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Desenvolvimento
Indústria Farmacêutica
Desenvolvimento de Novos Medicamentos II
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida
Desenvolvimento de Novos Medicamentos II
Objetivos
• Entender as Fases envolvidas na Pesquisa Clínica de um novo medicamento;
• Compreender características importantes do Ensaio Clínico randomizado, estudo que
comprova a eficácia de um novo medicamento;
• Conhecer as particularidades das pesquisas clínicas e não clínicas quando se propõe que
um medicamento seja genérico ou similar.
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Desenvolvimento de Novos Medicamentos II
Contextualização
Nesta Unidade, continuaremos nossa discussão sobre Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) de novos medicamentos, desta vez, abordando a fase clínica, que realiza os testes
do novo medicamento em seres humanos.
P&D de novos medicamentos envolve muitos riscos, muito dinheiro e são muitas as
exigências que a Indústria deve atender para conseguir o registro do novo medicamento.
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Introdução
Para iniciarmos a discussão sobre a etapa clínica de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) de um novo medicamento, convido você a assistir um vídeo.
No vídeo disponível no link a seguir, o Dr. Drauzio Varella conversa com a professora de
Farmácia, Dra. Silvia Storpirtis, sobre as fases da Pesquisa Clínica de um novo medicamento
e sobre as pesquisas envolvidas na aprovação de um medicamento genérico:
https://youtu.be/UdTUlaWiQI8
Os temas abordados no vídeo serão os que estudaremos em mais detalhes nesta Unidade.
Figura 1 – Ensaios clínicos são estudos que realizam testes de medicamentos em humanos
Fonte: iStock/Getty Images
Além disso, a ANVISA segue diretrizes internacionais e define que os Ensaios Clínicos
para Pesquisa e Desenvolvimento de novos fármacos podem ser divididos em quatro grupos:
·· Estudos de farmacologia humana (Fase I);
·· Estudos terapêuticos de exploração (Fase II);
·· Estudos terapêuticos confirmatórios (Fase III);
·· Ensaios
pós-comercialização (Fase IV) (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGI-
LÂNCIA SANITÁRIA, 2008).
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Essa definição coincide com o que a professora Storpirtis mencionou no vídeo, não
é mesmo?
Cada fase pode incluir diversos estudos com objetivos diferentes, mas eles seguem um
plano com uma sequência lógica de envolvimento crescente de indivíduos e de recursos
financeiros. Os dados obtidos nos primeiros estudos, que são menores, são utilizados
para fundamentar e planejar os estudos posteriores, maiores e de caráter definitivo
(INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997).
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Considerando a informação que você viu até aqui, tente descrever em suas próprias pala-
vras as fases da Pesquisa Clínica de novos medicamentos.
Você acha que essa sequência de fases faz sentido?
Agora que você já tem uma visão geral do processo, vamos nos aprofundar em
detalhes de cada fase.
Fase I
A Fase I começa com a primeira administração de um candidato a fármaco em hu-
manos. O objetivo principal desta fase é estudar a farmacologia e a segurança da nova
substância (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015; INTERNATIONAL CONFERENCE
ON HARMONIZATION, 1997).
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Para isso, é importante observar as reações adversas que podem ser esperadas
em decorrência do uso de uma única dose e também de doses repetidas do fármaco.
Além disso, é importante observar os efeitos esperados com o aumento das doses do
fármaco (Figuras 3 e 4) (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015; INTERNATIONAL
CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997).
Os estudos de Fase I são monitorados por clínicos especialistas nesse tipo de pesquisa.
A dose inicial do fármaco é, em geral, baixa, normalmente, um décimo da dose mais
alta que não demonstrou efeito nos estudos com animais. Se a primeira dose for bem
tolerada, a investigação continua com a administração progressiva de doses maiores,
para novos indivíduos, até que alguma evidência dos efeitos do fármaco seja observada
(ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015).
Figuras 3 e 4 – Na Fase I, é muito importante avaliar a tolerabilidade e a segurança de curto prazo do fármaco
Fonte: iStock/Getty Images
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Considerando todos os estudos envolvidos nessa fase, a amostra foi composta de 100
homens saudáveis de 18 a 50 anos (DIMETHANDROLONE, 2018).
Para conhecer detalhes sobre os estudos de Fase I do DMAU, acesse os seguintes links:
• Plano para a Fase I: https://goo.gl/S636AA;
• Resultados parciais dos estudos de curto prazo: https://goo.gl/pC35cf.
