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KIDS

SEU FILHO
MAIS FELIZ
SER UMA CRIANÇA SAUDÁVEL É O QUE TODO PAI DESEJA
PARA SEU FILHO, MAS ISSO EXIGE AFETO E EQUILÍBRIO
POR ANA LUIZA SOUZA | FOTO MARIANA BARCELLOS

M MUDANÇA RADICAL
“ ãe, eu preciso sair da sala para respirar!” É essa a resposta
que Jacqueline Mussi ouvia quando brigava com o filho
Antônio por ter escapado da sala. Ela não sabia o que fa- Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperativi-
zer. Foram inúmeras as vezes em que a engenheira civil foi cha- dade, Transtorno Desafiador Opositivo e Síndro-
mada à escola por causa do comportamento do filho. Com 5 anos, me de Asperger são alguns dos diagnósticos que
Antônio foi diagnosticado com um pequeno nível de hiperativida- Ari, o filho mais novo de Marília Vicentini, recebeu
de, problema que já afetava suas relações sociais e o desempenho quando era criança. Desde que entrou na escola, o
na escola. “Ele não conseguia se relacionar com os coleguinhas e menino apresentava dificuldades de se relacionar,
vivia reclamando que não tinha amigos. Fizemos primeiramente agressividade e baixa produtividade. A partir daí
um acompanhamento com psicólogo e depois conversamos com começou a saga da família atrás de tratamentos que
outros especialistas que chegaram a recomendar medicação, mas amenizassem esses sintomas e melhorassem a vida
para nós essa seria a última opção”, conta Jacqueline. de Ari. “Foram vários profissionais que entraram no
As coisas começaram a mudar quando Antônio passou a fazer circuito para amenizar os efeitos colaterais da me-
Psicomotricidade Relacional, uma metodologia baseada em brin- dicação que começava a aparecer. Desesperados,
cadeiras espontâneas e na comunicação corporal que favorece a começamos a pesquisar em todos os lugares para
expressão de sentimentos e emoções. “Claro que é um tratamento tentar descobrir uma maneira de ajudá-lo. Até que
longo, é preciso ter paciência, mas a mudança é notável, tanto dele chegamos ao ponto de tirá-lo da escola e parar com
quanto de nós pais”, afirma Jacqueline. Segundo a engenheira, além os tratamentos convencionais.”
de conseguir fazer amizades e brincar com as crianças da sua ida- Em meio a tudo isso, Marília, que é professora de
de, o filho está muito mais seguro e responsável. “No seu aniversá- Educação Física, resolveu começar um curso de Psi-
rio este ano ele queria que fossem vários amiguinhos com os pais, comotricidade Relacional também para ajudá-la na
então além do convite, eu falei para ele convidá-los pessoalmente profissão. “No primeiro módulo eu tive a certeza de
na escola. Nossa, foi uma campanha! (risos) Isso mostra que ele que não só eu havia encontrado uma metodologia
está seguro para chamar, conversar, não tem mais aquela barreira.” maravilhosa para o meu trabalho, mas principal-
mente para o meu filho.” Apesar da resistência em

106 VIVER CURITIBA


Na foto à esquerda, Ana Elizabeth
Luz Guerra, coordenadora da clínica
do Ciar. Abaixo, Leopoldo Vieira,
responsável pela formação de novos
psicomotricistas relacionais

EQUILÍBRIO NA BALANÇA
Ana Elizabeth Guerra, psicóloga e Para essa balança estar equilibrada
mestre em Psicomotricidade Rela- é preciso lidar com diversos as-
cional, destaca que as crianças e pectos. “É necessário que eles se
os adolescentes estão em fase de sintam bem com seu corpo, suas
desenvolvimento, portanto esse emoções, sua cognição, suas rela-
trabalho tem que ser ainda mais ções sociais e familiares e tenham
cuidadoso. “Para ajudar a criança suas necessidades básicas garan-
e o adolescente a encontrar o bem tidas”, explica o mestre em Educa-
estar em seu dia a dia é importan- ção e doutor em Psicomotricidade
te considerar as singularidades de Relacional, José Leopoldo Vieira.
cada um e apresentar caminhos Por meio da Psicomotricidade Re-
mais flexíveis, abrangentes e ino- lacional, os pacientes passam a
vadores para a socialização”. se conhecer melhor e aprendem
A hiperatividade é apenas um dos a aceitar e lidar com os todos os
fatores que pode interferir no bem- fatores que influenciam o seu
-estar das crianças e adolescentes. bem-estar.

começar um tratamento novamente, Ari resolveu fazer


a Psicomotricidade Relacional com a condição de que se
não gostasse poderia parar. Desde então não faltou a um
encontro. “Hoje com 18 anos, Ari é um adolescente com-
pletamente diferente. Tem amigos e procura conservar a
relação, lida melhor com as frustrações, pede desculpas,
começou a se organizar melhor e ainda fez matrícula no
supletivo para terminar o Ensino Médio”, comemora a mãe.

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