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PREPARATÓRIO:

CONCURSO PARA
OFICIAIS DO QUADRO
AUXILIAR DE FUZILEIROS
NAVAIS 2023
GUERRA, CONFLITO, PODER E
FUNÇÕES DE COMBATE
Manual Básico dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (Cap. 1)

Professor: Ferreira
Email: alf.lima@hotmail.com
GUERRA, CONFLITO, PODER E FUNÇÕES DE COMBATE

 ASPECTOS DE INTERESSE DA NATUREZA E TEORIA DA


GUERRA

• A compreensão do fenômeno da guerra, de sua natureza


e dos aspectos inerentes aos campos da arte e da ciência
de que ela se vale é fundamental para o preparo
profissional de Forças combatentes.
 O Fenômeno da Guerra
• A guerra pode ser entendida como um fenômeno social
que resulta da aplicação violenta do poder, com
predominância do poder de combate da expressão militar,
para forçar o inimigo a submeter-se à vontade nacional.

• Nota: “O Poder Nacional manifesta-se em cinco


expressões: política, econômica, psicossocial, militar e
científico-tecnológica.”

• A guerra é, de maneira simplista, encarada como um


confronto de homens e armas. Uma observação detalhada
mostra que os meios são operados, dirigidos, controlados
e coordenados por pessoas, sendo estas as verdadeiras
impulsionadoras de toda a violência por eles gerada.
• São as pessoas, em particular os Comandantes em todos
os níveis das organizações perenes ou ad hoc, que
gerenciam os meios, buscando impor sua vontade sobre
dos seus oponentes, por meio de violência organizada,
para que seus efeitos desejados sejam atingidos na
plenitude.

• Assim, na realidade, a guerra desenvolve-se pelo embate


de vontades opostas, independentes e irreconciliáveis.

• Em suma, a guerra é desenvolvida por homens e não


pelo material, sendo, portanto, um empreendimento
humano, enfoque de especial significado na filosofia de
combate em que se baseia a doutrina adotada pelos
Fuzileiros Navais.
• Atualmente, os Estados têm utilizado a terminologia
conflito, pois, além da Carta das Nações Unidas ter
abolido a expressão guerra, o conflito armado não
necessita ser declarado.

• Cabe ressaltar que as Convenções de Genebra são aqui


aplicáveis, independentemente do reconhecimento ou
declaração de guerra ou de conflito armado.
 A natureza da guerra
• Os principais atributos que caracterizam a natureza da
guerra são:
 A dimensão humana
 A violência
 O perigo
 A incerteza
 A fluidez
 A desordem ou o sentimento de desordem
 A fricção
 A interação de forças
 A dimensão humana
• Caracterizada pela condução dos combates por pessoas,
cujos comportamentos são influenciados por emoções,
medo e exaustão física, tendo suas vontades individuais
como impulsionadoras das ações desenvolvidas.
• Sendo, ainda, a guerra um fenômeno humano, o medo -
reação humana ao perigo - tem um impacto significativo
na sua conduta.

 A violência
• Produzida pelos meios de força empregados.

 O perigo
• Característica fundamental da guerra, por ser ela um
empreendimento violento.
 A incerteza
• Marcada pelo conhecimento parcial da situação.
• É a chamada “névoa da guerra”, que dificulta a visão do
campo de batalha, tornando as suas ações e,
consequentemente, seus resultados indefinidos.

