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São Paulo
2022
LUCIANA COLTRI E SILVA
São Paulo
2022
RESUMO
Autistic Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder that affects different areas
of the individual's overall development. Once is no clear guideline because there are many types
of intervention, it is a challenge for families to make choices. A better understanding of the
reasons related to maternal decision-making can contribute to the identification of barriers to
the evidence base. The study objectives were: (1) to characterize the use of services by children
with ASD, aged between 6 and 12 years; (2) Verifying whether knowledge about ASDs,
perception about the disorder, and sociodemographic conditions affect mothers' decision-
making when choosing different types of care and (3) explore contextual factors associated with
the trajectories and treatment choices made by mothers of children with ASD. Two studies were
carried out. The first had a quantitative approach to answer objectives one and two. The second
study used a qualitative methodology, answering objective three. Study one had a convenience
sample of 151 mothers. For quantitative analysis, the following standardized instruments were
used (virtually collected): (1) Sociodemographic and treatment choice questionnaire
(Behavioral Intervention, Speech Therapy, Occupational Therapy, Pharmacology, Biomedical
Treatments, and Relational Approach); (2) Modified revised disease perception questionnaire
for autism - IPQ - RA (3) Maternal Autism Knowledge. Data analysis (logistic regression) was
performed using the SPSS program, version 20.0 and JAMOVI, and for all statistical tests, a
significance level of 5% was adopted. Values of p>0.5 and <0.10 were considered marginally
significant. For a qualitative data analysis, derived from semi-structured interviews with 10
mothers, the ALCESTE software was used. As part of the results of study one, we had that
among the therapeutic approaches, the one with the greatest choice was Behavioral Intervention,
with 86.8%, and the variable Controllability of the Disorder became statistically significant as
a possible predictor (P = 0, 05) only when adjusted with the Disorder Unpredictability variable
(P = 0.15). As for the choice of Speech-Language Pathology intervention, the children´s age
presented a statistically significant negative correlation (P = 0.01). Regarding qualitative data,
we found that there are several barriers encountered in the trajectory to obtain the diagnosis and
later in the search for treatment, such as a long time of assessment for the diagnosis and financial
difficulties to assess and maintain the measurements,in addition to the problems of finding a
specialized professional.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1. CARACTERIZAÇÃO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E
IMPACTOS NAS ROTINAS FAMILIARES ........................................................................ 1
1.2. O PROCESSO DIAGNÓSTICO ................................................................................. 3
1.3. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E SEU IMPACTO NAS FAMÍLIAS .4
1.4. BUSCA DE INTERVENÇÕES ................................................................................... 6
2. ESTUDO 1 ....................................................................................................................... 11
2.1. OBJETIVOS .............................................................................................................. 11
2.2. MÉTODO .................................................................................................................. 11
2.2.1. Participantes ....................................................................................................... 11
2.2.2. Procedimentos .................................................................................................... 11
2.2.3. Instrumentos ....................................................................................................... 12
2.2.4. Variáveis de análise ................................................................................................. 15
2.3. ANÁLISES DE DADOS ........................................................................................... 17
2.4. RESULTADOS.......................................................................................................... 17
2.5. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 21
3. ESTUDO 2 ....................................................................................................................... 28
3.1. OBJETIVO ................................................................................................................ 28
3.2. MÉTODO .................................................................................................................. 28
3.2.1. Desenho do estudo e participantes .......................................................................... 28
3.2.2. Instrumentos ............................................................................................................ 28
3.2.3. Procedimentos ......................................................................................................... 29
3.3. ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................. 29
3.4. RESULTADOS.......................................................................................................... 31
3.5. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 39
4. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 45
5. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 47
6. APÊNDICE ...................................................................................................................... 57
7. ANEXOS .......................................................................................................................... 60
1
1. INTRODUÇÃO
possível encontrar crianças verbais e não verbais; crianças sem nenhum tipo de contato social
e outras com dificuldades no relacionamento. Além disto, algumas crianças podem apresentar
deficiência intelectual, enquanto outras não (BEJEROT, 2007; LAMPREIA, 2009). Esses
comportamentos afetam a qualidade de vida das famílias, gerando diversas consequências, com
mudanças na rotina, privações de diversas formas, alterações na vida financeira, entre outras.
Dentre os comportamentos que causam mudanças e prejuízos às famílias, estão os
padrões repetitivos e as estereotipias, que são importantes de serem trabalhados devido ao
comportamento característico do autismo, que muitas vezes influencia a rotina da criança e seus
familiares, além de comprometer a aprendizagem de novos reportórios (MCAULIFFE et al.,
2019). Estudos anteriores mostram a necessidade de familiares organizarem rotinas de vida
familiares para diminuir problemas comportamentais e aumentar qualidade de vida da pessoa
com TEA e dos familiares (SCHLEBUSCH et al., 2016). Fatores que frequentemente estão
associados a estresse dos pais para a organização de rotinas familiares são a resistência às
mudanças, insistência em determinadas rotinas, apego excessivo a determinados objetos,
comportamentos disruptivos (LINDLY et al., 2021). Outros sinais que interferem
negativamente na organização de rotinas familiares, no exercício da parentalidade e afetam o
bem-estar de pais e cuidadores são os déficits em comportamentos de brincar, comportamentos
de socialização e comunicação (SCHLEBUSCH et al., 2016). Estereotipias motoras e verbais,
tais como se balançar, bater palmas repetitivamente, andar em círculos ou repetir determinadas
palavras, frases ou canções são também manifestações frequentes que impactam negativamente
pais contribuindo para estresse parental e diminuição da qualidade de vida (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013; GADIA et al., 2004; MIAN et al., 2018; WILLIAMS;
WRIGTH, 2008).
Algumas crianças com TEA apresentam comportamentos desadaptativos, como
episódios e auto e hetero agressividade, que podem exigir técnicas apropriadas de manejo
(LEAF; MCEACHIN, 1999; LUDLOW et al., 2012). As dificuldades para o manejo desses
tipos de problemas de comportamento se associam frequentemente com frustração e estresse
para os que são responsáveis pelo cuidado da criança (REED et al., 2017).
Com as demandas do cuidado e procura por intervenções que se mostrem eficazes estudo
anterior mostrou que o atendimento das necessidades de uma criança com TEA demanda
investimentos familiares e governamentais elevados, que já foram estimados em países
desenvolvidos como Reino Unido e Estados Unidos (BUESCHER et al., 2014). A saber, ao
longo do curso de vida $ 2,4 milhões nos Estados Unidos e $ 2,2 milhões no Reino Unido
(BUESCHER et al., 2014). Em países em desenvolvimento são praticamente inexistentes essas
3
estimativas, e as demandas são relativas não apenas à escolha do tipo de intervenção, mas
também ao processo diagnóstico.
O processo para diagnóstico das crianças com TEA é muitas vezes longo, uma vez que
não há um único marcador ambiental e biológico e por isso as famílias precisam passar por
diversos profissionais e há quase sempre muitas dúvidas, principalmente nos casos mais leves
(CRANE et al., 2016). Estudo anterior caracteriza esse processo para alguns pais e cuidadores
como odisseia, considerando a multiplicidade de barreiras enfrentadas pelas famílias à procura
de um diagnóstico (LAPPE et al., 2018).
