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Faculdade do Guarujá – FAGU

UNIESP/SP
                            

Trabalho Integrado Interdisciplinar de Direito (TIID)


Holocausto Brasileiro

Edimar Mendes da Silva


Eli Florentino da Silva
Josimar Pereira de Sousa
Milena Lamussi de Andrade
Tiago Colella Mendes Silva

GUARUJÁ /SP
2018
Faculdade do Guarujá – FAGU

UNIESP/SP
                            

Trabalho Integrado Interdisciplinar de Direito (TIID)


Holocausto Brasileiro

Trabalho Integrado Interdisciplinar de Direito


apresentado à Faculdade do Guarujá – FAGU,
como requisito parcial para a composição da nota
da avaliação N2.

GUARUJÁ /SP
2018
RESUMO
Tortura (sessões de choque elétrico faziam parte da rotina...), prisão perpetua
de pessoas que não cometeram nenhum delito ou crime hediondo. Ao chegarem ao
nosocômio tinham sua cabeça raspada, perdiam a sua identidade e dignidade. Para a
jornalista Daniela Arbex, o tratamento lembra ao dos judeus durante a 2ª grande guerra,
onde dos nove milhões que residiam na Europa, dois terços deles morreram nos campos
de concentração, sendo que mais de um milhão eram crianças, eles eram levados de
trem. Essa talvez seja uma das comparações mais bizarras com o tal “trem de doido” na
Bia Fortes “estação dos doidos” em Barbacena. Sendo esta um município do Estado de
Minas Gerais, conhecido como a cidade dos loucos, pois, devido ao grande número de
hospitais psiquiátricos que há na cidade. Houve um tempo que havia mais doentes
mentais do que a população. Hoje conhecido como centro hospitalar psiquiátrico de
Barbacena, criado em 1903 e considerado um presente de grego para a cidade já que o
hospício foi construído como prêmio de consolação após a cidade perder a disputa com
Belo Horizonte para ser a capital de Minas Gerais. Estima-se que 70% das pessoas que
ali estiveram internados não possuíam qualquer tipo de transtorno mental, isso piorou
durante a ditadura militar1, onde nenhuma denuncia poderia ser feita. O hospício
transformou-se no destino de desafetos políticos, homossexuais, mães solteiras,
alcoólatras, mendigos, negros, pobres, analfabetos e indigentes e também insanos.
Levando a morte 60 mil pessoas.
PALAVRAS-CHAVE: Genocídio; Holocausto; Barbacena; Direitos Humanos;
Violação.

1
Ditadura militar no Brasil ou Quinta República Brasileira foi o regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de
março de 1985, sob comando de sucessivos governos militares.
4

Sumário
INTRODUÇÃO........................................................................................................................... 5

1. HOLOCAUSTO.................................................................................................................. 7

1. Conhecendo o significado do termo ‘Holocausto’...............................................................7

1.1 Campos Nazistas......................................................................................................................... 8

1.1.1 Auschwitz – maior campo de extermínio...................................................................................8

2. ANALOGIA DO TÍTULO DO LIVRO-REPORTAGEM.......................................................9

3. O LIVRO-REPORTAGEM HOLOCAUSTO BRASILEIRO (2013,p.13-255): DANIELA


ARBEX.................................................................................................................................... 11

4. O BRASIL E A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS....................14

5. GENOCÍDIO..................................................................................................................... 15

5.1 OUTRAS DEFINIÇÕES DE GENOCÍDIO............................................................................15

5.2 DUAS ESPECIFIDADES DE GENOCÍDIO..........................................................................17

5.2.1 LIMPEZA SOCIAL............................................................................................................... 17

5.2.2 ESTUPRO GENOCIDA....................................................................................................... 17

6. O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A REPRESSÃO DO CRIME DE


GENOCÍDIO............................................................................................................................ 18

7. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA....................20

7.1 DIREITOS BÁSICOS – DIREITOS HUMANOS...................................................................21

7.1.1 A DIGNIDADE – É UM DIREITO HUMANO.....................................................................21

7.1.2 LIBERDADE VALOR CENTRAL PARA OS SERES HUMANOS....................................22

7.1.3 A IGUALDADE É UM DIREITO HUMANO......................................................................22

7.2 A DIGNIDADE HUMANA E SUA APLICAÇÃO...................................................................23

7.3 OS QUATRO CAMPOS DE APLICAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA...............................23

8. ENQUADRAMENTO JURÍDICO-PENAL SOBRE MAUS TRATOS................................25

9. CRIMES? QUAIS?........................................................................................................... 26

9.1 TORTURA.................................................................................................................................. 26

9.2 GENOCIDIO............................................................................................................................... 27

9.3 HOMICÍDIO................................................................................................................................ 28

9.4 LESÃO CORPORAL................................................................................................................... 28


5

9.5 SEGUE LISTA DE OUTROS CRIMES COMETIDOS................................................................29

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................31

Referências Bibliográficas....................................................................................................... 32
6

INTRODUÇÃO

Este trabalho baseou-se em uma estratégia qualitativa de pesquisa, de


caráter exploratório e é componente curricular obrigatório para os alunos
matriculados do 1º semestre, como requisito parcial para a composição da
nota de avalição N2. Elaborado em grupo tendo como missão a leitura e
interpretação do livro-reportagem, Holocausto Brasileiro, de autoria de
Daniela Arbex. Como também levar a debate o seguinte: a) Princípio
Constitucional da Dignidade da Pessoa humana, acolhendo o artigo 1º, Inciso
III e o artigo 5º, Incisos I e III da Constituição Federal Brasileira de 1988; b)
Enquadramento jurídico-penal sobre maus tratos; c) responder as seguintes
questões: É crime? quais?
Vale ressaltar que as denúncias de maus tratos nunca foram
oficialmente investigadas e ninguém foi punido pelos crimes que ocorreram no
Hospital Colônia de Barbacena durante todos esses anos. Os pacientes
psiquiátricos foram submetidos por todo tipo de constrangimentos e sem
nenhuma defesa estavam largados a própria sorte. Nem mesmo na hora da
morte tiveram dignidade, pois, eles foram coisificados, desumanizados,
violados no seu direito fundamental da personalidade.
Conforme assevera Silvio Rodrigues, não se pode “conceber um
indivíduo que não tenha direito à vida, à liberdade física ou intelectual, ao seu
nome, ao seu corpo, à sua imagem e àquilo que crê ser sua honra”, no
sentido de afirmar que há direitos inseparáveis da pessoa (2003, p. 61), estão
ligados desde o momento em que nascem até sua morte, porém, referidos
direitos não se extinguem com a morte, haja vista que seus familiares
passarão a ter legitimidade para requerer que cesse os direitos ameaçados.
A autora destaca na capa de seu livro-reportagem que houve 60 mil
mortes, classificando-o como ‘genocídio’. Diante da comunidade internacional,
o Brasil sempre esteve presente nos assuntos e debates, assinatura e adesão
de instrumentos em matéria de direitos humanos, como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o Pacto de San José da Costa Rica, as
resoluções de proteção aos doentes mentais e deficientes, inclusive o Brasil é
signatário da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de
7

