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História política
História económica
História social
História das guerras
A história militar, é:
Para Clausewitz
O novo conceito
História militar
Até ao início dos anos 80, a história militar era vista, nos meios universitários, como uma
matéria sem interesse.
A guerra era entendida como uma forma de regressão civilizacional, por oposição ao
progresso em tempo de paz.
Progresso e regressão
A Poliorcética
O armamento
Sistemas de comando e de controlo – evitar que a força militar se desorganize ou que entre
em pânico na situação de guerra.
História Militar Medieval
Defesa marítima
Tática, estratégia e doutrina militar – mesmo não havendo uma educação a nível da
escrita e do saber ler, havia uma forte e constante educação a nível militar.
Batalhas e campanhas
História política
História económica
História social
História cultural e das mentalidades
História das ciências e das técnicas
A História Militar é a forma mais completa de fazer História, um historiador militar é obrigado a
olhar para todos os campos acima.
A legião é uma miniatura da cidade de Roma. Legionários não podem casar porque casar traduz-se
em património (a sua partilha) e, portanto, não lhes é permitido enquanto estiverem de serviço
militar. Não implica que não possam namorar.
Fontes escritas
Crónicas
Tratados
Documentação notarial
História Militar Medieval
Legislação
Textos literários
Textos eclesiásticos
Tratados filosóficos
Textos epigráficos
Fontes iconográficas
Esculturas
Pintura
Iluminura
É necessária também informação arquitetónica e arqueológica, o que nos permite ver como a
construção é rigorosa e extraordinária.
Conceitos Operacionais
Guerra
A guerra é a forma de violência organizada entre dois grupos rivais estruturados, prosseguindo um
fim específico.
Estratégia
Segundo Von Bulow (1757-1807), estratégia é toda a ação que está para além do horizonte visual do
chefe de guerra.
É a arte de utilizar grandes unidades militares para alcançar objetivos de longo prazo, que irão ter
consequências no decurso da campanha ou da guerra.
Tática
Combinação do poder de fogo, formação e manobra, que é empregue para atingir um objetivo
militar. No plural, arte de empregar forças militares no campo de batalha.
C3
Designa-se por C3 o conjunto de ações que, em campanha ou em batalha, contribui para tornar
efetiva a aplicação das doutrinas definidas para as atuações estratégicas e táticas:
COMANDO
CONTROLE
COMUNICAÇÃO
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Agressiva
Defensiva
De conquista – ampliar o espaço, alargar o território, ocupar o espaço dos outros, moldando
este espaço consoante os que ocupam – romanização. Dominação do espaço a nível
jurídico, político e económico mas com a “nossa” ideia de paz (“nós” é que mandamos).
De ocupação – Um processo de conquista mas numa segunda fase. derrota-se o inimigo e
ocupa-se o território.
De objetivo político-económica – poderá haver rivalidade mas as guerras não eclodem
apenas a partir do ódio mas sim a partir de interesses diversos principalmente.
Religiosa – conceitos de guerra santa, guerra justa.
Guerra defensiva
Ativa – o tempo no qual a força que foi atacada se pode defender de forma simétrica, o que
pressupõe uma guerra travada, neste momento, por forças igualitárias. Curta / breve para que
perde – perda de exército.
Reativa – Ao perder passa-se para um modelo reativo. A guerra passa a ser assumida por
forças de resistência – guerra assimétrica, não é travada por forças iguais.
“Passiva” – Fazer resistência passiva. Resistências essas que podem tornar muito difícil o
governo da força dominante – perturbar a democracia. Ex.: fazer com que um comboio não
possa sair de uma estação para outra.
Designa-se por “batalha em campo aberto” todo o confronto que tem lugar fora de qualquer
recinto defensivo, podendo os contendores dispor livremente as suas tropas em ordem de
batalha, condicionando-as apenas à topografia do terreno.
Modelo tradicional – grande força de infantaria, apoiada numa grande força de cavalaria.
Nas batalhas da Idade Média, quem está no terreno mais alto tem vantagem e, portanto, dá-
se sempre uma “corrida” entre as forças militares para ver quem chega mais rápido ao ponto
mais alto.
Até ao final da Idade Média estes confrontos são raros
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Guerra de cerco
Ação militar destinada a levar o inimigo à capitulação, estando este no interior de um espaço
delimitado e sem capacidade de receber livremente reforços.
Se dentro de 15 dias/1 mês não receberem reforços no espaço cercado, o inimigo abre as
portas e entrega-se aos cercadores.
