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GEOPOLÍTICA, SEGURANÇA E DIPLOMACIA

PARTE 1
1. CLAUSEWITZ E A TEORIA DA GUERRA

1.1. CLAUSEWITZ, Carl von. 1993. On War. 1a. Ed. New York: Alfred A. Knopf. Livro 1, caps. 1 e 2.
 Escrito em 1832  edição de 1993
 Necessidade de critérios de prioridade  o que representa a parte revisada e o que deve ser abstraído pelo
fato de o autor ter falecido antes de revisar a obra inteira (critérios)
 LIVRO I: Capítulos 1 e 2 | VI: 27, 28, 29 e 30 | VII | VIII  capítulos que foram revisados e representam
estágios mais avançados do autor, com prioridades sobre o resto, tendo o I – 1 e 2, maior prioridade.
 I – 1 e 2: teoria geral / teoria da guerra  concentração das ideias
 Passos:
o Partir de um conceito do que a guerra é para descrever de maneira concreta o fenômeno
o Derivar consequências lógicas do fenômeno
o Contrastar ideia do fenômeno com a realidade
o Assume a realidade como critério de verdade (o que acontece na realidade, é o que é, é o que tem
que ser, não se nega a realidade)
 I – 1: O que é a guerra?
o Objetivo: entender a guerra  essencialmente
o Guerra é essencialmente, uma luta, com dois indivíduos, tentando um vencer o outro pela força,
pelo duelo
o GUERRA: ato de força para obrigar o meu oponente/adversário (evitar traduzir para inimigo) a fazer
a minha vontade (desejo que motivou um ato, com sentido, que depende do comportamento do
outro que está resistindo a essa vontade).
o Guerra deveria ser conduzida aos extremos da violência  3 interações (somadas, a guerra torna-se
o extremo da violência)
1. Não existe limite lógico e racional para o uso da força  limite apenas material, restrições auto
impostas (Direito, religião, moral)  consequências:
a. Se um limitar e o outro não, o lado que se moderou, pode perder e tudo se perder (e ter
moderado sem necessidade).
2. Objetivo supremo da guerra que deveria superar todos os outros deveria ser desarmar todos os
oponentes, desarmar o outro antes que o você seja desarmado  não há incentivos para
moderar seus esforços.
3. Os dois lados entrando na guerra  deverão fazer um cálculo: quantidade de força ser utilizada
e tamanho da resistência que irá enfrentar.
o Extremo da violência = guerra absoluta  guerra decidida num único grande enfrentamento (não
haveria uma preparação para embates em estágios), até um dos dois lados ser minimizado ao
extremo  não há sentido moderar; choque único e gigantesco, “mas vem com tudo” (CLARK, Lia)
 Guerra absoluta: guerra “no papel”  um ideal, mas na realidade não é absoluta
o 3 Modificações na prática: guerra real x guerra absoluta
 Guerra nunca é um ato isolado do contexto político que ela acontece  a guerra absoluta
deveria acontecer quase que em uma realidade paralela (contexto próprio).
 Guerra raramente, ou praticamente nunca (muitos específicos), é resolvido em um único
embate).
 Nem sempre quem perde a guerra se destruiu 100%  há forças para novos embates (não
como originalmente, mas há sobrevivência).
o Consequências importantes para a guerra devido a essas modificações na prática:
 Atuação significativa do acaso/probabilidade  a guerra é aquela interação social que está
mais sujeita à sorte (imprevisível)  se a guerra fosse absoluta, teriam estimativas mais
precisas, porém não.
 Pela guerra não ser absoluta, permite o retorno do objetivo da vontade (na guerra absoluta
se perde a vontade dos oponentes) e permeie a guerra como um todo.
o Anomalia entre a guerra da realidade e absoluta: suspensão da ação (ação não deveria parar) 
mesmo que não seja fisicamente possível juntar todo mundo para combater, o combate deveria ser
ininterrupto  para o outro lado não ter um momento mais favorável (mesmo que se queira parar,
vai ter uma força do outro lado para te obrigar a continuar).
 Suspensão da ação na guerra: conclusões
o Polaridade na guerra: não pode haver polaridade real na guerra, porque os lados não são iguais
(para haver polaridade, os lados devem ser iguais, apenas opostos: positivo e negativo)  ataque
tem propósito positivo e defesa tem propósito negativo (permanecer naquele jeito), estando ligados
à vontade, motivação à guerra  ao autor para nisso, mas na condução na guerra, isso modifica, já
que a condução, a campanha de como conduzir a guerra, o planejamento é diferente ao se fazer a
guerra, não existindo a polaridade real.
 Defesa tem vantagens que o ataque não tem  posição diferente: vantagem da espera
(basta que as coisas continuem do jeito que estão, porque para ele estará bom, o atacante
que tem que agir para haver mudanças) e, principalmente, a vantagem da posição (como o
atacante que tem que agir, ele tem que ir até você para ter a guerra, se ele quer te forçar,
ele que tem que vir)  defesa superior ao ataque.
 2ª definição sobre guerra: continuação da política por outros meios.
 Elementos da guerra:
o Paixão: sentimentos  ódio, rancor, ranço  POVO: como pressionar para manter, continuar uma
guerra
o Razão: propósito/vontade  o que torna a guerra um instrumento para alcançar um fim (ligada a
um universo racional)  GOVERNO: liderança política do país
o Sorte: acaso  guerra sendo imprevisível  COMANDANTE E FORÇAS COMBATENTES: condução da
guerra

