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ESTRATÉGIA

1. Evolução
O termo estratégia evoluiu do conceito grego strategia que na
antiguidade clássica significava “direção de uma expedição armada”,
onde a palavra se aplicava exclusivamente ao fenómeno guerra uma
vez que a guerra era o estado natural do homem.
Atualmente o seu conceito remete a uma área relacionada com a
segurança e defesa, como por exemplo a estratégia nuclear, que pode
até ter por objeto a não-guerra.

Este conceito era muito confundido com o de “tática” (tactiki)


mas apesar de serem conceitos sujeitos a alguma sobreposição,
hoje são bastante diferenciados e distinguem-se pela natureza
dos meios utilizados para alcançar os objetivos.

Por outras palavras a estratégia obedece à política e coordena a


tática (Gil Fiévet). Na guerra, a estratégia é evoluir um exército (o
quê, onde, quando, com quem e com quê, para responder ao para quê
e ao contra quem) enquanto a tática é a arte de adaptar todos os mios
militares no combate (conduz a à ação no imediato e em pormenor).
No entanto existe um nível intermedio relativamente à ação e defesa
da tática e estratégia.

Na antiguidade clássica o
que prevalecia era a Cidade-
Estado, no entanto saltou-se
para os impérios, dos quais o
Romano e o Mongol foram
dos maiores da história antiga.

A estes estão ligados nomes de grandes


estratégias, como Sun Tzu (general chinês)
SUN TZU

Pensador e estratega chinês que nos levou a uma série de princípios


de raciocínio estratégico moderno, através do seu livro “A arte da
guerra”. Foi aquele que anunciou a transição da dimensão restrita da
estratégia nacional para uma mais ampla de estratégia nacional.

A arte da guerra
Este livro serve como um manual estratégico. Primeiramente é
abordada a importância de avaliar e planear tendo em conta 5
fatores: caminho, terreno, clima, liderança e gestão.
Para vencer em qualquer guerra é necessário: ataque, estratégia,
alianças, exércitos e cidades. Relembrando que a verdadeira força
bélica de um exército está na sua união e não o seu tamanho.

Uma das ideias do pensamento de Sun Tzu é que, na guerra, a


perfeição suprema e habilidade de dominar o inimigo consiste
em quebrar a sua resistência sem o combater, enquanto o
sucesso da guerra depende da capacidade de terminar um
conflito rapidamente.
Desta forma, a guerra passou a contar com o contributo de
diversos instrumentos de coação diferentes do militar, como
manobras políticas económicas e culturais: Estratégia indireta

A massa critica pertence à estratégia e representa 2 elementos: a


área e a população. A massa critica de Espanha vale 4/5x mais que a
de Portugal. Assim, são necessárias matérias tangíveis (materiais,
palpáveis) e elementos intangíveis (espirituais, vontade).

Sun Tzu acredita que não se pode ver somente a massa


critica, económica e militar de um Estado, temos de dar atenção a
elementos como a língua e identidade nacional.
Como se mede a vontade e o objetivo estratégico? Em Portugal,
será fácil medir o fator w (will)?

A vontade e o objetivo estratégico são conceitos abstratos logo, não


há medida direta para eles. No entanto, é possível medir e avaliar
alguns indicadores que podem refletir a vontade ou a determinação de
uma pessoa ou organização em atingir os seus objetivos estratégicos.

Para avaliar a vontade ou a determinação devemos estar atentos às


seguintes medidas:

• Taxa de persistência na busca dos seus objetivos mesmo após


enfrentar obstáculos e dificuldades;

• Taxa de abandono, ou seja, quantos indivíduos desistem dos


seus objetivos;

• Investimento de tempo e recursos;

• Resultados alcançados, quanto progresso é feito em relação


aos seus objetivos;

Pode ser difícil de medir o fator W diretamente, mas é possível avaliar


indicadores como os mencionados acima. Além disto é possível que
exista estudos que se concentrem especificamente na vontade ou
determinação dos portugueses em relação a objetivos específicos.

