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Manual de Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Microbiologia

B0221

Universidade Católica de Moçambique

Centro de Ensino a Distância


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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânicos,
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância , gostaria de agradecer a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela contribuição do conteúdo Arlindo Elisio Pedro Supinho

Pela contribuição no conteúdo e revisão temática Inácio José Narciso

Pela contribuição do conteúdo Manuel Mauane


B0221 i

Índice

Visão geral 1
Benvindo a Licenciatura em Ensino de Biologia /Microbiologia .................................... 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 2
Habilidades de estudo .................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 4
Avaliação ...................................................................................................................... 5

Unidade 1 7
Introdução ..................................................................................................................... 7
Introdução ............................................................................................................ 7
1.1. Objectos e métodos de estudo em Microbiologia ........................................... 8
1.2. O conceito de Microbiologia........................................................................ 11
Sumário ....................................................................................................................... 12
Exercícios.................................................................................................................... 13

Unidade 02 14
Visão geral .................................................................................................................. 14
Introdução .......................................................................................................... 14
2.1 Microbiologia e evolução histórica ............................................................... 15
Sumário ....................................................................................................................... 18
Exercícios.................................................................................................................... 19

Unidade 03 20
Microorganismos ......................................................................................................... 20
Introdução .......................................................................................................... 20
3.1 Características dos microorganismos ............................................................ 21
3.2 Importância dos microorganismos ................................................................ 22
Sumário ....................................................................................................................... 23
Exercícios.................................................................................................................... 24

Unidade 04 25
Classificação ............................................................................................................... 25
Introdução .......................................................................................................... 25
4.1 Classificação de microorganismos em relação aos outros seres vivos ............ 26
4.2 Conceito da classificação dos cinco reinos .................................................... 26
ii Índice

Sumário ....................................................................................................................... 27
Exercícios.................................................................................................................... 28

Unidade 05 29
Distribuição na natureza .............................................................................................. 29
Introdução .......................................................................................................... 29
5.1 Distribuição de microorganismos na natureza ............................................... 30
Sumário ....................................................................................................................... 30
Exercícios.................................................................................................................... 31

Unidade 06 32
Bactérias ..................................................................................................................... 32
Introdução .......................................................................................................... 32
6.1. Importância das bactérias na indústria, meio ambiente e no ramo da medicina33
Sumário ....................................................................................................................... 35
Exercícios.................................................................................................................... 35

Unidade 07 36
Bactérias ..................................................................................................................... 36
Introdução .......................................................................................................... 36
7.1 Estrutura morfológica ................................................................................... 37
7.2 Distribuição em diferentes habitats ............................................................... 42
Sumário ....................................................................................................................... 42
Exercícios.................................................................................................................... 43

Unidade 08 44
Bactérias ..................................................................................................................... 44
Introdução .......................................................................................................... 44
8.1. Classificação ............................................................................................... 45
8.2. Nutrição bacteriana ...................................................................................... 46
8.3 Reprodução bacteriana .................................................................................. 50
Sumário ....................................................................................................................... 51
Exercícios.................................................................................................................... 52

Unidade 09 53
Vírus ........................................................................................................................... 53
Introdução .......................................................................................................... 53
9.1 Características gerais dos vírus ..................................................................... 54
9.2 Importância dos vírus ................................................................................... 55
Sumário ....................................................................................................................... 56
Exercícios.................................................................................................................... 56

Unidade 10 57
Vírus ........................................................................................................................... 57
Introdução .......................................................................................................... 57
10.1 Estrutura e composição química dos vírus................................................... 57
B0221 iii

10.2 Classificação e nomenclatura ...................................................................... 61


Sumário ....................................................................................................................... 63
Exercícios.................................................................................................................... 64

Unidade 11 65
Vírus ........................................................................................................................... 65
Introdução .......................................................................................................... 65
11.1 Replicação dos vírus ................................................................................... 65
11.2 Vírus bacterianos/Bacteriofagos.................................................................. 67
Sumário ....................................................................................................................... 67
Exercícios.................................................................................................................... 67

Unidade 12 68
Vírus - fagos................................................................................................................ 68
Introdução .......................................................................................................... 68
12.1 Caracteristicas gerais dos fagos................................................................... 68
12.2 Morfologia e composição química dos bacteriófagos .................................. 71
Sumário ....................................................................................................................... 72
Exercícios.................................................................................................................... 72

Unidade 13 73
Vírus - fagos................................................................................................................ 73
Introdução .......................................................................................................... 73
13.1 Classificação dos fagos ............................................................................... 73
13.2 Reprodução ................................................................................................ 75
Sumário ....................................................................................................................... 83
Exercícios.................................................................................................................... 84

Unidade 14 85
Vírus – HIV/SIDA....................................................................................................... 85
Introdução .......................................................................................................... 85
14.1 Bioquimica do vírus HIV ............................................................................ 85
Sumário ....................................................................................................................... 87
Exercícios.................................................................................................................... 87

Unidade 15 88
Fungos ........................................................................................................................ 88
Introdução .......................................................................................................... 88
15.1 Características gerais dos fungos ................................................................ 89
15.2 Importância dos fungos ............................................................................... 90
Sumário ....................................................................................................................... 91
Exercícios.................................................................................................................... 91

Unidade 16 92
Fungos ........................................................................................................................ 92
Introdução .......................................................................................................... 92
iv Índice

16.1 Classificação dos Fungos ............................................................................ 93


Sumário ....................................................................................................................... 99
Exercícios.................................................................................................................. 100

Unidade 17 101
Fungos ...................................................................................................................... 101
Introdução ........................................................................................................ 101
17.1 Morfologia dos fungos .............................................................................. 101
17.2 Nutrição dos Fungos ................................................................................. 103
Sumário ..................................................................................................................... 103
Exercícios.................................................................................................................. 104

Unidade 18 105
Fungos ...................................................................................................................... 105
Introdução ........................................................................................................ 105
18.1 Reprodução dos Fungos ............................................................................ 106
18.2 Principais grupos ecológicos dos fungos ................................................... 108
Sumário ..................................................................................................................... 109
Exercícios.................................................................................................................. 110

Unidade 19 111
Cultura de microorganismo ....................................................................................... 111
Introdução ........................................................................................................ 111
19.1 Exigências nutritivas ................................................................................. 112
19.2 Características de Alguns Produtos Usados no Cultivo de Microrganismos:113
Sumário ..................................................................................................................... 114
Exercícios.................................................................................................................. 115

Unidade 20 116
Cultura de microorganismo ....................................................................................... 116
Introdução ........................................................................................................ 116
20.1 Tipos de meio alimentar............................................................................ 117
Sumário ..................................................................................................................... 119
Exercícios.................................................................................................................. 120

Unidade 21 121
Cultura de microorganismo ....................................................................................... 121
Introdução ........................................................................................................ 121
21.1 Meios bacteriológicos ............................................................................... 121
Sumário ..................................................................................................................... 123
Exercícios.................................................................................................................. 123

Unidade 22 124
Cultura de microorganismo ....................................................................................... 124
Introdução ........................................................................................................ 124
22.1 Técnicas de Cultura de Microrganismos ................................................... 125
B0221 v

Sumário ..................................................................................................................... 126


Exercícios.................................................................................................................. 126

Unidade 23 127
Cultura de microorganismo ....................................................................................... 127
Introdução ........................................................................................................ 127
23.1 Conservação das Culturas Puras................................................................ 128
Sumário ..................................................................................................................... 128
Exercícios.................................................................................................................. 129

Unidade 24 130
Aulas práticas ............................................................................................................ 130
Introdução ........................................................................................................ 130
24.1 Observação de microorganismos no laboratório ........................................ 131
Sumário ..................................................................................................................... 137
Exercícios.................................................................................................................. 138

Bibliografia 139
B0221 1

Visão geral

Benvindo a Licenciatura em
Ensino de Biologia /Microbiologia
Apresente aqui uma visão geral do conteúdo do curso ou módulo ou
unidade, com os objectivos, metas, etc...

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Inserir título do curso / módulo aqui Inserir
sub-título aqui será capaz de:

 Inserir objectivos do curso / Módulo aqui. Repare que tem várias


linhas para inserir uma multitude de objectivos se necessário.

Objectivos 

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que Indicar aqui os pré-
requisitos para estudar este módulo, conhecimentos prévios que o aluno
precisa ter, etc..
2 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por inserir aqui nome da
instituição encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
B0221 3

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para


efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Clique aqui e seleccione Inserir elementos (imagem/tabela/nova unidade)


da janela do Modelo para Ensino à Distância. Escolha ou Todos os ícones
abstractos ou Todos os ícones adrinka da lista dada.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões nomeadamente: O
lado social, professional e estudante, dai ser importante planificar muito bem o
seu tempo.

Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e use ao máximo o
tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um
plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como
estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros).

Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz bons


resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas competências
mediante a resolução de problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc.

Os manuais contêm muita informação, algumas chaves, outras complementares,


dai ser importante saber filtrar e apresentar a informação mais relevante. Use
estas informações para a resolução dos exercícios, problemas e desenvolvimento
de actividades. A tomada de notas desenpenha um papel muito importante.

Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de


desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos fracos e
fortes e perspectivas o seu desenvolvimento.

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o responsável pela
sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir, controlar e
avaliar o seu próprio progresso.
4 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o material
impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de
natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc).
Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a
situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a
oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os
mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de problemas


específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte
o coordenador do curso e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção
do CED, pelo número 825018440.

Os contactos so se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a


oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar
dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio
com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamnte, reflictam sobre
estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber
e desenvolva suas competências.

Juntos na Educação `a Distância, vencedo a distância..

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-
avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejem
realizadas.As tarefas devem ser entregues antes do período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazaos de entrga, e o não cumprimento dos
prazos de entrega, implica a não classificação do estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao


tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.
B0221 5

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de


um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e
o respeito pelos direitos autorais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período
presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no
chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para os 75%


do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles


representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam
a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 2 (dois) trabalhos; 1 (um) teste e 1


(exame).

Não estão previstas quaisquer avaliações orais.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como


ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração: a


apresentação; a coerência textual; o grau de cientificidade; a forma de conclusão
dos assuntos, as recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito
pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os.

Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual.


B0221 7

Unidade 1

Introdução

Introdução
Caro estudante, seja bem-vindo a unidade sobre a introdução ao estudo da
microbiologia. A microbiologia actualmente constitui uma das ciências
importantes sob ponto de vista humano e ambiental.

Nesta unidade, iremos destacar aspectos ligados aos objectos e métodos de estudo
em Microbiologia, bem como seus conceitos básicos descrevendo aspectos que
achamos ser mais relevantes. Portanto, caro estudante é convidado para uma
discussão activa sobre o assunto que propusemos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar os objectos e métodos de estudo em Microbiologia

 Definir Microbiologia.

Objectivos  Descrever os conceitos básicos

Patogênicos – organismos capazes de produzir doenças.

Taxonomia – classificação (arranjo), nomenclatura (denominação) e


identificação de organismos.
Terminologia SIDA – Sindroma de Imunodeficiência Adquirida.

Biorremediação – Uso de agentes biológicos (microorganismos) naturais


ou construídos geneticamente para remover poluentes tóxicos do meio
ambiente.
8 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

1.1. Objectos e métodos de estudo em Microbiologia


O conceito de Microbiologia, deriva do: Mikros (=pequeno) + Bio (= vida) +
logos (=ciência). A Microbiologia era definida, até recentemente, como a área da
ciência que dedica-se ao estudo dos microrganismos, um vasto e diverso grupo de
organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser encontrados
como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos (cadeias ou massas),
sendo que as células, mesmo estando associadas, exibiriam um carácter
fisiológico independente.

Assim, com base neste conceito, a microbiologia envolve o estudo de organismos


procariotos (bactérias, archaeas), eucariotos inferiores (algas, protozoários,
fungos) e também os vírus. Actualmente, a maioria dos trabalhos em
microbiologia é feita com métodos de bioquímica e genética. Também é
relacionada com a patologia, já que muitos organismos são patogénicos.

Existem duas áreas principais de estudo no campo da microbiologia:


microbiologia básica, que estuda a natureza fundamental e as propriedades dos
microorganismos, e microbiologia aplicada, em que a informação aprendida na
microbiologia básica é empregada para controlar e usar os microorganismos de
maneira benéfica (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

1.1.1 Microbiologia básica


Segundo Pelczar Jr, Chan, & Krieg (1996), abrange as descobertas científicas
que conduzem ao conhecimento fundamental sobre as células e a população
microbiana. Em microbiologai básica são discutidos os seguintes temas:

 Características morfológicas, a forma e tamanho das células, composição


química e função da suas estruturas internas

 Características fisiológicas, por exemplo, a necessidade nutricional


específica e as condições físicas necessárias ao crescimento e reprodução

 Actividades bioquímicas, como os microorganismos quebram os


nutrientes para obter energia e como eles usam esta energia para sintetizar
componentes celulares

 Características genéticas, a hereditariedade e a variabilidade das


características
B0221 9

 Potencial de causar doença, presença ou ausência, para o homem, outros


animais e plantas, inclui o estudo da resistência do hospedeiro á infecção

 Características ecológicas, a ocorrência natural dos microorganismos no


ambiente e sua relação com outros organismos

 Classificação, a relação taxonômica entre os grupos no mundo


microbiano

1.1.2 Microbiologia aplicada


Os principais campos de aplicação da microbiologia incluem aqueles que
focalizam a medicina, alimentos e lacticínios, agricultura, indústria ou ambiente
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A microbiologia fornece melhores soluções, mais económicas para por exemplo


produzir vacinas, ou, processos mais eficazes para o tratamento de esgotos.

 Os microorganismos sintetizam uma grande variedade de substâncias


químicas relativamente simples desde o ácido cítrico a antibióticos mais
complexos e enzimas
 Alguns microorganismos são cultivados em grande quantidade e
enriquecem a ração animal ou são usados como suplemento alimentar
denominado proteína de célula única (SCP). Carbohidratos de algas são
amplamente utilizados em indústrias farmacêuticas e alimentar, utilizadas
em áreas do mundo com fontes inadequadas de alimentos
 Certos microorganismos são capazes de fermentar material orgânica
humano e animal, produzindo gás metano que pode ser colectado e usado
como combustível, (nos países em desenvolvimento, sistemas de geração
de metano são usados em casas individuais para formar calor e luz, em
depuradores de despejos e esgotos, milhares de metros cúbicos de metano
são produzidos diariamente, e grande quantidade desse gás é usada para
aquecer e operar máquinas; os cientistas estão agora analisando as
bactérias que podem converter carvão em metano para ser usado em
máquinas industriais).
 Além da indústria, os microorganismos são utilizados para alterar
ambientes específicos. Por exemplo, a biometalurgia explora as
actividades químicas de bactérias para extrair minerais, como cobre e
ferro de minérios de baixa qualidade, para o solo estão se buscando
microorganismos que podem degradar poluentes específicos, como
10 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

herbicidas e insecticidas, em vez de usar produtos tóxicos para controlar


insectos que danificam safras, os agricultores poderão borrifar (molhar
levemente) as plantas, com microorganismos que infectam e destroem os
insectos. Um outro método que está sendo desenvolvido é a inserção de
genes bacterianos ( por exemplo o Bacillus thuringiensis) no material
genético das plantas. Esses genes bacterianos codificam proteínas que
matam os insectos e são sintetizados por plantas alteradas geneticamente.
Alguns produtos microbianos podem melhorar a capacidade dos
detergentes caseiros em remover manchas. O desenvolvimento da
biologia molecular e da engenharia genética amplia o uso dos
microorganismos para o benefício da sociedade.
 Algumas aplicações mais significativas da microbiologia tem sido na
medicina, para melhor compreender a acção dos microorganismos por
meio da microbiologia provavelmente melhores tratamentos serão
alcançados para doenças actuais, incluindo o SIDA, alguns tipos de
cancros que parecem ser causados por microorganismos.
 A engenharia genética e a microbiologia médica visam juntas á produção
de enzimas bacterianas que que dissolvem coágulos sanguíneos, vacinas
humanas utilizando vírus de insectos e testes laboratoriais rápidos para o
diagnóstico de infecção viral. As vacinas e as drogas em uso actualmente
estão sendo melhoradas por meio da microbiologia. A linha de frente da
pesquisa médica é o uso de vírus para inserir genes de mamíferos em
animais individuais que necessitem destes genes.

A microbiologia fornece os princípios fundamentais utilizados pela


microbiologia aplicada, e que a aplicação destes princípios frequentemente
funciona como estímulo para descoberta de mais informações básicas.
Valorizados pelos seus produtos industriais e temidos por causar doenças e
ignorados por não poderem ser vistos apesar de estarem sempre connosco. É
ainda um mundo por se explorar e como dizia Louis Pasteur “o microorganismo
terá a última palavra (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).”
B0221 11

1.2. O conceito de Microbiologia


Durante muitas décadas os microorganismos têm surgido como parte do eixo
principal das ciências biológicas. Entre as razões para isso está o conceito de
“unidade em bioquímica”, que significa que muitos dos processos bioquímicos
que ocorrem em microorganismos são essencialmente os mesmos em todas as
formas de vida (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Muitos dos processos bioquímicos que ocorrem em microorganismos são


essencialmente os mesmos em todas as formas de vida, inclusive o homem, e a
mais recente descoberta de toda informação genética de todos os organismos, dos
organismos aos seres humanos é codificada pelo ADN. Devido a facilidade em se
realizar experiências com microorganismos, associada a rápida velocidade de
crescimento e de sua variedade de actividades bioquímicas, os microorganismos
tornara-se o modelo experimental de escolha para o estudo da genética, e na
investigação de fenómenos bioquímicos fundamentais (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

Os microorganismos tem sido também fonte de produtos, por ex, o álcool


produzido por meio da fermentação de grãos pode tornar-se uma nova fonte de
combustível. O microorganismos tem sido fonte de processos para o benefício da
sociedade. Por ex, novas variedades de microorganismos produzidos por
engenharia genética podem produzir substâncias medicinais importantes, tais
como insulina, que era exclusivamente extraída do pâncreas de bezzero,
actualmente ela pode ser produzida em quantidades ilimitadas por uma bactéria
geneticamente construída (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os microorganismos ajudam a limpar o ambiente: da decomposição de


componentes de petróleo, em derramamento de óleos, á decomposição de
herbicida e insecticidas usados na agricultura (biorremediação). Variedades
específicas de microorganismos estão em uso e outras estão sendo desenvolvidas
para substituir substâncias químicas actualmente usadas para o controlo de
insectos. A biotecnologia é um novo campo da microbiologia que se dedica a
construção genética dos microorganismos para finalidades especificas. O
desenvolvimento e uso dos microorganismos construídos geneticamente em
ambiente aberto têm criado um grande problema, isso está associado ao facto de o
microorganismo introduzido vir a trazer efeitos adversos sobre o ambiente,
entretanto trata-se de uma questão ainda em aberto (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).
12 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Os objectos de estudo da microbiologia são organismos procariotos
(bactérias, archaes), eucariotos inferiores (algas, protozoários, fungos) e
também os vírus.

A Microbiologia era definida, até recentemente, como a área da ciência


que dedica-se ao estudo dos microrganismos, um vasto e diverso grupo
de organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser
encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos
(cadeias ou massas), sendo que as células, mesmo estando associadas,
exibiriam um carácter fisiológico independente.
B0221 13

Exercícios

1. Como era definida a Microbiologia?

2. Que tipo de organismos são envolvidos no estudo da microbiologia?

Auto-avaliação 3. Qual é a diferença entre microbiologia básica e microbiologia


aplicada?

4. Qual é o nome do processo pelo qual os microorganismos são usados


para consumir a poluição causada pelo derramamento de petróleo,
solventes, pesticidas e outros poluidores tóxicos?
14 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 02

Visão geral

Introdução
Nesta unidade, sobre a visão geral da microbiologia geral e evolução histórica, é
importante rever aspectos abordados na unidade anterior sobre a introdução da
microbiologia.

É importante referir que, a microbiologia, como ciência independente, ela busca


conhecimentos de outras ciências para explicar os processos vitais dos
organismos vivos. Mas contudo, ela tem objecto de estudo bem como objectivos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever a evolução histórica da Microbiologia.

Objectivos  Descrever as etapas mais relevantes na evolução da Microbiologia.

 Conhecer figuras importantes da evolução histórica da Microbiologia.

Abiogénese – abio, sem vida; genesis, origem.

Biogénese – origem de organismos vivos somente a partir de outros


organismos vivos.
Terminologia
B0221 15

2.1 Microbiologia e evolução histórica


Os cientistas deduziram que os microorganismos originaram – se
aproximadamente há 4 bilhões de anos, a partir de um material orgânico
complexo em águas oceânicas, ou possivelmente de nuvens que circundavam
nossa primitiva Terra. Como os primeiros indícios de vida na Terra, os
microorganismos são considerados ancestrais de todas as outras formas de vida
(Pelczar Jr., Chan, & Krieg, 1996).

