque é isso que corresponde à razão humana, sendo este racionalista naturalista,
porque as pessoas querem o be m e isso é natural. Se e u for agre ste com toda a gente,
a teoria de Aristóteles é que benefícios ganhas com isso? Se tratas mal as pe ssoas,
chegam ao pé de ti bom dia e tu não respondes, ou dão te um abraço e tu das um estalo.
O be m é o que é natural e racional, e u vou me comportar a promover o bem porq ue é
isso que é natural e racional. A tradução prática: se todos cumprem os contratos comigo
porque é que eu não hei de cumprir?

Independente da questão jurídica, de não cumprir um contrato, falhei a níve l ético,


portanto, a ética é antes da lei. Se um árbitro é comprado por uma equipa, está a violar
regras jurídicas, mas antes disso, está a violar regras deontológicas/éticas. Ter c aráte r
ou não, não tem haver com a lei, e Aristótele s diz isso, a ética é uma virtude diz e le. A
perspetiva é de que a honra de uma pessoa não se avalia em função do cumprime nto
da lei. O caso dos oligarcas russos, que chegaram a Europa e fizeram ne gócios que
saiba legais e ninguém lhes foi pe rguntar onde é que ganharam o dinheiro, a postura do
negócio é te ns dinheiro compras, e não de onde vem.

Os adeptos não questionam a idoneidade desde que eles ganhem. A dada altura
questiona-se o que é um homem bom? Quando o se nhor do Face book chegou, ninguém
questionou o seu caráter, só há alguns anos é que se questionou o modelo de ne gócio
deste senhor. Geralmente, ninguém dá nada, sem pedir algo em troca, o caso de
financiarem uma campanha política, quem financia p ode pedir um favor.

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pensadores do período liberal, teve na "antiga" Grécia a sua génese e inicial


fundamentação. E veja-se ainda como o facto de se defender a propriedade individual,
não impede ou inviabiliza a possibilidade de uma partilha comum, através da utilização
dessa mesma propriedade admitindo-se que quem não sendo seu titular posso dela
também retirar benefício.

 Veremos mais tarde, quando analisarmos as ideias preconizadas pelos Democratas-


Cristãos, e mais concretamente pela Doutrina Social da Igreja, como a perspetiva da
partilha da propriedade, associada à sua utilidade social, se revela determinante na
apresentação de uma sociedade alicerçada no justo equilíbrio. Uma sociedade bem
distinta quer das sociedades coletivistas, quer daquelas que confundem a
individualidade humana com a promoção do individualismo egoísta. Em suma, e
retomando as conceções aqui aduzidas em defesa da Família e da propriedade privada,
podemos lembrar a feliz síntese de Aristóteles quando afirma que "existem duas coisas
que fazem com que os seres humanos sintam solicitude e amizade exclusivas: a
propriedade e a feição". Algo afinal, que reduzindo a natureza humana, revela com
realismo aquilo que profundamente caracterizam e motiva essa mesma natureza

 2.5. A Ética de Epicuro e o Epicurismo:

Criador do Epicurismo, afirmou que a sabedoria, a honestidade e a justiça eram


essenciais para uma vida feliz. Neste sentido, o objetivo da vida feliz é o PRAZER. No
entanto, não devemos confundir o prazer mencionado por Epicuro com o prazer
mundano.

Para Epicuro, o verdadeiro prazer consistiria na tranquilidade do espírito, que


conduziria ao grande fim da moral. Neste contexto, a ÉTICA seria a parte mais
importante da Filosofia, uma vez que caberia a ela indicar o caminho da Sabedoria, da
Honestidade e da Justiça, ou seja, o próprio caminho da felicidade.

O que deve fazer o homem? O que gosta mais. Ora, o que gosta mais é o que lhe é
agradável: o que lhe dá prazer. Epicuro considera que o homem se compõe de corpo
e alma - que que a alma seja também material uma matéria finíssima; os prazeres da
alma - o gozo - são superiores aos do corpo. A busca do prazer tem de estar regida
pela prudência e a prudência há de encaminhar-se à tranquilidade interior. Para tal,
mais do que desejar muito, é preferível diminuir os desejos. Não se trata, portanto, de

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ter mais, mas de desejar menos. O essencial é a autossuficiência, se preocupar com


nada, suportar tudo com tranquilidade.

Na prática, contudo, o epicurismo levou quase sempre a esta simples conclusão: É


lícito tudo o que produz prazer - Esta seria a substância da ética. A única
advertência é que a busca do prazer se faça sem intranquilidade, com domínio de si
mesmo, sem perturbação. O epicurismo histórico foi também bastante associal e é
este o aspeto que o utilitarismo irá procurar corrigir.

Segundo Epicuro, a posse de poucos bens materiais e a não obtenção de cargos


públicos proporcionam uma vida feliz e repleta de tranquilidade interior, visto que
essas coisas trazem variadas perturbações. Por isso, as condições necessárias para a
boa saúde da alma estão na humildade.

E para alcançar a felicidade, Epicuro cria 4 “remédios”:

1. Não se deve temer os deuses;

2. Não se deve temer a morte;

3. O Bem não é difícil de se alcançar;

4. Os males não são difíceis de suportar.

De acordo com essas recomendações, é possível cultivar pensamentos positivos os


quais capacitam a pessoa a ter uma vida filosófica baseada em uma ética. A felicidade
se alcança através de poucas coisas materiais em detrimento da busca do prazer
voluptuoso. O homem ao buscar o prazer procura a felicidade natural. No entanto
é necessário saber escolher de modo que se evite os prazeres que causam maiores
dores; quando o homem não sabe escolher, surge a dor e a infelicidade.

A virtude subordinada ao prazer só pode ser alcançada pelos seguintes itens:

Inteligência – A prudência, o ponderamento que busca o verdadeiro prazer e evita a


dor.

Raciocínio – Reflete sobre os ponderamentos levantados para conhecer qual é


prazer que é mais vantajoso, qual deve ser suportado, qual pode atribuir um prazer

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maior, etc. O prazer como forma de suprimir a dor é um bem absoluto, pois não pode
ser acrescentado a ele nenhum maior ou novo prazer.

Autodomínio – Evitar o que é supérfluo, como bens materiais.

Justiça – Deve ser procurada pelos frutos que produz, pois foi estipulada para que
não haja prejuízo entre os homens.

Enfim, todo empenho de Epicuro tinha como meta a felicidade dos homens. não
se restringiu apenas ao sentimento e ao prazer como normas de moralidade, mas foi
muito além de sua própria teoria, sendo o exemplo vivo da doutrina que proferia.

Se tivéssemos que resumir a ideia da Ética de Epicuro, certamente sua célebre frase
se encarregaria disso: “Faze tudo como se alguém te contemplasse”.

 Complemento

A ética estoica diz que cada membro da sociedade privilegia a razão á emoção.
Imaginemos: Um estudante finalista de X curso tem uma oportunidade extraordinária
de concorrer a um emprego, mas tem uma cadeira para concluir e senão a concluir
não consegue ir para esse emprego. E falha nesse exame e fala com o professor
sobre isso. Numa lógica puramente estoica o estudante não esta a ter um
comportamento ético, uma vez que está a condicionar o comportamento do professor,
como o professor na perspetiva estoica se conduzir a sua classificação por isso, mas
não esta a tomá-la pela razão, mas sim numa logica sentimental.

É impensável numa sala de aula tenha um familiar ou o filho, poderá sempre haver a
situação sentimental de o ajudar. Outra questão: é ético um professor almoçar com os
alunos? Isto divide-se em sim e não, por não o considerar ético. Nós estamos a falar
de princípios e valores do ser humano, antes daquilo que o legislador legisla.

Há muitas pessoas que dizem que uma sociedade justa é a que está regida pela lei,
mas é mais vista como um fator dissuadir de um mau comportamento. O problema da
sociedade não é um problema de comportamento legal, mas sim individual. Voltando
ao comportamento estoico, se nos regemos pela emoção do que pela razão, muitos
regimes políticos vieram dizer que a sua ação pela razão estoico.

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Os estoicos que vieram a introduzir a cidadania universal, em que a doutrina ética é


exigível a todo o indivíduo independentemente do sexo, etc. Houve regimes políticos
que se regeram em função da atuação estoica. Quando a União indiana se tornou
independente comunicou a PT em que dizem que o português tem a bandeira nos tres
locais sob a UI, e dizem para tirar a bandeira e estes não concordaram. Em dada a
altura, a UI decide invadir os 3 lugares e os militares avisaram a dizer que iriam ser
invadidos, e que estavam em desvantagem e os que quiseram fugir tiveram problemas
com o governo.

Em, que Portugal se sobrepôs a razão em vez da emoção em que morreram muitos
militares e as suas famílias sofreram. Houve um caso do Bush pai, em que o Iraque
invade o Kuwait, e este diz que ao povo que vamos lá fazer uma intervenção cirúrgica.
Está a dizer que podem matar, mas não vão ser mortos, dando a mensagem para as
famílias dos militares não se preocupem com os seus filhos.

A perspetiva estoica é sempre em função da razão, e daquilo que se considera certo.


Hoje há uma logica totalmente diferente, em que os pais por acharem que tiveram uma
educação rígida são mais benevolentes e por isso, dão telemóveis e etc.

 2.6. Zenão de Cítion e o Estoicismo:

Zenão, seguidor do estoicismo, que acreditava ser a VIRTUDE o grande fim da vida
humana. Segundo essa ética estoicista, a virtude moral é constituída de conhecimento
racional e força suprema, "no mundo acontece apenas o que Deus quer e o sábio
deve aceitar o seu destino". O estoicismo é, portanto, uma forma de viver
conforme a natureza, sendo seu tema fundamental a existência de uma ordem
universal racional.

Para os Estoicos, “a felicidade consiste em viver de acordo com a lei racional da


natureza e aconselha a indiferença (apathea) em relação a tudo que é externo. O
homem sábio obedece à lei natural reconhecendo-se como uma peça na grande
ordem e propósito do universo, devendo assim manter a serenidade e indiferença
perante as tragédias e alegrias”. Para o estoico, a vida feliz é a vida virtuosa, isto é,
viver conforme a Natureza, ou seja, viver conforme a razão.

O essencial é a retidão, a adequação à ordem intrínseca do mundo, a lei natural,


a lei divina, que mede o que é justo e o que é injusto. Para viver retamente é preciso

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lutar contra as paixões, contra as boas e a más, de modo que nada inquiete, nada
perturbe.

A ética estoica não é uma ética de conquista, mas de compreensão. Típico também é
o cosmopolitismo estoico, isto é, a doutrina de que o homem é cidadão não de um
país, mas do mundo. Igualmente característico é o seu sentido da igualdade de todos
os homens, e a sua forte dimensão pessoal.