NICOLAU MAQUIAVEL

Compreende a importancia que o poder militar desempenha como


instrumento do poder político, a íntima relação entre o poder de um
estado e o seu potencial militar.

Hoje é considerado um dos grandes pressupostis da estratégia, a


coaçao ao serviço da política, a existencia de um outro adversário e a
negação deste outro. Para este o fim justifica os meios, sendo eles
materiais ou imateriais.
Há uma diferença entre objetivos estratégicos e politicos:

Não faz sentido haver objetivos estratégicos sem poder.


O 1º exemplo estratégico é a conquista de ceuta pois Portugal,
país unitario, sempre demonstrou a necessidade de querer a sua
independência e o seu território (ex. Mestres de Avis).

Nesta altura as fronteriras ja estavam definidas, ou seja só nos


restava olhar para o mar. Neste sentido percebemos que o
objetivo politico era a expansao território. Maquiavel assume
que se deve usar todas as forças disponiveis para a guerra,
impoe-se como fundador do pensamento estrategico.

★ ★
✧Século das luzes (XIX)✧
Esta época tem uma implicação no pensamento estratégico graças aos
seguintes autores, considerados os pais da estratégia moderna apesar
de fazerem leituras diferentes.
O termo estratégia termo vai entrar na linguagem usual da Europa
devido a Henry Jomini e Carl Von Clausewitz, considerados o país
da estrategia moderna, porém fazem leituras diferentes.

HENRY JOMINI

Fez uma distinção entre estratégia, tática e logistica, identifica uma


diferença de escala entre a estratégia e a tatica, no entanto não
consegue estabelecer uma associação entre estratégia e politica.

Estratégia: tem um âmbito mais largo então os meios a implicar são


maiores existindo maior coordenação. Relaciona-se então com a
planificação de guerra com a condução global dos exércitos em
campanha;

Tática: campo menos amplo, ocupa-se do combate próximo, das


forças empenhadas em contacto e da conduta dos exércitos em
combate.
CARL CLAUSEWITZ
Considerado um filósofo militar, autor do livro “Da Guerra”.
Estabeleceu uma relação clara entre guerra e política, definindo a
guerra como mero instrumento político e como continuação da
política por outros meios. Apesar deste autor ter conseguido uma
distinção mais ampla entre estrategia e tática, ainda não chegou ao
conceito amplo da estratégia global.
Estratégia: alcança e abrange apenas o uso da força militar, sendo a
arte de utilizar as batalhas como meio para atingir os objetivos da
política. A estrategia estabelece o plano de guerra, define o plano de
desenvolvimento previsivel das ≠ campanhas que compõem a guerra e
determinam as batalhas que são precisas travar ao longo de cada uma
destas campanhas.
Quando se refere aos objetivos da guerra refere-se obviamente aos
objetivos traçados pela política pois o único meio de coação válido
para este autor é o militar, consideramos por isso que a estratégia
ainda está no interior da guerra e não atingiu a viragem para a
multidisciplinaridade.

Guerra = Arte ou Ciência?


Clauswitz afirma ser mais próprio utilizar “a arte da guerra” a
“ciencia da guerra”, no entanto a guerra não pertece nem ao campo
das artes nem ao das ciências, mas sim ao da vida social. Apesar desta
interpretação ser aplicada à guerra é legitimo transferi-la para a
estratégia pois esta diz respeito a batalha e mais nada.

Para o autor a guerra era a arte no sentido de a executar e ciêcia no


sentido de saber conceber.
E é uma ciência pois assenta em alguns parâmetros científicos
(racionalidade, método, lógica e sistematização) e uma arte
(especulação intelectual, criatividade, imaginação e
sensibilização).
Fricção: conceito elaborado por Clausewitz que engloba tudo aquilo
que pode acontecer de imprevisto e que altera radicalmente o
planeamento inicial. É por isso que a estratégia é o reino da
contingência em que as melhores previsões podem desembocar nos
piores resultados e vice-versa.