A Microbiologia é uma ciência jovem apesar dos microrganismos serem


considerados ancestrais de todas as formas da vida. Os microrganismos foram
observados pela primeira vez somente há 300 anos e foram pouco compreendidos
durante muitos anos após a sua descoberta. Existe um período de quase 200 anos
a partir das primeiras observações até o reconhecimento da sua importância
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Em meio há muitas tentativas científicas de se obter novos conhecimentos sobre


microorganismos, algumas podem ser mencionadas por terem contribuído mais
intensamente ao reconhecimento da microbiologia como ciência. A primeira delas
surgiu na Segunda metade do sec XIX quando os cientistas provaram que os
microrganismos originaram – se de pais iguais a eles próprios e não de causas
sobrenaturais ou de plantas e animais em putrefacção. Mais tarde, os cientistas
provaram que os micróbios não são o resultado mas sim a causa dos processos
fermentativos no suco de uva para a produção de vinho. Eles também
descobriram que um tipo específico de micróbio causa uma doença específica
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Durante o inicio do sec. XX foi descoberta grande diversidade bioquímica dos


microrganismos. Os microbiologistas aprenderam que os micróbios são capazes
de realizar uma grande variedade de reacções, aquelas que envolvem a quebra de
substâncias ou a síntese de novos compostos, e o mecanismo pelo qual estas
reacções químicas são produzidas pelos microrganismos é muito semelhante a
aquele que ocorre em formas de vida superiores (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

Os primeiros cientistas que optaram por estudar o mundo invisível de bactérias,


algas, fungos, protozoários e vírus foram motivados no decorrer das suas
descobertas por competição, inspiração e sorte. Houve conceitos errados que
16 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

levaram a verdade e verdades que não foram inicialmente reconhecidas (Pelczar


Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Uma das grandes figuras da Microbiologia foi Antony Van Leeuwenhok (1632-
1723), dono de um armazém, zelador da prefeitura e provador oficial de vinhos
na cidade de delft, na Holanda. Usava as lentes de aumento para inspeccionar
fibras e tecelagens de roupas. Como hobby, polia lentes de vidro e as montava
entre finas placas de prata ou bronze para formar simples microscópios (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Leeuwenhok fez uma descrição detalhada sobre o que viu tornando-se num dos
fundadores. As suas primeiras observações foram feitas em águas dos rios, saliva,
infusões de pimenta, fezes etc. Onde foram observados inúmeros objectos
móveis, e invisíveis a olho nú. Chamou a estes objectos de “animaculos” porque
acreditava que eram pequenos animais vivos. Foi fazendo mais microscópios, e o
mais poderoso aumentava o objecto 200 a 300 vezes (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

As inúmeras cartas de Leeuwenhok sobre as suas descobertas incitaram calorosas


discussões sobre a origem destes animaculos, duas escolas de pensamento
surgiram, uma inclinada a admitir a existência destas estruturas mas considerava
que elas eram resultado da decomposição de plantas e tecidos animais (isto é por
meio da fermentação ou putrefacção). Os defensores desta escola acreditavam
que a vida surgia de objectos inanimados, um processo denominado abiogénese.
Isto basicamente, foi o conceito da geração espontânea (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

A ideia da geração espontânea acreditava que rãs e minhocas surgiam


espontaneamente de um pequeno lago de lama; larvas de insectos e moscas eram
produzidos através da carne em putrefacção (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Outra escola defendia que os animaculos se originaram de pais, como formas de


vida superiores. A esta ideia de que animaculos, já existentes deram origem a
outros foi dado o nome biogénese (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Francesco Redi (1626-1697) demonstrou em 1668 que as larvas encontradas na


carne em putrefacção eram larvas de ovos de insectos, e não um produto da
geração espontânea (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Jonh Needhan (1713-1781) em 1745, cozinhou pedaços de carne para destruir


microrganismos preexistentes e colocou-os em frascos abertos. Eventualmente ele
B0221 17

viu colônias de microrganismos na superfície e conclui que elas surgiram


espontaneamente a partir da carne (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Lazzaro Spallanzani (1729-1799) em 1769, ferveu caldo de carne em um frasco


durante uma hora e então vedou-o. Nenhum microorganismos apareceu no caldo,
assim este resultado contrariou a abiogenese. Mas Needham simplesmente
insistia que o ar era essencial à vida e também para a geração espontânea (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Quase 100 anos depois da primeira experiência de Needham, dois outros


investigadores tentaram resolver a controvérsia da «essencialidade do ar». Em
1836, Franz Schulze (1815-1873) passava o ar através de uma solução de ácido
forte e depois aerava uma infusão de carne previamente fervida em frasco
fechado. No ano seguinte, Theodor Schwann (1810-1882) forçava a passagem
do ar através de tubos aquecidos e então aerava o caldo (Figura 1). Em nenhum
dos casos surgiram os micróbios, porque aqueles que estavam presentes no ar
foram mortos pelo calor ou pelo ácido (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Heinrich Schroder (1818-1885) e Theodor Von Dusch (1824-1890), em 1850


permitiram o contacto de um caldo nutritivo estéril contido num frasco com ar
previamente filtrado com algodão existente no tubo de entrada do frasco, os
microorganismos ficavam retidos no algodão e o ar passava livremente,
fornecendo evidências para os defensores da biogénese (Figura 2) (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

Louis Pasteur (1822-1895) usou frascos longos e curvados que foram


preenchidos com caldo e aquecidos. O ar podia passar livremente através dos
frascos abertos mas nenhum micróbio surgiu na solução. As partículas de poeira e
os microorganismos depositavam-se na região sinuosa em forma de U do tubo,
mas não atingiam o caldo. Pasteur realizou também experiências no alto dos
Pirineus e Alpes onde não existiam poeiras que carregavam os microorganismos
através do ar e ele demonstrou que quanto mais puro for o ar que penetra no
frasco, menor é a possibilidade de ocorrer contaminação (Figura 3) (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

Jonh Tyndall, através da sua caixa livre de poeiras onde o ar entrava contorcido,
a poeira sedimentava-se na região U do tubo, e o caldo na caixa contínua estéril
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
18 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Figura 1. Aparelhos utilizados nas experiências que derrubaram a teoria de geração


espontânea (fonte: Bossolan, 2002)

As experiências de Pasteur e Tyndall promoveram a aceitação geral da teoria da


biogénese. Pasteur, então dedicou seus estudos à utilização dos microorganismos
na produção do vinho e aos microorganismos como causadores de doenças
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Sumário
Os microorganismos originaram – se aproximadamente há 4 bilhões de
anos. A microbiologia é uma ciência jovem apesar de que os
microorganismos foram observados pela primeira vez somente há 300
anos.

Uma das grandes figuras da Microbiologia foi Antony Van Leeuwenhok


que fez as suas primeiras observações em águas dos rios, saliva, infusões
de pimenta, fezes etc.

As experiências de Pasteur e Tyndall promoveram a aceitação geral da


teoria da biogénese
B0221 19

Exercícios

1. Quando é que os primeiros microorganismos surgiram na terra?

2. Descreva as contribuições dos seguintes indivíduos para a


Auto-avaliação microbiologia: Francesco Redi, Jonh Needham e Lazaro Spallanzan.

3. Qual é o cientista que rejeitou a teoria da geração espontânea? Como


ele fez isto?
20 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 03

Microorganismos

Introdução
Caro estudante, os microrganismos são estruturas vivas. Sendo assim, eles estão
dotados de características morfo-fisiológicas que os distinguem primeiro de
outras formas de vida e segundo que os distingue entre eles.

Portanto, nesta unidade, como em tantas outras, está convidado para participar
nesta discussão de uma forma activa, usando o pré-conhecimento dos anteriores
níveis, sobre tudo que sabe relacionado com essas formas de vida.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterízar os Microrganismos.

 Descrever os Microrganismos.
Objectivos
 Diferenciar os Microrganismos.

 Conhecer a importância dos microorganismos.

Procarióticos – células em que a substância nuclear não é envolvida por


uma membrana.

Eucarióticos – células que possuem núcleo definitivo ou verdadeiro.


Terminologia Hibridização – processo de produção de híbridos, isto é, produto de
estirpes geneticamente diferentes.
B0221 21

3.1 Características dos microorganismos


Uma população microbiana, sob condições naturais contém muitas espécies
diferentes, não somente espécies de bactérias, mas também espécies de leveduras,
bolores, algas e protozoários. Talvez também possam existir milhares de vírus
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

3.1.1 Caracteristicas morfológicos dos microorganismos


procariotas
As bactérias são microorganismos procariotas. A maioria delas é unicelular e
apresenta uma forma simples, esta simplicidade é evidente se observarmos forma,
tamanho e arranjo das células bacterianas com um microscópio comum.
Entretanto se utilizarmos um microscópio electrónico para examinar mais
intimamente as partes internas e externas de uma célula bacteriana,
encontraremos uma complexidade de estruturas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

3.1.2 Características morfológicas dos microorganismos


eucarióticos
Todos os organismos procarióticos são microorganismos, ainda que somente um
pequeno grupo de organismos eucarióticos inclua microorganismos. Estes grupos
são as algas, fungos e protozoários e incluem uma grande diversidade de
microorganismos (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Contudo entre eles estão presente espécies muito grandes para serem
consideradas microscópicas. Ex: os cogumelos que são os fungos. Entretanto
estes são relacionados aos eucariotas microscópicos e são normalmente incluídos
no estudo da microbiologia. Outros eucariotas são células diminutas simples. As
diferenças morfológicas entre os fungos, os protozoários e as algas são uma
lembrança das diversidades estruturais entre os microorganismos (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

As leveduras e os bolores são fungos, mas eles diferem na sua morfologia: as


leveduras são unicelulares e geralmente maiores que as bactérias, ovais por vezes
alongadas ou esféricas. As leveduras não têm flagelos nem outros meios de
locomoção. Os bolores são organismos pluricelulares que aparecem como
filamentos (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
22 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

As algas apresentam variedade de tamanho e formas. As espécies variam de


células microscópicas unicelulares, a organismos com vários metros de
comprimento. As espécies unicelulares podem ser esféricas em forma de
bastonete ou fusiformes, algumas delas são simples agregados de células
individuais, enquanto outras contem tipos celulares diferentes com funções
especializadas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Protozoários, alguns são ovais ou esféricos, outros alongados. Outros ainda são
polimorficos, morfologicamente distintos em diferentes estágios do ciclo de vida
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

3.1.3 Ultra-estrutura dos microorganismos Eucarióticos


As células eucarióticas são geralmente maiores e estruturalmente mais complexas
do que as células procarióticas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A característica predominante das células eucarióticas é o núcleo com


cromossomas lineares envolvida por uma membrana que não é encontrada em
procariotas. Para além do núcleo a estrutura dos fungos, algas protozoários, pode
incluir apêndices, parede celular, membranas e varias estruturas internas (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

3.2 Importância dos microorganismos


Como base nestas caracteristicas foi possivel que Joshua e Esther Lederberg
pudessem realizar em 1951, uma experiência, demonstrando que adaptações
evolutivas surgem melhor da preadaptação do que da mutação dirigida. Para isto,
eles inventaram a replicação em placa, que permitiu que eles transferissem
numerosas colônias de bactérias para locais específicos de uma placa de petri
preenchida com Ágar-ágar para regiões análogas em diversas outras placas de
petri. Após a replicação de uma placa com E. coli, eles expuseram cada uma das
placas a fagos. Eles observaram que colônias resistentes aos fagos estavam
presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os
traços de resistência aos fagos existiam na colonia original, que nunca havia sido
exposta aos fagos, ao invés de surgirem após as bactérias terem sido expostas aos
vírus.

Portanto, a extensiva caracterização dos micróbios tem nos permitido o uso deles
como ferramentas em outras linhas da biologia:
B0221 23

 Bactérias (especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para


reduplicar DNA na forma de um (plasmídeo). Este DNA é
frequentemente modificado quimicamente in vitro e então inserido
em bactérias para selecionar traços desejados e isolar o produto
desejado de derivados da reação. Após o crescimento da bactéria e
deste modo a replicação do DNA, o DNA pode ser adicionalmente
modificado e inserido em outros organismos.

 Bactérias podem também ser usadas para a produção de grandes


quantidades de proteínas usando genes codificados em um plasmídeo.

 Genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como


genes repórteres.

 O sistema de hibridação em levedura combina genes de bactérias com


genes de outros organismos já estudados e os insere em uma célula de
levedura para estudar interações protéicas em um ambiente celular.

Sumário
Os microorganismos procarióticos são unicelulares na sua maioria e
apresenta uma forma simples que é evidente se observarmos forma,
tamanho e arranjo das células quando observados ao microscópio
comum.

As células eucarióticas são geralmente maiores e estruturalmente mais


complexas do que as células procarióticas. A característica predominante
das células eucarióticas é o núcleo com cromossomas lineares envolvidos
por uma membrana que não é encontrada em procarióticos.

Portanto, a extensiva caracterização dos micróbios tem nos permitido o


uso deles como ferramentas em outras linhas da biologia: bactérias
(especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para reduplicar DNA
na forma de um (plasmídeo). Este DNA é frequentemente modificado
quimicamente in vitro e então inserido em bactérias para selecionar traços
desejados e isolar o produto desejado de derivados da reação. Após o
crescimento da bactéria e deste modo a replicação do DNA, o DNA pode
ser adicionalmente modificado e inserido em outros organismos;
24 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

bactérias podem também ser usadas para a produção de grandes


quantidades de proteínas usando genes codificados em um plasmídeo;
genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como genes
repórteres e o sistema de hibridação em levedura combina genes de
bactérias com genes de outros organismos já estudados e os insere em
uma célula de levedura para estudar interações protéicas em um ambiente
celular.

Exercícios

1. Como podemos diferenciar os seres eucariontes e procariontes?

2. Fale dos trabalhos de Joshua e Esther Lederberg?


Auto-avaliação
3. Fale de forma resumida da importância dos microorganismos.
B0221 25

Unidade 04

Classificação

Introdução
Nesta unidade, o prezado estudante, através desta discussão pretendemos que
tenha em conta, a classificação de microorganismos para evitar a distribuição
arbitrária dos grupos intermediários.

Nesta abordagem, tivemos o dever de trazer alguns elementos históricos que se


tornaram relevantes, na classificação dos microorganismos. Portanto mais uma
vez, caro estudante está convidado para uma discussão activa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a classificação de microorganismos em relação aos outros


seres vivos.

Objectivos  Descrever o conceito dos cinco reinos.

 Explicar o contributo de alguns cientistas na classificação dos


microorganismos.

Classificação – o arranjo sistemático de unidades (por exemplo,


organismo) em grupos e frequentemente arranjados posteriormente em
grupos maiores.

Terminologia
26 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

4.1 Classificação de microorganismos em relação aos outros seres


vivos
Há cerca de 10 milhões de espécies de organismos vivos no mundo, incluindo
milhares de espécies microbianas. A necessidade de organizar esta quantidade e
variedade de organismos é característica da mente humana (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

Durante a metade do século XVIII, todos os organismos vivos foram distribuídos


por Carolus Linnaeus em dois reinos, Plantae ou Animalia. Embora os trabalhos
pioneiros de Linnaeus sejam contribuições científicas importantes, estes e outros
sistemas de classificação iniciais apresentavam falhas ou esquemas errados,
porque eram baseados em informações imprecisas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

Actualmente, os sistemas de classificação, particularmente aqueles para


microorganismos, estão evoluindo ainda, pois os pesquisadores estão descobrindo
mais informações sobre as características físicas e químicas dos organismos
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

4.2 Conceito da classificação dos cinco reinos


Segundo Pelczar Jr, Chan, & Krieg (1996), a maneira pela qual os organismos
obtêm nutrientes de sua alimentação é a base do sistema de cinco reinos de
classificação proposto em 1969 por Robert H. Whittaker. Ele ampliou o sistema
de classificação de Haeckel e sugeriu três níveis de organização celular para
acomodar os três modos principais de nutrição:

1. Fotossíntese, o processo pelo qual a luz fornece energia para converter o


dióxido de carbono em água e açucares,

2. Absorção, a captação de nutrientes químicos dissolvidos em água,

3. Ingestão, entrada de partículas de alimentos não dissolvidos.

Neste esquema de classificação (Figura 1), os procariotas constituem o reino


Monera, que até recentemente foi considerado como o reino mais primitivo e
acreditava-se que era o ancestral dos eucariotas. Os procariotas normalmente
obtêm nutrientes somente por absorção, e não podem ingerir alimentos ou realizar
fotossíntese (como as plantas). O reino Protista inclui os microorganismos
eucariotas unicelulares, que representam todos os três tipos nutricionais: as algas
B0221 27

são fotossintéticas, os protozoários podem ingerir seu alimento e os fungos


limosos (os fungos inferiores) somente absorvem os nutrientes. Os organismos
eucarióticos superiores são colocados no reino Plantae (plantas verdes
fotossintéticas e algas superiores), Animalia (animais que ingerem os alimentos)
e Fungi, organismos que tem parede celular mas não apresentam o pigmento
fotossintético clorofila encontrado em outras plantas, portanto eles absorvem os
nutrientes (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Assim, os microorganismos foram colocados em três dos cinco reinos: Monera


(bactéria), Protista (protozoários e algas microscópicas) e Fungi (os fungos
microscópicos: leveduras e bolores). O sitema de Whittaker coloca todas as
bactérias no reino Monera e sugere um ancestral comum para todos os membros
deste reino (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 2. Classificação dos seres vivos de acordo com Whittaker (1969)

Sumário
O sistema de classificação inicias agrupavam todas as espécies vivas no
reino animal ou vegetal. Mais tarde tornou – se evidente que os
microorganismos não se ajustam neste esquema.

Haeckel, sugeriu que eles deviam ser colocados em um terceiro reino, o


Protista. Entretanto, estudos mais recentes revelam diferenças
fundamentais entre vários microorganismos.

Whittaker agrupou aqueles que eram procariotas no reino Monera e os


eucariotas ficaram distribuídos no reino Protista ou Fungi.
28 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1. Quais os dois reinos em que Linnaeus classificava os organismos?


2. Quais os três reinos em que Haeckel classificava os organismos? Qual
continha os microorganismos?
Auto-avaliação 3. Qual a diferença entre microorganismos eucariotas e procariotas? E
qual reino Whittaker colocou os microorganismos procariotas?
4. Quais são as características essenciais do sistema de classificação dos
cinco reinos de Whittaker? Cite – os.
B0221 29

Unidade 05

Distribuição na natureza

Introdução
Caro estudante, os microrganismos são estruturas vivas. Sendo assim, eles estão
dotados de características morfo-fisiológicas que os permite a sua distribuição em
diferentes habitat.

Portanto, nesta unidade, com em tantas outras, está convidado para participar
nesta discussão de uma forma activa, usando o pré-conhecimento dos anteriores
níveis, sobre tudo que sabe relacionado com essas formas de vida.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever a distribuição de microorganismos na natureza.

 Diferenciar os Microrganismos.
Objectivos
 Explicar as relações entre os Microrganismo.

Patogénicos – organismo capaz de produzir doença.

Terminologia
30 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

5.1 Distribuição de microorganismos na natureza


Os microorganismos são encontrados praticamente em todos os ambientes, desde
o solo e as massas de água (mares, rios), ar, até as superfícies internas e externas
de humanos e outros animais, bem como de plantas. Aparecem em maior
abundância onde encontram condições favoráveis, como substâncias nutritivas,
humidade e temperaturas adequada ao seu desenvolvimento (Monteiro, Cogo, &
Filho, 2009).

As condições que favorecem a sobrevivência e o crescimento de muitos


microrganismos são as que, normalmente, envolvem o homem, pelo que é
inevitável que vivamos entre uma multidão deles; encontra-se no ar que
respiramos, no alimento que ingerimos, na superfície do nosso corpo, na boca,
nariz e outras cavidades do corpo, no aparelho digestivo (Moreira & Mendes,
1998).

Os microorganismos, que são favorecidos pelas mesmas condições que a


população humana, podem produzirem modificações devido ao seu metabolismo,
o que os torna patogénico para o homem. Felizmente a maioria é inócua e habita a
superfície do nosso corpo, tracto digestivo, boca, nariz e outras cavidades
naturais. Dispomos de meios para resistir à invasão daqueles potencialmente
patogénicos (Monteiro, Cogo, & Filho, 2009).

Sumário
Os microrganismos são encontrados em quase toda a natureza: solo, superfície,
altas camadas atmosféricas, rios, lagos, profundezas oceânicas e montanhas
elevadas. São mais abundantes quando encontram matéria orgânica, umidade e
temperatura favoráveis para sua multiplicação. As condições que favorecem a
sobrevivência e o crescimento de muitos microrganismos são as que,
normalmente, envolvem o homem, pelo que é inevitável que vivamos entre uma
multidão deles; encontra-se no ar que respiramos, no alimento que ingerimos, na
superfície do nosso corpo, na boca, nariz e outras cavidades do corpo, no aparelho
digestivo. No geral entretanto a maior parte deles é a inócua ao homem, ao passo
que ele dispõe de meios para resistir à invasão dos que podem ser prejudiciais.
B0221 31

Exercícios

1. Em que ambientes são encontrados os microorganismos?

2. Quais são as condições que os microorganismo necessitam para


Auto-avaliação aparecerem em maior abundância?
32 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 06

Bactérias

Introdução
Caro estudante, seja bem vindo a unidade, sobre as bactérias. As bactérias
desempenham diversas funções que podem ser benéficas ou prejudiciais para o
homem como par o meio ambiente.

No entanto, nesta unidade iremos estudar a importância das bactérias na indústria,


meio ambiente e no ramo de medicina.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância das bactérias.

 Conhecer a importância das bactérias na indústria, meio ambiente e no


Objectivos ramo da medicina.

 Explicar como a biotecnologia poderá mudar a vida do homem.

Simbiontes – vida conjunta de dois ou mais seres; associação microbiana.

Nucleotídeo – unidade estrutural básica dos ácidos nucleicos (DNA e


RNA); constituídos por base purínica ou pirimidíca, ribose ou desoribose
e fosfato.
Terminologia
B0221 33

6.1. Importância das bactérias na indústria, meio ambiente e no ramo da


medicina
Os vários tipos de bactérias podem ser prejudiciais ou úteis para o meio ambiente
e para os seres vivos. Com técnicas da biotecnologia já foram desenvolvidas
bactérias capazes de produzir drogas terapêuticas, como a insulina (Wikipédia
org, 2011).

6.1.1 Na indústria de alimentos


Existem várias espécies de bactérias usadas na preparação de comidas ou bebidas
fermentadas, incluindo as lácticas para queijos, iogurte, vinho, salsicha, frias,
pickles, chucrute (sauerkraut em alemão), azeitona, molho de soja, leite
fermentado e as acéticas utilizadas para produzir vinagres (Wikipédia org, 2011).

6.1.2 Na indústria farmacêutica: produção de hormônio


Em 1977, obteve se pela primeira vez a síntese de uma proteína humana por uma
bactéria transformada. Um segmento de DNA com 60 pares de nucleotídeos,
contendo o código para síntese de somatostatina (um hormônio composto de 14
aminoácidos) foi ligado a um plasmídio e introduzido em uma bactéria, a partir
da qual foram obtidos clones capazes de produzir somatostatina (Wikipédia org,
2011).

A insulina foi a primeira proteína humana produzida por engenharia genética em


células de bactérias e aprovada para uso em pessoas. Até então, a fonte desse
hormônio para tratamento de diabéticos eram os pâncreas de bois e porcos,
obtidos em matadouros. Apesar de a insulina desses animais ser muito
semelhante à humana, ela causa problemas alérgicos em algumas pessoas
diabéticas que utilizavam o medicamento. A insulina produzida em bactérias
transformadas, por outro lado, é idêntica à do pâncreas humano e não causa
alergia, devendo substituir definitivamente a insulina animal (Wikipédia org,
2011).

O hormônio do crescimento, a somatotrofina, foi produzido pela primeira vez em


bactérias em 1979, mas a versão comercial só foi libertada em 1985, após ter sido
submetida a inúmeros testes que mostraram sua eficácia. O hormônio de
crescimento é produzido pela hipófise, na sua ausência ou em quantidades muito
baixa, a criança não se desenvolve adequadamente. Até pouco tempo atrás, a
única opção para crianças que nasciam com deficiência hipofisária somatotrofina
34 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

era tratamento com hormônio extraído de cadáveres. Agora esse hormônio é


produzido por técnicas de engenharia genética (Wikipédia org, 2011).

6.1.3 Na ecologia
No solo existem muitos microorganismos que trabalham na transformação dos
compostos de nitrogénio em formas que possam ser utilizadas pelas plantas e
muitos são bactérias que vivem na rizosfera (a zona que inclui a superfície da raiz
e o solo que a ela adere). Algumas destas bactérias – as nitrobactérias - podem
usar o nitrogénio do ar e convertê-lo em compostos úteis para as plantas, um
processo denominado fixação do nitrogénio. A capacidade das bactérias para
degradar uma grande variedade de compostos orgânicos é muito importante e
existem grupos especializados de microorganismos que trabalham na
mineralização de classes específicas de compostos como, por exemplo, a
decomposição da celulose, que é um dos mais abundantes constituintes das
plantas. Nas plantas, as bactérias podem também causar doenças (Wikipédia org,
2011).

As bactérias decompositoras actuam na decomposição do lixo, sendo essenciais


para tal tarefa. Também podem ser utilizadas para biorremediação actuando na
biodegradação de lixos tóxicos, incluindo derrames de hidrocarbonetos
(Wikipédia org, 2011).

6.1.4 Na saúde humana


O papel das bactérias na saúde como agentes infecciosos, é bem conhecido: o
tétano, a febre tifóide, a pneumonia, a sífilis, a cólera e tuberculose são apenas
alguns exemplos. O modo de infecção inclui o contacto directo com material
infectado, pelo ar, comida, água e por insectos. A maior parte das infecções pode
ser tratada com antibióticos e as medidas anti-sépticas podem evitar muitas
infecções bacterianas, por exemplo, fervendo a água antes de tomar, lavar
alimentos frescos ou passar álcool numa ferida. A esterilização dos instrumentos
cirúrgicos ou dentários é feita para os livrar de qualquer agente patogénico
(Wikipédia org, 2011).

No entanto, muitas bactérias são simbiontes do organismo humano e de outros


animais como, por exemplo, as que vivem no intestino ajudando na digestão e
evitando a proliferação de micróbios patogénicos (Wikipédia org, 2011).
B0221 35

Sumário
Como já tínhamos dito, as bactérias desempenham diversas funções que
podem ser benéficas ou prejudicais. Existem muitos campos de aplicação
das bactérias. Portanto, com relação à aplicação das bactérias estas tem
importâncias em diversas áreas que podem ser: indústria, está envolvida
na preparação de comidas ou bebidas fermentadas, incluindo as lácticas
para queijos, iogurte, vinho, salsicha, frias, pickles, chucrute (sauerkraut
em alemão), azeitona, molho de soja, leite fermentado e as acéticas
utilizadas para produzir vinagres; meio ambiente: as bactérias
desempenham papel importante na decomposição de matéria orgânica e a
reciclagem dos elementos químicos da natureza (ciclos biogeoquímicos)
e no ramo da medicina: como agentes infecciosos, é bem conhecido: o
tétano, a febre tifóide, a pneumonia, a sífilis, a cólera e tuberculose são
apenas alguns exemplos.