Genocídio(1948). Esses pobres desafortunados, desamparados de pai e mãe,


sem o afeto familiar, desprovidos de qualquer proteção do Estado, dos
administradores, nem mesmo o especialista como Basaglia foi capaz de
oferecer a esses esconjurados algum tipo de esperança, relata a autora do
livro. O título do livro é discutível, visto que o Holocausto foi um momento
singular da história do século XX, onde dos nove milhões que residiam na
Europa, dois terços deles morreram nos campos de concentração, sendo que
mais de um milhão eram crianças, eles eram levados de trem. Essa talvez
seja uma das comparações mais bizarras com o tal “trem de doido” na Bia
Fortes “estação dos doidos” em Barbacena.
Ao chegarem nesses trens de carga, eles já eram desumanizados, ao
descerem desses vagões de carga, passavam por um banho gelado de
desinfecção, tinham a cabeça raspada, tiravam-lhe os poucos pertences,
depois eram uniformizados, tinham sua humanidade confiscada, mesmo que
essa tragédia não se equipara aos dos Judeus, ainda sim, é uma tragédia na
história do Brasil.
Diante da gravidade dos relatos, o objetivo do trabalho é interpretar os
fatos relatados no livro-reportagem e tentar responder as questões
enunciadas. Houve maus tratos, no hospital Colônia? Estamos diante de um
caso de genocídio, como a autora afirma que ocorreu? E a omissão do
Estado deve ser responsável, pela dignidade dessas pessoas que lhes foi
roubada? Para responder ao questionamento, uma análise do livro e do
documentário History Channel Brasil: Hospital Colônia de Barbacena: “O
Holocausto Brasileiro”, bem como a seleção do arcabouço de proteção da
Carta Magna, A Lei Maior, da República Federativa do Brasil e o Código
Penal, para verificar em que medida as violações ocorreram e onde elas se
enquadram.
8

1. HOLOCAUSTO
1. Conhecendo o significado do termo ‘Holocausto’
Holocausto (em grego: ὁλόκαυστος, holókaustos: ὅλος, "todo" e καυστον,
"queimado") também conhecido como Shoá (em hebraico: ‫השואה‬, HaShoá, "a
catástrofe"; em iídiche: ‫חורבן‬, Churben ou Hurban, do hebraico para "destruição"),
foi historicamente usado para descrever um sacrifício queimado sobre um altar.
Holocausto pode ser um sacrifício, ou uma oferta queimada, é um sacrifício
religioso de animais que é completamente consumido pelo fogo.
Desde 1945, a palavra adquiriu um significado novo e terrível: o assassinato
em massa dos nove milhões de judeus europeus, cerca de dois terços foram
mortos. Em particular, mais de um milhão de crianças judias foram mortas no
Holocausto, como foram aproximadamente dois milhões de mulheres judias e
três milhões de homens judeus.
O Holocausto é uma das maiores e piores atrocidades cometidas pelos seres
humanos. Perseguições seguidas de muito sofrimento e muitas mortes. Pessoas
eram retiradas de seus lares obrigadas a abandonar toda a sua vida, toda a sua
história e todo o seu passado.
Trens de carga vindos de toda a Europa ocupada pelos nazistas carregando
judeus para currais humanos aonde eram fuzilados, obrigados a trabalhar até
morrer ou serem asfixiados até a morte em câmaras de gás. Tinham seus
cadáveres incinerados ou transformados em sabão, etc.
A megalomania de Adolf Hitler fez do Holocausto a guerra mais destruidora
da história. Pregava um darwinismo tortuoso aonde às ‘raças’ mais evoluídas
eram os arianos, alemães e outros povos nórdicos destinados a destruir as ‘raças
inferiores’ – principalmente aos judeus, aos qual Hitler atribuía a maioria dos
males da humanidade.
9

1.1 Campos Nazistas


Entre 1933 e 1945 a Alemanha nazista construiu cerca de 20.000 campos
para aprisionar seus milhões de vítimas.
Os campos eram utilizados para várias finalidades: campos de trabalho
forçado, campos de transição (que serviam como estações de passagem), e como
campos de extermínio construídos principalmente, ou exclusivamente, para
assassinatos em massa. Desde sua ascensão ao poder, em 1933, o regime nazista
construiu uma série de centros de detenção destinados ao encarceramento e à
eliminação dos chamados “inimigos do estado”.
A maioria dos prisioneiros dos primeiros campos de concentração era
formada por alemães considerados inimigos do nazismo: comunistas, social-
democratas, ciganos Roma, Testemunhas de Jeová, homossexuais e pessoas
acusadas de exibir um comportamento “anti-social” ou fora dos padrões sociais.
Estas instalações eram chamadas de campos de concentração porque nelas os
detentos ficavam fisicamente “concentrados”.
Os nazistas construíram câmaras de gás para tornar o processo de
assassinato em massa mais eficiente, rápido e menos pessoal para os executores.
Câmaras de gás eram aposentos fechados que recebiam gás letal em seu interior
para matar por asfixia a quem estivesse dentro. . No auge das deportações para o
campo, mais de 6.000 judeus eram diariamente envenenados por gás em cada
campo.