É ele mesmo quem afirma que há um jogo de possibilidades e


probabilidades que faz da guerra o mais parecido com um jogo de
azar. Por outras palavras, entre o estratega e o historiador há uma
diferença fundamental:

O estratega dá origem a ação, interroga-se como ela se irá


desenrolar e sabe muito bem que virou a pesar de todas as
preocupações que tomou, também é necessário ter sorte para
vencer.

O historiador, após o acontecimento, conta como este se passou,


explica e reduz a nada ou a pouca coisa o que pertence ao caso.

VISÃO MONISTA
A guerra é um ato de violencia que visa forçar o adversario a
submeter-se ao nosso poder, por outro lado, a negociação e a
capitulação são uma forma de solução.
De acordo com a definição trinitária, a guerra é uma famosa trindade
composta pela violnêcia dos seus elemntos, ódio e amunusidade, jogo
das probabilidades de azar.
O ódio remete para o instinto cego (capitulação que pertence ao
povo), a amunusidade é sucistada pela atividade livre da alma
(exércitos) e o jogo das probabilidades pertence a razão (governo)
que, depois de tentar negociar e em última opção, passa para a guerra.

★ ★
✧ Pós IIGM (XX) ✧
LIDDELL HART
Seguidor de Sun Tzu, desenvolve o conceito de estratégia indireta, ou
seja, ter êxito sem usar mecanismos violentos de coação, no entanto o
seu conceito de estratégia não é claro para lá do uso de coação militar.
Estratégia: arte de coordenar e dirigir todos os recursos de uma nação
para cumprir os fins definidos pela política;
Este preocupou-se em tornar a guerra mais transparente, inteligente e
humana. A guerra passa a estar no interior da estratégia, isto é,
passaria a considerar outros meios de coação.
Basicamente assentou no facto de a estratégia ter ultrapassado a mera
preocupação da condução das operações militares e passou a ocupar-
se também a coordenação integrada de todos os setores de um país
para garantir o esforço militar.

Nesta fase surgem 3 pensadores contemporâneos


(Baufre, Charnay e Earle)
que acabam por verificar que, de uma forma mais
sintética, a coação já não se restringe à força militar, mas
sim à totalidade das forças dos recursos de uma nação ou
coligação, dos quais as forças armadas são apenas uma
parte. É óbvio o pressuposto da existência de um outro
oponente ativo, vontades opostas, negações recíprocas e
inimigos.

➥ André Beaufre
A estratégia é a arte de usar a força para atingir o objetivo político, ou
arte da dialética de duas vontades opostas usando a força para resolver
as suas disputas.
➥ Jean-Paul Charnay
A estratégia é a função racionalmente organizadora e diretora da
totalidade das forças das entidades sociais nas suas negações
recíprocas.
➥ Edward Mead Earle
Hoje a estratégia é a arte de controlar e utilizar os recursos de um país
e as suas forças vitais (inclusive as suas forças armadas) a fim de
promover e assegurar efetivamente os interesses vitais contra os
inimigos.

Resumidamente coação já não se restringe à força, mas sim às


totalidades e aos recursos. Verifica-se que assim que a coação ja não
se restringe a força milrar mas sim a totalidade das forças, dos recuros
de uma nação ou coligação dos quais as forças armadas são apenas
uma parte.

➥ Abel Cabral Couto


Considerava que ao longo da evolução do pensamento estratégico se
deve distinguir 3 conceções/escolas inseridas na era da estratégica
científica:
Clássica: de âmbito restrito, reduzida à arte de conduzir
batalhas através da coação militar por parte de atores estatais;
Moderna: de âmbito alargado, considera outras formas de
coação como a económica, diplomática, psicológica e comporta
diferentes níveis de estratégia: total, global, geral e particular.
Assim podemos dizer que a guerra passou para dentro da
estratégia;
Pós-moderna: a que predomina atualmente e é de âmbito
generalizado, aceita uma pluralidade de sujeitos não políticos e
estatais e conflitos heterodoxos que transcendem o paradigma
clássico da guerra.

Para ele a estrategia é a ciencia e arte, desenvolve e utliliza as


forças morais e imateriais de uma unidade política, podendo ser
equivalente a meios tangiveis, intagiveis ou espirituais de uma
unidade política a fim de se atingirem os objetivos politicos.