Exercícios

1. Quais são as áreas de importância das bactérias que tu conheces?


2. Quais são as vantagens da produção da insulina produzida por
bactérias?
Auto-avaliação 3. Dê 2 exemplos de bactéria para cada área de aplicação delas.
36 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 07

Bactérias

Introdução
Prezado estudante, não basta apenas saber que a Microbiologia estuda
microorganismos, mas é importante também, fazer referência da estrutura
morfológica e distribuição em diferentes habitas das bactérias.

No entanto, nesta unidade iremos reservar a discussão para as bactérias que


constituem um dos microorganismos estudados pelos microbiologistas

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a estrutura morfológica das bactérias.

 Reconhecer a forma, tamanho e arranjo das células bacterianas.


Objectivos
 Comparar a morfologia das diversas bactérias.

 Descrever a estrutura e a função do flagelo bacteriano.

 Explicar o que é glicocálice e qual a sua função em célula bacteriana.

 Explicar a distribuição das bactérias em diferentes habitas.

Peptideoglicano – polímero grande que compõe a estrutura rígida da


parede celular das eubactérias.

Flagelina – moléculas de proteínas que constituem a extremidade distal


Terminologia
do flagelo.
B0221 37

7.1 Estrutura morfológica


7.1.1 Forma e tamanho
As bactérias são extremamente variáveis quanto ao tamanho e formas que
apresentam. Em tamanho as bactérias variam desde de 0,2 a 5 µm, as menores
bactérias (Mycoplasma) exibem tamanho aproximadamente equivalente aos
maiores vírus (poxvírus) e correspondem aos menores organismos capazes de
existir fora de um hospedeiro. As bactérias bacilares mais longas exibem tamanho
similar ao de algumas leveduras e hemácias humanas (7 µm) (Levinson, 2010).

Em relação às formas, a maioria das bactérias estudadas seguem um padrão


menos variável, embora existam vários tipos morfológicos distintos. De maneira
geral, as bactérias são classificadas em três grupos básicos, de acordo com a
forma: cocos, bacilos e espiroquetas (Levinson, 2010).

Os cocos correspondem a células esféricas, podem se dividir sem um plano de


orientação definido, o que leva a um grande número de arranjos diferentes. Assim
temos os cocos isolados, cocos organizados em pares (diplococos, ex.:Neisseria e
pneumococos), grupo de quatro em forma de quadrado (tetracocos, ex:
Pediococcus), cubos contendo 8 células (sarcina), cocos em cadeia
(estreptococos, ex.: Streptococus) e em agrupamentos semelhantes a um cacho
de uvas (estafilococos, ex.: Staphylococcus) (Levinson, 2010).
38 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Figura 3: Arranjos característicos dos cocos, com ilustrações esquemáticas dos padrões
de multiplicação. [A] Diplococos: as células se dividem em um plano e permanecem
acopladas predominantemente em pares (escaneamento por micrografia eletrônica de
varredura). [B] Estreptococus: as células se dividem em um plano e permanecem
acopladas para formar cadeias (micrografia eletrônica de varredura). [C] Tetracocos: as
células se dividem em dois planos e caracteristicamente formam grupos de quatro células.
As espécimes mostradas são Gaffkyatetragena. [D] Estafilococos: as células se dividem
em três planos, em um padrão irregular, formando cachos de cocos. As espécimes
mostradas são Staphylococcus aureus. [E] Sarcinas: as células se dividem em três planos,
em um padrão regular, formando um arranjo cúbico de células (fonte: Pelczar Jr, Chan,
& Krieg, 1996).

Os bacilos têm forma de bastonetes, podendo apresentar extremidades rectas


(Bacillus anthracis), arredondadas (Salmonella, E. coli), ou ainda afiadas
(Fusobacterium). Como seu plano de divisão é fixo, ocorrendo sempre no menor
eixo, os bacilos exibem uma menor variedade de arranjos, sendo via de regra
encontrados isolados, como diplobacilos ou ainda estreptobacilos. Há ainda um
arranjo, denominado “em paliçada”, também denominado letras chinesas, que é
típico do género Corynebacterium. Os bacilos podem ainda apresentar-se como
pequenas vírgulas (Vibrio cholerae) ou em forma de meia lua (Selenomonas).
B0221 39

As bactérias espiraladas ou helicoidais assemelham – se a saca de rolhas e são


chamadas espirilos. Geralmente os espirilados são microorganismos bastante
afiados, de difícil observação por microscopia de campo claro, sendo muitas
vezes analisados por meio da microscopia de campo escuro, ou de técnicas de
coloração empregando a impregnação por sais de prata (Levinson, 2010).

Figura 4: Bactérias tipicamente cilíndricas (bacilos). Observar as variações


decomprimento e de largura. (A) Clostridium sporogenes; (B) Pseudomonas sp; (C)
Bacillus megaterium; (D) Salmonella typhi(fonte: Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Algumas bactérias variam quanto à forma, sendo referidas como pleomórficas


(com muitas formas). A forma de uma bactéria é determinada por sua parede
celular rígida. O aspecto microscópico de uma bactéria corresponde a um dos
critérios mais importantes utilizados em sua identificação (Levinson, 2010).

7.1.2 Estrutura
A estrutura de uma bactéria típica esta ilustrada na Figura 5.

Figura 5: Principais estruturas celulares que ocorrem em células bacterianas. Certas


estruturas,como por exemplo, grânulos ou inclusões, não são comuns a todas as células
bacterianas (fonte: Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
40 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

1. Parede celular

A parede celular é o componente mais externo, sendo comum a todas as bactérias


(excepto espécies de Mycoplasma, envoltas por uma membrana celular e não por
uma parede celular). Algumas bactérias exibem propriedades superficiais
externas à parede celular, como uma cápsula, flagelos e pili, que correspondem a
componentes menos comuns (Levinson, 2010).

A parede celular é uma estrutura em multicamadas situada externamente à


membrana citoplasmática. É composta por uma camada interna de
peptideoglicano e uma membrana externa que varia quanto à espessura e à
composição química, dependendo do tipo de bactéria. O peptideoglicano confere
sustentação estrutural e mantém a forma característica da célula (Levinson,
2010).

2. Membrana citoplasmática

Internamente adjacente à camada de peptideoglicano da parede celular localiza-se


a membrana citoplasmática, composta por uma bicamada fosfolipídica similar à
aquela de células eucarióticas quanto ao aspecto microscópico (Levinson, 2010).

A membrana desempenha quatro funções importantes:

 transporte activo de moléculas para o interior da célula,

 geração de energia pela fosforilação oxidativa,

 síntese de precursores da parede celular,

 secreção de enzimas e toxinas.

3. Mesossoma

Esta invaginação da membrana citoplasmática é importante durante a divisão


celular, quando actua como a origem do septo transverso que divide a célula pela
metade, e como sítio de ligação do DNA que se tornará o material genético de
cada célula-filha (Levinson, 2010).

4. Citoplasma

O citoplasma exibe duas áreas distintas quando observado ao microscópio


electrónico:
B0221 41

 1.Uma matriz amorfa que contém ribossomas, grânulos de nutrientes,


metabólitos e plasmídeos;

 2. Uma região nucleoide interna composta por DNA.

Estruturas especializadas externas à parede celular

5. Cápsula

A cápsula é uma camada gelatinosa que reveste toda a bactéria. É composta por
polissacarídeos, excepto no bacilo do antraz, que possui uma cápsula de ácido D-
glutâmico polimerizado (Levinson, 2010).

6. Flagelos

Os flagelos são apêndices longos, semelhantes a um chicote, que deslocam as


bactérias em direcção aos nutrientes e outros factores atractivos, processo
denominado quimiotaxia. O longo filamento que actua como um propulsor é
composto por várias subunidades de uma única proteína, a flagelina, organizadas
em diversas cadeias entrelaçadas (Levinson, 2010).

6. Pili

O pili são filamentos semelhantes a pelos, que se estendem a partir da superfície


celular. São mais curtos e lineares que os flagelos, sendo compostos por
subunidades de uma proteína, a pilina, organizadas em fitas helicoidais
(Levinson, 2010).

7. Glicocálice

O glicocálice consiste em um revestimento polissacarídico secretado por muitas


bactérias. Ele reveste as superfícies como um filme e possibilita a firme
aderência das bactérias a estruturas variadas e também medeia a adesão de certas
bactérias à superfície dos dentes (Levinson, 2010).

8. Esporos

Estas estruturas altamente resistentes são formadas em resposta às condições


adversas por dois géneros de bacilos Gram-positivos de importância médica: o
género Bacillus, que inclui o agente do antraz, o género Clostridium, que inclui
os agentes do tétano e botulismo (Levinson, 2010).
42 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

7.2 Distribuição em diferentes habitats


As bactérias são encontradas em quase toda a natureza: solo, superfície, altas
camadas atmosféricas, rios, lagos, profundezas oceânicas e montanhas elevadas.
São mais abundantes quando encontram matéria orgânica, humidade e
temperatura favoráveis para sua multiplicação. As condições que favorecem a
sobrevivência e o crescimento de muitos microrganismos são as que,
normalmente, envolvem o homem, pelo que é inevitável que vivamos entre uma
multidão deles; encontra-se no ar que respiramos, no alimento que ingerimos, na
superfície do nosso corpo, na boca, nariz e outras cavidades do corpo, no
aparelho digestivo. No geral entretanto a maior parte deles é a inócua ao homem,
ao passo que ele dispõe de meios para resistir à invasão dos que podem ser
prejudiciais (Wikipédia org, 2011).

Na natureza, as bactérias vivem em uma enorme variedade de nichos ecológicos e


mostram uma riqueza correspondente na sua composição bioquímica básica
(Wikipédia org, 2011).

Segundo Wikipédia org (2011), dois grupos de bactérias distantemente


relacionados são reconhecidos:

 As eubactérias, que são os tipos comuns encontrados na água, solo e


organismos vivos maiores.

 As arquibactérias, que são encontradas em ambientes realmente inóspitos,


como os pântanos, fontes termais, fundo do oceano, salinas, vulcões,
fonte ácidas, etc.

Sumário
As bactérias são células pequenas cujo seu tamanho varia de 0,2 a 5 µm.
Existem três tipos básicos de bactérias: esféricas, cilíndricas e helicoidais.
Outras formas são menos comuns, mas também ocorrem. Certos arranjos
de células, tais como pares ou cadeias, são características de diferentes
espécies bacterianas.
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As bactérias apresentam os flagelos para a locomoção, o glicocálice para


ajudar a aderir às superfícies e a parede celular que dá à forma à célula e
a protege de forças tais como a pressão osmótica.

Exercícios

1. Qual é o tamanho médio das bactérias?

2. Quais são as três formas básicas das células bacterianas?

Auto-avaliação 3. Qual é o significado do pleomorfismo em bactérias?

4. Qual é a definição de glicocálice? Quais são as suas funções?

5. Quais são os dois grupos distintos de bactérias? Diferencie os.


44 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 08

Bactérias

Introdução
Caro estudante, as bactérias como já discutimos, são estruturas vivas não visíveis
a olho nú. É importante salientar que este grupo de seres vivos, embora seja
importante sob ponto de vista económico e é também uma fonte de doenças é
necessário classificar e conhecer a nutrição e a reprodução.

Portanto, nesta unidade, está convidado para uma discussão sobre o assunto

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a classificação das bactérias.


 Caracterizar as bactérias quanto a diversidade nutricional.
 Descrever a reprodução nas bactérias.
Objectivos

Homólogo – igual, com respeito a tipo ou espécie.

Sonda de DNA – pedaço de DNA de fita dupla marcado de alguma forma


(por exemplo, por meio de radioisótopo), que é utilizado para detectar a
presença de uma sequência de DNA complementar, que se liga
Terminologia
especificamente.

Anticorpo – classe de substâncias (proteínas) produzida por um animal


em resposta à introdução de um antígeno.
B0221 45

8.1. Classificação
O progresso do conhecimento sobre as propriedades das bactérias, dos fungos,
dos protozoários e das algas exigiu a revisão da simples divisão dos seres vivos
em dois reinos: plantas e animais. Uma classificação tem dois super-reinos: os
procariotos (bactérias e algas azul - esverdeadas) e os eucariotos (Spicer, 2002).

Segundo Spicer (2002), as bactérias são fundamentalmente diferentes de todos os


outros seres vivos por serem procariotos; sendo assim, apresentam diferenças
como:

 DNA de dupla fita e circular, sem membrana nuclear


 presença de pequenos ribossomas livres no citoplasma; não há retículo
endoplasmático
 ausência de mitocôndrias ou outras organelas envoltas por membranas
 presença de membrana celular complexa formada por peptidoglicana e
proteína (ausente em Mycoplasma).

As bactérias são classificadas por vários critérios:

 Forma
 Coloração
 Capacidade de crescer com ou sem oxigénio
 Dimensão
 Característica de crescimento
 Conteúdo e homologia de DNA (conteúdo de G+C)

A coloração de Gram é o procedimento de coloração mais importante na


microbiologia médica. Os microorganismos Gram-positivos retêm a coloração
púrpura do cristal violeta após fixação com iodo e a lavagem com álcool,
enquanto os microorganismos Gram-negativos perdem esta coloração com o
álcool e precisam ser contra corados com um corante róseo. Corantes especias são
necessários para os microorganismos com paredes celulares incomuns, p. ex.,
coloração álcool-acidorresistente para micobactérias (Spicer, 2002).

Embora a coloração e as características de crescimento tenham sido a base do


diagnóstico microbiológico, a disponibilidade de técnicas como a amplificação de
DNA e as sondas de DNA e anticorpos monoclonais e policlonais têm aumentado
46 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

muito a rapidez, a amplitude e a sensibilidade dos exames diagnósticos (Spicer,


2002).

8.2. Nutrição bacteriana


As bactérias têm os mesmos requerimentos nutricionais básicos de todas as
formas de vida que incluem primariamente fontes de energia e compostos
orgânicos e inorgânicos (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

As bactérias são encontradas em grande número em quase todos os ambientes do


planeta onde haja disponibilidade de água. As bactérias metabolizam desde os
nutrientes mais comumente assimiláveis a todos os seres vivos como açucares,
proteínas, gorduras, celulose até menos usuais como antibióticos, penas de aves,
petróleo, asfalto, gasolina, plásticos e minerais como ferro, enxofre e manganés
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

8.2.1 Fontes de energia


A fonte primária de energia para a maioria das bactérias é a glicose cuja
degradação fornece energia para a síntese de ATP. O ATP é a fonte de energia
para os processos enzimáticos e, portanto, para as actividades vitais das bactérias
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Enzimas que usam ATP têm sítios activos nos quais o ATP se liga de modo que
sua energia se torna disponível à medida que é necessária. Outros compostos
orgânicos pré-formados como carboidratos (e.g. lactose); aminoácidos e lípidos
podem servir como fonte primária de energia (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A glicose (ou outros compostos orgânicos) é obtida do meio de crescimento, no


caso das bactérias heterotróficas ou é sintetizada pela própria bactéria no caso das
bactérias autotróficas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

8.2.2 Compostos orgânicos e inorgânicos


Carbono: carbohidratos, aminoácidos, lipidios, monóxido de carbono, dióxido de
carbono, metano.

Nitrogênio: nitrogénio atmosférico, amónia, nitratos, nitritos ou compostos


orãnicos nitrogenados como proteínas ou ácidos nucleicos.

Fósforo: fosfatos inorgânicos (PO-4).


B0221 47

Oxigênio: requerido por bactérias aeróbicas estritas.

Minerais: fósforo, enxofre, magnésio, potássio e sódio.

Elementos-traço: cálcio, ferro, zinco, cobalto e outros, requeridos em


quantidades mínimas. Tais elementos são requeridos para actividade enzimática.

Água: as bactérias requerem água em estado líquido para seu crescimento.


Endósporos bacterianos podem permanecer viáveis por longos períodos sem água
livre, mas não crescem e mantêm seu metabolismo em níveis mínimos.

8.2.3 Cofactores enzimáticos


Vitaminas e minerais funcionam como cofactores enzimáticos e são requeridos
em quantidades diminutas. Cofactores são parte dos sítios activos das enzimas e
entram em contacto íntimo com o substrato, recebendo uma parte removida do
substrato ou adicionando-lhe um novo componente. Os cofactores carregam
electrões, protões (H+) e grupos metila (CH3), entre moléculas doadoras e
receptores. Os cofactores metálicos são denominados de elementos-traço (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Muitas bactérias sintetizam todas as moléculas complexas que precisam para seu
crescimento e sobrevivência a partir de compostos básicos como uma fonte de
carbono, uma fonte de fósforo, uma fonte de nitrogénio, uma fonte de de enxofre,
minerais e água. Existem bactérias denominadas de fastidiosas que requerem
moléculas orgânicas pré-formadas como vitaminas, aminoácidos, ácidos
nucleicos e carbohidratos (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Em geral, bactérias patogénicas requerem mais moléculas orgânicas pré-formadas


que as não patogénicas, mas isso não é uma regra. Muitas bactérias utilizam
moléculas orgânicas humanas para seu crescimento (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

Algumas bactérias que são encontradas no leite bovino apresentam baixa taxa de
síntese de suas próprias moléculas orgânicas, mas utilizam moléculas orgânicas
pré-formadas, sintetizadas pelo animal (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

O crescimento de uma população bacteriana é afectado pela disponibilidade de


nutrientes essenciais. A concentração inicial de um dado nutriente pode afectar
tanto a taxa do crescimento como o tamanho final da população. A quantidade de
biomassa que pode ser sintetizada a partir de uma fonte de energia está
48 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

correlacionada à quantidade de energia capturada pelo catabolismo celular. Em


geral, cerca de 10-9 gramas de biomassa são produzidas por mol de ATP gerado
no catabolismo (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

As bactérias obtêm seus nutrientes por absorção de água, iões inorgânicos,


aminoácidos, açúcares simples e moléculas de lipídeos a partir do meio onde se
encontram. As bactérias não apresentam digestão interna e muitas bactérias
produzem e libertam exoenzimas para digerir substâncias complexas como
amido, celulose, polipeptídeos ou ácidos nucleicos, absorvendo as sub-unidades
resultantes da quebra das macromoléculas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

8.2.4 Diversidade nutricional


Do ponto de vista nutricional, as bactérias podem ser divididas em duas grandes
classes fisiológicas dependendo da forma de obtenção de fontes de energia para a
realização de suas actividades vitais: as bactérias heterotróficas e as bactérias
autotróficas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Algumas são autotróficas, isto é produzem os seus próprios compostos orgânicos


a partir de moléculas inorgânicas e de uma fonte de energia. Nenhuma destas
bactérias utiliza água na fotossíntese, como acontece nas plantas. São todas
anaeróbias e a fotossíntese não produz oxigénio molecular (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

As bactérias são metabolicamente muito diferentes:

Os organismos utilizam compostos químicos para obter energia são chamados


quimiotroficos. Aqueles que dependem primariamente da energia radiante (luz)
são denominados fototroficos.

Atendendo a forma de energia utilizada dizem-se:

I- Bactérias autotróficas fotossintentizantes (Fotoautotroficas) – aqueles que


utilizam a luz como fonte de energia e o dióxido de carbono como fonte principal
de carbono. Possuem moléculas de clorofila ( mais ou menos diferente da
clorofila das plantas), e consomem energia luminosa. A cor é variável e está
relacionada com a presença de diversos caratenóides que funcionam na
fotossíntese como pigmentos acessórios.

Algumas destas bactérias utilizam compostos de enxofre como dadores de


electrões. Dizem-se por isso bactérias sulfurosas.
B0221 49

Foi o conhecimento da fotossíntese nestas bactérias que levou Van Niel a propor
para a fotossíntese a equação generalizada.

II – Fotoheterotroficas – aqueles que utilizam a luz como fonte de energia e


compostos orgânicos como fonte principal de carbono.

Outras bactérias fotossintetizantes utilizam álcoois, ácidos gordos e diversas


outras substâncias orgânicas como dadores de electrões para reacção da
fotossíntese e dizem-se por isso bactérias não sulfurosas.

III – Bactérias autotróficas quimiossintetizantes (quimioautotróficos) aqueles


organismos que utilizam substâncias químicas (inorgânicas) como fonte de
energia e o dióxido de carbono como principal fonte de carbono.

Algumas destas bactérias desempenham um papel importante no ciclo do azoto:


umas oxidam a amónia ou amoníaco resultante quer da decomposição de matérias
orgânicas, quer da actividade de procariotas fixadores de azoto, quer de descargas
eléctricas da atmosfera, outras oxidam enxofre produzindo sulfatos, etc.

IV – Quimioheterotróficos - aqueles que utilizam substâncias químicas


(orgânicas) como fontes de energia e os compostos orgânicos como fonte
principal de carbono.

Na sua maioria, porém, as bactérias heterotróficas, algumas destas bactérias são


saprófitas, isto é, obtém a sua nutrição de matéria orgânica morta. Pertencem a
este grupo:

a) Bactérias responsáveis, juntamente com os fungos pela decomposição e


reciclagem dos produtos orgânicos do solo, onde diferentes grupos de bactérias
desempenham papéis específicos, tais como a digestão da celulose, do amido e de
outros polissacarídeos e ainda de proteínas, polipeptideos, etc. A actividade
destas bactérias torna os nutrientes acessíveis as plantas e através das plantas aos
animais.

b) Bactérias utilizadas na produção do queijo, vinagre, etc.

c) Bactérias utilizadas na síntese da maioria dos antibióticos.

Outras bactérias heterotróficas utilizam na sua alimentação produtos orgânicos


que fazem parte de organismos vivos. Pertencem a este grupo:
50 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 Bactérias parasitas produtoras de doenças (bactéria patogénicas)

 Bactérias que vivem em simbiose com outros organismos.

8.3 Reprodução bacteriana


A maioria das bactérias se multiplica pelo processo de reprodução assexuada, um
processo que não envolve células sexuais (gâmetas). Assim novas células surgem
apenas de uma célula parental. Em microorganismos unicelulares, cada célula
divide-se em duas células-filhas idênticas (Figura 6). Na maioria dos procariotos
unicelulares o modo de reprodução assexuada é por fissão binária transversal, na
qual as células filhas se dividem individualmente em duas células filhas de
tamanho aproximadamente igual. Anteriormente á divisão celular os conteúdos
celulares se duplicam e o nucleóide é replicado. A medida que as células
parentais aumentam, a membrana citoplasmática se estende e o material nuclear
se separa. A divisão celular ocorre na zona entre dois nucleóides, á medida que a
membrana próxima ao centro da célula aumentada invagina-se para o centro. Ao
mesmo tempo, um novo material para a parede celular cresce na direcção interna
para formar uma parede cruzada (septo) entre as duas células filhas. As células
filhas podem separar-se completamente, mas em algumas espécies permanecem
acopladas para formar pares característicos arranjos ou cadeias (Pelczar Jr, Chan,
& Krieg, 1996).

Alguns procariotos reproduzem-se assexuadamente por modelos de divisão


celular diferentes daqueles da fissão binária. Algumas bactérias, tais como
Rhodopseudomonas acodophila, reproduzem-se por brotamento, um processo no
qual uma pequena protuberância cresce em uma extremidade da célula. Este
brotamento aumenta, eventualmente torna-se uma nova célula com todos os
constituintes celulares e então separa-se da célula parental. As bactérias que
produzem um crescimento filamentoso, tal como as espécies de Nocardia
reproduzem-se pela fragmentação dos filamentos em células pequenas cocóides
cada uma das quais dá origem a um novo crescimento. As espécies do género
Streptomyces e outros actinomicetos produzem cadeias de esporos externos
(exósporos), chamados Conídeos, desenvolvendo septos nas terminações das
hifas. Cada conídeo pode desenvolver um novo organismo (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).
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Figura 6. Multiplicação bacteriana pela fissão binária transversa (Fonte: Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996)

Sumário
As bactérias são classificadas quanto a forma, coloração, capacidade de
crescer com ou sem oxigénio, dimensão, características de crescimento,
conteúdo e homologia de DNA (conteúdo de G+C).