 Complemento

A doutrina epicurista, para eu ter um comportamento ético, correto tenho que acima de
tudo sentir-me bem comigo próprio, se não estiver bem não tenho um comportamento
ético com os outros. Exemplo: uma pessoa de um x curso que não dorme bem e que
trata mal os colegas. A lógica é de estares bem contigo, consegues assim estar bem
com os outros. Tens que fazer aquilo que te faz feliz. Vão ser aqueles que vão permitir
a criação da escola utilitarista que faz aquilo que te dá prazer.

Estas doutrinas dividem: o prazer da alma e do corpo. O último diz que é um prazer
efémero, que foi e vem. A probabilidade de no dia seguinte acordar com dor de cabeça
no dia seguinte é grande, não buscando o verdadeiro prazer, buscando somente uma
euforia, um momento. Em nome de um prazer volátil buscas te a verdadeira felicidade.
Estas doutrinas são baseadas no racionalismo, sabendo em que nos devemos basear
se no prazer ou na razão.

O pensamento de Platão e de Aristóteles por exemplo, são baseados na razão


humana. Imaginemos que tínhamos que definir uma sociedade justa, levando a um
debate. Equidade conceito que é realizado por Aristóteles, em que quem ganha mais
pelo seu mérito, e o que é diferente é tratado desse modo. Com o cristianismo diz que
temos uma perspetiva metafísica com o cristianismo em que Kant corta totalmente.

 2.7. A Ética Kantiana:

A ética não tem fundamentos científicos nem metafísicos. Considera-se que a ética
kantiana é deontológica, pois defende que o valor moral de uma ação reside em si
mesma, na sua intenção e não nas suas consequências. Ora, o valor moral das ações
depende unicamente da intenção com que são praticadas, pelo que, uma ação pode
não ter valor moral, embora tenha boas ações.

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Neste sentido, quando é que se considera que uma ação tem valor moral? A intenção
é valorativa quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever. Logo, o
cumprimento do dever é o único motivo em que o valor da ação se baseia.

Exemplificando: Não se deve roubar porque é errado e não porque daí pode advir
consequências, como ser punido (ação conforme ao dever). Assim, não basta,
segundo o filósofo, atuar conforme o dever, há que atuar por dever, ou seja, “sem
segundas intenções”. Atuar por dever é a necessidade de cumprir uma ação por
respeito à lei moral. Então, estabelece a lei moral, enquanto princípio geral, que se
deve cumprir o dever pelo dever.

Contudo, o problema social não está nas penas, mas na formação ética de cada
um. Isto porque, nas sociedades contemporâneas, defende-se que a corrupção deve
ser punida com grandes penas, para servir, àqueles, como castigo e de exemplo aos
restantes governantes. Se cada um de nós, individualmente, não for íntegro, a
sociedade não será íntegra.

Segundo Kant, só somos éticos, não porque a lei determina, mas porque de forma
auto consciente nos impomos limites. A ética autónoma alcança-se pela autorreflexão
e pela própria avaliação do bem e do mal.

Nestes termos, o grande desafio que Kant nos coloca é a


autorresponsabilização. Por exemplo, há a tendência, para quando nos atrasamos,
culpar o trânsito e não assumir o atraso individual. Se não admitirmos os nossos
comportamentos, não o podemos exigir dos outros, nem lhes apontar o dedo.

Aqui impera uma lógica puramente racional, na qual a vontade deve dominar as
inclinações sensíveis (desejos, interesses), cumprindo o dever de forma pura.

Como tal, Kant é contra todo o prémio. O prémio de uma ação tem de ser a própria
ação. O comportamento correto não pode estar dependente do prémio, pelo que
a conduta humana não deve por este ser conduzida. Supondo que alguém não copia
porque receberá um prémio e não porque condena a conduta, está a agir de forma
contrária à ética.

 Os princípios da moral kantiana são imperativos categóricos


(incondicionados):

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Diz-se “imperativo”, porque a lei moral manda e “categórico”, porque é um juízo


absoluto. Ou seja, a ética de Kant, assente em princípios absolutos (posição objetiva),
dita normas que têm de ser sempre cumpridas. Assim, cumprir o dever por puro e
simples respeito ao dever é um imperativo categórico.

Kant impõe duas importantes formulações do imperativo categórico:

1. A fórmula da lei universal, que estipula “Age apenas segundo uma máxima
tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”.
2. Fórmula da humanidade, onde Kant dispõe “Age de tal maneira que uses a
humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre e
simultaneamente como fim e nunca apenas como meio”.

Estes princípios, propostos a conduzir a sociedade, não são conselhos, devem ser
seguidos e aceites de forma unânime. Hoje, em nome da liberdade individual (valor
absoluto), que não pode ser violada, introduz-se o conceito de subjetividade. Logo, a
sociedade atual pauta-se por uma subjetividade alargada, onde o princípio da
liberdade individual nos permite interpretar cada coisa à nossa própria maneira, pelo
que o correto e o incorreto são avaliados segundo os princípios de cada um.

O imperativo categórico supõe uma vontade autónoma e livre. Se o homem não


se sentisse livre, não poderia sentir-se obrigado a obedecer e, portanto, a lei moral
seria absurda. Em suma, para Kant, só o homem que busca o dever pelo dever,
poderá esperar tudo: O bem supremo. Neste pressuposto, a ética kantiana é a ética
do dever pelo dever.

Coloca-se, então, a questão: Qual é o limite ao meu eu? Durante muito tempo foi a
religião. Hoje, é a lei. Por exemplo, eu posso conduzir à velocidade que quiser, mas,
depois, se for apanhada, respondo por essa conduta. Logo, a lei é um definidor de
padrão e de comportamento, limitando-nos. E onde termina este padrão?

Para viver em sociedade, as pessoas perceberam que necessitariam de regras.


Contudo, por si só não funcionariam, surgindo sanções às suas violações. Estas
tiveram início no meio familiar, estendendo-se ao meio social e, posteriormente,
alcançando a vertente jurídica. Em último caso, esta, enquanto geral e abstrata, chega
à privação da sociedade.

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Assim, o comportamento ético é a boa conduta individual no meio coletivo. Mas, qual
o comportamento ético de mim para comigo?

Quando a sociedade condena a prostituição, impõe uma regra de mim para comigo.
Todavia, a ética em si, através da doutrina, é essencialmente uma questão de mim
para com os outros (a verdade de Platão – de mim para com os outros – e a tese
estoica – do bem-estar individual para alcançar o coletivo). Portanto, o debate “qual o
limite de mim para comigo” permanece nos dias de hoje.

Até então, existia um quadro de regras, as quais não eram ultrapassadas. Em


Portugal, até há uns anos, o divórcio não se praticava por receio de reprovação moral
e social. Ora, deverá essa liberdade individual ser restringida pela sociedade? Deverá
existir um “travão” de mim para com os outros? E dos outros para comigo?
Exemplificando, a questão da restrição ao consumo de tabaco em sítios fechados é,
de certo modo, um limite à liberdade individual. Isto, talvez, porque se pretendia, pelo
abarrotar do SNS, a redução dos problemas pulmonares e respiratórios de fumadores
passivos.

Perspetiva que parte do prossuposto de que a regra, a lei não é tão importante quanto
o nosso próprio comportamento.

Exemplo: Situação atual do COVID-19. Se o Conselho de Estado prossupõe decretar


o Estado de Emergência e fica decretado.

Kant “Não esperes que haja uma lei que diga o podes ou não fazer, não deixes de
agir, tu é que tens de ter um comportamento ético que te leve a perceber que não o
deves fazer senão metes outros em risco”. Vivemos uma altura em que os
pressupostos éticos de Kant são cada vez mais postos em causa.

A perspetiva Kantiana diz que o ser humano não atual face a uma lei que lhe é
exigida, mas sim porque é errado agir de uma determinada maneira e que devo
respeitar terceiros.

O ser humano deve atuar porque quer e sem querer receber algo em troca por isso.

“Atua por dever, e não conforme o dever.”

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 Complemento

A ideia da paz perpétua de Kant, não há um consenso entre a divisão da palavra ética
e moral, não havendo um consenso em que o que são concretamente. Ou seja, não
há o preto e o branco. Mas apesar de não existir esse canto entre um da moral e da
ética. A ética privilegia o comportamento individual e avalia-o e analisa-o procurando
definir postulados e princípios de um comportamento individual correto. Parte do eu
para o nós. A Moral procura instituir princípios e valores que devem ser prosseguidos
pela sociedade.

É do nós para o eu. A religião procura transmitir um quadro de valores a cada um de


nós, na medida em que fazemos parte de um grupo, havendo a valorização da
comunidade e não do eu. O liberal previligia o eu em função do nós, o conservador
valoriza a comunidade.

Durante séculos o pensamento cristão ao determinar o que é certo e errado e como


deve se reger e guiar, esse pensamento cristão determinou códigos de conduta e de
comportamento da pessoa. O que determina é o comportamento da sociedade. Aferir
o que pode ser considerado um comportamento ético estava determinado por aquilo
que era um comportamento moral.

Chega á definição de ética a partir da definição de moral. Ora isto vai ter uma
influência determinante do legislador, a regra jurídica, a lei que vai ser feita vai estar
dependente deste pressuposto deste pensamento DOMINANTE na própria sociedade.
É uma questão que se mantém apesar da globalização e liberal.

Esta perspetiva de a componente moral determinar o comportamento ético, começa a


ser rompida até antes dele, mas com Kant, embora fale de moral nos seus textos, a
palavra moral não tem o mesmo significado que São Tomás de Aquino, (em que a
moral é determinada pelas leis de Deus e assim ele o quis). O ponto de partida é o
mesmo, mas o ponto de chegada é diferente. Imaginemos dizer que a pena de morte
não se concorda porque racionalmente considero que não deve tirar a vida do outro,
tem o mesmo início, mas a partido de quem acredita em deus no sentido que Deus
deu a vida, já é diferente.

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De tal modo assim é, posso ser uma pessoa que tem um comportamento ético
verdadeiro (comportamento individual), mas a sociedade não deixa casar com tres
pessoas. Se for á conservatória não aceita, e dizem que o legislador não autorizou,
mas porquê? Devido a razões morais e princípios de vida, mesmo que não o diga e
não reconheça publicamente e diz que as regras são estas e ponto. Aqui neste
exemplo está em causa a liberdade individual de cada um, a maioria foi conservadora,
conservando aquilo que se considera certo. Existiria implicitamente pressupostos
culturais e morais que nos levaram a dizer o que dissemos, em que o valor
comunitário se sobrepôs.

