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Resumo

Subir montanhas pode ser considerado actividade inerente ao ser humano, através da
curiosidade e sede de conquista. A guerra de montanha é o combate especializado, com
características únicas sobretudo para países com áreas montanhosas. A França, Áustria,
Alemanha, Polónia e Itália tiveram numerosos confrontos ao longo dos últimos séculos
– conflitos em e ao redor destas regiões resultou em unidades especializadas criadas
para defender estes afloramentos etc. Foram os italianos quem primeiro criaram
unidades Alpini mas depressa foi seguido pelos franceses. Adveio a Europa Central a
dominar rapidamente ao seguir o exemplo. Não foi a IIªGM, quando este tipo de guerra
era "romanceada" e celebrada por potências militares pelo sucesso alcançado pelos
gebirgsjäeger da Wehrmacht. Os norte-americanos e os britânicos perceberam o mister
capazes de operar em condições meteorológicas extremas e altitudes elevadas. A Índia
no conflito com o Paquistão lembra-nos a continuação desta actividade de guerra.
Muitas nações têm-na hoje como especialização – é caso em Portugal. O caminho a
seguir para melhorar a capacidade de realizar combates em montanhas satisfazendo as
necessidades em todo o espectro das operações.

Caçadores de Montanha – A Guerra das Três Frentes


As montanhas existem em quase todos os países do mundo e quase todas as guerras
envolve algum tipo de operações de montanha. Este padrão não vai mudar, por isso, os
soldados lutam e vão ter de combater em terreno montanhoso nos conflitos futuros. As
zonas montanhosas, desde o Afeganistão1 até aos países bálticos, do Cáucaso aos
Andes, Médio Oriente e África, constituem actuais focos de conflito e nenhum exército
moderno e eficaz desdenha ou ignora a importância destas operações. Para qualquer
exército regular e mesmo na preparação de forças irregulares ou o contrário qualquer
grupo guerrilheiro, terrorista ou grupo armado contrário, constitui importância
estratégica ocupar as zonas altas2, como por exemplo, o caso nepalês – tanto em
Katmandu, quanto nas montanhas, o poder punitivo da guerrilha substituiu o do Estado,
impotente – seguindo a estratégia de Mao Zedong do cerco às cidades pelo campo – os
guerrilheiros não somente atacaram postos de polícia na zona rural, obrigando o Estado
a limitar a presença nos principais centros, como também cercaram as casernas militares
nas cidades3. Além de darem decisivas vantagens militares, são óptimos abrigos para os
movimentos de natura armada ou bélica retirada das zonas baixas. No entanto, a
reflexão sobre assimetria em Portugal concentra-se em cidades e tendem a negligenciar
1
No auge da Guerra-fria, o combate em montanha apenas parecia ser epifenómeno na gigantesca luta aeroblindada que se anunciava
na Europa Central e Norte, mas no final quase imediatamente reacende pontos problemáticos: a URSS lutou nas montanhas no
Afeganistão e na Chéchénia há 10 anos; Balcãs (Bósnia, Monte Igman [1.502 m] e Kosovo) constiuíam o novo teatro de operações.
Na véspera do 11Set poder-se-ia imaginar depois da Guerra do Golfo se desenvolveria no Afeganistão?
2
Sobre as prioridades, o Coronel Pierre-Joseph Givre do 27º Batalhão de Caçadores Alpinos, localizado em Cran-Gevrier responde:
é dada preferência ao combate de guerrilha nas montanhas e guerra urbana (in Le Messager, 2009, entrevista, Colonel Pierre-Joseph
Givre: «La guerre, c'est une réalité sociale»). As áreas urbanas são compartimentadas, a finalidade principal das operações
defensivas na área fortificada é comprometer o inimigo na redução dos pontos de apoio para dissipar o poder de combate e mostrar-
se vulnerável às forças de contra-ataque. Esta defesa permite economia de força nas áreas de defesa avançada deixando disponíveis
proporcionalmente maiores reservas para o contra-ataque; a reserva deve ser altamente móvel e usada com agressividade para
assegurar o sucesso da defesa da área fortificada. Tal como em montanha, proporcionam cobertura e ocultação para as tropas e as
armas, o combate em áreas edificadas caracteriza-se pelas acções próximas, campos de tiro reduzidos, observação limitada,
canalização do movimento; As áreas edificadas são susceptíveis à neutralização ou à destruição po armas nucleares, químicas e
biológicas ou por fogos densos e apoiados com artilharia convencional. Sistemas de comunicação subterrâneos, extensos,
proporcionam ao defensor melhor protecção. As áreas criadas quando reduzidas em ruína mantêm as características defensivas e
requerem o uso de tropas motorizadas ou mecanizadas (que em montanha nem sempre é possível).
3
"Le Monde Diplomatique" Brasil, Nov03. Desde 1996. Nota: A insurreição armada maoista vinha ampliando o controlo sobre
parte considerável do país, sob a sombra dos dois gigantes, China e Índia e da região dos Himalaias. Após anos de negociações, os
principais partidos do Nepal chegaram a acordo para integrar milhares de ex-combatentes da guerrilha maoista no Exército. O
compromisso alcançado permitiu ultrapassar um dos principais obstáculos ao processo de paz e à normalização democrática do país
depois do fim da revolta armada em 2006. Entretanto, Baburam Bhattarai ex-guerrilheiro maoista foi eleito a 28Ago11 primeiro-
ministro do Nepal. Recebeu o apoio de 340 dos 574 deputados presentes no Parlamento. O antigo combatente prometeu completar o
processo de paz depois da década de guerra civil e obter acordo para nova constituição.

1
as "zonas cinzentas", áreas de refúgio, enquanto o princípio é ocupar a terra mais
propícia para crescer onde é fraca, onde o meio equaliza o poder4.
Nas operações de controlo da violência e da paz de suporte actual não excluem actos de
força ou coerção limitada, a grande capacidade específica das tropas de montanha fortes
é a resposta adequada ao estilo e à natureza das acções que levam bandos armados a
partir dos santuários ou bases dificilmente tratáveis pelos blindados mecanizados,
mesmo apoiadas por via aérea ou aeromóveis redutamente activos em termos de
mobilidade ou de fogo. Entre os recursos falta enfatizar a resistência em particular a
capacidade de acção autónoma dos escalões mais baixos, mas também a capacidade de
se combinar, deslocar e estacionar em áreas hostis e domínio de ligações tácticas. A
única restrição é formada pelos pequenos números envolvidos em relação aos teatros,
como o de meios especializados de transporte disponíveis5.
Na IIªGM os alemães acreditavam que as tropas de montanha (gebirgstruppen)
especialmente treinadas podiam influenciar decisivamente o resultado da campanha.
Para os exércitos de massa, confiar em pequenas forças, especialmente treinadas,
garantiriam o avanço através dos vales amplos da montanha, para chegarem a terreno
plano6, onde a decisão normalmente é pedida. Pequenas forças podem prevenir,
impedir, assediar ou canalizar o movimento da força principal inimiga através dos vales,
de modo quando a batalha decisiva ocorrer em terreno plano, o poder inimigo é gasto e
é obrigado, parte das vezes, a lutar sob condições adversas. Em ofensiva, podem cobrir
e proteger o avanço da própria força principal, deixando-lhes chegar ao terreno de
escolha em alto estado de prontidão para o combate.
Antes da especialidade de "pára-quedista" militar, as tropas de montanha eram vistas
como forças da "elite", dado o elevado grau de formação técnica necessária aos
soldados para contornar e operar em cadeias de montanhas ou cordilheiras. Nos inícios
dos anos 40, do outro lado do Atlântico, o exército argentino teve a aptidão de se
modernizar e actualizar a doutrina em montanha. De facto, logo após o regresso à
Argentina depois da estadia na Itália, o TCor Juan Perón7 desenvolveu o conceito que o
pessoal de montanha devia ser classificado como Tropa de Selecção e afirma: «... Lutam
com três inimigos em simultâneo: o terreno, o clima e o adversário; as missões são
sempre as mais difíceis, os problemas tácticos mais complicados, os meios materiais
menos poderosos e a acção é a iniciativa livre e o génio dos comandos de todos os tipos
de cumprimento de ordens ou normas de conduta...»8
Como alpinista, o risco é duplo: desafia-se a si e à natureza; como militar em combate
essa assumpção é tripartida – desafia o inimigo, a natureza e o clima: afoitam-se ambos
à perturbação instável do clima expondo-se, assim, à vitória e à derrota e à recompensa9.
Assim, a missão na ofensiva é proteger a rota para o avanço das grandes unidades
através dos vales; na defensiva é negá-la ao inimigo. Em ambos os casos, as tropas de
4
Esta poderá também ser fonte essencial para a reflexão: encontrar a influência de operação contra a superioridade do inimigo
assimétrico baseado em permanente desafio intelectual.
5
“La capacité spécifique montagne: une capacité à l'action en terrain accidentée ou enneigé dans la durée”, in Objectif Doctrine
nº 38, (2005), du CDES, L'engagement en terrain montagneux et eneigé, MdD França.
6
“Terreno plano”, é termo geral para terrenos com pouca acentuação orográfica (podemos considerar entre 0 e 250 m podendo até
ser mais dependendo do declive) onde se inclui a planície ou outras terras baixas embora não signifique necessariamente planura.
Este termo também denota o campo, baixo, com pequenas elevações e depressões ou qualquer terreno no qual as tropas podem
normalmente ser usadas sem treino ou equipamento especial e sem modificação dos princípios gerais de táctica.
7
Militar, especializou-se em infantaria de montanha e político argentino dominou a cena política durante quase 30 anos. Foi
também docente militar de prestígio (História Militar), escreveu Estudios Estratégicos (1928) e Apuntes de Historia Militar (1932 e
1933). A partir de 1943, começou a convergir até à vida política. O General Juan Domingo Perón foi eleito presidente da Argentina
em 1946, 1951 e 1973, através de eleições democráticas. Fundador e líder político do Movimento Nacional Justicialista, ainda hoje,
continua a ser a força política maioritária: o Partido Justicialista (tb conhecido por PartidoPeronista).
8
Louis Despasse (1953), Al Asalto del Fitz Roy, Editorial Peuser, Buenos Aires, pp. 44-47. In “Primer Congreso de estudios sobre el
peronismo: la primera década”, Martín Andrés Carelli, com o tema: Peronismo y montañismo.
9
Aprende-se a não congratular-se muito depois de atingir o objectivo. A pior parte da pode ainda estar para vir. Estatisticamente, a
maioria dos acidentes acontecem na descida. Celebrar a meio caminho incentiva baixar a guarda quando se está cansado e tenso.

2
montanha devem ganhar controlo. O inverso, em situação de insurgência, é delicado e
perigoso chamar "fraco" ao inimigo, pois é bem capaz de anular nas montanhas
exércitos bem equipados e treinados em guerra convencional e nas planícies10.
As tácticas básicas em montanha são as mesmas do terreno normal (geralmente, entre o
nível do mar e os 250 m de altura), mas a aplicação dos princípios deve ser alterada para
atender ao terreno elevado, escarpado e assimétrico. Em terreno montanhoso o
movimento de tropas e uso de equipamentos pesados são limitados e a ocupação é
restrita, de tal forma, apenas as forças relativamente pequenas podem operar. Os
soldados devem estar prontos para avançar por estradas estreitas, caminhos tortuosos,
chãos sem trilhos, encostas íngremes e escorregadias, barrancos, precipícios e geleiras.
O movimento é amiúde ameaçado por avalanches, queda de pedras, deslizamentos de
terra e fracturas em cornijas. Além destes factores especiais de terreno, o clima também
exerce grande influência na luta contra a montanha. Fenómenos meteorológicos, como o
Sol escaldante, chuva forte e neve ofuscante juntamente com frio intenso ou por ventos
enérgicos, podem ocorrer em sequências rápidas: isto para não falar em microclimas.
A vegetação também está ligada a alguns tipos de rocha, solos e condições climáticas.
Em relação à fauna, fortemente influenciada pela vegetação é capaz de ter relação
íntima com esta e a sua interdependência. A fauna ocupa todos os ecossistemas desde o
solo, rochas, neve, passando por qualquer associação de plantas e até mesmo do ar. No
entanto, notamos a nível geral, a fauna é específica, limitada e escassa com a altura
ascendente, pois aí, as condições pioram (não é o mesmo que viver num bosque num
vale protegido, na encosta próxima com os picos a serem batidos por ventos frequentes).
Nas montanhas, equipas de infantaria-artilharia mantêm a ascendência noutros campos
de batalha, em parte, dá-se preferência aos tanques e o poder aéreo. Papéis
relativamente sem interesse exercidos na guerra de montanha pelo tanque e o avião. O
uso de armas de infantaria e artilharia pesadas é dificultada pelo volume e peso, grande
espaço morto (outras vezes útil), dificuldades de observação e devido ao clima e
intervenção das características do terreno, para não falar na mobilidade11. A infantaria,
acima de tudo, suporta o peso da batalha. Consequentemente salienta-se o princípio da
importância da acção de choque e combate próximo – aumenta a eficiência atenuando
outros métodos de combate e nalguns aspectos este afigura-se à guerra de guerrilha.
10
Os combates, na Primavera de 2002 em Tora Bora e do vale Shahi-Kot mostraram isso mesmo. A Operação Anaconda com início
em Mar02, onde as forças militares dos EUA, juntamente com as unidades afegãs e aliados, tentaram destruir a Al Qaeda e forças
talibãs no vale Shahi-Kot, Montanhas Arma, a sudeste de Zormat. O incremento de sinais e inteligência humana indicavam forte
presença de Talibãs e Al-Qaeda no Vale Shahi-Kot. Cerca de 150 a 200 combatentes. Na altura acreditava-se que a passagem do
Inverno e possível preparação da ofensiva na Primavera nesse vale. As comunicações de inteligência também levantaram a
possibilidade de Alvos de Alto Valor (AAV ou em ing. HVT) estavam presentes entre os quais Jalaluddin Haqqani e Saif Rahman.
Foi a primeira batalha em grande escala america na guerra no Afeganistão desde a batalha de Tora Bora, em Dez01. Também foi a
primeira operação no Afeganistão, onde actuaram em combate directo grande número de forças convencionais. Decidiu-se usar
infantaria convencional dos EUA: consistiam na 3ª Brigada da 101ª Divisão Aerotransportada ("Rakkasans") e o 1 º Batalhão,
Regimento 87 (1-87) da 10ª Divisão de Montanha, para garantir posições de bloqueio. Em consonância com a estratégia
estabelecida, o apoio de fogo foi dado pela Força Aérea americana invés de artilharia. O apoio aéreo adicional foi fornecido por
unidades da Marinha dos EUA e Força Aérea francesa Mirage 2000D. A operação teve desde logo problemas. As forças americanas
equivocadamente pousaram no meio do vale, em vez de ser ao largo e foram imediatamente capturados na zona de morte talibã. Na
luta seguiu fogo pesado – dois Chinooks foram abatidos e vários foram severamente danificados. Os americanos finalmente
ganharam o controlo, infligindo pesadas baixas nos talibãs empurrando-os para fora do vale. Seymour Hersh – americano jornalista
investigador, Pulitzer, colaborador regular da revista The New Yorker sobre assuntos militares e de segurança – refutou o relato
oficial: «de facto foi desastre, atormentado por brigas entre os serviços, mau planeamento militar e mortes evitáveis de soldados
americanos, bem como a fuga dos principais líderes da Al Qaeda, incluindo, provavelmente, Osama bin Laden.
11
A Batalha de Suomussalmi (1939) fez o Urso russo ficar preso na neve na Finlândia. Os finlandeses contra os soviéticos: a aptidão
de manobra de uns opunha-se o despreparo dos outros. O saldo global desta Batalha falou por si: os soviéticos perderam 27.500
almas, enquanto os finlandeses foram 2.700 mortos ou feridos. Sobre a batalha podemos retirar: dos objectivos soviético era cortar a
Finlândia em metade toda a região Oulu – embora na carta pareça razoável, essa era inerentemente irrealista, como a região na
maior parte floresta pantanosa, com rede rodoviária consistia principalmente cortar caminhos. As divisões mecanizadas tiveram de
recorrer a estas, tornando-se alvos fáceis para as tropas móveis de esqui finlandesas. Estas tropas possuiam mobilidade, devido aos
esquis e trenós, em contraste, equipamentos pesados soviéticos foram confinados em estradas. A estratégia finlandesa era flexível e
muitas vezes pouco ortodoxa, por exemplo, as cozinhas de campanha soviética eram alvos a atingir, desmoralizando as tropas com
Inverno subártico; ou deslocarem-se em plena tempestade para se encobrirem, aproximar e atacar os soviéticos.