✓ A conceção pós-moderna que predomina atualmente, é de âmbito


generalizado, aceitando uma pluralidade de sujeitos não políticos e
não estatais, bem como uma panóplia de conflitos heterodoxos que
transcendem o paradigma clássico da guerra.

Nas novas guerras predominam estratégias assimétricas que se


inserem no RAM (revolução nos assuntos militares), assim, a
guerra e os conflitos globais passam para o interior da estratégia.

2. Delimitação do conceito de estratégia


As definções sao demasiados redutoras, então, para delimitar o
conceito de estratégia vamos traçar determinados parâmetros, sendo
eles: Fim, Sujeito, Objetos e Meio. Assim, o conceito só será valido
se os respeitar.
Fim: A política é o objetivo principal que orienta a formulação e
execução da estratégia para alcançar esse objetivo. Podemos dizer
então que a estratégia é um instrumento da política e, por isso,
visa fins definidos pela política;

Sujeito: A tomada de decisão estratégica é realizada por atores


responsáveis que se situam nos mais elevados escalões de
decisão, política ou das áreas de aplicação da estratégia (militar,
segurança, económica, diplomática, cultural, informação);

Objeto: Aquele contra quem se dirige a estratégia. A estratégia


dirige-se sempre contra alguém e, por isso, não há estratégia em
face de coisas, animais irracionais ou fenómenos da natureza;
Meios: Os instrumentos a utilizar. A estratégia pressupõe sempre
o recurso a meios de coação pois há sempre uma vontade
contrária que se pretende neutralizar. No entanto estes meios não
são necessariamente violentos pois com o conceito moderno, a
guerra passou para dentro da estratégia;
Até ao final da IIGM só havia estratégia para a guerra, a partir daqui
começou a existir para a defesa e segurança, passando também para
outras áreas como economia, saude, investigação e desenvolvimento,
etc, seja qual for o objetivo há sempre uma estrategia.

Em suma e de acordo com a conceção moderna, é uma área que


conjuga pensamento e ação ao serviço do poder, para atingir os
objetivos fixados pela política.

É da responsabilidade dos escalões mais elevados da hierarquia, e


tem em conta a existência de um outro, que se opõem
racionalmente e cujos objetivos e ação importa negar.

Promove, articula e coordena a utilização de todos os recursos que


podem constituir meios de coação.

Paul Claval

A estratégia é a arte de fazer evoluir um exército num teatro de


operações até ao momento em que ele entra em contacto com o
inimigo. Escolhe o campo de ação e coloca nele, oportunamente, os
meios.

A tatica é arte de combinar todos os meios militares (tropas,


armamentos, no combate execução local) adaptando as circunstâncias
dos planos da estratégia. Conduz a ação de imediato e em promenor,
gere o conjuntural e o efémero.

Na área militar, considera-se o nível intermédio, denominado


operacional, entre a estratégia e a tática. Entre o operacional e a
tática só há uma diferença de escala/dimensão:

Estratégia operacional: Nível intermédio, na área militar, entre a


estratégia e a tática. Entre esta e o operacional só há uma diferença de
escala /dimensão.
Atribui-se a este conceito a condução de todo o conjunto de forças
em operações, na frente e na retaguarda, em posições ou em reserva,
táticas e logísticas, no onde e no quando definidos pela estratégia,
enquanto a tática apenas terá a ver com as forças efetivamente em
contacto, aquilo a que se chama forças empenhadas.

Novo conceito de segurança: surgiu com o fim da gf e ultrapassa


o conceito de defesa nacional e, por arrastamento, o conceito de
estratégia. Enquanto a estratégia, porque tem por objeto um outro,
enfrenta ameaças, a segurança enfrenta riscos que vão além das
ameaças.

A ameaça pressupõe uma intenção consciente de um outro racional,


que pode, portanto, ser previsivel, ou, no minimo, interpretavel.
O risco compreende o leque de ameaças e inclui fenómenos com
origem em entidades não racionais, como catastrofes, epidemias,
etc.