Kant vem romper com a perspetiva metafísica, a ideia que cada um de nós deve
prosseguir numa sociedade por valores religiosos, a moral que determina o
comportamento humano é a razão de cada um de nós, Aristóteles privilegiou a razão
humana. Kant ao dizer que há uma moral em mim e razões que proveem da razão
humana, este filósofo, veio introduzir no pensamento ético, questões que são atuais.

Veio considerar que o comportamento ético é aquele que é praticado, sem aquele que
pratique esteja á espera do premio. Ele condena o prémio. Exemplo: Maria encontrou
uma carteira e viu que estava cheia de dinheiro, na lógica de Kant deve entregar a
carteira sem ter como intuito um prémio. Todo aquele que se comporta em virtude do
prémio, não tem um comportamento ético.

O tema principal da ética, é antes de regulamentos e leis, Kant diz que ninguém pode
agir na busca da recompensa, uma coisa é o mundo como existe e outra coisa é como
gostaria que existisse, vivendo assim numa perspetiva idealista. Exemplo: em Portugal
discutisse se deve alterar a lei, no sentido em que um gangue faz o que se diz de
colarinho branco, sendo acusado e se o ministério publico acusa de dez crimes e é
acusado e tem uma pena de 20 anos e depois o MP negoceia e diz que se disser
quem esteve envolvido, reduz a pena por oito. Na lógica de Kant jamais poderá
acontecer em que há a delação premiada, o delator, neste caso o criminoso em
questão, deveria na lógica do filósofo, o criminoso não receber uma recompensa e o
MP não recompensar a verdade dita pelo criminoso.

Um ex-primeiro ministro está acusado, mas no plano dos tribunais é necessário


provar. Não é por achar que a Yara copia, que a posso acusar. Sócrates foi acusado
de fraude em que havia trocas de dinheiros que circulavam e a figura central era o

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motorista, e consta-se que disseram ao motorista que estando tramado o melhor era
abrir a boca e em contrapartida acusamos por 3 em vez de 10. O exemplo em que o
meu colega Francisco copiou, mas em contrapartida para sair beneficiado, delata
(conta), quem mais copiou na turma.
 
Na perspetiva da sociedade, em que imaginemos o MP diz que tem uma denuncia de
lá de dentro, mas que muito difícil saberá quem serão e por isso, tender a aproveitar
essa oportunidade. Deve ou não a lei admitir ser alterada de forma a admitir que um
suspeito de corrupção denuncie todos os que estão envolvidos nessa mesma
situação, delatando, divulgando todos os nomes das pessoas envolvidas e tendo
assim um prémio, nem que seja a redução da pena. Na lógica aristotélica, quando não
temos certeza e fundamento da minha posição, dialogar com uma pessoa que seja
contra. Para Kant, uma sociedade que se baseie numa recompensa, é uma sociedade
doente. O caso de um pai dar aos filhos presentes, para ter o amor dos filhos, nem
que seja de uma forma implícita.

Houve uma autonomização da ética da moral religiosa. O grande debate que se faz a
nível político sobre a eutanásia, e de pessoas do mesmo e de adotarem também. Há
discussão e fricção na sociedade devido a conceções morais que definem o que é
moralmente correta. A questão da liberdade individual, chama-se o livro Liberdade
para ser livre, chamada Hannah Arendt, sendo um livro pequeno. Imaginemos que o
professor seria preso, cumpria a sua pena de prisão e estava livre, mas não sabia o
que fazer com essa liberdade. Primeiro para ser livre temos mesmo que ser livres.

As doutrinas, o comportamento ético significa que aquele que se pressupõem na


verdade, porque uma sociedade que se baseia na mentira era uma sociedade que não
se caminha para lado nenhum. Mais importante dizer era que Platão queria que essa
sociedade se concretizasse, tendo as maiores dúvidas, sustentando que quem tivesse
a posição de liderança que para sustentar a verdade não podia ter a família e
propriedade, devido a não haver interesses individuais, uma vez que há tendência
para se priorizar o interesse pessoal e a mentir. Uma mãe terá sempre a tendência de
proteger o seu filho, nem que minta.
 
A ética é um comportamento individual, avaliando o comportamento de a outra pessoa
de acordo com os meus valores. Imaginemos: O Guilherme considera que o João é

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boa pessoa, para qualificar algo como bom tenho certos principios que definem o que
é uma pessoa boa. Identificando virtudes, em que assento num pressuposto que me
foi transmitido pela família ou sociedade. A Beatriz rouba o caderno do Guilherme é
visto como mau o furto devido ao facto de retirar o que não é meu e logo, assume-se
que a propriedade é boa, se fosse o contrário consideraria correto o comportamento
da Beatriz. A partir do momento que qualifico algo tem que haver subjacente um
argumento /um pressuposto que justifique a minha opção.
 
Kant, entende que a moral é um imperativo categórico, não é algo subjetivo, comportar
e de alguma forma é algo objetivo. Kant diz que isto não á vontade do freguês. Ele
misturava ética com moral, também dizia que havia duas formas de agir conforme
dever ou por dever. A primeira é atuar é atuar conforme o que está na lei e conforme o
regulamento a outra atuar de acordos com princípios morais sem haver lei ou
regulamentos que nos levem a atuar. Houve uma polémica em Portugal sobre se era
justo ou injusto que um titular de um cargo político, em especial um deputado, que
fizesse um mandato de oito anos, tinha uma reforma até ao fim da sua vida. Houve
quem questionasse a justiça disso, e dizem alguns que a lei prevê e admite essa
situação, não estando a cometer nenhuma ilegalidade, não obstante aos olhos da
opinião pública se essa situação era justa ou injusta.
 
A maioria não considerava justa porque tinham de trabalhar até aos 60 e tal anos para
ter uma reforma, o que era injusto. Estando os beneficiados a trabalhar conforme o
dever, podendo, contudo, agir por dever em que não era justo, acabando-se com esta
lei. A perspetiva Kantiana o imperativo moral está muito para além do imperativo da
lei.

Matéria para o segundo teste

 David Hume (1711-1766)

O Empirismo de David Hume desempenhou um papel fundamental no


desenvolvimento de certas modalidades de ceticismo e do empirismo. Hume ficou
famoso na história da filosofia ao recusar a ideia de causalidade, argumentando que
“a razão nunca poderá mostrar-nos a ligação entre um objeto e outro, se não se apoiar
na experiência e na observação da sua relação com situações do passado.

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Portanto, quando a mente passa da ideia ou impressão de um objeto, para a ideia ou


crença noutro, não se guia pela razão, mas por princípios que associam ambas as
ideias desses objetos e os relaciona na imaginação”. A recusa da causalidade implica
também uma recusa das leis científicas, que se baseiam na premissa de que um
fenómeno provoca outro de forma necessária, sendo, por isso, previsível que sempre
provocará.

Segundo a filosofia de Hume, o conhecimento das causas dos fenómenos é


impossível, embora admita que, na prática, as pessoas têm de pensar em termos de
causas e efeitos, e têm de assumir a validade das suas ideias para não
enlouquecerem. Admitia, em todo o caso, a possibilidade de conhecimento sobre as
relações entre as ideias, que fossem do tipo das relações entre os números nas
matemáticas. O ponto de vista cético de Hume negava também a existência da
substância espiritual, ou de substância material.

Negava, na verdade, a existência de uma identidade do eu, argumentando que, como


as pessoas não têm uma perceção constante de si mesmas como entidades em
mudança, não são mais do que um conjunto ou coleção de diferentes perceções (aqui,
seria interessante reler as críticas de Platão a Protágoras e à influência de Heraclito
nos pensadores do seu tempo… Estão no Teeteto).

As crenças filosóficas de Hume foram muito influênciadas por John Locke e


pelo bispo irlandês George Berkeley. Tanto Hume como Berkeley distinguiam a
razão dos sentidos. Mas Hume foi mais longe e tentou provar que a razão e os juízos
racionais são simples associações, aprendidas por hábito, entre diferentes sensações
ou experiências. Assume, como ponto de partida, que as ideias são fenómenos da
consciência, mas critica não só a ideia de substância externa, mas também a de
substância interna, ou eu. Daqui resulta o seu ceticismo, na medida em que considera
que o que pensamos está para além do percecionado e na medida em que só há
certeza do que é percecionado. Na época de Hume, o modelo científico de Newton já
se tinha constituído como uma ciência empírica de pleno direito, com raízes em
Galileu e Descartes

No entanto, a grande ambição de Hume será a de conseguir no mundo da moral


aquilo que Newton conseguiu no domínio da Física. Hume era, de facto, um

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empirista. O seu empirismo conduziu-o a uma forma, digamos, suave de ceticismo


(como sempre acontece aos empiristas).

A inovação fundamental de Hume na teoria do conhecimento é a sua distinção entre


impressões e ideias, a relação que existe entre elas e a possibilidade de as ideias se
associarem entre si.

1. Uma impressão é perceção que, por ser imediata e atual, é viva e intensa.

2. Uma ideia é uma cópia de uma impressão e, por isso, é uma perceção menos viva e
menos intensa, que consiste na reflexão da mente sobre uma impressão. Esta reflexão
recorre à memória e à imaginação.

As ideias relacionam-se entre si por uma espécie de atração mútua necessária


entre elas:

 Por semelhança, por contiguidade, e causalidade.

Ta como no universo de Newton a atração explica o movimento das partículas, no


sistema filosófico de Hume, as ideias simples relacionam-se e associam-se entre si
por uma tripla lei (semelhança, contiguidade e causalidade) que as une. No
conhecimento de questões de facto, a “relação de causalidade” exerce uma função
fundamental: síntese das duas leis anteriores (semelhança e contiguidade) é ambas
as coisas ao mesmo tempo (tem de haver semelhança entre causa e efeito, e é
necessária a contiguidade no espaço e no tempo entre causa e efeito.

Estas relações, associadas ao costume, ou hábito, de generalizar em forma de lei,ou


enunciado universal, as sucessões de fenómenos que se sucedem regularmente no
tempo, constituem o seu conceito de causalidade. (Esta é a sua resposta interpretativa
à Física de Newton, que ele não conseguiria, por muito que quisesse, deixar de
apreciar).A exigência básica de que a toda a ideia tem de corresponder uma
impressão para que tenha sentido, ou para que à palavra corresponda uma ideia com
conteúdo verdadeiro, constitui-se no instrumento mais poderoso de crítica a todos os
conceitos fundamentais da filosofia tradicional: causalidade, substância, alma, Deus e
liberdade.