A segurança e o efeito biológico também foram avaliados após uso repetido do me-
dicamento, ou seja, após aproximadamente 1 mês de uso diário do DMAU. Nessa parte
da pesquisa, os pesquisadores aproveitaram para testar três doses diferentes de DMAU
(100, 200 ou 400 mg) e duas novas formulações do medicamento contra placebo. Fo-
ram utilizadas cápsulas para administrar os medicamentos via oral (AYOUB et al., 2017;
LOS ANGELES BIOMEDICAL RESEARCH INSTITUTE, 2011).
Os efeitos biológicos, que também eram desfechos secundários, ainda não permitem
afirmar que o DMAU é um anticoncepcional eficaz. No entanto, a supressão de hor-
mônios sexuais que o DMAU gera indica que ele tem bom potencial para se tornar um
medicamento (DIMETHANDROLONE, 2018).
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Fase II
Os ensaios de Fase II avaliam, principalmente, a eficácia de um fármaco em
pacientes com a condição para a qual o medicamento é destinado (INTERNATIONAL
CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997). Além da eficácia, são avaliados os
possíveis riscos e eventos adversos em um prazo um pouco mais longo. Estudos de Fase
II costumam envolver até várias centenas de pacientes e durar de alguns meses a dois
anos (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015).
Geralmente, essa é a primeira fase na qual pacientes são Sujeitos de Pesquisa (Figura
6). Por isso, eventos adversos ou sintomas de toxicidade que não foram demonstrados
nos estudos pré-clínicos, em animais, nem nos estudos de Fase I, com voluntários
saudáveis, podem ser revelados. Desse modo, apenas clínicos especialistas na doença
que está sendo tratada participam como pesquisadores nos estudos de Fase II (ALLEN
JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015).
Figura 6 – A partir da Fase II, a pesquisa clínica costuma envolver pacientes, não mais indivíduos saudáveis
Fonte: iStock/Getty Images
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Um objetivo importante desta fase é determinar a dose e o regime terapêutico
supostamente eficazes para os estudos de Fase III.
Mencionamos que a primeira fase de estudos clínicos do DMAU havia tido sucesso,
não é mesmo?
Para conhecer maiores detalhes sobre o estudo que será desenvolvido na fase II de
pesquisas do DMAU, confira o registro desse ensaio clínico no link: https://goo.gl/qRQ1Yw
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Algumas agências regulatórias, incluindo a ANVISA, no Brasil, exigem o registro dos ensaios
clínicos de novos medicamentos em bases destinadas a esse fim (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2015).
Essas bases são independentes dos Comitês de Ética em Pesquisa e da Plataforma
Brasil. Uma das mais famosas é o Clinicaltrials.gov, que pode ser acessado pelo link
https://goo.gl/WvDn2Y. Para conhecer mais sobre o motivo dessa exigência, acesse
https://goo.gl/K3VAWJ.
O registro indica que a Fase II do DMAU está em estágio inicial, então ainda
não há resultados dos estudos. Porém, já é possível ver que os principais objetivos
de ambas as fases são diferentes: enquanto a Fase I tinha foco em segurança e
tolerabilidade, a Fase II terá o objetivo de avaliar mais indícios da eficácia. Na Fase
II, será verificado se a resposta hormonal gerada pelo DMAU realmente leva à
supressão da produção de espermatozoides nos homens (HEALTH DECISIONS,
2018; LOS ANGELES BIOMEDICAL RESEARCH INSTITUTE, 2011).
Também é possível ver que o estudo de Fase II será mais longo do que o da fase
anterior. Tendo assegurado, na Fase I, a segurança de uso do DMAU em doses repetidas,
agora o medicamento será administrado por aproximadamente 3 meses. Ao final desse
período, será avaliada não apenas a produção de espermatozóides, como também alguns
desfechos de segurança (HEALTH DECISIONS, 2018; LOS ANGELES BIOMEDICAL
RESEARCH INSTITUTE, 2011).
Entre 4 e 6 meses após o início do estudo, haverá novas avaliações para determinar
quanto tempo dura o efeito do DMAU após a suspensão do uso (HEALTH DECISIONS,
2018; LOS ANGELES BIOMEDICAL RESEARCH INSTITUTE, 2011).
