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DIA DA ARTILHARIA

O Exército Brasileiro comemora o Dia da Arma de Artilharia no dia 10


de junho, data natalícia do Marechal Emílio Luís Mallet, o Barão de Itapevi.
Filho de Jean Antoine de Mallet e Julie Marie Joseph Denys de Montfort,
nasceu no ano de 1801, em Dunquerque, na França.
Emigrou com sua família para o Brasil aos 17 anos de idade e, em 13 de
novembro de 1822, assentou praça como 1º cadete na Brigada de Artilharia
a Cavalo da Corte.
Na Batalha do Passo do Rosário, durante a Guerra da Cisplatina, em
1827, o jovem Mallet recebeu seu batismo de fogo, evidenciando sangue
frio, inteligência privilegiada e extrema bravura, valores militares que
seriam seu apanágio e o fariam respeitado por sua tropa, seus aliados e
seus inimigos.
Durante a Revolução Farroupilha, foi convocado para lutar sob as ordens
de Caxias, recebendo o posto de major da Guarda Nacional.
Em 1851, após alguns anos de afastamento, a Pátria novamente o
chamou. O próprio Caxias, o Pacificador, reconvocou-o para combater
nas Guerras contra Oribe e Rosas e contra Aguirre, quando demonstrou
suas excelsas qualidades de soldado e artilheiro exemplar.
Durante a Guerra da Tríplice Aliança, o então Coronel Mallet, no comando
do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, teve atuação decisiva em Tuiuti,
a maior batalha campal da América do Sul, ocorrida no ano de 1866,
quando evidenciou atributos de coragem, lealdade e patriotismo que o
destacaram como grande líder militar.
Dentre os eventos que precederam a Batalha de Tuiuti, cabe destacar
sua astuciosa decisão de proteger as 24 peças do Regimento com largo
e profundo fosso, feito que eternizou sua célebre frase na história militar
brasileira: “Eles que venham! Por aqui não entram!”. E não entraram. As
20 cargas da cavalaria paraguaia não alcançaram êxito diante da defesa
construída e da rapidez e precisão dos fogos das bocas de fogo da
“Artilharia Revólver” de Mallet.
Em 1878, foi-lhe conferido o título de Barão de Itapevi pelo Governo
Imperial, sendo promovido, por mérito, ao posto de brigadeiro e, em 15
de julho de 1885, a marechal de exército, coroando suas qualidades de
grande chefe militar da história.
Faleceu em 2 de fevereiro de 1886, ficando seus restos mortais sob os
cuidados do 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC
AP), o tradicional “Regimento Mallet”, em Santa Maria (RS).
O Exército Brasileiro, por meio do Decreto nº 21.196, de 23 de março
de 1932, como um justo reconhecimento, consagrou o Marechal Mallet
com a honra de se tornar o maior símbolo de inspiração para todos os
artilheiros: Patrono da Arma de Artilharia.
A Artilharia originou-se do lançamento de artefatos por catapultas e
balistas, a fim de destruir torres, muralhas de castelos e tropas. No fim
da Idade Média, com a introdução da pólvora na guerra, a mudança nos
armamentos conduziu a uma transformação significativa do apoio de
fogo.
Posteriormente, foram surgindo novas invenções bélicas, como
bombardas, colubrinas, obuses, morteiros, foguetes e mísseis. Antes lenta,
tracionada por animais e com poder de fogo relativamente limitado, a
Artilharia seguiu o curso da modernização, adquirindo maior alcance,
mobilidade, flexibilidade, precisão e rapidez, e tornando-se um importante
meio de dissuasão à disposição das nações.
Durante a 2ª Guerra Mundial, em 16 de setembro de 1944, no sopé do
Monte Bastione, ocorria o batismo de fogo da Artilharia Divisionária da
Força Expedicionária Brasileira (FEB), atualmente Artilharia Divisionária
da 1ª Divisão de Exército, quando seus obuses apoiaram a progressão de
um destacamento do qual faziam parte o 6º Regimento de Infantaria, um
pelotão de reconhecimento brasileiro e um pelotão de carros americano.
Guiados pelos ideais de Mallet, os artilheiros da FEB destacaram-se,
mais uma vez, pelos tiros certeiros e altamente eficazes nas batalhas de
Montese, Massarosa, Camaiore, Castelnuovo e Monte Castelo, entre tantas
outras, contribuindo para a vitória final dos aliados.
No âmbito do Processo de Transformação em desenvolvimento no
Exército Brasileiro, encontram-se os projetos das instalações do Forte
Santa Bárbara, em Formosa (GO); de desenvolvimento do Míssil Tático
de Cruzeiro (MTC), com alcance de 300 km; e do Sistema Integrado de
Simulação ASTROS (SIS-ASTROS), em desenvolvimento pela Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM).
Além disso, com a aquisição e a chegada dos obuseiros autopropulsados
M109 A5+BR 155mm, que possuem alcance de até 30 km e tecnologia
embarcada de última geração, a Artilharia do Exército Brasileiro equipara-
se a dos países com as artilharias mais modernas do mundo, contribuindo
para o incremento do poder de combate da Força Terrestre.
Seguindo a linha da modernização, o Programa Estratégico do Exército
Defesa Antiaérea vem reequipando as atuais organizações militares de
Artilharia Antiaérea, mediante a obtenção de novos sistemas e materiais de
emprego militar, a modernização dos meios existentes e a capacitação de
pessoal. As melhorias decorrentes contribuem para que a Força Terrestre
possa cumprir, com elevado êxito, as diversas missões militares inerentes
à defesa do espaço aéreo, proporcionando-lhe proteção, no mais amplo
espectro de operações, assim como à infraestrutura estratégica do País,
como refinarias, aeroportos, usinas hidrelétricas e centros de poder,
dentre outros.
Tais programas e projetos evidenciam a necessidade dos artilheiros por
um contínuo aperfeiçoamento profissional, técnico e tático, buscando
acompanhar a evolução das novas tecnologias incorporadas aos materiais
e o consequente adestramento da tropa, de maneira que a Artilharia
permaneça sendo fator decisivo nos campos de batalha, “a última ratio
regis”.
Artilheiros do Brasil! Que o legado deixado por seu insigne patrono,
notável exemplo de liderança nos campos de batalha, marcado por
coragem, bravura, espírito de corpo, lealdade e patriotismo, seja norteador
de sua conduta, assegurando a rapidez e a precisão dos tiros da Arma
dos fogos largos, densos e profundos e constituindo-se em exemplo para
as futuras gerações.
É com fogo que se ganham as batalhas!!
Salve a Artilharia do Exército de Caxias!!

Brasília-DF, 10 de junho de 2022.

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