Paixão (povo)

Razão Sorte (forças


(governo) combatentes)

 I – 2: Propósito e meios na Guerra


o Propósito: é o propósito bélico  objeto da guerra (o que espera produzir pelo uso da força, o que
espera produzir o objetivo político)  vai na guerra por um objetivo político, mas para conseguir
isso, precisa de um objeto bélico para ter alcance político  PODE ACONTECER DE O PROPÓSITO
POLÍTICO SER O MESMO DO PROPÓSITO BÉLICO.
o Guerras ilimitadas: propósito mais fácil de se entender por ser único  necessidade de prostrar o
defensor  3 pontos a serem analisados:
 Destruir as forças combatentes do defensor  ser desarmado, privado dos meios de
conduzir a guerra  não necessariamente destruir todas as pessoas.
 Invadir o território  tomar o controle de recursos para diminuir a capacidade de luta.
 Submeter a população, sociedade dela a sua vontade.
o Guerra limitada: o propósito é mais complicado de ser definido, mais complexo  como
produzir a paz? Possibilidades genéricas:
 Imposição de custos
 Improbabilidade de vitória  demonstrar que a vitória é improvável, que você será bem
sucedido em causar danos que não valham a pena para ficar resistindo.
o Meios: toda e qualquer guerra, se é guerra, só tem um meio, o COMBATE.
 Tudo que é importante, tudo deve partir das considerações do combate, que é a atividade
primordial/essencial da guerra.
o Considerações que são feitas e tomadas na guerra  categorias:
 Táticas: uso da força no combate  como vencer combates, lutar combates e vencer  se a
guerra fosse absoluta, todas as considerações seriam táticas (o conflito seria resolvido em
um único combate).
 Estratégicas: quais combates devo travar e como eles vão produzir meu propósito de guerra
 uso dos combates para guerra
 Políticas: transversais à guerra como um todo, quanto vale aquilo que eu quero em relação a
outras coisas que eu quero, qual o tamanho dos custos que quero ser submetido  tudo
isso a luz da vontade que levou à guerra
 Logísticas: Clausewitz não discute diretamente (só apresentou, não mostrou como uma
quarta categoria independente)  necessidades materiais das forças combatentes.

1.2. PROENÇA Jr., Domício, DINIZ, Eugenio, RAZA, Salvador Guelfi. 1999. Guia de Estudos de Estratégia. 1ª. Ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar. Cap. 2.
 Jomini: militar suíço na área napoleônica  “rival teórico” de Clausewitz
o Tradição tradicionalista e restauradora  acreditava em princípios gerais da guerra (ao contrário do
outro autor, que buscava “educar a mente” sobre a guerra) e com acontecimentos já vivenciados,
que não são inovadores.
o Tradição popularizante e reducionista  explicação muito simples para algo que as pessoas não
entendiam (guerras napoleônicas).
o Longevidade e vaidade: morte estando velho e um projeto desonesto (visão sobre os estudos de
Clausewitz que morreu cedo e antes dele).
 Princípios universais  regras para a vitória
o Principal premissa: em toda e qualquer guerra, a vitória decorre da ação ofensiva que concentra
forças num ponto de decisão
2. TEÓRICOS DA GUERRA NO MAR (2 AULAS).
2.1. SPROUT, Margarett T. 1943. “Mahan: Evangelist of Sea Power”. in: EARLE, Edward M (Ed.). (1943). Makers of Modern
Strategy: Military Thought from Machiavelli to Hitler. 2a. Ed. Princeton: Princeton University Press. pp. 415-445.

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2.2. CORBETT, Julian S. 1988. Some Principles of Maritime Strategy. Annapolis, MD: Naval Institute Press. Part II.