Derivação semântica: No entanto o termo estratégia generalizou-se e


passou a ser utilizado também para programação planeamento e
gestão de diferentes áreas.

3. Estratégia aplicada

Tendo em conta que a estratégia constitui a melhor forma de ajudar o


poder político a aplicar os meios de coação, é importante entender
como a teoria se traduz em ação.
As diversas formas de intervenção estratégica têm de ser consideradas
aos níveis e ramos da estratégia, assim como atitudes e modalidades
estratégicas.
◦ Níveis da estratégia:
Correspondem ao patamar hierárquico em que se situa a entidade
responsável pela estratégia, podendo ser:
Total ou global: é o nível da conceção estratégica, ou seja, é
responsabilidade do governo e pode ter expressão na política de
defesa nacional.
Gerais: é da responsabilidade das áreas setoriais do governo
que contribuem para a política de defesa ou segurança nacional
(como a militar, da administração interna, económico financeira,
diplomática, da cultura e da informação).
Particulares: é o nível das execuções, ou seja, estratégias da
responsabilidade relacionadas com o Estado (militar terrestre,
naval, aérea e das várias forças de segurança relativas à UE,
OTAN e PALOP)

◦ Ramos da estratégia:
Relacionam-se com os meios de coação necessários para que a
estratégia se torne viável, podendo então considerar 3 ramos:
Estratégia genética: tem a ver com a geração e aquisição de
recursos e meios, ou seja, os meios devem adaptar-se à
estratégia e não o contrário.
Estratégia estrutural: corresponde à organização e articulação
dos recursos para assegurar a sua rentabilidade. Inclui a
conceção e o estabelecimento de condições para a manutenção,
preparação e avaliação da eficácia desses recursos e meios.
Estratégia operacional: compreende a utilização e
rentabilização dos recursos e meios através da análise
sistemática dos diversos fatores e planeamento cuidado do seu
desenvolvimento, ponderando sempre a sua eficácia.
◦ Atitudes estratégicas:
Referem-se às condutas a privilegiar tendo em conta a importância
dos fins e a previsão do comportamento do outro.
Estratégia ofensiva: visa modificar uma determinada ordem
substituindo-a por outra mais favorável aos objetivos, tentando
influenciar o outro sujeito a conformar-se com esses objetivos.
Estratégia defensiva: visa preservar uma ordem existente
impedindo que seja substituída por outra menos favorável virou
basicamente impedir que outros imponham aos seus objetivos.

◦ Modalidades estratégicas:
Tem haver com a natureza dos meios de coação a utilizar e a forma
como são utilizados.
Estratégia direta: exige que a coação seja exercida por meios
predominantemente militares ou diretamente sobre o outro.
Estratégia indireta: quando a coação é exercida por meios não
militares ou quando se utilizam como agentes indiretos,
beneficiando de estratégias diretas de terceiros.
Estratégia de dissuasão: modalidade estratégica com
especificidades próprias e que assumiu notoriedade maior com
estratégia Nuclear
Fórmula da sua eficácia: D=C1XC2, ou seja, a dissuasão é igual à
capacidade X credibilidade. É necessário ter meios para ameaçar o
outro (capacidade), como conseguir convencer o outro da disposição
de empregar esses meios (credibilidade). Se um dos termos for nulo o
resultado será nulo.

Dissuasão nuclear
Atitudes:
Dissuasão defensiva (quando A pretende impedir que B desencadeie
uma ação que A receie e que B possa ameaçar desencadear);
Dissuasão ofensiva (quando A procura impedir que B se oponha a
uma ação que A pretende executar);
Modalidades:
Ação contraforças, que é uma ameaça de desencadeamento de um
primeiro golpe da iniciativa de A contra sistemas nucleares de B antes
que este possa ativa-las, neutralizando a sua capacidade dissuasora;
Ação contraestruturas, que é a ameaça de A retaliar com um
segundo golpe dirigido a cidades, complexos económicos ou outros
centros vitais de B. Se B se antecipar no desencadeamento de um
primeiro golpe.

