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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
TTP ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
ALUNA: ANA PAULA DE ALMEIDA GOMES
RESUMO DO TEXTO:
LEONARDI, Jan Luiz. O lugar da terapia analítico-comportamental no cenário
internacional das terapias comportamentais: um panorama
histórico. Perspectivas, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 119-131, 2015.

O artigo de Leonardi (2015) objetiva a apresentação do um histórico das


terapias comportamentais, além de uma análise acerca da inserção da Terapia
Analítico-Comportamental neste contexto.
O primeiro uso do termo terapia comportamental foi feito por Lindsley, Skinner
e Solomon (1993), mesmo que ainda abarcasse práticas divergentes de
maneira geral. Até que o modelo comportamental de intervenção se
estabelecesse em suas ramificações, seus pioneiros fizeram uso da estratégia
científica de generalização dos princípios teóricos à aplicação clínica, por mais
que esta tese não fosse tão aceita pela psicologia clínica da época.
Indo adiante nesta perspectiva, no início do século XX, Bechterev e Pavlov
trouxeram avanços importantes à afirmação de que todo e qualquer
comportamento era explicado pelo conceito de reflexo (proposto por Sechenov
no século anterior), corroborada a partir de seus experimentos com o processo
de condicionamento respondente de cães.
Esta concepção foi tão logo transposta, e em 1920 “o caso do Pequeno Albert”
de Watson e Rayner demonstrou experimentalmente a construção da reação
de medo a estímulos específicos através do condicionamento respondente,
trazendo à tona também a generalização das reações emocionais construídas.
Poucos anos depois, Jones (1924), conhecida como “mãe da terapia
comportamental”, se propôs a investigação dos efeitos isolados e combinados
de sete procedimentos na diminuição da resposta de medo de crianças.
Os experimentos acima destacados, pautados no condicionamento
respondente, culminaram em pesquisas e desenvolvimentos de novas
técnicas, como por exemplo as de exposição e dessensibilização.
Nas décadas seguintes, entre 1930 e 1950, Skinner já se debruçava nos
estudos acerca do comportamento operante, descobrindo através de
experimentos com animais alguns dos processos comportamentais hoje ditos
como básicos, entre eles a discriminação e o reforçamento.
A preocupação nos anos adiante era quanto à generalização de processos
comportamentais básicos descobertos e experimentados na pesquisa animal
para as aplicações em seres humanos. Vários pesquisadores, entre eles Azrin,
Baer, Bijou, Ferster, Goldiamond, Lindsley, Lovaas, Staats e Skinner, se
encarregaram de desenvolver pesquisas similares com pessoas, concluindo
posteriormente que a explicação, previsão e controle do comportamento dos
seres humanos eram satisfatoriamente compatíveis com as observadas nas
pesquisas com animais.
As seguintes aplicações adentraram a perspectiva terapêutica e já no final da
década de 1950 foram aplicadas as primeiras técnicas de condicionamento
operante objetivando mudanças de comportamento em populações clínicas.
Em meados da década posterior, com a proliferação das aplicações
terapêuticas, essas extensões do condicionamento operante e da análise
experimental do comportamento foram reconhecidas formalmente como a
Análise do Comportamento Aplicada. Segundo o artigo publicado no primeiro
volume do Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) os critérios
demarcados para uma pesquisa aplicada em análise do comportamento eram:
aplicada, comportamental, analítica, tecnológica, conceitual, eficaz e
generalizável.
Na primeira metade do século XX, o panorama das terapias comportamentais
era pautado em duas formas de atuação: a aplicação do conhecimento
referente ao condicionamento respondente nos consultórios (terapia
comportamental) e a aplicação de princípios operantes em ambientes
institucionais (modificação do comportamento).
Ao final da década de 1960, a união de fatores como a insatisfação com a
psicanálise, o entusiasmo quanto à objetividade e embasamento empírico do
modelo comportamental, o desinteresse dos novos terapeutas
comportamentais pela teoria behaviorista, além da ascensão da chamada
“revolução cognitiva” culminaram então na miscigenação de outras teorias e
técnicas no campo da terapia comportamental, desenvolvendo assim um
ecletismo teórico-prático e sua consequente ramificação.
Neste contexto, as novas terapias comportamentais abandonaram
parcialmente a preocupação com as bases empíricas e teóricas das técnicas
empregadas, integrando a teoria behaviorista inclusive com modelos
filosóficos considerados por alguns autores enquanto fundamentalmente
difusos, como é o caso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
O cenário ao final dos anos 1980 era dividido entre os analistas do
comportamento em ambientes institucionais e os terapeutas cognitivo-
comportamentais atuando quase que exclusivamente na clínica. Mudanças
neste panorama só começaram a aparecer no começo da década seguinte,
quando analistas do comportamento estadunidenses desenvolveram um
modelo psicoterápico baseado nos pressupostos básicos da análise do
comportamento, distinguindo-o da ramificada terapia comportamental e dando
à luz a Análise do Comportamento Clínica (CBA). Esta, por sua vez, abarca
diversas modalidades terapêuticas, entre elas: terapia de aceitação e
compromisso (ACT), psicoterapia analítica funcional (FAP), terapia
comportamental dialética (DBT), ativação comportamental (BA), terapia
comportamental integrativa de casais (IBCT), e terapia cognitiva baseada em
mindfulness (MBT).
Já no cenário do Brasil, essa trajetória foi invertida. A tradição comportamental
aderiu desde cedo à análise Skinneriana e a terapia comportamental brasileira
se desenvolveu entre os próprios teóricos behavioristas radicais do país.
Sendo assim, os analistas do comportamento brasileiros retornaram aos
processos behavioristas básicos, incluindo a abordagem Skinneriana ao
comportamento verbal e à subjetividade, muito antes da chegada das terapias
cognitiva e cognitivo-comportamental no país, fugindo do modelo internacional
de ecletismo e retorno às raízes.
Embora a aplicação clínica no Brasil tenha recebido outras muitas
terminologias durante seu desenvolvimento desde o início da década de 70,
somente em 2001 as autoras Tourinho e Cavalcante propuseram o termo
Terapia Analítico-Comportamental (TAC), que se tornou um consenso entre os
pesquisadores locais.
A TAC foi construída por um grupo de terapeutas que trouxeram à psicoterapia
os fundamentos filosóficos do behaviorismo radical e da análise experimental
do comportamento. Entretanto, devido à sua trajetória exclusivamente
nacional, esta prática clínica comportamental brasileira ainda é desconhecida
no restante do mundo, e quase a integralidade dos artigos que contém os
termos referentes à TAC em outras línguas são produzidos por autores
brasileiros que traduziram seus trabalhos.
Este desconhecimento, por fim, coloca-se enquanto um impasse na inserção
da terapia analítico-comportamental brasileira no cenário mundial,
impossibilitando assim a troca efetiva entre as modalidades de terapia
comportamental já existentes.

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