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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo


Departamento de Arquitetura e Construção

APOSTILA
QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

FONTE: TEXTO TÉCNICO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP,


DE AUTORIA DA PROFa. Dra. MARINA S. DE OLIVEIRA ILHA:

Última atualização: 03/2006

EC-712 - Instalações Prediais Hidráulicas e Sanitárias


1º semestre de 2006

Profa. Dra.: Marina S. de Oliveira Ilha


BIPED: Marcus A. S. Campos
PED: Laís A. Ywashima

Campinas, SP
QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

Enga. Marina Sangoi de Oliveira Ilha*

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Departamento de Engenharia de Construção Civil

A pouca importância dada ao processo de geração, uso/operação e manutenção dos


sistemas hidráulicos prediais têm conduzido a falhas de diversas ordens.

Dedica-se muito pouco tempo à fase de projeto, resultando na adoção de soluções padrão,
muitas vezes inadequadas para o edifício em questão, e fazendo com que seja delegada à
fase de execução a responsabilidade de viabilizar o sistema previsto. Some-se a isso o
desconhecimento, por parte de determinados profissionais da área de projeto, das condições
reais da fase de execução, concebendo sistemas inexeqüíveis.
Esta situação leva aos arranjos na obra, com a conseqüente tomada de decisões, muitas
vezes, por profissionais não habilitados para esse fim.
Além disso, até há bem pouco tempo atrás, os sistemas hidráulicos prediais eram
considerados como "assunto resolvido e dominado" por todo e qualquer profissional.
No presente trabalho é feito um diagnóstico da situação atual, evidenciando os principais
problemas relacionados com o processo de geração dos sistemas hidráulicos prediais e
apresentadas diretrizes para a sua solução.

*Professora do Departamento de Engenharia de Construção Civil da escola Politécnica da Universidade de


São Paulo.
SUMÁRIO:

1. O ENFOQUE SISTÊMICO E O CONCEITO DE DESEMPENHO ......................................... 03

2. QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS ................................................. 08

2.1 O CONCEITO DE QUALIDADE ...................................................................................... 08

2.2 IDENTIFICAÇÃO DOS INTERVENIENTES ................................................................... 09

2.3 IDENTIFICAÇÃO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES E PRODUTOS/SERVIÇOS .......... 10

3. MELHORIA DA QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS ........................ 13

3.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E DIRETRIZES PARA A SUA SOLUÇÃO ......... 13

3.1.1 Comunicação entre os intervenientes .............................................................. 14

3.1.2 Geração dos Sistemas Hidráulicos Prediais ......................................... 18


3.1.2.1 Projeto ..................................................................................................... 19
3.1.2.2 Suprimentos ............................................................................................ 37
3.1.2.3 Recursos Humanos ................................................................................. 42
3.1.2.4 Execução ................................................................................................. 43

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 46

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 48

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................................... 49

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................. 50

ANEXOS:

ANEXO 1 - REQUISITOS DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS ............................... 51

ANEXO 2 - SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS .............. 53

ANEXO 3 - EXEMPLO DE MATRIZ DE RESPONSABILIDADES PARA


PROCEDIMENTOS DE EXECUÇÃO ...................................................................................... 54

ANEXO 4 - EXEMPLO DE FICHA DE INFORMAÇÕES INICIAIS


PARA PROJETO DOS SHP...................................................................................................... 55

ANEXO 5 - SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS - NORMALIZAÇÃO TÉCNICA / ABNT ... 56

ANEXO 6 - EXEMPLO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO .. 59


1. O ENFOQUE SISTÊMICO E O CONCEITO DE DESEMPENHO

O edifício pode ser considerado como um sistema composto por diversos sub-sistemas que
se inter-relacionam, onde o melhor desempenho não se reduz a uma boa solução de cada

parte isoladamente, mas na conjugação de todas para atender às funções a que o edifício se

destina.

Na Figura 1.1. apresenta-se a classificação dos sub-sistemas do edifício de acordo com as

funções que desempenham, segundo GRAÇA [1985] apud CIB - Publication 64.

Fundações
• ESTRUTURA
Superestrutura

Sob o nível do solo


• ENVOLTÓRIA EXTERNA
Sobre o nível do solo

Verticais
• DIVISORES DE Horizontais
ESPAÇOS
EXTERNOS Escadas

Verticais
• DIVISORES DE Horizontais
ESPAÇOS
INTERNOS Escadas

Suprimento e disposição de água


Controle térmico e ventilação
Suprimento de gás
• SERVIÇOS Suprimento de energia elétrica
Telecomunicações
Transporte mecânico
Segurança e proteção

Figura 1.1: Os subsistemas dos edifícios. Fonte: ISO/DP6241-79, extraído de CIB -


Publication 64
Os Sistemas Hidráulicos Prediais (SHP) fazem parte do sub-sistema serviços, no item

"suprimento e disposição de água".

A grande incidência de atividades de manutenção nos SHP, conforme vê-se na Figura 1.2.,

torna evidente a necessidade de adoção de medidas tendo em vista a qualidade desses

sistemas.

As patologias verificadas nos SHP podem ser decorrentes de falhas originadas em qualquer

etapa ao longo do processo de geração1, uso/operação e manutenção dos SHP ou, o que é
mais freqüente, podem ocorrer de forma cumulativa.

ATIVIDADE DE MANUTENÇÃO

OUTROS: 8,81% ESTRUTURA: 9,17%

PÁTIO: 16,79%
PINTURA
ABERTURAS:
25,05%

AQUECIMENTO, LUZ
: 17,89%
INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS:
22,29%

Figura 1.2: Atividades de Manutenção.


Fonte: LICHTENSTEIN, 1985.

O conceito de desempenho baseia-se na idéia de que os produtos podem ser descritos em

termos do seu comportamento em uso, tendo em vista as exigências dos clientes (usuários).

Segundo GRAÇA [1985], "existe significativa diferença entre a aplicação do conceito de

desempenho a sistemas e a materiais. O conceito de desempenho de sistemas liga-se

1O termo "geração" neste trabalho refere-se ao conjunto das etapas de projeto e execução dos SHP.
diretamente à compatibilização dos mesmos às exigências dos usuários, independentemente

dos materiais a serem usados. O conceito de desempenho de materiais liga-se à


durabilidade e à capacidade de, como parte do sistema, exercer sua função e

conseqüentemente contribuir para que o sistema também permaneça em funcionamento

adequado, durante o período de utilização a ser considerado."

Para a análise do desempenho de sistemas, devem ser:

- caracterizados os usuários;

- definidas as necessidades e exigências dos usuários;


- identificadas as condições de exposição a que estão sujeitos os sistemas;

- definidos os requisitos (qualitativos) de desempenho;


- definidos os critérios (qualitativos ou quantitativos) de desempenho;

- estabelecidos os métodos para avaliação do desempenho dos sistemas

Quanto aos dois primeiros itens, podem ser encontrados em ROSRUD [1979], GRAÇA
[1985], e AMORIM [1989], algumas listas de usuários finais dos diferentes edifícios, bem
como as atividades por eles realizadas nesses edifícios, e suas exigências com relação aos

SHP.

Por sua vez, os requisitos de desempenho dos sistemas hidráulicos prediais podem ser
divididos em :

• requisitos relacionados com a utilização dos SHP;


• requisitos relacionados com as condições de exposição dos SHP.

No ANEXO 1 são apresentados alguns requisitos de desempenho dos SHP segundo GRAÇA
[1985].
Os critérios de desempenho correspondem à tradução, em função das características

técnicas dos sistemas, dos requisitos de desempenho. Para maior flexibilidade, costuma-se
definir os critérios de desempenho em faixas correspondentes a diferentes graus de

qualidade desejados.

Assim, o requisito do sistema predial de água fria (SPAF) referente a "suprir de água o ponto
de utilização de forma conveniente", pode ser traduzido por:

• todos os pontos de utilização devem ter uma vazão conforme mostrado na

Tabela 1.1 (vazão de água fria ou quente):

Tabela 1.1: Critérios de desempenho. FONTE: adaptado de ROSRUD [1979]

GRAU DE Vazão em l / s
ponto de ponto de ... ponto de
QUALIDADE utilização "X" utilização "Y" utilização "n"
0 < V1 < V2 ... < Vn
1 entre V1 e V11 entre V2 e V21 ... entre Vn e Vn1
2 entre V11 e V12 entre V21 e V22 ... entre Vn1 e Vn2
3 entre V12 e V13 entre V22 e V23 ... entre Vn2 e Vn3
4 entre V13 e V14 entre V23 e V24 ... entre Vn3 e Vn4
5 > V14 > V24 ... > Vn4

Relações de critérios de desempenho dos SHP podem ser encontradas em ROSRUD [1979
], GRAÇA [1985], e AMORIM [1989].