Nesta abordagem de estratégia de dissuasão núclear


existem 3 situações nucleares possíveis entre 2 atores
nucleares antagónicos:

Estabilidade absoluta: quando os detentores de armas


nucleares A e B se consideram mutuamente ameaçados pois
nenhum ousa desencadear o primeiro golpe por receio da
capacidade do outro para retaliar. Neste predomina a lógica
de dissuasão;

Instabilidade absoluta: quando A e B pensam ambos em


estar a salvo de uma resposta ou uma sua iniciativa, qualquer
um deles tem a convicção de poder alcançar um primeiro
golpe utilizado do as armas nucleares. Neste a dissuasão está
em risco e a guerra nuclear é possível;
Superioridade absoluta: quando A e B estão conscientes de
que só um deles está seguro de não receber resposta a uma
sua iniciativa, e pode impor todas as suas exigências sem
estar sujeito à lógica de dissuasão. A dissuasão não funciona,
mas não há risco de guerra nuclear;

APLICÇAO DA ESTRATÉGIA’
4. Raciocínio Estratégico
É prospetivo, isto é, dever ter sempre em conta o futuro e refletir
sobre ele, de modo a preparar, no presente, um projeto para o futuro.
O raciocínio estratégico parte dos objetivos a atingir e esforça-se para
o alcançar, através daquilo que é necessário e desejado.

Nestes termos um raciocinio estratégico deve ser compreender uma


finalidade (objetivo), uma fundamentação (planeamento), e uma
execução (meios) e incluir uma criteriosa seleção de prioridades

Pilares do raciocínio estratégico:


Querer fazer, saber fazer e poder fazer, ou seja, saber articular a
vontade da inteligência e do realismo.
- Marechal Foch

Atitudes prejudiciais ao r.e:


Tecnocrática: previligia a especialização, é redutora e prejudica as
visões amplas e a multidiciplinaridade inerentes à estratégia;

Administrativa: é burocratizante e convida à rotina, prejudicando a


criatividade indispensável à estratégia;

Impulsiva: porque é institiva, irrefletida, imediatista e prejudicial à


racionalidade estratégica.

- General Gil Fiévet

PODER
A definição de Estado não é consensual por isso recorre-se a fatores
geográficos, históricos, científicos e políticos. Nas inúmeras
definições de poder com que frequentemente nos deparamos,
distinguem-se diferentes níveis de capacidade de poder.
Para uns o Estado é a sociedade politicamente organizada, no entanto
nem todos os Estados são Estados-Nação pois nem todas as
sociedades politicamente organizadas são, ou foram, Estados, como
no caso das tribos ou do sistema feudal;

Ravestan define Estado como uma tripla pois é a junção de 3


elementos, sendo eles: povo, território e o poder jurídico próprio.

No século XV com Richelieu começou a formar-se a Raison d’État.


Considera-se que o estado moderno justifica o recurso a todos os
meios para atingir os seus fins. Com o século das luzes o conceito
humaniza-se graças ao contributo de pensadores importantes.

Formas de Poder

Consoante a fonte de onde imana, teremos:

‣ Poder formal: aquele que é investido de uma autoridade que


deriva de um estatuto;

‣ Poder informal: que resulta da influência de vários fatores


são codificados que podem agir isolada ou associadamente com
uma personalidade, vigor, conhecimento, prestígio ou laços
afetivos ou familiares.

Conforme a legalidade institucional, distinguimos:

‣ Poder da iure, aquele que é reconhecido juridicamente ainda


que por vezes carecendo de eficácia

‣ Poder de facto o que é exercido efetivamente ainda que


carecendo de legitimidade;

Consoante as atitudes:
‣ Poder defensivo que corresponde à capacidade de uma
entidade política impedir que outro imponha a sua vontade;
‣ Poder ofensivo que corresponde à capacidade de entidade
para submeter a outra a sua vontade

A partir desta lista de definições e conceitos podemos chegar a uma


síntese articulá-los em 3° genéricos de poder consoante a capacidade
de impor decisões, controlar as tomadas de decisão e influenciá-las.