Quanto a diversidade nutricional as bactérias podem ser: fotoautotróficas,


fotoheterotroficas, quimioautotróficas e quimioheterotróficas.
52 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

O processo de reprodução mais frequente nas bactérias é a assexuada que


pode ser por fissão binária, brotamento e fragmentação.

Exercícios

1. Quais são as diferenças existentes entre as bactérias e os outros seres


vivos?

Auto-avaliação 2. Quais são as duas classes fisiológicas das bactérias do ponto de vista
nutricional?

3. As bactérias são divididas em quatro grupos de acordo com a forma de


energia utilizada. Quais são estes grupos?

4. Qual é o significado para fissão binária transversa?

5. Algumas bactérias reproduzem-se assexuadamente por meio de formas


diferentes da fissão binária transversa? Quais são estes modos
alternativos?
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Unidade 09

Vírus

Introdução
Caro estudante, os fungos constituem um grupo de seres vivos com uma variada
gama de utilidades tanto, para o Homem como para o ambiente. A classificação
dos fungos é baseada, nas suas características, bem como na composição das suas
estruturas de revestimento.

Em alguns casos, também se tem em conta o tipo de reprodução. Portanto, nesta


unidade, está convidado para o assunto.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir um vírus e discutir se é um ser vivo ou não.


 Conhecer as características dos vírus.

 Citar a importância dos vírus.


Objectivos

Bióticos –

Pragas –

Terminologia
54 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

9.1 Características gerais dos vírus


A palavra vírus é de origem latin e significa «veneno». Os vírus não têm
organização complexa das células e são estruturalmente muito simples (Levinson,
2010).

Os vírus estão largamente distribuídos na natureza – há vírus que infectam células


animais ou vegetais e outros que infectam microorganismos. Qualquer que seja o
tipo de célula hospedeira, todos os vírus são parasitas obrigatórios. Isto é, eles
podem reproduzir-se somente no interior de uma célula metabolicamente activa,
utilizando os sistemas de síntese proteica e gerador de energia da célula (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Entretanto, os vírus diferem no seu grau de dependência da célula hospedeira para


a replicação, que consiste na produção de novos vírus no interior da célula
hospedeira. Por exemplo, alguns vírus que infectam bactérias, denominados
bacteriófagos ou fagos, possuem menos de 10 genes e dependem quase
totalmente das funções da célula bacteriana para a sua replicação. Outros
possuem de 30 a 100 genes e são mais independentes da célula hospedeira
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A replicação não é o único processo viral que envolve a célula hospedeira. Os


vírus não possuem maquinaria metabólica própria para gerar energia ou para
sintetizar proteínas e, assim, dependem das células hospedeiras para executar
estais funções vitais. Uma vez dentro da célula, os vírus possuem genes capazes
de controlar os sistemas de produção de energia e síntese de proteínas da célula
hospedeira. Além de sua forma intracelular, os vírus possuem uma forma
extracelular que leva o ácido nucleico viral de uma célula hospedeira a outra. Na
forma infecciosa, os vírus são simplesmente pacotes de genes envolvidos por uma
capa proteica. A capa protege os genes fora da célula hospedeira; serve também
como um veículo para entrar em outra célula hospedeira devido a sua ligação a
receptores presentes na superfície da célula. A estrutura viral completa é
denominada vírion (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Fora da célula hospedeira, na forma extracelular, o vírion é inerte, isto é, não se


replica, nem é metabolicamente activo (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
B0221 55

9.2 Importância dos vírus


Perdas causadas por vírus de plantas são responsáveis, em média, por cerca de 10
a 20% das perdas causadas por factores bióticos (patógenos) nas lavouras no
mundo; no entanto, este é um valor médio, é comum encontrar-se lavouras 100%
destruídas por vírus e em muitas regiões as doenças causadas por vírus
representam a maior ameaça à produção (Medeiros, 2000).

Adicionalmente, a diagnose das viroses é em geral difícil, em comparação com


outros patógenos, e a presença comum de infecções latentes, provavelmente faz-
se com que hajam estimativas subestimadas (Medeiros, 2000).

Tipos de danos causados por vírus:


 redução na produção através da redução no crescimento, incluindo as
infecções assintomáticas.
 aumento na sensibilidade à geadas ou na pré-disposição à outros
patógenos ou pragas.
 defeitos no aspecto visual (forma e cor).
 redução da qualidade (gosto, textura, composição química).
 redução da capacidade regenerativa da planta.
 aumento dos custos de produção.

Alguns exemplos de grandes perdas reportadas na literatura:


 100% de perda no arroz causada pelo rice tungro (Indonésia, 1969-1971).
 50-90% no alface e até 100% no tomate causadas pelo TSWV (Havaí).
 80% no algodão causada pelo cotton leaf crumple virus (Arizona, EUA).
 70% na mandioca causada pelo African cassava virus (Africa).
 60% no trigo causada pelo barley yellow dwarf (Nova Zelândia e Chile).
 Até 100% em tomate causados por geminivírus (Caribe e América
Central).
 Até 100% em diversas culturas, como tomate e feijão, causados por
tospovírus e geminivírus (Brasil) (Medeiros, 2000).

Além dos danos directos sobre a produção, as tentativas sem sucesso de controlo
dos vectores usando insecticidas tem causado o acúmulo de produtos nocivos à
saúde humana na natureza (Medeiros, 2000).
56 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Vírus são partículas infecciosas, de natureza nucleoprotéica, de dimensões
geralmente inferiores a 0,2 micra e, consequentemente, geralmente filtráveis em
filtros bacteriológicos e visíveis somente ao microscópio electrónico. São
parasitas intracelulares obrigatórios, formando geralmente só em presença de
células vivas e dão facilmente lugar a mutações. Induz a célula parasita a formar
réplicas, tanto do ácido nucleico como da capa protéica. Os aspectos considerados
na caracterização dos vírus são: filtrabilidade, dimensões do vírus, morfologia,
estrutura, composição, transmissibilidade, parasitismo celular obrigatório,
infecção e multiplicação e ainda especificidade de hospedeiros e tecidos.

Perdas causadas por vírus de plantas são responsáveis, em média, por cerca de 10
a 20% das perdas causadas por factores bióticos (patógenos) nas lavouras no
mundo.

Exercícios

1. Porque os vírus são estudados como seres vivos, se muitos autores não
os consideram como tal? Que argumentos estes autores usam para isso?

Auto-avaliação 2. Porque os vírus são parasitas obrigatórios?

3. Porque os vírus são considerados entidades não-vivas?

4. Fale de uma forma resumida da importância dos vírus?


B0221 57

Unidade 10

Vírus

Introdução
Caro estudante, como discutimos na unidade anterior, os vírus constituem um
grupo de seres vivos com determinadas características que os distinguem dos
outros seres e tem sua importância.

Os vírus como qualquer outro grupo dos seres vivos, tem sua estrutura e
composição química, classificação e nomenclatura.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Citar a composição química das diferentes estruturas de uma


partícula viral.
 Classificar os vírus.
Objectivos  Conhecer a nomenclatura dos vírus.

Antígenos – substância que, quando introduzida num organismo animal,


estimula a produção de substâncias específicas (anticorpos) que reagem
ou se ligam ao antígeno.
Terminologia

10.1 Estrutura e composição química dos vírus


10.1.1 Tamanho e forma
Os vírus variam de 20 a 300 nm de diâmetro; isso corresponde aproximadamente
à variação de tamanho entre a maior proteína e a menor célula (Figura 7). Suas
formas são frequentemente referidas em termos coloquiais, por exemplo, esferas,
58 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

bastonetes, projécteis ou tijolos; todavia, na realidade, os vírus exibem estruturas


complexas e de simetria geométrica precisa. A forma de partículas virais é
determinada pelo arranjo das subunidades repetitivas que formam o
revestimento proteico (capsídeo) do vírus (Levinson, 2010).

Figura 7: Estrutura geral de um vírion. Desenhos mostram todos os principais


componentes que podem fazer parte de um vírion. Um vírion tem um cerne de ácido
nucléico envolvido por um capsídeo protéico; esta combinação é denominada
nucleocapsídeo. Um vírion pode ter um envelope membranoso (lipoproteína) envolvendo
o nucleocapsídeo. O envelope pode ter projeções na sua superfície denominadas espículas
(fonte: Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996)).

10.1.2 Ácidos nucleicos virais


O ácido nucleico viral (genoma) situa-se internamente e pode consistir em DNA
de fita simples ou dupla, ou em RNA de fita simples ou dupla (Levinson, 2010).

Apenas os vírus possuem material genético composto por DNA de fita simples ou
RNA de fita simples ou fita dupla. O ácido nucleico pode ser linear ou circular. O
DNA sempre corresponde a uma única molécula, já o RNA pode apresenta-se
como molécula única ou em vários fragmentos. Por exemplo, influenzavírus e
rotavírus exibem genoma de RNA segmentado (Levinson, 2010).
B0221 59

10.1.3 Capsídeo viral e simetria


O ácido nucleico é circundado por um envoltório proteico denominado capsídeo,
composto por subunidades denominados capsômeros (Levinson, 2010).

A estrutura composta pelo ácido nucleico e pelas proteínas do capsídeo é


denominada nucleocapsídeo. O arranjo dos capsômeros confere à estrutura viral
sua simetria geométrica. Os nucleocapsídeos virais exibem dois tipos de simetria
geométrica: (1) icosaédrico, na qual os capsômeros são arranjados em 20
triângulos que formam uma figura geométrica (um icosaedro) de contorno
aproximadamente esférico (Figura 8-A e B), e (2) helicoidal, na qual os
capsômeros são arranjados em uma espiral oca de configuração semelhante a um
bastão (Figura 8-C, D e E). Todos os vírus humanos que apresentam
nucleocapsídeo helicoidal são envoltos por uma membrana externa denominada
envelope, isto é, não há vírus helicoidais nus (Levinson, 2010).

Figura 8: Morfologia de alguns vírus bem conhecidos. Simetria icosaédrica: [A] pólio,
verruga, adeno, rota; [B] herpes. Simetria helicoidal: [C] mosaico do tabaco; [D] influenza; [E]
sarampo, caxumba, parainfluenza; [F] raiva. Simetria incerta ou complexa: [G] poxvírus; [H]
fagos T-pares (fonte: Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

10.1.4 Proteínas virais


As proteínas virais actuam em várias funções importantes. As proteínas externas
do capsídeo protegem o material genético e medeiam a ligação do vírus a
receptores específicos na superfície da célula hospedeira. Essa interação das
proteínas virais com o receptor celular corresponde ao principal determinante da
60 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

espécie e da especificidade pelo órgão. As proteínas virais externas são também


importantes antígenos que induzem anticorpos neutralizantes e activam células
T citotóxicas a fim de matarem células infectadas por vírus. Essas proteínas virais
externas não somente induzem os anticorpos, mas também são alvo de anticorpos,
ou seja, os anticorpos ligam-se a essas proteínas virais e impedem (neutralizam) a
penetração e replicação do vírus na célula (Levinson, 2010).

Algumas das proteínas virais internas são estruturais (p.ex., as proteínas do


capsídeo dos vírus envelopados), enquanto outras são enzimas (p. Ex., as
polimerases que sintetizam o mRNA viral). Alguns vírus possuem uma DNA ou
RNA polimerase ligada ao genoma; outros não apresentam (Levinson, 2010).

Alguns vírus sintetizam proteínas que actuam como”superantígenos” com acção


similar aos superantígenos produzidos por bactérias, como a toxina da síndrome
do choque de Staphylococcus aureus.

Alguns vírus contêm proteínas regulatórias no virion, em uma estrutura


denominada tegumento, localizada entre o nucleocapsídeo e o envelope. Essas
proteínas regulatórias incluem factores de transcrição e de tradução que
controlam processos virais ou celulares. Membros da família de herpes-vírus,
como o vírus do herpes simples e o cotomegalovírus, exibem tegumento
proeminente e bem caracterizado (Levinson, 2010).

10.1.5 Envelope viral


Além das proteinas capsidias e internas, há dois outros tipos de proteínas
associadas ao envelope. O envelope consiste em uma membrana lipoproteica
composta por lipídeos derrivados da membrana da célula hospedeira, e de
proteínas vírus-específica. Outra proteína, a proteína da matriz, medeia a
interacção entre as proteínas do capsídeo e envelope (Levinson, 2010).

O envelope viral é adquirido à medida que o vírus deixa a célula, em um processo


denomina “brotamento”. O envelope da maioria dos vírus é derivado da
membrana externa da célula, com notável excepção dos herpesvírus, que derivam
seu envelope da membrana nuclear da célula (Levinson, 2010).

Em geral, a presença de um envelope confere instabilidade ao vírus. Os vírus


envelopado são mais sensíveis ao calor, ao dessecamento, a detergentes, e a
solventes lipídicos, como álcool e éter, quando comparado aos vírus não
B0221 61

envelopados (nucleocapsídeo), que são compostos apenas por ácido nucleico e


proteínas do capsídeo (Levinson, 2010).

As proteínas de superfície dos vírus, sejam proteínas do capsídeo ou


glicoproteínas do envelope correspondem aos principais antígenos contra os
quais o hospedeiro dirige sua resposta imune aos vírus. Elas também são
determinantes da especificidade do tipo (frequentemente denominadas sorotipo).
Por exemplo, os tipos 1, 2 e 3 do poliovírus são diferenciados com base na
antigenicidade de suas proteínas de capsídeo (Levinson, 2010).

10.1.6 Agentes do tipo viral atípico


Segundo Levinson ( 2010), existem quatro excepções aos vírus típicos, conforme
descrito a seguir:

1. Vírus defectivos são compostos por ácido nucleico e proteínas virais, porém
são incapazes de replicar-se sem um vírus “auxiliar”, o qual confere a função
ausente.

2. Pseudovírions contém DNA da célula hospedeira ao invés de DNA viral, no


interior do capsídeo.

3. Os viroides consistem apenas em uma única molécula de RNA circular sem


envoltório proteico ou envelope.

4. Os príons são partículas infecciosas compostas unicamente por proteínas,


isto é, não contém ácido nucleico detectável.

10.2 Classificação e nomenclatura


A classificação e a nomenclatura de vírus são, ainda hoje, um ponto
controvertido. Inicialmente, os vírus foram denominados de acordo com o nome
da doença que ocasionavam e, apesar de muitas tentativas de introduzir novas
nomenclaturas científicas, é, ainda, a mais universalmente adoptada entre os
fitopatologistas. Assim se conhecem, por exemplo, o vírus do mosaico do fumo
(VMF ou TMV), o vírus da vira cabeça do tomateiro, o vírus da tristeza do Citrus,
o vírus do mosaico comum do feijoeiro, etc.
62 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Evidentemente, tal nomenclatura foge à regra geral de denominação de outros


agentes causadores de doenças e pode-se considerá-la comum ou vulgar (nome
comum do citros). Como se pode observar, essas denominações comuns se
baseiam principalmente em sintomatologia das doenças ocasionadas e sendo a
sintomatologia um caráter variável, de acordo com o ambiente e com hospedeiro,
levou a muitas confusões, um mesmo vírus (como o TMV e o vírus do mosaico
das cucurbitáceas) sendo identificada várias vezes como vírus novos.

 Johnson (1927), sugeriu uma nomenclatura baseada em hospedeiro e


prioridade de constatação. No seu sistema o vírus do mosaico do fumo
(VMF) se denominaria Tabaco vírus 1 e os outros vírus do fumo
receberia um número em ordem de sua descoberta. Tal sistema não tem,
actualmente, nenhum valor, pois um número nada caracteriza e o grande
número de vírus de um determinado hospedeiro dificulta a associação
com características importantes dos vírus.

 Smith (1937) propôs a latinização do sistema de Johnson e, assim, o


VMF se denominaria Nicotiana vírus 1, mantendo-se, ainda, as mesmas
desvantagens do sistema de Johnson.

 Bennett (1939) sugeriu a substituição dos números por um termo que


caracterizasse uma propriedade importante do vírus e o VMF se chamaria
Tobacco vírus altathermus ou Nicotiana vírus altathermus (elevado ponto
térmico de inativação).

 Holmes (1939) sugeriu a nomenclatura binomial-trinomial latinizada pela


qual o VMF se denominaria Marmor tabaci e suas linhagens M. tabaci
var. vulgare, M. tabaci var. aucuba, M. tabaci var. deformans, etc.
Holmes propunha ainda a criação do reino Vira , incluindo todos os vírus,
com duas divisões: Zoophagi , para os vírus de animais e Phytophagin ,
para os vírus de plantas.

 Os Phytophagi foram subdivididos em duas classes: Schyzophyto phagi


(bactériofagos) Spermatophytophagi (vírus de plantas superiores). Estes
admitiam as seguintes famílias e gêneros: Chlorogenaceae (gen.
Chlorogenus), Marmoraceae (gen. Marmor), Annilaceae (gen. Annulus),
Gallaceae (gen. Galla), Acrogenaceae (gen. Acrogenus), Rugaceae (gen.
Ruga), Coriaceae (gen. Corium), Nanaceae(gen. Nanus), Savoiaceae
(gen. Savoia) e Lethaceae (gen. Lethum). Segundo Holmes, tal sistema de
classificação tem as vantagens de agrupar os vírus de acordo com
B0221 63

similaridades fundamentais como testes sorológicos, e imunológicos e


tipos de doença.

 Fawcett (1940), propôs a nomenclatura binomial em que o nome genérico


era obtido do hospedeiro mais o sufixo vir e o nome específico de alguma
característica da virose ou do vírus. Assim, o vírus da sacarose do Citrus
foi denominado de Citrivir psorosis, o vírus do vira-cabeça da beterraba
Betavir eutetticola etc.

 Além dessas nomenclaturas foram sugeridas muitas outras mas nenhuma


conseguiu aceitação geral, estando, ainda hoje, a taxonomia de vírus num
verdadeiro caos. Entretanto, já há um esforço, em âmbito internacional,
visando padronizar a nomenclatura e a classificação dos vírus. Nesse
sentido, o Comitê Provisório de Nomenclatura de vírus (P.C.N.V.) da
Associação Internacional das Sociedades Microbiológicas (1965)
recomendou a adopção provisória do sistema de classificação de Lwoff,
Horne e Tournier (L.H.T.), por ser, no momento, aparentemente, o mais
adequado.

Sumário
Vírus são entidades infeciosas não-celulares cujos genomas podem ser DNA ou
RNA. Os vírus são constituídos de um cerne de ácido nucleico envolvido por uma
capa proteica ou capsídeo.

A classificação e a nomenclatura de vírus é, ainda hoje, um ponto controvertido.


Inicialmente, os vírus foram denominados de acordo com o nome da doença que
ocasionavam e, apesar de muitas tentativas de introduzir novas nomenclaturas
científicas, é, ainda, a mais universalmente adoptada entre os fitopatologistas.
Assim se conhecem, por exemplo, o vírus do mosaico do fumo (VMF ou TMV),
o vírus da vira cabeça do tomateiro, o vírus da tristeza do Citrus, o vírus do
mosaico comum do feijoeiro, etc.
64 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1.Dar uma definição concisa de vírus.

2. O que é o nucleocapsídeo de um vírion?


Auto-avaliação
3. Quais os componentes essenciais dos vírus?

4. Como os vírus podem ser classificados?


B0221 65

Unidade 11

Vírus

Introdução
Caro estudante, nesta unidade iremos discutir aspectos relacionados com a
replicação dos vírus e vírus bacterianos/bacteriófagos. É importante dizer que
existem diferenças entre a replicação dos bacteriófagos e a replicação de vírus
animal e de plantas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a replicação dos vírus.


 Diferenciar replicação dos bacteriófagos e a replicação de vírus

Objectivos animal e de plantas.


 Caracterizar os vírus bacterianos/bacteriofagos.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia

11.1 Replicação dos vírus


Fora da célula hospedeira, as partículas virais não têm actividade metabólica
independente e são incapazes de se reproduzir por processos característicos de
outros microorganismos (por exemplo, fissão binária nas bactérias). A reprodução
dos vírus dá-se pela replicação, na qual os componentes proteicos e o ácido
66 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

nucleico viral são reproduzidos dentro de hospedeiros susceptíveis. Os vírus


redireccionam efectivamente os processos metabólicos de muitas células
hospedeiras para produzir novos vírions, em vez de produzir material novo para a
célula hospedeira (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Muitas enzimas virais específicas, as quais são codificadas pelo gene viral,
geralmente não fazem parte do virion. Isto inclui aquelas enzimas necessárias a
replicação. O menor vírion nu (sem envelope) não contém nenhuma enzima pré-
formada. Virions grandes podem conter uma ou poucas enzimas, que geralmente
ajudam o vírus a penetrar na célula hospedeira ou a replicar o seu próprio ácido
nucleico. Aquelas que estão faltando podem ser sintetizadas somente quando o
virion está dentro da célula hospedeira, que depende grande parte de sua energia
sintetizando enzimas virais em vez de componentes celulares (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

O processo completo da infecção celular pelo vírus pode ser generalizado da


seguinte forma: o vírion ataca a célula hospedeira susceptível em sítios
específicos. Tanto o vírus completo como o ácido nucleico viral pode penetrar no
interior da célula. Se um vírus completo penetrar na célula deve ocorrer o
desnudamento do vírus para libertar o ácido nucleico viral, o qual está então livre
para converter a célula em uma fábrica para a produção da progênie viral. O local
específico para a montagem e maturação do vírus dentro da célula é característico
para cada grupo de vírus. Uma vez montado e maduro, os virions são libertos da
célula hospedeira (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Apesar destas semelhanças básicas, há várias diferenças distintivas entre a


replicação dos bacteriófagos e a replicação de vírus animal e de plantas. Os vírus
de plantas e animais diferem dos fagos no seu mecanismo de penetração na célula
hospedeira. Uma vez dentro da célula hospedeira, os vírus animais e vegetais
também diferem dos fagos na síntese e reunião de novos componentes virais, em
parte devido a diferença entre a célula procariótica bacteriana e a célula
eucariótica de plantas e animais (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Finalmente, os mecanismos de maturação e libertação e o efeito na célula


hospedeira dos vírus vegetais e animais são diferentes dos fagos (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).
B0221 67

11.2 Vírus bacterianos/Bacteriofagos


Os vírus que infectam bactérias foram descobertos independentemente por
Frederick W. Twort, na Inglaterra, em 1915 e por Felix d´Herelle no Instituto de
Pasteur, em Paris, em 1917). Twort, observou que as colónias bacterianas
algumas vezes dissolviam-se e desapareciam porque ocorria lise ou rompimento
das células. A observação mais importante foi a de que o efeito lítico poderia ser
transmitido de colonia a colonia. Mesmo o material altamente diluído proveniente
de colonia lisa que havia passado por meio de filtro capaz de reter bactérias
poderia lisar outras bactérias. Entretanto, o aquecimento deste filtrado destruía a
propriedade lítica. A partir destas observações Twort cautelosamente sugeriu que
o agente lítico deveria ser um agente filtravel (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Quando d´Herelle descobriu este fenómeno (por isso fenómeno Twort-d´Hérelle),


designou o agente de bacteriófago, que significa «comedor de bactéria». Ele
conclui que o agente filtravel era uma entidade invisível, um vírus que parasitava
bactérias (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Sumário
Os vírus replicam-se somente em células vivas, utilizando o sistema biossintético
da própria célula para produzir mais vírus, os quais então infectam outras células.

Twort e d´Hérelle descobriram os vírus em 1915 e 1017, respectivamente. A


palavra bacreriófago, escolhida por d´Hérelle, significa «comedor de bactéria».

Exercícios

1. Existe actividade metabólica nos vírus?

2. Os vírus podem crescer em meio de cultura?

Auto-avaliação 3. Qual é o nome do vírus que é parasita de bactérias?


68 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 12

Vírus - fagos

Introdução
Caro estudante, antes pedimos que continue a fazer a ligação entre a unidade
sobre a replicação dos vírus e vírus/bacteriófagos como forma de facilitar o
estudo das características gerais dos fagos e morfologia e composição química
dos fagos. Como pode notar estas unidades complementam-se.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Falar das características gerais dos fagos.

 Conhecer a morfologia e composição química dos fagos.