Existem muitos momentos de negociação.
O inimigo pode estar dentro de um sistema defensivo ou confinado a um espaço natural, sem
possibilidade de se deslocar para o seu exterior.
Em ambos os casos conta-se com a exaustão física e moral do inimigo.
Guerra naval
Ação militar que utiliza plataformas que se deslocam em meio aquático, transportando
homens, e podendo estar equipados com dispositivos de agressão à distância.
Podem ter lugar no mar, rio ou lago.
Podem contar com o apoio de estruturas estacionadas em terra.
Raide
RAIDE é toda a ação militar rápida contra as forças inimigas, território amigo ou hostil, e
que visa infligir um golpe calculado, com o objetivo de desorganizar ou atrasar as forças
adversas, ou destruir as suas linhas de comunicação e abastecimento.
Razia
Ação rápida e destrutiva levada a cabo em território hostil, com fins militares mas também
económicos e psicológicos.
A razia realiza-se na sequência de um raide, mas nem sempre os raides são seguidos de
razias.
Armas
Cavalaria:
Infantaria
Combatentes apeados, muito embora alguns se possam fazer transportar para o campo de
batalha no dorso de animais.
Podemos encontrar, entre os infantes, várias especialidades.
Tal como na Cavalaria, encontramos também na infantaria uma divisão entre ligeiro - como é
exemplo o arqueiro - e pesado - homens de armas – homens couraçados que combatem em pé.
Sendo que a designação de homens pesados ou ligeiros tem muito a ver com o seu papel no campo
de batalha.
A infantaria tem que se adaptar aos teatros de atuação tendo em conta o que leva vestido - -são, por
norma, forças militares híbridas.
No século XII, assiste-se a uma explosão demográfica no continente europeu. As cruzadas foram
uma resposta a esta super pressão da demografia.
Artilharia: (neurobalística)
* Artilharia de contrapeso é considerada uma arma psicológica – era utilizada para causar terror nas
cidades, normalmente cercadas. Os projéteis não iriam contra as muralhas mas sim por cima delas,
para dentro da cidade com o objetivo de destruir o interior. Podiam ser carregadas com projéteis em
chamas para arder as madeiras das casas. O facto de ser considerada uma arma psicológica advém
de
que seriam lançadas muitas vezes cabeças de familiares de pessoas da cidade, novamente para
causar terror e pânico. Eram lançados também animais mortos com um estado de decomposição
avançado para que, supostamente, a peste afetasse a cidade.
Engenharia:
Os castelos e a sua construção tem como função bloquear a passagem de inimigos. São também
organizadores dos sistemas sociais – é, nesta linha de pensamento, a velha pólis. Estes castelos são,
no entanto, muito mais eficazes quando atuam em conjunto com outros castelos (da mesma
bandeira).
Portanto, os castelos são essencialmente bloqueadores e organizadores dos sistemas sociais dentro
deles presentes.
Sapadores:
Ordem de marcha
Há algo fundamental que é perceber como é que estas forças se deslocam de território para
território. Deslocação essa que é feita, por norma, à noite, o que requere o dobro do cuidado
e o dobro do silêncio.
A dificuldade de movimentação está dependente de vários fatores como a chuva,
tempestades.
Levar um grupo militar do ponto A ao ponto B, tendo em consideração que mais de metade
do território que ultrapassam é controlado pelo inimigo (B). não se pode deslocar muito
depressa e tem de ter pontos de paragem porque precisa de informações sobre o que o espera
do lado inimigo.
A partir do momento que atravessam para o território perigoso, todos os olhos do inimigo
estão em cima desta força militar.
Deslocam-se em filas de homens (lado a lado) – 2, 4, ou 8 – dependendo da largura do
caminho ou da estrada.
Se se deslocarem em estradas romanas, que não levam mais do que 4 homens lado a lado, o
grupo é apoiado por cavalaria, que se encontra fora da estrada. O exército pode-se estender
por 15km.
Em território inimigo tem que haver tanto proteção à frente – unidades de reconhecimento,
cavalaria – como tem haver o dobro da proteção na retaguarda. Lembrando que era preciso
proteger o gado que era transportado no fim da formação – mantimento para o exército.
Ordem de batalha
Colocação dos vários corpos de um exército, frente ao inimigo, num campo de batalha.
A forma e o sítio onde o comandante dispõe o exército no terreno. Tal disposição depende
do próprio terreno e do conhecimento que o comandante tem do inimigo – por exemplo, é
uma questão de ver onde coloca as armas pesadas, se atrás, de lado, etc.