Note que, tanto na Fase I, quanto na Fase II de estudos sobre o DMAU, foram
utilizados desfechos intermediários de eficácia. Esse assunto foi abordado na Unidade
2, você se lembra?
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a partir dos dados da Fase I, na Fase II ainda serão avaliadas diversas doses
de DMAU. Também nesta Fase, será avaliado se o efeito da associação do
DMAU com o levonorgestrel, outro hormônio sintético semelhante à progeste-
rona, traz melhores resultados do que apenas a “pílula” de DMAU (HEALTH
DECISIONS, 2018).
Por fim, uma particularidade dos anticoncepcionais fez com que a Fase II de estudo
do DMAU fugisse à regra. Conforme destacado previamente, em geral, a Fase II utiliza
pacientes como sujeitos de pesquisa. Contudo, como o DMAU está sendo estudado para
contracepção, que não é uma doença, a eficácia pode ser estudada em voluntários saudáveis.
Fase III
Geralmente, a Fase III começa quando se iniciam os estudos com objetivo de de-
monstrar claramente o benefício terapêutico sugerido ou observado nas fases anteriores
(INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997).
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Para conhecer maiores detalhes sobre os estudos mencionados, acesse os links a seguir:
RE-LY https://goo.gl/ujN3va; e PETRO https://goo.gl/N1ESbo.
Como o estudo PETRO foi de Fase II e o RE-LY de Fase III, eles tiveram obje-
tivos diferentes.
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de dabigatrana é a de 300 mg/dia, para a maioria dos pacientes; em alguns casos
especiais da FA (função renal reduzida, idade muito avançada) são indicadas as dosagens
de 150mg/dia ou de 220mg/dia (BOEHRINGER INGELHEIM DO BRASIL QUÍMICA
E FARMACÊUTICA, 2018).
Por fim, no estudo RE-LY, o uso de ácido acetilsalicílico, medicamento que pacientes
com fibrilação atrial frequentemente tomam também, era permitido (CONNOLLY et al.,
2009). Isso provavelmente aconteceu porque o estudo PETRO já havia demonstrado
que, nas doses de dabigatrana utilizadas no estudo RE-LY, o uso concomitante de ácido
acetilsalicílico era seguro (BOEHRINGER INGELHEIM, 2010).
Fase IV
A Fase IV inicia após a aprovação do registro do medicamento. Não há um tipo
de estudo característico dessa fase, pois eles podem ser muito variados, mas todos têm
por objetivo otimizar o uso do medicamento já registrado. Estudos de fase IV são todos
os estudos conduzidos após a aprovação do medicamento e relacionados à indicação
aprovada (mas que não sejam os estudos de monitoramento de segurança de rotina)
(INTERNATIONAL CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997).
São estudos que não foram considerados necessários para a aprovação, mas que são
importantes para estudar casos específicos de uso do medicamento (INTERNATIONAL
CONFERENCE ON HARMONIZATION, 1997).
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Para conhecer maiores detalhes sobre o estudo de fase VI da dabigatrana, acesse o link:
https://goo.gl/jennMJ
Medicamentos Genéricos,
Similares e Biossimilares
Conforme mencionado pela professora Storpirtis, no vídeo indicado na introdução
desta Unidade, os medicamentos genéricos são cópias, com qualidade assegurada, de
medicamentos já disponíveis no Mercado (Figuras 7 e 8). Eles são produzidos, geralmente,
após a expiração da patente do medicamento inovador (STORPIRTIS et al., 2009).
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Medicamentos genéricos são identificados apenas pelo princípio ativo, sem nome
comercial. Por exemplo, os genéricos do medicamento Glifage, comprimido de 850 mg,
da Merck, cujo princípio ativo é o cloridrato de metformina, são encontrados apenas com o
nome de cloridrato de metformina.
Atualmente, medicamentos similares seguem os mesmos requisitos que os medicamentos
genéricos. No entanto, eles são identificados por um nome comercial. Para o mesmo
medicamento mencionado acima, o Glifage comprimido de 850mg, existem diversos
medicamentos similares: o Formyn e o Myfor, entre outros (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2018a).
Veja no link a seguir uma imagem com o medicamento inovador, um medicamento
genérico e um medicamento similar: https://goo.gl/Tia6hQ
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Você se lembra?