 A fluidez
• Caracterizada pelo relacionamento entre episódios
passados, presentes e futuros, resultando em um
continuum em permanente evolução, fazendo com que a
situação se altere a cada momento ao se apresentar
diferente daquela para a qual um determinado plano foi
concebido.
 A desordem ou o sentimento de desordem
• Caracteriza-se, no combate, pela ausência da ordem que
é normalmente percebida nos adestramentos.
• É a primeira consequência do fogo inimigo, que faz com
que a visão de conjunto fique prejudicada pela busca
instintiva de um abrigo seguro, contribuindo para facilitar
as ações inimigas que podem causar a destruição física de
material e pessoal.
 A fricção
• Gerada pelo somatório dos atributos anteriormente
mencionados, que conduz os eventos aparentemente
mais simples a uma complexidade extrema.
• Pode ser fruto de agentes externos, como o fogo inimigo,
um obstáculo natural ou uma interferência eletrônica, ou
ser auto-induzida, em decorrência de ordens confusas ou
mal transmitidas, complexas relações de comando ou
falhas de comunicação e a escassez logística, que podem
levar à degradação do material e do combatente.
 A interação de forças
• Efeito do engajamento em todos os níveis, que pode ser
de natureza física, representada pelos meios materiais, de
natureza moral, como a vontade, coragem, liderança ou
espírito de corpo, ou, ainda, mental, exemplificada pelo
intelecto ou pelo conhecimento.
• A análise atenta desses atributos da guerra tornará
possível combater e alcançar a vitória em um ambiente
caótico, como o anteriormente descrito, dele tirando
vantagens para o cumprimento da missão.
• O caos far-se-á presente para ambos os contendores e
vencerá aquele que conseguir reduzi-lo para si e ampliá-lo
para o inimigo.
 Guerra - Ciência e Arte
• Vários aspectos da guerra, em particular os técnicos,
enquadram-se no campo da ciência, refletindo a aplicação
metódica das leis da natureza.
• A ciência isoladamente não consegue delimitar o
fenômeno da guerra, o qual engloba variáveis do
comportamento humano e outros incontáveis fatores,
dependendo dos meios que são destinados ao combate e
do desenvolvimento, estudo e aplicação de doutrinas
militares.
• Quando considerados o pensamento militar, as forças
morais e a aceitação do risco, a guerra permeia o campo
da arte por requerer a capacidade intuitiva para
compreender a essência de uma situação particular no
campo de batalha, capacidade criativa para desenvolver
uma solução prática e firmeza de propósito para executar
a ação.
 NÍVEIS DE CONDUÇÃO DOS CONFLITOS
 Nível Político
 Nível Estratégico
 Nível Operacional
 Nível Tático
• A ocorrência de conflitos, sua natureza e magnitude no
ambiente externo ou interno de uma nação caracterizam
os estados de paz, de crise, de guerra ou de conflito
armado, sintetizados na figura abaixo.
• A situação de paz implica a ausência de lutas, violências
ou graves perturbações, no âmbito de um Estado ou no
âmbito de suas relações internacionais.

• Nesse caso, os conflitos existentes não comprometem os


interesses da nação.

• A guerra é o conflito no seu grau máximo de violência.

• Em função da sua magnitude, pode implicar a


mobilização de todo o Poder Nacional, com
predominância da expressão militar, para impor a vontade
de um ator ao outro.
• O conflito armado é amplamente entendido como um
recurso utilizado por grupos politicamente organizados
que empregam a violência armada para solucionar
controvérsias ou impor sua vontade a outrem.

• As expressões guerra e conflito armado diferenciam-se


apenas na perspectiva jurídica.

• A crise é um conflito posicionado entre a paz e a guerra.


Exige uma administração (manobra ou gerenciamento)
que permita uma evolução favorável aos interesses
nacionais em jogo.
•A crise traduz um conflito desencadeado ou agravado
imediatamente após a ruptura do equilíbrio existente
entre duas ou mais partes envolvidas.

• Caracteriza-se por um estado de grandes tensões, com


probabilidade de agravamento (escalada) e risco de
guerra, não permitindo que se anteveja com clareza o
curso de sua evolução.
 Nível Político
• Nesse nível, a partir dos objetivos nacionais
identificados, o Estado integra as medidas gerais nas
diversas expressões do Poder Nacional.

• Assim, pautado na definição clausewitziana de que a


guerra é a continuação da política por outros meios, são
fixados os objetivos políticos a serem atingidos pela ação
militar.
 Nível Estratégico
• O nível estratégico, subordinando-se ao nível político,
pode ser entendido como sendo aquele no qual, valendo-
se da arte e da ciência, as Forças Armadas são
empregadas para a consecução dos objetivos políticos,
por sua aplicação, ameaça, ou simples possibilidade de
emprego.

• No nível estratégico, os objetivos políticos são traduzidos


em grandes ações militares a empreender.
• Dependendo da natureza do conflito, são definidos:
- A estrutura militar a ser empregada.
- Os Teatros de Operações (TO) e as Zonas de Defesa (ZD).
- As Forças que serão adjudicadas a cada grande comando
operacional.
- Os objetivos estratégicos e a estratégia geral para a
consecução desses, o que, normalmente, conduz a uma
ou mais campanhas interrelacionadas.
• A estratégia naval, como parte integrante da estratégia
militar, no que tange ao emprego do Poder Naval,
enquadra-se nesse nível.