Logística
Vias pelas quais um exército se pode movimentar sem ter que abrir caminho pela força.
Servem para o abastecimento regular de um exército, para fuga em caso de derrota ou de
retirada estratégica, e para ligação a outros corpos de exércitos amigos.
Quanto mais longas essas linhas, mais vulneráveis ao seu corte por parte de forças adversas.
O inimigo tenta sempre, e em primeiro lugar, se possível, ocupar ou perturbar essas linhas
estratégicas.
Retirar de forma ordeira é algo muito difícil de conseguir e é por isso que é necessário que
haja uma linha de comunicação aberta.
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Armamento
Armamento defensivo
Peças móveis ou fixas, transportadas por cada combatente, e que se destinam a preservar-lhe
a vida ou a minimizar o resultado das agressões.
“Vestidos pera guerrejar” – vestidos para combater.
Ex.: cota de malha, elo, armadura (arnês), escudo.
O elo é estruturalmente defensivo, o escudo é bipolar – tanto defensivo como ofensivo.
Se a cota de malha for utilizada diretamente sobre a cabeça vai causar bastante atrito,
causando sangramento na cabeça do indivíduo, amolgamento ou até mesmo rachar o crânio.
É necessário utilizar a coifa entre a cabeça e a cota de malha para proteger deste atrito.
Esta coifa serve também como forma de amortecimento.
Proteção de corpo
Loriga
Arnês
O ferro é o metal mais valioso da Idade Média e vai praticamente todo para a produção de
equipamento militar ofensivo e defensivo.
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Elementos
Malha (de ferro) – suscetível a pontas de flecha muito finas. Existem também malhas feitas
em tecido para serem usadas debaixo da de ferro, algo que é mais comum no leste da Europa
como é o caso da Polónia e Ucrânia por exemplo.
Escamas
Placa ou lamela (horizontais ou verticais)
Estes dois últimos elementos são mais caros relativamente à malha pois precisam de mais metal e
demoram mais tempo a serem produzidos.
A maior parte das pancadas causam traumas, mão é preciso que a lança ou a flecha penetre o corpo.
Por vezes, com a força do impacto e se for na zona de algum órgão vital, esse mesmo fica tão
comprimido que pode deixar até de funcionar. Mesmo que o indivíduo não morra no campo de
batalha poderá morrer depois.
Capacetes
Esta imagem representa um elmo cónico – capacetes dos cristãos que
vêm do século IV.
Fácil de encaixar na cabeça e também fácil de
produzir
Vai evoluir para elmos como o que está representado
na imagem da direita.
Podemos encontrar capacetes muito decorados sendo que, para poderem ser
decorados, o metal tem de ser suficientemente macio.
Escudos
Armamento ofensivo
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Espada
As espadas passam a ter outras simbologias – símbolo religioso, mágico, de poder. E, portanto, vão
deixando de ser utilizadas como armamento propriamente dito para apenas serem carregadas de
forma simbólica.
Outras armas
Machado de combate
Maça
Montante (infantaria ou cavaleiros desmontados)
Lança
Achas de armas e alabardas – lanças que terminavam num ferro pontiagudo e que
dispunham de folhas cortantes laterais
Arcos
Besta
Virote/virotão – projétil arremessado pela maioria das bestas, na forma de dardos ou flechas
curtas.
Artilharia
Balista
Catapulta
Ónagro – que permite o desdobramento da pedra; a munição é projetada com mais altitude e
para mais longe
Trabuco – evolução do ónagro e da catapulta. Funciona com contrapeso o que faz com que
projete a munição ainda mais longe.
Isto porque a primeira missão da legião romana é: combater o inimigo externo. Como de
um lado têm o Atlântico e do outro têm o deserto, já não existem inimigos para combater.
Maior parte do espaço contido por estas duas fronteiras naturais já se encontra sobre o
domínio do Império Romano (a tal mancha de terra mencionada acima).
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O dito inimigo externo só vai cair sobre Roma quando a estrutura militar da legião é
abandonada.
Características principais:
A 1ª coorte era formada por 5 centúrias de 150 homens cada – formava a vanguarda com
800 legionários.
As outras 9 coortes distribuem-se por detrás em 3 linhas paralelas de 3 a 6 centúrias
compostas cada uma por 80 homens (480 no total).
O ideal para o ataque seria um exército composto por três legiões.