Isso requer uma preparação especial para os ensaios clínicos cegados, com os me-
dicamentos experimental e controle, idealmente na mesma forma farmacêutica, com o
mesmo tamanho, mesma cor, mesmo sabor etc. (Figura 10).
Nos estudos ditos abertos, que não aplicam cegamento, não são necessários esses
cuidados (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2015).
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Figura 10 – Um modo de manter o cegamento é utilizar cápsulas idênticas,
distribuídas em quantidades iguais para os grupos intervenção e controle
Fonte: iStock/Getty Images
Quadro 3 – Definição de algumas expressões utilizadas para classificar o mascaramento aplicado a uma pesquisa
Tipo de cegamento Significado Exemplo
Estudo no qual o cegamento não é aplicado.
Em outras palavras, todos os principais envol- Um estudo aberto observou o efeito de lon-
vidos na pesquisa sabem quais tratamentos go prazo da combinação entre cápsulas de
Estudo aberto cada grupo recebe. Isso envolve o sujeito de ômega 3 com sinvastatina em pacientes com
(Open label, em inglês) pesquisa, a equipe de saúde que administra colesterol alto. Neste estudo, todos os pacien-
o tratamento, a equipe médica que avalia os tes consentiram e receberam essa mesma
efeitos do tratamento e a equipe científica que intervenção.£
interpreta os resultados.*
Estudo no qual o cegamento é aplicado. Porém, Um estudo simples-cego avaliou o efeito da
o sujeito de pesquisa é o único que não sabe duloxetina em pacientes com dor debilitante
Estudo simples-cego
o tratamento que recebe, devido ao uso de causada por osteoartrite. Todos os pacientes
(Single blind, em inglês)
placebo ou outros métodos para disfarçar a foram informados de que poderiam receber
intervenção.** placebo ou duloxetina durante o estudo.€
Estudo no qual o cegamento é aplicado. Nem o su- O estudo de fase I do DMAU foi randomizado,
jeito de pesquisa, nem a equipe de saúde que ad- duplo-cego e contou com um grupo controle
Estudo duplo-cego ministra o tratamento, nem a equipe médica que que recebeu placebo. Para manter o cegamento,
(Double blind, em inglês) avalia os efeitos do tratamento e nem a equipe as cápsulas de DMAU e de placebo eram idên-
científica que interpreta os resultados sabem em ticas, e distribuídas aos pacientes de ambos os
qual grupo de tratamento cada paciente está.** grupos em quantidades iguais. ¥
*De acordo com a European Patients’ Academy (2015).
**De acordo com a International Conference on Harmonization (1997).
£ De acordo com Glaxo Smith Kline (2009).
€ De acordo com University of Washington (2008).
¥ De acordo com Ayoub e colegas (2017) e Los Angeles Biomedical Research Institute (2011).
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Caso queira entender melhor o porquê de se aplicar o cegamento nos ensaios clínicos,
consulte alguma das fontes a seguir:
• Artigo Desenhos de Pesquisa, de Hochman e colegas (2005), disponível em: https://
goo.gl/aPHjcu;
• Capítulo 10 do livro Delineando a Pesquisa Clínica, escrito por Cummings, Grady
e Hulley (2015), disponível na Biblioteca online da Cruzeiro do Sul;
• Artigo Blinding in randomised trials: hiding who got what, de Schulz e Grimes
(2002), que infelizmente não possui acesso gratuito.
Outra característica importante do Ensaio Clínico são as hipóteses para cada des-
fecho. Dependendo dos objetivos e do contexto do Estudo, ele poderá ter hipóteses
de superioridade, de não inferioridade ou de equivalência (Figura 10) (GRADY;
CUMMINGS; HULLEY, 2015).
Figura 11 – O novo medicamento possui efeito melhor ou parecido com o do medicamento mais antigo?
Fonte: iStock/Getty Images
O estudo de não inferioridade, por outro lado, é aplicado quando já se antevê que
o novo tratamento possui desempenho semelhante ao do tratamento estabelecido, mas
que, por alguma outra característica favorável (menos efeitos adversos ou preço mais
baixo, por exemplo), seria preferível ao outro (GRADY; CUMMINGS; HULLEY, 2015;
HAYNES, 2006).