Os métodos de avaliação têm por objetivo a verificação do atendimento aos critérios de


desempenho dos sistemas, estabelecidos, como referido anteriormente, em função das

exigências dos usuários.


Os métodos de avaliação existentes atualmente referem-se apenas à verificação do

atendimento aos critérios estabelecidos após a fabricação do produto ou execução dos


sistemas. Exemplos disso são os ensaios de recebimento recomendados nas normas de

projeto e execução dos SHP (para o caso do SPAF tem-se uma especificação, a EB-

829/1985), necessitando-se, no caso da existência de irregularidades no produto/serviço,

refazer o trabalho, com um conseqüente aumento nos custos ("a maneira mais rápida e
barata de realizar uma determinada atividade é fazê-la certo da primeira vez").

O enfoque dado, neste trabalho, ao processo de geração, uso/operação e manutenção dos

SHP é no sentido de garantir a qualidade ao longo de todo o seu desenvolvimento,


fornecendo subsídios para a identificação dos problemas e formas de evitá-los.

2. QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

2.1. O CONCEITO DE QUALIDADE

Qualidade de um produto, segundo diversos autores, pode ser definida como "adequação ao

uso", ou seja, satisfação dos clientes com o produto/serviço.

O conceito "adequação ao uso" aproxima-se do conceito de desempenho o qual, conforme

visto no item anterior, é de grande valia para a definição das necessidades dos usuários
finais dos SHP.

Segundo JURAN [1990], "a satisfação com o produto origina-se nas características do
produto e é a razão pela qual os fregueses compram o produto".
PICCHI [1993] salienta ainda que, para atender às necessidades dos clientes "deve-se ter

não somente um bom produto (cliente externo), mas também que seja produzido com
produtividade e rentabilidade (acionistas), em um bom ambiente de trabalho, que possibilite o

crescimento do ser humano (empregados) e que respeite a legislação, o meio ambiente, e

que possibilite o progresso social (vizinhos, sociedade de maneira geral)".

Dentro desse contexto, o primeiro passo consiste na identificação dos intervenientes no

processo de geração, uso/operação e manutenção dos SHP e das relações fornecedor-

cliente entre eles.

Esta identificação dos clientes e fornecedores ao longo de todo o processo, juntamente com

o produto que passa de uma parte para a outra, permite evidenciar de uma forma mais clara
os pontos potenciais de problemas, os quais poderão se constituir em falhas dos SHP.

2.2. IDENTIFICAÇÃO DOS INTERVENIENTES

A identificação dos intervenientes tem por objetivo estabelecer os fornecedores e os clientes


em cada etapa do processo, de forma a determinar as exigências de cada um deles com

relação ao fluxo de produtos/serviços e informações.

Uma ferramenta bastante útil para essa identificação é o fluxograma, onde são

representadas as diferentes etapas que constituem um determinado processo. JURAN [1990]

Cada etapa pode também ser representada pelo responsável por ela, e é nessa linha que

apresenta-se o fluxograma da Figura 2.1., onde estão identificadas as diferentes relações ao


longo do processo de geração, uso/operação e manutenção dos SHP. Ressalta-se que dois

ou mais responsáveis podem ser reunidos num só em alguns casos, como por exemplo: o
contratante ser o executor da obra (construtora). Nesse caso, deixam de existir algumas

partes do fluxograma apresentado.

EMPREENDEDOR
NORMALIZAÇÃO
TÉCNICA CONTRATANTE
CONCESSIONÁRIAS
ÓRGÃOS PROJETISTAS
PÚBLICOS PROJETISTA DOS
DEMAIS
FORNECEDOR SUB-
DE EXECUTOR SISTEMAS
DO EDIFÍCIO
COMPONENTES GERAÇÃO DOS SHP

RESPONSÁVEL POR CLIENTE


OPERAÇÃO/MANUT. FINAL

Figura 2.1: Intervenientes no processo de geração, uso/operação e


manutenção dos SHP.

A seguir, pretende-se analisar a constituição do fluxo de informações e produtos/serviços


dentro do processo representado na Figura 2.1.

2.3. IDENTIFICAÇÃO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES E PRODUTOS / SERVIÇOS

O fluxo tem início com o empreendedor que, em função das exigências dos clientes finais,

passa para o contratante informações preliminares (preferência por determinados materiais,


tipo de sistema de aquecimento, tipos de aparelhos/equipamentos sanitários, etc.).

O contratante, por sua vez, passa para o projetista dos SHP as informações recebidas,
acrescidas do método construtivo a ser adotado (alvenaria tradicional, alvenaria estrutural,

etc), e dados iniciais referentes aos demais subsistemas do edifício. Cabe ressaltar a
necessidade da participação do projetista e do executor em algumas decisões tomadas nesta

fase, já que implicarão diretamente na solução adotada para os SHP (existência de dutos
para a passagem vertical dos tubos (shafts"), a possibilidade de embutir ou não os trechos

horizontais, etc).

O projetista, de posse dos elementos acima, das informações passadas pelos fornecedores
de componentes e das exigências da normalização técnica elabora o projeto, sendo a

solução adotada uma função não só dos requisitos de desempenho e das condições de

exposição dos SHP, mas também de alguns fatores limitantes determinados pelas

concessionárias e/ou órgãos públicos locais.

Nesta fase existe também um fluxo entre o projetista dos SHP e os projetistas dos demais
sub-sistemas do edifício, sendo necessária a coordenação entre estes projetos.

A ocorrência de falhas na coordenação de projetos (ou a sua inexistência), quando são

analisadas as diferentes interferências entre os sub-sistemas do edifício, pode comprometer


severamente não só a execução mas também a manutenção dos SHP.

O projeto deve atender às necessidades não só do cliente final, mas também do cliente
imediato, que é o executor dos SHP. Dentro desse contexto, o executor também deve

participar nessa fase do processo, de forma a garantir a construtibilidade dos SHP.

No que se refere ao cliente final, deverão ser elaborados manuais do proprietário e de

operação/manutenção dos SHP.

Na sequência, o projeto é passado para o contratante que, por sua vez, o encaminha para o

executor. Este, por sua vez, passa as informações referentes à quantificação dos
componentes aos fornecedores para que realizem as atividades de suprimento.
As modificações que se fizerem necessárias durante a fase de execução devem ser feitas

com a participação/anuência do projetista dos SHP e devidamente cadastradas, para que


possa ser elaborado posteriormente o projeto como construído (projeto "as built").

A obra como um todo, incluindo os SHP, é entregue ao contratante, passando deste para o

empreendedor e finalmente para o cliente final.

Em paralelo, tem-se um fluxo de informações que constituem a documentação básica a ser

entregue ao cliente final: projeto "as buit", manual do proprietário, manual de

operação/manutenção.

Durante a fase de operação e manutenção dos SHP tem-se mais um interveniente, que é o
responsável por estas atividades. Quando necessário, o cliente final passa toda a

documentação existente (manuais e projetos) e informações extras relacionadas com a


identificação dos problemas.

Existe também nesta fase um fluxo de informações e produtos/serviços entre o fornecedor de


componentes e o reponsável pelos serviços de operação/manutenção, que, por sua vez,

fornece ao cliente final os relatórios das atividades realizadas.

As informações geradas ao longo da fase de operação e manutenção devem ser anexadas à


documentação existente.

A retro-alimentação do processo se dá na medida em que estas informações constituam um


banco de dados do empreendedor/construtor/projetista, servindo, conseqüentemente, como

subsídio para o desenvolvimento de novos SHP. Isto se verifica mais facilmente quando a

construtora realiza as atividades de manutenção (corretiva) e comunica aos projetistas que


com ela trabalham as patologias verificadas.
3. MELHORIA DA QUALIDADE DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

3.1. IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E DIRETRIZES PARA A SUA SOLUÇÃO

Com a identificação dos intervenientes e do fluxo de informações e produtos/serviços entre


eles, feita anteriormente, pode-se elaborar o diagnóstico da situação atual, através do qual

podem ser evidenciados os problemas que poderão resultar em falhas dos SHP.

O encaminhamento para a solução dos problemas deve ser feito de forma sistemática e ser
devidamente documentado, de maneira a promover a eliminação da causa principal que o

gerou.