Some principles of Maritime Strategy:


 Part 1  Teoria da Guerra
 Part 2  Teoria da Guerra Naval
 Part 3  Condução da Guerra Naval
Autor clausewitziano  reconhecia que a guerra é uma só (se estuda um fenômeno integral)  a guerra só faz sentido, seja na
terra/mar/ar, é produzida por um mesmo propósito: a política.
Autor civil  não era militar assim como a maioria e a característica fundamental (mudança que vai acontecer apenas na era
nuclear).

3. TEÓRICOS DA GUERRA NO AR (2 AULAS).


3.1. MACISAAC, David. 1986. “Voices from the Central Blue: the Air Power Theorists”. In: PARET, Peter (Ed). (1986). Makers of
Modern Strategy: from Machiavelli to the Nuclear Age. 1a. Ed. New Jersey: Princeton University Press. pp. 624-647.
3.2. PAPE, Robert A. 1996. Bombing to Win: Air Power and Coercion in War. 1a. Ed. Ithaca: Cornell University Press. Cap. 3.

4. A GRAMÁTICA DOS MEIOS: HOW TO MAKE WAR (5 AULAS-SEMINÁRIOS).


DUNNINGAN, James F. 2003. How to make war: a comprehensive guide to modern warfare in the 21th. century. 4a. Edição. New
York: Harper. Parts 1, 2, 3, 4 e 5.

5. ANARQUIA E GUERRA (2 AULAS).


5.1. WALTZ, Kenneth. N. 1988. “The Origins of War in Neorealist Theory”. Journal of Interdisciplinary History. Vol. 18, n. 4,
615-628.
5.2. WENDT, Alexander. 1992. “Anarchy is what States Make of it: the Social Construction of Power Politics”. In: International
Organizations. Vol. 46, n. 2, 391-425.

6. POLARIDADE E GUERRA (2 AULAS).


6.1. MEARSHEIMER, John J. 1990. “Back to the Future”. International Security. Vol. 15, n. 1, 3-54.
6.2. WOHLFORTH, William C. 1999. “The Stability of a Unipolar World”. International Security, vol. 24, n.1, 5-41.

7. O DILEMA DA SEGURANÇA E O BALANÇO ATAQUE-DEFESA (3 AULAS).


7.1. JERVIS, Robert. 1978. “Cooperation under the Security Dilemma”. World Politics, vol. 30, n. 2, 167-214.
7.2. POSEN, Barry R. 1993. “The Security Dilemma and Ethnic Conflict”. Survival, vol. 35, n. 1, 27-47.
7.3. DINIZ, Eugenio. 2002. Clausewitz e a Teoria do Balanço Ataque Defesa. (Manuscrito não publicado)
PARTE 2
8. INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS E GUERRA (2 AULAS).
8.1. MEARSHEIMER, John J. 1994. “The False Promise of International Institutions”. International Security,vol. 19, n. 3, 5-49.
8.2. KEOHANE, Robert O.; MARTIN, Lisa. 1995. “The Promise of Institutionalist Theory”. International Security, vol. 20, n. 1,
39-51. MEARSHEIMER, John J. “A Realist Reply”. International Security, vol. 20, n.1, 82-93.

9. DEMOCRACIAS E GUERRA (2 AULAS).


9.1. RUSSETT, Bruce. 1993. Grasping the Democratic Peace: Principles for a Post-Cold War World. New Jersey: Princeton
University Press. Cap. 1.
9.2. LAYNE, Christopher. 1994. “Kant or Cant: the Myth of the Democratic Peace”. International Security, vol. 19, n. 2, 5-49.

10. A REVOLUÇÃO TERMONUCLEAR (1 AULA).


TRACHTENBERG, Marc. 1989. “Strategic Thought in América, 1952-1966”. Political Science Quarterly, vol. 104, issue 2, 301-334.

11. OPERAÇÕES DE PAZ (1 AULA).


PROENÇA Jr., Domício. 2003. “O Enquadramento das Missões de Paz (PKO) nas Teorias da Guerra e Teoria de Polícia”. In:
ESTEVES, Paulo (Ed.). 2003. Instituições Internacionais: Segurança, Comércio e Integração. Belo Horizonte: Editora PUC-Minas,
196-263.

12. TERRORISMO (1 AULA).


DINIZ, Eugenio. 2004. “Compreendendo o Fenômeno do Terrorismo”. In: BRIGADÃO, C. e PROENÇA JR, D. Paz e Terrorismo. São
Paulo: Ed. Hucitec, 197-222.

13. REFLEXÕES SOBRE A PAZ (1 AULA)


GALTUNG, J. 1969. “Violence, Peace and Peace Research”. Journal of Peace Research, vol. 6, n. 3, 167-191.

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