1.1.1 Auschwitz – maior campo de extermínio


Auschwitz fica localizado ao sul da Polônia e foi o maior campo de
concentração e extermínio erguido pelos nazistas que se transformou no símbolo do
Holocausto na Europa ocupada pelas tropas de Hitler. Foram mortas cinco milhões
de pessoas no campo de Auschwitz e seu campo vizinho em Birkenau. O principal
instrumento de matança nesses dois campos eram as câmaras de gás e as
cremações em fornos. A maioria dos mortos eram judeus, homossexuais, ciganos,
poloneses, soviéticos, doentes e comunistas.
O campo de Auschwitz foi construído em 1940 e logo chegaram 728
prisioneiros poloneses. No fim de 1941 esse número já subia para 22.500
prisioneiros sendo 11 mil soviéticos (é muito importante ressaltar que os judeus não
10

foram os únicos perseguidos). No ano de 1942 o gás Zyklon B passou a ser usado
na execuções e logo Auschwitz se tornara o maior campo de extermínio de judeus.
Três anos depois foi desativado quando o Exército Vermelho Soviético lançou sua
ofensiva na Europa contra as tropas de Hitler e libertou os prisioneiros.
O Dia da Recordação das Vítimas do Nacional-Socialismo foi instituído há
mais ou menos quatro anos pelo então presidente da Alemanha, Roman Herzog,
para lembrar a invasão de Auschwitz e sua liberação pelas tropas soviéticas.

2. ANALOGIA DO TÍTULO DO LIVRO-REPORTAGEM

Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais. 60 mil pessoas morreram


nesse manicômio, tragédia que deu origem ao livro-reportagem ‘Holocausto
Brasileiro’ da jornalista Daniela Arbex. O título é discutível, visto que o Holocausto foi
um momento singular da história do século XX. Mas independente de números e
conceitos as fotos que ilustram o livro e os documentários que foram feito, mostram
claramente que algo muito grave ocorreu dentro do maior hospício do país. Uma
atrocidade que o tempo não poderá apagar jamais.

O título realmente é forte, agente sabe que o holocausto ele remete ao


nazismo, mas assim como os judeus foram encaminhados para os
campos de concentração nazistas em vagões de carga os pacientes do
hospital colônia, também foram encaminhados pra cá. Em trens em
vagões de carga e quando chegavam nesses vagões a sua condição, eles
já eram desumanizados. Eles passavam por um banho de desinfecção,
tinham a cabeça raspadas, eles eram uniformizados e tinha a sua
humanidade confiscada. Então foi uma tragédia, claro que não na
proporção dos milhões dos judeus, mas foi uma tragédia também singular
na nossa história.2

2
ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro Manicômio de Barbacena. 31/10/2013. (20m17s). GloboNews-FERNANDO
Gabeira. Disponível em: <https://youtu.be/1xBQr5zFAHs >. Acesso em: 01 maio 2018.
11

Diante do exposto fica a verossimilhança do ocorrido na década de 40


durante a 2º grande guerra, apesar de menor proporção, mas sofrimento,
tragédia e dor não podem ser contabilizados, Immanuel Kant já disse: “que no
mundo social existem dois tipos de valores o preço e a dignidade”. Então veja
as coisas tem preço, mas as pessoas tem dignidade. Ainda encontramos as
seguintes expressões:

“A Sucursal do inferno (pelo repórter Luíz Alfedo e o fotógrafo José Franco


em 1961);
Os porões da loucura (por Hiram Firmino e Jane Faria em 1979);
O Inferno de Dante (por Ivanzir e depois por José Franco);
O Extermínio (por Antônio Soares Simone);
Depósito de lixo humano (por Helvécio Ratton pag. 181);
Antecâmara da morte (por Francisco Paes Barreto em 1965).”

Diante do exposto, é perfeitamente aceitável o título do livro-


reportagem de Daniela Arbex, não podemos fechar os olhos e nem nos
silenciar diante de tamanha violação do direito mais básico do ser humano, o
direito de ser gente e ser tratado com dignidade, liberdade e igualdade.

3. O LIVRO-REPORTAGEM HOLOCAUSTO BRASILEIRO (2013,p.13-255) 3:


DANIELA ARBEX

A história do Colônia, ‘hospício de loucos’, uma instituição psiquiátrica,


assim conhecida, localizada no estado de Minas Gerais, na cidade de
Barbacena, na antiga Fazenda da Caveira de Joaquim Silvério dos Reis,

3
Trata-se de um livro-reportagem, de autoria da jornalista brasileira Daniela Arbex, lançado no Brasil dia 13 de junho
de 2013. O livro-reportagem retrata fatos ocorridos no Hospital Colônia, em Barbacena, Minas Gerais. O livro é
dividido em quatorze capítulos, onde a autora traz à tona diversos acontecimentos, ocorridos dentro dos muros do
Colônia, por meio de entrevistas com antigos funcionários, moradores e coleta de dados. ARBEX, Daniela.
Holocausto Brasileiro. São Paulo: Geração, 2013. Contem 255 páginas.
12