No Brasil, a média de tempo para um diagnóstico ser realizado, desde as primeiras
suspeitas é de 36 meses (RIBEIRO et al., 2017). Dados de outros países mostram uma situação
semelhante de demora no diagnóstico. Na Inglaterra um estudo com pais mostrou que o
processo é longo e estressante para mais de 80% de mais de 1000 famílias participantes
(CRANE et al., 2016). Outra pesquisa com 494 cuidadores de crianças com TEA nos EUA,
Canadá, Nova Zelândia e Austrália teve 40% dos participantes respondendo que não ficaram
satisfeitos com o processo diagnóstico. Nesse estudo foi encontrada uma correlação negativa
entre o número de profissionais procurados para o diagnóstico e o grau de satisfação (GOIN-
KOCHEL et al., 2006).
No Brasil, alguns dos fatores associados ao diagnóstico tardio, diferente do
recomendado no DSM-5 (diagnóstico a partir dos 24 meses) são a falta de preparação de
profissionais da saúde da atenção básica, dificuldades para implementação de políticas públicas
com uso de instrumentos de rastreamento de TEA nas ações de monitoramento da saúde da
criança, dentre outros (LOWENTHAL, 2013; RIBEIRO et al., 2017). BORDINI et al. (2015)
recomendam que os profissionais da atenção primária, principalmente os pediatras, precisam
de melhor formação para a identificação de sinais precoces de TEA considerando que são os
profissionais que desde cedo acompanham o desenvolvimento da criança.
Em relação aos pediatras, um estudo brasileiro sobre as barreiras encontradas para o
diagnóstico de TEA, revelou no relato de mães que ao perceber os sinais do transtorno,
procuraram pediatras e não tiveram suas queixas mais bem investigadas. Em alguns casos os
médicos não se aprofundaram em questões referentes ao desenvolvimento infantil e em outros
4
casos deixaram de investigar alguns sintomas descritos pelas mães e até mesmo os
desconsideraram, atrasando o processo de diagnóstico (RIBEIRO et al., 2017).
Porém, é importante destacar que embora seja o médico que emite o diagnóstico, a
avaliação deve ser multidisciplinar, com equipe que pode estar composta por psicólogos,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais (BRASIL; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2014). Também esses profissionais devem ter formação na área, para que a
avaliação seja de qualidade.
No Brasil, no Sistema Único de Saúde, essa avaliação deveria ser realizada pelos
Centros de Atenção Psicossociais Infantil – CAPSi, que são o principal recurso disponibilizado
para a população em relação à cuidado de saúde mental infantil. Esses centros atendem crianças
e jovens até 24 anos (BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Porém, não há CAPSis em
todas as cidades do país e a maior parte deles está centralizada nos grandes centros e nas regiões
Sul e Sudeste do país. Além disso, o número de profissionais e vagas disponíveis, mesmo nos
grandes centros é insuficiente para atender a demanda (FATORI et al., 2019; PAULA et al.,
2012).
Além das dificuldades para que uma criança com TEA receba uma avaliação
diagnóstica, assim que os primeiros sinais sejam identificados as famílias no Brasil também
enfrentam o desafio da escolha do tratamento, seja em termos de locais onde possa ser oferecido,
tipo de intervenção e profissionais envolvidos. Estudo recente publicado por pesquisadores da
Rede Latino-americana pelo autismo (REAL) avaliou 3000 famílias de 6 países da América
Latina, para identificar desafios e barreiras encontradas pelas famílias de indivíduos com TEA.
Os resultados referentes às barreiras para os tratamentos mostraram que as listas de espera foram
relatadas pelas mães como um problema de maior frequência no Brasil (56,5%) e menos na
Argentina (42,4%) e no Chile (43,0%). (PAULA et al., 2020). Resultados como estes alertam,
como mostrado em estudos anteriores, que sobrepondo à complexidade do quadro clínico do
TEA, dificuldades de acesso a tratamentos, tendem a aumentar a sobrecarga, o estresse e os
desafios que as famílias enfrentam (GOMES et al., 2015; HARTMANN et al., 2018;
WEITLAUF et al., 2020).
Uma vez que se trata de um transtorno e não há cura, a principal recomendação é investir
nos tratamentos para um melhor prognóstico e melhora dos sintomas, focando principalmente
a autonomia do indivíduo. Porém há diversos tipos de intervenção e uma das dificuldades
encontradas pelas famílias é a escolha da melhor intervenção e os profissionais da saúde, como
médicos, por exemplo, pouco conseguem ajudar, aumentando a percepção de responsabilidade
das famílias. O fato de haverem sempre informações discordantes sobre as diversas terapias,
também deixa as famílias desamparadas (EDWARDS et al., 2017; SHEPHERD et al., 2018).
Dados epidemiológicos de países desenvolvidos mostram que crianças com TEA
chegam a frequentar nove vezes mais os serviços de saúde do que crianças com outras
patologias e até três vezes mais que crianças com Deficiência Intelectual (LOWENTHAL et
al., 2007). Esse dado, se dá, provavelmente porque a principal recomendação é do tratamento
multidisciplinar, e com intensidade, ou seja, várias horas por semana. Além disso, há também
a possibilidade de familiares procurarem por diversas terapias, por falta de informação sobre
qual é a melhor intervenção associado ao desconhecimento sobre intervenções baseadas em
evidências (POSAR; VISCONTI, 2019). Por outro lado, mesmo sabendo que as crianças com
TEA precisam de assistência especializada, muitas delas não a recebem. Em sincronia com
dados internacionais, estudo com milhares de famílias do Brasil e outros cinco países da
América Latina indica que 20% das pessoas com TEA nunca haviam recebido atendimento
especializado no decorrer da vida (PAULA et al., 2020).
O fato de existirem diferentes níveis de gravidade do transtorno dificulta ainda mais aos
familiares buscarem informações sobre a eficácia dos diversos tipos de tratamento (LOPEZ et
al., 2019). Outro grande dificultador para tomar decisão em relação ao tipo de tratamento é o
número elevado de abordagens existentes para o tratamento de TEA, tanto com evidências
científicas quanto sem. Um estudo de 2006, contou com uma lista de 111 intervenções
diferentes, separadas em 11 categorias, a saber: Terapias padrão (fonoaudiologia,
musicoterapia); habilidades baseadas em Análise do Comportamento Aplicada; medicamentos;
fisiológicas (treinamento de integração auditiva, integração sensorial); suplementos
vitamínicos; dietas alternativas (sem caseína, sem glúten); terapias / medicamentos alternativos
(aromaterapia, terapia de dança); terapias relacionais; programas combinados; desintoxicação
e outras habilidades (GREEN et al., 2006).
Alguns estudam mostram que as famílias tem como principal fonte de indicação dos
tratamentos os médicos, mas seguem também conselhos de outros familiares de crianças com
7
TEA, da própria família e buscam informações na internet (CARLON et al., 2013; SHEPHERD
et al., 2018).
Nesse caminho, a internet é considerada uma das principais ferramentas de busca de
informações pelas famílias, para escolha das terapias para a criança (DINORA;
BOGENSCHUTZ, 2018) uma vez que encontram dificuldades para saber onde e como obter
informações e apoio, e podem inclusive receber conselhos conflitantes de profissionais
renomados (HUWS et al., 2001; MANDELL; SALZER, 2007). Como resultado, os pais são
colocados em posição de tomar decisões com base na informação disponível, em vez de
informação ideal (GOIN-KOCHEL et al., 2009).
A falta de informação especializada, somada à demora no diagnóstico, muitas vezes
atrasa a busca por intervenção. Na maior parte dos países, incluindo o Brasil, o diagnóstico de
TEA é realizado após os três anos de idade (PAULA et al., 2020; RIBEIRO et al., 2017).