• O nível estratégico traduz a decisão política para a


expressão militar e orienta o emprego das Forças
Armadas, visando a consecução ou manutenção dos
objetivos fixados pelo nível político.

• O Conselho Militar de Defesa (CMiD), composto pelo


Ministro da Defesa, Chefe do Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas (CEMCFA) e os Comandantes das três
Forças, assessora o nível político quanto ao emprego do
poder militar.
 Nível Operacional
• O Nível Operacional trata especificamente da campanha,
que pode ser entendida como uma série de
operações/ações militares interrelacionadas para alcançar
um objetivo estratégico, diretamente ou via objetivos
operacionais intermediários.

• Neste nível, os fins são os objetivos estratégicos e os


meios consistem das batalhas e dos engajamentos.

• Este nível representa a interface entre a estratégia e a


tática, sem a qual esta última não resultaria em um
conjunto harmônico de ações.
• Trata-se, em suma, da decisão de onde e quando aceitar
ou negar o combate, encadeando adequadamente as
diversas ações táticas.

• O nível operacional é vivenciado em sua plenitude em


um TO ou ZD, sendo comumente realizadas ações
conjuntas com a participação de mais de uma das Forças
singulares.

• O plano de campanha consolidará o planejamento no


nível operacional, considerando a interação dos fatores
operacionais tempo, força e espaço com os propósitos da
missão.
• Habitualmente, esse plano detalhará, no nível do TO/ZD,
os aspectos de comando e controle, de manobra, de
fogos, de logística, de proteção da própria Força e de
inteligência, incluindo as ações diversionárias.

• Em particular, esse plano especificará as condições


militares que deverão estar estabelecidas para que a
campanha seja considerada encerrada.

• Normalmente, a campanha é faseada, escalonando no


tempo as ações necessárias ao cumprimento da missão.

• O faseamento poderá compreender a concentração e


desdobramento de meios, ações preparatórias, cronologia
ou sequência das ações principais, encerramento das
operações e redirecionamento de Forças, dentre outras.
 Nível Tático
• A tática refere-se ao emprego dos meios em combate,
sendo caracterizada especialmente pela existência do
contato, que não necessariamente será físico, ocorrendo
em espaço e tempo mais restritos que no nível
operacional.

• Embora na tática prevaleça o fogo e o movimento, não


se deve prescindir dos fundamentos da Guerra de
Manobra, buscando-se o emprego harmônico e judicioso
dos meios, pela integração dos diversos sistemas de
armas, atividades e serviços.
 Outras Considerações
• Embora os diversos níveis de condução dos conflitos
tenham sido apresentados separadamente, estes são
interdependentes, não havendo fronteiras definidas para
delimitá-los.
ESTILOS DE CONDUÇÃO DOS CONFLITOS
 Considerações Iniciais

• Na condução dos conflitos identificam-se dois estilos


diferentes, mas não antagônicos, conhecidos como Guerra
de Atrito e Guerra de Manobra.

• Precedendo suas definições, é importante enfatizar que


ambos são implementados com base na doutrina em vigor,
sem que representem novas concepções.
• Tais estilos não existem em suas formas puras,
coexistindo simultânea, interdependente e
complementarmente nos engajamentos, batalhas e
campanhas, sendo passíveis de serem empregados em
quaisquer dos níveis de condução da guerra, escalões de
Forças ou intensidade dos conflitos.

• Todo emprego ou enfrentamento de Forças se vale de


fundamentos das Guerras de Manobra e de Atrito.
• A predominância de um dos estilos depende de uma
variedade de fatores que compreendem, dentre outros:
 A natureza
 A eficiência
 O poder de combate das Forças envolvidas.

• Assim, enquanto no nível tático pode estar se enfatizando


a aplicação de aspectos inerentes à Guerra de Atrito, no
nível operacional, pode haver a predominância de emprego
dos princípios da Guerra de Manobra.
GUERRA DE ATRITO
 A GUERRA DE ATRITO
• Neste estilo, busca-se a consecução dos efeitos desejados
pela destruição cumulativa dos meios inimigos, tanto de
pessoal quanto material, trabalhando basicamente no
campo físico.

• Nele, independentemente da sua vontade, o inimigo será


obrigado a ceder pela simples inexistência de meios e,
consequentemente, pela falta de vontade para continuar a
luta.

