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Marilia Marasciulo
29 Dez 2014 - 09h30 Atualizado em 29 Dez 2014 - 09h30
Quando surgem na mídia histórias como a do vigilante Tiago da Rocha, que em outubro
confessou ter matado quase 40 pessoas no estado de Goiás, a atenção do público é
imediatamente fisgada. O portal norte-americano Gawker, conhecido pelo conteúdo
polêmico, noticiou o caso com a manchete “Serial killer incrivelmente bonito confessa 39
assassinatos”. Nos comentários, leitores promoviam um mórbido concurso de beleza
entre Rocha e outros assassinos famosos, como Richard Ramirez, que confessou ter
matado mais de dez pessoas nos anos 1980, e Ted Bundy, que tirou a vida de pelo
menos 30 mulheres na década de 1970.
Foi justamente para explicar a origem da atração de pessoas comuns pelas histórias de
assassinos que Scott Bonn, professor de criminologia da Universidade Drew, lançou
recentemente o livro Why We Love Serial Killers (Por que Amamos Assassinos em
Série, sem previsão de publicação no Brasil). “Nosso interesse tem a ver com o poder
de atração de coisas que são ao mesmo tempo assustadoras e incompreensíveis”,
escreve o autor.
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O fascínio por serial killers existiria desde 1880, quando Jack, o Estripador, assassinou
brutalmente uma série de prostitutas em Londres e escapou sem jamais ter sua
identidade descoberta pela polícia britânica.
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O assunto é tão complexo que estudiosos discordam até na hora de definir o que é um
serial killer. Nos Estados Unidos, uma lei federal de 1998 determinou que o termo
significa “uma série de três ou mais assassinatos em que ao menos um tenha sido
cometido nos Estados Unidos, e que tenham características parecidas que sugiram a
possibilidade de os crimes terem sido cometidos pela mesma pessoa ou grupo”.
Além do fascínio humano pelo incompreensível, existe uma explicação um pouco mais
profunda para que as pessoas se interessem tanto por esse tipo de história. Segundo
Caixeta, o interesse é uma forma de lidar com a própria agressividade. “O homem sente
prazer na violência — o sucesso da luta livre e as fantasias sexuais sádicas estão aí
para comprovar —, mas existe um limite entre o normal e o patológico. Assassinos em
série ultrapassam esse limite”, diz ele. “Ao acompanhar esses casos, algumas pessoas
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podem se perguntar 'e se fosse eu?' e acabam projetando os fantasmas que têm na
vida real.”
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