Você está na página 1de 20

A CRIAÇÃO DE SITUAÇÕES

CONTEMPORÂNEA DO RECIFE
GUIA PRÁTICO DAS SITUAÇÕES
CONTEMPORÂNEA

CONSTRUÍDAS NA ARTE
NA ARTE

Documento de qualificação apresentado como


requisito parcial para obtenção do título de Doutora,
pelo Programa de Pós-Graduação em Design
da Universidade Federal de Pernambuco.

Orientador: Prof. Dr. Gentil Porto Filho


Bruna Rafaella Ferrer
Aluna: Bruna Rafaella Ferrer
Outubro, 2017
Documento de Qualificação | Julho/2016
RESUMO
Breve apresentação de processo de pesquisa próprio nos âmbitos teórico (Doutorado) e
artístico (Guia Comum do Centro do Recife). É proposto levantar o conceito de Situação
Construída sistematizado pelo grupo Internacional Situacionista (IS) e atualizar essa ideia-
programa na arte contemporânea realizada em Recife. A reflexão pretende traçar um
panorama desta técnica situacionista, de modo a indicar novas possibilidades de investigação
do tema.

Palavras Chaves: Situação Construída. Internacional Situacionista. Arte e Vida. Arte


Contemporânea. Guia Comum do Centro do Recife
INTRODUÇÃO

PARTE I

1. UTOPIAS PRATICADAS
1.1 Espaços, heterotopias e momentos
1.2 Arte/vida: vanguardas e Atividades

2. SITUAÇÕES CONSTRUÍDAS
2.1 A Internacional Situacionista: formação, ideias e métodos
2.2 A Situação construída
2.3 Situações construída hoje

3. SITUAÇÕES CONSTRUÍDAS NA ARTE BRASILEIRA


3.1 Construções tropicais: Ligia Clarck, Hélio Oiticica, Ligia Pape e Artur
Barrio
3.2 Reminiscências de vanguarda: Paulo Bruscky e Daniel Santiago
3.3 Agitadores: Ricardo Basbaum e Aslan Cabral
SUMÁRIO

3.4 Coletivos: Corpos Informáticos, Molusco Lama, GIA e Opavivará


DA TESE

PARTE II

4. ESTUDO DE CASOS
4.1 Aspectos metodológicos
4.2 Análises
4.2.1 Caso 1: Oriana Duarte – Plus ultra; Nós, errantes
4.2.2 Caso 2: A casa como convém
4.2.3 Caso 3: Guia Comum do Centro do Recife
4.3 Discussão
4.4 Conclusões: Pequeníssimo manual para sobreviventes artistas sem obras

CONSIDERAÇÕES FINAIS
GLOSSÁRIO
A

ATIVIDADES – Prática desenvolvida pelo artista e filósofo Allan Kaprow. São obras com
caráter de evento onde um pequeno grupo de pessoas engaja-se na realização de ações
previstas em um “roteiro”. Diferente do “Happening”, as Atividades eram elaboradas sem ter
como objetivo o compartilhamento do momento da execução com uma audiência, um grupo
destacado daqueles que participavam e que formalizasse uma plateia. As Atividades não são
elaboradas para que sejam assistidas: são obras de arte cuja finalidade está em sua realização.
D

DESVIO – “Abreviação da expressão: desvio de elementos estéticos pré-fabricados.


Integração de produções artísticas, atuais ou passadas, em uma construção superior do
ambiente. Nesse sentido, não pode haver pintura ou música situacionista, mas um uso
situacionista desses recursos. Num primeiro sentido, o desvio no interior das antigas esferas
culturais é um método de propaganda, que comprova o desgaste e a perda de importância
dessas esferas”. (IS, 1958 apud JACQUES, 2003)
E

ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA – Conceito dinâmico desenvolvido na última fase de trabalho


do filósofo francês Michel Foucalt (1978-1984) que visava estudar “a formação e o
desenvolvimento de uma prática de si que tem por objetivo constituir si mesmo como um
artífice [ouvrier] da beleza de sua própria vida.” (FOUCAULT, 1946). Trata-se pois de um
estudo sobre os modos de subjetivação moral centrado na ideia da constituição de si criado
como “obra de arte”.
G

