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Repórter: Igor Antonelli

Redatora: Lorena Castanheiro

Por que usamos saliva de abelha como


produto medicinal?

Estudante de pós-graduação em ciência animal da Universidade de Franca explora as propriedades


da Própolis Marrom e seus efeitos no desenvolvimento do combate à artrite reumatóide.

Resina de própolis desidratada e moída em flocos

O ser humano cria abelhas e coleta mel há pelo menos 4.400 anos, quando a
atividade de apicultura foi descoberta no Egito antigo. A substância, geralmente
viscosa e adocicada, é tida como alimento e está presente na mesa de muitos
brasileiros. Mas estes pequenos animais não beneficiam a humanidade somente por
isso.
A resina amarronzada pegajosa que reveste e protege as colmeias é
chamada de Própolis, e é sobre ela que vamos falar a seguir. Para saber mais sobre
a substância e descobrir o porquê ela é considerada a “saliva” das abelhas, acesse
o hiperlink <https://www.ecycle.com.br/propolis/>.
A Própolis marrom é a mais comum no Brasil e no mundo, e seus benefícios
ao organismo como um antioxidante e anti-inflamatório (quando usada com
moderação) já foram comprovados cientificamente, segundo uma pesquisa feita
pela USP de São Paulo. Em síntese, a novidade deste trabalho foi encontrar
propriedades farmacológicas importantes na própolis orgânica brasileira, que não só
se destaca pela suavidade mas também por seu alto valor econômico. Possuindo
um alto valor comercial, a própolis orgânica produzida no sul do País possui
propriedades químicas com potencial de melhora para várias doenças.
Nos estudos foram utilizadas 78 amostras, obtidas em áreas de preservação
permanente e zonas de reflorestamento, o que garantiu que a própolis estivesse
livre de agentes poluidores, de pesticidas, fertilizantes e metais pesados, conforme
avaliação de certificadoras nacionais e internacionais.
Segundo o engenheiro agrônomo e professor associado da Esalq, que
coordenou a pesquisa de Paula Tiveron pela USP, Severino Matias Alencar, todos
esses variantes poluidores apresentaram “um pequeno roubo de oxigênio” — Ou
seja, substâncias químicas que, quando presentes em excesso no organismo,
causam diversos problemas às células humanas, resultando no desenvolvimento de
várias doenças como os cânceres, anemia, isquemia, além de oxidação da LDL (o
mau colesterol).

O mercado

Todavia o consumo de produtos orgânicos além de fazer bem à saúde,


incentiva produtores rurais a manterem boas práticas agrícolas para preservação
ambiental, utilizando de forma responsável o solo, a água, o ar e demais recursos
naturais. Há uma estimativa de que 44% das patentes mundiais com própolis
tenham sido depositadas pelos japoneses, que importam cerca de 80% da própolis
brasileira para consumo interno.
Em novembro de 2016, o assunto “Os benefícios farmacológicos da própolis
orgânica produzida no sul do Brasil” foi tema de um artigo publicado em uma revista
científica internacional, a Plos One, da Public Library of Science, EUA.
Comercialmente se processa a Própolis até obter-se o extrato, que é vendido
em pequenos frascos, e pode ser usado em contato direto com a pele ou diluído em
líquidos e ingerido. Outros produtos também são feitos a partir da substância, como
cosméticos ou cápsulas vitamínicas.
Podemos usar a Própolis marrom para tratar doenças específicas?

Essa pergunta chamou a atenção da veterinária Poliana Marques Pereira, de


28 anos. Aluna no Programa de Pós-graduação com ênfase em Farmacologia e
Ciência Animal pela Universidade de Franca (UNIFRAN), Poliana estuda os efeitos
da Própolis em sua pesquisa de mestrado/doutorado.
A curiosidade, qualidade fundamental para um pesquisador, levou Poliana a
desenvolver uma tese experimental de mestrado sobre a substância natural nos
processos inflamatórios do corpo, com uma análise biológica e toxicológica dos
extratos.

Outras pessoas que participaram do


projeto foram: Edna de Souza Neves e
Silvio de Almeida Junior, com a tutela
de Ricardo de Andrade Furtado.
Um elefante incomoda muita gente, a artrite incomoda, incomoda muito
mais

Há mais de 100 tipos de artrite descritos na literatura médica. Embora a faixa


etária estimada de pacientes seja após o início do envelhecimento, estamos sujeitos
a ter em qualquer fase da vida.
A artrite reumatóide, conhecida como AR, foi escolhida para ser observada
durante a pesquisa, pois é uma doença autoimune e crônica, que provoca
inflamação nas articulações e seus sintomas incluem dor e rigidez. As áreas mais
afetadas costumam ser mãos e joelhos.
Quem convive com a artrite também convive com vermelhidão, redução de
movimentos e aquecimento da pele nos locais. Tratar ajuda a remissão dos
sintomas (adormecê-los por algum tempo). Além da terapêutica fisioterápica, que
ajuda na qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença, o consumo de
fármacos consiste na principal via de tratamento.

Nasce a pesquisa na universidade de Franca

O tratamento reconhecido da AR é baseado no uso de anti-inflamatórios não


esteroidais, corticosteróides, drogas que modificam o curso da doença e agentes
imunobiológicos. Nos dias de hoje é comum tratar doenças e infecções com
remédios manipulados ou fármacos, do que com plantas e ervas naturais.
Foi levando em conta o uso popular da Própolis que surgiu a proposta de
pensar nela como tratamento para o processo inflamatório de artrite reumatóide. De
acordo com a afirmação de Poliana, o medicamento alternativo não seria benéfico
apenas para o paciente, mas para a indústria produtora.
Desta forma, a pesquisa buscou “contribuir para melhor entendimento da
ação da própolis marrom de Araucária, permitindo agregar valor ao produto e
explorar seu potencial mercadológico, além de maior segurança e eficácia em

utilizações clínicas futuras”, diz Poliana.


Não houve problemas para conseguir o material, uma vez que essa
substância é facilmente encontrada em todo o território brasileiro. Além disso, a
abundância da Própolis é interessante para a população pois seu uso é amplamente
conhecido no senso comum das pessoas. Ela é vendida em farmácias e o uso é
diverso, alguns deles incluem: fortalecer o sistema imunológico, acelerar a
cicatrização de feridas, ajudar a tratar o herpes e curar aftas e gengivites.

Material usado durante as pesquisas - imagem ilustrativa

Com o objetivo de avaliar o potencial terapêutico do extrato de Própolis em


seu estado bruto, foi verificado por Poliana que uma dose de 90mg/kg é eficaz como
anti-inflamatório, tanto quanto outros medicamentos de origem não animal/ vegetal.

Em suma

As cobaias da pesquisa foram ratos que vieram do Biotério <Biotério


(dicionarioinformal.com.br)> do Campus Ribeirão Preto da USP.
Assim que chegaram à Unifran, foram mantidos como hóspedes em caixas
de plástico com temperatura controlada em um laboratório, seguindo o protocolo de
ética do uso de animais da universidade.
Animal da espécie Rattus novergicus, mais conhecido como ratazana.

O experimento mostrou um potencial promissor da Própolis em um futuro


tratamento de seres humanos, associados à inibição do influxo celular. Ou seja, há
uma inibição da entrada espontânea de substâncias para o interior da célula, como
era esperado.

Nota dos pesquisadores:


“Ao final do ensaio, os animais foram
eutanasiados com sobrecarga de
tiopental sódico 0,84 g/kg”

Acesse o QR CODE abaixo para mais informações sobre a pesquisa da USP


de São Paulo.

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