Objectivos
 Desenhar e identificar as partes das estruturas de um vírus bacteriano
típico.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia

12.1 Caracteristicas gerais dos fagos


Os bacteriófagos ou fagos, são vírus que infectam especificamente as bactérias.
Tal como todos os vírus, os fagos têm uma estrutura muito simples, consistindo
meramente numa molécula de ADN (ou ocasionalmente ARN), que transporta
B0221 69

determinado número de genes, nos quais se incluem vários para a replicação do


fago, rodeado por um invólucro protector ou um cápside composto por moléculas
proteicas (Fig. 9) (Moreira & Mendes, 1998).

Figura 9 – Representação esquemática dos dois principais tipos de fago. (a) – Cabeça e
cauda, ex. l . (b) - Filamentoso, ex. M13 (fonte: Moreira & Mendes, 1998)

Segundo Moreira & Mendes (1998), o padrão geral de infecção/contaminação,


que é o mesmo para todos os tipos de fagos, é um processo de 3 etapas (Fig.10):

1. O fago liga-se ao exterior da bactéria e injecta o seu ADN cromossómico para


o interior desta.

2. A molécula de ADN do fago é replicada, normalmente por acção de enzimas


codificadas por os genes presentes no cromossoma do fago.

3. Outros genes do fago orientam a síntese dos componentes proteicos do cápside,


levando á montagem de novos fagos e posterior libertação da bactéria.
70 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Figura 10 – Esquema geral da infecção de uma célula bacteriana por um bacteriófago


(fonte: Moreira & Mendes, 1998).

Em alguns tipos de fagos um ciclo completo de infecção decorre muito


rapidamente, possivelmente em menos de 20 minutos. Este tipo de infecção
rápida é chamada um ciclo lítico, pois a libertação dos novos fagos está associada
á lise da célula bacteriana. A característica principal de um ciclo lítico de infecção
é que a replicação do ADN do fago é seguida imediatamente pela síntese de
proteínas do cápside, e a molécula de ADN do fago nunca se mantém numa
condição estável na célula hospedeira (Moreira & Mendes, 1998).
B0221 71

12.2 Morfologia e composição química dos bacteriófagos


Como todos os vírus os bacteriófagos tem o cerne de ácido nucleico envolvido
por um capsideo de natureza proteica, que protege o genoma de nucleases e
outras substâncias prejudicais. O genoma do fago geralmente consiste em uma
única molécula de ácido nucleico, que pode ser DNA de fita única ou dupla linear
ou circular ou RNA linear de fita única (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Existem três formas básicas de bacteriófago: cabeça icosaédrica sem cauda,


cabeça icosaédrica com cauda e filamentosa. Como indicado anteriormente as
cabeças icosaédricas de alguns fagos têm comprimento maior que a sua largura.
No fago filamentoso, o ácido nucleico tem uma forma helicoidal estendida ao
longo do comprimento da capa proteica. A cauda do fago pode ser muito curta ou
quatro vezes superior ao comprimento da cabeça e pode ser flexível ou rígida.
Uma placa basal complexa pode também estar presente na cauda; ela possui
tipicamente de uma a seis fibras da cauda (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 11: Estrutura de um bacteriófago com cabeça icosaédrica e cauda (fonte: Pelczar Jr, Chan,
& Krieg, 1996).
72 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Sumário
Os fagos têm uma estrutura muito simples, consistindo meramente numa
molécula de ADN (ou ocasionalmente ARN), que transporta determinado
número de genes, nos quais se incluem vários para a replicação do fago,
rodeado por um invólucro protector ou um cápside composto por
moléculas proteicas.

Os bacteriófagos tem o cerne de ácido nucleico envolvido por um


capsideo de natureza proteica, que protege o genoma de nucleases e
outras substâncias prejudicais.

Existem três formas básicas de bacteriófago: cabeça icosaédrica sem


cauda, cabeça icosaédrica com cauda e filamentosa.

Exercícios

1. Fale das características dos fagos.

2. Comentar sobre a molécula de ácido nucleico do genoma do fago.


Auto-avaliação
3. Quais são os três tipos morfológicos de bacteriógafo?

4. O que é a placa basal num fago com cauda?


B0221 73

Unidade 13

Vírus - fagos

Introdução
Caro estudante, antes pedimos que continue a fazer a ligação entre as unidades
sobre características gerais dos fagos e morfologia e composição química dos
fagos como forma de facilitar o estudo da classificação e reprodução dos fagos.
Como pode notar estes temas complementam-se.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Classificar os bacteriófagos em famílias de acordo com a morfologia


da partícula e a composição de ácidos nucleicos.

Objectivos  Descrever o ciclo lítico de um bacteriófago.

 Explicar o significado de lisogenia em uma bactéria, assim como a


regulação molecular que determina sua ocorrência.

Expressão –

Progênie –

Repressor – regulador de uma via biossintética


Terminologia

13.1 Classificação dos fagos


Os nomes comuns dos bacteriofagos não seguem regras particulares. São
simplesmente designações ou códigos determinados pelos investigadores.
74 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Embora servem às necessidades práticas dos laboratórios, este é um meio casual


de nomear um grupo de entidades infecciosas (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Portanto, o Comité Internacional de Taxonomia dos vírus (CITV) tem um


subcomitê de vírus bacterianos trabalhando na classificação e nomenclatura de
bacteriófagos. As famílias de vírus bacterianos (nomes terminados em –viridae)
aprovados pelo CITV (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

13.1.1 Sistema de classificação baseada nas diferenças


dos processos de transcrição
Em 1971, David Baltimore (laureado com o Prêmio Nobel por seu trabalho sobre
vírus tumorais) propôs uma classificação dos vírus com um conceito único
baseada na replicação e expressão do genoma viral. Todos os vírus foram
colocados em uma das seis classes de acordo a via particular envolvida na síntese
de mRNA. Um papel importante é designado mRNA, pois a síntese proteica
ocorre pelo mesmo mecanismo em todas as células. Embora este esquema agrupe
vírus com etapas replicativas semelhantes, também agrupa vírions muito
diferentes na mesma classe (por exemplo, bacteriófago e vírus animais). Ele
também não leva em conta outras propriedades dos vírus, sendo mais aceite por
biólogos moleculares que estudam os vírus. Mas virologistas voltados ao estudo
da biologia preferem uma classificação mais geral, baseada no modelo de
classificação de Linnaeus, utilizando nomenclatura para famílias, géneros e
espécies (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

13.1.2 Bacteriofago de Escherichia coli


Entre os bacteriófagos, o grupo mais bem estudado é o dos colifagos, um nome
que se refere aos fagos que infectam E. Coli. Um grupo de colifagos que infectam
E. Coli é designado T1 a T7 (T refere-se ao tipo). Todos os vírus deste grupo são
compostos quase exclusivamente de DNA e proteína em quantidade
aproximadamente iguais. Excepto T3 e T7, todos possuem forma de girino com
cabeça poliédrica e caudas longas; as caudas de T3 e T7 são muito curtas. O fago
T atinge cerca de 65 a 200 nm de comprimento a 50 a 80 nm de largura. A
molécula espiralada de DNA de fita dupla (50 µm de comprimento, cerca de
1.000 vezes o comprimento do fago) está firmemente acondicionado na cabeça
proteica (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
B0221 75

Outros colifagos têm morfologia e composição química muito diferente dos fagos
T. Por exemplo, o fago f2 (“f” de filamento) é muito menor que os fagos T, tem
uma molécula de RNA linear de fita única em vez de DNA e não possui cauda.

Há também colifagos que possuem DNA de fita única. Morfologicamente, eles


podem ser tanto icosaédrico como filamentosos. Um fago icosaédrico com DNA
de fita única é o ɸX174 (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

13.2 Reprodução
Há dois tipos principais de bacteriófagos: lítico (ou virulento) e temperado (ou
avirulento). Os fagos líticos destroem as células hospedeiras bacterianas. No
processo infeccioso lítico, após a replicação do vírion, a célula hospedeira rompe-
se, libertando nova progênie de fagos para infectar outras células hospedeiras.
Este é chamado ciclo lítico (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os fagos temperados não destroem suas células hospedeiras. Em vez disso, na


infecção do tipo temperado, o ácido nucleico viral é integrado ao genoma da
célula hospedeira e replica-se na célula bacteriana hospedeira de uma geração a
outra sem que haja lise celular. Este processo é denominado lisogênia e é
realizado somente pelos fagos que possuem DNA de fita dupla. Entretanto, sob
determinadas circunstâncias, o fago temperado pode ocasionalmente tornar-se
espontaneamente lítico em alguma geração subsequente e lisar as células
hospedeiras (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

13.2.1 O ciclo lítico – fagos virulentos


O ciclo lítico básico é mostrado na Figura 12, utilizando os colifagos T – pares
(tipos nomeados com números pares) com DNA de fita dupla como molde.

Segundo Pelczar Jr, Chan, & Krieg (1996), o processo consiste em seis etapas:

I. Adsorção (fixação). A primeira etapa na infecção de uma célula bacteriana


hospedeira pelo fago é a fixação do fago a um tipo específico de célula
bacteriana. A extremidade da cauda do fago torna – se adsorvida ao receptor
especifico na superfície da célula bacteriana (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Esta fixação só ocorre quando a cauda do fago e os receptores bacterianos


possuem configurações moleculares que são complementares entre si, como as
76 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

chaves que se encaixam a uma fechadura específica (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

A infecção da célula bacteriana hospedeira não pode ocorrer sem adsorção.


Algumas bactérias mutantes, que perderam a capacidade de sintetizar receptores
específicos, tornam – se resistentes à infecção pelos fagos específicos (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

A adosrção inicial do fago no receptor é reversível quando somente as fibras da


cauda são fixadas à superfície celular. A adsorção torna – se irreversível quando a
extremidade da cauda se fixa (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Muitos fagos filamentosos (com DNA de fita única) são adsorvidos à


extremidade de um pêlo especial conhecido como pêlo F. Ainda não se sabe
exactamente como eles entram na célula, mas pode ser que o vírion integro seja
arrastado para dentro do citoplasma por meio do pêlo F.

II. O genoma do fago penetra na célula. Após o fago ter-se fixado à célula
hospedeira, o DNA na cabeça do fago passa através da parede celular para dentro
do citoplasma da bactéria. Esta passagem pode ocorrer de várias maneiras,
dependendo do fago. Nos fagos T-pares, a passagem ocorre mediante as seguintes
etapas:

1. A bainha do fago contrai, forçando o tubo central da cauda para dentro da


célula através da parede e da membrana celular.

2. O DNA na cabeça do fago passa através do tubo para dentro do citoplasma da


célula bacteriana hospedeira.

A capa proteica, que forma a cabeça do fago, e a estrutura da cauda permanecem


fora da célula. Neste processo, o ácido nucleico injectado para dentro da célula
nunca é exposto ao meio externo pela célula hospedeira (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

Fagos tais como T1 e T5, que não têm uma bainha contráctil, também injectam o
seu ácido nucleico através do envelope celular, possivelmente em sítios de adesão
entre as membranas interna e externa. Assim, a contracção da bainha não é um
pré-requisito para a infecção fágica. Com os fagos sem cauda, a capa proteica
pode romper-se e libertar seu ácido nucleico, que atravessa a parede celular e
penetra na célula (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
B0221 77

Os fagos filamentosos com DNA de fita única (como fd e M13) entram na célula
bacteriana como vírions discretos, sem deixar parte de sua estrutura fora da
célula. À medida que o DNA penetra na célula, a proteína do capsídeo é
incorporado à membrana citoplasmática da célula e é utilizada posteriormente
durante a libertação do vírus (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

III. Conversão da célula hospedeira em célula produtora de fagos. A síntese


dos componentes virais dentro da célula hospedeira pode ser dividida em funções
precoces e tardias. As funções precoces são aqueles eventos que envolvem a
invasão da célula hospedeira e a síntese do mRNA viral precoce. As funções
tardias incluem a síntese e a montagem do nucleocapsídeo. Enzimas produzidas
no inicio do ciclo de vida (como as nucleases e a RNA polimerase DNA
dependente) são denominados proteínas precoces. As proteínas produzidas
tardiamente no ciclo de vida (as proteínas tardias) são diferentes das proteínas
precoces e incluem tanto as proteínas enzimáticas como as estruturais (presentes
na cabeça do fago, cauda e nas fibras da cauda). As proteínas precoces são
codificadas pelo mRNA precoce e as proteínas estruturais são codificadas pelo
mRNA tardio (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Poucos minutos após a entrada do DNA fágico, a bactéria hospedeira perde a


habilidade de se replicar ou de transcrever seu próprio DNA; algumas vezes
perde ambas as habilidades. Esta paralisação na síntese de DNA ou RNA
bacteriano é efectuada de diferentes maneiras, dependendo da espécie de fagos.
Por exemplo, o DNA hospedeiro pode ser rapidamente degradado a pequenos
fragmentos, dispersando-se e tornando-se inactivo (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

O fago orienta a síntese de cópias do ácido nucleico fágico, utilizando vários


mecanismos e as proteínas de replicação bactéria. A transcrição do mRNA a
partir do DNA fágico é quase sempre iniciada pela RNA polimerase da célula
hospedeira, a qual reconhece o promotor viral que governa a transcrição do gene
que codifica síntese da proteína viral. Na maioria das vezes, o mRNA do fago
codifica as nucleases que degradam o DNA hospedeiro. Isto faz com que os
nucleotídeos do DNA hospedeiro estejam disponíveis para a síntese do DNA do
fago. Depois que o primeiro mRNA do fago é produzido, ou a polimerase da
célula hospedeira é modificada para reconhecer os outros promotores vitais, ou
uma RNA polimerase fago – especifica é sintetizada (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).
78 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Nos fagos filamentosos, o DNA de fita única (cadeia de DNA positiva) serve
como um molde para a síntese de sua cadeia complementar (a cadeia de DNA
negativa). A DNA polimerase da célula é utilizada, desde que este processo
ocorre antes que se inicie a transcrição do mRNA. O DNA de fita dupla resultante
é a forma replicativa da qual múltiplas cópias da cadeia positiva são sintetizadas,
utilizando a cadeia negativa como um molde (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os fagos contendo RNA diferem dos fagos que contêm DNA no que diz respeito
ao uso das enzimas de replicação do hospedeiro. Os fagos RNA devem codificar
suas próprias enzimas de replicação porque a célula hospedeira não tem enzimas
que replicam RNA. Um fago que possui RNA de fita única utiliza o RNA como
uma cadeia positiva (como mRNA para a síntese de RNA polimerase e outras
proteínas). A RNA polimerase sintetiza a cadeia de RNA negativa (cadeia
replicativa) utilizando o genoma viral (cadeia de RNA positiva) como molde. A
cadeia replicativa (cadeia de RNA negativa) é utilizada como um molde para
produzir numerosas cadeias de RNA positivas, as quais combinam com a capa
proteica para formar muitos vírions infeciosos (Figura 12) (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

Assim, a transcrição viral, que produz mRNA a partir do ácido nucleico viral,
representa o evento – chave na infecção viral – quando a síntese bioquímica
controlada pelo gene celular passa a ser controlada pelo gene viral (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

IV. Produção de ácido nucleico do fago e proteínas. A replicação do ácido


nucleico, que ocorre após a síntese da proteína precoce, serve como uma linha de
demarcação entre as funções precoces e tardias no processo de replicação viral.
Como o mRNA tardio não é sintetizado até que a replicação do ácido nucleico
viral tenha se iniciado, este é transcrito do genoma da progênie viral. Isto
significa que a síntese das proteínas tardias ocorre após a replicação do ácido
nucleico. A tradução do mRNA em proteínas ocorre no citoplasma da célula
hospedeira, utilizando os ribossomas, os RNAs transportadores e as enzimas
encontradas no citoplasma. (Se o mRNA è sintetizado no núcleo da célula
hospedeira, ele passa primeiro para o citoplasma antes da tradução.) (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996)

No final do ciclo de replicação, os fagos sintetizam proteínas tardias, incluindo


proteínas estruturais necessárias para a montagem espontânea do vírion, enzimas
B0221 79

envolvidas no processo de maturação e enzimas usadas na libertação dos fagos da


célula bacteriana (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

V. Montagem das partículas do fago. Dois tipos de proteínas tardias são


necessárias para a montagem do fago: proteínas estruturais da partícula do fago e
enzimas que catalizam reacções do processo de montagem mas não tornam partes
integrantes do bacteriófago. A montagem dos fagos icosaédrico ocorre em várias
etapas:

1. Agregação das proteínas estruturais do fago para formar uma cabeça e uma
cauda (se necessário). Neste momento, a cauda não está ligada à cabeça.

2. Condensação do ácido nucleico e entrada na cabeça pré – formada.

3. Fixação da cauda à cabeça completa.

Cerca de 25 min após a infecção inicial da célula hospedeira, geralmente 50 a


1.000 partículas do fago foram montadas, sendo que o número depende da
espécie e das condições de crescimento da cultura (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

VI. Libertação dos fagos. Uma das proteínas tardias sintetizadas no ciclo lítico
de infecção é uma enzima chamada endolisina. Esta enzima lisa a célula
bacteriana e liberta os fagos maduros (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

As células hospedeiras infectadas com fagos filamentosos geralmente não


libertam os fagos por meio de lise; em vez disso, libertam partículas de fago
continuamente pelo desdobramento da parede celular. À medida que o DNA viral
se estende através da membrana, este capta as moléculas de proteínas
(sintetizadas recentemente, bem como aquelas derivadas inicialmente de vírions
infectantes). Tal processo de extrusão não causa danos à célula, que pode
continuar a produzir bacteriófagos por um longo tempo (Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).
80 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Figura 12. Ciclo de vida típico de um fago DNA virulento.

13.2.2 O ciclo lisogênico – fagos temperados


A lisogenia é um ciclo de vida alternativo exibido por alguns bacteriófagos. Boa
parte do nosso conhecimento sobre lisogenia vem de estudos do fago lambda (λ)
de Escherichia coli. O fago λ pode realizar tanto o ciclo lítico como ciclo
lisogênico. Cada vírion de fago λ é constituído de uma molécula de DNA de fita
dupla linear acondicionada em um capsídeo poliédrico com uma cauda por meio
da qual o DNA penetra na bactéria hospedeira (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

O ciclo lisogênico do fago λ é mostrado na Figura 13 e consiste nas seguintes


etapas:
B0221 81

I. Entrada do genoma do fago na célula. A molécula de DNA de um fago passa


para dentro da célula hospedeira pelo mesmo processo descrito para a bactéria
lítica e torna – se círculo fechado (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

II. Síntese da proteína precoce. A síntese de mRNA pela célula hospedeira por
um breve período é necessária a fim de sintetizar a proteína repressora codificada
pelo DNA do fago. Esta proteína inibe a síntese do mRNA específico que
codifica as funções líticas. O factor regulador crucial é com que rapidez um nível
crítico de repressor específico pode ser sintetizado. O resultado determina se o
fago passará por um ciclo lítico ou lisogênico. Se o repressor estiver em
quantidade suficiente, ele bloqueia a transcrição de todos os outros genes fágicos.
Como consequência, nenhuma das proteínas virais é produzida e a célula não é
lisada (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

III. Integração do DNA viral. O DNA do fago é inserido ao DNA do


cromossoma bacteriano pela acção de uma enzima de inserção de DNA
codificada pelo fago (codificado pelo gene int). Integrado desta maneira, o
genoma viral é agora denominado profago (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

O DNA do fago é inserido em uma determinada posição no cromossoma da E.


coli, entre o gene gag (galactose) e o gene bio (biotina). Durante esta inserção, o
DNA do fago circulariza – se e em seguida ocorre quebra e reunião do DNA do
fago e do hospedeiro (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Outros fagos temperados têm seu sítio de integração no cromossoma bacteriano.


Entretanto, alguns fagos temperados, tal como o fago Mu, não têm local
específico para inserção e podem ser capazes de inserir múltiplas cópias do seu
DNA em vários locais em um único cromossoma bacteriano. Onde quer que a
inserção ocorra, a inactivação do gene bacteriano específico naquele local dará
origem a uma célula hospedeira mutante; daí o fago ser chamado de Mu (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

IV. O fenómeno da lisogenia. A célula bacteriana hospedeira permanece viva e


continua a crescer e se multiplicar, apesar de haver um profago integrado em seu
gene. Os genes do fago replicam-se como parte do cromossoma bacteriano
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A produção contínua do repressor mantém a condição de profago integrado nas


células lisogênicas. Se em qualquer momento o repressor for inactivado (por
exemplo, pela enzima protease induzida por exposição à luz ultravioleta), os
82 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

operons do fago tornam –se desprimidos, começam a funcionar, e o fago entra no


ciclo lítico, destruindo a célula hospedeira. Assim, um único gene repressor
decide o destino da célula bacteriana e do fago (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 13. O ciclo lisogênico e lítico do bacteriófago λ. A frequência de indução


ocorre em torno de 1 em 105.

13.2.3 Lisogenia não – integrativa


Muitos fagos temperados entram no ciclo lisogênico da forma descrita para o
fago λ – isto é, inserção de um profago em um único local no cromossoma da
bactéria hospedeira. Há um outro tipo menos comum de lisogenia no qual não há
sistema de sistema de inserção do DNA e o DNA do fago torna – se um
plasmídeo ou uma molécula de DNA circular capaz de se replicar
independentemente, em vez de fazer parte do cromossoma hospedeiro. O fago P1
de Escherichia coli tipicamente efectua este tipo de ciclo lisogênico. Após a
infecção, o DNA do P1 circulariza – se e é reprimido, mas, ao contrário do DNA
do fago λ, ele permanece como uma molécula de DNA livre no citoplasma
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
B0221 83

Durante o ciclo de vida bacteriano, o DNA de P1 replica – se uma vez, num


momento que coincide com a replicação do cromossoma bacterianao ( a sincronia
dos dois eventos é controlada pelo gene do fago). Quando a célula bacteriana se
divide, cada célula-filha recebe um plasmídeo P1. A forma como ocorre este
arranjo ordenado ainda não é conhecida (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Sumário
Os nomes comuns dos fagos são símbolos codificados. Nomes científicos
são dados a famílias de fagos agrupados conforme a morfologia e a
composição química da partícula.

Há dois tipos principais de fagos: lítico e temperado. O ciclo lítico


compreende as seguintes etapas: adsorção, penetração do genoma,
conversão da célula hospedeira em uma “fábrica” produtora de fagos,
produção de ácido nucleico e proteínas do fago, montagem e libertação
de partículas de fagos maduros.

Fagos temperados podem realizar tanto um ciclo lítico como um ciclo


lisogênico. O ciclo lisogênico envolve os seguntes estágios: adsorção,
entrada do genoma, síntese de mRNA do fago para formar uma proteína
repressora, inserção do DNA fágico no cromossoma bacteriano e
replicação do profago como parte do cromossoma bacteriano. Em outro
tipo de lisogenia, o fago DNA permanece como um plasmídeo no
citoplasma hospedeiro.
84 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1. Porque Baltimore propôs um esquema de classificação baseado na


diferença do processo de transcrição?

Auto-avaliação 2. Quais são as limitações do esquema de Baltimore?

3. Descrever o grupo T dos colifagos.

4. A infecção com um fago temperado significa que a célula hospedeira


nunca sofrerá lise?

5. Estabelecer a diferença entre funções precoces e tardias na infecção


de uma célula hospedeira por um vírion.

6. Qual é o processo que serve como linha de demarcação entre as


funções tardias e precoces no processo de replicação viral?

7. Que processo regulatório determina se um fago vai realizar um ciclo


lítico ou lisogênico?

8. Quando o genoma do fago é considerado um profago?


B0221 85

Unidade 14

Vírus – HIV/SIDA

Introdução
Caro estudante, nas unidades anteriores depois de termos discutido, de um modo
geral, sobre o víruse sua importância ecológica bem como para o Homem.

Nesta unidade, iremos falar da bioquímica do vírus do HIV.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a bioquímica do vírus do HIV.


 Distinguir os tipos de HIV que causam SIDA.
 Conhecer as enzimas do vírus HIV.
Objectivos
 Descrever a forma de infecção celular pelo vírus do HIV.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia

14.1 Bioquimica do vírus HIV


O vírus de imudodeficiência humana (HIV) é o agente da síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA). Tanto o HIV-1 como o HIV-2 causam SIDA;
86 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

entretanto, HIV-1 é encontrado em escala mundial, enquanto HIV-2 é encontrado


principalmente na África Ocidental (Levinson, 2010).