Entretanto, uma discussão sobre os tipos de intervenções deveria se iniciar antes, já no momento
da avaliação a partir dos primeiros sinais e sintomas, pois atualmente é possível determinar
grupos de riscos para o autismo, o que possibilita uma intervenção precoce. Há de ser destacado
que muitas dessas intervenções precoces, ainda sem definição diagnóstica tem como objetivo
reduzir os comprometimentos em domínios de linguagem, comunicação e funcionamento
adaptativo permitindo um prognóstico mais favorável no sentido de capitalizar indicadores
biológicos de neuroplasticidade (ROJAS et al., 2019; ZWAIGENBAUM et al., 2015).
Vale ressaltar também, que além dos conhecidos grupos de riscos (irmãos de crianças
com TEA, e prematuros nascidos com menos de 1kl e meio, por exemplo), sabe-se que os sinais
de TEA tornam-se mais claros na maioria dos casos por volta dos 18 meses de idade
(MADASCHI et al., 2020). São alguns desses sinais: alteração na interação social, falta do
sorriso social, hipotonia, falta de expressão social, não olhar para o outro, não apontar objetos
e não atender pelo nome (GUINCHAT et al., 2012; KLEINMAN et al., 2008; MECCA et al.,
2011; ZANON et al., 2014). Quando esses sinais são percebidos, independente do diagnóstico,
a principal recomendação é iniciar a intervenção precoce.
A escolha das terapias e/ou tratamentos para um filho com TEA tem a influência de
diversos fatores. Uma revisão realizada em 2013, listou alguns dos mais importantes: a
acessibilidade e disponibilidade dos serviços, situação socioeconômica, crenças e valores da
família, gravidade do caso e as indicações de familiares e profissionais da área. Outro dado
importante dessa revisão é que as famílias costumam escolher várias intervenções simultâneas,
mesclando as que possuem comprovação científica com as que não tem, por considerarem
múltiplos fatores no momento da escolha (CARLON et al., 2013).
8
Para ambos os estudos, antes do início da coleta de dados, um projeto único foi
submetido pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie e
aprovado com número de registro CAAE 26274119.1.0000.0084.
11
2. ESTUDO 1
2.1. Objetivos
2.2. Método
2.2.1. Participantes
2.2.2. Procedimentos
Para identificação e recrutamento das participantes, uma chamada formal para mães de
crianças com TEA entre 6 e 12 anos foi aberta em diversas redes sociais, principalmente aquelas
lideradas por profissionais da área e familiares.
Os questionários foram preenchidos de forma online, disponibilizados através da
plataforma Google Form. Ao ingressarem na página inicial do programa, as participantes foram
direcionadas ao TCLE e somente após o assinarem, colocando suas iniciais no espaço virtual
determinado, é que tiveram acesso ao conteúdo dos questionários.
12
2.2.3. Instrumentos
Uma vez que não foi encontrado nenhum estudo nacional nessa temática, os
instrumentos escolhidos para a coleta das variáveis independentes conhecimento em TEA e
percepção do transtorno, foram retirados de estudos internacionais, com original em inglês.
Após autorização dos autores de cada um dos instrumentos (ANEXOS 1 e 2), dois estudantes
da graduação em psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, bilíngues, realizaram a
tradução e posteriormente dois profissionais da área bilíngues fizeram a retro tradução dos
instrumentos.
Já o questionário que foi utilizado para a coleta das variáveis independentes
(escolaridade da mãe, sexo e idade da criança) e da variável dependente (escolha das terapias/
para os filhos com TEA), foi produzido pela pesquisadora.
Para completar o processo de adaptação/desenvolvimento dos questionários, todos eles
foram enviados para 4 juízes especialistas na área de intervenção em TEA e mães de crianças
com TEA, para passar por processo de validade de conteúdo baseado no critério de juízes. Os
juízes avaliaram cada questão de todos os instrumentos com base em três critérios: Objetividade
(se o item está adequadamente descrito e se a descrição é direta e concisa para sua correta
aplicação); Clareza (se o item tem precisão vocabular, está inteligível, com pontuação correta
e sem ambiguidades para sua correta aplicação) e Precisão (avalia se a descrição do item está
específica e precisa em relação ao que se propôs avaliar para sua correta aplicação) Cada item
dos questionários foi pontuado pelos juízes em uma escala de 0 a 2 para os 3 critérios, sendo 0
– Discordância Total; 1 – Concordância Parcial e 2 – Concordância Total. A partir das médias
de pontuação dos juízes para cada critério foi calculado o Coeficiente de Validade de Conteúdo
(CVC) para cada item (PASQUALI, 2010).
Outro fator que justifica análises de evidência de validade antes da utilização de
instrumento desenvolvidos fora do país, é tradução e adaptação transcultural por diferenças no
idioma.
Todos os questionários tiveram CVC acima de 0,80 para todos os critérios, indicando
um bom grau de concordância entre os juízes. Segue abaixo a tabela com detalhamento do CVC
para cada questionário:
13
2010), que mede as percepções sobre diagnósticos relacionados à saúde e a influência das
crenças nas estratégias de enfrentamento.
O IPQ – RA é dividido em três partes, sendo que primeira contém uma lista com 14
sintomas associados ao TEA, para que a participante responda se observa esse sintoma em seu
filho, selecionando “sim” ou “não”. Se a resposta for “sim”, há uma segunda parte da questão,
se ela acredita que esse sintoma está associado ao TEA do filho, também no formato “sim” ou
“não” (MIRE et al., 2018).
Para o presente estudo, essa parte do questionário foi transformada numa variável
contínua, a partir da soma do número de sintomas percebidos pela mãe como causados pelo
TEA. Foram considerados sintomas, aqueles que as mães disseram “sim” em ambas as
perguntas, se observava esse sintoma e se acreditava estar associado ao TEA.
Já a segunda parte mede o ponto de vista da mãe sobre alguns aspectos da vida da
criança. Nesta etapa a resposta deve ser dada em uma escala likert de 5 pontos (discordo
plenamente, discordo, nem concordo nem discordo, concordo ou concordo plenamente) para
38 afirmações sobre o transtorno, como por exemplo: “O TEA do/a meu/minha filho/a vai durar
muito tempo” ou “O TEA do/a meu/minha filho/a causa dificuldade para as pessoas ao meu
redor”.
No estudo original de desenvolvimento da IPQ-R realizado em 2010, havia 11
categorias sendo estas: identidade; percepção do transtorno como agudo ou crônico; percepção
do transtorno como cíclico; consequências; controle pessoal; controle do tratamento;
representação emocional, atribuições psicológicas, fatores de risco, imunidade e acidente ou
azar; e após Análise Fatorial Confirmatória (AFC) essas foram reduzidas para 8 (AL ANBAR
et al., 2010). MIRE et al. (2018) realizaram um novo estudo com o instrumento, com uma nova
AFC, visando aumentar as evidências de validade do instrumento, e as categorias foram
reduzidas a 7. Ao final, os autores argumentam que nessa nova versão, pode se utilizar em 7
categorias ou 6, pois duas delas (Controle do Transtorno e Controle do Tratamento) tendem a
sobrepor com itens que podem ser carregados como um mesmo fator.