• A Guerra de Atrito vale-se da manobra, basicamente, para


possibilitar o emprego de Força contra Força.
• Seu foco é a aplicação eficiente dos fogos, o que conduz a
uma abordagem da guerra com forte ênfase em regras e
procedimentos e com tendência à centralização do controle
das ações.

• A proficiência técnica, particularmente no emprego dos


sistemas de armas, importa mais do que a criatividade e a
astúcia.

• O sucesso em combate passa a depender, basicamente,


da superioridade numérica e material.
• A principal “ferramenta” da atrição é o fogo,
sendo o progresso das ações aferido em bases
quantitativas, por meio do balanço dos danos
materiais e baixas infligidas ao inimigo ou pelo
terreno conquistado.
• Busca-se o confronto com as unidades inimigas de
modo a neutralizá-las diretamente.
• Os resultados serão proporcionais ao nível de força
empregada e, normalmente, mais custosos em pessoal e
material, havendo também a tendência a maiores danos às
áreas onde se desenvolvem as ações, bem como à
população civil.

• A vitória depende, fundamentalmente, de superioridade


numérica e/ou tecnológica, apresentando inerentemente
menos riscos de insucesso por assegurar a certeza física da
neutralização do inimigo.
GUERRA DE MANOBRA
 A GUERRA DE MANOBRA
• Neste estilo, as manobras devem priorizar a aproximação
indireta, na busca de se abordar o inimigo a partir de uma
posição vantajosa.

• Esta vantagem não é apenas física ou espacial; ela pode


ser temporal, moral ou psicológica.

• Busca-se a consecução dos efeitos desejados pela indução


no inimigo do sentimento de que a resistência inócua ou
redundará em perdas inaceitáveis, trabalhando
fundamentalmente no campo psicológico.
• Nele, independentemente da situação dos seus meios em
pessoal e material, o inimigo é levado a ceder à vontade de
seu oponente, adotando ações que lhe são desfavoráveis.

• Também nesse estilo, o fogo é largamente empregado,


embora, em sua forma pura, o estilo da Guerra de Manobra
conseguiria a vitória sem que se efetuasse um disparo se
quer.

• Entretanto, o propósito do emprego do fogo não é


prioritariamente a redução da capacidade física do inimigo,
mas o rompimento da coesão mental das Forças
oponentes.
• Habitualmente, a manobra é entendida como um
deslocamento da tropa no terreno visando a obtenção de
posicionamento vantajoso em relação ao inimigo, conceito
que continua válido na Guerra de Manobra.

• Todavia, nesse estilo de guerra, a manobra tem um


significado mais amplo, podendo ser entendida no tempo
e na forma.

• No tempo, ao obter-se, com um ritmo superior ao do


inimigo na condução das ações, uma vantagem psicológica
decorrente da incapacidade do oponente reagir
coerentemente.

• Na forma, ao atuar de uma maneira não previsível pelo


inimigo, também conferindo uma vantagem psicológica.
• São elementos fundamentais da Guerra de Manobra.
 A liderança em todos os níveis
 A rapidez
 A surpresa
 A audácia

• O sucesso é medido em termos de efeitos desejados


alcançados.

• Nela, evita-se o confronto direto com as unidades de


combate inimigas, engajando seus sistemas de apoio, de
modo a neutralizá-las indiretamente.
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA GUERRA
DE MANOBRA

1) LIDERANÇA

2) RAPIDEZ

3) SURPRESA

4) AUDÁCIA
Notas:

O Ritmo
• Rapidez em relação ao tempo, ou seja, é a rapidez com
que se orienta e decide.

A rapidez
• Possui dois componentes, a saber: ritmo (rapidez em
relação ao tempo, ou seja, é a rapidez com que se orienta e
decide) e velocidade (rapidez em relação ao espaço, ou
seja, a habilidade para mover-se rápido, estando
diretamente relacionada às fases da observação e da ação).
A surpresa
• Pode ser obtida pela utilização de ações diversionárias,
exploração de áreas passivas, etc.

• Para ser atendida, é necessário evitar manobras ortodoxas


e padronizadas. Ela deve estar intimamente ligada com a
criatividade, de forma a permitir a inovação de ações contra
o oponente, o qual não estará preparado e adestrado para
se contrapor às mesmas.