Assim uma legião seria composta por 5200 a 6080 soldados e mais cerca de 600 cavaleiros,
a que se juntavam ainda vários corpos de tropas auxiliares.
Reformas de Diocleciano (governou entre 284 e 305, filho de pai escriba e ex-escravo)
Cria um grande exército de campanha, móvel, com cerca de 10.000 homens e estacionado
em posições centrais.
Retira unidades das fronteiras o que torna impossível a manutenção de segurança
impeditiva.
Defesa em profundidade como novo conceito estratégico – defesas estativas sólidas e bem
colocadas.
Invasores bárbaros não dominam as técnicas de cerco.
Fortes servem como bolsas de resistência e fixam o inimigo – assaltos ao sistema de
comunicações.
Fortes permitem a constituição de reservas de víveres e material de substituição para o
exército móvel (contra-ataque).
As províncias sentem-se inseguras com este modelo e existe um desnível na qualidade do
exército.
Cavalaria cresce em detrimento da infantaria – problema da mobilidade.
Reduz a dimensão da legião para 1000 homens.
Dissolve a Guarda Pretoriana.
Mantém o sistema logístico de Diocleciano baseado na taxação em espécie.
Guardas imperiais especiais - Scholae Palatinae - organizados em regimentos de cavalaria
(500 cavaleiros) recrutados preferencialmente entre os germanos.
Constitui forças policiais de fronteira – limitanei – e forças policiais fluviais – vipenses –
comandadas por um DUX.
Travada entre um exército romano comandado pelo imperador Valente e várias tribos
germânicas comandadas por Fritigerno – principalmente Grutungos e Tervíngios (com o
apoio de alguns alanos e hunos – não germanos).
Estes ditos germanos estendem-se sobre aquilo que hoje nós encontramos como terras do
Leste.
Encontramos, contra Roma, uma federação de povos que não partilham das mesmas ideias,
costumes, cultura.
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Apesar das crises económicas dos séculos III e IV, os romanos continuavam a ter muito
dinheiro, mas era preciso coletá-lo. Assim, todas as vezes que os Godos reclamavam um
aumento do seu soldo, atravessavam em armas o Danúbio, saqueavam algumas cidades e
voltavam às suas terras, comunicando aos romanos que continuariam a fazê-lo enquanto os
subsídios não aumentassem – foi este o seu procedimento até 370.
Existe uma pressão militar extremamente agressiva nas fronteiras. Os povos romanizados
(que estão perto do limes) são pressionados de uma forma brutal por estes povos do norte /
estepes, que se deslocam devido ao frio, secura, fome, etc,
Ao contrário dos seus irmãos orientais, os Tervíngios conseguiram escapar para o interior
do espaço romano, cruzando o Danúbio e instalando-se na Mésia Secunda (moderna
Bulgária).
Os romanos aceitaram-nos pois precisavam deles para a defesa dos Balcãs da previsível
futura invasão dos Hunos. A ideia aqui é – romanos usam Tervíngios, Grutungos, Alanos
para se defenderam de outros Tervíngios, Grutungos, Alanos, Hunos.
Historiadores romanos estimavam a massa de refugiados num milhão de pessoas, das quais
um quinto eram guerreiros, porém, este número é considerado por muitos historiadores
modernos um exagero, baixando-a para algumas centenas de milhares de germanos –
Tervíngios, Grutungos, Alanos.
Com uma força militar que trazia entre 2000 a 5000 carros vinham para ocupar, cultivar e
defender uma zona fronteiriça escassamente povoada, onde as poucas legiões e os
mercenários francos eram insuficientes.
A chegada dos Tervíngios à Mésia teve a oposição de amplos setores da sociedade romana.
Muitos políticos e militares viam um perigo iminente na sua presença enquanto organismo
autónomo dentro do império, considerando-os o equivalente a um tumor. Contudo, os
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Por outro lado, a população da região e a Igreja não queriam ter como vizinhos os bárbaros,
com numerosos costumes pagãos e crentes na doutrina do arianismo, que o resto dos cristãos
consideravam uma heresia. Porém, Valente não levou em conta estas queixas, pois ele
próprio era ariano. Quanto ao perigo de rebelião, Valente considerou-o menor, pois os
Tervíngios tinham dado mostras de querer servir o império e adotar numerosos aspetos da
sua cultura.
Tudo parece indicar que os Godos cumpriram o acordo desta vez e que foram os romanos os
causadores da quebra do frágil equilíbrio dois anos depois.