Por esses motivos, antes de partir para a testagem das hipóteses dessa tese, conduzimos
três AFCs do IPQ – RA (APÊNDICE 1) com população de crianças com TEA do Brasil,
seguindo as estruturas apresentadas em estudos prévios, que resultaram em 6 categorias
nomeadas como: Controlabilidade do Transtorno, Imprevisibilidade do Transtorno,
Previsibilidade do Transtorno, Mudanças na vida dos Cuidadores, Emoções Negativas frente
ao Transtorno e Compreensão do Transtorno.
Além da parte 1, sobre sintomas e da parte 2, sobre a percepção do transtorno, o
questionário IPQ-R conta com uma terceira parte, que mede quais fatores a mãe acredita que
contribuem para o TEA de seu/sua filho/a. Nesta etapa, também, a resposta deve ser dada em
15
uma escala likert de 5 pontos (discordo plenamente, discordo, nem concordo nem discordo,
concordo ou concordo plenamente) para 21 itens.
No final do questionário há uma pergunta aberta, para que a participante liste três fatores
que na percepção dela mais contribuem para o TEA do seu (sua) filho (filha). Essa parte final
do questionário foi utilizada de forma descritiva, tanto sobre as crenças sobre causa quanto à
pergunta aberta não foram utilizadas como variáveis de dependentes do estudo.
Essas variáveis foram tratadas como variáveis ordinais, uma vez que a pontuação foi
definida através de uma escala likert de 5 pontos.
Segue abaixo a descrição das demais variáveis:
7) Proxi de gravidade: quantidade de sintomas que a mãe respondeu que observa em seu
filho e atribui ao TEA na parte 1 do questionário IPQ – RA. Essa variável é contínua,
com pontuação possível de 0 a 14 pontos.
8) Conhecimento em TEA – Pontuação obtida no questionário Maternal Autism
Knowledge Questionaire (Questionário de Conhecimento materno em TEA). Essa
variável é contínua, com pontuação possível de 0 a 43 pontos.
9) Sexo da criança.
10) Escolaridade da mãe.
11) Idade da criança.
17
2.3. Análises de dados
A análise descritiva dos dados foi realizada nos Programas SPSS versão 20.0 e no
JAMOVI. Para todos os testes estatísticos foram adotados um nível de significância de 5%.
Valores de p > 0,5 e < 0,10 foram considerados marginalmente significantes.
Inicialmente os dados foram analisados descritivamente. Para as variáveis categóricas
foram apresentadas as frequências absolutas e relativas e para as variáveis numéricas, medidas-
resumo (média, quartis, mínimo, máximo e desvio padrão).
Para investigar variáveis que potencialmente predizem o uso de certas intervenções,
foram realizadas primeiramente análises bivariadas entre cada variável dependente com cada
um dos 7 desfechos.
A fim de avaliar os efeitos simultâneos das variáveis independentes, realizou-se para
cada desfecho uma regressão logística, com um modelo inicial formado pelas variáveis que
alcançaram valor de P < 0,2 nas análises bivariadas. Em seguida, a cada etapa as variáveis que
não alcançaram ou mantiveram seus valores de p < 0,1, ou que aumentavam o valor de P das
variáveis que entraram anteriormente no modelo eram excluídas do modelo manualmente
(foward stepwise) até se manter no modelo somente variáveis estatisticamente significantes,
resultando em um modelo final para cada um dos desfechos.
2.4. Resultados
Esse estudo contou inicialmente com uma amostra de conveniência de 184 participantes.
No processo inicial de análise dos dados verificamos que as que utilizavam somente os serviços
oferecidos pelo SUS eram apenas 33 e tinham um perfil muito específico, que demonstrava que
não tinham poder de decisão, ou seja, não faziam escolha sobre o tipo de terapia para seu filho.
Isso porque no SUS, o atendimento às crianças com TEA é realizado prioritariamente nos
Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), e após avaliação quem determina as terapias
utilizadas pela criança são os profissionais do serviço, com pouco poder de decisão dos
familiares. Além disso, nos CAPSi, boa parte da intervenção é realizada no formato de grupo,
que pode ser dirigido por diferentes profissionais, como fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta
ocupacional, não podendo ser considerada uma intervenção específica dessas especialidades
(CEBALLOS et al., 2019). Considerando que o principal objetivo desta pesquisa era testar as
escolhas das mães pelo tipo de tratamento de seus filhos com TEA, optou-se pela retirada dessas
participantes do estudo, ficando assim, a amostra composta por 151 mães de crianças com TEA,
entre 6 e 12 anos de idade.
Dessas participantes, 84,1% era mães de meninos, enquanto 15,1% tinham filhos do
sexo feminino. As residentes do estado de São Paulo totalizavam 47%, enquanto 53% eram de
outros estados. A média de idade das crianças foi de 8,4 anos. Em relação à escolaridade da
18
mãe, 55,6% possuíam pós-graduação, 29,1% ensino superior completo, 6% ensino superior
incompleto, 8,6% ensino médio completo e apenas 0,7% ensino fundamental completo. A
respeito da classe social a qual a família pertence, 6% pertenciam às classes sociais D ou E, a
grande maioria, 80.8% à classe C e 13.3% à classe B. Sobre os sistemas de saúde utilizados, a
maioria utilizava convênio médico, sendo 59,6% convênio pago pela família e 39,7% pela
empresa onde trabalha um dos cuidadores. Apenas 17,9% faziam uso de serviços pagos de
forma particular e 15,2% utilizavam serviços do SUS. Importante ressaltar que 37,8%
utilizavam mais de um sistema de saúde.
Em relação à quantidade de tratamentos realizados pelas crianças, 15,3% faziam apenas
uma intervenção, enquanto 20,5% eram submetidos a 2 tipos de intervenção, 35,1% a 3 formas
de tratamento, 25,2% a 4 e finalmente 6% faziam 5 tipos de intervenção.
Dentre as abordagens terapêuticas, as três com maior escolha, ou seja, que as crianças
faziam e as mães estavam satisfeita somadas às que a criança não faziam, mas a mãe gostaria,
foram: Intervenção Comportamental, com 86,8% de escolha, seguida da Terapia Ocupacional
com 74,9%, e da Fonoaudiologia com 65,6%. Porém, quando olhamos para as terapias que as
crianças faziam, o mesmo percentual de participantes utilizava Intervenção Comportamental e
Fonoaudiologia (74,2%) e em terceiro lugar estava a utilização da Terapia Ocupacional
(63,3%). Outro dado importante é que em relação às Abordagens Relacionais, nenhuma mãe
participante do estudo fazia uso, mas 18,5% gostariam que o filho tivesse acesso.
Segue abaixo a tabela 3, com os dados descritivos sobre as 7 intervenções para TEA.
