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História Militar Medieval

1. INTRODUÇÃO À HISTÓRIA MILITAR MEDIEVAL

A história militar, não é:

 História política
 História económica
 História social
 História das guerras

A história militar, é:

 O estudo dos sistemas de agressão e defesa.

Para Clausewitz

 A guerra é um ato de violência cuja finalidade é a de forçar um adversário a executar a nossa


vontade; a guerra é a continuação da política por outros meios.

O novo conceito

 A política é a continuação da guerra, por outros meios.


 Por vezes, é necessário fazer guerra para dar tempo aos políticos para chegarem a uma
solução.

História militar

 Até ao início dos anos 80, a história militar era vista, nos meios universitários, como uma
matéria sem interesse.
 A guerra era entendida como uma forma de regressão civilizacional, por oposição ao
progresso em tempo de paz.

Progresso e regressão

 A Alemanha, belicosa, produziu vastos avanços técnicos.


 O mesmo aconteceu com a Inglaterra e os Estados Unidos.
 A Suíça, neutral, especializou-se em chocolates de leite e relógios de cuco.

A História Militar analisa:

 A Poliorcética

 O armamento

 Sistemas de comando e de controlo – evitar que a força militar se desorganize ou que entre
em pânico na situação de guerra.
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 Comunicações e logística – Estradas, vias e castelos, estes últimos vistos como


impedidores, impedem a passagem (em termos de comunicações). No que diz respeito à
logística – nenhuma legião se movimenta se não tiver capacidade de se alimentar durante
pelo menos 8-10 dias. No caso de uma missão rápida, capacidade para se alimentar durante
3 dias.

 Complexos defensivos – normalmente são construídos seguindo o


modelo romano – circular. As fortificações medievais não têm
designs novos ou inovadores, são antigos. A construção era feita
em madeira.

 Defesa marítima

 Tática, estratégia e doutrina militar – mesmo não havendo uma educação a nível da
escrita e do saber ler, havia uma forte e constante educação a nível militar.

 Batalhas e campanhas

A história militar necessita do apoio da:

 História política
 História económica
 História social
 História cultural e das mentalidades
 História das ciências e das técnicas

A História Militar é a forma mais completa de fazer História, um historiador militar é obrigado a
olhar para todos os campos acima.

A legião é uma miniatura da cidade de Roma. Legionários não podem casar porque casar traduz-se
em património (a sua partilha) e, portanto, não lhes é permitido enquanto estiverem de serviço
militar. Não implica que não possam namorar.

As condições de guerra permitem-nos entender / estudar as convulsões da sociedade.

Fontes para a história militar

Fontes escritas

 Crónicas
 Tratados
 Documentação notarial
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 Legislação
 Textos literários
 Textos eclesiásticos
 Tratados filosóficos
 Textos epigráficos

Fontes iconográficas

 Esculturas
 Pintura
 Iluminura

É necessária também informação arquitetónica e arqueológica, o que nos permite ver como a
construção é rigorosa e extraordinária.

Conceitos Operacionais

Guerra

A guerra é a forma de violência organizada entre dois grupos rivais estruturados, prosseguindo um
fim específico.

Estratégia

Segundo Von Bulow (1757-1807), estratégia é toda a ação que está para além do horizonte visual do
chefe de guerra.
É a arte de utilizar grandes unidades militares para alcançar objetivos de longo prazo, que irão ter
consequências no decurso da campanha ou da guerra.

Tática

Combinação do poder de fogo, formação e manobra, que é empregue para atingir um objetivo
militar. No plural, arte de empregar forças militares no campo de batalha.

C3

Designa-se por C3 o conjunto de ações que, em campanha ou em batalha, contribui para tornar
efetiva a aplicação das doutrinas definidas para as atuações estratégicas e táticas:

 COMANDO
 CONTROLE
 COMUNICAÇÃO
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Tipologia das guerras

 Agressiva
 Defensiva

Guerra de agressão (focar no ponto de vista de quem ataca primeiro)

 De conquista – ampliar o espaço, alargar o território, ocupar o espaço dos outros, moldando
este espaço consoante os que ocupam – romanização. Dominação do espaço a nível
jurídico, político e económico mas com a “nossa” ideia de paz (“nós” é que mandamos).
 De ocupação – Um processo de conquista mas numa segunda fase. derrota-se o inimigo e
ocupa-se o território.
 De objetivo político-económica – poderá haver rivalidade mas as guerras não eclodem
apenas a partir do ódio mas sim a partir de interesses diversos principalmente.
 Religiosa – conceitos de guerra santa, guerra justa.

Guerra defensiva

 Ativa – o tempo no qual a força que foi atacada se pode defender de forma simétrica, o que
pressupõe uma guerra travada, neste momento, por forças igualitárias. Curta / breve para que
perde – perda de exército.
 Reativa – Ao perder passa-se para um modelo reativo. A guerra passa a ser assumida por
forças de resistência – guerra assimétrica, não é travada por forças iguais.
 “Passiva” – Fazer resistência passiva. Resistências essas que podem tornar muito difícil o
governo da força dominante – perturbar a democracia. Ex.: fazer com que um comboio não
possa sair de uma estação para outra.

Tipologias das ações militares

Batalha em campo aberto

 Designa-se por “batalha em campo aberto” todo o confronto que tem lugar fora de qualquer
recinto defensivo, podendo os contendores dispor livremente as suas tropas em ordem de
batalha, condicionando-as apenas à topografia do terreno.
 Modelo tradicional – grande força de infantaria, apoiada numa grande força de cavalaria.
 Nas batalhas da Idade Média, quem está no terreno mais alto tem vantagem e, portanto, dá-
se sempre uma “corrida” entre as forças militares para ver quem chega mais rápido ao ponto
mais alto.
 Até ao final da Idade Média estes confrontos são raros
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Guerra de cerco

 Ação militar destinada a levar o inimigo à capitulação, estando este no interior de um espaço
delimitado e sem capacidade de receber livremente reforços.
 Se dentro de 15 dias/1 mês não receberem reforços no espaço cercado, o inimigo abre as
portas e entrega-se aos cercadores.
 Existem muitos momentos de negociação.
 O inimigo pode estar dentro de um sistema defensivo ou confinado a um espaço natural, sem
possibilidade de se deslocar para o seu exterior.
 Em ambos os casos conta-se com a exaustão física e moral do inimigo.

Guerra naval

 Ação militar que utiliza plataformas que se deslocam em meio aquático, transportando
homens, e podendo estar equipados com dispositivos de agressão à distância.
 Podem ter lugar no mar, rio ou lago.
 Podem contar com o apoio de estruturas estacionadas em terra.

Raide

 RAIDE é toda a ação militar rápida contra as forças inimigas, território amigo ou hostil, e
que visa infligir um golpe calculado, com o objetivo de desorganizar ou atrasar as forças
adversas, ou destruir as suas linhas de comunicação e abastecimento.

Razia

 Ação rápida e destrutiva levada a cabo em território hostil, com fins militares mas também
económicos e psicológicos.
 A razia realiza-se na sequência de um raide, mas nem sempre os raides são seguidos de
razias.

Preparação e de desenvolvimento do combate

Armas

 Armas são as diversas especialidades ou unidades de combatentes, especializadas em


determinado tipo de combate, ou na utilização de armamento específico.
 NÃO CONFUNDIR ARMA COM ARMAMENTO

Cavalaria:

 Todo aquele que combate sobre o dorso de um cavalo.