GREA – “Apelido carinhoso” local (Pernambuco) que significa, “ mais ou menos um estado
de euforia geralmente caracterizado pela reunião de um grupo de pessoas que, em conjunto
(de dois, pelo menos), ‘tiram onda’ do mundo e das pessoas através de aguçado senso crítico,
muita ironia, espontaneidade, liberdade, gargalhadas e falas homéricas. Muito além de
‘gozar’ com alguma coisa, a grea é um momento de provocação genuíno, ligeiramente
despretensioso e costumeiramente inteligente. É um estado criativo por definição, uma vez
que é embasado em observação e comentários.” (DINIZ, 2006)
H

HAPPENING – “Happening é uma combinação de eventos realizados ou percebidos


simultaneamente em diversos espaços e temporalidades. Seu ambiente material pode ser
construído, tomado diretamente do que está disponível, ou ligeiramente alterado; assim como
suas atividades podem ser inventadas ou comuns. Um Happening, ao contrário de um jogo de
cena, pode ocorrer no supermercado, dirigindo ao longo de uma estrada, embaixo de uma
pilha de trapos, e na cozinha de um amigo, tanto de uma única vez como sequencialmente. Se
sequencialmente, o tempo pode ser prolongado por mais de um ano. O Happening é realizado
de acordo com um planejamento, mas sem ensaio, audiência ou repetição. É arte mas se
parece mais próximo da vida”. (KAPROW, 1966).

HETEROTOPIA – Lugares absolutamente outros por oposição. Contraespaços cujo objetivo


é apagar, neutralizar ou purificar todos os outros espaços. “Utopias localizadas”.
(FOUCAULT, 2013). Espaço de contestação indicativo da tensão entre dinâmicas de poder e
da criatividade desviante propositora de novas situações.
S

SITUAÇÃO CONSTRUÍDA – “Momento da vida, concreto e deliberadamente construído


pela organização coletiva de uma ambiência unitária e de um jogo de acontecimentos”. (IS,
1958 apud JACQUES, 2003). Transformação da vida em uma “qualidade passional superior”
(DEBORD, 1957 apud JACQUES, 2003).

SITUACIONISTA – “O que se refere à teoria ou à atividade prática de uma construção de


situações. Indivíduo que se dedica a construir situações. Membro da Internacional
Situacionista”. (IS, 1958 apud JACQUES, 2003).

SITUACIONISMO – “Vocábulo sem sentido, abusivamente forjado por derivação do termo


‘situacionista’ (grifo nosso). Não existe situacionismo, o que significaria uma doutrina de
interpretação dos fatos existentes. A noção de situacionismo foi evidentemente elaborada por
anti-situacionistas”. (IS, 1958 apud JACQUES, 2003).
U

ULTRADESVIO – Desvio sendo operado no funcionamento concreto da via social cotidiana.