A audácia
• Deve ser entendida como um risco calculado, podendo até
ser encarado como uma quebra de dogmas/paradigmas. A
coragem do decisor também faz parte deste conceito.”
• O resultado da ação deixa de ser proporcional ao nível de
força empregado, tendendo a reduzir os custos em pessoal
e material e havendo menores chances de danos às áreas
de atuação, bem como à população local.

• Neste estilo, a vitória exige maior competência dos líderes,


sendo relevante a obtenção de superioridade local em
poder de combate.

• O risco de insucesso aumenta, uma vez que o inimigo


ainda poderá dispor fisicamente de seus meios.
• Como o estilo de Guerra de Manobra preconiza a rapidez e
a audácia em todos os níveis, é natural a ocorrência maior
de erros, que, no entanto, são em muito suplantados pelas
benesses da surpresa e da exploração tempestiva das
oportunidades.

• Nesse sentido, é necessária uma mudança da


“mentalidade do erro zero”, a qual não se aplica a este
estilo de guerra, em que a tolerância com erros deve ser
maior, assim como, também, devem ser estudadas as
medidas para se contrapor a estes possíveis erros.
• Assim, conclui-se que os estilos de guerra, apresentados
em suas formas puras, constituem uma estratificação
teórica raramente observada nos campos de batalha.

• O fogo, que marca a atrição, obviamente gera uma


vantagem no campo psicológico.

• A obtenção dos efeitos desejados apenas pela manobra


sem que um tiro seja disparado é pouco factível.

• Dessa forma, a combinação do emprego coordenado do


fogo com a manobra deve ser buscado pelos planejadores.
 PODER DE COMBATE
• Poder de Combate é a força a ser aplicada sobre o
inimigo, em um dado momento, sendo o resultado da
combinação de fatores mensuráveis e não mensuráveis que
intervêm nas operações, condicionando-lhes o
desenvolvimento.

• Seu componente básico é a tropa com seus meios, seu


valor moral e o seu grau de prontificação, incluindo-se a
capacidade profissional do Comandante e uma doutrina de
emprego consolidada.

• O Comandante de uma tropa vale-se de seu poder de


combate, buscando combinar e integrar suas funções de
combate, de forma a agilizar o Ciclo OODA e obter a
máxima eficiência frente ao inimigo.
• A aplicação do poder de combate, seguindo os princípios
de guerra e sincronizando as funções do combate, irá
determinar a conduta das operações.

• Por sua vez, a avaliação do poder de combate é relativa,


sendo significativa mediante confrontação com o do
oponente.

• Qualquer fator ou atividade que aumente a capacidade


de uma tropa em operações deve ser considerado como
parte de seu poder de combate.

• Podem ser citados os efeitos das ações desenvolvidas no


âmbito da Comunicação Social, das Operações Psicológicas
e de Assuntos Civis.
• Ressalta-se, ainda, a organização administrativa das
Forças/Unidades operativas do Corpo de Fuzileiros Navais
(CFN), que é dimensionada visando a adequada transição
para a organização para o combate, o que também
contribui para o pronto-emprego, com vistas ao incremento
do poder de combate das tropas de Fuzileiros Navais.
 FUNÇÕES DO COMBATE
• As funções do combate abrangem todas as atividades
militares realizadas em um Espaço de Batalha.

• Cada função de combate é considerada pelo


Comandante, que deve, posteriormente, integrá-las e
sincronizá-las para multiplicar o poder de combate de sua
tropa.

• O emprego das funções do combate é vital para o


planejamento e à execução de missões de quaisquer
naturezas.
 Comando e Controle
• O Comando e Controle (C2) é o exercício da autoridade e
a supervisão sobre suas peças de manobra e elementos
adjudicados, para o cumprimento de uma missão.

• O C2 envolve o arranjo de pessoal, equipamentos, e


instalações que permitam ao Comandante estender sua
influência sobre sua organização durante o planejamento
e execução de operações militares.

• O comando caracteriza-se pelo estabelecimento da


autoridade, decorrente das leis e regulamentos, atribuída
a um militar para dirigir e controlar forças, sob todos os
aspectos, em razão do posto, graduação ou função.
• A liderança e a capacidade de decisão são dois
importantes elementos do comando, ambos fundamentais
para o sucesso em combate, particularmente segundo os
preceitos da Guerra de Manobra.