Nesse sentido, apresenta-se, no ANEXO 2, uma sequência de atividades visando a


organização do encaminhamento para a solução de problemas, baseada em CAMPOS
[1989].

Conforme a sequência apresentada, uma vez tendo sido identificado o problema a ser

solucionado, a análise das causas influentes permite evidenciar aquelas que são as mais
prováveis de terem provocado o problema em estudo.

Para um melhor entendimento, serão abordados em separado os problemas relacionados

com a comunicação entre os intervenientes representados na Figura 2.1, e os problemas


relacionados com o desenvolvimento do processo de geração dos SHP.
3.1.1. COMUNICAÇÃO ENTRE OS INTERVENIENTES

Dentro do contexto apresentado, neste item serão comentados apenas os problemas


associados à comunicação entre as partes.

Para que se verifique o processo de comunicação, é necessário um emissor (ou fonte), a

mensagem a ser transmitida, o meio de transmissão e o receptor.

Na realidade, a efetividade de um processo de comunicação está relacionada com a

demonstração de entendimento da mensagem pelo receptor.

Assim, conforme salienta PICCHI [1993], a qualidade do processo de comunicação deve ser
julgada pelo receptor e não pelo emissor, devendo ser realizada sob medida para atingir as
necessidades do receptor.

Existe hoje uma série de problemas associados ao processo de comunicação entre os

intervenientes no processo de geração, uso/operação e manutenção dos SHP, os quais, por


sua vez, poderão resultar em falhas desses sistemas.

Para facilitar a identificação das causas das falhas na comunicação, uma ferramenta muito

útil é o diagrama de Ishikawa [CAMPOS, 1989], representado, para o problema em questão,


na Figura 3.1.

INTERPRETAÇÃO
treinamento dos recursos humanos

padronização da linguagem

COMUNICAÇÃO
INADEQUADA

registro das informações


controle do fluxo

DESCONSIDERAÇÃO
DAS INFORMAÇÕES

Figura 3.1: Diagrama de Ishikawa aplicado ao problema de comunicação inadequada.

As falhas no processo de comunicação se referem, basicamente, a:

• interpretação das informações;

• desconsideração das informações.

Existem duas causas básicas da má interpretação das informações: falta de padronização da

linguagem e falta de treinamento dos recursos humanos envolvidos.

Tendo em vista a uniformidade da linguagem referente aos SHP, devem ser elaborados
dentro do âmbito dos participantes no processo de geração, uso/operação e manutenção dos

SHP, documentos de padronização que reúnam definições, símbolos, etc., os quais devem

ser divulgados ao cliente e ao fornecedor de cada fase.

Conforme ressaltado anteriormente, isto deve ser feito com a participação do emissor e do

receptor para que se tenha uma maior efetividade do processo de comunicação. Ou seja, da
elaboração dos documentos de padronização ao nível do contratante devem participar os
projetistas e executores, no âmbito do executor devem participar os projetistas e assim

sucessivamente.

Para se evitar a desconsideração das informações, retirando-se o ato intencional, as

mesmas devem ser registradas num meio físico. Assim, as informações referentes às

exigências do empreendedor e/ou do contratante com relação aos SHP devem ser
cadastradas numa ficha de informações iniciais para projeto; as informações necessárias

para a execução devem constar de uma especificação de serviços e de materiais, bem

como de detalhes, entre outros.

Também deve-se ter o controle do fluxo de informações, o que pode ser feito a partir da

definição dos responsáveis pelas diversas atividades (elaboração de uma matriz de


responsabilidades), e de documentos que devem chegar até eles. No ANEXO 3 apresenta-

se um exemplo de uma matriz de responsabilidades referente a procedimentos de execução,


adaptada de TCI [1993].
3.1.2. GERAÇÃO DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

Considere agora que o problema se encontra no desenvolvimento das etapas que constituem

o processo de geração dos SHP, e que não existem problemas de comunicação entre eles.

O diagrama de Ishikawa correspondente é apresentado na Figura 3.2.

FALHAS NOS
FALHAS NOS
SUPRIMENTOS
RECURSOS HUMANOS
avaliação dos fornecedores
seleção
transporte/ recebimento
armazenamento treinamento

motivação
SHP
INADEQUADO projeto "as built" teste de recebimento
projeto de produção
registro das alterações
cálculo
concepção
controle da execução
programa de
necessidades seleção
dos projetistas procedimentos de execução

FALHAS NO FALHAS NA
PROJETO EXECUÇÃO
Figura 3.2: Diagrama Ishikawa aplicado ao processo de geração dos SHP.

Serão analisados a seguir cada um dos itens do diagrama apresentado na figura acima,

apresentando recomendações gerais para que o desenvolvimento de cada atividade seja


feito com qualidade.
3.1.2.1 PROJETO

Uma vez tendo sido identificado que a causa do SHP estar inadequado se encontra em
falhas ocorridas no projeto, os erros podem ter sido cometidos em alguma (ou em mais de

uma) das seguintes etapas:

• avaliação dos projetistas;


• estabelecimento do programa de necessidades;

• concepção;

• cálculo;
• projeto de produção;

• projeto "as built".

A SELEÇÃO DOS PROJETISTAS deve ser feita a partir da análise, entre outros, dos

seguintes aspectos:

• capacitação técnica ("curricula vitæ" da equipe de projeto);


• organograma do setor de projeto da empresa;
• metodologia de cálculo a ser utilizada;

• normalização a ser seguida;

• experiência anterior (projetos de obras similares realizados anteriormente);


• assistência técnica.

Estes itens devem constituir um procedimento para a seleção de projetistas, dentro do

Manual de Qualidade da empresa contratante.


O PROGRAMA DE NECESSIDADES para o projeto dos SHP consiste num conjunto de

informações fornecidas pelo contratante que determinarão a solução a ser adotada (método
construtivo, preferência por determinados materiais, tipos de sistemas de aquecimento,

interfaces com o sistema público, entre outras).

Para uma maior efetividade, estas informações devem ser cadastradas numa ficha de
informações iniciais para projeto, na qual são acrescentadas também as informações

relativas aos demais sub-sistemas do edifício, necessárias para o desenvolvimento do

projeto dos SHP. No ANEXO 4 apresenta-se um exemplo dessa ficha de informações.

A CONCEPÇÃO compreende a proposição da solução a ser adotada, a qual é função não

somente das solicitações sobre o sistema, mas também das exigências da normalização
técnica, das concessionárias e órgãos públicos locais, resultando na definição do traçado dos

sistemas.

É nesta fase que se verifica a importância da participação do projetista dos SHP desde o
início do empreendimento. Determinadas decisões, se tomadas somente na fase de
desenvolvimento do projeto, ou, o que é pior, na fase de execução dos SHP, certamente

implicarão em maiores custos e retrabalho, dada a interferência com os demais subsistemas


do edifício. Podem ser citadas como exemplo aqui as decisões relativas à previsão dos

espaços para a passagem das tubulações.

O planejamento da distribuição das tubulações dos SHP consiste na definição da localização

das centrais1 e dos espaços para o encaminhamento das tubulações (verticais e horizontais).

1 o termo "central" é entendido aqui como a fonte de suprimento de cada sub-sistema; por exemplo, o
reservatório no caso do Sistema Predial de Água Fria (SPAF), o equipamento de aquecimento no caso do
Sistema Predial de Água Quente (SPAQ) , etc.
A forma tradicional adotada para o encaminhamento dos trechos verticais consiste na

embutimento das tubulações na alvenaria, o que causa vários transtornos, não só durante a
fase de execução (necessidade de "rasgar" a alvenaria, com a conseqüente geração de

entulho, queda na produtividade, dada a interferência com os demais subsistemas, etc.), mas

também na fase de manutenção (não acessibilidade às tubulações, necessitando-se quebrar

a alvenaria para realizar as atividades de reparo).

Cabe ressaltar também que o desempenho acústico será insatisfatório, pela redução da

capacidade de isolação proporcionada pela alvenaria, problema que será significativo caso

as tubulações estejam localizadas na parede divisória com um ambiente de permanência


prolongada.

Para os trechos horizontais existem as seguintes formas de encaminhamento das

tubulações: embutimento na alvenaria, passagem sobre laje rebaixada; passagem por forro
falso do pavimento inferior.

A utilização de lajes rebaixadas encontra-se em desuso, dadas as dificuldades inderentes a


sua execução. Tem-se aqui as mesmas desvantagens citadas para o caso do embutimento

das tubulações na alvenaria.