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A que impressão corresponde cada uma destas ideias? Esta crítica acaba num
certo tipo de ceticismo, apesar de tudo, um ceticismo “mitigado”, ou “suave”, na
medida em que não deixa de impulsionar o esforço científico da sua época. O valor
histórico do empirismo está justamente nesta sua crítica,que dá origem ao “positivismo
lógico”, mas sobretudo ao desenvolvimento de perspetivas razoáveis deconhecimento
provável, dados os limites do próprio conhecimento. Esta crítica é, no entanto, de
efeitos, também eles, limitados, porque, embora ofereça uma alternativa ao
racionalismo e ao dogmatismo, não consegue verdadeiramente superar nem um nem
outro.

 John Stuart Mill:

A perspetiva da felicidade foi perspetivada por Stuart Mill que tinha esta ideia de que a
felicidade individual era algo de essencial ao desenvolvimento interior e que uma
pessoa quanto mais feliz fosse melhor interagia com os restantes.

Num determinado contexto, quando andamos na rua somos confrontados


sistematicamente com pessoas com pouca paciência e que ficam enervadas à mais
pequena contrariedade. O epicurismo dizia que o homem devia fazer o que lhe dá
prazer, esta base da felicidade do século XIX tem uma clara ligação a essa perspetiva
epicurista, enquanto a primeira (a perspetiva dos valores) se baseia na escola estoica.

Stuart Mill seguindo aliás Jeremy Bentham que diz que o objetivo da ética é a maior
felicidade para o maior número de pessoas possível, ele visa a ideia de que a ética
não podia apenas ser avaliada numa perspetiva individual, mas em perspetiva de
grupo.

Exemplo: Uma empresa, com muitos trabalhadores dentro desta perspetiva de que
uma fábrica produzirá mais se o grupo estiver bem, é uma questão relevante.

O bem-estar do grupo é um elemento determinante para um bem-estar da empresa e


este é importante para a produtividade da própria empresa. Ou seja, por muito bom
que o produto seja, se a pessoa não estiver feliz não vende.

John Stuart Mill desenvolve esta questão. Foi autor em 1863 o “Utilitarismo” e vem
defender as seguintes ideias: Prazer com ausência de sofrimento.

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Mas Stuart Mill considerava que os prazeres morais e intelectuais tinham sempre
presente

Só uma pessoa verdadeiramente feliz pode ser uma pessoa honrada.

A felicidade e tranquilidade é determinante para o meu comportamento ético.

Mill diz que prefere um Sócrates (sábio) satisfeito a um imbecil satisfeito, e que
acabada a satisfação ele não terá felicidade nem encontrará……..

A sua visão sobre o que será o utilitarismo e se é útil eu posso ter um comportamento
correto perante os outros. Ele entendia que o utilitarismo não podia ter uma visão
egoísta, considerando que a utilidade não se pode referir só à máxima felicidade de
cada um mas à felicidade geral.

Exemplo: Medo – Rico VS Pobre

A sua perspetiva é de que interessa pensares que és feliz se à tua volta existe só
miséria uma vez que a tua felicidade deve prossupor a felicidade de quem te rodeia.

E porque é que não somos felizes? Porque até podemos ser ricos, ter imensas coisas
e sermos na mesma ser insatisfeitos, uma vez que vivemos num constante medo de
que nos assaltem, precisamos de proteção etc.

Conceito de Felicidade VS (In)satisfação – Importante referir que a ideia de


felicidade individual pressuponha a utilidade que não se refere apenas à
felicidade individual, mas à maior soma total de felicidade.

Ou seja, quanto mais pessoas individuais estiverem felizes maior será a felicidade de
um coletivo. Por exemplo, se um grupo de pessoas viver bem e possuir segurança,
mas se o grupo maioritário de uma sociedade, viver inseguro e viver mal, na ótica de
Stuart Mill é uma sociedade doente.

Uma sociedade na ótica dos condomínios fechados, estas pessoas só são felizes na
sua perspetiva desde que estejam dentro do seu condomínio, pois fora encontram
uma corrente humana em que a infelicidade existe. Ora uma cidade em que um grupo
minoritário é feliz e que a imensa maioria de tudo necessita, logo é infeliz, é uma
sociedade onde os valores éticos não são dominantes.
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Para Stuart Mill a ideia ética vai pressupor uma componente ética de felicidade, a ideia
de que eu transmito felicidade estando interiormente bem, esta ideia não deve ser
confundida com o individualismo egoísta de apenas querer saber de mim e do meu
bem-estar, desprezando o bem-estar das pessoas que vivem comigo em sociedade:

1. Stuart Mill ao defender este modelo de sociedade ética é dos primeiros a


preocupar-se com os direitos das minorias e dos próprios direitos das pessoas.
2. O que são os direitos individuais? A consagração legal? Sendo ele um
relativista que nada segue, que alguém possa pretender o seu bem-estar se
não quiser saber do bem-estar de quem trabalho junto a ele.

Não é ético que um acionista esteja apenas preocupado com o seu bem-estar e
apenas com o máximo proveito da empresa que lhe permita beneficiar no sendo de
recursos, se a esmagadora maioria dos seus trabalhadores tiver salários muito baixos.
A ideia nesta ótica é de esta situação é uma ideia contrária a uma ação ética.

A perspetiva de que pouco vale que me sinta bem e estou feliz se à minha volta reina
apenas e só a infelicidade dos restantes.

Exemplo: A discussão do Salário Mínimo - Há quem entenda que não deve existir
salário mínimo, em que a liberdade contratual de cada pessoa que se oferece para
trabalhar numa empresa deve ter a liberdade de estipular um número pelo qual vá
trabalhar.

Há quem entenda a existência legal de um salário mínimo é a única forma de garantir


um mínimo de felicidade e que se deixássemos ao livre-arbítrio de ambas as partes, a
parte dita “mais forte” iria decidir pagar o menos possível aos seus funcionários.

O bem-estar e a felicidade individual é de fulcral para um bem e felicidade coletiva.

Esta é uma aplicação prática da teoria de Stuart Mill.

 Complemento

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O pensamento de John Stuart Mill nasceu no século XVIII e morreu no século XIX,
relacionou-se com a economia, mas nunca deixou de refletir sobre a ética do mercado
e dos elementos que a compõem. A perspetiva maquiavélica teve influência no
processo economico, no sentido de que o que conta é o sucesso. Por exemplo, no pós
II GM, foi transmitido uma especie de nova cultura, transmitindo uma ideia central de
que tu és bom se tiveres bens e posses materiais, em que as pessoas passaram a
relevar o ter, do que o ser. Sendo assim, uma sociedade virada para o culto da
aparência, tendo se a ideia de que vou ser mais valorizada pelas pessoas por aquilo
que tenho do que realmente sou.

A ideia final é que o que interessa é teres sucesso, independente do meio que o
utilizas para o atingir, sendo ideias de Maquiavel. O QUE INTERESSA É GANHAR. É
uma situação que tentou separar a situação economica e da ética. Pensadores do
século XVIII e XIX, nunca deixaram de refletir sobre a doutrina ética do mercado. Não
quer dizer, que não devemos alcançar o sucesso e ficar na medianidade e alcançar
mais do que aquilo que tem, em que o caminho a realizar seja feito de forma honesta e
integra. Economia e Ética estão de mãos dadas. Stuart Mill e Adam Smith
questionavam-se se o mercado conseguia funcionar sem a ética. Stuart Mill vem no
seguimento, e há um livro em que há um debate entre a esquerda e a direita e com
Thomas paine e Edmund Burk: O Grande debate. A perspetiva que se colocava entre
os dois homens é que quando nasço entra num mundo já existente, devo respeita as
regras de mundo já existente ou se inicio tudo de novo. Paine dizia que se nascia com
páginas em branco e Burk dizia que se devia respeitar as regras do mundo existente.

Procura se inovar dentro de uma continuidade, em Mill, o autor baseia-se muito no


pensamento epicurista, desenvolvendo-o, sendo um liberal preocupado com questões
sociais. Distinguindo a liberdade da satisfação. Ninguém poderia ter um
comportamento ético se não tivesse feliz consigo proprio. Uma pessoa que esteja
satisfeita pode não conseguir alcançar a felicidade. Distinguindo assim felicidade e
satisfação. Uma pessoa pode sair e beber uns copos, posso ficar satisfeita, mas não
quer dizer que esteja feliz. A felicidade é algo que pressupõem tranquilidade e que não
é típico da propria euforia. O comportamento ético individual, depende da felicidade
individual, então tendo a evidenciar nas relações com os outros. Exemplo: Joana e
João, sendo que este se aproxima estabelecendo uma relação sexual, não
contribuindo para a felicidade de alguém, mas só para satisfazer uma necessidade.

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Claro que a facilidade envolve satisfação, mas há que dizer para o que se vem. Como
o exemplo do professor, diz-se para o que se vem que no exemplo é almoçar. Mill diz
que na relação que se estabelece há que haver a felicidade individual, mas na sua
pura satisfação, não sendo egoísta e narcisista, pensando na sua felicidade, mas
também potenciar a do outro. A minha felicidade também potencia a do outro. Não se
cingi só há minha felicidade e não posso ser feliz á custa das dos outros. Imaginemos
para colocar comida na mesa, foi á custa da infelicidade dos outros, é algo abominável
para Mill. Havendo a necessidade de se preocupar com a necessidade do outro, não a
ignorando, pois MILL abomina isso.

Nasceu no século XVIII e pai do liberalismo económico, sempre existiram dois


modelos de sociedade: Socialista (é uma sociedade em que a atividade economica
está nas mãos do Estado (e a capitalista está quase nas mãos dos privados. O modelo
mais explicito em que a sociedade capitalista se manifesta é a americana, havendo
debates como quem não tem seguros de saúde deve ter serviços pagos pelo estado,
entre outros. Socialista a China, em que tem um capitalismo externo, mais que interno,
sendo empresas, no entanto controladas por esse Estado. Uma sociedade liberal em
que a riqueza das nações depende da riqueza individual de cada um de nós. AS, dizia
como é que cada um de nos podia ser mais rico e por consequencia a nação.
Responde que tem de ser uma sociedade de livre iniciativa, sendo que uma sociedade
é mais rica em que a oferta e procura dependem uma da outra. Dependendo assim
destes dois. Os produtos devem circular livremente e não devem ter barreiras.
Exemplo: a porta é uma barreira, sendo a mesma logica em que para entrar produtos
em outros Estados tinham que pagar uma taxa.