3
A compartimentação desnivelada do relevo, o bloqueio da neve opõe-se à reunião de
esforços. A grandeza do espaço de manobra é exígua, intervisibilidade e as distâncias de
tiro são reduzidas e as máscaras são comuns. A planimetria compartimenta o terreno
despido aberto e áreas de floresta densa12.
Por causa da limitação do terreno dividido em montanhas, o controlo unificado só é
possível somente por pequenas unidades. O batalhão reforçado é normalmente a maior
unidade táctica cujos movimentos, o comandante pode controlar eficazmente durante o
combate. Em terreno extraordinariamente acidentado a unidade táctica deve ser ainda
menor: o pelotão de caçadores de montanha pode não ser a unidade operacional no todo
mas repartida em várias outras unidades, como esquadras ou mesmo equipas de dois ou
três elementos. Portanto, a maior responsabilidade é colocada nos sargentos. A
autonomia em montanha deve ser formada por indivíduos com muita experiência, não
só nas várias técnicas, como no combate e escalada, mas em sobrevivência.
Estas operações exigem tropas física e psiquicamente aptas e líderes com experiência
em manobras neste terreno. Os problemas surgem no movimento e transporte destas e
de cargas para cima e para baixo em terra íngreme e variados, a fim de acatarem a
missão. As hipóteses de sucesso nestes meios são maiores quando o líder tem
experiência de tarefas sob as mesmas condições dos indivíduos. Aclimatação,
condicionamento e treino são factores importantes bem-sucedidos em alpinismo militar.
Outro aspecto, as unidades de áreas montanhosas e regiões com condições climáticas
rigorosas, aliada à dureza do treino tornam sobretudo operacionais em todos os tipos de
terreno. Estas aptidões técnicas permitem aos caçadores progredirem em campos
inacessíveis às unidades não qualificadas, favorecidos pelos adversários não
convencionais dando poder para usar a aptidão inegável de reconhecimento, informação
e investigação13. Também ajudam a unidade de combate a ultrapassar obstáculos
verticais, movimento e estacionamento em zonas montanhosas cobertas de neve ou não.

Rosto Geomorfológico
As planícies, depressões, desfiladeiros e montanhas revelam o perfil de expansão do
planeta. Estas feições geomorfológicas apontam locais onde eventos ocorridos na crosta
(exógenos) ou abaixo desta (endógenos) aconteceram. Geralmente, as elevações, feições
de central interesse, afiguram eventos específicos, casuais à evolução da crosta terrestre
e agem sempre sobre o material rochoso. A orogénese14 é responsável pela formação.
12
As florestas predominam em mais de 50% nas zonas montanhosas ou sujeitas a condições climáticas severas, com contraste
frequente entre as zonas de tundra e taiga. A taiga assemelha-se à tundra, porém tem o tipo de vegetação pouco mais rico:
conhecida por floresta conífera, ou ainda floresta boreal, é bioma comummente encontrado no Norte do Alasca, Canadá, Sul da
Groelândia, parte da Noruega, Suécia, Finlândia, Sibéria e Japão. No Canadá, o termo floresta boreal designa a parte meridional
desse bioma; e o termo taiga designa áreas menos arborizadas a Sul da linha de vegetação arbórea do Ártico. Em Portugal e no
Brasil, o termo taiga é geralmente usado para designar florestas russas, enquanto floresta boreal para os restantes países referidos. A
tundra é a vegetação proveniente do material orgânico, aparece no curto período de degelo durante a estação "quente" das regiões de
clima polar. Essa flora é o enorme bioma – ocupa aproximadamente 1/5 da superfície terrestre: A tundra ártica apresenta solo gelado
permanente e coberto de neve durante a maior parte do ano, a vegetação é rasteira, não possui árvores com abundância de musgos e
líquens; a tundra alpina situa-se no topo das altas montanhas. É muito fria, ventosa e não tem árvores. Ao contrário da tundra
ártica, o solo expõe boa drenagem e não exibe solo gelado permanente (permafrost) mas apresenta ervas, arbustos e musgos.
13
Podem ser Unidades de Inteligência Humana. Este recurso permite a estas disporem organicamente capacidade de reconhecimento
de engenharia e conduta de fogo indirecto (regulação, iluminação de alvos), contribuindo para a missão principal de colecta de
informações; e especificamente fornece informações necessárias de antecipação da manobra inimiga em avaliação de danos, o
controlo e monitoramento do espaço terrestre e destruição de alvos em profundidade.
14
Orogénese, orogenia ou orognosia é a parte da geologia dedicada ao estudo das montanhas, formação e configuração morfológica.
A actividade orogénica, i.e., a construção de montanhas e a sequência de fenómenos nela produzida, depende do tipo de placas que
colidem por convergência. Quando ocorre a colisão de duas placas oceânicas, a actividade orogénica origina, geralmente, o arco de
ilhas vulcânicas na proximidade da zona de subducção. Em arcos de ilhas complexos como os do Japão, a deformação da crosta, o
metamorfismo e as actividades ígneas combinam-se para originar associações características de rochas e de deformações tectónicas.
O mecanismo de formação da montanha em consequência da colisão da placa continental e da placa oceânica é igual ao da colisão
de duas placas oceânicas, distinguindo-se em dois aspectos. Ao longo da margem continental, formam-se espessas sequências de
sedimentos originando sequências de rochas diferentes das formadas nos arcos de ilhas. A montanha é caracterizada pela existência
de rochas sedimentares dobradas com a raiz de natureza granítica e por rochas metamórficas. Outro aspecto reside no facto do
magma rico em sílica, resultante da fusão parcial da placa entrar em subducção, ascender na crosta continental e originar relevos

4
São várias as causas, entre elas a erosão, falhas, etc., mas as grandes cadeias têm a
génese associada aos geossinclinais15.
A montanha é frequentemente apresentada como espaço fora da norma. O enclave dos
vales, altitude e as condições meteorológicas difíceis envolvidas identificam-na como
espaço singular, tornando-a ainda difícil de definir16. Autores (Davis, 1909, Lobeck,
1929, 1939)17 nas descrições dão especial ênfase à estrutura geológica e minimizavam a
importância da topografia; outros distinguiram entre o terreno montanhoso e as
estruturas geológicas subjacentes (Fenneman, 1928 e Cotton, 1922)18. O principal
problema de usar a estrutura geológica como base da definição: é que estruturas de
pequena expressão, ou fraca deformação, podem estar subjacentes a unidades de relevo
muito vigorosas (Strahler, 1946)19. Por essa razão Preston James (1935)20 e Finch e
Trewartha (1936)21 viriam a ter outro conceito real, respectivamente: a montanha deve
possuir suficiente vigor de relevo gerando zonamento vertical na vegetação; as
montanhas devem possuir vertentes de declive forte, topos pequenos e relevo vigoroso.
Por definição, são chamadas alta montanha, aquelas com mais de 2.500m em altitude22
mesmo havendo muita oscilação nesse valor. Na prática, entre alpinistas desportistas,
consideram apenas quando tem 4.000 m ou mais, sendo normalmente picos nevados.
Das classificações possíveis é a proposta de Herb Hultgren23: i) entre 1.500-2.440 m:
Altitude Intermédia; ii) entre 2.440-4.270 m: Altitude Elevada; iii) entre 4.270-5.490 m:
Altitude Muito Elevada e iv) entre 5.490-8.848 m: Extrema Altitude. Mas esta
classificação é relativa senão mesmo imprecisa, pois a altitude, por si só, não é
suficiente para definir a montanha: basta ver os Planaltos do Tibete, Bolívia e Peru.
Actualmente há consenso generalizado na definição onde inclui o relevo relativo e,
provavelmente, o declive e o volume da forma de relevo24. Por vezes, encontra-se a
distinção entre Alta Montanha (altitude superior a 1.500m e relevo relativo superior a
1.000m); e as Montanhas Médias e Baixas (a partir dos 300 m)25.
sujeitos a rápida erosão. Os sedimentos anteriores da colisão das placas encontram-se na margem continental onde ocorre subducção
são comprimidos e enrugados. A litosfera oceânica é consumida na zona de subducção e a bacia oceânica diminui de tamanho. Da
união dos dois continentes resulta outro continente maior com cadeia de montanhas interior. Os Himalaias formaram-se por este tipo
de orogenia – cresce mais de 1 cm/ano. Formaram-se nos últimos 100 milhões de anos, quando a Índia, deslocando-se para Norte,
destruiu a litosfera oceânica que a separava da Ásia e se lhe uniu. Os Alpes e os Urais são outros exemplos deste tipo de orogenia.
15
O prefixo geo- significa que o sinclinal é de dimensões muito maiores comparadas com os sinclinais. A grande revolução
geológica iniciada nos anos 60 alterou o conceito clássico de geossinclinal. Alguns geólogos procuraram encaixar na tectónica de
placas diferentes formas e variedades de geossinclinais. Outros tentaram destruir o modelo clássico, incluindo deixar o termo
geossinclinal. O problema foi debatido em conferência de geólogos realizada em 1969 em Asilomar, Califórnia. A nova definição é
de sentido amplo: o geossinclinal é a formação sedimentar espessa acumulada rapidamente, numa depressão larga e com grande
comprimento e, geralmente, paralela à margem da litosfera continental. Este pode acumular-se num sulco ou fossa limitada por
taludes ascendentes dos dois lados, ou pode acumular-se num talude com inclinação suave situado no contacto entre as litosferas
continental e a oceânica. Os sedimentos do geossinclinal podem depositar-se em água marinha pouco profunda, nos fundos
oceânicos profundos ou acumular-se como depósitos continentais numa superfície emersa acima do nível do mar.
16
Jean Paul Bozonnet (1999), Des Monts et des Mythes, L’imaginaire social de la montagne, Col. Montagnes, PUG, Grenobla,
França.
17
William Morris Davis (1909), Geographical Essays, Boston, Pub. Ginn; Armin Kohl Lobeck, (1939), Geomorphology, An
Introduction To The Study Of Landscapes, Nova Iorque, Macgraw-Hill.
18
John Gerrard (1990), Mountain environments: an examination of the physical geography of mountains, The MIT Press,
Massachusetts Institute of Technology, Cambridge.
19
Arthur Newell Strahler, “Geomorphic terminology and classification of land masses”, Journal of Geology 54:35-42.
20
Preston Everett James, (1935), An Outline of Geography, Pub. Ginn, Boston.
21
Vernor Clifford Finch e Glenn Thomas Trewartha (1936), Elements of Geography, Physical and cultural, Nova Iorque, Londres,
McGraw-Hill.
22
Distância na vertical entre a altura média do nível do mar até ponto sobre a superfície da Terra.
23
In High Altitude Medicine (1997), Hultgren Pub., Stanford, California. Há quatro décadas, Dr. Hultgren tem sido interveniente
principal no estudo de edema pulmonar da alta altitude e também explora o efeito da altitude em pacientes com doenças
cardiovasculares. Alpinista ávido e cardiologista académico combinam a sabedoria exterior e a ciência rigorosa neste livro.
24
Considera-se que começa a escalada quando, pelas condições do meio ou grau de inclinação do terreno, é necessário recorrer ao
auxílio das mãos ou outros meios para avançar. Os elementos intervenientes na escalada são: o humano; o meio; e o material.
25
Há consenso no limite relativo de relevo de 300m, mas há vários investigadores que preferem o limiar de 700m (v.g. Derruau,
1968 (Mountains, in, Fairbridge RW, editor, The Encyclopaedia of Geomorphology, NI, Rheinhold, pp 737-739; Temple, 1972;
Brunsden e Allison, 1986).

5
Mas caracterizá-la, não basta ter em conta o comprimento na carta, mas a altitude dos
picos principais e os diferentes níveis de volume montanhoso. Isto determina a ordem
em camadas de número maior ou menor de zonas bioclimáticas, no entanto,
especificado pelo número da zona térmica sazonal climática onde se situa este terreno26.
Assim, as cadeias de montanhas do Norte do Alasca ou da Sibéria ainda estão cobertas
de neve e dominam a tundra onde a neve desaparece no Verão; por outro lado, nos
trópicos, as montanhas são em grande número zonas bioclimáticas, onde os humanos
têm beneficiado de diferentes maneiras, dependendo das civilizações agrárias.
Depois de alcançar a altitude +/– 6.000 m, nas encostas do Chimborazo, em 1802
(Horace Benedict de Saussure subiu cinco anos antes os 4.807 m do Mont Blanc), o
grande geógrafo Alexander von Humboldt descreveu a forma de se tornar convencional:
primeiro as encostas mais baixas (terras quentes); depois (terras temperadas); e (terras
frias) e no topo terras geladas [cobertas de gelo]). Considerou em seguida este
terraceamento em altitude corresponde grosso modo aproximadamente à disposição em
latitude de zonas bioclimáticas do Equador até ao Círculo Polar Árctico.
No entanto, ter em conta, em regiões áridas, devido à falta de neve, está coberta de
vegetação de altitude e cascalho até altitudes de 5.000 a 6.000 m, 2.000 m acima do
limite persistente de neve nas montanhas da zona temperada.
No esboço as zonas ou pisos de flora onde se dão sobressaem pela altitude nos climas
Mediterrânico e Atlântico. Nas áreas montanhosas, a vegetação varia com a altitude27,
mantendo a mesma ordem na sucessão de tipos de flora diferentes, dependendo da
latitude. Ou seja, se ascendermos em altura equivale subirmos em latitude.

26
Para Rivas-Martínez et al. (1999) bioclimatologia é a ciência ecológica que lida as relações entre clima e a distribuição dos seres
vivos na Terra. No contexto geobotânico, o fim é determinar a relação entre certos valores numéricos de temperatura, precipitação e
eventualmente outros parâmetros climáticos e áreas de distribuição geográfica de espécies de plantas e de comunidades vegetais.
27
Por exemplo: A floresta da Madeira compreende vários pisos de vegetação, em diferentes altitudes, a Norte e a Sul, com diversos
microclimas, composta por vegetação xerófila (plantas que necessitam climas secos e suporta períodos de seca prolongada como os
cactos) junto ao litoral, designada por Zambujal; por floresta de transição, onde mistura espécies de Laurissilva com as do litoral
(Laurissilva do Barbusano), seguindo-se as outras “Laurissilvas”, constituindo outras florestas, conforme a espécie mais abundante,
são designadas por Laurissilva do Vinhático e Laurissilva do Til. Finalmente têm a Vegetação de Altitude.

6
Se os caçadores forem mobilizados para altas elevações montanhosas exigem período
de aclimatação antes de empreender extensas operações militares. A expectativa mesmo
recém-implantada, as tropas desclimatizadas podem ir logo para acção mas não é
realista e pode ser desastrosa se a força contrária for climatizada. Mesmo fisicamente
aptos, as experiências de degradação fisiológica e psicológica, são notórios quando se é
impelido para elevações altas sem esta preparação. O tempo deve ser alocado para a
aclimatação, condicionamento e treino. A formação entre os 1.500 a 2.500 m não exige
condicionamento e procedimentos especiais de aclimatação. No entanto, alguns podem
ter alguma quebra na eficácia operacional nestas altitudes. Acima dos 2.500 m, a
maioria dos desclimatizados pode mostrar alguns efeitos da altitude. A formação deve
ser realizada progressivamente em altitudes a partir de +/– 2.500 m e terminar a 4.000 m.
O esforço para aclimatar além dos 5.000 m cuja degradação do corpo é maior que os
benefícios obtidos. Os autóctones podem efectuar qualquer movimento em montanha
tão facilmente como qualquer soldado mais aclimatado e fisicamente apto quando
trazido a esta altitude, portanto, o seu uso pode ser útil em vários aspectos –
recrutamento, reconhecimento e informações, sobretudo em situação de guerra irregular.
Pesquisas sobre o consumo de oxigénio são muito limitadas como determinante da
execução na subida ou na escalada, embora os resultados sejam antinómicos28. Outros
parâmetros fisiológicos foram analisados durante e após a escalada29. A metodologia
para determinar o consumo de oxigénio difere entre estudos, muitas vezes, devido à
inépcia de padronizar o meio onde a execução de protocolos difere. Os valores médios
de consumo de oxigénio encontrados na literatura estão entre 20-25 ml/kg/m, com picos
de até 35 ml/kg/m. Os valores da frequência cardíaca para escalada exigente são
mantidos entre as 160 e 170 bpm30, com picos até 190 bpm. Vários estudos concluem,
durante o exercício em escalada, a proporção de consumo de oxigénio – e não a
frequência cardíaca – não atravessa os parâmetros normais, portanto, não são fiáveis a
motivar a intensidade do esforço na escalada. Esta poderia ser principalmente a
musculatura cingida no esforço – é muito exígua (músculos do antebraço), não envolve
mais de 1/3 do total do músculo – por isso, seria esforço de resistência muscular local,
onde os factores vegetativos não são basilares para a execução deste tipo de actividade.
A análise da concentração de ácido láctico, por seu lado, nos diferentes protocolos
mostra a média de 4-7 mmol/l31. No estudo de Werner e Gebert32 no Campeonato do
Mundo de Escalada em Innsbruck (Áustria, 1993), mostraram: em situação de pico de
escalada competitiva os valores de ácido láctico podem chegar a 9 mmol/l33. Estes
28
Aqueles que escalam descobriram, quando ascendem lentamente a montanha durante o período de vários dias, em vez de o
fazerem em questão de horas, podem suportar concentrações de oxigénio atmosférico mais baixas do que quando fazem ascensão
rápida. A razão disso é o centro respiratório no tronco cerebral perde, dentro de 2 a 3 dias, cerca de 4/5 de sensibilidade a mudanças
da Pco2 (pressão parcial de dióxido de carbono) e da concentração de iões hidrogénio no sangue arterial. Por conseguinte, a
expiração de dióxido de carbono normalmente inibiria a respiração não o fazendo e a baixa concentração de oxigénio pode estimular
o sistema respiratório até ao nível muito mais alto de ventilação alveolar do que em condições agudas de baixa concentração de
oxigénio. Em lugar do aumento de 70% da ventilação – poderia ocorrer com a exposição aguda a baixas concentrações de oxigénio;
a ventilação alveolar quase sempre aumenta até 400 a 500% depois de 2 a 3 dias de baixa concentração de oxigénio, ajuda
enormemente o suprimento de oxigénio adicional para os que escalam montanhas. Exemplo prático: até mesmo os alpinistas
experientes podem ter dificuldades devido a falta de oxigénio se, em 1 dia, atingirem a altitude de apenas 5.500 a 6.100 m. Contudo,
o Everest, mais de 8.800 m, tem sido escalado até ao pico sem qualquer oxigénio suplementar; todavia, a ascensão é feita em etapas
muito lentas, de modo a se conseguir completa aclimatização do impulso respiratório à Po2 (pressão parcial de oxigénio) baixa.
29
Foram encontradas importantes diferenças metodológicas entre os estudos analisados, sugerindo a necessidade de padronizar os
protocolos de avaliação sobretudo a nível militar.
30
Batimentos por minuto
31
Milimole por litro. A mole é o nome da unidade de base do Sistema Internacional de Unidades para a grandeza quantidade de
substância (símbolo: mol), muito utilizada na Química. É comum para simplificar representações de proporções químicas e no
cálculo de concentração de substâncias. O termo foi introduzido para indicar grande massa macroscópica, contrariando assim, a
palavra "molecular" (derivada de moles, pela adição do sufixo "-cula", significa "pequeno" ou "diminuto").
32
Werner, I. y Gebert, W. (1999), Blood lactate responses to competitive climbing, The science of climbing and mountaineering,
Human Kinetics.
33
O intervalo de valores de lactato no sangue varia de 1,6 mmol/l numa via de escalada 4 até 6,1 mmol/l numa via 7c. As variações
nos valores notados podem decorrer de mudanças nos métodos de avaliação, dificuldade da via de escalada e nível de desempenho