Quando a passagem é por forro falso, as atividades relativas à manutenção podem ser
realizadas mais facilmente, dada a maior acessibilidade às tubulações.

Na Figura 3.3 apresenta-se um esquema de encaminhamento das tubulações do SPES1,


com alguns trechos embutidos na alvenaria e outros passando por forro falso.

1 Sistema Predial de Esgotos Sanitários


Uma forma alternativa para evitar o corte da parede para a execução dos SHP é a passagem

dos trechos verticais pelos "vazios" dos blocos e dos trechos horizontais por blocos canaleta
e/ou pelo forro falso. A utilização desta forma de encaminhamento reduz, mas não elimina os

transtornos citados anteriormente para o caso da necessidade de manutenção dos SHP,

uma vez que somente as tubulações que passam pelo forro falso estão mais acessíveis. Na

Figura 3.4 apresenta-se um esquema do encaminhamento dos trechos verticais pelos vazios
dos blocos e dos trechos horizontais por forro falso e, na Figura 3.5, o bloco canaleta.

Figura 3.3: Encaminhamento das tubulações dos SPES - Trechos verticais embutidos na
alvenaria e trechos horizontais passando por forro falso.
Figura 3.4: Encaminhamento das tubulações - trechos verticais pelos vazios dos blocos e
trechos horizontais por forro falso.
Fonte: POLI/ENCOL, 1992.

Figura 3.5: Bloco canaleta.


Fonte: POLI/ENCOL, 1992.
No caso dos trechos verticais, uma outra forma de encaminhamento consiste na previsão de

dutos ("shafts"). A vantagem é que podem ser reduzidos significativamente os transtornos


citados anteriormente para o caso tradicional (principalmente se o fechamento do "shaft" for

feito com elementos leves removíveis, tornando-o visitável). Some-se a isso também a

possibilidade de postergação das atividades de execução dos SHP.

O encaminhamento dos trechos horizontais pode ser feito da mesma maneira que as

indicadas nas Figuras 3.3 e 3.4 ou por blocos canaleta como o apresentado na Figura 3.5.

Na Figura 3.6 apresenta-se esta forma de encaminhamento dos trechos verticais para o
SPES, e na Figura 3.7 são mostrados alguns exemplos de "shafts".

Figura 3.6: Encaminhamento das tubulações dos SPES - Trechos verticais (colunas)
passando por "shafts"e trechos horizontais por forro falso.
Figura 3.7: "Shafts" para a passagem dos trechos verticais dos SHP.
A adoção de "shafts" é bastante interessante em edifícios de alvenaria estrutural, uma vez

que nesse método construtivo as paredes possuem função portante, não podendo ser
procedida a embutimento das tubulações da forma tradicional.

Nestes edifícios podem ser utilizados também os "blocos hidráulicos" [FRANCO, 1992]. Estes

blocos permitem o direcionamento do corte para a passagem das tubulações e são utilizados
em paredes hidráulicas1. Outra forma para o encaminhamento dos ramais e sub-ramais é a

sobreposição à alvenaria, no interior de um enchimento. Na Figura 3.8 é apresentado um


esquema do bloco hidráulico e, na Figura 3.9, o encaminhamento das tubulações pelo

enchimento da alvenaria.

Figura 3.8: Bloco Hidráulico.


Fonte: FRANCO, 1992.
1 A parede hidráulica, no caso de edifícios em alvenaria estrutral, não possui função portante, podendo ser
efetuados cortes nos blocos.
Figura 3.9: Encaminhamento das tubulações pelo enchimento da alvenaria.
Fonte: POLI/ENCOL, 1992.

De todas as alternativas para o encaminhamento dos ramais e sub-ramais, conforme


ressaltado anteriormente, apenas uma permite o fácil acesso às tubulações, que é a
passagem pelo forro falso. Em caso de manutenção, o acesso aos componentes dos SHP é

garantido pela quebra de uma ou mais placas de gesso. Contudo, sempre existirão trechos a

serem embutidos na alvenaria.

Uma solução no sentido de permitir o acesso a praticamente todos os trechos dos SHP

consiste na adoção conjunta de "shafts" para o encaminhamento das colunas e sobreposição

à alvenaria dos ramais e sub-ramais. Esta solução apresenta, entre outras, as seguintes
vantagens:
• não há necessidade de efetuar cortes na alvenaria;

• a execução é facilitada, não se necessitando efetuar ajustes em função da

ultrapassagem de tolerâncias tais como níveis de prumo ou esquadros;

• a execução se resume à montagem dos diversos trechos, facilitando a confecção

de de "kits" hidráulicos, os quais, por sua vez, conduzem a uma redução dos

desperdícios e do retrabalho, com aumento da produtividade e da qualidade dos

SHP.

• se o fechamento for feito de tal forma que a maioria dos trechos seja visitável, as
atividades de manutenção são extremamente facilitadas.

Esta solução, aliada à disposição dos aparelhos sanitários numa mesma parede facilita a
execução dos "kits" hidráulicos, o que contribui sobremaneira para a qualidade do processo

de geração e manutenção dos SHP.

Uma desvantagem dessa forma de encaminhamento das tubulações consiste na redução da

área útil dos ambientes sanitários, a qual pode, porém, ser compensada pelo aproveitamento
do ressalto na alvenaria, conforme vê-se na Figura 3.10.
Figura 3.10: Solução para o encaminhamento dos ramais e sub-ramais dos
SHP - sobreposição à alvenaria.

Em outros países, onde não são utilizadas caixas sifonadas e a saída do esgoto sanitário de
todos os aparelhos (inclusive do vaso) é horizontal, não é necessário efetuar os furos

correspondentes na laje e, conseqüentemente, prever forro falso nos ambientes sanitários,

uma vez que as tubulações se restringem às paredes. O box do chuveiro é executado com
um elemento pré-moldado, sendo a saída do esgoto sanitário também pela parede, conforme

vê-se na Figura 3.11.

Figura 3.11: Esquema de ambiente sanitário com encaminhamento das


tubulações somente pelas paredes.

Dessa forma, não existe mais distinção entre os ambientes sanitários e os demais ambientes
do edifício, a não ser pela necessidade de previsão dos "shafts", o que torna esta solução de

grande utilidade para o caso de reformas.

Para a maior disseminação desta solução, torna-se necessário estudar as diversas formas

de fechamento dos espaços destinados às tubulações dos SHP, bem como a localização
destes espaços, tendo em vista as dimensões e projeto arquitetônico dos ambientes

sanitários no Brasil.

O CÁLCULO dos SHP consiste na estimativa das solicitações impostas aos sistemas e na

determinação do diâmetro das tubulações, em função de limites para determinados


parâmetros hidráulicos fixados na normalização (pressões, vazões, alturas de lâmina d'água,

entre outros) para atender a estas solicitações.

No que se refere à estimativa das solicitações impostas aos SHP, há que que se destacar

que as metodologias recomendadas pelas atuais normas de projeto da ABNT são de caráter
empírico, não representando adequadamente, em determinados casos, a situação real. Uma

relação destas normas é apresentada no ANEXO 5.

Para a adequada execução dos SHP, torna-se imprescindível a elaboração do projeto de

produção.

O PROJETO DE PRODUÇÃO deve ser desenvolvido no âmbito da atuação do executor,

visando o planejamento e o controle da execução, juntamente com a definição das tarefas a

serem realizadas. [MELHADO, 1992].

No caso dos SHP, o projeto para produção deve conter, basicamente, [ALMEIDA, 1991]:

• detalhes dos "kits" hidráulicos dos SPAF1 e SPAQ2;


• detalhes dos "kits" dos SPES3 e SPAP4 ;

• tabelas descritivas com os componentes dos "kits" dos sistemas prediais ;

• detalhes de posicionamento e montagem das tubulações em função do processo


construtivo a ser utilizado;

Nas Figuras 3.12 e 3.13 são apresentados, respectivamente, um exemplo de "kit" hidráulico

para o SPAF e outro para o SPES , com as correspondentes tabelas descritivas de

componentes.