Segundo o professor, ele é precursor da globalização economico, segundo ao qual


consistia na livre circulação dos produtos sem barreiras. Em que AS em primeiro há
uma circulação política e depois economica. AS defendia que não devia haver
impedimentos á circulação. Em que a globalização economica está se a transformar
em globalização política. Deste modo, segundo AS a melhor sociedade é a da livre
concorrência e o Estado não tem que interferir na nossa vida economica, em nome da
ideia em que so a livre concorrência potencia a minha riqueza, assim quanto mais rico
for, mais rico será a minha nação. Isto conduziu a que muita gente dissesse, que este
senhor sendo o pai do capitalismo, dizia que o mais forte domina o mais fraco. Com a
globalização economica há um novo dado e fator, em que a qualidade e o preço

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influenciam. Imaginemos eu quero uns tênis, mas se houver um mais barato e


parecido tende-se a comprar esse, a não ser que não seja de boa qualidade. O
empresário deve pensar como um comprador, assim a globalização económica trouxe
esta novidade.

Todos os críticos do sistema capitalista em que gera desigualdades, e, portanto, adam


smith não se preocupou com as desigualdades que o mercado provoca. O caso de
crianças de seis anos irem buscar o lítio que temos nos nossos telemóveis para
comunicarmos uns com os outros e acusam AS, por ter desvalorizado situações como
estas. Por exemplo, Maquiavel a moral não importa, e o que importa é o resultado e o
sucesso desse ato, e que fique marcada na história por isso. Sendo uma perspetiva
injusta e foi professor de religião e moral. Free market se houver fare market.
Pressupõem -se comercio justo e o mercado tem que ter uma ética de
comportamento.

 Adam Smith e a Ética Individual: Simpatia, Paixões e Virtudes

Há quem considere que, para Adam Smith, a simpatia é a condição necessária e


suficiente para fundamentar a moral. O juízo moral explicar-se-ia assim pela simpatia,
porque julgar é aprovar ou desaprovar e isso não é mais do que uma demonstração da
presença ou da ausência de simpatia. No fundo, estaríamos perante uma nova
formulação da doutrina de David Hume que diz “Atua de tal modo que o observador
imparcial possa simpatizar com a tua atuação”. Ora, isto não é totalmente verdade.
Podendo afirmar que as semelhanças entre ambos não devem fazer a eliminação das
diferenças existentes.

Professor de religião e moral e achava que o comércio livre deveria de ser justo. A
ideia de que se a riqueza de uma nação depende da liberdade comercial, a
possibilidade de haver mercado e o vendo em função da procura. Adam Smith achava
determinante a livre oferta e a livre procura que pressupõe que eu viva numa
sociedade em que o Estado não mete barreiras à liberdade económica.

Apesar de Adam Smith ter considerado que uma sociedade justa é uma sociedade em
que as pessoas procuram incessantemente a riqueza, no entanto, para ele mesmo
nesta corrida as regras devem ser respeitadas.

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Se vou para essa “corrida” para vencê-la e prego uma rasteira ao meu adversário, não
respeito as regras deste “jogo” e por isso

Adam Smith tem a perspetiva de que a concorrência económica era um bem, defendia
a liberdade económica, mas que só poderia haver concorrência se as regras forem
respeitadas por todos.

Exemplo: Melhor nota no teste tem um prémio: Competição justa é importante para o
crescimento individual e crescimento das nações.

No entanto, se o aluno tivesse acesso ao teste antes de o elaborar não estaríamos


perante uma competição justa, mas sim falseada onde não existe a concorrência.

Adam Smith defendia que a economia de mercado pura deveria pressupor


sempre o comportamento justo e ético, nomeadamente no plano económico.

Adam Smith parte da ideia de que a conduta deve ser apropriada e não apenas útil.
Adam Smith admite que a conduta não deve ser apenas útil, mas sim ter uma boa
conduta.

Exemplo: Um empresário pode vender um produto que passou do prazo, mas não
estou a ter uma conduta apropriada.

Posso ter uma conduta útil em termos financeiros favorável, mas não eticamente
apropriada, nomeadamente no mercado económico.

Por outro lado, Adam Smith vem dizer que quem é focado apenas e só na riqueza não
se pode esquecer que isso pode ser a grande causa da corrupção dos nossos
sentimentos. Quem visa exclusivamente ganhar lucro, está a contribuir para degradar
a sociedade e na corrupção dos nossos próprios sentimentos. A corrupção da
sociedade só existe se os nossos sentimentos estiverem corrompidos.

As virtudes humanas que contribuem para uma ideia de comportamento ético:

 Prudência
 Justiça rigorosa
 Correta Benevolência.

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No seguimento destas ideias, Adam Smith vem dizer que nas sociedades para avaliar
se um comportamento é ético ou não, deve existir sempre aquilo que este designa
sempre de observador honrado – Um Juiz.

Partimos de pressuposto que um Juiz será imparcial, que é um observador honrado


(não é corrupta) que irá avaliar o que tem pela frente de uma forma correta, não
tomando partido por A ou B. Um professor por exemplo não pode manifestar a
simpatia que tem por um estudante beneficiando as notas do aluno.

Não é apenas ações que devem ser honradas, mas a própria imagem. Ou seja, o
observador honrado e imparcial mais do que algo exterior é algo que é interior em
casa um de nós, e tanto mais quanto o seu juízo é função da nossa própria
experiência: Como simpatizantes, juízos, espectadores das ações dos outros.

Assim se explica o psicologismo de Adam Smith que o leva a construir o seu sistema
em volta das simpatias triangulares. Só assim nos podemos converter no espectador
imparcial da nossa própria conduta e do nosso caráter, o que implica o desejo de
ganhar o respeito dos outros, mas também de nós próprios.

Para Adam Smith um bom comportamento é um fim em sim mesmo e não visa
qualquer tipo de ação a partir da conduta. O homem não atua com vista a obter a
utilidade.

Para Smith são estas regras de conduta e de comportamento que tornam possível
uma vida em sociedade e a cooperação. A debilidade da natureza humano não
resistiria a uma existência isolada. O Homem necessita de se integrar num grupo para
a sua sobrevivência e o seu desenvolvimento. Por esta razão, a própria natureza
dotou o homem de aptidões e qualidades que o induzem à vida em sociedade que
movem no sentido de procurar a aprovação dos outros.

No entanto há que reconhecer que até mesmo os espectadores cometem erros uma
vez que, a curto prazo, os seus juízos podem ser afetados por emoções e
entusiasmos do momento e que os juízos fiáveis são os serenos e retrospetivos e que
são estes que nos dão as bases das regras gerais para uma boa conduta.

Exemplo mais atual: Questão de familiares em atividade política.

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Adam Smith vem considerar que a simpatia é fundamental para fundamentar a própria
moral. Uma pessoa que tem uma atitude simpático para quem o rodeia tem uma
condição favorável a convidar os outros a ter uma atitude correta e moral.

Adam Smith fica também marcado por um elemento muito importante: A Ideia de que
as regras de conduta são fundamentais para eu poder esperar um comportamento
correto dos outros. Há um aspeto muito relevante sobretudo no mundo da
globalização.

Adam Smith defende que a concorrência (competição) é um aspeto muito relevante


para o crescimento económico e a riqueza de cada um de nós, mas que esta só pode
existir se cada um de nós entender que a satisfação do meu interesse não pode ser
alcançada pelo sacrifício dos outros e o seu bem-estar.

A ideia de que sou rico e não me importo que os outros sejam pobres, isto conduz a
considerar que a concorrência (comércio livre sem barreiras) tem de pressupor o
comércio justo) – Free Trade, Fair Trade.

Não pode haver monopólio, dumping etc.

 Complemento

Adam Smith, na sua perspetiva conduz-nos á tentativa de refletir sobre: Maria é uma
boa pessoa ou pessoa boa, significará o mesmo ou não? Quando falamos em boa
pessoa estamos a falar das caraterísticas da pessoa como ser trabalhador, simpático,
etc. Enquanto a pessoa boa, tem haver com o modo da pessoa ser face aos outros.
Ex: preocupar-se com os outros, ser bondoso. Aristóteles na sua Ética a Nicómaco
quando falava das virtudes e agora com Adam Smith, em que não se nasce do vazio,
havendo uma continuidade. Os exemplos do design podem inovar, mas há sempre um
histórico, sabendo onde nasceu a nossa arte e que técnicas usamos baseadas em
outras.

Sendo o mesmo na Ética, havendo linhas de continuidade, cortando-se com


Maquiavel, quanto á virtude aristotelica e AS. Na ótica de AS, para classificar uma
pessoa boa, tenho que classificar as virtudes dessa pessoa, e caracterizar o

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comportamento ético dessa mesma pessoa. De acordo com AS as virtudes que o


indivíduo devia ter eram: a prudência, a justiça rigorosa, ou seja, alguém que tem uma
atuação na sua propria vida, como uma atuação que consideramos justa, que não
procura o beneficio para si proprio, mas preocupa-se com quem está á sua volta e
correta benevolência. Sendo estas tres virtudes que caracterizam um comportamento
ético, sendo faceis em palavras, mas difíceis de alcançar no dia a dia. Uma pessoa
que não pondera não reflete, é impulsiva na nossa ótica, mas na ótica de Adam Smith,
se for um governante que não tem princípios éticos ou tem os de acordo com a sua
perceção, o Estado tenderá a ter um determinado comportamento. Em que a
prudência é vista numa perspetiva muito egocêntrica, como o caso de elogiar o
professor porque preciso de uma boa nota para o segundo teste, o caso do Twitter.
Antes escrevia-se uma carta e, portanto, levava-nos a ponderar. AS, tinha a perspetiva
que a prudência não era só essencial para mim próprio como para os outros. Não é
uma logica de mim para comigo.

As virtudes de AS: prudencia. Justiça rigorosa e a correta benevolencia, são


essenciais para o crescimento ético individual. A caraterística do observador individual,
uns comportamentos éticos continuados não pressupõem só estas tres virtudes, mas
também aquele que é prudente, justo e aplica uma benevolencia correta deve ser um
observador imparcial. Pressupõem-se sempre que um juiz deve ser imparcial, sendo a
venda o simbolismo de que não sabendo de quem seja e o que o esteja a ser levado a
sentença aplica a lei de forma imparcial. AS diz que cada um de nós somos juizes
permanentes, constantes, todos os dias deparamos nos com situações em que se
aplicam as quatro virtudes de Smith.

Imaginemos o caso de numa turma haver só uma positiva e o resto só negativa, sendo
que a positiva era do filho do professor. A perspetiva do Hume prudente que conduziu
da gíria dos tempos atuais que devemos pensar antes de agir, sendo uma condição
essencial para a ação. O proverbio árabe em que o Homem é o senhor da palavra
guardada e escravo da palavra dada, a partir que está dito, mesmo que peçamos
desculpa está dito. A justiça rigorosa, há que ser rigoroso na aplicação do direito, há
de supor que a atuação de cada um de nós na vida deve ser conduzida por valores de
equidade, no sentido de não previligia quem não merece e não prejudicar aquele que
não deve ser prejudicado, e não ser benevolente.