7
níveis de lactato34 correlacionam a baixa dos níveis de força da pressão35 medida pela
dinamometria. Pode-se supor, os níveis de lactato nos músculos do antebraço são
elevados, mas em poucos minutos circula e é transportado para outros músculos, fígado
e coração. Na escalada parece ser mecanismo de remoção muito importante se o
aparecimento de lactato é reduzido (a partir do maior nível de força máxima) e se a
remoção for maior, poder-se-ia tolerar o nível moderado deste durante longo período de
tempo: o aumento do nível de rendimento de escala pode ampliar a tolerância ao lactato
e remover o ácido láctico durante a escalada podendo ser benefício para esta acção.

Treino de técnicas de escalada com a vila de Sintra em fundo. Foto do autor tirada pelo camarada Carlos Gonçalves

Da análise antropométrica, propôs-se que os escaladores – masculinos e femininos –


tendem a ser baixos em altura, peso leve e baixa percentagem de gordura. Isto é
suportado porque o excesso de peso (sobretudo gordura) aumentaria o esforço muscular
inevitável para sustentar o corpo e correspondente ascensão vertical36.
Deve ser referido, a preparação física especial é apenas o aspecto para o desempenho na
escalada, algo por si só, não garante o sucesso37. É essencial, tanto ou mais, preparação
táctica, técnica e psicológica. Nenhumas pode per si atingir, a meta do treino de
montanha militar para conseguir o domínio.
Na verdade, as montanhas não ocupam senão parte muito pequena da superfície dos
continentes, em comparação com a vastidão das planícies e planaltos, mesmo assim, são
dos participantes. Tais diferenças entre os estudos obrigam à comparação adequada dos resultados. A via é classificada em escala de
dificuldade. Para a classificar é usada a escala de avaliação, neste caso concreto, é francesa que vai de 1 a 8c.
34
Lactato é a forma ionizada do ácido láctico.
35
Acção de premer, de comprimir, de apertar i.e. a força exercida do escalador sobre determinado ponto ou elemento de superfície,
no caso, a parede de escalada.
36
Grant, S, V. Hynes, A. Whittaker, e T. Aitchison (1999), “Anthropometric, strength, endurance and flexibility characteristics of
elite and recreational climbers”, Journal of Sports Sciences, 14:301-9 e Watts, P.B., Matin, D.T. y Durtschi, S. (1993),
“Anthropometric profiles of elite male and female competitive sport rock climbers”, Journal of Sports Sciences. 11:113-7
37
Estes estudos contribuem significativamente para melhor compreensão das características da escalada – e até o próprio
comportamento antropofisiológico em altitude e no campo de batalha – identificando áreas de interesse requerem estudos
aprofundados e o próprio Exército poderia fazê-lo. Os resultados da pesquisa ajudarão a guiar a escalada e militarmente como a
planificação do treino baseada mais em evidências científicas e menos em percepções subjectivas de alpinistas e instrutores.

8
36% da superfície dos continentes. Sejam altos ou baixos, mais ou menos com
planitudes rugososas e correspondem essencialmente às grandes placas criadoras da
crosta terrestre. No entanto, onde essas se sobrepõem em movimento é onde se erguem
a maioria das montanhas, explicada, nos mapas do mundo, as formas distintivas deste
terreno disposto em mais ou menos longas cadeias de montanhas. Estas formas
ascendem a mais de 500 m acima da planície circundante e são caracterizadas por
declives acentuados, geralmente, variam de 4º a 45º. Escarpas e precipícios podem ser
verticais ou salientes. Podem consistir em picos isolados, cumes únicos, glaciares,
neves, compartimentos ou em intervalos complexos prolongando-se por longas
distâncias e obstruindo a circulação normal. As montanhas, em geral, favorecem a
defesa, no entanto, o ataque pode ter sucesso com planeamento detalhado, ensaios,
surpresa e tropas bem treinadas, experientes e bem lideradas.
É o material da superfície da Terra, durante o período de tempo difere em camadas ou
horizontes sob a influência climática, vegetação e rochas. O solo é elemento vivo,
forma-se e muda-se lentamente até chegar a certa estabilidade. No solo, temos de
distinguir a fracção mineral resultante da alteração da rocha; e a outra fracção orgânica
ou húmus: matéria orgânica em decomposição, hidrocarbonetos, etc.
O clima é factor muito importante na génese do solo tanto quanto dele depende da acção
directa de factores ambientais: pluvial, eólica, solar, glaciar, etc.
Os Guias de Montanha38 devem considerar os efeitos do terreno e do clima sobre as
operações, principalmente nos esforços de tropas e logística. Tempo e terreno
combinam-se para desafiar os esforços deslocando provimentos para as áreas da frente.
As tempestades da Primavera, podem assentar a capa de neve em estradas secas,
combinadas com veículos despreparados criando situações perigosas. Os helicópteros,
recurso valioso para usar na deslocação de tropas e suprimentos, não devem planear
usá-los como único meio de circulação e reabastecimento. Métodos opcionais devem ser
traçados devido à variação do clima. As unidades prontas para implantação em terreno
montanhoso devem tornar-se auto-suficientes e treinarem em condições diversas. Os
Guias devem estar familiarizados com os apoios que o terreno pode dar à unidade.

Áreas além de 5.500 m são consideradas altitudes extremas. Os militares de montanha


não precisam exceder máximos como é objectivo no alpinismo desportivo – como
acontece entre o pára-quedismo militar e o desportivo – são coisas diferentes cujos
38
O sucesso nas operações de montanha precisa de especialistas hábeis em alpinismo: tropas de montanha regulares/irregulares
chamados Guias de Montanha do Exército. Os regimentos, batalhões e companhia deveriam incluir todos os oficiais e sargentos de
montanha e parte dos subalternos, em estados-maiores como assessores.

9
objectivos são por demais evidentes e diferentes. Excepcionalmente, o caçador de
montanha poderá passar o limite razoável na operação militar mas fá-lo para defender o
propósito de atacar ou defender e nunca em bater máximos ou encarreirar em aventuras
desnecessárias podendo colocar em perigo a própria vida e a do grupo. Se isso
acontecer, fique claro, é por mera conjuntura excepcional (mas não como regra).

Portugal Continental
Portugal continental compreende três unidades morfoestruturais fundamentais, distintas,
quer do ponto de vista cronológico, quer da estrutura dos terrenos39. Essas unidades são:
- Maciço Hespérico ou Maciço Ibérico – a mais velha unidade estrutural da Península;
- Orla Mesocenozóica Ocidental ou Lusitana e Orla Meridional ou Algarvia;
- Bacia Cenozóica (Neogénico – Miocénico)40 (Terciário)41 do Tejo e do Sado42.
Apenas a unidade estrutural ibérica está ausente do território; com efeito não existem
cadeias alpinas afins aos Pirenéus, à Cordilheira Cantábrica ou à Cordilheira Bética43.
Os dois mecanismos principais para a sua origem são vulcânicas e tectónicas: os
vulcões são construídos a partir de lava e cinza, iniciando dentro da terra como magma;
a acção tectónica de placas ao colidirem, arribam dobras das montanhas e para separar e
gretar, formam bloco de cadeias montanhosas:
a. Placas Tectónicas. As lajes maciças da camada externa são chamadas placas
tectónicas. São compostas de partes mais leves, a crosta continental granítica e mais
pesadas, a crosta oceânica basáltica anexada às lajes do manto superior rígido.
Flutuam lentamente sobre a astenosfera44 mais maleável, o movimento em relação à
outra criam sismos, vulcões, fossas oceânicas e os sistemas altos de montanha.
b. Estrutura da Montanha. Tensões diferentes verticais e horizontais criam
montanhas, geralmente, produzem padrões complexos. Cada tipo de pressão produz
estrutura típica e a maioria delas pode ser descrita em termos dessas estruturas.
O principal conjunto montanhoso português é, sem dúvida, a Cordilheira Central,
horst45 muito complexo, constituído por dois
blocos (a NW: Estrela46, Açor e Lousã; e a SE:
39
O objectivo principal não é apresentar factos relativos à geologia ou geomorfologia, mas a apresentação introdutória de alguns
pontos gerais.
40
A Era Cenozóica (inicialmente coincidente com o Terciário) dividida por Lyell (1830) em Eocénico (bacia de Paris), Miocénico
(bacia da Aquitânia) e Pliocénico (bacia do Pó). Só em 1854, Beyrich separou o Oligocénico do Eocénico com base em depósitos
das bacias alemãs e, em 1874, Schimper separou o Paleocénico da base do Eocénico. Actualmente a Era está dividida em dois
Sistemas: Paleogénico e Neogénico. São divididos em diversas Séries e Andares. Geologicamente, o Cenozóico é a Era dos
continentes se movem para as posições actuais. Expansão oceânica e a orogénese Alpina marcam profundamente o Cenozóico. No
Cenozóico inferior continuou a abertura das bacias oceânicas modernas enquanto os continentes se deslocavam para as posições
actuais. O Oeste da América do Norte continuou a deslocar-se para Norte, enquanto a baixa Califórnia se afastou do México à
medida que abria o golfo da Califórnia. O Atlântico Norte continuou a abrir-se dando fim à ponte intercontinental que ligava a
América do Norte e a Eurásia (Gronelândia - Noruega). No Neogénico superior as duas Américas ligaram-se através do istmo do
Panamá. Abriu-se o mar Vermelho enquanto a Península Arábica se afastou de África. No Hemisfério Sul a Antártida separou-se
definitivamente da Austrália. Formaram-se os Himalaias por colisão da India com o Tibete. No Pacífico desenvolveu-se anel de
fogo (in http://www4.fct.unl.pt/historia-da-terra-e-da-vida/cenozoico/index_html).
41
Nosso sublinhado. Na escala de tempo geológico, o Terciário era o antigo período da era Cenozóica do éon Fanerozóico onde
congregava as épocas Paleocena, Eocena, Oligocena, Miocena e Pliocena. A extinção do período Terciário deu lugar a dois novos
períodos no Quadro Estratigráfico Internacional: O período Paleógeno (constituído pelas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno); e
o período Neógeno (constituído pelas épocas Mioceno e Plioceno).
42
O Maciço Hespérico é constituído por rochas prémesozóicas, maioria metamórficas e ígneas, enquanto as Orlas Mesocenozóicas e
as Bacias Terciárias do Baixo Tejo e Sado, são constituídas por rochas sedimentares. A. Ribeiro, M.T. Antunes, M.P. Ferreira, R.B.
Rocha, A.F. Soares, G. Zbyszewski, F. Moitinho de Almeida, D. Carvalho, & J.H. Monteiro, (1979), Introduction à La Géologie
Générale du Portugal, Serv. Geol. Portugal, Lisboa.
43
Hermann Lautensach, (1967) Geografía de España y Portugal, Barcelona.
44
Zona do manto externo, menos rígida, atingindo por vezes, profundidades superiores a 100 km na zona dos continentes. Situa-se
logo abaixo da litosfera. O limite inferior é ainda mais difuso. A existência da astenosfera foi evidenciada através do estudo do
comportamento das ondas sísmicas. Na astenosfera, a velocidade de propagação das ondas sísmicas diminui.
45
Horst ou muralha é a designação dada em geologia estrutural e em geografia física a bloco de terra elevado em relação ao
território vizinho por acção de movimentos tectónicos. O horst eleva-se devido ao movimento combinado de falhas geológicas
paralelas ou relativamente paralelas, cujo movimento provoca o afundamento dos terrenos vizinhos ou a elevação de faixa de
terreno entre elas (ver figura infra). Trata-se de feição estrutural que pode ou não expressar-se geomorfologicamente.

10
Gardunha, Muradal e Alvelos) separados por sulco de abatimento, alongado, percorrido
pelo rio Zêzere (o “Fosso do Médio Zêzere” [Orlando Ribeiro, 1964]47).
Igualmente importantes são as do noroeste português, chamadas serras gravíticas do
Minho, cortadas profundamente, por virtude dos alinhamentos de fractura de direcção
“bética”. As serras e planaltos calcários marcam bem grande parte do relevo das Orlas.
O Maciço da Estremadura é exemplo disso. Das várias serras existentes nas Orlas
destacam-se, no referido Maciço: Aire e Candeeiros; para Sul: Montejunto e Arrábida; a
Norte: Sicó. Somente em dois casos, nas Orlas, há rochas magmáticas associadas a
relevo montanhoso – granitos de Sintra e sienitos nefelíticos em Monchique).

Guerra em Montanha – Renovação Táctica


Embora existam tendências a defender a tese da luta nas montanhas está ultrapassada
considerando este terreno zona passiva na qual se deve evitar o combate. Actualmente o
inimigo manobra no terreno e em condições climatológicas duras e forçam exércitos a
viverem, deslocarem-se e a lutarem com materiais e procedimentos específicos
considerados como combate em montanha. De facto, as condições gerais de guerra são
imutáveis, mas as condições locais são quase sempre especiais.
A natureza exacta do alpinismo militar é muitas vezes incompreendido48. O erro mais
comum é o alpinismo ser estritamente limitado à escalada técnica exigindo extrema
competência49. Ideias falsas como estar cingido às tropas das forças especiais para a
noção de qualquer unidade pode, quase sem preparação, operar em terreno montanhoso.
Para as unidades serem capazes de cumprirem todas as fases das operações, as tropas
devem ser treinadas na gama de técnicas e não técnicas, em alpinismo militar. Os

46
Durante a glaciação Würm existiu um glaciar no planalto no nível culminante da Serra da Estrela; teria atingido uns 80 m de
espessura e emitia línguas por vales pré-existentes instalados nas vertentes da Serra. Das sete línguas glaciares identificadas através
do que resta das formas dos vales e, principalmente, dos depósitos morénicos, uma, a do Zêzere, teve extensão máxima de 13 Km
descendo até à altitude de 680 m; tal dimensão ficou a dever-se ao facto do vale estar primeiro disposto a Leste e depois a Norte, ao
contrário dos outros, expostos aos quadrantes de Sul e Oeste.
47
“O Fosso Médio do Zêzere”, é a interpretação morfológica de um graben entre os dois horsts principais da Cordilheira Central e
por onde se insinuou rio Zêzere. O Fosso Médio do Zêzere. Comun. Serv. Geol. De Portugal, XXX, 79-85.
48
Algumas tentativas, provavelmente ingénuas em substituir "alpinismo" pelo barbarismo "montanhismo" (inspirado no termo
inglês mountaineering), “ascencionista” ou "montanhista", com raciocínios falaciosos, como a título de exemplo, rentabilidade
(galicismo) e rendabilidade ou rendibilidade (forma correcta) preterindo-se o português a vulgos estrangeirismos, tal como na
propaganda, neste caso: o erro repetido muitas vezes torna-se “verdade” aproveitando-se da desatenção. Mas voltando a esta
actividade alpina muitos julgam exclusiva e praticada nos Alpes; outros designam assim, porque é praticada acima dos 2.000/2.500
m; e outros ainda dizem que essa actividade é feita fora dos Alpes, etc. – enganam-se. O termo refere-se ao terreno montanhoso que
exceda os 600 m da planície circundante e é caracterizado por encostas íngremes. No entanto, o alpinismo militar não se limita às
montanhas mas a todo o terreno constituído por encostas íngremes, precipícios, vales profundos e planaltos ou até mesmo ravinas
localizadas a mais de 1.500 m acima do nível do mar – complica de modo especial a tarefa de qualquer unidade convencional e
precisa de atenção especial, embora aqui a altura, seja referência há excepções a ter em conta. Mas para termos o correcto uso da
palavra vejamos a génese: O radical alp, de origem nos radicais indo-europeus – base da maior parte das línguas faladas na Europa,
com origem no IIº milénio ANE – com o significado de “altura” (alb- ou alp-); por exemplo a Comissão de Peritos de
Terminologias e de Neologismos francês, refere como origem celta, a qual significa "alta montanha" ou "rocha íngreme; É neste
sentido geral (quaisquer sejam as coordenadas geodésicas) fala em geografia e em jargão militar: tropas alpinas ou de montanha; em
botânica: plantas alpinas, mas também: pastagem de alta montanha, dos Alpes australianos e neozelandeses escandinavos; Nada
justifica, portanto, a relutância em usar o termo "alpinismo"; Além disso, em outro sentido, a capacidade que pode ter o termo
"mountaineering" incluindo todas as práticas desportivas de montanha, além da mera escalada, encontra-se perfeitamente em
português, na expressão "desportos de montanha". No dicionário português da Priberan (Porto Editora) diz o seguinte: «…consiste
na ascensão aos Alpes e, por extensão, a qualquer montanha» e a Academia francesa diz-nos: «…consiste em efectuar ascensões em
montanhas. Assim, poder-se-ia dizer que o alpinismo é definido por dois componentes: ambiente específico e estado de espírito.
49
Algumas pessoas com excelente condição física pode ser surpreendentemente maus escaladores e outros que não estão em forma
podem ser curiosamente bons escaladores. Estes acontecimentos estranhos auxiliam a compreender dos logros na escalada.
Diferenciando-se a condição física e a capacidade, parece que algumas pessoas estão muito capacitadas e são capazes de escalar
bem, mesmo quando estão fora de forma, enquanto outros com boa condição física sempre careceram de habilidade necessária. Mas
aprofundando pouco mais esta questão, há alguma relação entre os dois? A força superior amplia habilidades possíveis ou encoraja
qualquer má técnica?