Os Balcãs eram uma região pobre, e os funcionários públicos romanos ali recorriam à
corrupção para prosperarem. De entre todos os funcionários públicos que começaram a
inflacionar os tributos e a acossar os godos destacavam-se o "conde" (Comes, governador e
arrecadador de impostos) da Mésia, Lupicino, e o seu ajudante Máximo.
Venda a preços excessivos os materiais e alimentos que o Império dispusera para criar os
novos assentamentos.
O mais destacado nobre e líder dos Tervíngios da Mésia, Fritigerno ("o que deseja a
paz"), cedo começou a mostrar reticências perante as sucessivas visitas dos cobradores de
impostos. A entrada de outros germanos rivais e uma série de maus anos agrícolas
precipitaram a situação.
Lupicino começou a considerar Fritigerno como um possível obstáculo para os seus planos
e decidiu assassiná-lo. Para isso, convidou o chefe tervíngio para um banquete com a
desculpa de melhorar as relações entre ambos.
Suspeitando da atitude de Lupicino, ou talvez avisado por alguém, Fritigerno apresentou-se
armado e acompanhado pelos seus melhores homens, foi ele que matou ali Lupicino e os
que iam ser os seus assassinos.
Considerando-se então livres do seu acordo com os romanos, os Tervíngios decidiram
recuperar os seus bens saqueando as povoações romanas da Mésia e, especialmente, a mais
rica província vizinha da Trácia.
A rebelião dos Godos surpreendeu o imperador Valente em Antioquia onde planeava uma
campanha contra o Império Sassânida, formando um dos maiores exércitos romanos até
então vistos.
Em Adrianopla, onde foi instalado o acampamento e foi guardado o tesouro imperial
destinado a pagar a campanha, reuniram-se sete legiões, cujo núcleo era formado por 5.000
homens veteranos das legiões palatinas (legiones palatinae), a elite do exército romano,
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ajudados pelos auxiliares palatinos (auxilia palatinae) e outros tipos de auxiliares até
alcançar os 21.000 homens. Como apoio juntaram-se mais 28.000 auxiliares leves, com
pouca ou nenhuma armadura.
O esforço principal do confronto ficou a cargo da infantaria romana, enquanto a cavalaria
teria um papel secundário apoiando aquela. Porém, o destacamento de cavalaria que
marchou até Adrianopla era composto por 1.500 ginetes de elite da guarda imperial (Schola
palatinae) apoiados por 1.000 cavaleiros palatinos (equites palatinae) e 5.000 cavaleiros
comitatenses (equites comitatenses). Neste último grupo incluíam-se esquadrões de
cavalaria árabe e arqueiros a cavalo.
O exército romano é agora inferior ao das poderosas legiões de antes e estava menos
preparado para a batalha.
A infantaria pesada substituiu a armadura de placas (loriga segmentata) pela menos capaz
cota de malha.
Muitos guerreiros dos corpos auxiliares não possuíam armadura nem capacete.
O gládio, a antiga espada romana, fora substituída por outra mais longa (spata), e o pilum
fora retirado do serviço, embora algumas unidades de infantaria e de cavalaria possuissem
uma lança longa (neste último caso, influenciadas pela cavalaria bárbara).
Também se perdera o escudo retangular romano - as unidades tinham agora modelos
redondos
ou ovais de madeira ou metal mais barato, similares aos dos bárbaros.
A disciplina e a instrução eram de pouca qualidade e os Tervíngios e outros bárbaros
recebiam a mesma instrução.
Valente continuava a ter um exército com força numérica inferior à dos seus inimigos e por
isso, para equilibrar as probabilidades, pediu ajuda ao seu sobrinho Graciano, o imperador
do Ocidente, que acedeu e marchou com um exército ao seu encontro.
A chegada de tropas de elite era muito esperada depois das fáceis derrotas das pequenas
guardas romanas na zona face aos ataques dos bárbaros.
Fritigerno sabia que a disciplina romana ainda era superior à das suas forças e por isso tratou
de aumentar o número dos seus efetivos. Os emissários turíngios voltaram a cruzar o
Danúbio e conseguiram o apoio de Hunos, Alanos e Grutungos. A estas forças juntaram-se
refugiados romanos (escravos fugidos e desertores). O exército crescia sem que o comando
romano se apercebesse.
Os bárbaros não estavam especializados no manejo de uma arma em particular, pelo que
marchavam para a batalha com todo o tipo de armas, tanto de arremesso (dardos, arcos,
fundas, machados, franciscas...) como para o combate corpo a corpo.