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Significado de benevolencia:

Qualidade do que é benévolo ou benevolente.

2. Disposição do ânimo que deseja bem aos outros. = BENIGNIDADE, BONDADE, MA
GNANIMIDADE

3. Manifestação de amizade ou amor. = AFECTO, CARINHO

4. Vontade de fazer bem.

5. Flexibilidade de carácter que se acomoda ao gosto e à vontade de outros. = COMP
LACÊNCIA, CONDESCENDÊNCIA, CONTEMPORIZAÇÃO, TRANSIGÊNCIA

António roubou para comer, fez um crime, tendo de ser responsabilizado, contudo, não
pode lhe dar uma pena menos severa. A aplicação da pena deve segundo o professor
tem em conta as circunstâncias em que o ato foi praticado. Imaginemos em vez de ser
preso, faz trabalho comunitário, pois um crime tem diversos fatores que devem ser
levados em conta. O cocktail de AS, não deve ser analisado de forma individual e
vertical, tendo as tres ligações entre si, virtudes essas que devem ser analisadas na
ótica do observador imparcial. O conceito de justo e justiça depois da Páscoa. Existe
um livro do professor que tem a justiça de Aquino, agostinho, Aristóteles.

 Conceito de Justiça:

A perspetiva prática e concreta procura basear-se no seguinte: Quase todos nós ao


longo da nossa vida habitualmente falamos da ideia do que é ou não Justo.
Obviamente que definir algo como justo a partir daqui é que eu vou classificar o
comportamento. Quando falamos em comportamento ético estamos a relacionar o
comportamento de alguém relativamente a algo. Percebemos que a ética está
associada à questão da verdade, mas na verdade quando defino o que é justo ou
tenho um ideal do que é justo eu vou avaliar o comportamento das pessoas, das

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empresas, dos partidos, dos políticos e das instituições em função desse meu ideal de
justiça.

Num segundo momento, dentro deste tópico, vamos procurar entender. De um modo
geral nós na nossa sociedade (continental) associamos quase sempre aquilo que
consideramos como justo apenas o que é definido pela lei: A lei determina o que é
justo.

Ora, se eu entender que Justo é apenas aquilo que a lei define eu tenho um quadro de
pensamento: Justo é o que a lei diz. Mas se eu entender que há um critério de justiça
independente da lei e que deve se encontrado antes da própria lei existir eu tenho
outro pensamento sobre esta questão.

Exemplo: Houve uma época em que um titular de um cargo político tinha direito só no
exercício da sua atividade a uma reforma.

Existem trabalhadores que trabalham por exemplo x anos para atingir uma
determinada reforma. Houve quem comparasse esta situação e considerasse injusta a
situação. É injusto que a maioria das pessoas tenha de trabalhar até aos 65 anos para
ter uma reforma e que alguém por exercer uma atividade durante 8 anos tenha a
possibilidade de obter só por si só de uma reforma. Sendo o argumento de que a lei
permite esta determinada circunstância exista ou uma determinada situação se
manifeste que critério é esse de dizermos que é uma situação injusta – Dicotomia
Total.

Esta matéria principalmente como na época em que se encontrava é uma matéria de


um alcance imenso.

O que é que é efetivamente para nós correto quando vamos ao encontro do que é
justo. Se cada um de nós ponderar o que é que para cada um de nós é uma
sociedade justa. É uma questão importante porque uma sociedade justa é aquela em
que não existe pobreza é aquela onde nós vamos na rua e não vemos sem abrigos.

A sociedade ideal que mais se aproxima de uma sociedade justa é não haver sem
abrigo ou que não existam pessoas que passem fome, onde os idosos e os mais
frágeis têm condições para poder comprar os medicamentos que necessitam, ou para
serem atendidos num Centro de Saúde ou Hospital, como alguém que é rico ou

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conhecido. Uma sociedade ideal ou justa é aquela em que as pessoas não são
discriminadas em função do seu nome, do seu estatuto social ou económico e que as
pessoas só são diferenciadas consoante o seu mérito. Há quem considere, como
Platão de que a sociedade justa é onde não existe propriedade privada.

Sociedade Justa é onde existe um mínimo de condições financeiras para uma pessoa
não ter de passar fome. Aquilo que chamamos de rendimento de RSI (Rendimento
Social de Inserção) é algo que no plano dos valores e das ideias já existe à muito
tempo.

Como é que alcançamos esse objetivo? Como é que fazemos para contribuir para que
não exista fome, miséria, sem abrigo.

Quando avaliamos o conceito de justiça refletimos sobre o que é Justo.

Exemplo:

 As quotas relativamente às mulheres – Base de Justiça.


 Defensores da Eutanásia: Só quem está doente é que pode determinar o
momento da sua morte. Há um ideal de justiça.
 O salário mínimo pressupõe um ideal de justiça de que ninguém pode
trabalhar ganhando menos do que aquele mínimo.
 Habitação Social – De que todos temos direito a uma habitação.

Todas estas medidas pressupõem ideais de Justiça.

Quando tropeçamos neste ideal de justiça devemos debruçar-nos sobre aquilo que
está subjacente a este conceito para podermos avaliar se o nosso comportamento
individual ou coletivo é justo ou injusto.

 A Justiça no pensamento de Aristóteles:

Aristoteles foi talvez das primeiras pessoas, que mais conciliou a prática com o
pensamento. Encontramos pessoas no mundo da ciencia eruditas no mundo do
pensamento, mas não se preocuparam em colocar em prática aquilo que faziam e
outros não pensavam naquilo que estavam a fazer. Aristóteles tinha a uma ideia,

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tal como se pensarmos numa casa e se deixamos de lado a visão do conjunto da


casa, os quartos etc. não é suficiente.

E para Aristoteles, uma cidade sem justiça e manca, em que os cidadãos se


sentissem minimamente confortáveis e felizes. Antes de muitos fez uma distinção
em que justo era aquilo que a lei definia, considerando que a lei nunca poderia ir
contra o costume e o Direito Natural. Isto é, quando a lei está contra o costume
dos povos e direitos naturais, estes dois sobreviessem. Imaginemos tiraste a vida,
também tens de ter esse mesmo castigo, e em alguns estados da américa tem.

Numa perspetiva humanista nega isto e diz que quando nascemos, nascemos com
direitos e, portanto, o legislador tem que respeitar sempre os mesmos direitos e
outros dizem que nasço vazio e tenho os direitos que a sociedade atribui, e quem
decide são os governantes eleitos pelo povo. A primeira perspetiva dá a noção de
que o governante tem que respeitar os direitos que já tenho, sendo assim modelos
de vida e de sociedade diferentes.

Há duas visões do mundo diferentes, Aristóteles acreditava no lado humanista em


que independente da cor e origem são direitos que se nasce. Mas a questão é
quais são os direitos? Isto é o direito á vida, em que não se aceitará que o
legislador mesmo que democrático, não tem o direito de a tirar. Uma questão
importante é onde começa a vida? Mácron entendia que na Carta das ONU e na
Carta do Homem (como o professor costuma dizer), que devia estar na carta o
direito ao aborto, porque são livres de o fazer e que é um direito individual, mas os
que entendem que a vida humana é inquestionável e não negociável dizem logo
que nem pensar nisso e nenhum homem a pode tirar.

Devemos aceitar que nascemos com direitos ou deve o legislador a definir? Se


acredito na segunda posição, o problema resolve-se e o legislador coloca o que
quer, contudo, pergunta-se se é legitimo que um outro legislador escolha abolir a
pena de morte. Quer isto dizer que em 2022 o legislador votou a favor da pena de
morte e em 2026 os deputados votam contra e atuam nesse modo. Por exemplo, o
legislador deixa que pessoas do mesmo sexo casem, mas daqui a poucos anos já
não. Face a isto, alguns dizem que é um retrocesso. A questão da liberdade e do
legislador é uma questão atual e muito debatida.

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O que importa ter presente é que Aristóteles define justiça da seguinte forma: A justiça
é aquela disposição do carater a partir da qual os homens agem justamente e é
também o fundamento das ações justas e o que os faz ansiar pelo que é justo.

Mais à frente ele vem-nos dizer que justo é aquilo que produz e salvaguarda a
felicidade (ligação entre ideal de justiça e felicidade) bem como as suas partes
componentes para si e para toda a sua comunidade. Fico feliz quando sinto que há
minha volta à um ambiente justo. Considerando que essa ideia de felicidade engloba
não apenas o eu individual, mas também toda a comunidade. Nesta lógica, a
felicidade não pode ser analisada apenas do ponto de vista individual, mas a nível
coletivo.

O ideal de justiça é o ideal fundamental para a produção da felicidade, mas essa


produção tem de ter um destinatário individual, mas ao mesmo tempo comunitário. A
lógica de que ninguém pode ambicionar, pensar que é feliz porque tem comida na
mesa, segurança, conforto, se viver num sítio em que há sua volta à fome, pobreza e
angústia.

A ideia de que não me importo com o se passa à minha volta, afasta-se da situação
relativamente à justiça.

Dentro deste pressuposto fundamental, do mesmo modo que nós já tínhamos de


verificar que só posso qualificar um comportamento ético face à sua relação a outrem
– Há um juízo critico face ao comportamento de alguém. Do mesmo modo,
Aristóteles diz que a justiça se manifesta de uma relação com outrem.

Exemplo: O patrão foi injusto com o trabalhador, ao qualificar a ação do patrão estou
a avaliar o comportamento dele relativamente a outrem.

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Estes pressupostos daquilo que me leva a considerar uma ação justa ou injusta são
pressupostos que preocupavam Aristóteles que nos devem preocupar a nós para
chegar a uma conclusão sobre o que consideramos justo ou mais injusto.

Aristóteles faz uma das primeiras qualificações sobre tipos de justiça que são
classificações ainda hoje relevantes sobre esta matéria, no domínio da análise ética:

Aristóteles diferencia duas grandes categorias, classes e famílias de justiça:

 Justiça Particular: Aquela que resulta das relações entre A e B. Entre


entidade patronal e empregado, aluno e professor, senhorio e inclino. Aquela
que trata das relações entre particulares.

Dentro desta temos uma subdivisão:

 Justiça Corretiva: Estamos a falar das ações necessárias prosseguir para


corrigir algo que foi praticado indevidamente no âmbito de relação de
particulares. Esta justiça implica um conjunto de ações que visa corrigir algo
indevidamente feito. Esta justiça corretiva tem de se basear no princípio da
igualdade, porque a lei que existe para julgar situações desta natureza deve
basear a igualdade. A lei é igual para todos. Se o princípio da igualdade não
estiver presente no princípio da lei numa comunidade é uma sociedade que é
injusta. Só há uma situação de justiça se a lei for aplicada de forma igual para
todas as pessoas.