1 Sistema Predial de Água Fria


2 Sistema Predial de Água Quente
3 Sistema Predial de Esgotos Sanitários
4 Sistema Predial de Águas Pluviais
Figura 3.12: "Kit" hidráulico e tabela descritiva de componentes - Sistema Predial de Água
Fria.
Figura 3.13: "Kit" hidráulico e tabela descritiva de componentes - Sistema Predial de Esgotos
Sanitários.
Com a confecção de "kits" hidráulicos verifica-se uma série de vantagens para os envolvidos

no processo de geração, uso/operação e manutenção dos SHP, dentre as quais destaca-se,


[ALMEIDA, 1991]:

• para os fabricantes de componentes:

- melhores procedimentos de aplicação dos componentes, reduzindo problemas de

assistência técnica;
- possibilidade de desenvolvimento de sistemas alternativos;

• para os projetistas e executores:

- possibilidade de desenvolvimento de soluções otimizadas do ponto de vista construtivo;

- padronização dos procedimentos construtivos;


- aumento da velocidade da obra, facilitando a organização das equipes de trabalho;

- simplificação do processo de compra dos componentes, com a racionalização da


quantificação e da orçamentação;
- redução sensível do desperdício de materiais;

- possibilidade da realização dos testes de recebimento em bancada e "in loco";

• para os usuários finais:

- maior garantia da qualidade dos SHP.

O controle de todas as atividades referentes ao projeto dos SHP pode ser feito através da

análise crítica do projeto, feita, preferencialmente, por uma equipe distinta da que elaborou

o projeto, no sentido de avaliar a possibilidade de adoção de outras soluções, outras


metodologias de cálculo, etc. Estas análises devem ser registradas de forma a subsidiar

novos projetos.

O PROJETO "AS BUILT" é obtido a partir do registro das alterações na obra, sendo a sua

elaboração imprescindível para a fase de uso/operação e manutenção dos SHP. Este

projeto, juntamente com os MANUAIS DO PROPRIETÁRIO e de OPERAÇÃO do edifício,


constituem o conjunto de documentos a serem entregues ao usuário final, a fim de que ele

possa realizar as referidas atividades.

3.1.2.2 SUPRIMENTOS

Se a causa dos SHP apresentarem desempenho insatisfatório se encontra nos componentes

utilizados, o erro cometido pode se referir a falhas em um (ou mais, em uma combinação)
dos seguintes itens:

• avaliação dos fornecedores;


• recebimento dos componentes;

• transporte, manuseio e armazenamento dos componentes;


• aplicação dos componentes.

É grande a diversidade dos componentes e, principalmente, dos materiais que constituem os

SHP. É grande também o número de fabricantes dos diferentes componentes, muitos sem

qualquer sistema de garantia da qualidade dos produtos por eles oferecidos.

O processo de AVALIAÇÃO DO FORNECEDOR E DO SEU PRODUTO (verificação do

atendimento às especificações técnicas) através, por exemplo, da exigência por parte do


comprador do certificado de conformidade, fornecido por entidades idôneas, atestando que o
produto atende às normas (nacionais e/ou estrangeiras), pode resguardá-lo no momento da

compra dos componentes.

Ressalta-se que a qualidade dos suprimentos está relacionada também com a garantia de

que eles estejam disponíveis para a utilização no momento certo, a um mínimo custo.

Assim, os aspectos a serem analisados incluem a comprovação de que o produto fornecido

atende às especificações técnicas, o cumprimento dos prazos em contratos anteriores, a

assistência técnica, entre outros. Estas informações devem constituir um procedimento

para avaliação dos fornecedores de componentes da empresa contratante. Problemas de


não-conformidade devem ser devidamente cadastrados para subsidiar novas avaliações.

O CONTROLE DE RECEBIMENTO tem por objetivo verificar a qualidade do material

entregue, podendo, se existir o certificado de conformidade do produto, se resumir a exames


visuais. Ensaios serão realizados apenas se algum problema for detectado.

O exame visual pode ser composto, entre outros, pela verificação dos seguintes itens:

- existência de irregularidades, tais como presença de bolhas, rugosidades ou


impurezas, uniformidade de cor, estado de pontas e bolsas de tubos, presença de

trincas e/ou deformações, estado de roscas, linearidade de tubos, pontos de


corrosão, entre outros;

- existência de indicação da marca ou nome do fabricante, do diâmetro em mm, do

tipo de tubo, do número da respectiva EB1 .

A relação das normas (especificações) dos principais componentes dos SHP encontra-se no

ANEXO 5.

1 Especificação Técnica
Uma vez verifcada a qualidade dos componentes através do processo de recebimento,

devem ser tomados cuidados especiais com o TRANSPORTE E ARMAZENAGEM dos


mesmos. Muitas patologias dos SHP têm origem nestas atividades, devendo ser elaborado

um documento de procedimentos para o transporte e armazenagem dos componentes.

As informações constantes neste documento devem ser obtidas junto aos fabricantes. A
título de exemplo, apresenta-se a seguir algumas recomendações que devem fazer parte

deste documento, referentes à armazenagem de tubos de plástico, a partir de ASFAMAS

[1990]:

- o local de estocagem de quaisquer componentes deve ser de fácil acesso e livre da

ação de agentes que possam causar danos aos mesmos;


- os tubos de PVC devem ficar em locais sombreados, evitando um aquecimento

excessivo devido à exposição ao sol, o qual pode provocar a ovalização ou a


deformação nos tubos de PVC empilhados;

- os tubos devem ser agrupados em feixes e empilhados com as pontas e bolsas


alternadas;
- a primeira camada de tubos deve ficar adequadamente apoiada, ficando livres

apenas as bolsas, podendo ser utilizado para isto um tablado de madeira ou caibros
em nível, distanciados de 1,50m , colocados transversalmente à pilha de tubos;

- o empilhamento deve atingir uma altura máxima de 1,50m, independentemente da


bitola ou espessura da parede dos tubos. O empilhamento também pode ser feito em

camadas cruzadas (tipo fogueira);

Na Figura 3.14 são apresentadas, de forma esquemática, as recomendações feitas acima

para o armazenamento dos tubos de PVC.


Figura 3.14: Recomendações para o armazenamento de tubos de PVC.
Fonte: ASFAMAS, 1990.

3.1.2.3. RECURSOS HUMANOS

Qualquer que seja a fase analisada dentro do processo de geração dos SHP, três aspectos
são importantes, com relação aos recursos humanos envolvidos:

- seleção;

- treinamento;
- motivação.

A SELEÇÃO envolve a análise de aspectos tais como: experiência anterior, cursos de

especialização/treinamento efetuados, grau de rotatividade em empregos anteriores, etc.


Nesse sentido, devem ser elaborados procedimentos para a seleção dos recursos

humanos, em função do nível do pessoal envolvido.

Por exemplo, no caso da seleção de uma empresa para realizar os serviços de execução dos

SHP, os aspectos relacionados acima poderiam ser analisados, entre outros, a partir da

verificação:

- do curriculum vitæ do pessoal gerencial;

- dos certificados de cursos de especialização/treinamento do pessoal gerencial e

operacional (fornecidos por instituições de ensino superior, pelo SENAI, pelos fabricantes
de componentes, etc.);

- da carteira profissional do pessoal operacional.

O TREINAMENTO, dependendo do nível dos recursos humanos envolvidos nas diferentes


fases do processo de geração dos SHP, pode envolver:

- educação geral ou básica;


- treinamento para o desempenho da atividade específica;

- treinamento para a qualidade.

A MOTIVAÇÃO se refere, basicamente, à adoção de medidas no sentido de eliminar ou

atenuar os fatores de contra-satisfação, tais como:

- melhoria das condições de trabalho;

-programas de benefícios;
- estabelecimento de programas de crescimento profissional;
- realização de atividades de entrosamento entre os diferentes níveis de pessoal
envolvido.

3.1.2.4 EXECUÇÃO

No que se refere à qualidade dos serviços relativos à execução dos SHP, os seguintes

pontos são básicos, partindo-se da consideração de que as demais atividades foram

realizadas adequadamente (projeto, suprimentos, recursos humanos):

- elaboração de normas de procedimento de execução;

- controle da execução;
- registro das alterações;

- testes de recebimento.

As NORMAS DE PROCEDIMENTOS DE EXECUÇÃO devem ser elaboradas ao nível da


empresa executora e consistem numa relação de atividades referentes à execução dos
diversos serviços, tais como: transporte de "kits" hidráulicos, execução de juntas, corte de

tubos, chumbamento de tubulações, entre outros.

Estas normas se referem a aqueles serviços que são executados em todas as obras da
empresa e não em uma obra particular.

O CONTROLE DA EXECUÇÃO tem por objetivo verificar se as atividades referentes à


execução dos SHP estão sendo realizadas adequadamente, previnindo ou revertendo

precocemente as não conformidades.