11
caçadores precisam de ser especialistas em montanha. Os alemães na formação na
IIªGM efectuavam-na em dois níveis50: o curso para Guias de Montanha do Exército,
incluindo esqui, para oficiais, sargentos e o número de praças seleccionadas; e curso
menos aprofundado para as restantes praças das divisões de montanha51.
O teatro operacional em meio montanhoso gera conflitos assimétricos mais ou menos
conhecidos, são áreas de refúgio onde irregulares, se "acomodam", equipam, treinam e
transitam os seus combatentes e fluxos de logística. Neste, os movimentos aplicam
técnicas padrão – bem conhecidas dos guerrilheiros – onde se apoiam na população
local, separando as áreas de fabrico ou de colecta de armas das áreas de armazenamento,
evitam concentrações de combatentes, o uso dos meios de transmissão é limitado ao
mínimo e implantam dispositivo de inteligência e de alerta discreta, mas eficiente.
As operações nas montanhas exigem tropas fisicamente aptas e os líderes com
experiência em operações neste tipo de terreno. Os problemas surgem no movimento de
tropas e transporte de cargas para cima e para baixo em terra íngreme e variada, para
cumprirem a missão. O líder traquejado sob as mesmas condições dos subordinados tem
maior hipótese de sucesso neste ambiente. Aclimatação, condicionamento e treino são
factores importantes bem-sucedidos em alpinismo militar.
Primeiro, o caçador de montanha carrega peso, durante muito tempo e tem pé firme.
Em terreno tão fragmentado e compartimentado, a maioria das operações é feita a pé,
especialmente, porque a disponibilidade de helicópteros é aleatória, mesmo dentro da
cadeia de comando. Deve ser capaz de penetrar a pé, à noite, em desníveis verticais
próximo dos 1.000 m: só o equipamento actual ronda o peso mínimo total de 40 kg:
colete de 25 kg, munições de todos os tipos, transmissões, meios de observação dia e
noite52. O único ganho só pode ser compensado no alimento às vezes quente.
Se o terreno não expõe grandes dificuldades técnicas, requer ter pé firme, seguro e
equilíbrio. Deve, portanto, ser capaz de deslocar-se com cargas pesadas, às vezes na
obscuridade, serpenteando por cima e entre cumes rochosos. Nada de muito difícil
quando sabemos identificar riscos objectivamente neste terreno muitas vezes é mais
perigoso do que à primeira vista aparenta. Podemos qualificar os perigos em dois tipos:
 Subjectivos: derivados do próprio comportamento, ou seja, subestimar a actividade,
sobrevaloração pessoal, inconsciência e a ignorância sobre perigos potenciais e
assim por diante.
 Objectivos: produzidos por causas naturais: queda de pedras, neve, avalanches,
mudanças bruscas de condições climáticas, cheias, etc.
É óbvio a necessidade de ter unidades prontas e preparadas para viver, deslocar-se e
lutar com materiais e procedimentos considerados específicos de combate em zonas de
montanha extremamente frias. Esta tendência continua a impulsionar a motivação do
tipo de terreno pelo inimigo; o terreno e as severas condições climáticas adversas
prevalecentes nas operações estão a evoluir; assim como, o crescente interesse
despertado pela geoestratégica do Árctico para a extracção de hidrocarbonetos para uso
50
Ian Westwell (2003), Brandenburgers The Third Reich’s Special Forces, Ian Allan Pub, Surrey, Inglaterra; Gordon Williamson e
Darko Pavlovic (2003), Gebirgsjäger German Mountain Trooper 1939-45, Oxford, Inglaterra; Osprey Pub Mihael Sharpe (2005),
5th Gebirgsjager Division Hitler’s Mountain Warfare Specialists, Ian Allan Pub, Surrey Inglaterra; Gordon Rottman e Stephen
Andrew (2007), Gebirgsjäger German Mountain Infantry, Concord Pub, Castle Peak Road, Hong-Kong.
51
O treino do caçador de montanha alemão começava no terreno normal e por 6 meses, aprende as bases. Geralmente chega às
montanhas no início do Verão e permanece por um ano inteiro. Durante a primeira fase do curso, é introduzido ao alpinismo e é
conduzido gradualmente em subidas de dificuldade crescente. Aqueles que iam ser treinados como Guias de Montanha do Exército
foram seleccionados com base no desempenho militar e testes de aptidão em alpinismo e recebiam treino em separado. Só eles
recebem instrução militar em esqui de montanha. Os outros soldados aprendiam a deslocar-se sobre a neve, com ou sem raquetes de
neve e mais tarde as marchas são combinadas com a formação em operações militares na neve: Em meados de Janeiro os soldados
vão por grupos de 20 dias de treino em estações de alta montanha onde têm a certeza de encontrar neve o tempo todo. Aqui
treinavam tiro de armas e metralhadoras em condições de combate simulado
52
Não incluimos outro material como cordas, cavilhas, mosquetões, martelo, etc. ou o próprio armamento ligeiro e eventualmente
pesado.

12
como rota de navegação na sequência da redução progressiva da superfície oceânica
congelada causada pela mudança climática. Por exemplo, o exército de terra espanhol
durante o ano de 2010 viu os desenvolvimentos seguintes53:
 As teorias têm sido avançadas sobre a condução das operações no Afeganistão,
rejeitam a desaceleração durante o Inverno e defendem o fortalecimento das
operações invernais para tirar proveito das grandes fraquezas mostradas pela
insurgência nesta época do ano, motivada pela falta de roupas adequadas para
baixas temperaturas e, especialmente, falta de meios para permitir manter a
mobilidade em terreno nevado.
 Alguns países, além daqueles com interesses no Árctico, estão a aumentar
capacidades militares para operar em áreas extremamente frias.
 O Centro de Especialidade de Operações em Clima Frio, localizado na Noruega,
está a receber crescente demanda dos países da NATO para os diferentes cursos aí
administrados. O mesmo sucede para cursos dados na Suécia.
 Foi estabelecido o Centro de Especialidade em Operações de Montanha localizado
na Eslovénia.
 Os países tradicionalmente dispõem de unidades treinadas, prontas para operarem
nas montanhas ou em áreas extremamente frias, estão a ganhar a capacidade
fundamental para operar em ambos os ambientes.
 Alguns países têm confirmado a necessidade de incluir especialistas em operações
nas zonas montanhosas e frias nas unidades, sem ser particularmente treinadas para
operar específica e automaticamente nesses ambientes implantados em operações
onde se pode encontrar com este tipo de terreno e/ou condições climáticas.
Pelo contrário, o pendor do exército espanhol ao longo de 2010 tendencialmente
abrandou as aptidões para operar em altitudes e áreas extremamente frias, por causa das
alterações seguintes:
 As unidades de apoio ao combate foram dissolvidas pois tinham a capacidade de
agir nesses ambientes.
 Foram suprimidas do currículo do curso de montanha a única fase onde se
desenvolvia em glaciar, na altitude acima dos 4.000 metros.
 As unidades não têm participado no exercício Cold Response na Noruega e oferecia
a única hipótese de terem formação em frio extremo todos os anos.
 Foram suprimidas acções mais complexas previstas para o Grupo Militar de Alta
Montanha54.
Por outro lado, a escola francesa, faz a adaptação dos princípios fundamentais da guerra
de Foch55 com os requisitos do meio onde a liberdade de acção, economia da força e
concentração de esforços parecem menos inteligíveis e de difícil aplicação. Neste
sentido, os seis princípios de guerra nas montanhas devem ser considerados como
princípios de uso oriundos dos da guerra e adaptados às limitações da montanha56:
Primeiro Princípio: Preparar os termos do compromisso.
Aguerrir os corpos e treinar para a conquista do meio.
53
In revista da Escola Militar de Montanha e Operações Especiais, La Escuela (2010), "La vigencia de las unidades y el combate en
montaña", Jefatura de Adiestramiento y Doctrina, p. 4
54
As actividades anuais, o Grupo Militar de Alta Montanha permitem manter o ao mais alto nível possível na preparação do grupo
seleccionado de especialistas em montanha. É feito para aumentar a aptidão das unidades utilizando a sua experiência e
conhecimentos técnicos de montanha, logísticos e geográficos. Como exemplo, ressalta-se o manual da área operacional usados
pelos primeiros contingentes no Afeganistão foi produzido por componentes deste grupo, aproveitando os conhecimentos que
possuíam sobre a referida área.
55
Ferdinand Foch foi oficial francês e académico, Marechal de França, Grã-Bretanha e Polónia, foi dos maiores generais franceses
de todos os tempos e foi muito importante durante a Primeira Guerra Mundial. (1996), Des Principes de la Guerre (Paris,
Imprimerie Nationale)
56
"Princípios de Foch da Guerra são imutáveis?", Tenente-coronéis Hervé de Courreges, Pierre-Joseph Frost e Nicolas Le Nen, in
Heracles nº 19 de Jan-Fev07, pp 52-53.

13
Não é o processo, mas o princípio preliminar em si mesmo. Nas montanhas, o meio e as
próprias características especiais impõem restrições e pressões aos combatentes em
situações dolorosas e incertas que podemos considerar que o ambiente é o inimigo de
direito próprio: usar os corpos e os espíritos dos combatentes antes do compromisso
voluntário, fazer pesar as incertezas adicionais para melhorar ainda mais a névoa da
guerra: a boa preparação pode furar esta névoa da guerra, especialmente espessa em
montanha. A única vantagem é, a montanha impõe a lei a todos os beligerantes do
teatro. A condição inicial para o desempenho táctico de incerteza é muito importante na
luta nas montanhas do que nas planícies. Com a incerteza do inimigo, de facto, ainda
que relacionada com o ambiente. A tropa e líderes experientes de montanha são
essenciais para suportar e dominar esse ambiente hostil e instável. Portanto, endurecer a
força contra a abrasão e o meio usado antes de qualquer compromisso de combate. Na
batalha, os acampamentos nas montanhas terão força devidamente pronta com proveito
decisivo admitindo tomar a ascendência, tanto física como moral, sobre o adversário.
Exemplo dos processos de condições de preparar o compromisso:
1. Preparar física e mentalmente: aguerrir os corpos/endurecer os caracteres.
2. Preparar tecnicamente: formar líderes/instruir soldados/adquirir material específico.
3. Preparar tacticamente: aquisição de capacidade de acção autónoma/treino e
formação conjunta entre ramos.

Segundo Princípio: Ubiquidade.


Siderar a ameaça inimiga em todas as direcções.
O terreno montanhoso pode ser facilmente bloqueado: representa a ameaça inimiga em
todas as direcções ou mesmo antecipar os seus movimentos, fará com que a informação
de qualidade e manobras de decepção dispersem recursos para alcançar o efeito máximo
sobre o terreno, arrebatando a vitória. A aptidão de avaliar o perigo omnidireccional
inimigo, dissuadi-lo a comprometer as reservas até ao último momento. Apontar para a
desconcentração de recursos para a concentração final dos efeitos. Este preceito válido
nas planícies, mas na compartimentação particular da montanha, torna possível a
ubiquidade, aumentando significativamente o impacto dessas manobras.
Exemplo de métodos para ubiquidade:
1. Deter o acesso inimigo: aproximação omnidireccional/abordagem
"omnidimensional"/movimento envolvente.
2. Avaliar pontos fracos do adversário: o contacto de inteligência/decepção manobra.
3. Atacar de surpresa o coração inimigo: Escolher o momento/escolher o
terreno/escolher os meios/natureza da manobra.

Terceiro Princípio: Oportunismo.


Provocar oportunidades num meio revelador.
A natureza do terreno predetermina a manobra adversária linhas de esforços, pontos de
concentração. Pela inteligência e antecipação, a força deve fruir ao máximo as
características do meio para causar compromissos decisivos, tomar e manter a iniciativa.
Predetermina antecipadamente a manobra adversária, os eixos potenciais de esforço,
pontos de concentração. Deve ser usada na vantagem potencial do terreno e ambiente.
Tomar a iniciativa e usar o terreno como alavanca de acções multiplicadoras de efeitos.
Processo de exemplo para "oportunismo":
1. Vencer a batalha de inteligência: a aquisição sobre inteligência do inimigo e o
terreno/tomar medidas de contra informação ou inteligência para explorar o cerco.
2. Cuidadosamente posicionar as forças no terreno: reconhecimento, guarda
avançada/reservas.

14
3. Antecipar ao inimigo pontos-chave do meio: tomar a terra marginal em todas as
condições meteorológicas/atacá-lo de surpresa/coordenar as forças para operar.

Quarto Princípio: Domínio do campo de batalha.


Quem desfruta as alturas por baixo... Perde a altivez.
O domínio dos pontos altos fornece o autodomínio psicológico e optimiza os recursos.
Manobra necessária mas não suficiente: a operação e a decisão são feitas nas faldas do
terreno. Ou seja, o controlo aumenta o domínio das alturas permitem a execução militar
pela própria vulnerabilidade psicológica consentida. Ganhar na altura para dominar o
campo de batalha. Mas se tomarmos a altura terá sempre de explorar as faldas.
Exemplo de métodos para o "domínio do campo de batalha":
1. Controlar a parte superior do campo: tomar os altos/defender activamente/alargar o
dispositivo/permanecer.
2. Explorar as partes baixas do terreno: infiltrar-se/desobstruir pela surpresa/procurar
a decisão/assegurar.

Quinto Princípio: Complementariedade de fogos.


Aplicar contra o inimigo a matriz de fogo.
A natureza do terreno exige diversidade e redundância de fogos: tiro directo, apoio
indirecto (ar-terra e terra-terra), munições de precisão, pequenas armas de fogos, usar
fogos de diversas naturezas para superar as limitações do meio. Esta variedade permite a
redundância de dispor sempre fogos eficazes, independentemente do objectivo. Os
meios de fogo disponíveis devem ser combinados harmoniosamente para obter maior
eficiência e eficácia, dependendo das características do compartimento onde tem lugar a
escaramuça.
Processo de exemplo para "complementaridade de fogos":
1. Criar a matriz de fogos: a capacidade de delegar e descentralizar o fogo/densificar
os sensores/identificar áreas apropriadas, dependendo de campo de tiro.
2. Usar vectores adicionais: vectores terra-terra e ar-terra/tiros curvos e directos/fogos
directos e fogos laterais.
3. Privilegiar a precisão para rendimento com mísseis de saturação: mísseis e obuses
guiados/ escalonar vectores/aligeirar a carga logística.

Sexto princípio: Cercar o inimigo.