 A cavalaria pode ser: ligeira ou pesada.
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Infantaria

 Combatentes apeados, muito embora alguns se possam fazer transportar para o campo de
batalha no dorso de animais.
 Podemos encontrar, entre os infantes, várias especialidades.

Tal como na Cavalaria, encontramos também na infantaria uma divisão entre ligeiro - como é
exemplo o arqueiro - e pesado - homens de armas – homens couraçados que combatem em pé.
Sendo que a designação de homens pesados ou ligeiros tem muito a ver com o seu papel no campo
de batalha.

A infantaria tem que se adaptar aos teatros de atuação tendo em conta o que leva vestido - -são, por
norma, forças militares híbridas.

No século XII, assiste-se a uma explosão demográfica no continente europeu. As cruzadas foram
uma resposta a esta super pressão da demografia.

A demografia militar assenta na realidade da infantaria. Apenas se conseguia um bom número de


homens na infantaria se houvesse muitos nascimentos de indivíduos do sexo masculino. No entanto,
é de notar que sempre existiu uma tendência em nascer mais mulheres do que homens.

Existem várias pontas de flecha:

 Formato fino e comprido – para conseguir acertar no corpo do inimigo, ultrapassando os


aros das vestes de malha
 Formato em meia-lua – normalmente dirigida aos cavalos de inimigos; se acertar consegue
rasgar um número maior de artérias
 Formato em bola – para destruir articulações por exemplo joelho.

Artilharia: (neurobalística)

 Grupo especialista que manejam armamento destinado a lançar projéteis pesados a


distâncias consideráveis, contra fortificações ou exércitos em campo aberto.

 Existem várias classes de artilharia:

– de tensão – altamente transportável, carregado por cavalos


– de torção
– de contrapeso* – as munições conseguem ser projetadas com uma altitude maior o
que aumenta a sua velocidade quando descem
– de explosão – utilizadas nos finais da Idade Média
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* Artilharia de contrapeso é considerada uma arma psicológica – era utilizada para causar terror nas
cidades, normalmente cercadas. Os projéteis não iriam contra as muralhas mas sim por cima delas,
para dentro da cidade com o objetivo de destruir o interior. Podiam ser carregadas com projéteis em
chamas para arder as madeiras das casas. O facto de ser considerada uma arma psicológica advém
de
que seriam lançadas muitas vezes cabeças de familiares de pessoas da cidade, novamente para
causar terror e pânico. Eram lançados também animais mortos com um estado de decomposição
avançado para que, supostamente, a peste afetasse a cidade.

Engenharia:

Especialistas na construção de aparelhos de cerco ou sistemas de defesa ou contra-defesa. A


engenharia é essencial para todas as estruturas pois a guerra de cerco era muito difícil.

Os castelos e a sua construção tem como função bloquear a passagem de inimigos. São também
organizadores dos sistemas sociais – é, nesta linha de pensamento, a velha pólis. Estes castelos são,
no entanto, muito mais eficazes quando atuam em conjunto com outros castelos (da mesma
bandeira).

Portanto, os castelos são essencialmente bloqueadores e organizadores dos sistemas sociais dentro
deles presentes.

Sapadores:

 Preocupam-se, enquanto defendem, em abrir valas e fossos que se tornavam num


impedimento para que uma torre de assalto se aproxime da muralha. Normalmente, é
colocada água nestes fossos e, para além do seu caracter de defesa podem servir também de
viveiros para peixes, de modo a alimentar as pessoas. Mesmo que se dê o derrube de uma
muralha não quer dizer que haja entrada direta dos inimigos para o castelo pois por vezes
eram feitos fossos também na parte de dentro.
 Um sapador era um homem que fazia parte do contingente militar, no entanto, não tem que
ser um homem especializado pois o seu trabalho não era propriamente combater.
 Muitos destes sapadores são na origem mineiros.

Ordem de marcha

 A “ordem de marcha” é a disposição adotada por um exército, unidade ou grupo, na sua


deslocação, segundo instruções do comando.
 Adotam-se geralmente sistemas diferentes nas deslocações em território amigo, na
eventualidade de possível ataque, ou em zona inimiga, onde o
ataque é esperado a cada momento, por tropas regulares ou
irregulares.

 Uma força militar é uma força composta mesmo que seja um


grupo pequeno.
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 Há algo fundamental que é perceber como é que estas forças se deslocam de território para
território. Deslocação essa que é feita, por norma, à noite, o que requere o dobro do cuidado
e o dobro do silêncio.
 A dificuldade de movimentação está dependente de vários fatores como a chuva,
tempestades.

 Levar um grupo militar do ponto A ao ponto B, tendo em consideração que mais de metade
do território que ultrapassam é controlado pelo inimigo (B). não se pode deslocar muito
depressa e tem de ter pontos de paragem porque precisa de informações sobre o que o espera
do lado inimigo.
 A partir do momento que atravessam para o território perigoso, todos os olhos do inimigo
estão em cima desta força militar.
 Deslocam-se em filas de homens (lado a lado) – 2, 4, ou 8 – dependendo da largura do
caminho ou da estrada.
 Se se deslocarem em estradas romanas, que não levam mais do que 4 homens lado a lado, o
grupo é apoiado por cavalaria, que se encontra fora da estrada. O exército pode-se estender
por 15km.
 Em território inimigo tem que haver tanto proteção à frente – unidades de reconhecimento,
cavalaria – como tem haver o dobro da proteção na retaguarda. Lembrando que era preciso
proteger o gado que era transportado no fim da formação – mantimento para o exército.

Ordem de batalha

 Colocação dos vários corpos de um exército, frente ao inimigo, num campo de batalha.
 A forma e o sítio onde o comandante dispõe o exército no terreno. Tal disposição depende
do próprio terreno e do conhecimento que o comandante tem do inimigo – por exemplo, é
uma questão de ver onde coloca as armas pesadas, se atrás, de lado, etc.

Logística

 Abastecimento de um exército ou grupo armado em víveres, armamento e transporte,


assegurado por um corpo especial não combatente, com o apoio ou não de escolta.
 Abastecimentos esses que se devem prolongar durante 2 meses pelo menos.

Linhas de comunicação, abastecimento e fuga

 Vias pelas quais um exército se pode movimentar sem ter que abrir caminho pela força.
 Servem para o abastecimento regular de um exército, para fuga em caso de derrota ou de
retirada estratégica, e para ligação a outros corpos de exércitos amigos.
 Quanto mais longas essas linhas, mais vulneráveis ao seu corte por parte de forças adversas.
 O inimigo tenta sempre, e em primeiro lugar, se possível, ocupar ou perturbar essas linhas
estratégicas.
 Retirar de forma ordeira é algo muito difícil de conseguir e é por isso que é necessário que
haja uma linha de comunicação aberta.
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Armamento

 Parafernália – conjunto de armas ofensivas e defensivas.

Armamento defensivo

 Peças móveis ou fixas, transportadas por cada combatente, e que se destinam a preservar-lhe
a vida ou a minimizar o resultado das agressões.
 “Vestidos pera guerrejar” – vestidos para combater.
 Ex.: cota de malha, elo, armadura (arnês), escudo.
 O elo é estruturalmente defensivo, o escudo é bipolar – tanto defensivo como ofensivo.