Tabela 3. Dados descritivos sobre realização e satisfação com os sete tipos de terapia deste
estudo (N=151)
Faz a Faz e está Não faz,
Tipo de intervenção Escolha
intervenção satisfeita mas gostaria
Intervenção Comportamental 74,2% 63,6% 23,2% 86,8%
Terapia Ocupacional 63,6% 49,7% 25,2% 74,9%
Fonoaudiologia 74,2% 58,3% 7,3% 65,6%
Farmacologia 47,0% 33,8% 1,3% 35,1%
Tratamento Biomédico 7,3% 4,6% 25,8% 30,4%
Psicanálise 15,9% 11,9% 14,6% 26,5%
Terapias Relacionais 0,0% 0,0% 18,5% 18,5%
2.5. Discussão
3. ESTUDO 2
3.1. Objetivo
3.2. Método
3.2.2. Instrumentos
3.2.3. Procedimentos
Para a análise dos dados das entrevistas foi utilizado o software ALCESTE - Analyse
Lexicale par Context d’un Ensemble de Segments de Texte. Para o tratamento analítico dos
dados das 10 entrevistas semi-estruturadas foi utilizada a versão 2018 para Windows do
software. O ALCESTE é um software para Análise de Dados Textuais que surgiu no Centro
Nacional Francês de Pesquisa Científica com o apoio da Agência Nacional Francesa de
Valorização à Pesquisa. O software permite realizar de maneira automática a análise de dados
de entrevistas e grupos focais (com perguntas abertas) possibilitando uma quantificação do texto
para extrair as estruturas mais significativas a partir de uma análise lexical dos vocábulosdas
frases em função de frequência e de co-ocorrência com análises estatísticas baseados em um
teste qui-quadrado (REINERT, 2000).
abaixo de 4 se 100% da ocorrência da palavra foi em uma única classe e o teste de qui-quadrado
de associação da palavra com a classe foi ⩾3,89, p = 0,05, df = 1.
3.4. Resultados
A CHD derivou três (3) classes que forma intituladas: Classe 1: Trajetória de
intervenções e satisfação com o serviço prestado (54,10%); Classe 2: Desafios enfrentados
32
pelas mães no reconhecimento dos sinais de TEA (31,45%) e Classe 3: Trajetória pelo
diagnóstico (14,54%). Segue figura 1 representando o dendrograma após a CHD. A figura
mostra o percentual de unidades elementares de contexto (UCE) de cada classe em relação ao
total de UCE classificadas, bem como o percentual de UCE classificadas. O dendrograma
mostra as árvores originadas das duas classificações hierárquicas descendentes (CDH) que
deram origem à classe 1 e à outra classificação que originou as classes 2 e 3. Segue a
caraterização das classes.
Legenda
A classe 1 teve o maior percentual de UCE analisadas com 54%. A leitura e análise do
conteúdo das palavras e das UCE permitiram intitulá-la “Trajetória de intervenções e satisfação
com o serviço prestado”. Uma classe caracterizada por conteúdos indicativos da busca das mães
pelas melhores intervenções para seus filhos, bem como sobre os fatores que as fazem continuar
ou interromper uma terapia.
Como mostrado no dendrograma da Figura 1, as duas principais palavras encontradas
nessa classe são pesso+ (derivada como pessoa e pessoalmente) e profission+ (derivada como
profissional). Ao se verificar a relação dessas palavras com o conteúdo da classe é possível
perceber que em relação à primeira palavra há, inclusive ligação com a palavra terapeuta que
diz respeito também a um profissional. Essa classe se refere principalmente ao que as mães
esperam dos profissionais.
“Mesmo quando essa equipe é multidisciplinar, quando elas estão em um mesmo endereço ou
outro, mas que tenha pelo menos uma profissional que vai liderar as devolutivas, que vai
organizar as sessões, que vai organizar todo o andamento” (Participante 10)
“Eu acho que muitas pessoas passam por isso, as vezes eu até digo que o autismo era para
aparecer so em famílias que tivessem uma boa condição financeira, porque o tratamento caro.”
(Participante 4)
“Pelo que eu conversava com essas famílias [...] estão desesperadas em buscar um milagre, as
vezes até tem famílias que acreditam em cura, então eu acho que o que aparece as famílias estão
topando, sabe, sem questionar muito” (Participante 5)
“eu sempre tento buscar informação de profissionais renomados, bem-conceituados, em sites que
sejam confiáveis, artigos em revistas cientificas, enfim, informações que tenham realmente um
peso” (Participante 4)
“Sim, eu acho que é bem interessante, como o próprio nome ja diz, como é baseado em
evidências nós acreditamos que seja bom e que funcione” (Participante 4)
“O tratamento com a F. que eu vejo que é muito carinhoso, muito acolhedor, a F. gostar, a F.
querer ir, então para mim e o suficiente” (Participante 5)
“Hoje a minha maior preocupação é essa, de que ele seja funcional” (Participante 4)
“O primeiro e o contato com o terapeuta, o meu contato com o terapeuta, porque se não for
muito sincero, se não tivermos abertura para conversar, se ele não acolhe a gente direitinho, não
funciona” (Participante 8)
A classe 2 teve o segundo maior percentual de UCE analisadas com 31%. A leitura e
análise do conteúdo das palavras e das UCE permitiram intitulá-la “Desafios enfrentados pelas
mães no reconhecimento dos sinais de TEA”. Uma classe caracterizada por conteúdos relativos
aos sinais de TEA percebidos pelas mães antes do diagnóstico. As palavras e UCE remetem à
percepção de comportamentos, alterações nos padrões de comunicação e linguagem que
caracterizam o TEA, mas que, por falta de conhecimentos especializados, as mães não os
associam plenamente com o transtorno. Algumas UCE remetem a suspeitas imprecisas que
demandam de avaliação de especialistas para uma definição diagnóstica. Há unidades textuais
que remetem, também, a informações sobre o papel da escola no levantamento de suspeita de
um diagnóstico, uma vez que na maior parte das vezes, é na comparação com os pares que os
sinais do transtorno ficam evidentes para as equipes educacionais.
Como mostrado no dendrograma da figura 1, as duas principais palavras encontradas
nessa classe são brinc+ (derivada como brincar, brincadeira) e criança. Ao se verificar a relação
dessas palavras com o conteúdo da classe é possível perceber que as palavras e suas associações
se referem a diferentes comportamentos que as mães percebem na criança que são indicativos
de TEA.
dificuldades do filho para brincar, responder ao chamado pelo nome e dificuldades escolares,
dentre outras.