Durante a batalha tanto podiam lutar montados como a pé, mudando frequentemente de uma
situação para a outra.
As unidades não eram bem definidas, talvez com a única exceção de um corpo de cavalaria
pesada couraçada de inspiração romano-sármata.
Um bom número de guerreiros godos possuíam cotas de malha e capacetes de origem
romana, bem como o seu característico escudo redondo de grande tamanho.
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A batalha
Primeira fase
O primeiro ataque coube aos romanos
Sem aguardar que acabassem as negociações, os tribunos Cassião e Bacúrio, o Ibérico,
ordenaram às suas tropas auxiliares que atacassem marchando apressadas sobre o
acampamento tervíngio enquanto o resto da infantaria romana seguia na sua retaguarda.
O flanco esquerdo da cavalaria imitou-os, procurando atacar os godos pelo flanco, enquanto
estes enfrentavam as duas pequenas divisões de
auxiliares
A infantaria auxiliar foi repelida e posta em fuga,
fugindo em pânico para as suas posições anteriores.
Acabavam de iniciar a batalha da pior forma
possível.
Segunda fase
Fritigerno ordenou o ataque fazendo sair a maioria dos seus homens do acampamento em
perseguição dos romanos.
Tinha à sua direita o corpo de cavalaria pesada de Alateu e
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Safrax, que combatia as unidades de cavalaria do flanco esquerdo romano. Estas foram
forçadas a retroceder para as suas posições originais
depois de sofrerem numerosas baixas.
As forças tervíngias controlavam já o terreno, e ao
acercar-se das linhas romanas, começaram a lançar os
seus dardos. Os romanos aguentaram como puderam a
chuva de projéteis até as linhas godas chegarem até
eles, começando então o combate corpo a corpo.
Terceira fase
Enquanto a infantaria e o flanco direito da cavalaria combatiam contra os seus homólogos
bárbaros, com ambos os lados a sofrerem pesadas baixas, a cavalaria do flanco esquerdo
romano virou e atacou novamente Alateu e Safrax.
Tal manobra apanhou os bárbaros desprevenidos forçando-os a recuar até ao seu círculo de
carros.
Foi o ponto de inflexão da batalha. Sem forças de
infantaria romanas a vir em seu auxílio a cavalaria de
Valente, inferior em número à do seu inimigo, foi
travada e aos poucos foi sendo superada. Os bárbaros
reagrupavam-se, protegiam-se com os seus carros e
retomavam a iniciativa, com o próprio Fritigerno a
liderar o contra-ataque.
A desproporção de forças tornou-se manifesta e o que
restava da cavalaria romana foi destroçado. Houve poucos sobreviventes.
Quarta fase
Posta em fuga a cavalaria romana, a infantaria de Fritigerno avançou para se juntar com as
primeiras linhas da infantaria goda.
Também a cavalaria de Alateu e Safrax progredia nos flancos para atacar as alas e a
retaguarda dos romanos, começando a envolver as forças de Trajano pela esquerda.
Amiano marcelino relata o terror que os soldados romanos sentiram quando viram sair de
dentro da poeira a cavalaria goda, de surpresa e nas suas costas, situação que deixou grande
parte do exército romano sem capacidade de manobra.
Quinta fase
Enquanto as últimas unidades de Trajano eram esmagadas, Valente refugiou-se atrás do que
restava da cavalaria do flanco direito, que unida às últimas unidades auxiliares, tentava
organizar um núcleo final de resistência em torno do imperador. Os generais Trajano e Vítor
estavam com ele.
A primeira consequência desta importante derrota do Império Romano do Oriente foi o trono
vago que Valente deixouem Constantinopla.
Antes que o caos se apropriasse do Oriente, o imperador do Ocidente e sobrinho do defunto,
Graciano, colocou no governo o general hispânico Flávio Teodósio (coroado em 379 como
Teodósio).
Teodósio dirigiu pessoalmente uma nova campanha contra os Godos (durante 2 anos)
derrotando-os e negociando um pacto (382) com o seu novo chefe, Atanarico (voltava a integrá-
los como federados na Mésia). Fritigerno morrera por causas naturais no ano anterior.
Ainda que o novo pacto voltasse ao status quo inicial, já nada voltaria a ser igual para os Godos
nem para os Romanos.
Após Adrianopla, os Tervíngios tomaram consciência da sua força e continuaram extorquindo os
romanos e fazendo raides.