O HIV possui um cerne de barra (tipo D) envolto por um envelope contendo


glicoproteínas vírus-específicas (gp120 e gp41). O genoma do HIV consiste em
duas moléculas idênticas de RNA de fita simples de polaridade positiva, sendo
referido como diplóide (Levinson, 2010).

Três enzimas estão localizadas no interior do nucleocapsídeo do vírion:


transcriptase reversa, integrase e protease (Levinson, 2010).

O material genético deste vírus é o RNA e a sua principal característica é a


presença da enzima transcriptase reversa, capaz de produzir moléculas de DNA
apartir de RNA. A membrana deste vírus se funde com a membrana da célula, e o
capsídeo viral penetra no citoplasma celular. O RNA, então produz uma molécula
de DNA que irá penetrar no núcleo da célula, introduzir-se em um dos
cromossomas do hospedeiro e recombina-se com o DNA-celular. Esse DNA viral
integrado ao cromossoma celular é chamado provirus, que irá reproduzir
moléculas de RNA, originando centenas de vírus completos. Uma vez que os
genes completos do provirus estão integrados aos da célula, esta irá produzir
partículas virais durante toda a vida. Não leva a morte da célula hospedeira, mas
esta poderá transmitir o provirus para as células filhas (Levinson, 2010).

Figura 14. Seção transversal de HIV, são apresentadas duas moléculas de RNA
viral associadas à transcriptase reversa. Envolvendo essas estruturas, observa-se
um nucleocapsídeo, composto por proteínas p24. Externamente, encontram-se as
duas proteínas do envelope, gp120 e gp41, embebidas na bicamada lipídica
derivada da membrana celular.
B0221 87

Sumário
Vírus envelopado com duas cópias (diplóide) do genoma de RNA de fita
simples de polaridade positiva. O DNA polimerase RNA – dependente
(transcriptase reversa) sintetiza uma cópia de DNA do genoma, que se
integra ao DNA da célula hospedeira.

Exercícios

1. Quantos tipos do vírus do HIV existem? E quais são os tipos de HIV?

2. Quais são as enzimas localizadas no interior do nucleocapsídeo?


Auto-avaliação
3. Qual é o material genético do vírus de HIV?

4. Fale da principal característica do vírus de HIV.


88 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 15

Fungos

Introdução
Caro estudante, os fungos constituem um grupo de seres vivos com uma variada
gama de utilidades tanto, para o Homem como para o ambiente. Sendo assim
nesta unidade falaremos das características gerais e importância dos fungos .

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar as caracteristicas gerais dos fungos.

 Diferenciar os fungos das plantas.


Objectivos
 Falar da importância dos fungos.

Quitina – polímero de N-acetilglicosamina presente na camada que


reveste os artrópodes e nas paredes celulares de muitos fungos.

Glicogénio – carbohidrato do grupo dos polissacarídeos armazenado


Terminologia
pelos animais, quando hidrolisado, liberta glicose.

Micorrizas – associação simbiótica de um fungo com raízes de plantas


superiores.
B0221 89

15.1 Características gerais dos fungos


Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e somente a
partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte (Levinson,
2010).

Os fungos apresentam um conjunto de características próprias que permitem sua


diferenciação das plantas:

 Não sintetizam clorofila


 Não tem celulose na sua parede celular, excepto alguns fungos aquáticos
 Não armazenam amido como substância de reserva
 Presença de quitina na parede
 Capacidade de armazenar glicogênio

A presença de substãncias quitinosas na parede da maior parte das espécies


fúngicas e a sua capacidade de depositar glicogénio os assemelham às células
animais (Levinson, 2010).

Os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo, como as leveduras, ou


multinucleados, como se observa entre os fungos filamentosos ou bolores. Seu
citoplasma contém mitocôndrias e retículo endoplasmástico rugoso (Levinson,
2010).

São heterotróficos e nutrem-se de matéria orgânica morta – fungos saprófitos, ou


viva – fungos parasitários (Levinson, 2010).

Suas células que possuem vida «independente» e não se reúnem para formar
tecidos verdadeiros (Levinson, 2010)

Os componentes principais da parede celular são hexoses e hexoaminas, que


formam mananas, ducanas e galactanas. Alguns fungos têm parede rica em
quitina (N-acetil glicosamina), outros possuem complexos polissacarídios e
proteínas, compredominãncia de cisteína (Levinson, 2010).
90 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

15.2 Importância dos fungos


A ideia mais comum que temos a respeito dos fungos é que eles crescem e se
desenvolvem em lugares húmidos ou sobre alimentos estragados. Por causa disso,
nunca pensamos nos fungos como seres vivos muito importantes para nós ou para
o meio ambiente.

Os fungos saprófitos, por exemplo, são muito importantes para o meio ambiente,
pois ao decompor a matéria orgânica, eles deixam no solo substâncias
fertilizantes úteis à vida das plantas.

Além disso, embora suas características sejam bem diferentes das dos animais e
vegetais, alguns fungos são comestíveis e outros são fundamentais para a
produção de alimentos.

Os fungos comestíveis são os cogumelos, também conhecidos como


champignons. Certamente você já os viu à venda em supermecados ou nas feiras
e talvez já os tenha experimentado. Esses fungos têm alto valor nutritivo, pois
apresentam altas taxas de proteínas. Mas não são todos os cogumelos que podem
ser comidos. Alguns são altamente venenosos.

Bebidas alcoólicas como vinho, a cerveja e a cachaça só são possíveis graças a


fungos, denominados leveduras. Esses fungos desenvolvem-se nos caldos de uva,
cana, cevada etc., e alimentam-se do açúcar contido nesses caldos. Ao mesmo
tempo, decompõem o açúcar, transformando-o em álcool.

Em cada caldo desenvolve-se um tipo de levedura, originando bebidas diferentes.


Da fermentação da ceveda, por exemplo, origina-se a cerveja; a fermentação da
uva produz vinho, e da fermentação da cana-de-açucar resulta um caldo que
depois é transformado em alcoól ou cachaça.

Alguns fungos são utilizados também na fermentação do leite do qual se fazem


queijos. E o pão – este alimento que faz parte de todas as nossas refeições – é
obtido a partir de fermento biológico, que nada mais é que um fungo.

Actualmente, as novas técnicas agrícolas têm dado grande importância um grupo


de fungos denominados micorrizas, que vivem em associação com raízes de
plantas.
B0221 91

Os micorrizas fazem com que as plantas a que estão associadas consigam


absorver melhor os nutrientes do solo, aumentando sua capacidade de
desenvolvimento.

Sumário
Os fungos apresentam um conjunto de características próprias que permitem sua
diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila, não tem celulose na sua
parede celular, excepto alguns fungos aquáticos, não armazenam amido como
substância de reserva, presença de quitina na parede e capacidade de armazenar
glicogénio.

Os fungos saprófitos, por exemplo, são muito importantes para o meio ambiente,
os fungos são comestíveis e outros são fundamentais para a produção de
alimentos.

Actualmente, as novas técnicas agrícolas têm dado grande importância um grupo


de fungos denominados micorrizas, que vivem em associação com raízes de
plantas.

Exercícios

1. Quais são as diferenças entre os fungos e as plantas?

2. Quais são os principais componentes da parede celular dos fungos?


Auto-avaliação
3.O que são micorrizas?
92 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 16

Fungos

Introdução
Caro estudante, os fungos constituem um grupo de seres vivos com uma variada
gama de utilidades tanto, para o Homem como para o ambiente. A classificação
dos fungos é baseada, nas suas características, bem como na composição das suas
estruturas de revestimento.

Em alguns casos, também se tem em conta o tipo de reprodução. Portanto, nesta


unidade, está convidado para uma discussão sobre o assunto.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a classificação dos fungos.


 Caracterizar cada grupo de fungos.
 Descrever os diferentes grupos de fungos.
Objectivos  Conhecer os critérios de classificação dos fungos

 Relacionar o grupo com as características do fungos.

Micologistas – indivíduos que estudam os fungos.

Esporangióforo – ramificação miceliana especializada que contém um


esporângio.
Terminologia

Conídios – esporos assexuados que podem ter uma ou várias células de


formas e tamanhos diversos.
B0221 93

16.1 Classificação dos Fungos


A classificação dos fungos é baseada principalmente nas características dos
esporos sexuais e dos corpos de frutificação, na natureza de seus ciclos de vida
e nas características morfológicas de seus micélios vegetativos ou de suas
células (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Entretanto, muitos fungos produzem esporos sexuais sob certas condições


ambientais. Aqueles que possuem todos os estágios sexuais conhecidos são
denominados fungos perfeitos e os que não possuem, fungos imperfeitos. Os
fungos imperfeitos são classificados arbitrariamente, num primeiro momento, e
são colocados provisoriamente em uma classe especial denominada
Deuteromycetes. Quando o seu ciclo sexual é descoberto posteriormente, são
então reclassificados entre outras classes e recebem novos nomes (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

Os micologistas dividem o Reino Fungi em 3 principais grupos: os fungos


limosos, os fungos inferiores flagelados e os fungos terrestres (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

Os fungos limosos são considerados um enigma biológico e taxonômico porque


não são nem um fungo típico, nem um protozoário típico. Durante uma de suas
etapas de crescimento, assemelham-se aos protozoários porque não possuem
parede celular, possuem movimentos amebóides e ingerem nutrientes
particulados. Durante a etapa de propagação, formam corpos de frutificação e
esporângios apresentando esporos com paredes, como nos fungos típicos.
Vivem em água doce, em solo húmido e em vegetais em decomposição (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os fungos inferiores flagelados incluem todos os fungos, com excepção dos


limosos, que produzem células flageladas em alguma fase do seu ciclo de vida.
Alimentam-se pela absorção dos alimentos. A grande maioria é filamentosa,
produzindo um micélio cenocítico. Muitos são unicelulares ou unicelulares com
rizóides. A reprodução sexuada pode ocorrer por vários meios; a reprodução
assexuada ocorre mediante a produção de zoósporos. Podem ser parasitas ou
saprófitas, que vivem no solo ou água doce (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
94 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Os fungos terrestres são as espécies mais conhecidas entre os fungos. Este


grupo inclui as leveduras, bolores, orelhas-de-pau, mofo, fungos em forma de
taça, ferrugem, carvão, bufa-de-lobo e cogumelos. Todos caracterizam-se pela
nutrição através da absorção e, com excepção das leveduras, a maioria produz
um micélio bem desenvolvido constituído de hifas septadas ou cenocíticas. As
células móveis não são encontradas nos fungos terrestres. A reprodução
assexuada ocorre através de brotamento, fragmentação e produção de
esporangióforos ou conídios. A reprodução sexuada envolve a produção de
zigósporos, ascósporos ou basidiósporos (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Existem quatro principais grupos de fungos terrestres: Zygomycetes,


Ascomycetes, Basidiomycetes e Deuteromycetes (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).

16.1.1 Zygomycetes
Os membros desta classe são chamados de zigomicetos e há cerca de 600
espécies encontradas em todo mundo. Eles produzem esporos sexuais chamados
zigósporos, que permanecem dormentes por um tempo. Suas hifas são
cenocíticas (não têm septo). Muitos zigomicetos vivem no solo sobre matéria
orgânica animal ou vegetal em decomposição; alguns são parasitas de plantas e
animais. Alguns zigomicetos são utilizados na elaboração de produtos
comercialmente valiosos, como molho de soja, ácidos orgânicos esteróides para
drogas contraceptivas e antiinflamatórias (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Um zigomiceto comum é o bolor preto do pão, Rhizopus stolonifer. O pão


torna-se embolorado quando o esporo do bolor cai sobre ele, germinando e
crescendo como uma massa de fios, o micélio. As hifas penetram no pão e
absorvem nutrientes. Algumas hifas, chamadas estolões, crescem
horizontalmente; outras, chamadas rizóides, ancoram os estolões no pão.
Eventualmente, certas hifas crescem para cima e desenvolvem um esporângio,
ou saco de esporos, na extremidade. Agregados de esporos esféricos pretos
desenvolvem-se dentro do esporângio e são liberados quando este se rompe. A
reprodução sexual pode ocorrer quando hifas de dois tipos diferentes (+ e -)
crescem em contato uma com a outra (figura 10). Não há diferenciação sexual
morfológica, de modo que não é próprio referir-se a linhagens feminina e
masculina. Quando as hifas de dois tipos encontram-se, hormônios são
produzidos, fazendo com que suas extremidades cresçam juntas. Os núcleos + e
B0221 95

- fundem-se e formam um núcleo diplóide, o zigoto, chamado de zigósporo. O


zigósporo pode permanecer dormente por vários meses. A meiose
provavelmente ocorre no momento ou um pouco antes da germinação do
zigósporo. Quando este germina, uma hifa aérea desenvolve-se com um
esporângio na extremidade. Cada esporo formado é capaz de tornar-se um novo
micélio (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 15: O ciclo de vida do bolor preto do pão, Rhizopus stolonifer. Após
ruptura da parede do esporângio, os esporangiósporos são liberados. Um
esporangiósporo germina para desenolver um talo micelial, os rizóides penetram
no meio e os esporangiósporos dão origem ao esporângio, completando a fase
assexuada do ciclo de vida. A reprodução sexuada requer dois mating types (+ e -
) sexualmente compatíveis. Quando entram em contato, são formadas
ramificações de copulação denominadas progametângio. Eles logo se fundem, os
protoplasmas misturam-se (através da plasmogamia) e os núcleos + e – também
se fundem (através da cariogamia) para formar muitos núcleos zigotos. A
estrutura contendo o núcleo torna-se corada em preto e com aspecto verrugoso,
formando o zigósporo diplóide maduro, que repousa em estado dormente por 1 a
3 meses ou mais. O zigósporo germina para formar um novo organismo haplóide
e a meiose ocorre durante o processo de germinação (fonte: Pelczar Jr, Chan, &
Krieg, 1996).

16.1.2 Ascomycetes
Os ascomicetos constituem um grande grupo de mais ou menos 30.000 espécies
descritas. Recebem também o nome de fungos de saco pois seus esporos sexuais
são produzidos em pequenos sacos chamados ascos. Suas hifas geralmente têm
septos, porém as paredes transversais sãoperfuradas, permitindo o movimento do
citoplasma (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).
96 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Os ascomicetos variam na complexidade, desde leveduras unicelulares até mofos


multicelulares e fungos em forma de taça. Eles incluem a maioria dos bolores
esverdeados, rosas e marrons que estragam os alimentos e as trufas comestíveis.
Os ascomicetos desempenham um papel ecológico importante na degradação de
moléculas animais e vegetais resistentes como a celulose, lignina e o colágeno
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Na maioria dos ascomicetos, a reprodução assexuada envolve a produção de


esporos, chamados conídios. Estes esporos desprendem-se das extremidades de
certas hifas conhecidas como conidióforos (que contêm os esporos). Algumas
vezes chamados de "esporos de verão", os conídios são um meio de rápida
propagação do novo micélio. Eles variam na forma, tamanho e cor, nas diferentes
espécies; a cor do conídio é que dá a característica preta, azul, verde, rosa ou
outra, a muitos destes bolores (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

A reprodução sexual ocorre após duas hifas crescerem juntas e unirem seus
citoplasmas. Dentro desta estrutura fundida, os dois núcleos ficam juntos, porém
não se fundem. Novas hifas desenvolvem-se a partir desta estrutura; as células
destas hifas são dicarióticas (2 núcleos). Estas hifas formam o corpo de
frutificação conhecido como ascocarpo, onde o asco se desenvolve. Dentro de
cada célula que irá se desenvolver num asco, os dois núcleos fundem-se e
formam um núcleo diplóide, o zigoto. Cada zigoto sofre meiose e origina 4
núcleos haplóides. Cada um destes passa por uma mitose, resultando na formação
de 8 núcleos. Estes, quando separados, formam os ascósporos. Assim, dentro de
um asco, há 4 ascósporos, que são liberados quando este se rompe. A figura 11
mostra o ciclo de vida do ascomiceto Neurospora sp (Pelczar Jr, Chan, & Krieg,
1996).
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Figura 16: Ciclo de vida de Neurospora sp. O elemento feminino é representado pelo
protoperitécio. Os elementos masculinos são os conídeos, que podem fornecer núcleo
para um protoperitécio. Isto resulta na formação de ascos que produzem ascósporos
haplóides gerados por fusão sexual do núcleo de duas diferentes cepas. A Neurospora
pode também reproduzir-se assexuadamente através de conídios (fonte: Pelczar Jr, Chan,
& Krieg, 1996).

16.1.3 Basidiomycetes
Esta divisão tem mais de 25.000 espécies e inclui os fungos mais familiares,
como os cogumelos, as orelhas-de-pau, além de importantes parasitas de plantas,
como os fungos do carvão e da ferrugem (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os basidiomicetos formam seus esporos sexuais dentro de estruturas chamadas


basídios. Na extremidade de cada um destes são formados 4 basidiósporos.
Quando são liberados e encontram ambiente apropriado, desenvolvem-se num
novo micélio. O corpo vegetativo de um basidiomiceto, tal como o do cogumelo
comestível Agaricus campestris, consiste em uma massa de hifas brancas, tipo
fios, ramificadas, que fica geralmente abaixo da terra. Massas compactas de hifas,
chamadas botões, desenvolvem se ao longo do micélio. Os botões desenvolvem-
se numa estrutura que popularmente chamamos de cogumelo, que consiste de
uma haste (estipe) e um "chapéu", e que na verdade é o basidiocarpo (figura 12)
(Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Os basídios estão localizados em lamelas que existem na superfície inferior dos


chapéus. Cada fungo individual produz milhões de basidiósporos, e cada um pode
formar, potencialmente, um novo micélio primário. As hifas deste micélio têm
células monocarióticas. Quando duas hifas de tipos diferentes se juntam, elas se
fundem, porém seus núcleos não. Assim é formado o micélio secundário, com
98 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

hifas dicarióticas. Estas hifas podem crescer e formar massas compactas, que são
os basidiocarpos ou cogumelos. Nas nervuras destes, os núcleos se fundem,
formando zigotos diplóides. Estes sofrem meiose e originam 4 núcleos haplóides,
que se localizam na superfície do basídio, como dedos, e vão formar os
basidiósporos (figura 13) (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 17: O cogumelo é um corpo de frutificação, ou basidiocarpo, que é uma massa de


hifas compactas (fonte: Bossolan, 2002).

Figura 18: Ciclo de vida de um cogumelo, um basidiomiceto típico. Um basidiocarpo


desenvolve-se apartir do micélio, uma massa de "fios" entrelaçados, que fica abaixo da
terra. Na superfície inferior do"chapéu" estão as lamelas, onde se desenvolvem – se os
basídios, que irão produzir os basidiósporos. Quando os esporos alcançam um ambiente
propício, podem se desenvolver e originar um novo micélio (fonte: Bossolan, 2002).
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16.1.4 Deuteromycetes
Em torno de 25.000 fungos são classificados como deuteromicetos, que também
são conhecidos como "fungos imperfeitos". Assim são chamados porque não
observa-se o estágio sexuado em seu ciclo de vida. A maioria dos deuteromicetos
reproduzem-se somente por esporos assexuais ou conídios (figura 25). Neste
aspecto, lembram os estágios assexuais de ascomicetos e basidiomicetos, que
também produzem esporos assexuais. Desta forma, acredita-se que alguns
deuteromicetos possam ser ascomicetos ou basidiomicetos que perderam a
capacidade de formar ascos ou basídios (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Entre os gêneros economicamente importantes desta divisão estão o Penicillium e


o Aspergillus. Algumas espécies de Penicillium produzem o conhecido
antibiótico penicilina, enquanto outras espécies dão sabor e aroma a queijos com
Roquefort e Camembert. Espécies de Aspergillus são usadas para fermentar
pastas e molhos de soja, além de produzir ácido cítrico comercialmente (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Outros fungos imperfeitos são causadores de certas doenças, como Candida


albicans, que causa a candidíase, uma doença da mucosa da boca, vagina e trato
alimentar (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Sumário
Os fungos são um vasto grupo de organismos heterotróficos classificados como
um reino pertencente ao Domínio Eukaryota. Os fungos ocorrem em todos os
ambientes do planeta e incluem importantes decompositores e parasitas. Fungos
parasitas infectam animais, incluindo humanos, outros mamíferos, pássaros e
insectos, com resultados variando de uma suave comichão à morte.

Outros fungos parasitas infectam plantas, causando doenças como o


apodrecimento de troncos e aumentando o risco de queda das árvores. A
classificação dos fungos é controversa, no entanto, distinguiremos dois grandes
grupos no Reino Fungi: Eumycota (fungos verdadeiros), com aproximadamente
100 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

100 mil espécies distribuídas em cinco classes (oomicetos, ficomicetos,


ascomicetos e deuteromicetos), e Mixomycota (fungos gelatinosos).

Em certas etapas do seu ciclo vital, os mixomicetos lembram protozoários


sarcodíenos, como as amebas, reproduzindo-se apenas de modo assexuado por
bipartção; em outras, desenvolvem estruturas sexuais reprodutivas, características
dos fungos verdadeiros. Por isso, a sua classificação como fungo ainda é bastante
controversa e muitos cientistas já os consideram como seres pertencentes ao
Reino Protista.

As leveduras e os bolores são os tipos de fungos, mas eles diferem na sua


morfologia.

Exercícios

1. Porque se diz que em certas etapas do seu ciclo vital, os mixomicetos


lembram protozoários sarcodíenos, como as amebas?

Auto-avaliação 2. Quais são as classes do eumycota?

a) Mencione uma espécies para cada classe.

3. De um modo geral quais sao as caracteristicas dos mixomycota?

4. Quantos e quais são os tipos de fungos?


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Unidade 17

Fungos

Introdução
Caro estudante, bem vindo a unidade sobre a morfologia e nutrição dos fungos.
Nesta unidade iremos discitir a morfologia dos fungos relacionando com as
diferentes divisões e e relação dos fungos no meio ambiente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a morfologia dos fungos.

 Explicar a nutrição dos fungos.


Objectivos  Descrever a nutrição dos fungos.
 Caracterizar a nutrição dos fungos.

 Distinguir as formas de nutrição dos fungo.

Talo – corpo vegetal ou microbiano, sem qualquer sistema de tecidos ou


órgãos, que pode variar desde uma única célula até uma estrutura
multicelular ramificada.
Terminologia
Celulose – polissacarídeo complexo constituido de várias moléculas de
glicose.

Glicanas – polímeros de glucose.

17.1 Morfologia dos fungos


As leveduras e os bolores são fungos, mas eles diferem na sua morfologia. As
leveduras são unicelulares e geralmente são maiores do que a maioria das
102 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

bactérias, variando em tamanho de 1 a 5 µm em largura e 5 a 30 µm ou mais em


comprimento. São normalmente ovais, mais algumas vezes são alongadas ou
esféricas. As leveduras não têm flagelos nem outros meios de locomoção (Pelczar
Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Diferentemente das leveduras unicelulares, os bolores são organismos


multicelulares que aparecem como filamentos sob baixa ampliação. Com grande
ampliação, os bolores parecem uma floresta diminuta com muitas regiões. O
corpo, ou talo de um fungo filamentoso, consiste em um micélio e nos esporos
latentes. Cada micélio é uma massa de filamentos chamada hifa. Cada hifa tem
em torno de 5 a 10 µm de largura e é formada pela reunião de muitas células. As
paredes rígidas das hifas são formadas de quitinas, celulose e glicanas (Pelczar Jr,
Chan, & Krieg, 1996).

As hifas podem ser classificadas como cenocíticas ou como septadas (figura 14).
As hifas cenocíticas não têm septo, que é formado por invaginação da parede
celular entre as células que formam um longo filamento. Cada hifa cenocítica é
essencialmente uma célula longa contendo muitos núcleos. As hifas septadas têm
um septo que divide os filamentos em células distintas contendo núcleos.
Entretanto, existe um poro em cada septo que permite que o citoplasma e os
núcleos mogrem entre as células (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Muitos fungos patogénicos exibem dimorfismo, existindo seja em uma forma


unicelular como leveduras ou em uma forma filamentosa. A fase de levedura está
presente quando o organismo é um parasita, e a forma filamentosa quando o
organismo é saprófita no seu habitat natural (tal como o solo) ou em meio de
laboratório incubado a temperatura ambiente (Pelczar Jr, Chan, & Krieg, 1996).