“Meu filho fala com a gente, meu filho e superinteligente, ele lê, a ele faz isso, faz aquilo, ah,
porque autista não sente calor, não sente frio, e ele fala para mim: “eu estou com frio, eu estou
com calor”; ele dorme agarrado comigo.” (Participante 6)
“Nessa época ele já tinha começado a falar algumas coisinhas, mas muita ecolalia, e com um
mês de aula a professora me chamou.” (Participante 6)
“Tirei ele dessa escola quando eu descobri que ele era muito inteligente, nós começamos a ver
que ele sabia ler [...] eu o coloquei nessa outra escola que diziam que era boa, ele entrou no
prezinho [...] e falei, ele ja sabe ler, e todo mundo: “é normal”, só que no terceiro dia de aula
eles me chamaram, ele e a equipe de psicopedagogos”. (Participante 3)
“Tinha o diagnóstico do mais velho porque a gente ja estava de olho [...] até os três anos de
idade eu achava que estava seguindo o desenvolvimento normalmente, eles entraram na escola
aos dois anos” (Participante 7)
“Você acaba comparando o seu filho com outras crianças, com parentes. No começo nós nunca
percebemos nada, sempre foi uma criança totalmente normal, olhava para nós, temos gravação
dele interagindo com a gente, com tudo, não tinha absolutamente nada que pudéssemos olhar e
ver alguma diferença” (Participante 4)
“Meu filho não é assim, meu filho não é isso [...] eu olhava aquela criança que estava brincando,
todo fofinho” (Participante 10)
“Brasil é o Brasil, a gente trabalha, a gente luta, a gente processa, a gente vira no Jiraya e faz
alguma coisa.” (Participante 10)
“Com um ano e quatro meses ele foi para a escola, na escola essas diferenças ficam mais
evidentes porque na escola ele era a criança que não falava, não interagia com as outras”
(Participante 6)
“[...] já tinha um hiper foco ali, e eu também não sabia o que era hiper foco. Eles sabiam nomes
de dinossauros, falavam espécies, de todos, absolutamente todos”
A classe 3 teve o menor percentual de UCE analisadas com 15%. A leitura e análise do
conteúdo das palavras e das UCE permitiram intitulá-la “A trajetória pelo diagnóstico”. Uma
classe caracterizada por conteúdos relativos às trajetórias em busca do diagnóstico. As palavras
e UCE remetem aos diversos atendimentos e avaliações realizadas por diferentes especialistas
da saúde mental, seja individualmente ou em equipes multidisciplinares. Como mostrado no
dendrograma da figura 1, as duas principais palavras encontradas nessa classe são pediatra e
38
“O que estava liberado eu ja fiz todos (exames). Aí eu procurei mais dois neuros”. (Participante 10)
“O pediatra pediu que levássemos ela em um oftalmologista, desculpa, no otorrino, para ver se ela
não era surda, e depois em um neurologista para avaliar a possibilidade do autismo” (Participante
5)
“Já me pediu todos os exames, esse pediatra foi muito bom, pediu exames genéticos” (Participante
10)
“E lá no Centro X eles começaram a fazer uma avaliação multidisciplinar, com a fono, com a TO, e
tinha uma neurologista também, foi ela que fechou o diagnóstico dele, e eles fizeram lá vários
testes” (Participante 1)
“Coloquei na escola, no ABA, e na fono, antes de fechar o diagnóstico, exatamente. Aí fez o ABA,
com dois anos e meio, eu ja gravida do meu segundo filho, foi que fechou o diagnóstico de
autismo” (Participante 2)
“Primeiro o neuro pediu mais exames, [...] eletroencefalograma, doppler, exames mais invasivos,
cerebrais, todos normais. Mas na primeira consulta a médica ja me falou: “olha, eu acho que ele
está no espectro”. (Participante 9)
3.5. Discussão
Esse estudo visou contribuir com a área de conhecimento sobre a assistência à crianças
com TEA e suas famílias, principalmente no que concerne a trajetória para o diagnóstico e busca
das intervenções.
Na Classe 1, referente à busca pelas intervenções e sobre os fatores que levam à
satisfação com a prestação de serviços fica evidente que as mães de crianças com TEA precisam
de mais direcionamento para essa trajetória, que se inicia logos após ou antes do diagnóstico
fechado, em um momento em que elas estão adquirindo conhecimento sobre o assunto.
40
tenham boa escuta e as faça se sentir acolhidas e compreendidas (LUDLOW et al., 2012). Além
disso, a falta de um profissional que lidere a equipe multidisciplinar, que atue como referência
para a família em meio a tantos profissionais, também é ressaltada nas entrevistas.
Esses dados são importantes e relevantes, uma vez que no Brasil há poucos estudos sobre
a temática, de como mães procuram intervenção e o que as faz aderir (EBERT et al., 2015;
FAVERO-NUNES; SANTOS, 2010).
Outro fator decisivo na busca por intervenção é o financeiro. Uma vez que a
recomendação principal é de intervenção com equipe multidisciplinar, o que significa a
necessidade de vários profissionais, muitas vezes o obstáculo é financeiro (CARLON et al.,
2013; 2015; SHEPHERD et al., 2018). Uma revisão sistemática sobre os desafios enfrentados
pelas famílias de crianças com TEA no Brasil levantou estudos que mostravam que mudanças
na vida dessas famílias, como aumento da carga horário de trabalho para aumentar a renda ou
mães, principalmente, que deixavam de trabalhar para se ocupar dos cuidados da criança e por
isso havia diminuição da renda familiar. (GOMES et al., 2015; LUDLOW et al., 2012).
Outra limitação está no acesso à intervenção, pois muitas vezes a intervenção desejada
não é encontrada na cidade ou região em que a família reside (GREEN et al., 2006; MATSON;
WILLIAMS, 2015). Nesses casos ou a criança fica sem a intervenção ou há um aumento
considerável no custo para levá-la até outra cidade ou com o custo de deslocamento do
profissional até a cidade em que a criança reside.
Já em relação à classe 2 - Desafios enfrentados pelas mães no reconhecimento dos sinais
de TEA, deve-se considerar que identificar que determinados comportamentos da criança em
seus primeiros anos de vida são sinais de TEA não é fácil (GADIA et al., 2004), principalmente
para quem não atua profissionalmente na área, e por isso algumas mães podem ter dificuldades
em compreender o que está acontecendo no desenvolvimento de seu filho e por isso ficam
surpresas quando recebem a indicação da avaliação para TEA.
A trajetória inicial do transtorno não é uniforme, o que é também um dificultador. Em
algumas crianças, os sinais vão aparecer mais precocemente, ainda nos primeiros meses de vida,
como não apresentar sorriso social, pouco contato visual e não emitir nenhuma vocalização,
enquanto na maioria dos casos, os sintomas só são consistentemente identificados entre 12 e 24
meses, com atraso na linguagem e comportamentos restritos e estereotipados sendo os
principais sinais (DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE PEDIATRIA DO
DESENVOLVIMENTO E COMPORTAMENTO, 2019).
Nesse sentido seria de extrema importância que as mães fossem orientadas a iniciar a
intervenção logo que os sinais aparecessem, mesmo antes do diagnóstico ser completamente
42
fechado, uma vez que o processo pode levar meses (GARCIA et al., 2021; GORDON-LIPKIN
et al., 2016). Porém muitos profissionais não o fazem por também terem pouco conhecimento
no assunto.
A entrada na escola auxilia nesse processo de descoberta do transtorno, pois muitas
vezes é o primeiro momento que essa mãe tem contato com outras crianças da mesma idade de
seu filho para poder comparar com pares. Um estudo similar à presente pesquisa, realizado com
um grupo de mães do Rio Grande do Sul, também encontrou como resultado que a percepção
de que algo no desenvolvimento da criança não está de acordo com o esperado acontece
principalmente quando ela entra na escola por ser possível compará-la com outras crianças da
mesma idade (EBERT et al., 2015). É possível também que mães que tenham filhos mais
velhos, possam fazer essa comparação um pouco antes do início da vida escolar.
Outro ponto a ser discutido nessa classe, é o posicionamento político de algumas mães,
associado a demanda de serviços de saúde mental para uma definição diagnóstica e
concretização dos direitos às intervenções. O Brasil é um país onde o acesso à saúde pública de
qualidade é difícil e as intervenções na rede particular são caras, gerando nas mães maior
estresse e ansiedade, além de aumentar o estigma sobre o transtorno (GOMES et al., 2015)
Essas dificuldades não são encontradas somente no Brasil, um estudo da Rede Latinoamericana
pelo autismo (REAL) realizado com uma grande amostra de 2.942 famílias da América Latina,
sendo 1.232 brasileiras, encontrou resultados similares sobre as dificuldades de acesso à saúde
especializada, altos custos dos tratamentos e estigma vivenciados pelas famílias de crianças
com TEA (PAULA et al., 2020).
Em relação à classe 3 – A Trajetória para o Diagnóstico, o primeiro fator que precisamos
analisar e compreender é que o processo para que o diagnóstico seja fechado é comumente
muito longo, o que pode gerar ansiedade e estresse. No estudo realizado na Inglaterra, que
avaliou o grau de satisfação de 1012 familiares de crianças com TEA, 56% dos participantes
alegaram que o processo foi “muito estressante”, 28% acharam o processo “um pouco
estressante” e apenas 2% disseram que “não foi estressante” (CRANE et al., 2016).