Foi Alarico I quem foi mais longe com esta política. Ao não ver resolvidas as suas exigências,
submeteu os Balcãs a uma nova política de saques, chegando a entrar em Atenas.
Esta pressão terminou quando Rufino (o tutor grutungo do filho de Teodósio), o reconheceu
como mestre dos soldados da província da llíria. Tal concessão foi na realidade um autêntico
roubo, pois forçou os Tervíngios a instalarem-se em terras menos ricas e férteis que as que
deixavam, e que, além disso, eram disputadas pelos Impérios do Oriente e Ocidente.
As desavenças de Alarico com os seus novos vizinhos ocidentais (que não reconheciam o
governo do Oriente nem de Alarico sobre a llíria) conduziriam ao Saque de Roma (410), visto
pelos contemporâneos como o fim do mundo conhecido.
A derrota de Adrianopla teve também as suas consequências na forma romana de fazer a guerra.
Após o massacre romano foi impossível recuperar o número de soldados e oficiais perdidos na
batalha e o exército teve de ser reestruturado abandonando o clássico sistema de legiões.
O exército romano foi dividido em pequenas unidades de limitanei (guardas fronteiriços, muitas
vezes bárbaros federados) dirigidas por um "duque" (dux) que governava uma zona de fronteira
a partir de uma fortificação particular.
Foi instituído um exército móvel (comitatenses) que se deslocava aonde aparecessem os
problemas. Este novo sistema de defesa seria o embrião do futuro modelo feudal.
A batalha de Adrianopla também demonstrou a eficácia da cavalaria em combate, pelo que o
seu número aumentou nos novos exércitos em detrimento da infantaria. As novas unidades de
cavalaria costumavam ser formadas por mercenários bárbaros, sobretudo por hunos, sármatas ou
persas, que combatiam com espada longa e lança e foram pela sua vez os precursores dos
cavaleiros medievais.
O caos provocado pelos Godos em Adrianopla foi aproveitado pelos Hunos para cruzarem o
Danúbio e imitar a política de saques e extorsões que tão bons resultados tinha dado aos
Tervíngios. Quando Átila ocupou o trono huno em 434, esta política era algo comum entre o seu
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povo, e foi ele que a levou à sua máxima expressão acelerando a queda do Império Romano do
Ocidente.
O Império Huno entra na história romana cerca de 370, quando atravessaram o Volga, o Don e o
Danúbio submetendo os Alanos, Ostrogodos, Visigodos, etc.
Preferem atacar primeiro as fronteiras do Império Romano do Oriente e acabam por chegar à
Gália em 418.
A movimentação dos Hunos criou uma enorme pressão nas fronteiras do Império.Empurradas,
outras tribos germânicas procuram a segurança dentro do limes, que invadem a partir de 407.
Algumas optam por se federar (foedus) no sistema romano (Burgúndios, Francos Sálios,
Visigodos, Alanos, Sármatas e Bretões da Armórica).
É imperador do Ocidente, desde 425, Valentiniano Ill, que governa a partir de Ravena.
O principal chefe militar é o patrício Aécio (semi-bárbaro) que conhece bem os Hunos (foi
hóspede de Átila).
Aécio utiliza voluntários hunos nas suas forças.
As legiões romanas são quase totalmente formadas por bárbaros (soldados e oficiais).
A origem do confronto nos Campos Cataláunicos parece estar relacionada com a cobiça de
Átila. O líder dos Hunos tinha imposto pela força ao Império do Oriente o pagamento de um
pesado tributo que em 450, Marciano, se recusa continuar a pagar.
Átila vira-se para o Ocidente e com o argumento de vir submeter os Visigodos (seus antigos
federados) atravessa o Reno dirigindo-se para o território da Aquitânia. Cerca, massacra e arrasa
a cidade de Metz e marcha em 451 sobre Orleães (Aurelianum) e Paris (Lutécia) que desiste de
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tomar - ignora-se se recebeu algum suborno dos patrícios romanos, ou se lhe chegaram
informações sobre a concentração de forças romanas.
Ricos e pesados com os despojos, os Hunos dirigem-se para os Campos Cataláunicos, mas
Sigisberto, rei dos Francos Ripuários, reforça aquela zona de passagem para impedir o avanço
huno.
Átila é obrigado a ter de combater num local que não queria e que não escolheu.