Coifa e almofre ou camal

 Se a cota de malha for utilizada diretamente sobre a cabeça vai causar bastante atrito,
causando sangramento na cabeça do indivíduo, amolgamento ou até mesmo rachar o crânio.
 É necessário utilizar a coifa entre a cabeça e a cota de malha para proteger deste atrito.
 Esta coifa serve também como forma de amortecimento.

Proteção de corpo

Loriga

 É o nome latim para cota de malha.


 Ao longo do tempo vai desaparecer porque a sua produção é muito
dispendiosa.
 Muito eficazes contra flechas e até mesmo contra lanças.

Arnês

 Estrutura de metal completa (cobrindo todo o corpo) – que é


composta por várias partes, todas elas agregadas por tiras de
couro e tecido – cotoveleiras, ombreiras, etc.
 Não é toda a gente que utiliza este tipo de proteção e a sua
utilização vai ser sempre influenciada pela capacidade de
aquisição do indivíduo.
 Na imagem, o homem de armas está a utilizar um arnês compósito – o arnês não é completo,
tendo algumas partes em cota de malha – o que significa que este homem talvez não fosse
muito rico.

Vai existir uma evolução em relação à proteção do corpo.

O ferro é o metal mais valioso da Idade Média e vai praticamente todo para a produção de
equipamento militar ofensivo e defensivo.
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Elementos

 Malha (de ferro) – suscetível a pontas de flecha muito finas. Existem também malhas feitas
em tecido para serem usadas debaixo da de ferro, algo que é mais comum no leste da Europa
como é o caso da Polónia e Ucrânia por exemplo.
 Escamas
 Placa ou lamela (horizontais ou verticais)

Estes dois últimos elementos são mais caros relativamente à malha pois precisam de mais metal e
demoram mais tempo a serem produzidos.

A maior parte das pancadas causam traumas, mão é preciso que a lança ou a flecha penetre o corpo.
Por vezes, com a força do impacto e se for na zona de algum órgão vital, esse mesmo fica tão
comprimido que pode deixar até de funcionar. Mesmo que o indivíduo não morra no campo de
batalha poderá morrer depois.

Cavalaria pesada – couraceiros – utilizam uma couraça de metal sobre o peito

Capacetes


Esta imagem representa um elmo cónico – capacetes dos cristãos que
vêm do século IV.
 Fácil de encaixar na cabeça e também fácil de
produzir
 Vai evoluir para elmos como o que está representado
na imagem da direita.

Podemos encontrar capacetes muito decorados sendo que, para poderem ser
decorados, o metal tem de ser suficientemente macio.

Escudos

 São tanto ofensivos como defensivos


 Escudo almendrado (em forma de amêndoa) ou em V – como têm uma ponta costumavam
ser cravados no chão para criar uma muralha de escudos.
 Tal como os capacetes podem ser igualmente decorados.

O escudo vermelho representado na imagem era utilizado pela cavalaria – após


uma primeira investida sobre o inimigo, estes cavaleiros viram costas ao mesmo
e rodam o escudo de modo que fique nas costas para as proteger. Não pode ser
um escudo muito grande para que não bata no cavalo mas tem de cobrir a cabeça
e até quase ao final das costas sensivelmente.

Armamento ofensivo
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 Instrumentos que servem para atingir o inimigo, tirando-lhe a vida ou incapacitando-o de


prosseguir o combate.
 O objetivo é neutralizar o inimigo – mesmo que seja ferir ou fazer com que se rendam –
neutralizar não quer dizer matá-los a todos. A rendição do inimigo é sempre muito melhor
porque menos homens vão ser mortos ou feridos.
 Pode ser de proximidade ou de longo alcance.

Armamento ofensivo de curta distância

Espada

 É uma arma que complementa o braço – “estica o braço”


 Altamente eficaz nos seus vários designs
 Cortadora – para cortar as couraças por exemplo. Não tem muita eficácia para furar.
 Utilizada de cima para baixo, na diagonal
 Para manusear este tipo de armamento era necessário um grande treino devido ao seu peso

As espadas passam a ter outras simbologias – símbolo religioso, mágico, de poder. E, portanto, vão
deixando de ser utilizadas como armamento propriamente dito para apenas serem carregadas de
forma simbólica.

Outras armas

 Machado de combate
 Maça
 Montante (infantaria ou cavaleiros desmontados)
 Lança
 Achas de armas e alabardas – lanças que terminavam num ferro pontiagudo e que
dispunham de folhas cortantes laterais

Armamento ofensivo de longa distância

Arcos

 temos por exemplo o arco compósito que permite ser desdobrado

Besta

 Arma mais precisa entre todas as outras.


 Utilizada por 1/2 homens – caso seja utilizada por 2 homens, normalmente, 1 dos dois é
aprendiz e que se encarrega de colocar um escudo à frente onde o atirador vai pousar a arma
para atirar com mais precisão.
 Razoavelmente lenta para armar.
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 Virote/virotão – projétil arremessado pela maioria das bestas, na forma de dardos ou flechas
curtas.

Artilharia

 Balista
 Catapulta
 Ónagro – que permite o desdobramento da pedra; a munição é projetada com mais altitude e
para mais longe
 Trabuco – evolução do ónagro e da catapulta. Funciona com contrapeso o que faz com que
projete a munição ainda mais longe.

Artilharia de explosão (pirobalística)

2. EXÉRCITO BAIXO-IMPERIAL: O FIM DA LEGIÃO?

O Império Romano (séc. III e IV)

 Para muitos historiadores, especialmente da escola anglo-saxónica, o baixo-império


traduziu-se no fim da legião.
 Os sistemas de construção romanos e a maior parte das estruturas romanas desapareceram.
 A Europa era composta por regiões na Idade Média (que começa a partir do final do século
IV). Vai ser aqui que vai surgir o conceito de feudalismo. E é esta a Europa que o Império
romano conhece.
 A legião é o fazedor desta mancha de terra

 No fim da república temos 130 legiões.


 A primeira reforma de Octaviano foi passar das 130
legiões para não mais de 30.
 Vai haver uma estabilização do número efetivo
destas que vão passar a 27 (quando ele perde 3
legiões numa batalha).
 Uma legião é uma estrutura muito caro e composta por militares que levam muito tempo a
serem treinados; consome muito equipamento e é uma estrutura abastecida pelo estado
romano.
 É este motivo pelo qual Octaviano vai destituir cerca de 100 legiões – os custos da legião.
 O império não consegue propriamente viver bem com esses custos, tem muitas dificuldades.
 A partir do momento em que o império para/não avança (não se expande para além do
atlântico e do deserto), a legião deixa de ser útil e deixa de ser precisa.

 Isto porque a primeira missão da legião romana é: combater o inimigo externo. Como de
um lado têm o Atlântico e do outro têm o deserto, já não existem inimigos para combater.
Maior parte do espaço contido por estas duas fronteiras naturais já se encontra sobre o
domínio do Império Romano (a tal mancha de terra mencionada acima).
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 O dito inimigo externo só vai cair sobre Roma quando a estrutura militar da legião é
abandonada.

 Limes romano – vai assentar ainda mais na definição de fronteiras/muralhas.


 Encontramos a legião diminuída – não desapareceu definitivamente – e é colocada em zonas
específicas, podendo defender quem viesse pelo mar ou por terra.