Figura 19: Tipos morfológicos de hifas nos fungos.A hifa conocítica não
apresenta septos transversais. As hifas septadas podem apresentar células
mononucleadas (um núcleo por célula) ou multinucleadas (dois ou mais núcleos
por célula); os septos transversais apresentam um poro central, através do qual o
citoplasma e os nucléolos podem migrar de um compartimento para outro (fonte:
Bossolan, 2002)
B0221 103

17.2 Nutrição dos Fungos


Os fungos são heterotróficos, obtêm sua energia pela ruptura de moléculas
orgânicas, e não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas
inorgânicas como as plantas fazem. Eles alimentam-se pela secreção de
exoenzimas no substrato ao redor. Estes fragmentos moleculares ou mais
precisamente exoenzimas funcionam como as enzimas digestivas dos animais,
rompendo moléculas orgânicas grandes, porém funcionam do lado de fora do
organismo. Os fragmentos moleculares (exoenzimas) são então absorvidos pelas
células fúngicas.

Os fungos ocupam dois nichos ecológicos, o de decompositores ou saprófitas e o


de parasitas. A única diferença entre decompositores e fungos parasitas é que este
último desenvolve – se em organismos vivos, enquanto o outro, desenvolve-se em
organismos mortos. Muitos fungos decompositores vivem como micorrizas, em
relações simbióticas com plantas. Alguns dos fungos decompositores também são
considerados "parasitas facultativos", crescendo em organismos enfraquecidos ou
agonizantes.

Entre os fungos predadores existem espécies que são insectívoras ou


helmintívoras (comedoras de vermes, especialmente nematódeos). As espécies
insectívoras produzem substâncias pegajosas que prendem insectos, enquanto os
fungos helmintívoros produzem substâncias que drogam e imobilizam os
nematódeos, sendo então consumidos. Alguns fungos, usualmente ascomycetes,
vivem como líquens. Um líquene é uma relação simbiótica muito estreita entre
um fungo e um organismo fotossintético, usualmente uma cianobactéria ou uma
alga verde. Um líquene comporta-se de forma tão semelhante a um organismo
único que são classificados em géneros e espécies.

Sumário
Os fungos são heterotróficos, obtêm sua energia pela ruptura de moléculas
orgânicas, e não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas
inorgânicas como as plantas fazem. Eles alimentam-se pela secrecção de
exoenzimas no substrato ao redor.

Os fungos ocupam dois nichos ecológicos, o de decompositores ou saprófitas e o


de parasitas. Alguns fungos, usualmente ascomycetes, vivem como líquens. Um
104 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

líquene comporta-se de forma tão semelhante a um organismo único que são


classificados em géneros e espécies.

Exercícios

1. As leveduras são móveis?

2. Quais são os termos associados com a morfologia dos fungos


Auto-avaliação filamentosos?

3. O que é dimorfismo? Qual é a sua aplicação prética nos laboratórios


de microbiologia?

4. Como é que os fungos heterotróficos, obtêm sua energia?

5. Porque se considera que os fungos ocupam dois nichos ecológicos?

6. Alguns fungos, usualmente ascomycetes, vivem como líquens. Explique


o que é líquene.
B0221 105

Unidade 18

Fungos

Introdução
Caro estudante, como discutimos na unidade anterior a morfologia e a nutrição
dos fungos. Nesta unidade iremos discutir a reprodução dos fungos..

Os fungos como qualquer outro grupo dos seres vivos, propaga-se através do
fenómeno da reprodução. Nestes seres vivos, pode-se notar a reprodução sexuada
e assexuada, dependendo do grupo, características e condições.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o ciclo de reprodução sexuada e assexuada dos fungos.


 Caracterizar o ciclo de reprodução sexuada e assexuada dos
fungos.
Objectivos  Descrever o ciclo de reprodução sexuada e assexuada dos fungos.
 Distinguir o ciclo de reprodução sexuada do assexuado dos
fungos

 Relacionar o ciclo de reprodução e respectivos fungos.

 Descrever os principais grupos ecológicos dos fungos.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia
106 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

18.1 Reprodução dos Fungos


Os fungos, são seres vivos com, a reprodução sexuada e assexuada, dependendo
do grupo, características e condições:

18.1.1 Sexuada:

Os Micélios dos fungos são tipicamente haplóides. Quando os micélios de


diferentes sexos se encontram, eles produzem duas células esféricas
multinucleadas que formam uma ponte de acasalamento. O resultado é o núcleo
movendo-se de um micélio para o outro, formando um heterocário (significando
diferentes núcleos). Isto é chamado plasmogamia. A fusão actual para formar
núcleos diplóides é chamada cariogamia, e não deve acontecer até que os
esporângios estejam formados.

No grupo Zygomycota, o heterocário produz múltiplos corpos frutificantes, na


forma de minúsculos caules com esporângios no fim. A maioria dos ascomycetes
produz corpos frutificantes chamados ascocarpos, compostos inteiramente de
hifas. Estes são usualmente em forma de tigela ou taça, mas alguns possuem
estruturas semelhantes a esponjas. Dentro das "taças", cada hifa termina em um
ascus, que produz quatro ou oito esporos.

No grupo Basidiomycota, o heterocário produz um novo micélio que pode viver


por anos sem formar um corpo frutificante. Os familiares cogumelos são
exemplos destes. Eles geralmente possuem uma haste, composta basicamente por
hifas, e um "chapéu" (que é o micélio) , embaixo destes há estruturas foliáceas
chamadas lamelas. Na superfície de cada lamela há numerosas células-hifas
chamadas basídios, com 4 basídeosporos na extremidade externa (exogenamente).
Este corpo frutificante multicelular complexo chama-se basidiocarpo sendo
frequentemente aberto mas por vezes pode ser fechado.

18.1.2 Heterotalismo:
Em alguns fungos não existe diferenciação sexual no aspecto morfológico,
contudo apresentam diferenças sexuais fisiológicas dizendo-se existirem
linhagens positivas e negativas. Estes fungos são designados heterotálicos,
(heteros=dissemelhante). Nestes fungos a reprodução sexual só pode ocorrer entre
talos com linhagens positivas e negativas.
B0221 107

A reprodução sexual é isogâmica: envolve a conjugação de dois gametas


similares. Durante a conjugação as duas hifas contendo linhas positivas e
negativas ligam-se (heterotalismo). As hifas conjugadas produzem um
progametângio em forma de taco que liberta a sua extremidade (chamada
gametângio). Os gametângios fundem-se, a parede mediana dissolve-se e os
núcleos fundem-se em pares, formando um zigoto. Este desenvolve uma parede
grossa e resistente formando o zigosporo. Cada zigosporo, ao germinar, produz
um promicélio que desenvolve um esporangio na sua extremidade. Quando o
esporângio rompe, os esporos libertam-se e germinam produzindo novos
micélios.

18.1.3 Assexuada:
A maioria dos Ascomycetes reproduzem-se assexuadamente, por exemplo através
da produção de esporos chamados conídios (significando "poeira" em grego), que
se formam a partir de tipos especializados de hifas chamados conidiósporos. Em
alguns fungos, a reprodução sexuada foi perdida, ou é desconhecida. Estes foram
originalmente agrupados na divisão Deuteromycota, ou os Fungos imperfeitos,
uma vez que o critério primário de classificação dos fungos é a reprodução
sexuada, porém são agora classificados como seu grupo ancestral.

Excepto entre os chytrids, onde os esporos são propelidos por um flagelo


posterior, todos os esporos fúngicos são imóveis. Desenvolvem-se em novos
micélios, que invadem um substrado e repetem o ciclo de vida. Estes podem
tornar-se muito grandes, frequentemente atingindo metros de tamanho; os anéis
de fada são um exemplo.

18.1.4 Reprodução Parassexuada


Sistema de recombinação genética sem ocorrência de meiose, peculiar em fungos.

A reprodução parassexuada consiste na fusão de hifas e formação de um


heterocarion que contém núcleos haplóides. Apesar de ser raro, o ciclo
parassexual é importante na evolução de alguns fungos. O ciclo parassexual
consiste na união ocasional de diferentes hifas monocarióticas (de indivíduos
diferentes) originando uma hifa heterocariótica em que ocorre fusão nuclear e
“crossing-over” mitótico. Posteriormente há a formação de aneuplóides por erros
mitóticos e então o retorno ao estado haplóide por perda cromossômica. Desta
forma são formadas hifas homocarióticas recombinantes. Entretanto, acredita-se
que este processo não seja muito comum em condições naturais devido à
108 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

existência da incompatibilidade somática que impede que hifas de micélios


diferentes se anastomosem ao acaso, processo que é evolutivamente interpretado
como um mecanismo de segurança e preservação do genoma original.

18.2 Principais grupos ecológicos dos fungos


A ecologia dos fungos inclui seus reservatórios no ambiente e as fontes de
infecção (Spicer, 2002).

Reservatórios ambientais

Os reservatórios ambientais representam a ecologia natural de muitos fungos, p.


ex., daqueles que vivem livremente no solo ou no ar. Estes reservatórios são a
fonte da maioria dos fungos patogénicos para o homem, com a infecção
ocorrendo após a inalação ou o implante. Os dermatófitos geofílicos (“amantes do
solo”) vivem no solo (Spicer, 2002).

Alguns fungos ocupam nichos ecológicos particulares, por exemplo:

 Cryptococcus neoformans: solos e prédios contaminados com


excrementos de pombo: o elevado teor de ureia serve como nutriente para
o fungo.

 Sporothrix schenckii: espinhos de rosa e vegetação em decomposição.

 Histoplasma capsulatum: solos contaminados com excrementos de


morcego, estorninho e galinha.

Além disso, alguns fungos apresentam uma distribuição geográfica particular:

 Blastomyces dermatitidis está limitado à América do Norte e a alguns


focos na África.

 Coccidioides immitis está limitado a áreas quentes e secas no sudoeste


dos EUA e nnas Américas Central e do Sul.

 Paracoccidioides brasiliensis está limitada às Américas Central e do Sul.

Animais

Os dermatófitos zoofílicos (“amantes dos animais”) obviamente vivem na


superfície (e infectam) de animais, como gatos, cachoros e cavalos (Spicer, 2002).
B0221 109

O homem

Duas leveduras comumente fazem parte da nossa flora normal: Candida albicans
– na pele e na mucosas – e Pityrosporum ovale – na pele rica em nutrientes
lipídicos, provenientes das glândulas sebáceas. Em terceiro lugar, os dermatófitos
às vezes são encontrados na ausência de sintomas, provavelmente como
colonizadores (Spicer, 2002).

Sumário
Os fungos, sao seres vivos com, a reprodução sexuada e assexuada, dependendo
do grupo, caracteristicas e caracteristicas e condições. Na sexuada, os Micélios
dos fungos são tipicamente haplóides. A fusão actual para formar núcleos
diplóides é chamada cariogamia, e não deve acontecer até que os esporângios
estejam formados. No grupo Zygomycota, o heterocário produz múltiplos corpos
frutificantes, na forma de minúsculos caules com esporângios no fim. A maioria
dos ascomycetes produz corpos frutificantes chamados ascocarpos, compostos
inteiramente de hifas.

Também, pode ocorrer o heterotalismo, pelo facto de fungos não existe


diferenciação sexual no aspecto morfológico, contudo apresentam diferenças
sexuais fisiológicas dizendo-se existirem linhagens positivas e negativas. Nestes
fungos a reprodução sexual só pode ocorrer entre talos com linhagens positivas e
negativas. A reprodução sexual é isogâmica: envolve a conjugação de dois
gametas similares. Durante a conjugação as duas hifas contendo linhas positivas e
negativas ligam-se (heterotalismo). A maioria dos Ascomycetes, reproduzem-se
assexuadamente, por exemplo através da produção de esporos chamados conídios
(significando "poeira" em grego), que se formam a partir de tipos especializados
de hifas chamados conidiósporos.

A reprodução parassexuada, e caraacterizado por um sistema de recombinação


genética sem ocorrência de meiose, peculiar em fungos. A reprodução
parassexuada consiste na fusão de hifas e formação de um heterocarion que
contém núcleos haplóides. O ciclo parassexual consiste na união ocasional de
diferentes hifas monocarióticas (de indivíduos diferentes) originando uma hifa
heterocariótica em que ocorre fusão nuclear e “crossing-over” mitótico.
Posteriormente há a formação de aneuplóides por erros mitóticos e então o
110 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

retorno ao estado haplóide por perda cromossômica. Desta forma são formadas
hifas homocarióticas recombinantes.

Exercícios

1. Explique como ocorre a plasmogamia.

2. O que entendes por heterotalismo?


Auto-avaliação
3. Descreve a reprodução sexual é isogâmica.

4. A maioria dos Ascomycetes reproduzem-se assexuadamente. Como


ocorre este tipo de reprodução?

5. Em que consiste a reprodução parassexuada?


B0221 111

Unidade 19

Cultura de microorganismo

Introdução
Caro estudante, bem vindo a unidade sobre as exigências nutricionais dos
microrganismos. Nesta unidade iremos discutir os diferentes grupos nutricionais
dos microrganismos que garantem a sobrevivência deste grupo de seres vivos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar os grupos nutricionais dos microrganismos.


 Explicar os grupos nutricionais dos microrganismos.

Objectivos  Descrever os grupos nutricionais dos microrganismos.


 Distinguir os grupos nutricionais dos microrganismos.

 Compreender os grupos nutricionais dos microrganismos.

Antibióticos – substância de origem microbiana que, em pequenas


quantidades, tem actividade antimicrobiana.
Terminologia
Ágar – um polissacarídeo extraído de algas vermelhas (Rhodophyceae)
utilizado como agente solidificante em meios de cultura microbiológicos.
112 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

19.1 Exigências nutritivas


Os microrganismos, quanto a exigência nutritiva, podem ser classificados
segundo a tabela que se segue a baixo. Antes de discutir o tema proposto, iremos
falar dos meios utilizados para o cultivo de microrganismos:

 Nutrientes nitrogênio-amínico - peptonas, infusões, extractos .....


 Fonte de energia - glicose.
 Factores de promoção de crescimento - sangue, soro, vitaminas,
NADH .
 Tampão fosfato, para manutenção de pH em meios de fermentação -
sais de fosfato acetatos e citratos solúveis
 Sais minerais e metais, para melhorar o crescimento - PO4-2, SO4-2,
Ca+2, Mg+2, Fe+2, Mn+2 e metais;
 Agentes selectivos - reagentes químicos, antibióticos, e tinturas
inibidoras
 Corantes indicadores, úteis para indicar mudanças de pH no meio,
durante e depois do crescimento de microrganismos - fenol vermelho,
vermelho neutro, bromocresol púrpura.
 Agentes gelificantes - ágar, gelatina.

Fonte de
Grupo Nutricional Fonte de Carbono Exemplos
Energia

compostos bactérias nitrificantes


Quimioautotróficos CO2
inorgânicos do Fe, H e S

muitas bactérias,
compostos compostos
Quimioheterotróficos fungos, protozoários e
orgânicos orgânicos
animais

bactérias sulfurosas
Fotoautotróficos CO2 luz verde e púrpura, algas,
plantas e cianofíceas

compostos bactérias púrpuras e


Fotoheterotróficos luz
orgânicos verdes não enxofradas
B0221 113

19.2 Características de Alguns Produtos Usados no Cultivo de


Microrganismos:

Ingredientes Características

uma mistura de 2 polissacarídeos, obtido de algas marinhas,


usado para solidificar o meio; insolúvel em água fria, gelifica
Agar a <45oC. Não serve como nutriente para a maioria dos
microrganismos e não é metabolizado durante seu
crescimento

extrato aquoso de tecido muscular, concentrado sob a forma


Extrato de Carne de pasta, contém carboidratos, compostos orgânicos de
nitrogênio, vitaminas hidrossolúveis e sais

preparado de bilis de boi fresca, usado como agente inibidor


Sais Biliares
seletivo em bacteriologia

é um digerido pancreático de caseína, uma fonte importante


Caseína
de nitrogênio-amínico

Corantes fazer uso somente daqueles certificados pela CSBS

Gelatina um produto protéico purificado, usado para solidificar o meio

um hidrolisado pancreático de gelatina que possue um


Gelisato
conteúdo escasso de cistina, triptofano e carboidrato

Infusões usa-se infusões de coração de boi ou de bezerro, e de cérebro

digerido enzimático de protéinas, adequado p/ muliplicação


Neopeptona
de organismos cuja cultura in vitro se considera difícil

Ox-Gall constituído por bilis fresca purificada; é um agente inibidor

um produto da digestão enzimática da carne, solúvel em água


Peptona e formada por polipeptídeos, água e oligossacarídeos. Se trata
de uma peptona para uso geral

peptona vegetal preparada por digerido de farinha de soja com


Fitona papaína, útil para culturas de organismos de multiplicação
difícil
114 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

mistura de peptonas (tripticase + thiotone) para uso em meios


Polipeptona
que requerem ambas proteínas

uma peptona especializada, preparada por digestivos de carne


Proteose Peptona fresca selecionada com papaína, útil para produção de toxinas
microbianas

hidrolizado anzimático de farinha de sementes de soja,


Soytona
adequados para meios que não há hidratos de carbono

todos devem ser quimicamente puros e adequados para fins


Açúcares
bacteriológico

preparado por digestivo péptico de tecido animal; alto


Tiotona
conteúdo de enxofre, útil nas análises de formação do H2S

peptona derivada da caseína por digestão pancreática, fonte


Tripticase
rica em nitrogênio de aminoácidos

hidrolisado pancreático, fonte rica de nitrogênio-amínico;


Triptona destinado ao isolamento de cultivo de organismos de difícil
crescimento

extrato aquoso de células de leveduras lisadas, fonte excelente


Extrato de Levedura de substâncias estimulantes do crescimento como vitamina B;
contém compostos orgânicos de N e C

deve-se usar somente água desmineralizada, que não é tóxica


Água
aos microrganismos

Sumário
Os meios utilizados para o cultivo de microrganismos: nutrientes nitrogênio-
amínico, fonte de energia, factores de promoção de crescimento, tampão fosfato,
para manutenção de pH em meios de fermentação, sais minerais e metais, para
melhorar o crescimento, agentes selectivos, corantes indicadores e agentes
gelificantes.

Os grupos nutricionais dos microrganismos são: quimioautotróficos,


quimioheterotróficos, fotoautotróficos e fotoheterotróficos.
B0221 115

Os produtos usados no cultivo de microrganismos, são: agar, extrato de Carne,


sais biliares, caseína, corantes, gelatina, gelisato, infusões, neopeptona, peptona,
fitona, polipeptona, proteose peptona, soytona, açúcares, tiotona, tripticase,
extrato de levedura e água.

Exercícios

1. Quais são os grupos nutricionais de microrganismos?

2. Tendo em caracteristicas de produtos usados no cultivo de


Auto-avaliação microrganismos, distinga agar do extrato de carne.
116 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 20

Cultura de microorganismo

Introdução
Caro estudante, bem vindo a unidade sobre os tipos de meio alimentar. Os
microrganismos constituem fonte de muitas doenças embora, haja um
reconhecimento sobre as acções benéficas por desencadeadas.

Como forma de melhorar perceber e interpretar os aspectos relacionados com este


grupo de seres vivos, pode-se fazer culturas usando diferentes meios. Nesta
unidade iremos discutir os tipos de meio alimentar.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os tipos de meio alimentar para cultivo de


microrganismos.
 Caracterizar os meios anaeróbios para cultura de
Objectivos microrganismos.
 Descrever os meios anaeróbios para cultura de microrganismos.
 Distinguir os meios anaeróbios para cultura de microrganismos.

 Relacionar os meios anaeróbios para cultura de microrganismos.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia
B0221 117

20.1 Tipos de meio alimentar


O conjunto de substâncias nutritivas em que se cultivam os microorganismos em
laboratório chama-se meio de cultura. A composição varia ao infinito. Os meios
de cultura microbiológicos consistem em uma mistura de substãncias nutrientes
mais ou menos complexa, dependendo das exigências nutritivas da espécie em
estudo. As exigências são decorrentes do maior ou menor poder de síntese da
espécie. Alguns meios compõem-se apenas de soluções de sais inorgânicos,
outros se preparam com ingredientes complexos como extratos de tecidos ou
órgãos de animais. Outros consistem em tecidos vivos (cultivo de tecidos) usados
para Rickettsia e vírus (Monteiro, Cogo, & Filho, 2009).

Segundo Monteiro, Cogo, & Filho (2009), os meios de culturas podem ser
divididos em diversos grupos de acordo com a procedência, consistência,
composição e finalidade.

1. Quanto à procedência

 Meios naturais: são usadas substâncias assim como elas se apresentam


na natureza ou apenas com pequenas modificações, como cocção.
Exemplos: suco de tomate, batata e leite.

 Meios artificiais: são preparados no laboratório, pela mistura de diversas


substãncias. Exemplo: caldo simples e água peptonada.

2. Quanto à consitência: sólidos, semi-sólidos, xaroposos e líquidos.

A solidificação geralmente é feita acrescentando o ágar aos meios líquidos.


Aumentando ou diminuindo a percentagem do ágar, obtemos a variação da
consistência de acordo com a necessidade.

3. Quanto à composição

 Meios simples: são destinados ao cultivo de germes pouco exigentes ou


servem de base para outros meios. Exemplos: solução aquosa de sais
minerais, caldo simples, àgua peptonada e gelose simples.

 Meios enriquecidos: são meios adicionados de substâncias altamente


nutritivas, como proteínas termocoagulaveis (sangue, plasma sangíneo,
líquido de ascite), aminoácidos, extractos de órgãos de mamíferos,
proteína da soja, etc. Exemplos: ágar sangue e ágar soro. Usados no
cultivo de bactérias exigentes.
118 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

4. Quanto à finalidade

 Meios Selectivos: serve para selecionar um microrganismo permitindo


um tipo particular de microrganismo ou suprimindo o crescimento de
outros microrganismos. Exemplos: ágar sabourand para fungos; ágar
verde brilhante para Salmonella; o corante verde brilhante adicionado ao
meio inibe as bactérias Gram + comuns do trato intestinal; o ágar
feniletanol inibe o crescimento de Gram-negativas, mais não das Gram-
positivas. Recentemente os antibióticos vem sendo adicionado aos meios,
tornando-os seletivos para os microrganismos resistentes à estes agentes
antimicrobianos.
 Meios Diferenciais: servem para diferenciar os vários tipos de
microrganismos em uma placa com ágar. Por exemplo: se uma amostra
de secreção da garganta é semeada numa placa de ágar sangue, pode-se
diferenciar as batérias hemolíticas (produzem enzimas que lisam as
células vermelhas formando uma zona clara ao redor da colônia) das não
hemolíticas (que não dissolvem as células vermelhas, e portanto não
formam este halo ao redor das colônias).
 Meios Selectivos/Diferenciais: agem tanto como seletivos como
diferenciais, são particularmente úteis em microbiologia de saúde
pública, como na determinação da qualidade da água ou na identificação
de causas de infecção alimentar. Ágar MacConkey, contém sais biliares e
corante cristal violeta, os quais inibem o crescimento de Gram+ e
permitem o desenvolvimento de Gram-negativas, e ainda a lactose, que
distingue as Gram + (produtoras de ácido a partir do açúcar tornando-as
vermelhas) das Gram-negativas (não produtoras de ácido).
 Meios de Enriquecimento: utilizados para selecionar microrganismo
que está presente em determinado local, em pequenas quantidades com
relação à população. O meio favorece o crescimento da espécie desejada,
mas não o crescimento das outras espécies presentes em uma população
mista. Ao contrário do meio seletivo, nenhum agente inibido é utilizado
para prevenir o crescimento de microrganismos indesejáveis. Um
exemplo são as bactérias que oxidam o fenol-que podem ser isoladas de
amostras do solo, utilizando um meio de enriquecimento, constituido de
sais de amônia, e fenol como única fonte de carbono e energia-assim
somente os microrganismos capazes de oxidar o fenol estarão presente
em grande número depois de vários cultivos selectivos.
B0221 119

 Meios sintéticos: são meios de composição química bem definida,


constituídos de solução de sais minerais ou orgânicos, aminoácidos,
hidratos de carbono e vitaminas.
 Meios de Estocagem: utilizado para a manutenção da viabilidade e das
características fisiológicas de uma cultura, a qual pode exigir um meio
diferente daquele óptimo para o seu crescimento e desenvolvimento
rápido e luxuriante pode estar associado com a rápida morte celular.
Assim por exemplo: a glicose, que favorece com frequência o
crescimento, também desenvolve maior quantidade de ácidos no meio,
sendo preferível omitir a glicose na preparação de um meio de
estocagem.