A partir do projeto de produção citado anteriormente, devem ser elaboradas listas de

verificação das atividades de execução, as quais serão preenchidas com uma


periodicidade predefinida, em função do tipo de serviço a ser executado. No ANEXO 6

apresenta-se um exemplo desta lista de verificação.

As alterações no projeto que se fizerem necessárias durante a execução devem ser


procedidas somente após a anuência do responsável pelo mesmo. O REGISTRO DAS

ALTERAÇÕES deve ser o mais completo possível e enviado ao projetista para que este

proceda as modificações, obtendo-se assim o denominado projeto "as built" (como

construído).

Os TESTES DE RECEBIMENTO constituem-se na verificação do desempenho dos SHP


após a execução. As normas de procedimento de projeto e execução dos sistemas prediais

de água quente e e de esgotos sanitários, contêm itens referentes aos ensaios a serem
realizados. Para o SPAF tem-se uma especificação técnica própria e dois métodos de

ensaio; somente a norma de sistemas prediais de águas pluviais não fornece nenhuma
indicação. A Tabela 3.1 apresenta um resumo dos testes de recebimento recomendados na
normalização.

Tabela 3.1: Testes de Recebimento dos SHP.

SISTEMA PREDIAL TESTE NORMA


ÁGUA FRIA Estanqueidade à pressão interna
Determinação das condições de NBR-5651 (EB), NBR-
funcionamento dos pontos de água 5651 (MB), NBR-5658
(MB)
Ensaio de funcionamento
ÁGUA QUENTE Ensaio de pressão interna NBR-7198 (NB)
ESGOTOS Ensaio com água
SANITÁRIOS
Ensaio com ar NBR-8160 (NB)
Ensaio final com fumaça
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme ressaltado ao longo deste documento, o processo de melhoria da qualidade dos


SHP passa pela identicação dos problemas existentes, análise das possíveis causas,
proposição e implantação de medidas para resolvê-los e verificação da efetividade dessas
medidas. Esta sequência constitui o denominado "ciclo PDCA": PLAN (planejar), DO
(executar, fazer), CHECK (verificar) e ACTION (atuar corretivamente) e deve ser feita de
maneira contínua, conforme vê-se na figura 4.1.

P
A definir as
atuar metas
M corretivamente
E definir os
L A P
métodos
H C D
O educar e
R verificar os
treinar
I A P resultados
A C D
executar
a tarefa
C D

TEMPO

Figura 4.1: Ciclo PDCA.


Fonte: CAMPOS, 1989.

Assim, uma vez detectados os problemas e identificadas as suas causas, deve-se

estabelecer as prioridades a serem atacadas, definindo as metas a serem atingidas e os


métodos para atingí-las.

Na seqüência, efetua-se o treinamento dos recursos humanos envolvidos para a execução


da tarefa proposta, verificando-se os resultados atingidos com a medida corretiva.
Se o desempenho dos SHP com relação ao problema foi satisfatório, ou seja, se as medidas

corretivas foram eficientes, passa-se à abordagem dos demais problemas, reiniciando-se o


processo.

Cabe ressaltar a importância dos aspectos relativos ao uso/operação e manutenção dos

SHP, os quais devem ser abordados desde a fase de projeto, tendo em vista a qualidade
desses serviços.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, G. G. - Racionalização das instalações hidráulicas prediais em habitações de


interesse social, 1991, (mimeo).
AMORIM, S. V. - Instalações Prediais Hidráulico-sanitárias: desempenho e
normalização. Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos para o título
de Mestre em Arquitetura, 1989.
ASFAMAS-PVC/ABIVINILA/TESIS - Condições de estocagem e transporte de tubos de
PVC. Documento Técnico Q-620-IP-RT-001, São Paulo, 1990.
CAMPOS, V. F. - Gerência da qualidade total: estratégia para aumentar a
competitividade da empresa brasileira. Belo Horizonte, Fundação Cristiano Otoni, Escola
de Engenharia da UFMG, 1989.
FRANCO, L. S. Aplicação de diretrizes de racionalização construtiva para a evolução
tecnológica dos processos construtivos em alvenaria estrutural não armada. Tese
apresentada à Escola Politécnica da USP para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia, São Paulo, 1992.
GEBERIT. Le maximum de confort pour vos salles de bains et toilettes. (Catálogo
Técnico).
GRAÇA, M. E. A. - Formulação de Modelo para a avaliação das condições
determinantes da necessidade de ventilação secundária em sistemas prediais de
coleta de esgotos sanitários. Tese apresentada à Escola Politécnica da USP para a
obtenção do título de doutor em Engenharia Civil, São Paulo, 1985.
JURAN, J. M. - Juran na liderança pela qualidade. Um guia para executivos. Livraria Editora
Pioneira[1990].
LICHTENSTEIN, N. B. - Patologia das Construções. Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da USP para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, São Paulo,
1985.
MELHADO, S. & VIOLANI, M. A. F. - A qualidade na construção civil e o projeto de
edifícios. Texto Técnico do Depto. de Engenharia de Cosntrução Civil da EPUSP, São
Paulo, 1992.
PICCHI, F. A. - Sistemas da Qualidade: uso em empresas de construção de edifícios.
Tese apresentada à Escola Politécnica da USP para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia, vol. 1 e 2, São Paulo, 1993.
POLI/ENCOL - PROJETO EPUSP/ENCOL 5 - Instalações Prediais, 1992. (mimeo).
ROSRUD, T. - Sanitary installation. Properties they ought to have. Performance
requirements and quality testing of sanitary installations. Oslo, Norwegian Building
Research Institute, 1979.
TCI - TECNOLOGIA DE CONTROLE DE INCÊNDIOS LTDA.- Manual de Controle da
qualidade, 1993.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Anais do 2º Congresso


Internacional de Normalização e Qualidade. Rio de Janeiro, 1991.
. NB-9000/ISO-9000 - Normas de gestão e garantia da qualidade - diretrizes para
seleção e uso, Rio de Janeiro, 1990.
.NB-9001/ISO-9001 - Sistemas da qualidade - modelo para garantia da qualidade em
projetos/desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica, Rio de Janeiro,
1990.
.NB-9002/ISO-9002 - Sistemas da qualidade - modelo para garantia da qualidade em
projetos e instalação, Rio de Janeiro, 1990.
.NB-9003/ISO-9003 - Sistemas da qualidade - modelo para garantia da qualidade em
inspeção e ensaios finais, Rio de Janeiro, 1990.
.NB-9004/ISO-9004 - Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade -
diretrizes, Rio de Janeiro, 1990.
CENTRE INTERNATIONAL DE CONFÉRENCES DE LA VILLETTE - Quality for buildings
users troughout the world, June 19-23 1989.
DIAS, S. R. B . M. - Formulação de uma proposta para controle do processo e do
recebimento de serviços na construção. Dissertação apresentada à Escola Politécnica da
USP para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, São Paulo, 1990.
Patologia das instalações hidráulicas prediais. Notas de aula da disciplina PCC-463 -
Instalações na Construção Civil I, São Paulo, s.d.
SIQUEIRA, E. M. F. et alii - Implantação de Sistemas de Garantia de Qualidade.
Seminário da Disciplina de Pós Graduação PCC-828 - Gerenciamento de Processos de
Produção na Construção Civil, São Paulo, 1991.
SCHWEDER, G. R. - A Contratação do gerenciamento na construção civil. Uma
abordagem sistêmica. Dissertação apresentada à Escola Politécnica da USP para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, São Paulo, 1991.
SOUZA, R. - Qualidade: fator de competitividade na indústria da construção civil.
Publicação do 15º Simpósio de Aplicação da Tecnologia do Concreto, Campinas, out. 1992.