 A segunda missão da legião era o policiamento – virada para dentro da muralha.


 A sua essência passou a ser outra e muda para um sistema de defesa das fronteiras.
 A terceira missão – cada vez mais entregue à cavalaria que mais (...) é paga - faz com que
seria ainda mais cara e que haja mais dinheiro para o estado.

– Aumento de forças regionais – cavalaria


– Diminuição de barreiras de força
– A legião começa a reverter a sua ação
– Alguns deles já nem latim falam

O colapso do Ocidente (os dois Impérios Romanos)

 Depois de muitas entradas pacíficas, os bárbaros


apresentam-se agressivamente às portas do Império.

As entradas dos bárbaros (séculos V)

1. Bucelário (séquito senhorial)


2. Limitani (soldado da fronteira)
3. Catrafacto (Sagitarii Juniores Orientalis)

O exército romano (até finais do século III)

Características principais:

 Organização com base na legião.


 Utilização da cavalaria como arma de apoio, comunicação e exploração.
 Recrutamento entre cidadãos do Império como legionários.
 Auxilia recrutados entre súbitos não cidadãos.

Legionários (século III)

 O legionário era a base de todo o sistema militar romano.


 A legião era uma “espécie” de falange articulada, composta por coortes, centúrias e
manípulos.
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 A 1ª coorte era formada por 5 centúrias de 150 homens cada – formava a vanguarda com
800 legionários.
 As outras 9 coortes distribuem-se por detrás em 3 linhas paralelas de 3 a 6 centúrias
compostas cada uma por 80 homens (480 no total).
 O ideal para o ataque seria um exército composto por três legiões.
 Assim uma legião seria composta por 5200 a 6080 soldados e mais cerca de 600 cavaleiros,
a que se juntavam ainda vários corpos de tropas auxiliares.

O exército romano Baixo-Imperial

Início da reforma das legiões:

 Diocleciano quadruplica o exército (400 a 500 mil homens).


 Protegem o Império (12 províncias com subdivisões)
 Legião-tipo: 5000 homens.
 Variedade tática: tropas de escaramuça e cavalaria.
 Aumenta o número de lanciarii, comites, tropas de choque (joviani e herculiani) e a guarda
imperial (protectores).
 Não há indícios de uma grande força de ataque móvel e com carácter permanente.
 Importância da divisão do Império em duas partes.
 Com Diocleciano, o exército romano vai perder muitas das suas características imperiais –
exército romano não é um TODO – até antes era.
 Cavalaria pesada mais usada na metade oriental.
 No Ocidente, a infantaria ainda é a arma mais usada.

Reformas de Diocleciano (governou entre 284 e 305, filho de pai escriba e ex-escravo)

 Separou o comando militar do sistema civil e criou 12 novas províncias (dioceses).


 Fronteiras firmes e segurança impeditiva.
 4 grandes setores: Trèves, Milão, Nicomédia e Sirceio (Panómia).
 Construção de estradas, fortes e muralhas.
 Conscrição anual: recrutas convocados da mesma forma como era cobrado o imposto
imperial.
 Grandes proprietários forneciam homens da sua força de trabalho.
 Pequenos proprietários forneciam os mais variados recursos.
 O valor médio de um recruta era de 36 soldos.
 Filho de militar deve ser militar.
 Diminuição da qualidade das unidades e diminuição dos níveis de treino.
 Problemas na quantidade e na qualidade dos armamentos produzidos e distribuídos.
 Graves problemas logísticos: existem demasiadas unidades.
 Comitatenses como o grupo mais bem armado.

Reformas de Constantino (governou entre 306 e 337)


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 Cria um grande exército de campanha, móvel, com cerca de 10.000 homens e estacionado
em posições centrais.
 Retira unidades das fronteiras o que torna impossível a manutenção de segurança
impeditiva.
 Defesa em profundidade como novo conceito estratégico – defesas estativas sólidas e bem
colocadas.
 Invasores bárbaros não dominam as técnicas de cerco.
 Fortes servem como bolsas de resistência e fixam o inimigo – assaltos ao sistema de
comunicações.
 Fortes permitem a constituição de reservas de víveres e material de substituição para o
exército móvel (contra-ataque).
 As províncias sentem-se inseguras com este modelo e existe um desnível na qualidade do
exército.
 Cavalaria cresce em detrimento da infantaria – problema da mobilidade.
 Reduz a dimensão da legião para 1000 homens.
 Dissolve a Guarda Pretoriana.
 Mantém o sistema logístico de Diocleciano baseado na taxação em espécie.
 Guardas imperiais especiais - Scholae Palatinae - organizados em regimentos de cavalaria
(500 cavaleiros) recrutados preferencialmente entre os germanos.
 Constitui forças policiais de fronteira – limitanei – e forças policiais fluviais – vipenses –
comandadas por um DUX.

Reformas de Diocleciano e de Constantino (síntese)

 Criação de unidades mais pequenas e polivalência dos legionários.


 Criação de grupos de especialistas em cada unidade.
 Reforço do corpo de cavalaria com a modificação das táticas de combate dos cavaleiros.
 Redução do treino das tropas.

3. BATALHAS DE ADRIANOPOLA E CHÂLONS

Batalha de Adrianopola – 9 de agosto de 378

 Travada entre um exército romano comandado pelo imperador Valente e várias tribos
germânicas comandadas por Fritigerno – principalmente Grutungos e Tervíngios (com o
apoio de alguns alanos e hunos – não germanos).

 Estes ditos germanos estendem-se sobre aquilo que hoje nós encontramos como terras do
Leste.
 Encontramos, contra Roma, uma federação de povos que não partilham das mesmas ideias,
costumes, cultura.
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 O confronto ocorreu em Adrianopola (atualmente Edirne, na Turquia) – cidade de tipologia


romana.
 Este confronto resultou numa vitória decisiva para os Godos – designação utilizada para
esta federação de povos.
 O desastre para o lado foi tanto que 20 000 dos melhores soldados do império perderam a
vida naquela região semiárida da Trácia, província ao sul do rio Danúbio. – há sempre esta
ideia de ser apresentada como um desastre militar.
 Foi uma carnificina, onde, além do próprio imperador Valente, muitos capitães, 35 tribunos,
dois altos funcionários do palácio e dois generais pereceram no combate.
 A partir daí, os bárbaros acumulam tanto poder que, em 410, saquearam Roma – isto porque
“as portas do império ficam em aberto, permitindo-se a entrada para o centro” (Roma).
 A batalha foi uma das mais importantes na história romana, pois pronunciou o colapso final
do Império Romano do Ocidente no século V.
 Também implicou a mudança da infantaria para a cavalaria como força principal de
combate, pois foi graças à chegada da cavalaria ostrogoda, no momento em que os exércitos
romanos atacavam o acampamento godo, que a batalha de decidiu, massacrando as legiões
romanas.
 Curiosamente, o embate deu-se no Império Romano do Oriente, que sobreviveria à sua
contraparte ocidental até 1453.

 É considerado um sítio difícil para um exército organizado ao modelo romano colocar o


exército.
 A máquina militar romana fica estraçalhada no que diz respeito ao C3 – especialmente a
nível de controlo e comando
 Chegada de grupos profundamente militarizados a Roma (bárbaros)
 Na Idade Média, o bárbaro deixa de ser apenas um estrangeiro, como era caracterizado pelo
império romano, e passa a ser associado a tudo o que é maligno.