conhecido na história mineira como o delator do movimento dos


Inconfidentes.
O colônia abriu seus portões no século XX e ainda no século XXI, em
2003, ainda havia pacientes no Colônia, em 2011, constataram 177
sobreviventes, para testemunhas a história.
As pessoas que chegavam ao Colônia viam de diversas localidades do
Brasil e permaneciam ali pelo resto de suas vidas. Muitos chegavam ao
hospício vindo de trem, o que a população dos entornos do Hospício
chamava-o de ‘trem de doido’. Outros vinham nas viaturas da polícia ou de
ônibus. Uns tantos foram internados a força, até por meio de requisição feita
por delegados de polícia (Arbex., 2011 p.13).
Muitos nem sabiam as razões de estar no Colônia. Não havia critérios
para internação, era rotina padronizar os diagnósticos (Arbex., 2011 p.25).
“Cerca de 70% não tinha diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos,
alcoólatras, homossexuais, prostitutas, pessoas rebeldes, gente que tornara
incômoda ou ameaçava a ordem pública. Eram meninas grávidas, violentadas
por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com
a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do
casamento.
Eram homens e mulheres que haviam extraviado os seus documentos.
Alguns eram apenas tímidos. Pelo Menos trinta eram crianças”( Arbex., 2011
p.14). O Colônia transformou o destinado de desafetos, militantes políticos,
mendigos, negros, pobres, e, todos os tipos de indesejados, inclusive os
insanos (Arbex., 2011 p. 26 e 30).
Homens, mulheres e crianças, às vezes cominam ratos, bebiam
esgoto, o qual cortava os pavilhões, era a fonte de água ou bebiam urina
(Arbex., 2011 p.44,51). Outras vezes, “tomavam banho de mergulho na
banheira com fezes, espécie de castigo” a quem não se adequava às regras.
Tornou práxis, dormir sobre o capim, os colchões foram substituídos
por sugestão do chefe do Departamento de Assistência Neuropsiquiátrica de
Minas Gerais, José Consenso Filho, como alternativa para o excesso de
interno, economizava espaço, caberia mais gente (Arbex., 2011 p. 26). No
local predominava o ‘odor fétido, vindo do interior do prédio’ (Arbex., 2011
p.23).
13

Nas temporadas das baixas temperaturas, pacientes eram atirados ao


relento, nus ou cobertos com trapos. O instituo os moviam, os internos faziam
um círculo compacto, alternando os que ficavam do lado de fora com os do
lado de dentro, não raro, não sobreviviam até o dia seguinte (Arbex., 2011 p.
14 e 48).
Dentro dos pavilhões, na tentativa de se aquecerem, os pacientes
dormiam amontoados em pilhas, os que ficavam embaixo eram encontrados
mortos (Arbex., 2011 p.23). Os pacientes do Colônia morriam de fome, frio e
de doenças. Morriam também de choque elétricos. Em alguns dias os
eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga derrubava a rede da
cidade (Arbex., 2011 p.35-36). Nos períodos de maior lotação, muitas mortes
ocorriam, chegando a dezesseis em um único dia (Arbex., 2011 p.23).
Morrer dava lucro. Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de pacientes do
manicômio foram vendidos para dezessete faculdades de medicina do país,
sem que ninguém questionasse, nem mesmo as autoridades ou familiares.
Quando houve excesso de cadáveres, os corpos eram decompostos
em ácido, no próprio pátio do Colônia, na frente dos pacientes, para que as
ossadas pudessem ser comercializadas (Arbex., 2011 p.71-83). Ao menos
trinta bebês foram retirados de suas mães. As pacientes conseguiam proteger
suas gravides passando fezes na barriga para não serem tocadas (Arbex.,
2011 p.51), mas após o parto, os bebês eram retirados às escondidas de suas
mães e doados.
Em cinquenta anos, além dos cadáveres vendidos às faculdades de
medicina, ou os corpos decompostos com ácido, para venda das ossadas, no
cemitério do Colônia foram enterrados, em covas rasas, 60 mil mortos e
somente no final da década de 80 tal cemitério foi desativado (Arbex., 2011 p.
65).
Em 2003, ainda havia pacientes encarcerados no Colônia (Arbex.,
2011 p.53), mesmo após as novas reformas psiquiátricas.
14

4. O BRASIL E A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Com a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e


proclamada pela Resolução nº 217A, da III Assembleia Geral das Nações Unidas
de 10 de dezembro de 1948 e assinada pelo Brasil na mesma data, juntamente
com outros países que votaram a favor: “The following countries voted in favor of
the Declaration: Afghanistan; Argentina; Australia; Belgium; Bolivia; Brazil;
Burma; Canada; Chile;[...] 4

4
ONU. The following countries voted in favor of the Declaration. Yearbook of the United Nations 1948–1949 p 535.
15

Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o Brasil


sempre colaborou e se comprometeu legalmente com vários instrumentos
internacionais na busca e valorização dos direitos humanos, como:
Convenção Internacional para a Prevenção e Repressão ao Crime de
Genocídio – aprovada e aberta à assinatura e ratificação ou adesão, pela
Resolução n. 260-A, da III Assembleia Geral das Nações Unidas, em
09.12.1948; a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as
Formas de Discriminação Racial - adotada pela Resolução n. 2.106-A, na
XX Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16.12.1965, ratificado pelo
Brasil em 27.03.1968; o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
aprovado pela Resolução n. 2.200-A, na XXI Assembleia Geral das Nações
Unidas, em 16.12.1966, ratificado pelo Brasil somente em 24.01.1992; o
Protocolo Facultativo relativo ao Pacto Internacional dos Direitos Políticos e
Civis – adotado e aberto à assinatura, ratificação e adesão pela Resolução
n. 2.200-A, da XXI Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16.12.1966.
Disciplina o funcionamento do Comitê de Direitos Humanos das Nações
Unidas, encarregado de receber e processar denúncias de violência contra
os direitos humanos; o Pacto internacional dos Direitos Econômicos, Sociais
e Culturais – adotado pela Resolução n. 2.200-A, da XXI Assembleia Geral
das Nações Unidas, em 16.12.1966 e ratificado pelo Brasil somente em
24.01.1992 a Convenção Americana de Direitos Humanos – adotada e
aberta à assinatura na Conferência Especializada Interamericana Sobre
Direitos Humanos em San José da Costa Rica, em 22.11.1969 e ratificada
pelo Brasil em 25.09.1992; a Convenção Internacional sobre a Eliminação
de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher - adotada pela
Resolução
16

5. GENOCÍDIO

Em 1948 a ONU adotou a convenção para prevenção e punição do


crime de genocídio5 que define o crime de genocídio positivamente no sentido
legal pela primeira vez. Ela passou a vigorar em 1951 e hoje conta com 147
Estados inclusive o Brasil.
A convenção faz parte do Estatuto de Roma que estabelece o tribunal
penal internacional, no artigo 2º define o crime como: "Na presente
Convenção, entende-se por genocídio os atos abaixo indicados, cometidos
com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico,
racial ou religioso”.
Os atos, os meios de ataque ao bem tutelado, não se confundem com
o bem primário a ser tutelado, os quais a Convenção se reporta, quais sejam:
a) assassinato de membros do grupo;
b) atentado grave à integridade física e mental de membros do grupo;
c) submissão deliberada do grupo a condições de existência que
acarretarão a sua destruição física, total ou parcial;
d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) transferência forçada das crianças do grupo para outro.

