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Para começar, felizmente (ainda, apesar dos percalços) vivemos num país que
tem a imprensa livre e no qual os jornalistas podem, além de noticiar,
manifestar suas opiniões, desde que se responsabilizem por elas e deixem
claro que é uma interpretação pessoal e não um diagnóstico preciso de um
fato. E isso abrange todas as áreas, da política à cultura, da gastronomia aos
esportes. E isso vale para todos, profissionais de comunicação ou não. E
principalmente para os torcedores!
Posto isso, não é de hoje que assistimos, cada vez mais, às greves de silêncio
de alguns clubes e seus times quando estes são criticados pela sua gestão,
pelo desempenho esportivo e pela forma de entregar à torcida o que ela
efetivamente merece.
Um dos casos mais recentes de silêncio foi a greve de comunicação nos canais
do Sport Clube Corinthians Paulista, sob o pretexto de uma campanha
institucional chamada “Futebol sem Ódio”. Apesar de plenamente justificável
após as descabidas ameaças de morte feitas a alguns jogadores por
determinadores “torcedores” nas redes sociais – se assim pudermos chamá-los
-, tal silêncio não se justifica perante uma massa de milhões de fiéis
apaixonados pelo time, que gastam muitas vezes o que não têm para poder
pagar um ingresso no estádio ou embarcar numa excursão exaustiva para ver
o seu time de coração jogar longe de casa e apoiá-lo acima de tudo.
Principalmente após uma derrota por 3 a 0 para o seu maior rival, no dia em
que se comemora o torcedor corintiano e seu santo padroeiro.
Nenhum jogador merece jogar por medo. Pode-se atuar pela ambição ou por
dinheiro ou pela zona de conforto até, mas não sob ameaças.
Como poderíamos também justificar a atitude dos “torcedores” que lançaram
bombas no ônibus do Bahia, quando o time se dirigia à Fonte Nova para um
jogo da Copa do Nordeste, as quais feriram jogadores e, por muito pouco, não
fizeram o veículo pegar fogo e dizimar o Esquadrão de Aço? Para quem ainda
não teve a infeliz experiência de ver um meio de transporte desses ser
incendiando, é preciso alertar que ele é consumido pelas chamas e explode em
poucos minutos. Poderia ter havido uma tragédia, o que seria uma mancha
terrível na história do clube. E este protesto jamais poderia ser contabilizado
como “amor ao time”.
Por mais que uma sequência ruim de resultados ou uma decepção muito
intensa estejam na trajetória de um time, qual foi a equipe que nunca viveu um
apagão, mesmo quando era favorita e tinha tudo para se dar bem, mas o vento
virou?
Se cabe ao torcedor criticar e protestar pelos maus resultados, desde que seja
sem violência, é obrigação dos clubes também serem transparentes com
aqueles que o amam e não silenciarem, seja para dizer que passam por
problemas internos nas finanças, imbróglios jurídicos, perda do vestiário,
equipe desmotivada, atrasos de salários ou o que for. O silêncio jamais será
uma boa resposta para quem ama!
O torcedor merece respeito, uma palavra que seja, e não o silêncio! E o clube
todo o acolhimento possível, pois tudo passa...