Sumário
Na cultura de microrganismos em meios anaeróbios, para anaeróbios estritos,
como as arqueobactérias produtoras de metano por exemplo, o cuidado deve ser
maior. Deve-se: ferver o meio para que a maior parte do oxigênio dissolvido seja
retirado; adicionar o gás N2, livre de oxigênio, nos tubos contendo o meio;
adicionar um agente redutor.

Por exemplo: a cisteína remove os últimos traços de oxigênio; esterilização do


meio (recomendável a utilização de válvula de selagem no topo do frasco para
prevenir a entrada de oxigênio). Os meios de cultura para anaeróbios são: meios
selectivos, meios diferenciais, meios selectivos/diferenciais, meios de
enriquecimento e meios de estocagem.
120 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios

1. Porque os microbiólogos utilizam meios quimicamente definidos?

2. Porque o ágar é o agente solidificante ideal para uso em


Auto-avaliação microbiologia?

3. Explique as diferenças entre o meio selectivo e meio de


enriquecimento.
B0221 121

Unidade 21

Cultura de microorganismo

Introdução
Caro estudante, bem vindo a unidade sobre os meios bacteriológicos. Nesta
unidade iremos discitir os diferentes grupos nutricionais das bactérias que
garantem a sobrevivência deste grupo de seres vivos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar os grupos nutricionais dos microrganismos.


 Descrever os grupos nutricionais dos microrganismos.
 Distinguir os grupos nutricionais dos microrganismos.
Objectivos
 Compreender os grupos nutricionais dos microrganismos.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia

21.1 Meios bacteriológicos


Os meios escolhidos para o cultivo de bactérias específicas normalmente imitam
o habitat normal das mesmas, assim:

 para as bactérias que preferem os nutrientes encontrados no sangue -


adiciona-se sangue ao meio
122 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

 se a glicose é o constituinte comum de um nicho bacteriano - adiciona-se


o açúcar ao meio

Para aquelas bactérias que apresentam maiores exigências nutricionais -


fastidiosas - utiliza-se os meios complexos, citados acima na tabela, os quais
contêm uma grande variedade de substâncias orgânicas preparadas a partir de
matérias naturais

Alguns exemplos de meios quimicamente definidos utilizados no crescimento de


bactérias:

a) bactéria quimioautotrófica:
 fonte de nitrogênio - (NH4)2SO4

 fonte de carbono (na forma de CO2) - NaHCO3

 tampão e íons essenciais - Na2 HPO4 ; K2HPO4

 íons essenciais - MgSO4.7H2O ; FeCl3.6H2O ; CaCl2.2H2O

 solvente - H2O

b) bactéria heterotrófica não fastidiosa:

 fonte de energia e carbono - glicose (0.1%)

 fonte de nitrogênio, tampão e íons essenciais - NH4 H2PO4

 tampão e íons essenciais - KH2PO4

 íons essenciais - MgSO4.7H2O

 solvente - H2O

c) bactéria heterotrófica fastidiosa:


 fonte de carboidrato, nitrogênio orgânico, vitaminas, sais - extrato de
carne

 fonte de nitrogênio orgânico e algumas vitaminas - peptona

 íons e requerimento osmótico - NaCl

 solvente - H2O
B0221 123

Sumário
Os meios escolhidos para o cultivo de bactérias específicas normalmente imitam
o habitat normal das mesmas. Alguns exemplos de meios quimicamente definidos
utilizados no crescimento de bactérias: bactéria quimioautotrófica, bactéria
heterotrófica não fastidiosa e bactéria heterotrófica fastidiosa.

Exercícios

1. Como são classificados os meios quimicamente definidos utilizados no


crescimento de bactérias?

Auto-avaliação a) Explique as diferenças.

2. O que é um microorganismo fastidioso?

3. Como as fontes químicas de energia diferem entre as


quimioautotróficos e os quimioheterotróficos?
124 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 22

Cultura de microorganismo

Introdução
Caro estudante, bem vindo a unidade sobre as técnicas de cultura de
microrganismos. Depois de termos tratado na unidade anterior sobre o meio de
cultura. Para além, do conhecimento sobre o meio de cultura é importantes que se
tenha em conta as técnicas que devem ser levadas a cabo para a cultura de
microrganismos.

Este aspecto é deveras importante, porque somente com a observância das


técnicas de cultura de microrganismos é que se pode obter resultados esperados
embora, com mínimo o erro possível.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer técnicas de cultura de microrganismos.


 Explicar as técnicas de cultura de microrganismos.
 Descrever as técnicas de cultura de microrganismos.
Objectivos
 Distinguir as técnicas de cultura de microrganismos.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia
B0221 125

22.1 Técnicas de Cultura de Microrganismos


Uma população microbiana, sob condições naturais, contém muitas espécies
diferentes. Os microbiologistas devem ser capazes de isolar, enumerar, e
identificar os microrganismos em uma amostra, para então classificá-los e
caracterizá-los:

22.1.1 Isolamento e Cultivo de Culturas Puras:


Os microrganismos na natureza normalmente existem em cultura mistas, com
muitas espécies diferentes ocupando o mesmo ambiente. Ao determinar as
características de um microrganismo, ele deve estar em cultura pura, ou seja, em
que todas as células na população são idênticas no sentido de que elas se
originaram de uma mesma célula parental. Em laboratório, os microrganismos
são cultivados ou desenvolvidos em material nutriente denominado meio de
cultura. O tipo de meio utilizado depende de vários factores:

 considerações sobre a origem do material a ser analisado.

 a espécie que se imagina estar presente nesta amostra.

 as necessidades nutricionais dos organismos.

22.1.2 Técnicas de Isolamento de Microrganismos:


O material a ser analisado é colocado no meio de cultura-inóculo- O processo de
inoculação pode ser feito mediante:

 Técnica de esgotamento por meio de estrias superficiais: a amostra é


semeada na superfície do meio solidificado com uma alça de semeadura
para esgotar a população, assim em algumas regiões do meio, células
individuais estarão presentes.

 Técnica de semeadura em superfície: uma gota da amostra diluída é


colocada na superfície do ágar e com o auxílio de uma alça de semeadura
de vidro (alça de Drigalky) esta gota é espalhada sobre o meio.

 Método de pour-plate: a amostra é diluída em tubos contendo meios


liquefeitos (45 ºC). Após homogeneização são distribuídos em placas de
Petri; e após a solidificação dos meios as placas são incubadas. As
colónias se desenvolverão tanto acima quanto abaixo da superfície
(colónias internas).
126 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Em cada uma dessas técnicas o objectivo é diminuir a população microbiana,


assim as células individuais estarão localizadas a uma certa distância umas das
outras. As células individuais, se estiverem distante o suficiente, produzirão uma
colónia que não entra em contacto com outras colónias. Todas as células em uma
colónia têm o mesmo parentesco. Para isolar uma cultura pura, uma colónia
individual é transferida do meio para um tubo de ensaio.

Sumário
Na natureza, os microorganismos existem em culturas mistas. Antes de
identificar espécies individuais de uma população microbiana mista, é
necessário isolar as diferentes espécies em cultura pura. Uma vez obtida a
cultura pura, por meio de técnicas laboratoriais, é possível determinar as
características de identificação.

Exercícios

1. O que é uma cultura pura?

2. Distinguir uma cultura pura de uma cultura mista.


Auto-avaliação
3.Como as culturas puras são obtidas?

4. Descrever como as culturas podem ser isoladas?


B0221 127

Unidade 23

Cultura de microorganismo

Introdução
Caro estudante, depois de termos falado, na unidade anterior sobre as técnicas de
culturas puras. Seja bem vindo ao estudo sobre a conservação de culturas puras
porque uma vez os microorganismos tenham sido isolados em cultura pura, é
necessário manter as culturas vivas.

Como pode notar, e importante que faça a ligação entre esta unidade e a anterior,
porque numa analise, esta é continuidade da anterior.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a conservação das culturas puras.


 Explicar porque as culturas puras são conservadas a temperaturas
diferentes.
Objectivos  Descrever os métodos de conservação de culturas puras.

Liofilização – preservação de material biológico por congelamento e


desidratação rápida em alto vácuo.

Terminologia
128 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

23.1 Conservação das Culturas Puras


Uma vez que os microrganismos tenham sido isolados em cultura pura, é
necessário manter as culturas vivas por um período de tempo com o objectivo de
estudá-las. Para armazenar por um período curto (dias a meses, dependendo da
resistência do microorganismo) as culturas podem ser mantidas à temperatura de
refrigeradores (4 a 10 oC).

Alguns microorganismos, tal como Haemophilus influenza, devem ser


transferidos diariamente a um novo meio, caso eles estejam estocados por longo
período.

Para armazenar por um período longo, as culturas são mantidas em nitrogénio


líquido (-196 ºC) ou em freezers (-70 a -120 ºC), ou ainda congeladas, e então
desidratadas e fechadas à vácuo em um processo denominado liofilização.

Alguns dos mais usados métodos de conservação:

1. transferência periódica para meios novos.

2. sob camada de óleo mineral.

3. liofilização.

4. congelamento.

As colecções de culturas são bancos de microrganismos e outras células que estão


à disposição de pesquisadores, professores, investigadores de patentes, e todo
aquele que necessite estudar um tipo particular de microrganismos – um conjunto
de células de referência de uma colecção de cultura padrão. As células são
congeladas em cubas de nitrogénio líquido ou liofilizadas para resistir a qualquer
variação que possa destruir a identidade da célula original.

Sumário
Alguns dos mais usados métodos de conservação de cultura de
microrganismos: transferência periódica para meios novos, sob camada
de óleo mineral, iofilização e congelamento.
B0221 129

Exercícios
1. Diga quais são os mais usados métodos de conservação das culturas
puras?

Auto-avaliação 2. Como é que são preservadas as culturas puras?

3. Como é que são armazenadas as culturas por um período longo?

4. O que são colecções de culturas?


130 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Unidade 24

Aulas práticas

Introdução
Prezado estudante, o estudo teórico-prático com base científica da microbiologia
só foi possível com a invenção do microscópio. O microscópio é um instrumento
usado para ampliar o tamanho de objectos não visíveis a olho nú.

Nesta unidade, iremos abordar aspectos ligados aos tipos de microscopia e o


exame fresco.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os princípios da Microscopia;


 Identificar componentes do microscópio óptico;
 Conhecer os tipos de microscopia;
Objectivos  Definir exame a fresco e conhecer suas vantagens e
desvantagens;

 Detectar microrganismos numa preparação a fresco de fezes.

Insira aqui a terminologia nova que vai ser introduzida nesta unidade /
lição. Este elemento é completamente opcional. Se não quiser utilizar,
seleccione a tabela e faça: Table / Delete / Table a partir do menu
principal.
Terminologia
B0221 131

24.1 Observação de microorganismos no laboratório


O estudo morfológico dos microrganismos é fundamental para o Microbiologista.
Para obter o máximo rendimento do microscópio é necessário conhecer os
princípios em que se baseia a construção deste, bem como a sua constituição e
utilização correcta.

O microscópio deriva de micro (pequeno) scopio (ver) e, é um instrumento que


permite observar objectos demasiado pequenos para serem observados a olho nú.
Este instrumento serve de auxílio para diferentes áreas de estudo como: Citologia,
Histologia, Histopatologia, Microcirurgia e outras.

24.1.1 TIPOS DE MICROSCOPIA


24.1.1.1 MICROSCOPIA ÓPTICA

a. Composição do microscópio óptico: é composto de uma parte óptica e uma


parte mecânica;

. Parte Óptica: (fonte luminosa, condensador, sistemas de lentes objectivas e


oculares).

1. Fonte luminosa e Condensador: a fonte luminosa dos microscópios modernos


é constituída por uma lâmpada eléctrica de tungsténio ouhalogéneo incluídas no
próprio aparelho, podendo regular-se a intensidade luminosa com o reóstato. O
condensador consta de um conjunto de lentes convergentes e de um diafragma-
íris. Quando a fonte luminosa é constante para obter boa iluminação, sobe-se o
condensador e abre-se o diafragma. O inverso reduz a intensidade luminosa.

2. Oculares: constam de um conjunto de lentes que permitem ampliar a imagem


real dada pela objectiva e formar a imagem virtual. Permite incorporar
dispositivos com retículos de medida, marcadores de referência, etc. As oculares
de 10× são as mais utilizadas, mas existem as de 12,5×, 8× e 6× nos
microscópicos binoculares.

3. Objectivas: conjunto de lentes que permitem ampliar a imagem 4x, 10x, 40x,
ou 100x. As objectivas de 4x, 10x e 40x são designadas “objectivas secas”. A
objectiva de 100× é “objectiva de imersão” por ser obrigatório colocar uma gota
de óleo de imersão entre elas e a preparação.
132 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Porquê objectiva de imersão? Os raios luminosos que passam de um meio mais


denso (vidro) para um menos denso (ar) são refractados e muitos não penetram na
objectiva. Ora, o óleo de imersão, tendo um índice de refracção semelhante ao do
vidro, evita o desvio do feixe luminoso.

ii. Parte Mecânica: (pé, braço, platina, revólver, parafusos macro e


micrométricos). Os constituintes da parte mecânica têm basicamente a função de
suporte.

Para a utilização eficiente do microscópio convirá compreender os princípios


básicos do microscópio, que a seguir se indicam:

a. Ampliação

A imagem resultante da ampliação da objectiva é real e invertida e a ocular


amplia ainda mais e tornando-a virtual e situada a aproximadamente 25 cm dos
olhos do observador. Em termos aproximados a ampliação total é a ampliação
objectiva × a ampliação ocular. Na prática a ampliação do microscópio óptico não
ultrapassa, sem distorção, os 1200×.

b. Poder de resolução

O poder de resolução do microscópio óptico, ou seja a capacidade de obter


imagens independentes de dois pontos distintos, é de 0,2 μ, limitação imposta
pelo comprimento de onda das radiações visíveis.

c. Iluminação

Para uma boa observação é necessário que a quantidade de luz seja apropriada à
ampliação. A iluminação é regulada pelo condensador e pelo diafragma que
permitem uma concentração de luz na amostra em quantidades apropriadas.

d. Observação ao Microscópio

i. Regras fundamentais a seguir na utilização do microscópio:


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1. Manter o microscópio sempre limpo, protegendo-o das poeiras e da incidência


directa da luz solar;

2. Antes de iniciar o trabalho, identificar a ocular em serviço e as objectivas


montadas no revólver;

3. Antes do exame, limpar com papel especial a ocular e as objectivas;

4. Verificar sempre, no início do trabalho, a posição do condensador e do


diaframa, em relação ao tipo de exame que se vai realizar;

5. Controlar sempre o trabalho inicial de focagem com a vista, para evitar


possíveis traumatismos entre as objectivas e as lâminas;

6. Não executar, com o parafuso micrométrico, mais que uma volta; as


deslocações que excedam este limite, devem ser feitas com parafuso
macrométrico;

7. Não empregar a força para resolver dificuldades que surjam no movimento dos
parafusos, macro e micrométricos, para evitar danos;

8. Fazer a observação monocular mantendo os dois olhos abertos para evitar o


cansaço do olho utilizado;

9.Nunca deixar a objectiva de imersão suja com óleo. Depois de terminada a


observação limpar cuidadosamente as objectivas utilizando papel;

10.Findo o trabalho deve-se desligar o verificando se a fonte de iluminação está


totalmente apagada e baixar completamente a platina.

ii. Observação de preparações com objectivas secas (Exame a fresco)

Como, em princípio, as lâminas não estão coradas, a iluminação deve ser pouco
intensa o que se consegue com o condensador descido e o diafragma fechado.
Com lâmpadas de baixa voltagem com reóstato, a iluminação pode ser reduzida
na própria fonte.

1. Utilizar primeiro a objectiva de 4× e depois de escolher o pormenor a observar


focar com as objectivas seguintes (de 10× e 40×);
134 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

2. Para focagem deve fazer-se a aproximação da objectiva à lâmina com controlo


visual externo e só depois focar, afastando com o parafuso macrométrico; o
parafuso micrométrico serve apenas para aperfeiçoar a focagem.

iii. Observação de preparações com objectivas de imersão

Quando as lâminas estão coradas a iluminação deve ser intensa o que se consegue
com o condensador subido e o diafragma aberto.

1. Após colocar na lâmina uma gota de óleo de imersão, deve focar de acordo
com método já descrito - fazer a aproximação da objectiva à lâmina com controlo
visual externo e só depois focar afastando com o parafuso macrométrico, usando
o parafuso micrométrico apenas para a focagem final

24.1.1.2. OUTROS TIPOS DE MICROSCOPIA

a. Microscopia de fundo escuro

É uma aplicação do princípio de Tyndall. Assim, os corpúsculos a examinar são


fortemente iluminados por feixes que penetram lateralmente, o que é conseguido
com condensadores especiais. Deste modo, a única luz que penetra na objectiva é
a difractada pelas partículas presentes na preparação, pelo que passam a ser
visíveis em fundo escuro.

b. Microscopia de fluorescência

A imunofluorescência é uma técnica que consiste da detecção da reacção


antigénio/anticorpo, utilizando uma substância fluorescente ligada a um anticorpo
antiimunoglobulina específica da espécie do soro, que irá revelar a reacção.
Geralmente a substância utilizada é a fluorescência ligada ao anticorpo anti-
imunoglobulina. Quando colocamos o soro em contacto com o antigénio, caso
existam anticorpos contra aquele antigénio, haverá a ligação. Quando
adicionamos o anticorpo anti-imunoglobulina ligado à fluorescência, este irá
ligar-se aos anticorpos. Caso a reacção seja positiva, aparecerá uma reacção
brilhante do antigénio; caso seja negativa, os anticorpos ligados à anti-
imunoglobulina serão lavados, não aparecendo fluorescência.

c. Microscopia de contraste de fase


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Permite a observação de microrganismos vivos, sem coloração, através do


contraste devido à diferença de fase dos raios luminosos que atravessam o fundo
relativamente à fase da luz que atravessa os microrganismos. Esta diferença de
fase é conseguida por utilização de uma objectiva de fase, que consiste num disco
de vidro com uma escavação circular, de modo que a luz que atravessa a
escavação tem diferença de ¼ de fase em relação à que travessa a outra porção do
vidro. Assim, os objectos não corados podem funcionar como verdadeiras redes
de difracção, pois os pormenores da sua estrutura resultam de pequenas
diferenças nos índices de refracção dos componentes celulares, e estes originam
diferenças de fase nas radiações que os atravessam.

d. Microscopia electrónica

Possui um potencial de aumento muito superior quando comparado com o óptico.


Utiliza feixes de electrões e, não possui lentes de cristal mas sim bobinas,
chamadas de lentes electromagnéticas. Basicamente, existem três tipos de
microscópio electrónico: de transmissão (usado para a observação de cortes
ultrafinos); de varredura (capaz de produzir imagens de alta ampliação para a
observação de superfícies); e de tunelamento (para visualização de átomos).

24.1.1.3 EXAME A FRESCO

O exame a fresco é um método muito simples, consistindo na observação ao


microscópio de células, pequenos organismos vivos ou fragmentos de tecidos
vivos, num meio líquido o mais próximo possível do meio natural desses
organismos. A finalidade desse método é permitir a observação de estruturas “in
vivo”, de modo a poder observar manifestações funcionais, como a ciclose,
reacções de estímulos, etc., além de ser importante na contraprova de outros
métodos de estudo de estrutura celular que utilizem o estudo de células mortas.
Com este exame podem ser observadas a morfologia (cocos, bacilos e
espiroquetas), tipo de agrupamento (aos pares, cadeias, aglomerado irregular
“cacho de uva”, sarcina) e mobilidade das bactérias (atribuída à presence de
flagelos). O agrupamento é característica dos cocos, podendo alguns bacilos
(raramente) apresentá-la.
136 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Material e Procedimentos para exame a fresco (exemplo da amostra de


fezes)

a. Material

 Luvas
 Amostra biológica
 Bico de Bunsen
 Pipeta de Pasteur
 Lamina e lamela microscópica
 Ansa de Platina
 Soro fisiológico (note que se trata de uma amostra sólida)
 Microscópio

b. Procedimentos

1. Lavar as mãos e calçar as luvas;

2. Preparar todo o material necessário para execução da técnica;

3. Colocar uma gota de soro fisiológico estéril sobre a lâminia e em seguida


colocar

a amostra (note: trata-se de amostra sólida);

4. Misturar bem de forma a emulsificar a preparação;

5. Cobrir a amostra com lamêla;

6. Observar a preparação ao microscópio (focar com objectiva de menor


ampliação4x”);

7. Trocar para objectiva de 40x (regular a luz se necessário);

8. Descartar a preparação;

9. Limpar o microscópio e colocar na posição de repouso;

10. Descartar as luvas e lavar as mãos.


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Vantagens do exame a fresco

1. É rápido e fácil de executar, podendo ser feito no consultório;

2. Permite a observação dos microrganismos e células vivas;

3. Dá uma visão geral do estado do paciente (permite saber se a amostra é


patológica ou não, orintando o diagnóstico);

4. Orienta na decisão de se fazer ou não outros exams específicos.

Desvantagens do exame a fresco

1. Não permite conservação da preparação por longo tempo;

2. Não permite classificar as bactérias em Gram positivas ou Gram negativas

Sumário
A microscopia é uma das principais técnicas usadas para caracterizar os
microorganismos. A maioria dos micróscopios são de dois tipos:
microscópio luminoso e microscópio electrónico. Estão a disposição
modificações do microscópio luminoso, tais como microscopia de
contraste de fase e de campo escuro. Estes e outros métodos
microscópicos especiais apresentam características próprias para
melhorar o exame da célula microbiana.

Espécimes de microorganismos podem ser observados por meio de um


microscópio em condições naturais (vivos), suspendendo – os em um
líquido (técnica da gota pendente ou entre lâmina e lamela).
138 Erro! Utilize o separador Base para aplicar Heading 1 ao texto que pretende que apareça aqui.

Exercícios
1. Qual a função do óleo quando usado com objectiva de imersão?

2.Que características de um microscópio determinam a sua ampliação?

3. O que é “poder de resolução” e como ele está relacionado à


Auto-avaliação ampliação máxima útil?

4. Qual é a diferença entre o microscópio electrónico de transmissão


(MET) e o microscópio electrónico de varredura (MEV)?

5. Quais são as vantagens e desvantagens do exame a fresco?


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Bibliografia
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Universidade de São Paulo.

Levinson, W. (2010). Microbiologia Médica e Imunologia. Porto Alegre:


Artmed.

Medeiros, R. B. (2000). Virologia Básica. CopyMarket.com.

Monteiro, C. L., Cogo, L. L., & Filho, F. C. (2009). Manual teórico -


prático de procedimentos básicos em microbiologia médica (3ª Edição
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Moreira, C., & Mendes, D. (1998). Universidade de Évora. Obtido em 2


de Agosto de 2011, de Site da Universidade de Évora:
http://www.dbio.uevora.pt

Pelczar Jr, M. J., Chan, E. C., & Krieg, N. R. (1996). Microbiologia:


conceitos e aplicações (2ª Edição ed., Vol. I). São Paulo: MAKRON
Books.

Spicer, W. J. (2002). Bacteriologia, Micologia e Parasitologia Clínicas.


Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

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2011, de htttp://www.wikipedia.pt

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