Exemplo: Contrato de arrendamento – O cumprimento das cláusulas tanto pelo


proprietário e o arrendatário.

 Justiça Distributiva: Aqui vigora o princípio da equidade, esta palavra não


tem o mesmo significado que igualdade. Quando falamos da justiça distributiva
na ótica de Aristóteles falamos em sociedade justa quando nas relações entre
os privados vigora o princípio do mérito e esse princípio pressupõe que devo
distribuir equitativamente e não em função do princípio da igualdade. Esta

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justiça pressupõe que a riqueza é distribuída em função do mérito, ela é


sempre proporcional na medida em que é distribuída proporcionalmente em
função desse mesmo mérito – equidade. A equidade diz que devemos tratar
de igual o que é igual e desigual o que é desigual.

Exemplo: Um teste em branco, temos todos zero antes de o fazer. O professor vai
distribuir a riqueza (as notas) e esta distribuição deve ser feita consoante o mérito do
aluno.

Um juiz quando aplica uma sentença deve ser imparcial e não consoante as relações
afetivas que tem ou a simpatia que tem com alguém – Violação da igualdade.

Esta diferenciação entre justiça baseada na igualdade e na equidade faz toda a


diferença. Se considerarmos uma sociedade justa porque ela aposta essencialmente
nos pressupostos da igualdade é uma coisa, se acreditamos que a sociedade só é
justa porque só se rege pela equidade é outra, ou então uma sociedade que nuns
casos tem assentado os princípios da igualdade como da equidade.

 Justiça Política: A palavra política não tem o significado comum do termo de


agora. Política significa polis, a justiça da cidade, da comunidade, do todo. A
Justiça pública e coletiva que avalia os critérios de avaliação e modelos de
sociedade.

Exemplo: Pagamento de impostos, SNS, a escolaridade obrigatória, Segurança


Social, definição de um limite de velocidade (dois desrespeitam, mas só um é
sancionado – injustiça).

Dentro desta temos uma subdivisão:

 Justiça Natural: Falamos dos princípios que são inerentes ao próprio homem,
ao ser humano. E se são inerentes ao homem são comuns e devem vigorar em
toda a parte sem qualquer tipo de discriminação.

Exemplo: Carta dos Direitos do Homem – Todos os Homens nascem livres e


iguais.

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O princípio de que todos os Homens nascem livres e iguais devo respeitá-los


independentemente do país em que nasceram, da ascensão social, de ter nascido rico
ou pobre, da religião, da sua cor da pele. Esta base é uma base que devemos a
Aristóteles quando ele falou antes de todos de uma justiça natural que deve vigorar
por igual para todos os seres humanos. Não podemos discriminar um ser humano
porque nasceu num determinado sítio, ou porque tem uma religião diferente. É em
nome do respeito da dignidade de cada um que podemos viver numa sociedade justa.

Esta justiça para vigorar tem de ser igual para todo o Homem independentemente de
todas as situações que nos distingue.

Se cada Estado até prove o contrário, o mundo está organizado em Estados, cada
povo ou cada conjunto de pessoas num determinado território faz parte de um Estado,
e cada Estado tem leis.

No caso português, um pai ou uma mãe, em casos extremos não pode deserdar um
filho. Já no caso inglês, os bens que foram ganhos pelos pais, os pais têm direito de
deixar os bens a quem quiserem.

Independentemente de cada Estado definir regras próprias de organização da sua


sociedade, há um princípio comum a todos os cidadãos e todos os povos: Justiça
Natural. A partir daqui cada Estado condiciona e define por si aquilo que entende ser
mais correto para o modelo de organização da sua sociedade, desde que não
conflitue, não meta em causa os princípios da justiça natural.

Exemplo: Limite de velocidade – Nas autoestradas é de 120KM/h independente do


género de cada pessoa. No entanto, houve uma época que havia um limite de 80km/h
para quem tinha acabado de tirar a carta durante cerca de 1 ano.

Se é verdade que existe um limite, a Alemanha não tem em certas estradas não impõe
um limite de velocidade – Cada povo, cada Estado terá uma justificação para defender
ambas as situações. Quem estará certo?

 Justiça Convencional: A justiça convencional não pode meter em causa


questões de justiça natural. Aquela que é definida. Estatuída e regulada por
cada Estado, mas que deve manter os princípios Aristotélico nunca indo contra
a justiça natural, que superior a esta.

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Exemplo: Arábia Saudita definiu abolir a pena de morte relativamente a menores.

O EUA por exemplo admite a lógica da pena de morte, de que “eu faço justiça,
condenando-te aquilo que fizeste”.

No entanto, temos ainda países que condenam o adultério é apedrejamento. Este


apedrejamento que é defino e convencionado pelo Estado em nome do que eles
acham ser justos, violam os princípios da justiça natural, uma vez que a agressão
física para a condenação algo que está errado, está a meter em causa um bem que
ninguém tem de meter em causa.

Esta é uma lógica muito atual. Cada Estado continua a ter uma margem de liberdade
para definir regras de funcionamento dentro da sociedade, regras estas em nome da
justiça.

Enquanto para ele o que é justiça vem da razoabilidade humana, uma vez que
achava que o Homem justo é o que pratica o bem. A ideia de que é a justiça natural é
apenas aquilo que consideramos como correto.

Já o pensamento cristão vem dizer que o que nos leva a racionalmente a aceitar o que
é racionalmente justo, é Deus que nos conduziu ao caminho do bem e por isso
aderimos a estes conceitos do que é justo naturalmente porque Deus a isso nos
conduziu.

A ideia de justiça natural é muito relevante, muito fraturante.

Muitas pessoas que são contrárias à possibilidade de eutanásia e do aborto, justificam


essa sua posição em nome de critérios de justiça natural: Uns dizem que não foi o
homem que criou a vida, mas sim um ser superior (cristãos), e outros que contrariam a
racionalidade humana de que o homem possa matar antes da nascença (aborto) ou
por um crime (homicídio). Outros dizem que cada povo deve definir aquilo que
entendem.

 Complemento

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Aristoteles tinha uma ideia sobre comportamento justo e sociedade justa. Um


pensador cristão são tomas de Aquino pegou nas ideias de Aristoteles e adaptou
as uma perspetiva metafisica, há semelhança do mesmo disse que havia uma
justiça particular e de natureza publica. Enquanto na justiça particular de
ARISTOTELES havia uma justiça corretiva e Aquino diz comutativa, em que o
incumprimento contratual conduzia a uma falha etica na perspetiva da razão
humana, em que de acordo com a razão, se descumpre é irracional como diz A, já
Aquino diz que a violação de um acordo é uma violação de deus.

Vamos analisar o contrato de pensamento, entre duas pessoas, em que uma das
pessoas comete adultério, violando o contrato, aristoteles na sua perspetiva está
se a violar do compromisso, e Aquino diz que ao violares o contrato do casamento
estás a violar as leis de deus, indo para além da razão. Pra os católicos o
casamento é um sacramento. Aristoteles racionalista em que uma violação de um
contrato viola algo natural ao ser humano e irracional, para quino para alem de se
violar a razão viola se também uma lei de deus.

Na perspetiva de Aquino alguns estados não aceitavam o divorcio. Ainda hoje para
a igreja é um sacramento e de acordo com o canónico, é natural crescer e
multiplicar se e o casamento pressupõem a reprodução. Demonstra a dificuldade
de alguns paises sendo posições ancestrais.

Aquino tinha uma perspetiva reveladora, e a sua invenção foi a justiça distributiva,
em que uma sociedade em função do mérito e da dignidade social, enquanto para
aristoteles é o mérito. Uma sociedade que diz que se deve alcançar as mesmas
oportunidades que os outros a nivel de riqueza, em que a lei as da, mas deve se
ao individuo as conseguir, muito semelhante nos EUA a nivel de saude, em que
quem tem seguro de saude tem acesso aos cuidados de saude, senão tem lixa-se.

A propósito do conceito de justiça falamos no conceito de sociedade , e as suas


diferenças, em que existe uma sociedade em que se tem de dar oportunidade as
pessoas e valoriza-las e perceber por exemplo como um jovem de 18 anos deixa
de estudar e o seu contexto e a perspetiva é ir atras do problema e resolve-lo, e a
outra perspetiva é dar as mesmas oportunidades mas depende do individuo
agarra-las como o caso do jovem de 18 anos, pois segundo esta sociedade o
problema é dele e de mais ninguém, habitue-se quem quer. Se a sociedade numa

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perspetiva individual e quiser ajuda, não sendo o Estado o responsável e não


sendo seu encargo.

Estamos a discutir qual é o conceito de uma sociedade justa e a forma como nos
comportamos de forma justa, sendo ético e o que é ético. Aquino diz que a riqueza
para ser distribuída depende de todos nós, atraves de impostos, havendo um
dever moral de paga los, porque não podemos atuar riqueza por aqueles que tem
necessidade sem os impostos.

Os impostos assim ajudam as mais necessidades, sendo um dever para com a


sociedade, tendo uma essência humanitária. Tomas de Aquino diz que uma coisa
são as obrigações do Estado, outra coisa são as obrigações do Estado Perante
mim. O que está subjacente com Aquino são os mínimos para uma sociedade
justa.

 Santo Agostinho:

Ele dizia que a justiça é a virtude pela qual se dá a cada um o que é seu.

Exemplo: A liberdade, a dignidade humana.

Há quem entenda que uma sociedade justa é uma sociedade onde não há riqueza
excessiva, em que as pessoas são educadas para ter uma vida mais moderada e mais
prudente e que devemos dar a cada um consoante as suas necessidades.

Quando S. Agostinho diz que dá a cada um que é seu, a questão está em saber como
interpretamos o que “é seu”, porque na sua ótica a perspetiva da riqueza e distribuição
de bens tem que ser feita em valores cristãos que levavam a que a propriedade
tivesse uma função social.

Exemplo: Imaginemos que eu crio uma empresa e defino um salário para cada um dos
trabalhadores, não obrigando ninguém a lá estar, todas as pessoas estão a ganhar
acima do salário mínimo e a minha empresa tem imensos lucros e eu pego nesses
lucros e vou comprar um avião ou um jato privado. Alguém pode dizer que estando a
trabalhar há 10 anos que não são aumentados e em vez do proprietário usar os lucros

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para aumentar os trabalhadores não o faz. O proprietário pode dizer que o lucro é seu
porque a empresa foi por este criada e que gasta o dinheiro como quer.