• O controle é uma atividade inerente ao comando, que se


caracteriza pelo acompanhamento efetivo das ações em
curso, de forma que os comandantes adquiram e
mantenham o indispensável nível de consciência
situacional, particularmente quanto às nossas forças, às
forças adversas e ao ambiente operacional (terreno).
• O C2 viabiliza o desenvolvimento de todas as demais
funções de combate.

• Consciência situacional é a percepção perfeita do quadro


de situação, que é imprescindível para a tomada de
decisões, expedição de ordens e para o controle de sua
execução.
 Manobra
• A manobra é a componente dinâmica do combate, sendo
empregada para concentrar força em ações decisivas.

• O adequado emprego da manobra possibilita que forças


de menor envergadura suplantem outras maiores, por
meio da surpresa, efeito de choque e concentração de
poder de combate em locais e momentos oportunos.

• Os efeitos decorrentes de tais ações contribuem para


que o moral de nossas forças sobrepuje o do inimigo.

• A manobra é resultante da combinação do fogo e


movimento e, por meio dela, uma tropa obtém uma
posição vantajosa para destruir o inimigo ou cumprir outra
tarefa.
• Essa posição vantajosa não se restringe ao espaço físico,
podendo ser uma vantagem psicológica ou temporal.

• A manobra raramente é eficaz sem a perfeita conjugação


do poder de fogo e da proteção da Força.

• A manobra, vista sob enfoque temporal, decorre da


aceleração do ritmo do Ciclo OODA, obtida com a tomada
de decisão e a execução de ações mais rápidas que as do
oponente, criando, dessa forma, as condições necessárias
para o sucesso tático ou operacional.

• A rapidez na aplicação do Ciclo de Decisão, por sua vez,


representará, ainda, um impacto psicológico significativo
nas forças oponentes, por não permitir que reajam
tempestivamente.
 Apoio de fogo
• O apoio de fogo é essencial para desestabilizar a
capacidade e eliminar a vontade de lutar do oponente.

• Sua utilização facilita a manobra, suprimindo ou


neutralizando os fogos inimigos e desorganizando o
movimento de suas tropas.

• O Apoio de fogo também pode ser empregado


independentemente da manobra, com vistas a destruir,
retardar ou desorganizar tropas inimigas ainda não
engajadas em combate.
• Os Comandantes de todos os escalões devem estar
capacitados a empregar o armamento orgânico e os fogos
de apoio, de forma coordenada e integrada à ideia de
manobra, de modo a assegurar a adequada aplicação do
poder de combate, explorando as possibilidades de cada
sistema de armas e o movimento escalonado dos meios
de apoio de fogo como forma de garantir um apoio
contínuo.
 Inteligência
• A possibilidade de sucesso de uma Operação será tanto
maior quanto maiores forem a quantidade e a qualidade
dos conhecimentos que se tenha sobre as Características
da Área de Operações e sobre a Situação Militar do
Inimigo.

• A Atividade de Inteligência é baseada em processo


mental e tem por finalidade produzir e salvaguardar
conhecimentos de interesse, e conduzida segundo dois
grandes segmentos:
 Inteligência: voltado para a produção de
conhecimentos; e
 Contrainteligência: voltado para a salvaguarda de
conhecimentos e das fontes de informação.
• Assim, a atividade de inteligência possibilita que o
Comandante amplie sua compreensão da situação do
Espaço de Batalha, tanto durante o planejamento quanto
na execução, dotando-o de conhecimentos sobre o
inimigo, o terreno, as condições climáticas e
meteorológicas, assim como o acompanhamento das
atividades da população local, que o auxiliam no processo
de tomada de decisão.

• Na Guerra de Manobra, a Inteligência contribui


decisivamente para a aplicação adequada do conceito de
Ação Ditada pelo Reconhecimento, realizando a busca
permanente por pontos fracos no dispositivo inimigo e
oportunidades a serem exploradas.
• Além disso, concorre para a identificação do Centro de
Gravidade (CG) e das Vulnerabilidades Críticas (VC)
inimigas, e para a aceleração do Ciclo OODA, ao agilizar a
observação e a orientação do comando.

Nota:
Centro de Gravidade - é uma fonte de força, poder e
resistência física ou moral que confere ao contendor, em
ultima análise, a liberdade de ação para utilizar
integralmente seu poder de combate.