Guerra contra as vias de comunicação do inimigo.
Levar a guerra contra as vias e aprovisionamento para todos os beligerantes são raras e
facilmente identificáveis: é preciso, às vezes, levar a luta contra as artérias que suprem o
dispositivo para causar asfixia ao adversário, garantindo a segurança do próprio fluxo. A
manobra é dupla: cortar o dispositivo para adversamente encurralar o inimigo,
garantindo ao mesmo tempo, a abertura às próprias tropas em ambiente não propício.
Exemplo de métodos para "o cerco ao inimigo":
1. Cortar o cordão umbilical do inimigo: amputar os eixos centrais logísticos/paralisar
os meios de transporte aéreo/destruir os retransmissores de transmissão/apoderar-se
das bases logísticas.
2. Proteger os próprios canais de comunicação: dispersar e divergir meios de
comunicação/dispor de rotas para "variar"/ter pontos altos ao longo dos eixos
logísticos/apoiar a logística/aumentar a autonomia logística dos escalões de
contacto.
Concisamente as características básicas da guerra de montanha, salientadas em treino,
são as seguintes:

15
(1) A deslocação é muito mais lenta do que em terreno plano, pois leva tempo trazer as
tropas para posição. A artilharia e armas pesadas, particularmente, deslocam-se
devagar. A implantação da infantaria, especialmente unidades com armas pesadas,
requer muito tempo. O ataque progride lento e o terreno coíbe ganhar o momento
que é possível em terreno plano; por outro lado, o grande número de boas posições
defensivas; e escassez de estradas facilita acções de atraso. As reservas têm de
manter-se muito próximas das linhas de frente, caso contrário, as condições
imprevistas do terreno e condições climáticas podem adiar a aproximação para a
fase crucial da batalha.
(2) As transmissões são menos confiáveis. O clima às vezes quebra a audibilidade das
mensagens por fio ou rádio. O rádio é mais rápido do que a comunicação por fio,
mas mesmo assim pouco confiável. A recepção pode ser afectada pelo clima e pela
configuração das montanhas. Lançar linhas é processo lento e árduo e a
manutenção e reparação dos fios são difíceis. O controlo da batalha pelo alto
comando é grande parte limitado ao plano preconcebido e completo, uma vez os
canais incertos de transmissão impedem-no normalmente de intervir eficazmente
nas operações se a batalha tiver iniciado. Naturalmente, a responsabilidade dos
comandantes subordinados para a acção independente é maior do que noutro
terreno. Raramente podem esperar das reservas ajuda, como toda a força é
susceptível de ser cometida toda de uma vez.
(3) O problema do reabastecimento torna-se extremamente perspicaz em montanhas e
a proporção de provisão às tropas de combate aumenta. As vias de abastecimento
são poucas; alimentos, forragem e munições devem ser feitas por estradas estreitas
e caminhos de montanha, tanto quanto possível pelo transporte motorizado, depois,
em mulas e cavalos e, finalmente, às costas dos soldados. A economia logística é
essencial porque o perigo da unidade se prolongar fora do alcance das colunas de
reabastecimento é grande e, além disso, impossível para a unidade de formação
aberta viver fora do campo nas montanhas.

Recapitulação
As ideias abordadas são:
• O ambiente tem três inimigos: meio, clima e o adversário. Neste contexto
predomina o factor humano: o "moral" e o "físico". O combate conjunto é essencial
em operações combinadas, "aeroterrestre" até aos escalões mais baixos;
• Precedência da manobra só nos recursos tecnológicos e mecânicos, da "força
clássica".
• Pensamento táctico afirma-se como a chave para o sucesso
• Universalidade destes princípios aplicados a terrenos compartimentados
especialmente urbanos57 devolve à táctica papel para orientar os subordinados.
O estudo dos combates em refúgios retomam o lugar de direito para o Exército estar
pronto para se deslocar do “curativo urbano” ao “preventivo montanhoso” ciente de este
possa "mais livremente" destruir o hostil assimétrico por pouco preparado que esteja.

a. Generalidades
57
Actualmente os "estrategos" e peritos militares são unânimes em declarar que a guerra urbana é e será o "futuro local de acções
preferenciais": nos últimos trinta anos o urbanismo das cidades tendem, a expandir e a espalhar-se de forma sistemática e os
arrabaldes, zonas industriais, etc. Mas esta forma de batalha é preferível considerar apenas se a posse de tal meio (urbano) como
prioridade. Age de acordo com objectivos bem definidos. Os norte-americanos, depois das experiências em Saigão e Hué, Vietname
depois em Beirute e Mogadíscio, consideram o combate urbano igualmente como "meio de acções preferenciais". Mas actualmente
a guerra no Afeganistão, mostra que não é exactamente ambiente de acções a "privilegiar": nos anos 80 a experiência soviética
adquirida naquele país demonstrou: não é a ocupação de todos os aglomerados que se derrota o inimigo.

16
Nas médias e altas montanhas os oficiais, sargentos e praças têm de superar dificuldades
diferentes e, geralmente, maiores do que aquelas em terreno chão. É necessário mais
tempo para executar todos os movimentos e planos para a disposição e o compromisso
de forças deve ser adaptado aos problemas especiais de guerra em terreno acidentado.
Limita a utilidade de algumas armas e o problema do reabastecimento é sempre crítico.
Em geral, as dificuldades são causadas pelo terreno íngreme, grandes variações de
altitude em diferentes partes das montanhas, poucas estradas e caminhos, limitadas
possibilidades de movimento fora das estradas e caminhos e o carácter e condição do
chão da superfície. Hora do dia, estação e tempo criam problemas especiais. Ter em
conta a influência do terreno sobre a eficácia das armas inimigas58.
O contratempo exposto pela alta montanha é mais grave em áreas de rocha, penhasco e
glaciar. Para os superar, oficiais e sargentos devem ter prática em montanha e as tropas
totalmente apuradas devem ser activas, especialmente equipadas e bem treinadas em
operações de montanha. Mesmo em tempo de paz exige grande tenacidade, força,
vontade e coragem; usualmente, as condições e os perigos são iguais à guerra real59.
O estorvo encontrado na média montanha é menor daquela em alta montanha, no
entanto é considerável e aumenta no Inverno. Mesmo em média montanha, o caçador
não pode ser absoluto se tiver boa formação, roupas e equipamentos. Os inexperientes
terão grande dificuldade na efectivação de cooperação entre a infantaria e as armas de
infantaria e artilharia pesadas por causa das dificuldades de observação e os muitos
problemas incomuns balísticos.
O Inverno e o degelo antes e depois alteram muito as condições de marcha e combate
em montanhas altas. Durante esse tempo a actividade, mesmo até de tropas de montanha
treinadas notavelmente, é limitada pela neve recente, frio, tempestades de neve, nuvens,
avalanches e as dificuldades ampliam: conduzir suprimentos e estacionamentos de
tropas. Naturalmente, as operações importantes são únicas no Inverno. Uma vez as
grandes mudanças, frequentes e repentinas, no clima afectam a execução das tropas em
alta montanha, estas devem aprender no treino e formação a protegerem-se contra os
efeitos climáticos; devem saber como fazer uso rápido de todos os meios de protecção
contra o frio, chuva e tempestades, especialmente à noite e quando estão cansadas60.
Somente estas podem ser usadas em todas as situações. Para a eficácia máxima de
combate, treinam a deslocar-se com armas pesadas em todo tipo de terreno praticável
por escaladores altamente qualificados. Quanto melhor treinadas e eficazes forem,
maiores perspectivas de surpresa e êxito decisivo têm. Aptas a moverem-se em chãos
difíceis, seguras e facilmente, mesmo em noites sem Lua e sob chuva, neblina ou nevão.
Para trazer suprimentos ao longo de estradas de vales, veículos a motor são preferíveis
às colunas animais: a capacidade e velocidade são maiores e porque ocupam menos o
espaço viário limitado. As mulas de carga são muito úteis; cavalos pequenos são
inferiores e falham mesmo nos altos mais elevados em média montanha.
58
Os cursos de operações de montanha, exigem treino: visam oficiais e sargentos a serem líderes de unidades destinadas a combater
em condições muito peculiares e em cenários difíceis, forjando o seu carácter do ponto de vista técnico e militar. Deve ser ensinado
com notável grau de profundidade, todas aquelas matérias transmitidas às tropas sob o seu comando e aproveitar para fazer os
deslocamentos através da montanha com mais segurança, mais rápido e mais eficiente e eficácia. Assim, poderão realizar as missões
e, se assim for exigido, enfrentar o adversário em muito melhores condições. Esta formação, tão exigente que é, em aspectos físicos
e técnicos, pode ser usada noutras configurações que não em terreno montanhoso, porque aqueles que a recebem imprimem o
carácter diferente dos outros e os torna particularmente resistentes e difíceis de lidar com diferentes dificuldades e desafios.
59
In Doctrine, “L'Emploi des Forces Terrestre en Afghanistan”, 2009, N° 17, Armée de Terre, diz: A autonomia dos combatentes,
independentemente da arma, é também resultado da formação permanente, sancionada duas vezes por ano para a confirmação da
carta alpinista e de esquiador militar. Os oficiais e sargentos prosseguem a formação continuada, técnica e táctica, na EMHM (École
Militaire de Haute Montagne, permitindo-lhes controlar destacamentos em operações com segurança.
60
Na Batalha do Monte Harriet (1982): opôs a 3ª Brigada dos Fuzileiros Reais ingleses e as forças argentinas. Emblemática de certo
tipo de combate nas montanhas, onde a altitude e as diferenças de altura estão ausentes, mas as peculiaridades do terreno e o clima
tiveram influência táctica predominante. Demonstra a manobra ofensiva ousada, à noite, realizada com soldados treinados para
condições extremas, permitiram tomar posições defensivas localizadas em promontórios rochosos aparentemente inexpugnáveis.

17
b. Comando
A montanha limita o uso de grandes forças e restringe muito a evolução. Porque o
acesso a algumas posições é difícil, as unidades adjacentes, muitas vezes, não podem
apoiar-se mutuamente e as reservas não podem ser transferidas rapidamente. No
entanto, através da decepção e acção surpresa vigorosa, o atacante muitas vezes pode
obter êxito com forças menores das que o defensor possui. O comandante não deve
hesitar em colocar tropas em acção numa ampla frente, a fim de o enganar dispersa as
forças para conseguir a surpresa; concentra a maior parte em pontos favoráveis ao
ataque. Tais manobras exigem planeamento atento e decisões rápidas.
As montanhas em si são grandes obstáculos para a rápida intervenção pessoal dos altos
comandos por causa das colunas de marcha, mesmo unidades pequenas, são
extremamente longas e o combate, geralmente, ocorre ao longo de frente ampla e
consiste de muitos compromissos isolados. Por esta razão, os altos comandos, para
realizarem planos, devem depender, em grande medida dos subordinados de todas as
patentes, incluindo as melhores praças alistadas. Somente se as missões atribuídas em
detalhe e forças atribuídas suficientes para executar cada missão, a convocação para os
diversos grupos de combate actuam juntos para o objectivo comum. Aqui o combate
exige rigor absoluto na preparação: o conhecimento superficial e ignorância ou
subestimação dos perigos da montanha podem resultar em catástrofe. O comandante,
consciente dos planos bem-feitos, deve manter a calma e garantir, mesmo diante das
maiores dificuldades, dar exemplo aos subordinados. Ser tenaz na execução da missão e
insistir para estes seguirem estritamente as ordens.

c. Características deste tipo de Operação


As montanhas dividem as operações típicas íngremes fixando vias. A vegetação pode
variar desde a floresta densa a encostas despidas, condições meteorológicas – mudanças
rápidas e bruscas de temperatura acompanhadas de nevoeiro, chuva ou neve.61
Estes terrenos atrasam e limitam a mobilidade, reduzem o poder de fogo e dificultam as
comunicações e abastecimento. Os pontos críticos do terreno incluem as alturas que
dominam as vias de comunicação, passagens entre montanhas, estradas e ferrovias.
Dependendo das restrições em altitude, os helicópteros têm grande valor para o
movimento, equipamento e pessoal.
Armas nucleares62 e munições químicas ou mesmo bacteriológicas podem ser usadas
em operações de montanha para limitar o movimento. O poder de tiro curvo vertical
torna-se mais eficaz do que o fogo directo.
61
Dentro do campo da climatologia aplicada a nível militar onde podia contribuir para o conhecimento é possível e necessário
avaliar a componente térmica de diferentes climas. A temperatura equivalente fisiológica é o índice térmico derivado do balanço
energético humano. É definido como a temperatura equivalente fisiológica em determinado local (interior ou exterior) e é
equivalente à temperatura do ar à qual, em ambiente interior típico, o balanço térmico do corpo é mantido com temperaturas do
corpo e pele iguais às das condições avaliadas. Adequado para avaliar a componente térmica em climas diferentes. A temperatura
equivalente fisiológica é bastante prática para a avaliação da componente térmica biometeorológica humana para diferentes
condições climáticas por ser fundamentada no balanço de energia do corpo. Sabe-se que o ser humano tem melhores condições de
vida e saúde quando o organismo pode funcionar sem ser submetido à fadiga ou pressão, inclusive térmico, de modo o corpo
experimenta sensação de conforto térmico quando perde para o ambiente o calor produzido pelo metabolismo compatível com a
actividade sem recorrer a nenhum mecanismo de termorregulação. A manutenção da temperatura interna do organismo humano,
relativamente constante, em ambientes cujas condições termohigrométricas são as mais variadas e variáveis é feita por intermédio
do seu aparelho termorregulador: comanda a redução dos ganhos ou o aumento das perdas de calor através de alguns mecanismos de
controlo. A termorregulação, apesar de ser o meio natural de controlo de perdas de calor pelo organismo, representa esforço extra e,
por conseguinte, a queda da potencialidade de trabalho. Quando estas são inferiores às necessárias à manutenção da temperatura
interna constante, o organismo reage por meio de mecanismos automáticos, proporcionando condições de troca de calor mais
intensas entre o organismo e o ambiente e reduzindo as combustões internas. Isto faz com que ocorra fadiga física e fadiga
termohigrométrica. A fadiga termohigrométrica resulta do trabalho excessivo do aparelho termorregulador devido às condições
ambientais desfavoráveis de temperatura e humidade do ar.
62
Tendo em conta, desde Hiroshima e Nagasáqui e apesar de ameaças, nunca se usaram armas nucleares numa guerra. Qualquer
consideração feita sobre as condições de uso de tais armas, a conduta seguida pelas partes beligerantes e os políticos, militares

18
d. Ofensiva
Nestas operações o ataque frontal sobre as posições hostis deve ser evitado sempre que
possível. O envolvimento de operações inimigas executadas através de terrenos
acidentados e o uso de forças especialmente organizadas e treinadas – aerotransportadas
são adequadas para o envolvimento, mesmo quando o planeamento é centralizado, os
ataques devem ser em princípio, feitos de forma descentralizada, em virtude da
capacidade de controlo ser limitado pelo terreno. O uso de blindados como força de
manobra é reduzido, mas devem ser explorados pelo poder de fogo directo sempre que
possível. Flancos, desfiladeiros, vias e instalações de comunicações devem ser
protegidos. Quando as armas nucleares se disponíveis para apoiar o ataque, as de
pequena potência devem ser eleitas para evitar o cerco nas direcções de aproximação.

e. Defensiva
O controlo do terreno dominante protege a rede de estradas ou áreas de passagem, são a
chave para o plano da defesa em montanha, as forças de segurança são forçosas para
evitar a surpresa, especialmente, postos de observação e patrulhas. O apoio aéreo é útil
como meio de segurança. Embora os contra-ataques sejam difíceis de planear e executar
o uso pode ser decisivo se os canais ou os planos de barreiras complementares inimigos.

Operações Irregulares de Montanha


O ambiente de montanha exige a modificação de tácticas, técnicas e procedimentos.
Como vimos limita a mobilidade e o uso de grandes forças e restringe o pleno uso de
armas e equipamentos sofisticados. Estas limitações permitem ao inimigo bem treinado
e determinado ter efeito militar desigual aos números e equipamentos. Como tal, as
campanhas são normalmente caracterizadas pela série de batalhas travadas em separado
para controlo de cumes e alturas com o intuito de dominar estradas, trilhos e outras vias
possíveis de aproximação. Se o terreno montanhoso é a principal força inimiga para se
esconder, também o torna dependente de poucas áreas habitadas para suprimentos,
romper o isolamento e de se informar. Além disso, a população de montanhas é por
natureza independente e orgulhosa: é o grupo de combatentes duros, temidos pela
resistência e noção terrestre. Estas conjunturas obrigam as forças executarem operações
tácticas diferentes das convencionais. Assim, é necessário rever sempre a doutrina e
conduta, bem como desenvolver novas capacidades operacionais. Como Jomini
escreveu: «As zonas montanhosas são particularmente favoráveis para a defesa quando
as guerras são nacionais [...]. Cada avanço é pago muito caro»63.
Antecipando à probabilidade de combate em teatros de guerra onde o terreno é a
montanha, os responsáveis na altura (1985-90) pelo Pelotão de Operações Especiais na
Madeira, tinham feito o estudo dos princípios e técnicas de treino de montanha. No
treino para este tipo de luta, os caçadores de montanha devem ser guiados por três
princípios simples, mas fundamentais (agora com algumas adaptações):
sociais, etc., a escalada nuclear não pode ser baseada em factos empíricos, mas apenas em argumentos simples, mais ou menos
razoáveis ou especulativos, cuja fiabilidade é puramente subjectiva e perfeitamente discutível.
63
Entrevista dos autores, tenente-coronéis Hervé de Courreges, Pierre-Joseph Frost e Nicolas Le Nen, in Doutrina n º 12 (Mai07),
sobre a doutrina e estratégia publicados em livro sobre a guerra de Montanha, La Guerre en Montagne, Renouveau tactique, Ed.
Economica, Collection Stratégies & Doctrines, 2006. Descrevem seis princípios básicos, em seguida, ilustrados por seis batalhas
emblemáticas: Dobropolié (1918), Suomussalmi (1939), Apeninos (1944), Panjshir V (1982), o Monte Harriet (1982) e Anaconda
(2002). Resumi muito concisamente, os seis princípios fundamentais incluídos no livro, apresentado pelos autores para os ilustrar.
Lembro as guerras napoleónicas na Península Ibérica onde complexo fenómeno da guerrilha surgiu pela supremacia do exército
imperial contra o exército espanhol regular. Foi desenvolvida nas áreas onde não havia nenhuma maneira de fazer a guerra e
reuniam condições geográficas e socioeconómicas favoráveis. Isto forçou os franceses a utilizar grandes efectivos na retaguarda,
para proteger os comboios de reabastecimento e a desenvolver a contra-insurgência com custos elevados.