5.1 OUTRAS DEFINIÇÕES DE GENOCÍDIO

Vamos nos aprofundar um pouco sobre o tema, pois, além da definição


legal do que é genocídio, encontramos outras. Segundo Vahakn Dadrian 6,
existem cinco tipos de genocídio:
I. Genocídio cultural – para assimilação de um povo dentro de
uma nacionalidade maior;
II. Genocídio latente – quando o genocídio acaba sendo um efeito
colateral de uma ação maior que não tinha a intenção inicial de
causar um genocídio como, por exemplo, bombardeios de
guerra, uma política de guerra total.
5
BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS, Convenção para a prevenção e a repressão do
crime de genocídio (1948), Disponível em:<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Sistema-
Global.-Declarações-e-Tratados-Internacionais-de-Proteção/convencao-para-a-prevencao-e-a-
repressao-do-crime-de-genocidio-1948.html > acesso em: 01 mai 2018
6
Vahakn Dadrian é um sociólogo e historiador armênio – americano, nascido na Turquia, professor de
sociologia, historiador e uma autoridade internacionalmente reconhecida sobre o genocídio armênio
17

III. Genocídio por vingança – quando se gera uma punição a uma


minoria que não quer colaborar com um grupo maior.
IV. Genocídio utilitário – para eliminar uma população e controlar
suas terras os seus recursos econômicos como aconteceu em
relação a diversos povos indígenas no continente americano
V. Genocídio otimizado ou positivado – quando nós temos um
Estado com uma política oficial genocida como, por exemplo, na
Alemanha nazista.
Cabe aqui um esclarecimento, existem dois conceitos que muitas
vezes são confundidos, embora, não seja a mesma coisa. A primeira é que
não podemos confundir genocídio com limpeza étnica. Embora o genocídio
possa ser também uma forma de limpeza étnica, é importante entender que
eles não são sinônimos. Por exemplo, uma política de limpeza étnica ela pode
ser feita não necessariamente no extermínio, mas sim na expulsão
sistemática, óbvio que muitas vezes a expulsão leva à falência as condições
de vida daquela população e por fim levando-o ao extermínio. Como está
posto na definição legal de genocídio, porém, não são a mesma coisa,
genocídio e limpeza étnica.
Assim como genocídio e crimes contra a humanidade não são
sinônimos. Os genocídios encontram-se dentro de crimes contra a
humanidade, porém, não é a mesma coisa. Crimes contra a humanidade
tipificam também outras condutas, seja por parte de Estados, indivíduos ou
grupos e também direcionados, por exemplo, a indivíduos.
Enquanto genocídio é sempre contra um grupo, pois , existem crime
contra a humanidade, quando é apenas um indivíduo ou contra grupos que
não possuem uma caracterização uniforme. Nós temos um sistema judiciário
abusivo, nós temos a questão do uso da tortura por uso do Estado,
independente de contra quem essa tortura é usada.
A escravidão, também pode entrar nesse arcabouço, veja o que
devemos refletir é que crimes contra a humanidade tem um escopo maior,
portanto, genocídio e crimes contra a humanidade não são sinônimos.

5.2 DUAS ESPECIFIDADES DE GENOCÍDIO


18

5.2.1 LIMPEZA SOCIAL

Em tempo, podemos ainda destacar que temos a questão de limpeza


social que é quando nós temos uma política de genocídio implantada por
grupos paramilitares, grupos de extermínio, ou em menor grau política,
inclusive órgãos do governo, visando não um grupo religioso ou étnico, mas
uma categoria social.
Nesse caso, quando poderiam ter o interesse de eliminar pobres de
uma região, podendo ser por assassinato ou extermínio, ou até, um programa
de deslocamento dessa população para uma região, onde não haverá
condição alguma de vida, sendo consequentemente exterminados.

5.2.2 ESTUPRO GENOCIDA

Uma questão muito debatida em 1990, por conta das questões


ocorridas na ex-iugoslávia7, uma monstruosidade e um assunto muito pesado,
usando o estupro genocida, como muitas vezes o genocídio visa um certo
grupo étnico, o estupro seria uma maneira de você de forma cruel, violentar
indivíduos do sexo feminino daquele grupo étnico, com o seu material
genético do seu grupo étnico, com o objetivo ‘idiota’ de melhorar o grupo
étnico atacado, evitando assim que o outro grupo étnico aumente e o grupo
ofensor se multiplique através dessa bizarrice.
Essa é uma prática, onde o rapto de mulheres como espólio de guerra
vem desde tempos antigos. Isso foi muito usado na década de 90 na ex-
Iugoslávia como uma arma de guerra.

7
EDUCATERRA.COM.BR, Iugoslávia – Adestruição de uma Nação Disponível em:<
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/iugoslavia.htm > acesso em:01 mai 2018
19

6. O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E A REPRESSÃO DO CRIME DE


GENOCÍDIO

O ordenamento jurídico brasileiro também se utiliza de instrumentos


para a repressão do crime de genocídio. A legislação infraconstitucional
define e tipifica o crime de genocídio, nos termos da Lei 2.889 (1956),
conforme consta do art. 1º, “Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em
parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, acrescentando, de forma
literal o que a Convenção menciona, como:

a) matar membros do grupo;


b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

O jurista César Peluso, quando presidente do Supremo Tribunal


Federal (STF), ao proferir voto sobre assassinatos cometidos por garimpeiros
contra membros da tribo Haximu, da etnia Yanomami, entende que o objeto
tutelado pelo tipo de genocídio é a digna existência de um grupo nacional,
étnico, ou religioso. “A lesão à vida, à integridade física, à liberdade de
locomoção etc, são apenas meios de ataque ao bem jurídico tutelado”.
A Lei 2.886/56 é anterior a Constituição Federal de 1988, foi
recepcionada e encontra-se em plena vigência. Além disso, o Código Penal
Brasileiro (1941) prevê, desde 1984, o crime de genocídio, in verbis:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
[...]
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Por sua vez, a Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os
crimes hediondos, em conformidade ao art. 5º, XLIII, da Constituição Federal,
parágrafo único do seu art. 1º, considera também crime hediondo o crime de
genocídio, previstos na Lei 2.889/59. A nossa Lei Maior de 1988, no artigo 4º,
como princípio das relações internacionais, aponta a prevalência dos direitos
20