As mães participantes desse estudo relataram terem levado os filhos à mais de um
médico e há diversos profissionais de equipes multidisciplinar até o momento do diagnóstico
concluído. O estudo com as mães do Rio Grande do Sul teve o mesmo resultado. O primeiro
médico a ser procurado costuma ser o pediatra e depois o neurologista infantil, quem
comumente fecha o diagnóstico. Porém, antes disso há uma trajetória de exames e avaliações,
que não são realizadas em um espaço curto de tempo (EBERT et al., 2015). Uma revisão sobre
o processo diagnóstico em países de baixa e média renda, mostrou que embora os primeiros
43
intervenção tão logo os primeiros sinais sejam notados, em paralelo ao processo de diagnóstico
(ROGERS; VISMARA, 2008).
Esse estudo ampliou o conhecimento sobre trajetória das mães em busca de diagnóstico
e intervenção, para seus filhos, porém teve algumas limitações que devem ser apontadas. O
número pequeno de participantes, que possivelmente foi o principal motivo de uma baixa
porcentagem de palavras terem sido categorizadas pelo software ALCESTE, apenas 45%.
Sendo assim, recomenda-se que estudos futuros possam abordar um número amostral maior.
45
4. CONCLUSÕES
Esse doutorado foi composto por dois estudos que tiveram como objetivo geral elucidar
o processo de escolha das terapias pelas mães de crianças com TEA, passando pela trajetória na
obtenção do diagnóstico até a escolha por diferentes tipos de abordagens terapêuticas. De forma
geral, observamos que a percepção das mães sobre o quadro do clínico impacta, mesmo que
parcialmente, no processo de escolha pelo tratamento. A escolaridade materna, a idade e o sexo
da criança também se mostraram associadas a alguns tipos de escolhas de tratamento. Jáa
variável conhecimento em TEA, não foi preditora de escolha de nenhuma abordagem.
A intervenção mais escolhida pelas mães, considerando escolha terapia que a criança
faz e a mãe está satisfeita, somada as terapias que a mãe gostaria de fazer, mas não tem acesso,
Intervenção Comportamental, seguida da Terapia Ocupacional, enquanto se consideradas
apenas para as terapias que as crianças efetivamente realizam, junto com a Intervenção
Comportamental verificamos que Fonoaudiologia foi a mais utilizadas entre os participantes
desse estudo.
Mais especificamente, verificou-se que a idade da criança é o principal preditor de busca
pela intervenção fonoaudiológicas, sendo que quanto mais nova a criança é, maior a
probabilidade da busca por esse profissional, indicando que essa intervenção possivelmente é
uma das primeira as ser procurada pelas mães de crianças com TEA, participantes desse estudo.
Para Intervenção Comportamental não há um único preditor isolado, mas sim a junção
da percepção das mães do transtorno como imprevisível em seu curso, com a percepção de que
é possível alcançar algum nível de controle do prognóstico através de mudanças em seu próprio
comportamento.
A percepção de mudanças negativas na vida foi a variável que apareceu como preditora
de mais intervenções (fonoaudiologia, farmacologia, terapia ocupacional e abordagens
relacionais), sugerindo que as consequências negativas na vida as mães decorrentes do TEA do
filho é um dos principais fatores para busca de intervenções.
Embora uma minoria das mães tenha escolhido intervenções não baseadas em evidência,
consideramos importante entender os motivos desta opção. Uma das razões apontadas nesse
estudo, por exemplo para intervenção biomédica, seria a alta sensação de emoções negativas
relacionadas ao TEA do filho, como ansiedade, depressão, tristeza que as motivariam a buscar
intervenções que de alguma forma pudessem melhorar os sintomas de seus filhos e até mesmo
trazer a cura. Esse dado pode ser melhor explicado em junção com os resultados do estudo dois,
no qual algumas mães, nas entrevistas chegaram a dizer claramente que mesmo sabendo que o
46
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APÊNDICE 1
Tabela 1
Índices de ajuste dos modelos de AFC presentes na literatura
Modelos testados X² gl p CFI TLI RMSEA
Moss-Morris et al. (2002) 1996,853 644 0,01 0,72 0,70 0,10
Al Anbar et al. (2010) 2193,328 539 0,01 0,65 0,62 0,12
Mire et al. (2017) 1191,667 512 0,01 0,82 0,80 0,09
Nota-se na Tabela 1 que nas três configurações os índices de ajuste foram abaixo do
aceitável, tendo a estrutura de Mire et al. (2017) apresentado os melhores ajustes. Para auxiliar na
58
decisão de qual estrutura adotar, foi realizada uma Análise Paralela que sugeriu seis fatores como a
melhor estrutura para representar os dados. Sendo assim, ao observar com detalhes as cargas dos itens
apresentada na estrutura de Mire et al. (2017), notou-se que o item “36 - O TEA do/a meu/minha
filho/a não me preocupa” apresentou uma carga muito pequena (λ = -0,05) no fator Representação
emocional. Por esse motivo optou-se pela exclusão deste item. Sendo assim, a estrutura fatorial
adotada neste estudo foi composta por 33 itens e seis fatores. Esta estrutura apresentou índices de
ajuste próximos aos aceitáveis (X² = 1099,690; gl = 480; p = 0,01; CFI = 0,84; TLI = 0,82; RMSEA=
0,08) e melhores que os observados com as estruturas publicadas anteriormente. A seguir, na Tabela
2 são apresentadas as cargas fatoriais e os alfas e ômegas obtidos.