Desvio de “situações inteiras através de mudanças deliberadas desta ou daquela condição
determinante”. (DEBORD; WOLMAN, 1956).
BIBLIOGRAFIA
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ARGAN, G.C. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BASBAUM. Ricardo. Além da pureza visual. Porto Alegre: Zouk, 2007.
_____________. O artista como pesquisador. Concinnitas, ano 7, v. 1 (9), Jul/2006, Rio de Janeiro: Instituto de artes da
UERJ, p.70-76.
BONSIEPE, Gui. Design, cultura e sociedade. São Paulo: Edgar Blücher, 2011.
BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
_____________. Estética relacional. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
BÜRGER, Peter. Teoria da Vanguarda. Tradução: José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2013.
DARK SHOW. Evento do Facebook. Disponível em: https://www.facebook.com/events/138315203239473 Acesso em 11
Jul 2016.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
_____________. DEBORD, Guy; WOLMAN, Gil. Um guia prático para o desvio. Disponível em:
http://www.reocities.com/projetoperiferia4/detour.htm
DE CERTEAU, Michael. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2014.
DE MICHELI, Mario. As vanguardas artísticas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
DENIS, Rafael Cardoso. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
_____________. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
FERRER, Bruna et al. Guia Comum do Centro do Recife. Recife: FUNCULTURA, 2015.
FLUSSER, Vilém. Design: obstáculos para remoção de obstáculos?. In: CARDOSO, Rafael (org.). O mundo codificado:
por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
FOSTER, Hal. O retorno do real: a vanguarda no final do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2014. FOUCAULT, Michel.
O Corpo Utópico; As Heterotopias. São Paulo: n-1 Edições, 2013
HARVEY, David. A liberdade da cidade. Urbânia 3. São Paulo: Editora Pressa, 2008, p. 10-17.
JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Salvador: EDUFBA, 2012.
_____________. (Org.). Apologia da deriva: escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
_____________. Breve histórico da Internacional Situacionista (2003). Disponível em:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.035/696 Acesso em: 11 Jul 2016.
JAPPE, Anselm. Os Situacionista e a superação da arte: o que resta disso após cinquenta anos?. Disponível em:
http://www.obeco-online.org/anselm_jappe.htm Acesso em: 11 Jul 2016.
JAPIASSU H., Marcondes. 2001. Dicionário básico de Filosofia. 3a ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
KAPROW, Allan. Essays on The Blurring of Art and Life, Berkeley, Los Angeles/London, University of California Press,
1996.
LEFEBVRE, Henri. Critique of Everyday Life: The One-Volume Edition. London: Verso, 2014.
_____________. Henri Lefebvre e a Internacional Situacionista: Entrevista conduzida e traduzida para o inglês em 1983 por
Kristen Ross. Tradução para o português por Cláudio Roberto Duarte. Publicada na revista October 79, inverno de 1997.
Disponível em: http://guy-debord.blogspot.com.br/2009/06/henri-lefebre.html Acesso em 11 Jul 2016.
MARCUSE, Hebert. A Arte na Sociedade Unidimensional. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da cultura de massa. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978.
MOURA, Rodrigo (Org.). Políticas Institucionais, Práticas Curatoriais. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2005.
PERNIOLA, Mario. Os situacionistas: O movimento que profetizou a “sociedade do espetáculo”. São Paulo: Annablume,
2009.
REY, Sandra. Da prática à teoria: três instâncias metodológicas sobre a pesquisa em artes visuais. Porto Arte, Porto Alegre:
Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais-UFRGS, n.13, v.7, 1996.
SITUACIONISTA: teoria e prática da revolução. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2002.(Coleção Baderna).
ZAMBONI, Silvio. A Pesquisa em Arte: um paralelo entre arte e ciência. 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 2001.
BARREIRA, Marcos Rodrigues. Henri Lefebvre: a critica da vida cotidiana na experiência moderna. Rio de Janeiro: UERJ,
2009 Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia, 2009
BOURRIAUD, Nicolas. Formas de vida: A arte moderna e a invenção de si. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BÜRGER, Peter. Teoria da Vanguarda. Tradução: José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. São Paulo: Editora Gustavo Gili, 2013.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DE CERTEAU, Michael. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2014.
DE MICHELI, Mario. As vanguardas artísticas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
FERRER, Bruna et al. Guia Comum do Centro do Recife. Recife: FUNCULTURA, 2015.
FOSTER, Hal. O retorno do real: a vanguarda no final do século XX. São Paulo: Cosac Naify, 2014. FOUCAULT, Michel.
O Corpo Utópico; As Heterotopias. São Paulo: n-1 Edições, 2013.
_____________. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
JACQUES, Paola Berenstein. (Org.). Apologia da deriva: escritos situacionistas sobre a cidade. Rio de Janeiro: Casa da
Palavra, 2003.
KAPROW, Allan. Essays on The Blurring of Art and Life, Berkeley, Los Angeles/London, University of California Press,
1993.
LEFEBVRE, Henri. Critique of Everyday Life: The One-Volume Edition. London: Verso, 2014.
MARCUSE, Hebert. A Arte na Sociedade Unidimensional. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da cultura de massa. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978.
PORTO FILHO, Gentil. Arte como simpósio. In: Tatuí 7 – Algumas organizações e outras arrumações sociais da arte de
agora, Recife: Sistema de incentivo à cultura Prefeitura da cidade do Recife, 2009
SITUACIONISTA: teoria e prática da revolução. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2002.(Coleção Baderna).
Varrer – A map swepping
Disponível em: http://www.31bienal.org.br/pt/post/1604 Acesso em 11 Jul 2016.
Livro – Catálogo da 31ª Bienal de São Paulo
Disponível em: http://www.bienal.org.br/publicacao.php?i=2087 Acesso em 11 Jul 2016
FOUCAULT, Michel. De espaços outros.
Estudos Avançados, São Paulo, v. 27, n. 79, p. 113-122, jan. 2013.
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/68705/71285 Acesso em 11 Jul 2016.
LEME, Shirley Paes. Heterotopias cotidianas: uma reflexão
Disponível em: http://www.anpap.org.br/anais/2010/pdf/cpa/shirley_paes_leme.pdf Acesso em 11 Jul 2016
Guy Debord, Correspondance,
Volume 2, 1960-1964, nota de rodapé por Alice Debord; e traduzidas do francês por NOT BORED! em maio de 2005.
Disponível em: http://:www.notbored.org/debord-5May1960.html Acesso em 11 Jul 2016.
DEBORD, Guy; WOLMAN, Gil. Um guia prático para o desvio.
Disponível em: http://www.reocities.com/projetoperiferia4/detour.htm
JACQUES, Paola Berenstein. Breve histórico da Internacional Situacionista (2003).
Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.035/696 Acesso em: 11 Jul 2016.
JAPPE, Anselm. Os Situacionista e a superação da arte: o que resta disso após cinquenta anos?. Disponível em:
http://www.obeco-online.org/anselm_jappe.htm Acesso em: 11 Jul 2016.
_____________. Terão os situacionista sido a última vanguarda?
Disponível em: http://www.krisis.org/2015/tero-os-situacionistas-sido-a-ltima-vanguarda/ Acesso em: 11 Jul 2016.
Henri Lefebvre e a Internacional Situacionista:
Entrevista conduzida e traduzida para o inglês em 1983 por Kristen Ross. Tradução para o português por Cláudio Roberto
Duarte. Publicada na revista October 79, inverno de 1997.
Disponível em: http://guy-debord.blogspot.com.br/2009/06/henri-lefebre.html Acesso em 11 Jul 2016.
Allan Kaprow e o nascimento do Happening
Disponível em: http://bienal.org.br/post.php?i=336 Acesso em 11 Jul 2016.