Vulnerabilidades Críticas - são pontos fracos do CG que, ao


serem exploradas, resultarão na desestabilização ou
destruição do CG oponente.”
 Logística
• Abrange todas as atividades necessárias para deslocar e
sustentar as forças em ação, devendo seu conceito de
emprego, portanto, estar sempre coordenado com o da
operação como um todo.

• No nível tático, esta função se traduz no Apoio de


Serviços ao Combate (ApSvCmb).

• De modo geral, uma logística confiável e ininterrupta


gera poder de combate e possibilita ao comando obter e
manter a iniciativa das ações e explorar, tempestivamente,
as oportunidades.

• Por essa razão, o sistema logístico inimigo se constitui,


muitas vezes, alvo de elevado interesse.
• Na Guerra de Manobra, esta função de combate deve ser
executada de forma pró-ativa, de forma que as Unidades
em combate recebam o adequado apoio logístico,
independente de solicitações prévias.

• Esse apoio, no entanto, deve ser criterioso, para não


sobrecarregar as Unidades com excesso de suprimentos,
dificultando sua mobilidade, e nem deixar que lhes falte
apoio nos momentos críticos do combate.
 Proteção
• Proteção é a conservação da capacidade de combater de
uma tropa, de modo que possa ser utilizada no local e
momento apropriados.

• A proteção do CG e a eliminação das potenciais VC de


uma força devem merecer atenção constante e prioritária
do comando.

• Um Comandante deve proteger suas tropas, seja das


ações do inimigo, seja das condições desfavoráveis
inerentes à área de operações (clima hostil, endemias,
falta de água potável, etc).

• Assim, a proteção compreende dois aspectos: um de


caráter operativo e outro de caráter logístico.
• O caráter operativo da proteção inclui:
 O emprego das forças de segurança e de cobertura.
 A dispersão.
 O uso de cobertas, abrigos, camuflagem e fortificações.
 O despistamento.
 O controle das próprias emissões eletromagnéticas.
 A supressão ou neutralização das armas e da
capacidade de manobra do inimigo (emprego de carros de
combate, aeronaves, armas de destruição em massa).
 O emprego de operações civis-militares, estas visando
criar e manter uma percepção favorável da população
local sobre as nossas Forças.
• O caráter logístico da proteção abrange os cuidados com
o Fuzileiro Naval e inclui:
 Medidas de higiene em campanha, de medicina
preventiva.
 O apoio de saúde em geral.
 O rodízio entre elementos de primeiro escalão.
 O emprego de tropas descansadas.
 O recompletamento de pessoal.
 O fluxo adequado de suprimentos.
 A manutenção dos equipamentos e equipagens.
 Mobilidade e Contramobilidade
• Uma tropa obtém vantagem em relação ao oponente
aumentando sua capacidade de deslocamento ou
degradando a mobilidade do inimigo (contramobilidade).

• A manobra considera o movimento relativo de Forças no


campo de batalha, com a finalidade de colocar as Forças
inimigas em desvantagem (psicológica, tecnológica,
temporal, espacial, numérica ou de poder de combate),
tendo sua eficácia potencializada quando as Forças amigas
podem valer-se de elevada mobilidade, impõem medidas
de contramobilidade às Forças adversas e exploram as
ações de despistamento ou fintas.
• Uma tropa de Fuzileiros Navais tem sua mobilidade
incrementada quando:
 Dotada de meios de transporte.
 A trafegabilidade das vias de transporte e do terreno é
melhorada.
 Seu movimento é apoiado pelo fogo.
 Suas equipagens são dimensionadas para manter a
efetividade em combate com dimensões reduzidas
(menos peso e volume, sem perder eficiência).
 Os efeitos das medidas de contramobilidade do inimigo
são minorados.
• Assim, as tarefas relacionadas à mobilidade envolvem:
 Aberturas de brechas.
 Melhoramentos de estradas.
 Construção de pontes.
 Transposição de cursos d'água.
 Remoção de obstáculos.
 Manutenção das condições de circulação no Espaço de
Batalha.
 Identificação de itinerários desbordantes em áreas
contaminadas ou minadas, dentre outras.
• A contramobilidade nega ou dificulta a mobilidade das
Forças oponentes, limitando sua manobra e reduzindo a
eficácia de seus fogos.

• As tarefas relacionadas à contramobilidade incluem:


 O lançamento de obstáculos ao longo de suas prováveis
vias de acesso em coordenação com fogos
 Acionamento do plano de barreiras
 Destruição de pontes, dentre outras.

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