Tabela 2
Itens Cargas
Linha do tempo - Aguda/Crônica (α = 0,80; ω = 0,80)
1. O TEA de meu(minha) filho(a) vai durar pouco tempo (r) -0,85
2. O TEA do/a meu/minha filho/a será provavelmente permanente, e não temporário 0,84
3. O TEA do/a meu/minha filho/a vai durar muito tempo 0,71
4. O TEA do/a meu/minha filho/a passará rápido (r) -0,73
5. Eu acho que meu/minha filho/a terá TEA pelo resto da vida 0,86
Consequências (α = 0,65; ω = 0,67)
6. O TEA do/a meu/minha filho/a é sério 0,64
7. O TEA do/a meu/minha filho/a tem grandes consequências na minha vida 0,82
8. O TEA do/a meu/minha filho/a não afetou a minha vida (r) -0,41
9. O TEA do/a meu/minha filho/a afeta muito a forma que as pessoas me enxergam 0,41
10. O TEA do/a meu/minha filho/a trouxe sérias consequências financeiras para nossa família 0,62
11. O TEA do/a meu/minha filho/a causa dificuldade para as pessoas ao meu redor 0,54
Controle pessoal (α = 0,78; ω = 0,80)
12. Tem muita coisa que eu posso fazer para controlar os sintomas de TEA do/a meu filho 0,61
13. O que eu faço pode determinar se o TEA do/a meu/minha filho/a melhora ou piora 0,58
14. O prognóstico do TEA do/a meu/minha filho/a depende de mim 0,44
15. Nada que eu faça afetará o TEA do/a meu/minha filho/a (r) -0,81
16. Eu posso afetar o TEA do/a meu/minha filho/a 0,60
17. Minhas ações não afetarão em nada o quadro clínico do TEA do/a meu/minha filho/a (r) -0,73
19. Muito pouco pode ser feito para melhorar o TEA do/a meu/minha filho/a (r) -0,69
23. Não há nada que possa ser feito para ajudar o TEA do/a meu/minha filho/a (r) -0,90
Coerência da doença (α = 0,84; ω = 0,85)
24. Os sintomas do TEA do(a) meu(minha) filho(a) são misteriosos ou inexplicáveis (r) -0,81
25. O TEA do/a meu/minha filho/a é um mistério para mim (r) -0,89
26. Eu não compreendo o TEA do(a) meu(minha) filho(a) (r) -0,89
27. O TEA do/a meu/minha filho/a não faz sentido para mim (r) -0,86
28. Eu entendo bem o TEA do/a meu/minha filho/a 0,51
Linha do tempo - Cíclica (α = 0,81; ω = 0,82)
29. Os sintomas do TEA do/a meu/minha filho/a oscilam de um dia para o outro 0,68
30. Os sintomas do TEA do/a meu/minha filho/a vão e vêm em fases 0,78
31. O TEA do/a meu/minha filho/a é muito imprevisível 0,84
32. Meu/minha filho/a passa por fases nas quais seu TEA fica melhor ou fica pior 0,79
Representação emocional (α = 0,83; ω = 0,83)
33. Fico deprimida quando penso no TEA do/a meu/minha filho/a 0,80
34. Quando penso no TEA do/a meu/minha filho/a eu fico chateada 0,80
35. O TEA do/a meu/minha filho/a me deixa bravo 0,66
37. O fato de meu/minha filho/a ter TEA me deixa ansioso/a 0,82
38. O TEA do/a meu/minha filho/a me deixa com medo 0,86
59
Os itens apresentaram cargas com força e direção esperada nos respectivos fatores.
Além disso, notou-se que os alfas a ômegas foram todos aceitáveis, com exceção do fator
Consequências que apresentou valores próximos ao aceitável
60
ANEXOS
ANEXO 1.
ANEXO 2.
ANEXO 3
INFORMANTE MÃE
No de Identificação da família:
Nome da mãe:
3) Até que série você estudou (séries completas)? (Se não tiver completado nenhuma série, codifique
00)
/ / / anos
5) Até que série seu marido/cônjuge/parceiro estudou (séries completas)? (Se não tiver completado
nenhuma série, codifique 00)
/ / / anos ( ) Não sei
Chefe da família:
12) Ainda em relação aos tratamentos, assinale aqueles que seu filho não faz, porém você gostaria que
ele fizesse, porém não é possível (por qualquer motivo)
Serviços/tratamentos Não faz, mas eu gostaria
1 Intervenção comportamental (ABA/TEACCH...)
2 Psicanálise
3 Fonoaudiologia
4 Terapia ocupacional
5 Abordagem relacional (ex: Floortime, Son-Rise, RDI)
6 Farmacoterapia/medicação
7 Tratamento biomédico (ex: dieta sem glúten, sem caseína, probióticos, etc)
13). Por favor indique numa escala de 1 a 5 a importância de cada uma das fontes abaixo para receber
informações e tomar decisões sobre as terapias para seu filho, sendo 5 muito importante e 1 sem
nenhuma importância.
Fontes 1 2 3 4 5
1 Médico
65
DATA / /
66
ANEXO 4
Nº de Identificação da família:
Nós também gostaríamos de saber sua opinião sobre alguns aspectos da vida de <NOME
DA CRIANÇA COM TEA>. Por favor, indique o quanto concorda ou discorda das afirmações
abaixo assinalando na coluna correspondente. Lembrando que não existem respostas certas ou
erradas, o que importa é conhecermos sua opinião.
Nem
Discordo Discordo Concordo
Pontos de Vista Discordo Concordo
Plenamente Nem Plenamente
Concordo
1 O TEA de meu(minha) filho(a)
vai durar pouco tempo
2 O TEA do/a meu/minha filho/a
será provavelmente
permanente, e não temporário
3 O TEA do/a meu/minha filho/a
vai durar muito tempo
4 O TEA do/a meu/minha filho/a
passará rápido
5 Eu acho que meu/minha
filho/a terá TEA pelo resto da
vida
6 O TEA do/a meu/minha filho/a
é sério
7 O TEA do/a meu/minha filho/a
tem grandes consequências na
minha vida
8 O TEA do/a meu/minha filho/a
não afetou a minha vida
9 O TEA do/a meu/minha filho/a
afeta muito a forma que as
pessoas me enxergam
10 O TEA do/a meu/minha filho/a
trouxe sérias consequências
financeiras para nossa família
11 O TEA do/a meu/minha filho/a
causa dificuldade para as
pessoas ao meu redor
12 Tem muita coisa que eu posso
fazer para controlar os
sintomas de TEA do/a
meu/minha filho/a
13 O que eu faço pode determinar
se o TEA do/a meu/minha
filho/a melhora ou piora
14 O prognóstico do TEA do/a
meu/minha filho/a depende de
mim
15 Nada que eu faça afetará o
TEA do/a meu/minha filho/a
16 Eu posso afetar o TEA do/a
meu/minha filho/a
17 Minhas ações não afetarão em
nada o quadro clínico do TEA
do/a meu/minha filho/a
18 O TEA do/a meu/minha filho/a
vai melhorar com o tempo
68
Gostaríamos de saber, na sua visão, que fatores contribuem para o Transtorno do Espectro do
Autismo (TEA) de seu/sua filho/a. Como dito acima, não há resposta corretas, pois o importante é saber
sua opinião sobre fatores que podem ter causado o TEA de seu/sua filho/a, mesmo que seja contrário ao
que outros te disseram, incluindo o que um médico ou outro profissional possa ter sugerido. Por favor,
indique na lista abaixo, o quanto concorda ou discorda com possíveis causas, assinalando na coluna
correspondente.
Nem
Discordo Discordo Concordo
Causas possíveis Discordo Concordo
Plenamente Nem Plenamente
Concordo
1 Estresse geral da vida
2 Genética
3 Bactérias ou vírus
4 Dieta ou hábitos alimentares
5 Acaso ou má sorte
6 Histórico de assistência médica
de má qualidade
7 Poluição ambiental
8 Meus próprios comportamentos
ou decisões
9 Estresse ou acidente durante a
gravidez.
10 Pensamentos negativos
11 Preocupações da minha família
sobre TEA
12 Vontade de Deus
13 Meu próprio estado emocional
(ex. depressão, ansiedade)
14 A minha idade ou a do/a pai da
criança
15 Meu consumo de álcool
16 Meu consumo de tabaco
17 Acidente ou ferimento
18 A estrutura cerebral do/a
meu/minha filho/a
19 A deterioração da imunidade
do/a meu/minha filho/a
20 Vacina que meu filho tomou.
21 Estresse durante o parto
Nas linhas abaixo, por favor classifique em ordem os três fatores causais que você considera
mais importantes para o TEA de seu(sua) filho(a). Você pode usar fatores da tabela acima ou adicionar
qualquer outro.
Para mim, os fatores que mais contribuem para o TEA do meu(minha) filho(filha) são
1.
2.
3.
70
ANEXO 5
Por favor, leia as frases abaixo sobre autismo e circule se você acha que é verdadeiro ou falso.
Se não tiver certeza da sua resposta você pode chutar ou circular “NS” para “Eu não sei”.
ANEXO 6
ROTEIRO DE ENTREVISTA