_____________.A educaçãoo do an-artista (parte 1)


Disponível em: https://pt.scribd.com/document/148862145/kaprow-a-educacao-do-nao-artista-parte-I-pdf Acesso em 11 Jul
2016
_____________. A educaçãoo do an-artista (parte 2)
Disponível em: https://issuu.com/websicons4u/docs/revista6/169 Acesso em 11 Jul 2016
GRINDON, Gavin Revolutionary Romanticism: Henri Lefebvre’s Revolution-as-Festival
Disponível em: http://www.gavingrindon.net/wp-content/uploads/2013/04/Gavin_Grindon_-
_Revolutionary_Romanticism.pdf Acesso em 11 Jul 2016.
Arte que não pode ser Arte (Entrevista com Allan Kaprow)
Disponível em: http://confrariadovento.blogspot.com.br/2014/03/arte-que-nao-pode-ser-arte.html Acesso em 11 Jul 2016.
Some recente Happenings
Disponível em: http://www.ubu.com/historical/gb/kaprow_recent.pdf Acesso em 11 Jul 2016.

SUGESTÕES DA QUALIFICAÇÃO

Jean-Yves Jouannais (Incompletude / “Artistas sem trabalhos”)


Cecília Almeida Salles (Crítica genética / “Gesto inacabado”)
Marc Augé (“Não-lugar”)
Edward T. Hall (Proxêmica / distância cultural / “Dimensão oculta”)
Juhani Pallasmaa (corporificação da arquitetura / “Olhos da pele”)
GUIA COMUM
DO CENTRO
DO RECIFE

Você também pode gostar