TRILOGIA DO PODER

Religioso: que se exerce através do sagrado e dirige as relações com o


além
Militar: que exerce através da força e dirige as relações entre os
grupos sociais que exercem e dirigem as relações através do poderio
monetário e da persuasão;

Económico: exercício através de formas de recompensa e castigo;


Estes poderes completam-se e podem aparecer sob a seguinte
fórmula: P = Pm x Pa (poder material: capacidade, poder anímico:
vontade)

Estas 3 componentes e tipos de poderes sempre existiram e


complementaram-se, Jacques Attali afirma que o dinheiro se salienta
hoje em relação aos restantes.

Outros tipos de Poder

+ Poder da persuasão: exercidos através de meios de propaganda


(bomba atómica);

Poder direto: quando exercido pela força e quando está nas mãos das
forças armadas ou da polícia;

Informal: resulta da influência de vários atores;

Formal: autoridade derivada de um estado;


Legalidade institucional: o poder é o da iure (reconhecido
juridicamente);

Poder de facto: poder exercido carecendo de legitimidade;

Poder defensivo: impedir que o outro imponha à sua vontade;

Poder ofensivo: querer que o outro se submeta à nossa vontade;

Capacidade do poder
➛ O nível mais forte é a capacidade de uma unidade política impor
as suas vontades a outras unidades e até chegar ao poder absoluto;

➛ Nível intermédio: a capacidade de um individuo influenciar/obter


um comportamento em outrem, que este não teria adotado
espontaneamente.

Para Huntington o nivel intermédio é a capacidade


de controlar o comportamento de outro povo.

➛ O nível mais fraco é a mera capacidade de resistir num dado


período;

Poder e Soberania
O poder no significado de soberania não é algo material, ainda que
dependa de fatores materiais. Adriano Moreira afirma que o poder não
é uma coisa, é uma relação, um exercício sobre um outro que pode
situar-se no exterior da entidade política.

Para Raymond Aron o poder, no sentido mais geral, é a capacidade de


fazer, produzir e destruir. No âmbito político distinguimos 3
patamares do poder:
1. Simbólico e anímico: ter capacidade de ser poder (governo), é o
patamar da soberania;

2. Institucional: ter poder (autoridade dos órgãos de soberania), é o


patamar do Estado;

3. Instrumental: exercer poder através do seu potencial, é o


patamar da defesa nacional;

O poder político serve objetivos determinados por ele próprio e é o


fim para o qual a estratégia trabalha.

Poder e defesa Nacional

A defesa nac. é o patamar instrumental de poder, expressão da


capacidade dos órgãos e agentes do Estado. Para ser entendida como
defesa nacional deve-se enquadrar nos valores inerentes a uma
entidade política soberana, basicamente uma estratégia global que
serve interesses e objetivos nacionais.

Interesses e Objetivos Nacionais: consideram-se interesses


nacionais os grandes desígnios que devem ser salvaguardados
para garantir a sobrevivência da nação. São os fins aos quais se
devem adaptar aos meios, morais e materiais, não negociáveis;

Os I.N. comportam 3 grandes áreas: seg. nac, b-est, jst soc.

Poder e Estado

Jean Jacques Rousseau


[defende o contrato social entre a sociedade e o Estado, onde a
sociedade elege o seu representante através da soberania popular e
com esse mesmo poder pode destituí-lo caso este não cumpra com o
estabelecido]
Para os nacionalistas é a nação que luta e defende o estado, elegendo
por isso o Estado-Nação. Os neorrealistas afirmam que o Estado é
constituído por uma estrutura sendo ela organizações e órgãos que
trabalhem para o Estado.

Conceções acerca da legitimidade do poder

Liberal: para o qual a legitimidade do poder resulta exclusivamente


do sufrágio, da expressão de uma maioria, o voto legitima
integralmente o poder;

Marxista: para a qual só numa sociedade sem classes o poder é


legítimo, porque numa sociedade de classe o poder reside sempre na
classe economicamente dominante;

Anarquista: para a qual qualquer poder institucionalizado porque


impõem regras, é ilegítimo;

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