humanos, e, na forma do inciso XLIII consubstancia que os crimes hediondos


são inafiançáveis, insuscetíveis de graça ou anistia.
O que passamos a entender é que o genocídio é uma forma de
extermínio, seja de uma etnia, grupo racial ou religioso, ou social. O uso do
assassinato ou qualquer outra forma é apenas o meio utilizado como conduta
criminosa.
21

7. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A Constituição Federal inicialmente em seu Artigo 1°, Inciso III, diz:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
[...]
III – a dignidade da pessoa humana;”

Após, no Artigo 5°, Incisos I e III, diz que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes o País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
[...]
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;”

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.

Falando em direito constitucional, o hospital colônia e seus


funcionários, quebram claramente os artigos da Lei Maior citados, a
partir do momento em que começaram a tratar de forma desumana, os
pacientes. Seguindo nessa mesma linha de pensamento, a autora
decorre sobre vários outros crimes cometidos na história do colônia
que vão de encontro aos princípios da dignidade humana como, privar
os pacientes do seu direito à liberdade, mantê-los em ambientes sujos
22

e inadequados que viola o direito à segurança, e à propriedade, pois os


mesmos foram privados a dignidade de se gente.

7.1 DIREITOS BÁSICOS – DIREITOS HUMANOS

Todos os direitos são para os seres humanos, mas, nem todos são
direitos humanos. Os direitos humanos são aqueles que temos simplesmente
porque somos ‘gente’, independente do local do nosso nascimento ou onde
vivamos, esses direitos são os promotores de valores fundamentais como a:
Dignidade; a liberdade e a igualdade.
Eles devem ser respeitados por todos, principalmente pelo o Estado,
pois, cabe a ele promover e impedir que esses direitos sejam violados,
todavia a responsabilidade é de todos.

Homens, mulheres e crianças, às vezes cominam ratos, bebiam


esgoto, o qual cortava os pavilhões, era a fonte de água ou bebiam
urina (Arbex., 2011 p.44,51). Outras vezes, “tomavam banho de
mergulho na banheira com fezes, espécie de castigo” a quem não se
adequava às regras

7.1.1 A DIGNIDADE – É UM DIREITO HUMANO

Ninguém pode ser desprezado ou humilhado por suas crenças,


valores, etnia ou qualquer outra característica. Cada cultura ou sociedade tem
sua própria noção de dignidade, mas, em todas elas esse valor tem que ser
respeitado como um valor fundamental.

“Ao seguirem pelados para o pátio, os considerados loucos iniciavam o


mesmo ritual da madrugada anterior” (Arbex.,2011 p.42)

“Roberto pegou o pênis da criança e ameaçou cortar com um canivete. A


tortura psicológica durou a noite inteira”.(Arbex., 2011 p.136).

Tornou práxis, dormir sobre o capim, os colchões foram substituídos por


sugestão do chefe do Departamento de Assistência Neuropsiquiátrica de
Minas Gerais, José Consenso Filho, como alternativa para o excesso de
interno, economizava espaço, caberia mais gente (p. 26). No local
predominava o ‘odor fétido, vindo do interior do prédio’ (Arbex., 2011 p.23).
23

7.1.2 LIBERDADE VALOR CENTRAL PARA OS SERES HUMANOS

Os direitos humanos tem o papel de maximizar as liberdades, não para


permitir que os indivíduos façam tudo o que bem entenderem, mas, sim aquilo
que pode lhes trazer uma maneira digna de viver e de participar nas questões
da sociedade.

“Sônia cresceu sozinha no hospital. Foi vítima de todos os tipos de


violação. Sofreu agressão física, tomava choques diários, ficou trancada
em cela úmida sem um único cobertor para se aquecer e tomou as
famosas injeções de ―entorta‖, que causavam impregnação no
organismo e faziam a boca encher de cuspe.” (Arbex., 2011 p.43)

7.1.3 A IGUALDADE É UM DIREITO HUMANO


A igualdade é um direito humano que leva em conta as diferenças
individuais, mas também reforça a igualdade fundamental entre todas as
pessoas, ela pode implicar em tratar desigualmente os desiguais, mas, não
para restringir direitos.

“Em Barbacena, o jovem experimentou a covardia e a


escravidão. Recrutado por um Funcionário do hospital que
decidiu ganhar dinheiro nas costas daquela gente, Luiz passou
a construir, de graça, casas populares que o tal homem vendia.
A exploração da sua mão de obra, no entanto, não foi o que
mais doeu, e sim as humilhações impostas.”(Arbex. 2011
p.109).
24

7.2 A DIGNIDADE HUMANA E SUA APLICAÇÃO

A humanidade sempre buscou um princípio regulador do mundo nas


ciências exatas e nas ciências humanas e não seria diferente buscar um
princípio regulador na ciência jurídica.
No ramo do direito, os juristas conseguiram encontrar o que vamos
chamar de ‘pedra fundamental’ de todo o edifício jurídico, o qual seria o
princípio da dignidade da pessoa humana.
Esse principio consta em nossa constituição federal de 1988 e também
na declaração universal dos direitos humanos. Veja, assim como numa pista
de carros de corrida, cujo o ponto de partida e o de chegada são o mesmo,
assim, também a dignidade humana deve ser sempre o inicio e o fim de
qualquer processo de interpretação e aplicação do direito, pois, como nos
adverte imperativa e categoricamente Immanuel Kant 8:

O ser humano, jamais deve ser visto ou usado como meio para atingir
outra finalidade, senão, como um fim em si mesmo.