19
a. Adquirir conhecimento de certos factos elementares extraídos da experiência
daqueles que passaram boa parte do tempo nas montanhas;
b. Dar tempo considerável para a prática da aptidão em montanha;
c. Cultivar certo estado de espírito para os rigores de operações de montanha.
Com preparação única, conhecida pela designação geral de Curso de Montanhismo no
CIOE ajudou a superar com sucesso certas dificuldades e aptidões bem como a
experiência no terreno aplicáveis num futuro próximo64 para:
• Atingir a adaptação à montanha através da vida, movimento e combate nesta área,
em todas as condições meteorológicas durante o dia e noite.
• Viver, deslocar-se e combater a pé, nas condições climáticas de temperatura,
humidade e radiação solar contidas na categoria climática no "C-2 Frio"65, como
consta AECTP-23066 "Condições Climáticas" da OTAN67.
• Dominar o uso e manutenção de equipamentos e materiais específicos de montanha,
correspondente às equipas de esquiadores, escaladores e de reconhecimento de
unidades de montanha.
• Dominar o reconhecimento fotográfico discreto de áreas escolhidas para serem
organizadas e colectadas todas as informações possíveis sobre estas em todas as
fontes. Ainda é fundamental lançar um agente: oficial ou sargento, em
reconhecimento para obter informações de última hora e testar zonas de aterragem.
• Adaptar, tanto física como psicologicamente, o movimento em montanha, longe de
qualquer meio de comunicação e sem apoio de veículos, tanto nos períodos estivais,
invernais, neve ou de frio extremo.
• Ter competências pedagógicas e capacitá-los para formar unidades de montanha.
64
Pretendia-se voluntários, oficiais, sargentos e praças QP, com o curso de Operações Irregulares aceitos para esta formação de
caçadores de montanha cujo treino básico de 6 meses no RIFc, Madeira, em todos os ambientes possíveis para qualificar também
como instrutores em combate em ambiente de Montanha que a ilha proporciona: onde a combinação de terreno extremamente
acidentado, com ribeiras e litoral torna o meio ideal também para a formação anfíbia de assalto, onde se poderia dar ênfase especial
à cooperação com os fuzileiros Destacamento de Acções Especiais. A operação anfíbia e o ataque lançado desde o mar por forças
navais e de desembarque, inclui apear-se em costa inimiga, com extensa participação de unidades aéreas. As operações de menor
importância incluem: o retroceder, as demonstrações e as incursões. Com as demonstrações tenta-se mediante dispersar de força,
forçar o inimigo a adoptar forma de acção desfavorável; as incursões podem ser levadas a cabo em base a golpes de mão para
destruir certas instalações inimigas, obter informação, para capturar e para evacuar indivíduos e material. Esta especialização seria
obviamente extensível aos detentores do curso de Operações Especiais. A missão principal desta era preparar tropas operacionais
tácticas podendo ser divididas em várias forças a nível de escalão abaixo de Pelotão: esquadras (5); equipas (3); grupos (2) e
solitário (1), para eventualmente evoluir a outros escalões superiores no Exército como um todo. Normalmente, será encontrado, é
claro, estimado menor número de tropas que podem fazer a tarefa, mas o limite superior, geralmente, definido pelo tipo de operação
ou por exemplo pela capacidade de carga dos barcos disponíveis, etc. Aliás, a inferioridade numérica é menos importante num
ataque nocturno. A saída de cada local de aterragem ou desembarque e as vias a partir daí para o alvo, geralmente, limitam o número
a ser usado. Sobrelotação no escuro é das coisas a ser evitada. Por outro lado, se há necessidade de dividir o pelotão em pequenos
grupos aquando de invasão ou da passagem à clandestinidade é essencial ter o plano a prever estas situações bem como os militares
estarem preparados para tal.
65
Tabela dos Ciclos C2 (ver Mapa em Anexo II)
Hora Local Condições meteorológicas
Horas Ar Ambiente Humidade Radiação Solar
Temp. oC Relativa % W/m2
0300 -46
0600 -46 Insignificante em
0900 -43 dias quando
Tendem à
1200 -37 ocorrem
saturação
1500 -37 temperaturas
1800 -39 concomitantes
2100 -43
2400 -45

66
Allied Environmental Conditions and Test Publications. O AECTP-200 é um dos cinco documentos incluídos no STANAG 4370
e do qual faz parte o citado “230”. Fornece características e dados sobre as condições ambientais para ocorrências e cenários
operacionais que influenciam o modelo de material de defesa. Embora não seja possível fornecer dados para cobrir todas as
circunstâncias, AECTP-200 incluiu a maior parte das condições ambientais mais relevantes. AECTP 200 é para ser usado em
conjunto com os outros quatro AECTP incluídos no referido STANAG. http://www.nato.int/cps/en/SID-6CBF0ED9-
DE2F570A/natolive/stanag.htm.
67
Que nessa altura ainda não existia.

20
• Aplicar várias técnicas específicas de esquiar, parapente68, espeleologia69, base
jump70e escalada para permitir a progressão e transposição de obstáculos em
terrenos montanhosos ou cobertos de neve em qualquer época do ano.
• Capacitar com paramédicos, com os quais, em situações de isolamento, ajudar e
apoiar evacuações. Ampliar conhecimentos sobre o corpo humano, sintomas de
doenças comuns e respectivos diagnósticos.
• Bromatologia71. Perfeito conhecimento sobre recursos alimentares para fazer, levar
e comer rações que desenvolvem e satisfazem exigências nutricionais mínimas.
Não se trata de qualquer aspecto de sobrevivência, mas saber que alimentos comuns
seriam o melhor para cada temporada e quais os que trazem recursos energéticos
necessários, sem levar nas mochilas excesso podendo ser especialmente pesado72.
• Sobrevivência. Necessário conhecimento sobre esta aptidão quer no aspecto militar
em ambiente operacional irregular quer em ambiente e terreno montanhoso.
O objectivo era colocar o pessoal em situações próximas do ambiente operacional onde
não se exija aos militares serem somente simples executantes mas também entenderem
as situações e reagirem, às vezes, de forma autónoma. Portanto, deveriam, então, não só
conhecer, mas também compreender e a adaptar-se ao meio. Defronte da preparação e
formação de líderes, o ambiente de montanha é o quadro geográfico e climático
particularmente exigente. Permite preparação física e psicológica para combater e:
 Exige esforços para aumentar a robustez, resistência e fadiga;
 Impõe o compromisso moral e desenvolver a vontade;
 Reforça o espírito de equipa, incentiva a atenção para com o subordinado e/ou
camarada;
 É escola única de comando onde, como em situações operacionais, a decisão do
líder pode envolver a vida do destacamento;
 Finalmente, a escola privilegiaria a escolha do controlo de riscos.

Pérola da Montanha
68
Evoluindo do paraquedismo, o parapente passou a integrar a vida militar em conjunto com a asa delta e o planador. Há outros
brevetes e qualificações que, embora não específicas para tropas de montanha, foram criadas e desenvolvidas no interior da Escola
Militar de Alta Montanha francesa (EMHM), incluindo brevetes de pilotagem de parapente (com três níveis A, B e C), cada um com
nível de qualificação elevada. Exemplo: A patente C corresponde a solo em todas as condições de tempo, lugares e vôos nocturnos.
A sua utilização começa a ser encarada seriamente. Numa tentativa de reforçar o poder combate, o exército indiano decidiu usar
parapentes para lançar ofensivas contra os inimigos, especialmente em terreno montanhoso. O Exército aprendeu esta técnica
durante o exercício Indo-militar francês 'Shakti 11' em Chaubatia em Ranikhet de 15 dias de duração pela primeira vez. O major-
general Rajesh Arya, GOC6, Divisão de Montanha, disse: «O parapente é a nova técnica que temos aprendido com as tropas
francesas, que vieram partilhar a sua experiência connosco para melhorar as aptidões de contra-terrorismo e contra-insurgência.
Usar parapentes para ataques aéreos irá reduzir o tempo na deslocação as tropas de um lugar para outro em terreno montanhoso
silenciosamente». O Brigadeiro General Herve Wattecamps do exército francês disse que nos últimos 10 anos usavam o parapente
para realizarem operações em esconderijos insuspeitos de terroristas. «Cobrimos longas distâncias com maior rapidez e,
silenciosamente», disse. (in DNA India News 24Out11, p. 14).
69
Cavernas, algares, túneis e poços secos têm sido historicamente usados para esconderijos, como depósitos de alimentos e de
armas, estados-maiores complexos e protecção contra ataques aéreos e fogo de artilharia. O inimigo também pode usar essas áreas
para as acções ofensivas e defensivas. O sistema de túneis extensos contendo salas para o armazenamento bem como para ocultação,
assim como passagens para pontos de combate interligadas podem ser construídas ou encontradas. Túneis e cavernas não são apenas
obstáculos perigosos, mas também podem ser excelente fonte de informação inimiga. A presença de complexo de túneis dentro ou
perto da área de operações representa ameaça permanente a todo o pessoal na zona e nenhuma área onde haja complexo de túneis,
estes não devem ser considerados completamente limpos.
70
Literalmente Salto de Base ou a partir de base, geralmente, fixa pois o base-jumper salta de penhascos, prédios, antenas e até
pontes – embora a sigla B.A.S.E. queira dizer "Building Antenna Spam & Earth", ou em português, "Prédio, Antena, Ponte e Terra".
Para esse tipo de actividade, também faz o uso de pára-quedas apropriado para aberturas a baixas altitudes e permite uso de fatos
para planar. A nível militar ainda não está consagrado, pelo menos que conheça, mas era outra alfaia onde iria permitir infiltrações e
ataques surpresa ou até reconhecimentos de longo raio de acção pois permite rapidez e mobilidade extrema sobretudo em montanha
(para ter ideia ver http://www.youtube.com/watch?v=ToQ9x0Y0MBM&feature=related).
71
Ciência dos Alimentos.
72
Devia ser projectada ração especial, para sustentar o soldado o suficiente para capacitar nas operações sob condições rigorosas,
inclusive deveria existir alguém com experiência considerável nas operações de montanha em todos os climas para ajudar a compor
ração e aconselhar os sujeitos. A ração por princípio deve ser simples e leve; projectada para cozinhar individualmente; ocupar
pouco espaço possível; e facilmente manuseada no campo.

21
Entre 1985 e 1990 foi formado o Pelotão de Operações Especiais no antigo RIFc73
precisamente com a tarefa de criar o núcleo de montanha. Foi feita na altura a proposta
dessa necessidade ao então Comandante Cor Inf Gil Nunes, iniciando-se o processo.
Outra figura chave neste processo foi o camarada Carlos Gonçalves. Partilhávamos a
mesma paixão, facto que nos levou a estudar profusamente, quer aquele território e
população, bem como, todas as possibilidades operacionais, estratégicas e tácticas que
se apresentava diferente de qualquer doutrina convencional até aí estudada74. Facto
honra termos levado por diante pois fazia todo o sentido, mais ainda quando nos
apercebemos do potencial daquele terreno montanhoso podendo inclusive ser escola,
quer de combate irregular quer de escalada em rocha vulcânica (diferente daquela que
estávamos habituados). Muita da experiência veio da vida civil75 colmatadas, então,
pelos cursos em Lamego, na altura adaptados ao aspecto militar e quase sempre feitos,
umas vezes, fora das horas de serviço76, outras aproveitando a licença dos “cinco dias da
a)”e mesmo nas férias, onde percorrermos, de ponta à outra e entre escaladas, levadas e
aventuras pela selva laurissilva, apercebemo-nos da limitação táctica convencional mas
com enorme vantagem para quem operasse neste terreno, mesmo se solitário – e o ideal
seria grupos pequenos (mínimo de dois mas nunca superior a cinco) e, de grande
autonomia e mobilidade77. Somente a alta preparação, quer física, psicológica e militar
poderia ultrapassar outros aspectos que em terreno normal não se colocariam.
As tácticas e técnicas específicas para a condução destas operações fornecem
adicionalmente a aptidão operacional. Depressa nos apercebemos que a montanha na
Madeira poderia ser média mas tinha características bem evidentes de alta montanha.
As altitudes na Madeira, muitas vezes acima dos 1.500 m e a cerca de 10 km do nível da
base geral, são responsáveis pelos fortes declives das vertentes das principais ribeiras78
que apresentam fortes declives longitudinais; as arribas da costa Norte são quase sempre
subverticais e mesmo na costa Sul ocorre igualmente o Cabo Girão.
73
Regimento de Infantaria do Funchal
74
Como jovens sargentos designados para a formação da unidade táctica de montanha... aprendemos com a experiência não ter sido
o suficiente passar das tácticas NATO aprendidas na Escola e faltava passarmos quer à "resistência isolada" e sobretudo "actuar nos
picos escarpados" onde a lei é a do mais forte (embora não seja a força em si mas a intuição como sua aliada): tivemos de a pensar
no combate não em segunda mas terceira dimensão integrada na vertical; nessa altura prevíamos a importância, actualmente a
experiência operacional em vários teatros de guerra como Balcãs e Afeganistão levariam, certamente a estudar as lutas do passado e
do presente e resolver casos específicos de compromisso para as nossas unidades de montanha – se existissem de facto.
75
Pertencíamos à Secção de Montanha do SLB e dirigíamos o Speleo-Clube de Portugal.
76
Entre muitos locais, por exemplo, treinávamos as técnicas de escalada numa parede “artificial” no antigo Cais do Carvão (ver
foto) – quem não tem cão caça com um gato! Nas férias encontrávamos em Lisboa para subirmos as paredes do Castelo de São
Jorge ou em Sintra, esta depois de algumas escaladas até chegarmos ao sopé da muralha.
77
Na altura nenhum jovem oficial QP colocado mostrou interesse na sua formação para integrar o Pelotão de Operações Especiais –
só depois de nomearem um oficial RC, sabendo que passaria à disponibilidade pouco tempo depois, para frequentar no CIOE os
cursos de Montanhismo e Sobrevivência. Na prática não se retirou dele qualquer provento. O próprio material requisitado de
montanha chegou muito tarde valeu-nos o nosso próprio material, na altura, era comprado na Galiza quando estavamos no CIOE
pois em Portugal não havia quase nada e quando existia eram preços exorbitantes.
78
São também relevantes, técnica e estrategicamente, para a força militar, particularmente para as forças de guerrilha em operações
de infiltração. Para conseguir a derrota destas forças em ambiente ribeiro é necessário realizar a interdição e o controlo das vias
aquáticas e as áreas terrestres adjacentes.