A delta por exemplo é solidária com todos aqueles que ali trabalham, mas como é que
imponho este modelo de justiça? Deve haver uma lei que acima de determinado
montante o empresário, acionista ou patrão deve distribuir x% sobre aqueles que lá
trabalham, ou vou apenas esperar e aguardar pela educação e formação que ele
possa vir um dia a fazer.

Como é trabalhamos para uma sociedade justa para que a situação acima descrita
para que quem trabalha numa empresa seja uma parte ativa nos lucros da empresa.

 S. Tomás de Aquino:

Deu um contributo muito importante de que o comportamento ético é aquele que é


ditado pela moral, uma moral cristã. S. Tomás de Aquino que foi considerado o grande
doutor da igreja “A Suma Teológica”.

Tal qual consta nos textos enviados ele diz que a justiça é a constante e perpetua
vontade de dar a cada um o que é seu por direito. Esta ideia de que só é justo que
tenhamos o que é nosso por Direito, por de trás desta afirmação está algo muito
relevante, não será justo que eu tenho o que não é meu por direito. Isto permite que
uma série de normas e regras viessem a ser estabelecidas seja no Direito da Família,
sucessões ou propriedade.

No Direito da Família: Porque é que o adultério é crime?

Direito Sucessório: Uma pessoa mente para obter bens em herança que não lhe
pertencem, isso não é justo, porque estou a tentar obter aquilo que não me pertence.

Imaginando-se uma situação em que um pai e uma mãe em vida, têm dois filhos e dão
um carro a um dos filhos a outro deram apenas uma mota e o carro tinha um valor de
20mil euros e a mota de 10mil euros. Há morte dos pais, na herança, o filho que
recebeu a mota tem o direito de pedir que na avaliação dos bens que ficam repartidos
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se conte com o valor superior do carro. Tendo os pais deixado 30 mil euros, devem ser
somados os 10 mil da diferença entre os bens, ficando 40 mil euros de herança e o
justo seria ambos receberem 20 mil euros.

É importante entender o que é significa esta definição. Esta é a grande perspetiva de


S. Tomás de Aquino quando diz que cada um só deve receber aquilo que tem direito.

Exemplo: Vou na rua e encontro uma carteira cheia de dinheiro eu posso ter duas
atitudes: Fico com a carteira para mim, ou não ficar com ela porque ela não é minha
por direito.

A ideia de justiça tem um alcance muito vasto. Temos falado de justiça e da sua
aplicação prática na ótima de S. Tomás de Aquino e não precisamos de falar em
Tribunais como um motor de justiça (através de penas e sanções) – que não tem
haver com S. Tomás de Aquino que protege os princípios de justiça.

S. Tomás de Aquino define três tipos de justiça:

•Justiça Particular: Ele faz uma distinção da justiça comutativa e distributiva. É própria
das relações entre particulares. As relações entre particulares quando um contrato
seja violado deveria haver uma ação para corrigir a situação alterada.

Isto lembra-nos da justiça corretiva de que falava Aristóteles. Por outro lado, o
conceito de justiça comutativa abrange muito mais situações. Ou seja, enquanto na
perspetiva aristotélica a justiça corretiva corrigia deturpações à normalidade das
relações (contrato). Há neste tipo a justiça é que isto evolva não só e apenas a
correção, mas também das relações humanas. Podemos incluir o âmbito da justiça
comutativa a perspetiva da obrigação de alimentos.

Exemplo: Alguém que se separa e em muitas circunstâncias de obrigação de


prestação de alimentos a filhos ou à pessoa que sai de casa e que tem uma situação
económica mais debilitada. Neste âmbito não serve apenas corrigir um contrato
(quando um falhou a sua prestação) mas abranger um conjunto imenso de situações
que se prendem com o equilíbrio das relações humanas – Quem não cumpre a
prestação de alimentos incorre numa injustiça que deve ser reparada.

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•Justiça distributiva: O que manda ou administra dá a cada um segundo a sua


dignidade. Aristóteles dizia que deveríamos de dar a cada um o que é seu segundo o
seu mérito, São Tomás de Aquino diz que se deve dar a cada um segundo a sua
dignidade.

É neste contexto de dignidade. As chamadas políticas públicas não são indiferentes


aos modelos de vida e princípios em que acreditamos em todos. Há uma diferença
substancial o que chamamos de reforma e o que chamamos de pensão ainda que seja
tudo igual.

A reforma é uma contribuição atribuída a alguém que descontou enquanto trabalho.


Uma pensão é para pessoas que por razões variadas poderão nunca ter descontado,
tendo o Estado deste criado a questão da pensão.

Se uma pessoa vive na iminência da fome e da pobreza e por isso o respeito e a


dignidade de uma pessoa poderão estar em causa.

A relação que se deve estabelecer entre o governante e o governado, de que uma


sociedade só é justa se aquele que manda e administra tiver um determinado tipo de
comportamento para com o governado. Se tiver a preocupação de administrar em
função de manter a dignidade social. Aquele que manda, seja empresário, o gestor, o
diretor ou o PM deve dirigir e governar procurando respeitar a dignidade do seu
funcionário, do governado.

•Justiça Geral ou Social: São Tomás de Aquino diz que estamos a abordar o
comportamento de cada um de nós, individualmente, perante a sociedade. Para se
chegar à conclusão de que, de acordo com o autor, só existirá uma relação de justiça
geral ou social se cada um de nós individualmente respeitar, cumprir regras de
comportamento social que permitam que a sociedade viva em harmonia.

Exemplo: Pagamento de impostos – Só haverá justiça geral ou social se cada um de


nós pagar impostos, pois só assim é que eu posso contribuir no sentido de esperar
que a sociedade amanhã tenha condições para praticar a justiça distributiva. Se eu
não praticar um determinado comportamento estou a ser injusto. O não pagamento de
impostos e para ele um ato injusto.

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Este conceito equivale a uma perspetiva de dever, eu tenho o dever de estar


minimamente atento quando o professor fala na aula, independentemente de quem me
possa distrair. Esta perspetiva de dever é fundamental na lógica de São Tomás de
Aquino.

A ideia de que só há justiça se o Estado para um da nós individualmente distribuir


riqueza para manter a dignidade individual.

Importa ter presente algo que é relevante, a obrigação de pagar imposto decorre do
simples facto de vivermos em sociedade. O simples facto de vivermos em sociedade
pressupõe uma obrigação.

Na perspetiva ética de São Tomás de Aquino esta obrigação não é apenas jurídica, é
também uma obrigação Humana.

Exemplo: Há quem entenda de uma forma puramente liberal que se pago impostos
não tenho de me preocupar se alguém tem fome, porque o que eu tenho de me
preocupar é saber se esse alguém teve as condições mínimas para poder não ter
fome – Igualdade de oportunidades perante a Lei.

1º Perspetiva: Somos todos iguais perante a Lei? Se temos todos direito ao ensino
público, temos todos direito a ir para uma universidade pública ou privada. A partir do
momento em que são dadas iguais oportunidades têm de arcar com as consequências
e se faço a minha parte e parte da sociedade e dentro das obrigações jurídicas estão
essas prestações jurídicas de iguais oportunidades, uma vez que os meus impostos
financiam essas coisas.

2º Perspetiva: Ora, na lógica que começa com S. Tomás de Aquino é que se é


verdade que tenho obrigações para com o todo porque vivo nele, também é verdade
em nome da justiça e de correção de individual, tenho um dever social do pagamento
do imposto.

Na lógica da justiça social ou geral ele inclui esta vertente, além daquele que governa
ter uma responsabilidade de incorrer aos mais fracos, necessita de ter meios, que
cada um dos meios da coletividade pague impostos, mas para além desta relação e
obrigação não estou desvinculado de dar outro tipo de prestação à sociedade – Um

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dever moral e social de me preocupar com quem me rodeia se essa pessoa estiver a
ter uma situação de vida muito difícil.

Não nos desobrigamos porque pagamos impostos ou porque alguém faz isto por nós,
continuamos a ter um dever de apoiar terceiros.

Exemplo: Sistemas fiscais – Podemos declarar uma percentagem a atribuir a uma


determinada instituição de solidariedade.

Partimos do pressuposto de uma ética de grupo ou empresarial.

Resumos para o 2º teste de avaliação contínua

A palavra lei não é que é feita pelos legisladores e governantes na assembleia, mas
sim a democracia direta. O que é justo? O conceito de são tomas de Aquino e
aristoteles que ensinam o que é justo e como chegar lá. As bases essenciais do que é
o rendimento mínimo teve início em são tomas de Aquino em idade media, os
primeiros a inventar subsídios para órfãos e de perda homens mortos em combate,
quanto às viúvas, muitos séculos antes de Cristo os subsídios já existiam e
consideravam que era justo a cidade cuidar dessas pessoas, uma vez que essas
pessoas serviram a cidade, sendo a causa a sociedade.

Uma sociedade seria injusta se não cuidasse de quem precisa desses cuidados. Estes
dois tinham esta perspetiva de cidade justa, mas uma diferença abissal, em que A
dizia que a ética era a ciencia pratica do bem, e os seres racionais que possuem, e o
que os seres racionais desejam alcançar. Só não pratica o bem que o está a fazer sem
querer ou então porque não sou possuidor da razão são as únicas coisas que
Aristóteles justifica. Porque fazer o mal se se pode prejudicar, o que ganhas com isto?
Nada, foste burro e estúpido.

Pode se desculpar a prática do mal se o fiz sem querer, fiz o mal de forma negligente.
Nós agimos para praticar o bem, enquanto outros autores discordam, mas Aristoteles
não nega, mas que o ser humano assim é burro. A perspetiva que o autor tem indicia á
perspetiva de que a prática do bem, conduz a uma sociedade justa.

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Universidade Lusíada de Lisboa
Ano letivo: 2021/2022
3º Ano – 2º Semestre
Regente: Prof. Doutor Manuel Monteiro

Se cumpres o acordo, estás a fazer o bem, e assim não se engana o vendedor do


carro. Aquino diz estás certo, mas esqueceste que as pessoas que no mundo existem,
são o que são porque existiu um criador, os naturalistas de não crença de um ser
metafisico dizem que é a natureza que deram lugar a natureza ou então dizem que há
um ser superior que criou a natureza, e Aquino acreditava no ser superior e que tinha
criado o mundo e o Homem, logo a razão que cada um de nos tem de praticar o bem e
conduzir a uma sociedade justa, é devido á racionalidade humana existir devido a
esse ser superior, sendo assim o comportamento ética em função dessa entidade
divina em que a sociedade justa é em função das leis divinas de quem nos criou.

Esta questão foi muito relevante entre a ciência e a religião, e o tema atual de escolher
o tipo de criança que queremos leva a debater entre as duas fações. A questão que se
coloca é apesar de ser possível a nível científico, mas deve no ponto de vista moral
deve ou não fazer.

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