Lideram uma grande força composta por todos os povos submetidos desde o centro da Ásia até
ao rio Danúbio: Ostrogodos, Gépidas, Alanos, Suevos, Sármatas, Turíngios, Gelónios, etc.
As fontes indicam mais de meio milhão em marcha para Ocidente (o número compreende as
famílias).
Estima-se que a força combatente fosse de cerca de 60.000 homens.
Os Hunos irão ocupar o centro - cavalaria ligeira equipada com arco compósito (a fase final do
combate é com espada).
Depois de mais de um século de contactos o seu equipamento é muito "romanizado".
Na ala esquerda são colocados os melhores aliados - os Ostrogodos divididos em três corpos
(comandados por Teodomiro, Valamiro e Vidimer - três irmãos, dispostos da esquerda para a
direita). Os Gépidas fazem a junção com os Hunos.
Os Ostrogodos irão combater com fizeram em Adrianopla (378).
Na primeira linha a sua cavalaria pesada combaterá com lança e espada. A segunda linha, de
reserva, era formada por infantaria disposta em muralha de escudos, atrás da qual a cavalaria se
poderia proteger.
Na ala direita estão as tropas mais fracas formadas por infantaria (Suevos, Hérulos e Turíngios).
As forças imperiais são compostas por uma aliança de povos federados e aliados, bem como por
forças romanas.
Aécio comandará entre 40 a 50.000 homens, muitos deles fartos das razias feitas pelos Hunos
nos seus territórios.
As forças não-romanas são formadas por Francos, Sármatas, Armoricanos, Burgúndios, Saxões,
Licianos, Ripariolibriones, etc.
A melhor força de combate é a dos Visigodos (aliados) comandada por Teodorico, colocados na
ala direita. É secundado pelos filhos (Torismundo e Teodorico II) respetivamente comandantes
das "asas" direita e esquerda - os Visigodos dispõem-se como os Ostrogodos.
No centro estão os Alanos de Sangibano (federados). São cavalaria pesada romanizada (estilo
sármata).
A ala esquerda é comandada por Aécio, comandante de duas milícias: tropas romanas e aliados
francos, burgúndios, saxões e armoricanos. São contingentes de infantaria apoiados por
arqueiros.
Na noite que antecede a batalha uma força do lado romano confronta-se com um bando de
Gépidas leais a Átila e teve como resultado que cerca de 15.000homens de cada lado foram
postos fora de combate.
No dia seguinte a batalha começou depois do meio-dia e durou até à noite.
As forças de Aécio ocupavam o topo da colina e os Hunos lançaram um ataque de cavalaria que
foi repelido.
São perseguidos pela cavalaria visigoda que perde o seu chefe (Teodorico 1) e refugiam-se no
seu círculo de carros na retaguarda ao cair da noite.
Na manhã seguinte Aécio e os filhos de Teodorico discutem a estratégia a seguir. Turismundo
quer atacar o campo huno, mas Aécio acha que os visigodos não têm força suficiente.
Turismundo abandona o campo de batalha (vai para Toulouse).
A saída das tropas visigodas leva ao abandono de outras forças aliadas de Roma.
Sabendo que está fragilizado Aécio permite a fuga das forças de Átila que retira lentamente para
a região do Reno.
Povos bárbaros
Guerreiros bárbaros
Geralmente, os soldados de infantaria bárbaros não usavam armadura, nem peitilho, nem
capacete. Os nobres dispunham de uma espécie de elmo, e alguns guerreiros possuíam uma
cota de malha, fruto de despojos. O escudo costumava ser de madeira ligeira ou de vime,
com uma peça de ferro central que servia para bater.
No fabrico de armas estavam muitos atrasados em relação aos Romanos, mas equipavam-se
despojando os mortos e os prisioneiros, ou recebendo armas romanas pela sua condição de
federados.
Por outro lado, a cavalaria dos Romanos e dos Hunos dispunha de arqueiros montados sendo
devastadora. Ao invés, os Germanos não utilizavam arcos a cavalo, o que os deixava grande
inferioridade tática.
A infantaria dos Godos e dos Vândalos estava armada com arcos, e os Francos dispunham
de uma infantaria pesada munida de algumas peças defensivas e armadas com espadas e
machados de cabeça dupla.
História Militar Medieval
Ostrogodos
Chefe ostrogodo
História Militar Medieval
Visigodos
Os Visigodos mantiveram-se nas regiões da Germânia (no Baixo Reno, atuais Holanda e
norte da Alemanha), continuando a ser, predominantemente, tropas de infantaria.