Batalha de Adrianopola – antecedentes

 Os Godos procediam originalmente do sul da Escandinávia, mas a partir do século I teriam


emigrado para sudeste, ocupando dois séculos mais tarde as grandes planícies a norte do mar
Negro, onde se separam em dois ramos:

– Grutungos – “godos do Leste”


– Tervíngios – “godos do Oeste”

 Os Tervíngios estenderam-se de seguida para sudoeste, cruzando com frequência a fronteira


romana e realizando saques até chegarem a um acordo pelo qual os romanos lhe cediam a
província da Dácia (oeste da atual Roménia) em troca de paz, na época do imperador
Aureliano, entre 270-275. Constantino federou-os no império e encarregou-os da defesa do
limes danubiano em troca de importantes somas de dinheiro, mas cedo chegaram os
problemas.
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 Apesar das crises económicas dos séculos III e IV, os romanos continuavam a ter muito
dinheiro, mas era preciso coletá-lo. Assim, todas as vezes que os Godos reclamavam um
aumento do seu soldo, atravessavam em armas o Danúbio, saqueavam algumas cidades e
voltavam às suas terras, comunicando aos romanos que continuariam a fazê-lo enquanto os
subsídios não aumentassem – foi este o seu procedimento até 370.
 Existe uma pressão militar extremamente agressiva nas fronteiras. Os povos romanizados
(que estão perto do limes) são pressionados de uma forma brutal por estes povos do norte /
estepes, que se deslocam devido ao frio, secura, fome, etc,

– O Império Romano pagava a estas tribos para não atacarem o império


– OU então permitiam a entrada de alguns destes povos

 Esta pressão na fronteira leva a uma desorganização da força militar


 Nesse ano, Os Godos depararam-se com um inimigo com o qual não contavam – os Hunos.
 Estes cavaleiros asiáticos tinham derrotado os Alanos do rio Volga e ocuparam as estepes da
atual Rússia e derrotado os Grutungos que acabaram por integrar o seu exército juntamente
com outros povos germânicos. Também os Godos foram rapidamente derrotados em 376.

 Ao contrário dos seus irmãos orientais, os Tervíngios conseguiram escapar para o interior
do espaço romano, cruzando o Danúbio e instalando-se na Mésia Secunda (moderna
Bulgária).
 Os romanos aceitaram-nos pois precisavam deles para a defesa dos Balcãs da previsível
futura invasão dos Hunos. A ideia aqui é – romanos usam Tervíngios, Grutungos, Alanos
para se defenderam de outros Tervíngios, Grutungos, Alanos, Hunos.

 Historiadores romanos estimavam a massa de refugiados num milhão de pessoas, das quais
um quinto eram guerreiros, porém, este número é considerado por muitos historiadores
modernos um exagero, baixando-a para algumas centenas de milhares de germanos –
Tervíngios, Grutungos, Alanos.

 Com uma força militar que trazia entre 2000 a 5000 carros vinham para ocupar, cultivar e
defender uma zona fronteiriça escassamente povoada, onde as poucas legiões e os
mercenários francos eram insuficientes.

 Os Tervíngios ocuparam a Mésia, ficando praticamente independentes, apenas


condicionados a pagarem determinados impostos e a servir o exército quando fosse
necessário, pelo que começaram a receber novas armas e treino nas técnicas de guerra
romanas. Também desfrutavam a partir desse momento da cidadania romana.

Batalha de Adrianopola – uma impossível convivência

 A chegada dos Tervíngios à Mésia teve a oposição de amplos setores da sociedade romana.
Muitos políticos e militares viam um perigo iminente na sua presença enquanto organismo
autónomo dentro do império, considerando-os o equivalente a um tumor. Contudo, os
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pretores Modesto e Taciano recomendaram o assentamento dos federados, por considerarem


que as vantagens ultrapassavam amplamente os possíveis riscos.

 Por outro lado, a população da região e a Igreja não queriam ter como vizinhos os bárbaros,
com numerosos costumes pagãos e crentes na doutrina do arianismo, que o resto dos cristãos
consideravam uma heresia. Porém, Valente não levou em conta estas queixas, pois ele
próprio era ariano. Quanto ao perigo de rebelião, Valente considerou-o menor, pois os
Tervíngios tinham dado mostras de querer servir o império e adotar numerosos aspetos da
sua cultura.

 Tudo parece indicar que os Godos cumpriram o acordo desta vez e que foram os romanos os
causadores da quebra do frágil equilíbrio dois anos depois.

 Os Balcãs eram uma região pobre, e os funcionários públicos romanos ali recorriam à
corrupção para prosperarem. De entre todos os funcionários públicos que começaram a
inflacionar os tributos e a acossar os godos destacavam-se o "conde" (Comes, governador e
arrecadador de impostos) da Mésia, Lupicino, e o seu ajudante Máximo.

 Venda a preços excessivos os materiais e alimentos que o Império dispusera para criar os
novos assentamentos.
 O mais destacado nobre e líder dos Tervíngios da Mésia, Fritigerno ("o que deseja a
 paz"), cedo começou a mostrar reticências perante as sucessivas visitas dos cobradores de
impostos. A entrada de outros germanos rivais e uma série de maus anos agrícolas
precipitaram a situação.
 Lupicino começou a considerar Fritigerno como um possível obstáculo para os seus planos
e decidiu assassiná-lo. Para isso, convidou o chefe tervíngio para um banquete com a
desculpa de melhorar as relações entre ambos.
 Suspeitando da atitude de Lupicino, ou talvez avisado por alguém, Fritigerno apresentou-se
armado e acompanhado pelos seus melhores homens, foi ele que matou ali Lupicino e os
que iam ser os seus assassinos.
 Considerando-se então livres do seu acordo com os romanos, os Tervíngios decidiram
recuperar os seus bens saqueando as povoações romanas da Mésia e, especialmente, a mais
rica província vizinha da Trácia.

Batalha de Adrianopola – o plano de contra-ataque

 A rebelião dos Godos surpreendeu o imperador Valente em Antioquia onde planeava uma
campanha contra o Império Sassânida, formando um dos maiores exércitos romanos até
então vistos.
 Em Adrianopla, onde foi instalado o acampamento e foi guardado o tesouro imperial
destinado a pagar a campanha, reuniram-se sete legiões, cujo núcleo era formado por 5.000
homens veteranos das legiões palatinas (legiones palatinae), a elite do exército romano,
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ajudados pelos auxiliares palatinos (auxilia palatinae) e outros tipos de auxiliares até
alcançar os 21.000 homens. Como apoio juntaram-se mais 28.000 auxiliares leves, com
pouca ou nenhuma armadura.
 O esforço principal do confronto ficou a cargo da infantaria romana, enquanto a cavalaria
teria um papel secundário apoiando aquela. Porém, o destacamento de cavalaria que
marchou até Adrianopla era composto por 1.500 ginetes de elite da guarda imperial (Schola
palatinae) apoiados por 1.000 cavaleiros palatinos (equites palatinae) e 5.000 cavaleiros
comitatenses (equites comitatenses). Neste último grupo incluíam-se esquadrões de
cavalaria árabe e arqueiros a cavalo.