22
Cais do Carvão, antigo Cais Wilson, construído em 1903, na zona do Gorgulho, (antes Quinta Calaça), encontrava-se
abandonado. Neste local serviu para treino, quer a Leste e a Sul, com várias vias de escalada (Foto Don Amaro).
79
A ilha é muito montanhosa, de origem vulcânica , com profundos vales cravados entre
os picos mais altos e falésias na maior extensão da costa: cerca de 160 km de extensão.
Caracterizada por bacias hidrográficas curtas, com linhas de água principais de extensão
média de 10 Km e desníveis abruptos, superiores a 1.400 m, entre as cabeceiras e a foz:
cuja altitude média é de 1.300 m, sendo os pontos elevados o Pico Ruivo (1.862 m) e o
Pico do Areeiro (1.818 m) mas existem outros: Pico do Meio (1.281 m), Encumeada
(1.331 m) e Ferreiro (1.582 m), Pico do Jorge (1.697 m), Boca das Torrinhas (1.538m),
Pico Coelho (1.719 m) e o Pico da Lapa da Cadela (1.667 m), etc. Sujeita à humidade
relativa normalmente inferior à real ao nível da floresta, a flora nesta zona, exercem
principal papel na retenção da água trazida pelos nevoeiros (precipitação horizontal) e
posterior infiltração no solo. Nos picos altos e pequenas plataformas talhadas nas
vertentes (achadas), a vida é menos exuberante. Esta formação vegetal tem fisionomia
igual ao dos “maquis mediterrânicos”80. Nas altitudes >1.500 metros, registam-se
temperaturas de média anual, entre os 0ºC e os 10ºC, o clima é considerado frio.
Igualmente, oceânico, por a diferença entre as temperaturas médias do ar do mês mais
quente e o mais frio ser <10º C e excessivamente chuvoso, por a precipitação total
anual, ser >2.000 mm (1961 - 1990). Variáveis como a precipitação e a temperatura da
altitude, das características das encostas e da posição quanto ao vento dominante e
microclimas81: ainda devido à posição, esporadicamente, é atingida por poeiras oriundas
do Saara. O clima é definido genericamente como «temperado com características
79
Do ponto de vista geológico, dada a sua origem vulcânica, apresenta, como característica directa da sua génese, formações de
natureza essencialmente basáltica, constituídas por formações sedimentares (aluviões, cascalheiras e areias de praias modernas,
depósitos, etc.; materiais piroclásticos (principais depósitos de materiais piroclásticos predominantemente finos; aparelhos
vulcânicos, cones de escórias e materiais piroclásticos grosseiros) e por escoadas lávicas de natureza essencialmente basáltica nos
diversos estados de alteração. As aluviões encontrados nos vales das grandes ribeiras (Madalena, Brava, Socorridos, Machico, etc.)
são depósitos heterogéneos, geralmente muito grosseiros, acumulados nos leitos, constituídos por blocos arredondados de rocha
essencialmente basáltica, calhaus rolados e seixos envolvidos por matriz muito arenosa desagradável, apresentando-se soltos, com
baixa coesão. O aspecto importante do clima da Madeira é a intensa cobertura nebulosa, de origem orográfica, em parte responsável
pela existência da floresta subtropical húmida, a Laurissilva.
80
O Maquis ou Maqui é mato que se desenvolve em solos ácidos e siliciosos. Consiste na densa e muitas vezes impenetrável massa
de pequenas árvores e arbustos com grande diversidade de plantas rasteiras e trepadoras. Este coberto vegetal pode ter entre 3 e 5
metros de altura. O Maqui, assim definido, não deixa de ser Mato Alto, corresponde no nosso país à floresta degrada onde
predominou outrora o sobreiro que ocupa espontaneamente estes solos (in Naturlink).
81
Assim, o complexo relevo da Madeira determina a existência de muitos microclimas, de características diferentes entre si.
Verifica-se assim, as condições atmosféricas variam de zona para zona, da vertente Norte para a vertente Sul e do litoral para os
cumes mais altos: perfeitamente possível no mesmo dia nadar com temperaturas da água do mar, entre os 17ºC e os 18ºC e passear
nas montanhas cobertas de neve ou granizo; ou sair do litoral com grande exposição solar, passar pela zona de nevoeiros, conhecida
localmente por “capacete” (entre 700 m e os 1.500 m), apanhar chuviscos ou mesmo chuva e ao continuar a subir, voltar a apanhar
Sol, descobrindo vários “ilhas” acima das nuvens; ou entrar num túnel com Sol abrasador e sair do mesmo no lado oposto e
encontrar violenta tempestade.

23
oceânicas, variando de seco a húmido e de moderadamente chuvoso a excessivamente
chuvoso com o aumento de altitude».
As praias de areia fina são raras e as existentes são de cor negra. O extremo Leste,
chamada Ponta de São Lourenço, cabo alongado e relativamente pouco elevado
prolonga-se até dois ilhéus próximos. Na costa Sul, a Oeste do Funchal, situa-se o cabo
Girão (580 m)82, das mais altas falésias do mundo (ver aspecto geral – fig. infra)83.

Num estudo84 a precipitação na ilha da Madeira é típico do clima cuja existência de


espessa e frequente cobertura nebulosa de origem orográfica. Cerca de 2/3 da superfície
encontra-se coberta por vegetação, assume-se a recarga na ilha é complementada por
importante parcela de água proveniente dos nevoeiros sob a forma de precipitação
oculta. No urzal a intercepção vegetal foi 30,4% da precipitação bruta, enquanto o valor
da precipitação oculta foi de 2,2 mm/dia de nevoeiro. Na Laurissilva, durante o Verão a
82
32°38′ N, 17°0′ W
83
Gravuras retiradas e adaptadas do livro de M. Luisa Ribeiro e Miguel Ramalho (2010), A Geological tour of the Archipelago of
Madeira, Main geo-touristic sites, Ed. Direcção Regional do Comércio, Indústria e Energia, Laboratório Nacional de Energia e
Geologia, IP. Primeira Figura: Representação topográfica da Ilha da Madeira, com altimetria. Observar a estreita região com a
altitude de 1.000 e 1.200 m, a separar a parte ocidental da parte oriental da ilha, perto das nascentes da Ribeira Brava e Ribeira de
São Vicente; Segunda figura: Modelo digital 3D do terreno e mapeamento geológico pelo LNEG. Modificado a partir da Carta
topográfica do Instituto Geográfico Português, escala 1:50.000; exagero vertical: 2X.
84
Estudo da precipitação oculta em dois tipos de vegetação da ilha da Madeira, Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos,
apresentado ao 8º Congresso da Água – “Água, Sede de Sustentabilidade”, 2006.

24
intercepção vegetal foi de 66,1% da precipitação bruta e a oculta foi de 2,7 mm/dia de
nevoeiro. No Inverno a intercepção vegetal foi 44% e a precipitação oculta 1,6 mm/dia
de nevoeiro85. A floresta desempenha o papel importante de sumidouro de água, vital
para a vida humana na ilha, além de proteger os solos contra a erosão, principalmente
tratando-se de relevo muito acidentado.
Atendendo às condições relatadas e as características mais importantes da guerrilha é a
mobilidade e versatilidade, adaptando-se às particularidades do inimigo, terreno e clima
onde actuam, é a principal razão para a eficácia. De facto, a eficácia destas guerrilhas
operativas na selva como os casos no Vietname, Filipinas, América Central, Angola,
etc., não podem ser a mesma que a dos guerrilheiros no deserto do Saara ou nas estepes
da China. Cada área requer tácticas, formas de organização e logística substancialmente
diferentes. Da mesma forma, quando esta enfrenta o exército regular invasor, tem boas
condições das que as próprias tropas do País. O caso extremo, o actor hostil, estrangeiro
ou estatal, também possui unidades de militares especializadas na luta contraguerrilha.
Por isso, a articulação entre a guerrilha urbana com acções armadas e políticas nas
cidades (sabotagens, actos terroristas, greves, manifestações, etc.) têm papel importante
de ajuda ao avanço da guerrilha de campo86. Em rigor, através dela, a guerra irregular
torna-se plano subversor de terror feito por pequenos grupos sobretudo nos centros
urbanos e usa meios exíguos de destruição mas eficazes, principalmente para a
destruição indiscriminada.
Na medida que a guerrilha permita a derrota e expulsão das tropas inimigas de
determinadas áreas ou regiões, tornar-se-ão base para a mesma. A base de apoio foi
definida por Mao como bases estratégicas – apoiam a força de guerrilha para satisfazer
as tarefas estratégicas e alcançar o objectivo de preservar e desenvolver pontos fortes,
para destruir e expulsar o inimigo87. Valorizar estas situações diversas e conceber
formas de acção de guerrilha mais adequadas é tarefa difícil, mas necessária na
elaboração da estratégia em contexto de guerra irregular88.
O Exército tem a visão geral, mas a formação de grupos guerrilheiros é importante
porque têm concepção de luta localizada nas cidades, grandes ou pequenas e, buscam
sobretudo na paisagem acidentada para se organizar, atacar e dar golpes precisos no
inimigo. Pela própria natureza, a guerra irregular em montanha – neste caso na Madeira
– impõe estratégias distintas ou contrapostas para cada um dos beligerantes. O governo
usurpador, por exemplo, deve buscar a estratégia directa ou a de submeter grupos
insurgentes. Tentará derrotá-los através de ataques sistemáticos e massivos permitindo
tirar partido da superioridade militar inicial. Enquanto isso, as organizações subversivas
85
Os valores de intercepção vegetal são superiores na área de Laurissilva em comparação com o urzal. Isto pode ser explicado pela
morfologia das espécies dominantes nesta área. Os seus ramos cobrem de forma densa e contínua maiores áreas. As suas folhas
grandes, largas e dispostas horizontalmente, podem sustentar as gotas de chuva e nevoeiro mais pequenas, diminuindo a quantidade
de água que atinge o solo, uma vez que a maior exposição atmosférica facilita a evaporação. Também podem facilitar a escorrência
para e pelos troncos, fazendo com que, caso não encontre outros obstáculos, a água atinja o solo através destes. Ao contrário, no
urzal, a cobertura dos ramos é menos densa e sem folhas com grande superfície que protejam o solo levando à queda directa
atingindo facilmente o solo florestal.
86
Em geral, podemos dizer que as experiências da guerrilha urbana, por si só, experimentaram sérios reveses e resultou em
importantes fracassos políticos e militares. Não há único exemplo de guerra subversiva, baseada unicamente na guerrilha urbana,
que tenha conseguido provocar alguma mudança de regime. Desde então, várias razões podem ser apontadas para explicar estes
resultados: condições político-económicas dos países; escassas medidas de segurança e auto-protecção adoptadas pelos grupos de
guerrilha na clandestinidade; e assim por diante. No entanto, acreditamos que a teoria da guerrilha urbana contém erros graves na
política e estratégica. Primeiro, é paradoxal reconhecer a inferioridade militar contra as forças armadas do governo e, ao mesmo
tempo, apoiar a necessidade de ataques nas cidades que foram precisamente áreas onde a superioridade militar do regime foi
esmagadora; segundo, a substituição da disponibilidade de terras para o anonimato por causa da concentração urbana demográfica
era incompatível com a manutenção de guerra de movimentos que caracteriza a acção de guerrilha e que séculos de experiência
haviam endossado favoravelmente. Possíveis instalações logísticas prestadas aos guerrilheiros para a sua localização nas cidades não
compensavam a óbvia desvantagem estratégica de converter guerra de movimentos em guerra de posições.
87
Mao Zedong, Obras Escolhidas, Tomo II. Nosso sublinhado.
88
Como o uso ortodoxo e heterodoxo de granadas e minas para demolições, incluindo técnicas de torpedo bangalore improvisados e
a construção de armadilhas com granadas. Instrução em demolições e explosivos em conjunto com emboscadas. Vários relatos sobre
emboscadas reais artificiais onde seriam criadas na prática, para a instrução.

25
procuram aplicar a estratégia indirecta ou de assédio ou fustigamento, procurando
assim, prolongar a guerra e gradualmente erodir a força militar adversária, reforçando
simultaneamente a própria. Em caso de possível invasão, as posições podem ser
tomadas de forma eficaz armando os grupos irregulares em vários locais com acções de
atraso e com inúmeras baixas. Nesta fase ainda se pode combinar forças regulares com
grupos irregulares89 na montanha.
Como estratégia, a acção de guerrilha tem vantagem pois é especialmente conservadora
– visa preservar a porção máxima de operacionais e materiais garantindo as pequenas
unidades, ao mesmo tempo, a táctica efectiva ofensiva/defensiva. Este concerto
estratégico é obtido através de dois factores básicos: mobilidade e surpresa. No plano
táctico, o uso de armas silenciosas (como a besta) e franco-atiradores, combate próximo,
explosivos improvisados ou mesmo armadilhas seriam muito eficazes.
Deduz-se, neste caso, qualquer guerra irregular começa com a estratégia de guerrilha e
conclui com estratégia convencional. Razões pelas quais sabemos que nenhuma guerra
subversiva se manteve na estratégia de guerrilha em todo o crescimento e conclusão
bem-sucedida: embora possa haver excepções mas seria necessário outra forma
combinada com gupos prontos, inicialmente em reserva e avançassem segundo o
progresso e necessidades, sobretudo para manter e consolidar posições.

Combate Em Montanha
O terreno e o clima dificultam o movimento, observação, campos de fogo,
comunicações e controlo, por causa destas limitações, as dificuldades de operações de
montanha, por exemplo, em ambiente laurissilva crescem na proporção da importância
da força usada. A floresta laurissilva90 e ripícola91 da Madeira, principal ecossistema
terrestre autóctone, situa-se quase exclusivamente na vertente Norte da ilha, onde as
manchas melhores conservadas estão associadas aos vales mais abruptos e encaixados
de difícil acesso92. Os abrigos e coberturas são excelentes para este tipo de terreno
facilitando a execução da surpresa, portanto, quer o atacante e o defensor podem usar
grandes efectivos em missões de segurança. Os pontos críticos do terreno incluem
trilhos, levadas ou ribeiros não navegáveis, as terras altas e cruzamentos de estradas, o
valor dos terrenos altos pode ser reduzido pelas restrições de observação na montanha
laurissilva, é a redução da capacidade de busca de alvos. O tipo de floresta densa tem
características afins às da selva: existem pelo menos 1/3 de montanha desconhecida e
não visitada por qualquer ser humano93.

Vida e Sobrevivência
As zonas mais altas da Madeira indicam clima rigoroso, grandes amplitudes térmicas e
ventos intensos. A precipitação atinge valores elevados (mais de 2.000 mm/ano) e a
neve e o granizo chegam a cobrir extensas áreas nos meses mais frios. A implantação de
89
Entende-se que estes grupos são oriundos das forças regulares mas especialmente preparadas para estas acções autónomas.
90
Significa floresta (silva) dos loureiros (laurus): predominam árvores da família Lauráceas: dos 300 aos 1.300 metros de altitude.
91
Floresta ripícola ou mata ripícola é aquela cujas plantas crescem principalmente ao longo de um curso de água e/ou cujas raízes
alcançam a franja capilar, que é uma zona estreita na qual a água está em movimento constante pela ação da capilaridade
(movimento ascendente) ou pela força da gravidade (movimento descendente).
92
Ao longo de cinco séculos de ocupação da Madeira, a floresta originária praticamente desapareceu da vertente Sul e Leste da Ilha
onde a orografia facilitou a ocupação humana. Na vertente Norte, pelo contrário, de relevo de difícil acesso e clima mais frio e
húmido, exposta a ventos predominantes de nordeste (alíseos), a floresta primitiva foi reservada até aos nossos dias. Hoje a floresta
(indígena e exótica) e outras zonas arborizadas, revestem quase 43% da superfície da ilha e ocupa a área estimada em 34.224 ha. As
espécies introduzidas chamadas exóticas surgiram para fazer face às necessidades de arborização de áreas desarborizadas: para
material lenhoso combustível e de construção, localizada praticamente na encosta Sul. O Parque Natural ocupa 2/3 da área da
Madeira com área de cerca de 56.700 ha. A área urbana atinge os 5.987 ha, i.e. 6% dos 80.102 ha da Região (1 ha = 10.000 m²).
93
A título de curiosidade a Madeira possui 17.667 milhões de árvores; 11.298 milhões das quais pertencem à Laurissilva; 1.464
milhões de pinheiros-bravos; 2.808 milhões de eucaliptos; 1.235 milhões de acácias; 500 mil outras folhosas; e 399 mil outras
resinosas (Raimundo Quintal, 2009).