AGRADECIMENTOS

A autora gostaria de manifestar o seu agradecimento ao Eng. Orlando Fontes Lima Jr. e ao
Arq. Guilherme Gomes de Almeida por suas contribuições no desenvolvimento deste
trabalho.
ANEXO 1

REQUISITOS DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS

REQUISITOS RELACIONADOS COM A UTILIZAÇÃO


QUALIDADE DA ÁGUA:
- possibilitar que a água entregue no ponto de utilização seja de boa qualidade
- ter aparelhos sanitários que não permitam a contaminação da água utilizada
- evitar a contaminação da água no interior do sistema de suprimento e do sistema de
equipamento sanitário, de forma a garantir a qualidade da água de consumo.
QUANTIDADE DE ÁGUA/APARELHOS:
- possibilitar que a água seja entregue no ponto de utilização em quantidade suficiente
- ter aparelhos sanitários em quantidade suficiente
- possibilitar que a água utilizada e os despejos introduzidos, através da utilização normal,
sejam conduzidos a destino adequado, nas quantidades produzidas pelos equipamentos
sanitários
DISPONIBILIDADE DE ÁGUA
- possibilitar que a água seja entregue no ponto de utilização quando necessário
- possibilitar que a água utilizada e os despejos introduzidos, através do uso normal, sejam
conduzidos, quando necessário, a destino adequado
ADEQUABILIDADE
- suprir de água o ponto de utilização de forma conveniente
- permitir que a água utilizada e os despejos introduzidos, através da utilização, escoem de
forma conveniente, até o destino adequado
CONTROLE DE QUANTIDADE DE ÁGUA
- possibilitar que a quantidade de água disponível no ponto de utilização seja controlável
TEMPERATURA DA ÁGUA
- possibilitar que a água seja entregue no ponto de utilização em temperatura adequada ao uso
- possibilitar que a água utilizada seja conduzida a destino adequado na temperatura
conseqüente dessa utilização no sistema de equipamento sanitário
ACESSIBILIDADE
- permitir o acesso ao local de utilização e garantir a existência de espaços suficientes e
adequados a movimentação do usuário
FLEXIBILIDADE
- permitir modificações e adaptações dos aparelhos sanitários em função de alterações das
exigências dos usuários ao longo do tempo.
CONTROLE DE ÁGUA PARA USO
- ter aparelhos sanitários que possam acomodar água no seu interior, a critério do usuário, em
quantidade compatível com suas utilizações.
ADAPTABILIDADE AO USUÁRIO
- ter aparelhos sanitários instalados e com dimensões de acordo com as características
ergonômicas dos usuários.
FORMA E COR
- ter aparelhos sanitários com forma e cores adequadas às suas utilizações, e agradáveis aos
usuários
CONDUÇÃO DE DESPEJOS
- ter aparelhos sanitários que conduzam rapidamente a água, bem como os despejos nela
introduzidos, provenientes do uso destes aparelhos
PROTEÇÃO DO SISTEMA DE COLETA DE ESGOTOS
- ter aparelhos sanitários providos de dispositivos que não permitam o ingresso de objetos com
características que possam prejudicar o funcionamento da instalação de esgotos sanitários
CAPACIDADE DE SUPORTE
- ter aparelhos sanitários com capacidade de suportar cargas e esforços provenientes do
transporte, do uso e da manutenção da instalação
SEGURANÇA CONTRA EXTRAVASÃO
- ter aparelhos sanitários capazes de coletar e conduzir o excesso de água, de forma a garantir
o não extravasamento em condições normais de utilização
FUNCIONALIDADE
- ter aparelhos sanitários agrupados de forma a permitir a utilização seqüencial de maneira
funcional.
ACESSÓRIOS DO SISTEMA
- possibilitar a existência de locais destinados à colocação de objetos utilizados como
acessórios de complementos das atividades pertinentes a cada tipo de aparelho sanitário.
REQUISITOS DOS SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS (continuação)

REQUISITOS RELACIONADOS COM AS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO


RUÍDO
- restringir a níveis aceitáveis os ruídos produzidos pela instalação
VIBRAÇÕES
- restringir a ocorrência de vibrações dos equipamentos do sistema, de maneira a não causar
desconforto e danos materiais
ODORES
- restringir o retorno dos odores provenientes da instalação, em seu todo ou em partes
CALOR, FRIO, TEMPERATURA
- permitir a utilização do sistema de forma adequada, sem que as influências do calor, frio e das
variações de temperatura prejudiquem o seu funcionamento
RESISTÊNCIA MECÂNICA
- suportar a ação de cargas estáticas e dinâmicas provenientes de agentes internos e externos
ao sistema
RESISTÊNCIA DOS ELEMENTOS DA CONSTRUÇÃO
- assegurar a não diminuição da resistência dos elementos estruturais que constituem o edifício
DESGASTE, FISSURAMENTO E CORROSÃO
- resistir às ações que conduzam ao desgaste, fissuramento e corrosão dos elementos que
constituem o sistema
DANOS DEVIDO AO USO
- resistir às ações devidas ao uso normal, ao uso inadequado e às falhas de fabricação, não
devendo acarretar danos aos usuários e às suas propriedades
CONDENSAÇÃO
- operar sem que os efeitos da condensação prejudiquem o funcionamneto do sistema
LUZ
- ser à prova de penetração de luz para que a água não tenha sua qualidade prejudicada pelo
efeito da luz
ATAQUE BIOLÓGICO
- assegurar a não proliferação de bactérias, fungos, etc. que ataquem os elementos que
constituem o sistema
EXPLOSÃO
- assegurar que os elementos do sistema sejam resistentes à explosão
INCÊNDIO
- minimizar a propagação do incêndio, quando de sua ocorrência
PRESERVAÇÃO DA NATUREZA
- destinar as águas servidas e despejos de forma a assegurar a manutenção do equilíbrio
ecológico
APARÊNCIA
- manter a aparência dos elementos que constituem o sistema, não permitindo a ocorrência de
manchas, depósitos de resíduos e descoloração dos equipamentos e dispositivos
LIMPEZA
- permitir o acesso a todos os elementos do sistema, de forma a possibilitar a limpeza dos
mesmos
MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO
- permitir a manutenção de todos os elementos do sistema, possibilitando a fácil reposição de
qualquer um destes elementos
OPERAÇÃO
- facilitar a identificação dos elementos do sistema, possibilitando, assim, a adequada operação
destes elementos e do sistema como um todo.
ANEXO 2

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS.


FONTE: adaptado de CAMPOS [1989].

seleção do problema a ser solucionado;


IDENTIFICAÇÃO levantamento do histórico do problema;
DO PROBLEMA
determinação das perdas atuais e os possíveis ganhos
estabelecimento de prioridades de temas;
nomeação dos responsáveis pelo encaminhamento
das demais etapas.

coleta de dados para a descoberta das características


do problema
OBSERVAÇÃO
definição das causa influentes;
E ANÁLISE
escolha das causas mais prováveis (formulação de hipóteses)
análise das causas mais prováveis (verificação de hipóteses)

teste de consistência da causa fundamental;

elaboração da estratégia de ação;


AÇÃO elaboração do plano de ação;
treinamento;
execução da ação.

VERIFICAÇÃO comparação dos resultados;

verificação da continuidade ou não do problema;

N BLOQUEIO
EFETIVO ?

comunicação;
S
elaboração ou alterações de padrões;
PADRONIZAÇÃO educação e treinamento;
acompanhamento (verificação) do cumprimento do padrão;

relação dos problemas remanescentes


CONCLUSÃO
planejamento do ataque aos problemas remanescentes

reflexão.
ANEXO 3

EXEMPLO DE MATRIZ DE RESPONSABILIDADES PARA PROCEDIMENTOS DE


EXECUÇÃO. FONTE: TCI [1993]

ITEM ATRIBUIÇÃO RESPONSÁVEL

1 Elabora e revisa os procedimentos de execução

2 Analisa e verifica sua conformidade com as


normas, diretriz contratual, etc.

3 Coloca os procedimentos no padrão do controle


de qualidade

4 Submete os procedimentos à aprovação do


cliente

5 Distribui cópias controladas dos procedimentos


aos usuários. Recolhe as cópias com revisão
ultrapassada e as inutiliza

6 Aplica o procedimento

7 Verifica a utilização dos procedimentos na última


revisão aplicável
ANEXO 4

EXEMPLO DE FICHA DE INFORMAÇÕES INICIAIS PARA PROJETO DOS SHP


1. INFORMAÇÕES GERAIS:
OBRA: LOCALIZAÇÃO:
PROPRIETÁRIO: TEL/FAX ENDEREÇO:
ARQUITETURA: TEL/FAX CIDADE:
ESTRUTURA: TEL/FAX:
CONSTRUTORA: TEL/FAX:

CARACTERÍSTICAS:
ÁREA DE IMPLANTAÇÃO: TIPO DE OCUPAÇÃO:
ÁREA DE CONSTRUÇÃO: Nº DE EDIFÍCIOS: Nº DE UNIDADES/PAVIMENTO:
Nº DE PAVIMENTOS TIPO: Nº DE SUB-SOLOS: POPULAÇÃO:

INFRA-ESTRUTURA LOCAL:
CONCESSIONÁRIA DE ÁGUA: TEL/FAX:

2. SISTEMAS A SEREM PROJETADOS:


( ) água fria ( ) água quente ( ) água fria ( ) água quente ( ) esgotos sanitários ( ) águas pluviais

SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA FRIA:


DADOS PARA O CÁLCULO DO CONSUMO DIÁRIO:

DADOS PARA O CÁLCULO DOS RESERVATÓRIOS:

TIPO DE SISTEMA:

APARELHOS/EQUIPAMENTOS SANITÁRIOS:
( ) bidê ( ) bacia com caixa acoplada ( ) bacia com válvula de descarga ( ) banheira com hidromassagem ( ) outros:

MATERIAL:

OBSERVAÇÕES:

SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA QUENTE:


TIPO DE SISTEMA:

EQUIPAMENTO DE AQUECIMENTO:

AMBIENTES SANITÁRIOS ALIMENTADOS COM ÁGUA QUENTE:


( ) banheiros ( ) lavabo ( ) cozinha ( ) banheiro de serviço ( ) outros:

MATERIAL:

OBSERVAÇÕES:

SISTEMA PREDIAL DE ESGOTOS SANITÁRIOS:


DISPOSIÇÃO FINAL:
( ) rede pública ( ) fossa séptica ( ) outro:

MATERIAL:
REDE INTERNA:
( ) PVC ( ) Fº Gº ( ) PVC-R ( ) outro:
REDE EXTERNA:
( ) manilha de barro ( ) tubo de concreto
( ) PVC ( ) Fº Gº ( ) PVC-R ( ) outro:

OBSERVAÇÕES:

SISTEMA PREDIAL DE ÁGUAS PLUVIAIS:


DISPOSIÇÃO FINAL:
rede pública: ( ) sim ( ) não

MATERIAL:
REDE INTERNA:
( ) PVC ( ) Fº Gº ( ) PVC-R ( ) outro:
REDE EXTERNA:
( ) manilha de barro ( ) tubo de concreto
( ) PVC ( ) Fº Gº ( ) PVC-R ( ) outro:

OBSERVAÇÕES:
ANEXO 5
SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA / ABNT

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
TUBOS E CONEXÕES:

• CB-1 - Comitê Brasileiro de Mineração e Metalurgia


- EB-219 (NBR-5030/1982) - Tubo de cobre sem costura para usos gerais
- EB-331 (NBR-5885/1985) - Tubos de aço para usos comuns na condução de fluidos
- EB-332 (NBR-5590/1985) - Tubos de aço carbono com requisitos de qualidade para
condução de fluidos
- EB-366 (/1977) - Conexões para unir tubos de cobre por soldagem ou brasagem
capilar
- EB-584 (NBR-5020/1984) - Tubos de cobre e de ligas de cobre, sem costura -
requisitos gerais
- EB-1251 (NBR-7417/1981) - Tubo extra leve de cobre sem costura para condução de
água e outros fluidos

• CB-2 - Comitê Brasileiro de Construção Civil


- EB- (NBR-5645/1989) - Tubo cerâmico para canalizações
- EB-960 (NBR-8409/1983) - Conexão cerâmica para canalizações
- EB-608 (NBR-5688/1977) - Tubos e conexões de PVC rígido para esgoto predial e
ventilação
- EB-753 (NBR-10843/1988) - Tubos de PVC rígido para instalações prediais de águas
pluviais
- EB-1477 (NBR-8417/1983) - Tubo de polietileno PE 5 para ligação predial de água
- EB-1571 (NBR-9051/1985) - Anel de borracha para tubulações de PVC rígido
coletoras de esgoto sanitário
- EB-1572 (NBR-9052/1985) - Conexão de PVC rígido para junta mecânica para tubos
de polietileno PE 5 para ligações prediais de água.
- EB-1702 (NBR-9651/1986) - Tubo e conexão de ferro fundido para esgoto
ANEXO 5 - SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA / ABNT (continuação)

- EB-1751 (NBR-9798/1986) - Conexão de polipropileno para junta mecânica para tubos


de polietileno PE 5 para ligações prediais de água.
- EB-2001 (NBR-10925/1989) - Cavalete de PVC DN 20 para ramais prediais
- EB-2002 (NBR-10930/1989) - Colar de tomada de PVC rígido para tubos de PVC
rígido
- EB-2044 (/1990) - Cavalete de polipropileno DN 20 para ramais prediais
- EB-2120 (/1991) - Colar de tomada de polipropileno para tubos de PVC rígido

EQUIPAMENTOS:

• CB-2 - Comitê Brasileiro de Construção Civil


- EB-368 (NBR10281/1988) - Torneira de pressão
- EB-369 (NBR10071/1982) - Registros de pressão fabricados com corpo e castelo em
ligas de cobre para instalações hidráulicas prediais
- EB-823 (NBR5652/1982) - Caixa de descarga
- EB-2071 (/1990) - Registro broca de polipropileno para ramal predial
- EB-2045 (/1990) - Registro de PVC rígido para ramal predial

• CB-4 - Comitê Brasileiro de Mecânica


- EB-387 (NBR10072/1985) - Registros de gaveta de liga de cobre para instalações
hidráulicas prediais
- EB-928 (NBR7252/1981) - Válvula de descarga para bacias sanitárias em instalações
hidráulicas prediais
- EB-1718 (NBR10137/1986) - Torneira de bóia para reservatórios prediais
- EB-2011 (NBR10979/1989) - Válvulas de escoamento com ladrão para bidês e
lavatórios
- EB-2073 (/1990) - Válvula de escoamento para banheiras
- EB-2098 (/1990) - Misturadores para pia de cozinha tipo mesa
- EB-1787 (/1990) - Aquecedores de água a gás tipo acumulação
ANEXO 5 - SISTEMAS HIDRÁULICOS PREDIAIS
NORMALIZAÇÃO TÉCNICA / ABNT (continuação)

EB-0580 (NBR8130/1981) - Aquecedores de água a gás tipo instantâneo

APARELHOS SANITÁRIOS/DESCONECTORES:

• CB-2 - Comitê Brasileiro de Construção Civil


-EB-2064 (/1990) - Aparelho sanitário de material plástico

• CB-4 - Comitê Brasileiro de Mecânica


-EB-2211 (NBR12563/1990) -Sifões tipo copo para lavatórios e pias.

NORMAS DE PROCEDIMENTO
- NBR 5626/82 - Instalações Prediais de Água Fria
- NBR 7198/82 - Instalações Prediais de Água Quente
- NBR 8160/83 - Instalações Prediais de Esgotos Sanitários
- NBR 10844 - Instalações Prediais de Águas Pluviais
- NBR 7229/82 - Construção e Instalação de Fossas Sépticas e Disposição de Efluentes
Finais
ANEXO 6 - EXEMPLO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE
EXECUÇÃO

LISTA DE VERIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO


DATA:
1. INFORMAÇÕES GERAIS:
OBRA:
ENDEREÇO :
ENGº RESPONSÁVEL: TELEFONE:
CARACTERÍSTICAS:
ÁREA DE IMPLANTAÇÃO: ÁREA DE CONSTRUÇÃO: Nº DE UNIDADES/PAVIMENTO:
Nº DE EDIFÍCIOS: Nº DE PAVIMENTOS TIPO: Nº DE SUB-SOLOS:

• NORMAS DE PROCEDIMENTO ESTÃO SENDO APLICADAS?


S / N / NA

• OS SERVIÇOS ESTÃO SENDO EXECUTADOS DE ACORDO COM O PROJETO DE PRODUÇÃO?


S / N / NA

• OS "KITS" FORAM EXECUTADOS DE MANEIRA CORRETA?


S / N / NA

• OS "KITS" ESTÃO SENDO CORRETAMENTE ARMAZENADOS/ TRANSPORTADOS?


S / N / NA

• OS PONTOS DE ÁGUA E ESGOTO ESTÃO NA PROFUNDIDADE CORRETA NA ALVENARIA?


S / N / NA

• ESTÃO SENDO COLOCADOS "PLUGS" NOS PONTOS DE ÁGUA?


S / N / NA

• OS PONTOS DE ESGOTO SANITÁRIO ESTÃO SENDO FECHADOS ADEQUADAMENTE?


S / N / NA

• OS SUPORTES PARA OS TUBOS ESTÃO SENDO EXECUTADOS ADEQUADAMENTE?


S / N / NA

• . . .

OBSERVAÇÕES:

RELAÇÃO DE NÃO-CONFORMIDADES ENCONTRADAS E SOLUÇÕES ADOTADAS:

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