 O exército romano é agora inferior ao das poderosas legiões de antes e estava menos
preparado para a batalha.
 A infantaria pesada substituiu a armadura de placas (loriga segmentata) pela menos capaz
cota de malha.
 Muitos guerreiros dos corpos auxiliares não possuíam armadura nem capacete.
 O gládio, a antiga espada romana, fora substituída por outra mais longa (spata), e o pilum
fora retirado do serviço, embora algumas unidades de infantaria e de cavalaria possuissem
uma lança longa (neste último caso, influenciadas pela cavalaria bárbara).
 Também se perdera o escudo retangular romano - as unidades tinham agora modelos
redondos
 ou ovais de madeira ou metal mais barato, similares aos dos bárbaros.
 A disciplina e a instrução eram de pouca qualidade e os Tervíngios e outros bárbaros
recebiam a mesma instrução.
 Valente continuava a ter um exército com força numérica inferior à dos seus inimigos e por
isso, para equilibrar as probabilidades, pediu ajuda ao seu sobrinho Graciano, o imperador
do Ocidente, que acedeu e marchou com um exército ao seu encontro.

Batalha de Adrianopola – o caminho para a batalha

 A chegada de tropas de elite era muito esperada depois das fáceis derrotas das pequenas
guardas romanas na zona face aos ataques dos bárbaros.
 Fritigerno sabia que a disciplina romana ainda era superior à das suas forças e por isso tratou
de aumentar o número dos seus efetivos. Os emissários turíngios voltaram a cruzar o
Danúbio e conseguiram o apoio de Hunos, Alanos e Grutungos. A estas forças juntaram-se
refugiados romanos (escravos fugidos e desertores). O exército crescia sem que o comando
romano se apercebesse.
 Os bárbaros não estavam especializados no manejo de uma arma em particular, pelo que
marchavam para a batalha com todo o tipo de armas, tanto de arremesso (dardos, arcos,
fundas, machados, franciscas...) como para o combate corpo a corpo.
 Durante a batalha tanto podiam lutar montados como a pé, mudando frequentemente de uma
situação para a outra.
 As unidades não eram bem definidas, talvez com a única exceção de um corpo de cavalaria
pesada couraçada de inspiração romano-sármata.
 Um bom número de guerreiros godos possuíam cotas de malha e capacetes de origem
romana, bem como o seu característico escudo redondo de grande tamanho.
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 A 9 de agosto de 378, o exército de Valente deixou os impedimenta, demais apetrechos e


insígnias imperiais em Adrianopla ou nas suas cercanias, e marchou para noroeste, até
avistar numa planície o acampamento godo, perto das duas da tarde.
 Não parecia haver sentinelas longe do acampamento, onde as tropas godas acampavam
protegidas atrás dos carros vazios que usavam como muralha (laager) quando não se
movimentavam.
 Os reforços de Graciano ainda não tinham chegado, pelo que se discute quais teriam sido
realmente as razões de Valente para marchar até ali: talvez ainda não esperasse entrar em
batalha mas dispor as tropas à vista dos Tervíngios como forma de pressão para forçar a sua
rendição. Outros acham que Valente pretendia entrar em combate, confiante de que as suas
tropas veteranas lhe dariam uma vitória (se aguardasse por Graciano teria de a partilhar).
 Reunido com os seus generais, Vítor e Ricomero (este último de origem germana) resolveu
esperar por Graciano.
 As tropas romanas avançaram em linha, com a infantaria pesada de Trajano e os auxiliares
no centro, e a cavalaria protegendo os flancos. Valente permanecia detrás da infantaria com
a sua guarda pessoal.
 Quando os godos viram os romanos, Fritigerno quis parlamentar. É provável que em lugar
de querer evitar entrar em batalha, o seu objetivo fosse na realidade o de ganhar tempo.
Tinha a infantaria e uma pequena parte da cavalaria dentro dos limites do acampamento,
mas a maior parte desta (com a qual os romanos não contavam) vinha de caminho sob o
comando dos nobres grutungos Alateu e Safrax.

A batalha

Primeira fase
 O primeiro ataque coube aos romanos
 Sem aguardar que acabassem as negociações, os tribunos Cassião e Bacúrio, o Ibérico,
ordenaram às suas tropas auxiliares que atacassem marchando apressadas sobre o
acampamento tervíngio enquanto o resto da infantaria romana seguia na sua retaguarda.
 O flanco esquerdo da cavalaria imitou-os, procurando atacar os godos pelo flanco, enquanto
estes enfrentavam as duas pequenas divisões de
auxiliares
 A infantaria auxiliar foi repelida e posta em fuga,
fugindo em pânico para as suas posições anteriores.
Acabavam de iniciar a batalha da pior forma
possível.

Segunda fase
 Fritigerno ordenou o ataque fazendo sair a maioria dos seus homens do acampamento em
perseguição dos romanos.
 Tinha à sua direita o corpo de cavalaria pesada de Alateu e
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 Safrax, que combatia as unidades de cavalaria do flanco esquerdo romano. Estas foram
forçadas a retroceder para as suas posições originais
depois de sofrerem numerosas baixas.
 As forças tervíngias controlavam já o terreno, e ao
acercar-se das linhas romanas, começaram a lançar os
seus dardos. Os romanos aguentaram como puderam a
chuva de projéteis até as linhas godas chegarem até
eles, começando então o combate corpo a corpo.

Terceira fase
 Enquanto a infantaria e o flanco direito da cavalaria combatiam contra os seus homólogos
bárbaros, com ambos os lados a sofrerem pesadas baixas, a cavalaria do flanco esquerdo
romano virou e atacou novamente Alateu e Safrax.
 Tal manobra apanhou os bárbaros desprevenidos forçando-os a recuar até ao seu círculo de
carros.
 Foi o ponto de inflexão da batalha. Sem forças de
infantaria romanas a vir em seu auxílio a cavalaria de
Valente, inferior em número à do seu inimigo, foi
travada e aos poucos foi sendo superada. Os bárbaros
reagrupavam-se, protegiam-se com os seus carros e
retomavam a iniciativa, com o próprio Fritigerno a
liderar o contra-ataque.
 A desproporção de forças tornou-se manifesta e o que
restava da cavalaria romana foi destroçado. Houve poucos sobreviventes.

Quarta fase

 Posta em fuga a cavalaria romana, a infantaria de Fritigerno avançou para se juntar com as
primeiras linhas da infantaria goda.
 Também a cavalaria de Alateu e Safrax progredia nos flancos para atacar as alas e a
retaguarda dos romanos, começando a envolver as forças de Trajano pela esquerda.
 Amiano marcelino relata o terror que os soldados romanos sentiram quando viram sair de
dentro da poeira a cavalaria goda, de surpresa e nas suas costas, situação que deixou grande
parte do exército romano sem capacidade de manobra.

Quinta fase

 Os soldados romanos no flanco esquerdo estavam perdidos, sem possibilidade de fugir e


embora neste ponto os historiados latinos provavelmente exageram não era raro que os
homens dessas unidades tivessem combatido até a morte
 As baixas foram enormes nos dois lados, ao ponto de o número de cadáveres começar a
tornar difícil a movimentação no campo de batalha.
 As unidades romanas perderam a comunicação entre si. Enquanto umas aproveitaram para
fugir, outras, vendo-se cercadas, lutaram até ao fim
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 Enquanto as últimas unidades de Trajano eram esmagadas, Valente refugiou-se atrás do que
restava da cavalaria do flanco direito, que unida às últimas unidades auxiliares, tentava
organizar um núcleo final de resistência em torno do imperador. Os generais Trajano e Vítor
estavam com ele.