26
unidades de montanha devem receber formação e treino avançado para sobreviver neste
duro ambiente. Actividades normais (navegação, comunicação e movimento) pedem
técnicas especializadas. O treino deve ser feito o mais realisticamente possível, de
preferência sob condições severas para firmeza dos ganhos do caçador seja profícuo94.
Exercícios prolongados de apoio a instalações de teste e expondo-o ao isolamento nas
operações de montanha. A alimentação juntamente com as condições físicas, treino,
factores psicológicos e ambiente é a base do desempenho do caçador de montanha. A
alimentação pode afectar o desempenho e a crença no consumo de determinados
alimentos podem dar alguma vantagem psicológica, particularmente importante para o
alpinista95. O treino deve recair no modo duro da montanha e avaliar o seguinte:
 Temperatura e altitude extrema;
 Higiene e saneamento;
 Espaço limitado de vida (dificuldade de acampamento);
 Requisito para roupas.
Lutar e sobreviver em montanha aumentará a confiança em si. O treino deve incluir a
preparação psicológica, sobrevivência: localização de água96, considerações de abrigo,
estrutura de fogueiras, riscos, saúde e técnicas para a obtenção de alimentos, resistência
de combate, patrulhas, camuflagem, etc. e outras a incluir como guerra irregular97.
A reter algumas palavras-chave sobre o caçador de montanha:
 Deve ser aguerrido, endurecido e integrado em unidades fortes e coesas;
 Rendibilidade aliada à precisão e ao ritmo da acção;
 Dinamismo, agressividade e mobilidade superando efectivos sempre limitados;
 Surpresa – agressividade e vigor na execução;
 Autonomia.
Para isso, o treino físico em combate visa desenvolver a resistência à fadiga, vontade de
superar as dificuldades, apesar do medo. Nesta área distingam-se:
 A preparação física em combate desenvolve a capacidade física por marchas e
esforços violentos e prolongados. A resistência à fadiga é obtida através da redução
de sono e aumento da actividade nocturna, formação de combate corpo a corpo.
 Treino físico próprio para escalada e navegação – treino físico tipo comando98 em
especial por pistas audaciosas, combate corpo a corpo, natação utilitária.
A instrução técnica visa libertar o caçador das dificuldades relacionadas com o terreno.
Inclui, em particular, técnicas de passagem adaptadas ao ambiente99, navegação
94
Principalmente centrada sobre o comandante ou líder da unidade e a sua equipa, próxima do comando, o treino proposto oferece
ao comando a preparação das forças a estarem aptas, em exercícios reais. Estes replicariam o mais próximo possível das condições
actuais de compromisso, sob os cenários mais pessimistas. Colocar-se-iam estes líderes em condições de pressão e fadiga, que para
além de exigirem resistência física e moral forte, o aspecto psicológico. Este realismo torna possível aguerrir ou endurecer estas
equipas de comando: desenvolver resistência física, fortalecer e dominar conhecimentos técnicos e tácticos necessários para vencer
em condições difíceis. Seria por assim dizer, especialização de Combate em Montanha após o curso de operações de montanha. Não
esquecer que o soldado de infantaria hoje é menos forte e rústico que a geração mais velha: mais citadinos, francamente pouco
resistentes, pouco desportivos, muito pouco robustos e mais atraídos pela facilidade.
95
Geralmente, costuma-se cozinhar apenas duas vezes/dia: o pequeno-almoço e refeição. No resto do dia come-se alimentos de fácil
consumo e alto valor energético – chamada "ração de marcha": a pessoa sedentária requer entre 1.800 e 2.000 calorias para viver, o
montanhista pode chegar facilmente às 5.000. Os alimentos devem ser fáceis de digerir e significam menor consumo de oxigénio e
energia na digestão. Deve-se descartar os alimentos ricos em gordura: carnes, ovos, alimentos fritos, amendoins, abacate e leite. A
partir dos 7.000 metros, comer deixou de ser um prazer, mas obrigação, i.e. a maneira de cuidar de si mesmo. A falta de oxigénio,
fadiga, sono, baixa pressão atmosférica e ansiedade conspiram contra o apetite. Quando isso ocorre, a falta de fome não é porque a
pessoa está em perfeito estado atlético (como se diz, estou tão bem mas não tenho apetite), mas pelo contrário, não quer comer,
simplesmente porque está afectado pela altitude.
96
A água da montanha nunca deve ser assumida como segura para consumo. O treino na disciplina de água deve ser enfatizada para
assegurar beber apenas água proveniente de fontes autenticadas. Fluidos perdidos através da respiração, suor e urina devem ser
substituídos para o soldado funcionar de forma eficiente.
97
Este truísmo revela o renovado interesse estratégico pela montanha a partir de 11Set01: Guerra contra o terrorismo liderada pela
coligação no Afeganistão treze anos depois dos soviéticos (para não mencionar o Iémen, Caxemira, Curdistão, Balcãs, Cáucaso...)
98
Não confundir com os comandos.
99
Entre encostas afastadas e compridas ou facilmente não sejam passadouros naturais impõem restrições ao movimento e à
manobra, constituindo estorvos ao atacante e linhas naturais de resistência ao defensor. O ataque através destas encostas

27
improvisada, viver no mato, orientação, pistagem e sobrevivência. A instrução táctica
tipo comando permite o controlo, para deslocamento, protecção e sobrevivência em
ambiente hostil. Inclui combate em pequenos grupos em zona de insegurança, combate
urbano e combate próximo anticarro.

Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga100


É relevante, todo o militar estar instruído em sobrevivência e sobretudo nos princípios
de evasão e fuga, quer em situação regular ou irregular, deve-se ter em conta o seguinte:
a) A guerrilha, raramente apanha e conserva prisioneiros por períodos longos e
quando o faz, solta alguns seleccionados para propósitos de propaganda101.
b) O treino sobre a evasão e fuga torna-se indispensável na medida que vai aumentar
a intensidade da subversão, sobretudo quando as forças irregulares chegam às
últimas etapas onde dominam áreas do território.
c) Por isso, estabelecer procedimentos de resgate e recuperação para ajudar o pessoal
amigo a evadir-se do cativeiro; e extrair para áreas amigas. A instalação de redes de
evasão e fuga garantem o sistema adequado para facilitar as acções deste pessoal.
d) Enlace de comunicações.
e) Sistema de identificação.
f) Esconderijos (alimentos, armas, roupa).
g) Equipas de sobrevivência.
Não sobreviver em áreas remotas é usualmente resultado da ignorância e inexperiência
mais do que o resultado das acções tomadas pela força guerrilheira. A arte de sobreviver
é difícil em zona ocupada pelo inimigo e onde não há guerrilheiros. A preparação para a
sobrevivência deve começar antes de surgir a verdadeira necessidade. Por isso, instruir
todo caçador nesta técnica de forma onde se possa valer do ambiente para sobreviver.
Para qualquer militar, a aptidão de iludir o inimigo e escapar em caso de ser capturado,
são requisitos básicos da evasão e fuga e põe em jogo todos os recursos básicos do
combatente. O treino individual de resistência proporciona a boa base sobre a qual
funda técnicas adicionais quanto à sobrevivência quer a nível psicológico e físico.

intransponíveis exige preparativos técnicos e tácticos proporcionais à importância do comprimento e ao valor relativo das forças
oponentes. Outras necessidades da operação de cruzar o rio são: Tipos especiais de inteligência, equipa de travessia e meios
adequados para o controlo – o emprego oportuno de forças aeromóveis e aerotransportadas facilitam este cruzamento e devem ser
que possível exploradas. Os planeamentos iniciados durante o avanço nestas situações, como nos rios, o comandante dispersa as
forças de maneira a assegurar os meios essenciais do seu cruzamento estejam rapidamente disponíveis quando chegar ao mesmo. O
avanço nestas transposições deve fazer-se com grande rapidez e, quando possível, em ampla frente; a rapidez e a violência da acção,
pode permitir a captura de pontes ou passadiços intactos. O ataque através destas passagens praticamente impõe a regulação da
operação; nela os fogos de apoio, particularmente os fogos nucleares e químicos, podem ser usados na captura destes pontos,
neutralizando o pessoal defensor inimigo. As vantagens obtidas na conquista devem ser exploradas de imediato, pois uma vez
efectuado ao cruzarem deve conquistar-se quando antes a cabeça da passagem, para assegurar as pontes e dar segurança e espaço
suficiente para o encontro do resto das tropas.
100
A adopção de Sobrevivência, Fuga, Resistência e Evasão (Survival, Escape, Resistance and Evasion — SERE) próxima das
escolas das Forças Armadas dos EUA são estruturadas para ensinar militares, em geral pilotos e operações especiais, como
sobreviver a interrogatórios conduzidos por inimigos não obrigados pelas Convenções de Genebra. Especificamente, as técnicas de
interrogatório usadas nessas escolas derivam dos métodos usados pelo exército comunista chinês durante a Guerra da Coreia para
extrair confissões falsas dos prisioneiros pelo valor de propaganda.
101
Há algumas excepções mas geralmente são civis feitos prisioneiros e são outras circunstâncias como é o exemplo das FARC.
Neste caso, estritamente militar pode acontecer o militar ser transferido posteriormente da sua captura e primeiro(s) interrogatório(s)
para a retaguarda e mantido em cativeiro.

28
Anexo I
Algumas Montanhas >500m em Portugal Continental e Insular
Distrito/região Ponto Altitude (m) Coordenadas (aprox.)
Açores102 Montanha do Pico (Piquinho)103 2.351 38° 28′ N 28° 24′ W
Caveiro 1.076 38º 25′ N 28º 02′ W
Pedra Posta (Serra de Montemuro) 1.222 41° 00′ N 08° 06′ W
Serra da Arada (Maciço da Gralheira) 1.071 40° 49′ N 08° 00′ W
Serra da Freita (Maciço da Gralheira) 1.085 40° 52′ N 08° 16′ W
Aveiro
Serra do Arestal (Maciço da Gralheira) 830 40° 46′ N 08° 21′ W
Serra do Caramulo 1.076 Situa-se entre regiões, ver Viseu.
Serra do Caldeirão (ou Mú) 578 37° 23′ N 08° 06′ W
Beja Pelados (Serra do Caldeirão) 589 37° 18′ N 07° 58′ W
São Barnabé (Serra do Caldeirão) 577 37° 21′ N 08° 54′ W
Alcaria do Cume 535 37° 24′ N 07° 44′ W
Carris (Serra do Gerês) 1.507 41° 49′ N 08° 02′ W
Braga Serra da Cabreira 1.318 41° 39′ N 08° 04′ W
Serra de Oural (Boalhosa) 700 41° 44′ N 08° 28′ W
Serra de Montesinho 1.486 41° 59′ N 06° 48′ W
Serra da Nogueira 1.318 41° 43′ N 06° 51 W
Bragança Serra da Coroa 1.274 41° 55′ N 07° 00′ W
Serra da Santa Comba 1.041 Abrange dois concelhos, ver Vila Real
Serra de Mogadouro 993 41° 19′ N 06° 40′ W
Próximo da Torre (Serra da Estrela) 1.990 40° 19′ N 07° 36′ W
Serra da Malcata 1.075 40° 18′ N 07° 02′ W
Serra da Gardunha 1.274 40º 15′ N 07º 02′ W
Castelo Branco
Serra dos Alvelos (Cabeço da Rainha) 1.084 39º 50′ N 07º 55′ W
Serra do Muradal 915 39º 59′ N 07º 47′ W
Serra do Ramiro 720 40º 03′ N 07º 02′ W

102
Por não ter colocado todas as elevações por serem dispersas e com diversas altitudes, deixo mais algumas no parâmetro > 500 m:
Pico: Cabeço do Alveriano 1.036 m, Cova do Caldeirão 903 m, Topo 1.007 m, Cabeço do João Duarte 1.198 m…; Flores: Pico da
Terra Nova 581 m, Pico da Burrinha 768 m, Pico dos Sete Pés 849 m…; Faial: Cabeço Gordo 1.043 m, Alto da Pedreira 538 m,
Tambroso 506 m…; Corvo: Morro dos Homens 718 m, Serrão Alto 663 m, Monte Grosso 770 m…; Terceira: Pico do Areeiro 533
m, Pico Alto 808 m, Pico do Brandão 1021 m…; São Miguel: Água Retorta 673 m, Pico da Cruz (Sete Cidades) 845 m, Pico das
Éguas 873 m…; S. Jorge Pico: Maria Pires 663 m, Pico do Facho 854 m, Pico dos Frades 942 m…; Santa Maria: Pico Alto 587 m –
a mais antiga das ilhas açorianas.
103
É também o ponto mais alto da dorsal meso-atlântica, embora existam pontos mais altos em ilhas atlânticas, mas fora da dorsal.
Medido a partir da zona abissal contígua, o edifício vulcânico tem quase 5.000 m de altura, quase metade submersa sob as águas do
Atlântico.

29
Serra da Moreirinha 644 40º 03′ N 07º 06′ W
Serra dos Alegrios 619 40º 03′ N 07º 07′ W
Serra da Melriça104 592 39º 41′ N 08º 07′ W
Serra do Sicó105 553 39º 49′ N 08º 24′ W
Trevim (Lousã) 1.205 Situa-se na transição, ver Leiria.
Monte do Colcurinho 1.242 40° 16′ N 07° 49′ W
Coimbra
Alto de S. Pedro 1.341 40° 11′ N 07° 48′ W
Pico de Cebola (Serra do Açor) 1.400 40° 10′ N 07° 48′' W
Serra do Vidual 1.119 40° 06′ N 07° 52′' W
Évora São Gens (Serra de Ossa) 653 38° 44′ N 07° 33′ W
Faro Foia (Serra de Monchique) 902 37° 53′ N 07° 58′ W
Torre (Serra da Estrela) 1.993 40° 19′ N 07° 36′ W
Cântaro Magro106 (Serra da Estrela) 1.985 40° 19′ N 07° 35′ W
Guarda
Serra do Pisco 989 40° 51′ N 06° 59′ W
Serra da Marofa 977 40° 51′ N 06° 59′ W
Serra da Lapa 955 Ver Viseu
Alto de Trevim (Serra da Lousã) 1.205 40° 06′ N 08° 10′ W
Leiria Serra dos Candeeiros 610 Ver Santarém
Serra de Ansião (Ariques) 533 40° 03′ N 08° 10′ W
Serra de Montejunto 666 39° 11′ N 09° 04′ W
Lisboa Serra de Sintra (Monte da Lua)107 529 38º 46′ N 09º 23′ W
Pico do Areeiro 1.818 32° 44′ N 16° 55′ W
Madeira Pico das Torres 1.851 32° 45′ N 16° 56′ W
Pico Ruivo 1.862 32° 45′ N 16° 55′ W
Pico das Abóboras 1.453 32° 42′ N 16° 54′ W
Pico das Torrinhas 1.794 32° 75′ N 16° 96′ W
Pico do Canário 1.596 32° 77′ N 16° 95′ W
Pico Suna 1.134 32° 43′ N 16° 51′ W
Pico dos Bodes 1.186 32° 42′ N 16° 59′ W
Pico da Urze 1.417 32° 44′ N 17° 07′ W
Pico do Paúl (Paúl da Serra)108 1.640 32° 46′ N 17° 04′ W
Serra de São Mamede 1.025 39° 19′ N 07° 21′ W
Portalegre
Serra de Marvão109 865 39° 22′ N 07° 21′ W
Porto Serra do Marão 1.415 41° 15′ N 07° 54′ W
Serra de Aire 679 39° 32′ N 08° 38′ W
Santarém
Serra dos Candeeiros 610 39° 33′ N 08° 51′ W
Serra da Amêndoa 509 39° 39′ N 08° 04′ W
Setúbal Formosinho (Serra da Arrábida) 501 38° 29′ N 09° 00′ W
Pedrada (Serra de Soajo) 1.416 41° 57′ N 08° 18′ W
Pico da Nevosa 1.548 41° 49′ N 08° 02′ W
Serra da Peneda 1.416 41° 55′ N 08° 17′ W
Viana do
Serra Amarela 1.362 41° 48′ N 08° 12′ W
Castelo
Serra d'Arga (Alto do Espinheiro) 825 41° 48′ N 08° 42′ W
Serra de Oural (Boalhosa) 700 Ver Braga
Pico da Nevosa (Serra do Gerês) 1.548 41° 50′ N 08° 01′ W
Serra do Larouco110 1.535 41° 52′ N 07° 43′ W
Serra do Barroso (ou Alturas) 1.279 41° 41′ N 07° 60′ W
Coto dos Corvos (Barroso) 1.216 idem
Coto do Sudro (Barroso) 1.279 idem
Vila Real
Serra da Padrela 1.146 41° 33′ N 07° 33′ W
Serra da Falperra 1.134 41° 24′ N 07° 39′ W
Serra de Mairos 1.088 41° 50′ N 07° 20′ W
Serra do Alvão 1.283 41° 31′ N 07° 42′ W

104
A importância desta serra resulta do facto de nela estar localizado o Centro Geodésico de Portugal.
105
Relacionado com os processos cársicos que estiveram na sua génese e que condicionaram a sua evolução, o Maciço Calcário de
Sicó encerra actualmente um conjunto diversificado de elementos geomorfológicos (grutas, exsurgências, dolinas, campos de lapiás,
canhões fluviocársicos...): extremo oeste da Serra de Sicó, é onde se situa o sistema espeleológico Várzea-Dueça que constitui
extensa rede subterrânea de Grutas.
106
Do sopé do Cântaro Magro no Covão d' Ametade até ao seu cume existe um desnível (parede vertical) de aproximadamente
500m
107
Pertence à Cordilheira da Serra da Estrela e termina no Cabo da Roca como limite ocidental
108
O Paúl da Serra, encontra-se na parte ocidental do Maciço Central Montanhoso, a Oeste dos vales de S. Vicente e da Ribeira
Brava, é o maior e mais extenso planalto da ilha da Madeira com cerca de 24 km², com a altitude média entre os 1.400 e os 1.500 m.
O ponto mais elevado é o pico Ruivo do Paúl e a Bica da Cana com 1620 m de altitude, constituindo grande reservatório de água,
oriunda da elevada precipitação anual. Abastece continuamente inúmeras nascentes, ribeiras e levadas que dali partem.
109
Na realidade, esta Serra faz parte do conjunto de relevos da Serra de S. Mamede. Neste conjunto de relevos atinge-se a altitude
superior a 1.000 m (ou seja, o ponto mais alto de Portugal continental a Sul do Rio Tejo).
110
Apresenta-se como serra que dá forma a grande planalto granítico de forma alongada – constitui o prolongamento de
acontecimento morfológico que se estende também por terras de Espanha. A orientação geral é nordeste-sudoeste e com cerca de 10
km de comprimento.

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Serra da Santa Comba 1.041 41° 28′ N 07° 19′ W
Serra de Montemuro 1.382 40° 58′ N 08° 00′ W
Serra de Bigorne 1.210 40° 58′ N 07° 55′ W
Serra da Arada 1.071 40° 49′ N 08° 08′ W
Serra do Caramulo 1.076 40° 34′ N 08° 10′ W
Viseu
Serra da Colheira 1.114 40° 50′ N 08° 11′ W
Serra de São Macário 1.052 40° 52′ N 08° 04′ W
Serra da Ribeira 1.051 40° 50′ N 08° 09′ W
Serra da Leomil (ou Nave) 1.008 40° 57′ N 07° 40′ W
Serra da Lapa 955 40° 54′ N 07° 30′ W

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Anexo II – Categoria Climáticas

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