7.3 OS QUATRO CAMPOS DE APLICAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA

O primeiro diz respeito a intangibilidade da vida humana porque,


pressupõe a proibição de procedimentos com uma pena de morte, a
eutanásia, o aborto e a vedação de qualquer iniciativa que coloca em risco a
vida humana.
Segunda forma de aplicação prática desse princípio se dá no respeito à
integridade física e psíquica do indivíduo com respeito ao corpo, a honra, a
imagem, a intimidade, privacidade e a vedação de qualquer tratamento
desumano ou degradante.

“Os gritos de medo eram calados pela borracha colocada à força


entre os lábios, única maneira de garantir que não tivesse a língua
cortada durante as descargas elétricas.”( Arbex., 2011 p.28).

8
Immanuel Kant foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna, Kant
operou, na epistemologia, uma síntese entre o racionalismo continental, e a tradição empírica inglesa.
25

Terceira forma de aplicação do principio da dignidade humana se dá


pela consideração das condições mínimas para o exercício da vida, o que
implica no direito ao salário mínimo, por exemplo, ou o direito a habitação ou
moradia e a vedação a onerosidade excessiva nos contratos.
A quarta forma de aplicação do princípio da dignidade humana, se dá
pelo respeito à convivência social igualitária. O que implica basicamente na
proteção àqueles que se encontra em condições de maior vulnerabilidade,
como as crianças ou os idosos e os consumidores e até mesmo os
trabalhadores para que não sejam considerados apenas como meras peças
numa máquina de produção. O pensamento Kantiano nos afirma que neste
mundo existem pelo menos dois tipos de valores, um deles é o preço e o
outro é a dignidade, então as coisas tem preço, mas somente as pessoas tem
dignidade.

“Na ala infantil do hospital em vez de camas de capim, havia


berços onde crianças aleijadas ou com paralisia cerebral
vegetavam. Ninguém os retirava de lá nem para tomar sol.
Quando a temperatura aumentava, os berços eram colocados
no pátio, e os meninos permaneciam encarcerados dentro
deles.” ( Arbex., 2011 p.73/74)

“Dentro dos pavilhões, promiscuidade. Crianças e adultos


misturados, mulheres nuas à mercê da violência sexual. Nos
alojamentos, trapos humanos deitados em camas de trapos.
Moscas pousavam em cima dos mortos-vivos. O mau cheiro
provocava náuseas. Em outro pavilhão, a surpresa: capim no
lugar de camas. Feno, aliás, usado para encher colchões,
abrigar baratas, atrair roedores. Viu muitos doentes esquecidos
nos leitos, deixados ali para morrer.” (Arbex., 2011 p.140)
26

8. ENQUADRAMENTO JURÍDICO-PENAL SOBRE MAUS TRATOS

De acordo com o que já foi exposto, vamos averiguar se houve crime


de tortura, no hospital colônia. A convenção contra a tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes de 1984 tenta
definir o crime de tortura:

“Artigo 1º - Para fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa


qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais,
são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de
terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela
ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas,
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.”

O artigo VII do Pacto internacional de direitos civis e políticos,


encontrados no Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992, diz:

 “Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamento


cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido sobretudo, submeter
uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médias ou
cientificas.”

A Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, define crimes de tortura e dá


outras providências:

“Art. 1º Constitui crime de tortura:


[...]
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
pessoal ou medida de caráter preventivo.”
27

O artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e


proclamada pela resolução 217, A ,III da Assembleia Geral das Nações
Unidas em 10 de dezembro de 1948 diz:

“Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a tratamento


ou castigo cruel, desumano ou degradante.”

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, em seu


artigo 5º caput diz:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,


garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes o País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
[...]
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;”

O artigo 5º, inciso XLIII da Constituição Federal diz:

“A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a


pratica da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,
os executores e os que, podendo evita-los, se omitirem”

9. CRIMES? QUAIS?

9.1 TORTURA

Para CABETTE, 2008, nenhuma definição até então sobre o crime de


tortura realmente foi suficiente pata tipificar casos como sendo tal, pois, em
todos existem ideias vagas e muitas lacunas, tanto nas leis e jurisprudências,
quanto na doutrina.
Nesses casos, existem menções sobre penas e sua prática, mas não a
sua tipificação. De acordo com o principio do in dubio pro reo, não é permitida
28

analogia para prejudicar o acusado e de acordo com o principio da legalidade


penal, previsto no inciso XXXIX, do artigo 5º da Constituição Federal “não
haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação
legal”

A descrição típica é muito genérica, criando o que se convencionou


chamar de “tipo aberto”, gerador de insegurança jurídica e infringente do
princípio da legalidade.
O médico legista Carlos Delmonte disse que não seria uma tarefa difícil
para o legislador tipificar o crime de tortura.
Esse médico relacionou as seguintes práticas mais frequentes de tortura.
Alguns exemplos se encaixariam perfeitamente com o que houve no hospital
colônia de Barbacena:

1) Pancadas, socos e golpes com objetos e sacos de areia na cabeça, no dorso


e genitais;
2) Ameaças e humilhação;
3) Aplicação de eletricidade em boca, orelhas, dorso, dedos, genitais, ânus e
períneo;
4) Venda nos olhos;
5) Execução simulada;
6) Testemunhar torturas;
7) Asfixia por submersão (“submarino”);
8) Isolamento por mais de 48 horas (confinamento);
9) Restrição alimentar por mais de 48 horas
10) Restrição e impedimento de sono;
11) Suspensão pelas mãos e pés em grandes dispositivos tipo roda ou em paus-
de-arara., etc.

9.2 GENOCIDIO

PEDRO LENZA, 2013 diz:

“o bem jurídico tutelado no crime de genocídio, mesmo na hipótese


de morte, não é a vida e sim a existência de um grupo nacional,
étnico, racial ou religioso”

A legislação infraconstitucional define e tipifica o crime de genocídio,


nos termos da Lei 2.889 (1956), conforme consta do art. 1º, “Quem, com a
intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou
29

religioso”, acrescentando, de forma literal o que a Convenção menciona,


como:

a) matar membros do grupo;


b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

Neste caso pode e atribuir crime de genocídio por conta das


internações compulsórias com caráter eugenista.
A tortura foi uma forma de concretização desse genocídio. Não há uma
descrição adequada no Tipo Penal, principalmente a situações não militares
que não ensejam a obtenção de provas e confissões para crimes.
Uma questão como essa do hospital colônia nos faz questionar a
necessidade da alteração da lei de tortura, como uma descrição mais exata,
que não permita a “lei penal em branco”.