Batalha de Adrianopola – consequências

 A primeira consequência desta importante derrota do Império Romano do Oriente foi o trono
vago que Valente deixouem Constantinopla.
 Antes que o caos se apropriasse do Oriente, o imperador do Ocidente e sobrinho do defunto,
Graciano, colocou no governo o general hispânico Flávio Teodósio (coroado em 379 como
Teodósio).
 Teodósio dirigiu pessoalmente uma nova campanha contra os Godos (durante 2 anos)
derrotando-os e negociando um pacto (382) com o seu novo chefe, Atanarico (voltava a integrá-
los como federados na Mésia). Fritigerno morrera por causas naturais no ano anterior.
 Ainda que o novo pacto voltasse ao status quo inicial, já nada voltaria a ser igual para os Godos
nem para os Romanos.
 Após Adrianopla, os Tervíngios tomaram consciência da sua força e continuaram extorquindo os
romanos e fazendo raides.
 Foi Alarico I quem foi mais longe com esta política. Ao não ver resolvidas as suas exigências,
submeteu os Balcãs a uma nova política de saques, chegando a entrar em Atenas.
 Esta pressão terminou quando Rufino (o tutor grutungo do filho de Teodósio), o reconheceu
como mestre dos soldados da província da llíria. Tal concessão foi na realidade um autêntico
roubo, pois forçou os Tervíngios a instalarem-se em terras menos ricas e férteis que as que
deixavam, e que, além disso, eram disputadas pelos Impérios do Oriente e Ocidente.

 As desavenças de Alarico com os seus novos vizinhos ocidentais (que não reconheciam o
governo do Oriente nem de Alarico sobre a llíria) conduziriam ao Saque de Roma (410), visto
pelos contemporâneos como o fim do mundo conhecido.
 A derrota de Adrianopla teve também as suas consequências na forma romana de fazer a guerra.
Após o massacre romano foi impossível recuperar o número de soldados e oficiais perdidos na
batalha e o exército teve de ser reestruturado abandonando o clássico sistema de legiões.
 O exército romano foi dividido em pequenas unidades de limitanei (guardas fronteiriços, muitas
vezes bárbaros federados) dirigidas por um "duque" (dux) que governava uma zona de fronteira
a partir de uma fortificação particular.
 Foi instituído um exército móvel (comitatenses) que se deslocava aonde aparecessem os
problemas. Este novo sistema de defesa seria o embrião do futuro modelo feudal.
 A batalha de Adrianopla também demonstrou a eficácia da cavalaria em combate, pelo que o
seu número aumentou nos novos exércitos em detrimento da infantaria. As novas unidades de
cavalaria costumavam ser formadas por mercenários bárbaros, sobretudo por hunos, sármatas ou
persas, que combatiam com espada longa e lança e foram pela sua vez os precursores dos
cavaleiros medievais.
 O caos provocado pelos Godos em Adrianopla foi aproveitado pelos Hunos para cruzarem o
Danúbio e imitar a política de saques e extorsões que tão bons resultados tinha dado aos
Tervíngios. Quando Átila ocupou o trono huno em 434, esta política era algo comum entre o seu
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povo, e foi ele que a levou à sua máxima expressão acelerando a queda do Império Romano do
Ocidente.

Batalha de Chalôns – 20 de junho ou 20 de setembro de 451

 Também conhecida por batalha dos Campos Cataláunicos.


 Opôs a coligação de forças romanas, galo-romanas e
germânicas comandadas pelo patrício romano Aécio a um
exército compósito chefiado por Átila, chefe dos Hunos.
 Luta fratricida entre Godos, Francos, Hunos, Sármatas e
outros povos das estepes.
 Localização controversa. A tradição situa-a nos arredores da
atual Châlons-em-Champagne, próximo da antiga Duro
Catalaunum.
 A batalha pôs fim ao avanço das forças comandadas por
Átila, provenientes das estepes, que ocupavam a região do
Volga desde 370 e que se tinham estabelecido na Panónia
(Hungria) nos inícios do século V.

Batalha de Chalôns – contexto

 O Império Huno entra na história romana cerca de 370, quando atravessaram o Volga, o Don e o
Danúbio submetendo os Alanos, Ostrogodos, Visigodos, etc.
 Preferem atacar primeiro as fronteiras do Império Romano do Oriente e acabam por chegar à
Gália em 418.
 A movimentação dos Hunos criou uma enorme pressão nas fronteiras do Império.Empurradas,
outras tribos germânicas procuram a segurança dentro do limes, que invadem a partir de 407.
 Algumas optam por se federar (foedus) no sistema romano (Burgúndios, Francos Sálios,
Visigodos, Alanos, Sármatas e Bretões da Armórica).
 É imperador do Ocidente, desde 425, Valentiniano Ill, que governa a partir de Ravena.
 O principal chefe militar é o patrício Aécio (semi-bárbaro) que conhece bem os Hunos (foi
hóspede de Átila).
 Aécio utiliza voluntários hunos nas suas forças.
 As legiões romanas são quase totalmente formadas por bárbaros (soldados e oficiais).

Batalha de Chalôns – o caminho para a guerra

 A origem do confronto nos Campos Cataláunicos parece estar relacionada com a cobiça de
Átila. O líder dos Hunos tinha imposto pela força ao Império do Oriente o pagamento de um
pesado tributo que em 450, Marciano, se recusa continuar a pagar.
 Átila vira-se para o Ocidente e com o argumento de vir submeter os Visigodos (seus antigos
federados) atravessa o Reno dirigindo-se para o território da Aquitânia. Cerca, massacra e arrasa
a cidade de Metz e marcha em 451 sobre Orleães (Aurelianum) e Paris (Lutécia) que desiste de
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tomar - ignora-se se recebeu algum suborno dos patrícios romanos, ou se lhe chegaram
informações sobre a concentração de forças romanas.
 Ricos e pesados com os despojos, os Hunos dirigem-se para os Campos Cataláunicos, mas
Sigisberto, rei dos Francos Ripuários, reforça aquela zona de passagem para impedir o avanço
huno.
 Átila é obrigado a ter de combater num local que não queria e que não escolheu.

Batalha de Chalôns – as forças em presença – Os Hunos

 Lideram uma grande força composta por todos os povos submetidos desde o centro da Ásia até
ao rio Danúbio: Ostrogodos, Gépidas, Alanos, Suevos, Sármatas, Turíngios, Gelónios, etc.
 As fontes indicam mais de meio milhão em marcha para Ocidente (o número compreende as
famílias).
 Estima-se que a força combatente fosse de cerca de 60.000 homens.
 Os Hunos irão ocupar o centro - cavalaria ligeira equipada com arco compósito (a fase final do
combate é com espada).
 Depois de mais de um século de contactos o seu equipamento é muito "romanizado".
 Na ala esquerda são colocados os melhores aliados - os Ostrogodos divididos em três corpos
(comandados por Teodomiro, Valamiro e Vidimer - três irmãos, dispostos da esquerda para a
direita). Os Gépidas fazem a junção com os Hunos.
 Os Ostrogodos irão combater com fizeram em Adrianopla (378).
 Na primeira linha a sua cavalaria pesada combaterá com lança e espada. A segunda linha, de
reserva, era formada por infantaria disposta em muralha de escudos, atrás da qual a cavalaria se
poderia proteger.
 Na ala direita estão as tropas mais fracas formadas por infantaria (Suevos, Hérulos e Turíngios).