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Infelizmente, é impossível provar que dois tratamentos são exatamente iguais, porque
isso exigiria um tamanho de amostra infinito (FRIEDMAN; FURBERG; DEMETS,
2010; GRADY; CUMMINGS; HULLEY, 2015). Então, atualmente, a abordagem mais
adequada é estabelecer um limite de inferioridade tolerável que ainda permitiria dizer
que o tratamento experimental é suficientemente semelhante ao controle.
Nesses casos, mais importante que o valor de P, é o intervalo de confiança, que deve
ser comparado com esse limite pré-estabelecido de inferioridade tolerável (GRADY;
CUMMINGS; HULLEY, 2015; HAYNES, 2006).
Ensaios clínicos com hipótese de equivalência não são muito conhecidos. Porém,
eles são utilizados na Indústria, principalmente, na área dos medicamentos
genéricos e similares (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA,
2002; STORPIRTIS et al., 2009).
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Não é incomum que, em ensaios clínicos desenhados para superioridade, no caso de não
ser possível afirmar superioridade, seja concluído que os tratamentos comparados são
equivalentes (HAYNES, 2006). Como vimos nesta seção, essa conclusão é incorreta. Para se
concluir equivalência entre os tratamentos, é necessário ter pré-estabelecida essa hipótese.
Apenas após a comparação dos resultados do novo tratamento com os limites apropriados
é possível se concluir por equivalência. O mesmo se aplica para a não inferioridade (GRADY;
CUMMINGS; HULLEY, 2015).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Manual de boas práticas em biodisponibilidade: bioequivalência
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de boas práticas em biodisponibilidade:
bioequivalência. Brasília: ANVISA, 2002. v.1
Guia para realização de estudos não clínicos e clínicos para registro de alfainterferona como
produto biológico pela via de desenvolvimento por comparabilidade
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia para realização de estudos não clínicos
e clínicos para registro de alfainterferona como produto biológico pela via de
desenvolvimento por comparabilidade. Brasília: ANVISA, 2011
Leitura
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medicamentos genéricos. ANVISA, [Brasília],
[2018?].
https://goo.gl/eCxYCh
ICH Harmonised tripartite guideline: structure and content of clinital reports E3. Step 4 version
International Conference on Harmonization. ICH Harmonised tripartite guideline:
structure and content of clinital reports E3. Step 4 version [new codification Nov 2005].
[Geneva]: ICH, 1995.
https://goo.gl/qk28iJ
Biofarmacotécnica
STORPIRTIS, S. et al. Biofarmacotécnica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
https://goo.gl/UeZaSU
Agência FAPESP
ZIEGLER, M. F. Desenvolver novos medicamentos exige ampliar colaborações. Agência
FAPESP, São Paulo, 6 abr. 2018.
https://goo.gl/gjmQk1
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Referências
AGÊNCIA Nacional de Vigilância Sanitária. Biossimilares são intercambiáveis?
Brasília, 2018b. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_pu-
blisher/FXrpx9qY7FbU/content/biossimilares-sao-intercambiaveis-/219201?p_p_
auth=VFjf5zjU&inhe%E2%80%A6>. Acesso em: 17 abr. 2018.
______. Guia para realização de estudos não clínicos e clínicos para registro de
alfainterferona como produto biológico pela via de desenvolvimento por compa-
rabilidade. Brasília: ANVISA, 2011.
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BOEHRINGER Ingelheim do Brasil Química e Farmacêutica. Pradaxa (etexilato de dabi-
gatrana). Itapecerica da Serra: Boehringer Ingelheim, 2018.
______. Pradaxa Study in Non-valvular Atrial Fibrillation Patients With Severely Impaired
Renal Function. ClinicalTrials.gov, Bethesda, 2013. Disponível em: <https://clinical-
trials.gov/ct2/show/study/NCT01896297?cond=Atrial+Fibrillation&intr=Dabigatran
&phase=3>. Acesso em: 26 abr. 2018.
CONNOLLY, S. et al. Dabigatran versus warfarin in patients with atrial fibrillation. The
New England Journal of Medicine, Boston, v.361, n. 12, p. 1139-1151, 2009.
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MOHER, D. et al. CONSORT 2010 explanation and elaboration: updated guidelines
for reporting parallel group randomized trials, BMJ, [London], v. 340, p. c869, 2010.
SCHULZ, K. F.; GRIMES, D. A. Blinding in randomised trials: hiding who got what. The
Lancet, [London], v. 359, n. 9307, p. 696-700, 2002.
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