9.3 HOMICÍDIO
Artigo 121° - Matar alguém: Pena: Reclusão, de seis a vinte anos.

“Ligou a engenhoca na voltagem 110 e, após nova contagem, 120 de


carga. O coração da jovem vítima não resistiu. O paciente morreu ali
mesmo, de parada cardíaca, na frente de todos‘‘. (Arbex., 2011 p.31)

9.4 LESÃO CORPORAL


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena -
detenção, de três meses a um ano.

Lesão corporal de natureza grave


§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
30

§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

“Usado, inicialmente, como cozinha do hospital, tornou-se setor de


administração, sendo, mais tarde, transformado em local de
experimentos, como o uso de ducha escocesa, um tipo de banho
com jatos em alta pressão. A hidroterapia, feita com temperatura e
volume de água controlada, também teve a finalidade deturpada no
hospital. Os banhos gelados, promovidos na calada da noite como
forma de castigo, eram mais uma maneira de debilitar organismos já
fragilizados por doenças físicas e mentais” ( Arbex. 2011 p.198).

9.5 SEGUE LISTA DE OUTROS CRIMES COMETIDOS

1) Perigo para a vida ou saúde de outrem: Art. 132 - Expor a vida


ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime
mais grave.

2) Abandono de incapaz: Art. 133 - Abandonar pessoa que está


sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
curador da vítima.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº
10.741, de 2003)
Exposição ou abandono de recém-nascido
31

3) Maus tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de


pessoa sob sua autoridade guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:


Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990).

4) Sequestro e cárcere privado: Art. 148. Privar alguém de sua


liberdade, mediante sequestro e cárcere privado.
II - Se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de
saúde ou hospital;
III – se a privação dura mais de 15 dias;
IV – se o crime é praticado contra o menor de 18 anos.
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da
detenção, grave sofrimento físico ou moral.

5) Trabalho escravo: Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga


à de escravo [...]: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).
Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003).

6) Vilipendiar cadáver: Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas


cinzas:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

7) Estupro de vulnerável: Art 217-A. Ter conjunção carnal ou


praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009).

8) Venda de cadáveres: Lei: 9.434 de 1997. ―Art. 15. Comprar ou


vender tecidos, órgãos ou partes do corpo humano:
Pena - reclusão, de três a oito anos e multa.‖

9) Subtração de incapaz: Lei: 8069 de 1990 (Estatuto da Criança


de do Adolescente)
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob
sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
32

10) Crimes previstos no Código Civil:


Crimes contra a personalidade: Art. 15. “Ninguém pode ser constrangido
a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção
cirúrgica”.
Art. 16. “Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o
prenome e o sobrenome”

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desse lamentável trecho da história do Brasil, lá pelas


bandas das Minas Gerais, foi verificado que não houve nenhum tipo de
punição ou reparo às vítimas e familiares das mortes e de outras atrocidades
do hospital colônia de Barbacena, pelo que se sabe até os dias atuais não
feito nenhuma reparação, a não ser o grande trabalho dos profissionais do
jornalismo, como no caso em estudo do livro-reportagem de Daniela Arbex,
que escancara para o Brasil esse penoso capítulo da nossa história, que sem
exageros e guardadas as devidas proporções podemos perfeitamente fazer a
analogia do Holocausto nazista da década de 40.
Muitos crimes prescreveram, mas entende-se que o genocídio, seja um
crime imprescritível.
Existem ainda sobreviventes que vivem com as marcas do passado,
vivendo alguns em suas casas, outros em comunidades terapêuticas ainda na
própria cidade de Barbacena, a cidade, cujo, os cidadãos por muitos anos
usaram as lentes da indiferença, da omissão e do preconceito. Salvos alguns
que por dignidade acharam por bem abrir mão de uma carreira no inferno,
para manter a própria sanidade intacta da culpa e da vergonha.
Aos sobreviventes e a todos que de alguma maneira contribuíram para
expelir o “carnegão”, um brado de louvor!
33

Referências Bibliográficas

Arbex, Daniela. Holocausto brasileiro – 1. ed. – São Paulo: Geração


Editorial, 2013.

Pacto de San José da Costa Rica sobre direitos humanos completa 40


anos. Disponível em http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=116380. Acesso em 10/05/2018.

Perâmbulo para complementação dos direitos fundamentais da pessoa


humana, DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS disponível
em : http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf Acesso
em 10 mai 2018

DIREITONET-Dicionário jurídico-Tortura disponível em:<


https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/1344/Tortura > Acesso em 11
mai 2018

HUFFPOST O holocausto brasileiro e os estragos irreparáveis do


silêncio disponível em:< https://www.huffpostbrasil.com/2016/11/09/o-
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Acesso em 11 mai 2018

JUSBRASIL Os manicômios judiciais brasileiros no século XX e a


dignidade da pessoa humana nesses espaços: uma análise do papel que
desempenharam na sociedade disponível em:<
https://aantonio95.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/337061726/os-
manicomios-judiciais-brasileiros-no-seculo-xx-e-a-dignidade-da-pessoa-
humana-nesses-espacos-uma-analise-do-papel-que-desempenharam-na-
sociedade/> Acesso em 11 mai 2018

JUSBRASIL Responsabilidade civil do Estado em face das barbáries


praticadas no Hospital Colônia no século XX disponível em:<
https://wilsonseraineneto.jusbrasil.com.br/artigos/546913034/responsabilidade
-civil-do-estado-em-face-das-barbaries-praticadas-no-hospital-colonia-no-
seculo-xx?ref=topic_feed> Acesso em 11 mai 2018

PGE tratado internaciona disponível em:<


http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/
degrdant.htm/> Acesso em 11 mai 2018

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm

CABETTE, 2008

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