Batalha de Chalôns – as forças em presença – Os Romanos

 As forças imperiais são compostas por uma aliança de povos federados e aliados, bem como por
forças romanas.
 Aécio comandará entre 40 a 50.000 homens, muitos deles fartos das razias feitas pelos Hunos
nos seus territórios.
 As forças não-romanas são formadas por Francos, Sármatas, Armoricanos, Burgúndios, Saxões,
Licianos, Ripariolibriones, etc.
 A melhor força de combate é a dos Visigodos (aliados) comandada por Teodorico, colocados na
ala direita. É secundado pelos filhos (Torismundo e Teodorico II) respetivamente comandantes
das "asas" direita e esquerda - os Visigodos dispõem-se como os Ostrogodos.
 No centro estão os Alanos de Sangibano (federados). São cavalaria pesada romanizada (estilo
sármata).
 A ala esquerda é comandada por Aécio, comandante de duas milícias: tropas romanas e aliados
francos, burgúndios, saxões e armoricanos. São contingentes de infantaria apoiados por
arqueiros.

Batalha de Chalôns – o desenvolvimento do combate


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 Na noite que antecede a batalha uma força do lado romano confronta-se com um bando de
Gépidas leais a Átila e teve como resultado que cerca de 15.000homens de cada lado foram
postos fora de combate.
 No dia seguinte a batalha começou depois do meio-dia e durou até à noite.
 As forças de Aécio ocupavam o topo da colina e os Hunos lançaram um ataque de cavalaria que
foi repelido.
 São perseguidos pela cavalaria visigoda que perde o seu chefe (Teodorico 1) e refugiam-se no
seu círculo de carros na retaguarda ao cair da noite.
 Na manhã seguinte Aécio e os filhos de Teodorico discutem a estratégia a seguir. Turismundo
quer atacar o campo huno, mas Aécio acha que os visigodos não têm força suficiente.
Turismundo abandona o campo de batalha (vai para Toulouse).
 A saída das tropas visigodas leva ao abandono de outras forças aliadas de Roma.
 Sabendo que está fragilizado Aécio permite a fuga das forças de Átila que retira lentamente para
a região do Reno.

Batalha de Chalôns – primeira fase Batalha de Chalôns – segunda fase

4. DAS INVASÕES BÁRBARAS AOS EXÉRCITOS CAROLÍNGIOS

Bárbaros (compostos por várias tribos e de muitas proveniências)

Povos bárbaros

 Das florestas e pântanos


 Das estepes
 Dos desertos
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O armamento dos bárbaros

 Os equipamentos Francos, Burgúndios, Alamanos, Saxões e Longobardos eram bastante


parecidos. Dispunham de armas de ferro e muitas das suas espadas eram minuciosamente
decoradas com motivos semelhantes: aves de rapina ou animais serpentiformes que se
pareciam devorar entre si.
 A sua longa e cortante espada era a arma mais valiosa, que só chefes usavam, transmitindo-
se de geração em geração e ocupando um papel proeminente nas lendas. A costa de malha,
de preço elevado, também era muito estimada.
 As armas características dos longobardos eram a espada de folha larga e as lanças fortes.
Outra arma muito popular entre os bárbaros era o sax, antessente do sabre, curto, largo,
ligeiramente curvo e de um só gume. OS francos usavam um machado de arremesso, curto e
ligeiro.
 Os povos nórdicos também usavam lanças de quase três metros e meio, e os escudos dos
chefes eram profusamente decorados. Os capacetes possuíam bandas de metal, alguns com
gorjal e correias, outros com viseira e adornados com cabeças de animais.
 Essas armas metálicas não estavam ao alcance dos homens da tribo, apenas protegidos por
capacetes de couro e escudos redondos de madeira ou de vime forrados de pele, e armados
com uma lança ou moca. Embora a maioria dos povos migratórios preferisse combater a
cavalo, lutavam a pé́ como hordas indisciplinadas e mal armadas, e entre os Francos só a
guarda do rei era montada

Guerreiros bárbaros

 Geralmente, os soldados de infantaria bárbaros não usavam armadura, nem peitilho, nem
capacete. Os nobres dispunham de uma espécie de elmo, e alguns guerreiros possuíam uma
cota de malha, fruto de despojos. O escudo costumava ser de madeira ligeira ou de vime,
com uma peça de ferro central que servia para bater.
 No fabrico de armas estavam muitos atrasados em relação aos Romanos, mas equipavam-se
despojando os mortos e os prisioneiros, ou recebendo armas romanas pela sua condição de
federados.
 Por outro lado, a cavalaria dos Romanos e dos Hunos dispunha de arqueiros montados sendo
devastadora. Ao invés, os Germanos não utilizavam arcos a cavalo, o que os deixava grande
inferioridade tática.
 A infantaria dos Godos e dos Vândalos estava armada com arcos, e os Francos dispunham
de uma infantaria pesada munida de algumas peças defensivas e armadas com espadas e
machados de cabeça dupla.
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Germanos – período inicial

 Os povos Godos eram


originários das margens
do Mar Báltico
 Nas suas migrações
para sul, dividiram-se
em dois grupos
principais: os Visigodos
e os Ostrogodos.

 Os Germanos dedicavam-se à agricultura e à criação de gado. O clã era a sua unidade


política económica e militar; enquanto o RING ou assembleia de guerreiros constituía o
centro da vida social e
decidia as questões da
paz e da guerra. Os
homens vinculavam-se
a um nobre,
constituíam a sua
guarda e
acompanhavam-no em
combate. A fidelidade
pessoal estava muito
desenvolvida, e o
juramento mantinha-se
até à morte.
 Eram sobretudo
soldados de infantaria, e parece que a sua tática foi um dispositivo triangular, o KEIL ou
cunha, em que cada família combatia num grupo compacto.
 As suas armas eram a maça de madeira, o machado, o arco, a funda, a lança e o escudo de
vime ou de madeira.

Ostrogodos

Chefe ostrogodo
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 Os chefes ostrogodos de meados do século IV lutavam a cavalo, protegendo-se com um


capacete e ocasionalmente com uma armadura de aros metálicos. Porém, os seus homens
faziam-no a pé e sem qualquer proteção.
 Embora, de início, o exército ostrogodo fosse constituído essencialmente por infantaria, a
sua deslocação para as estepes entre o Mar Negro e o Cáspio, e o contacto com povos
nómadas das estepes leva-os a adotar táticas baseadas na cavalaria.

Visigodos

 Os Visigodos mantiveram-se nas regiões da Germânia (no Baixo Reno, atuais Holanda e
norte da Alemanha), continuando a ser, predominantemente, tropas de infantaria.

Visigodos e Saxões (infantaria)

 Os Saxões, originários das costas da atual Alemanha


(zona do Saxe), cedo se interessaram pela ocupação
das Ilhas Britânicas, juntamente com os Anglos, um
povo vizinho, e com os Jutos, da atual Dinamarca
(antiga Jutlândia).

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