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Fato que tem por consequência, em casos mais severos, a violência doméstica.
Esse tipo de violência contra a mulher nunca foi um mistério no Brasil, mas agora,
com a quarentena obrigatória, os casos crescem e surgem novos fatores discutíveis:
um deles, é o stress.
Você com certeza já ouviu muito essa palavra ao longo da vida. Mas sabe como ela
está relacionada a distintos problemas?
Consultamos uma psicóloga para saber mais sobre o assunto, de acordo com a
especialista Ana Paula C, “É algo que já é intrínseco de todo ser humano. O stress
está dentro da nossa conjunção genética por um instinto de sobrevivência em
sociedade”.
Mas então o que aconteceu para que sentíssemos isso de forma exacerbada? Ela
também explica, “Tudo o que entrar de novo e causar uma sensação persecutória e
de morte, pode ser transformado em uma doença. Devido às instabilidades da
pandemia, algumas pessoas estão com dificuldades de lidar com o stress de forma
equilibrada”.
Mas o stress por si só não leva alguém a cometer tais atos. O que o leva a isso,
está a nível de personalidade, ou seja, ter momentos de descontrole é comum, mas
nunca buscar meios que compensem o comportamento negativo é inerente de
alguém que já possuía uma maldade interna.
O descontrole extremo é fruto de uma personalidade vitimista e sádica.
Cuidamos para que a saúde mental seja preservada em tempos de crise, mas ela
não deve ser usada como desculpa para ocorrências graves. Ainda segundo a
psicóloga, “o stress que está sendo gerado por todas as faltas e o instinto de
sobrevivência aí está tentando se sobressair de qualquer jeito, mas não chegaria ao
ponto dele agredir ela se já não tivesse essa personalidade para isso”.
Você sabe identificar quando sentimos stress e como ele pode nos alterar
realmente?
Stress em excesso causa problemas psicossomáticos, ou seja, manifestações no
corpo. A pandemia de covid-19 gerou um pânico generalizado nas pessoas,
estamos lidando com algo desconhecido e estamos diante de um momento em que
é preciso uma internalização, precisamos entrar em contato com nós mesmos.
Lidar com a realidade pode ser assustador e causar negação, podemos reagir
desencadeando doenças no corpo. Alguns tipos de câncer, dores no estômago e
depressão são exemplos comuns.
Julgar o outro é mais fácil do que corrigir a si mesmo, a esse passo o outro começa
a incomodar. Muitas mulheres se tornam alvos quando são vistas como o “inimigo”
dentro de casa.
A nossa matéria conversou com uma vítima de abuso psicológico para ver sob a
sua perspectiva, para preservar sua identidade decidimos usar um nome e idade
fantasia.
Ivone, uma mulher de 45 anos do interior de São Paulo é casada a muitos anos.
Porque é tão natural que pessoas que brigam constantemente permaneçam sob o
mesmo teto? Traçando um paralelo com a canção POP que fez sucesso no ano de
2010, infelizmente, a simbologia na letra ainda é algo presente nos dias atuais.
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Perguntamos a Ivone como suas emoções contribuíram para que ela formasse uma
imagem positiva do seu parceiro:
“Nós fazíamos companhia um para o outro, ainda que não tivéssemos nada em
comum. Eu aprendi a gostar de novas coisas, acho que imaginei que sentiria falta
de uma figura masculina em casa, por isso deixei de lado um pouco quem eu era,
para começar a fazer parte do ‘nós’ ”.
Repórter: Como se sente em relação aos laços que criou com aquela pessoa?
“Hoje estou conformada que em determinado momento do nosso relacionamento as
coisas não foram como eu imaginei no início. Pensei também como a vida seria
mais leve sem ele, mas agora… chegamos em um consenso, e eu aprendi a criar
muralhas em minha mente e a filtrar apenas as coisas boas. Ninguém é perfeito,
sabe? Ainda não descobri algo que me faça mudar de ideia”.
De todos os feminicídios do qual se teve notícia neste ano de 2020, grande maioria
passou por um estágio de conformismo.
As mulheres são infelizes, mas estão confortáveis onde estão. Pelo medo de serem
julgadas, pelo medo de enfrentar o desconhecido, pelo medo de não terem apoio
para criarem os seus filhos e até pior, não terem um apoio da justiça brasileira.
A justiça tem faltado nesse aspecto, onde as leis não são fortes e o agressor muitas
vezes escapa ileso. As vozes das mulheres são mais ouvidas depois que estão
mortas. Consequentemente, um número maior de denúncias favoreceria a
visibilidade da população feminina.
Para a psicóloga, “[..] entra o medo de se mostrar, mostrar o que está acontecendo,
então para ela normalmente a sociedade vai ver o contexto não só como vítima,
mas como provocadora do sentimento masculino de que ele tem que proteger a
honra. Infelizmente isso é aceito pela sociedade. A mulher que consegue perder o
medo, a vergonha e a culpa, ela consegue fazer essa denúncia”.
Eles não merecem mulheres tão maravilhosas, e elas não precisam acreditar em
mentiras.
Não mais.
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