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CIP-BRASIL CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
ISBN 978-85-7866-073-4
Advertência
Cronologia
filosófico
Os “anos de viagem”
de escola
Notas
As quatro causas
enquanto ser”
sentido
A questão da substância
conceito de substância
O ato e a potência
suprassensível
Notas
A mudança e o movimento
O espaço e o vazio
O tempo
O infinito
Notas
A tripartição da alma
A alma vegetativa
A alma sensitiva
A alma racional
Notas
As virtudes éticas
As virtudes dianoéticas
A perfeita felicidade
Notas
Conceito de Estado
O cidadão
O Estado e suas formas possíveis
O Estado ideal
Notas
A mimese poética
O belo
A catarse
Notas
lógica aristotélica
O silogismo
O conhecimento imediato
Os princípios da demonstração
A lógica e a realidade
Notas
Aristóteles
da era moderna
jovem Aristóteles
Notas
Bibliografia comentada
As obras de Aristóteles
Índices e léxicos
Estudos críticos
*
storiografia filosofica, La Scuola, Brescia), que me foi de grande
utilidade.
Giovanni Reale
*
Efetivamente publicado em 1975. [n.t.]
CRONOLOGIA
macedônio Amintas.
aos iniciados.
Sobre o bem.
exotéricos).
Hérmias, com quem tem uma filha que recebe o mesmo nome
da mãe.
escritos esotéricos.
depois.
I.
PENSAMENTO FILOSÓFICO
1
nascimento de nosso filósofo. Seu pai se chamava Nicômaco e
pais, ele ficou sob a tutela de Próxeno, que era dessa cidade.
2
sua escola por vinte anos.” Portanto, é fácil calcular que
3
conhecimento do Bem supremo.
Situando-se para além do horizonte socrático, a Acade-mia
4
provocavam debates fecundos. Portanto, o interesse pela
5
fenômenos” (postulado também da Academia, mas levado às
6
genuíno como eles se apresentam”. Contudo, Aristóteles não
7
Platão.” No decurso dos séculos seguintes, esse fato foi com
8
frequência ignorado, e, a partir do Renascimento, muitos se
apriorístico e anti-histórico.
acontecimentos.
9
ou seja, para chegar à dialé-tica pura.
Não resta dúvida de que situar a paideia platônica em bases
10
Jaeger, situar a composição do Grilo como anterior ao Fedro.
havia retomado.
*
Isócrates”, paródia de um verso de Eurípedes. A orientação
11
Antídosis.
Dessa vez, o modelo usado por Aristóteles foi Fédon. Aliás, ele
12
forma parcial uma visão acentuadamente pessimista da vida.
Na realidade, a julgar pelos já citados fragmentos, mais que
correto:
Já se disse que a ocasião em que Eudemo foi escrito seria suficiente para
por outro lado, o fato de que o discurso aristotélico sublinhava acima de tudo a
felicidade da vida futura. Mesmo sem levar isso em conta, cabe admitir que, de
diálogo [Fédon], mas sem se considerar obrigado a apoiar por isso a doutrina
13
das ideias separadas.
14
plenamente com a finalidade consolativa do diálogo.
15
alma racional (não à alma como um todo, tal como
16
pretendiam certos críticos). Em suma, no que diz respeito à
este é um problema que ainda precisa ser examinado. Nada o impede para
alguns seres, como por exemplo a alma: não a alma toda, mas apenas a alma
17
intelectiva; toda, seria impossível.
Sobre a alma.
ele.
de analisar brevemente:
corpo. Ela teve grande sucesso, e merecidamente, porque, depois das intuições
leva a considerar a vida depois da morte superior, mais natural e mais feliz que
18
da reminiscência e à concepção da alma como ideia.
apresentavam no Eudemo.
nove cidades da ilha naquela época). Ora, entre 351 e 350 a.C.
todas as coisas.
forma obrigados a filosofar, dado que ela existe. Mas, se não existe, somos
19
investigar é a causa da filosofia.
mesmo que para nós pareçam obscuros. Essa é uma das teses
20
é último para a plenitude do Ser, e vice-versa.
21
a verdade, pois ela está presente em toda parte.
era helenístico-romana.
22
homem.
23
“virtude” dessa alma.
É evidente que nossa tese é mais verdadeira que as outras se nos transferimos
24
subsistem o pensamento e a especulação.
25
a ação, pois propicia as normas e os parâmetros do agir.
Nada que seja divino ou bem-aventurado pertence aos homens, com exceção
isso —, e “o éon mortal tem uma parte de algum deus”. Portanto, é preciso
filosofar ou partir daqui dando adeus à vida, pois todas as outras coisas
26
parecem pura verborragia e palavras vãs.
torna-se indispensável.
27
Vamos começar pelo tratado Sobre as Ideias.
platônica.
28
seria preciso eliminar a doutrina dos princípios. Trataremos
29
e tendo em vista um platonismo mais fecundo e rigoroso”.
30
filósofo afirmar que “o Bem é Uno”. O curso sobre o Bem
31
Nessa última fase de seu pensamento, Platão submeteu a
grande e o pequeno como elemento material das Ideias, e o Uno como elemento
32
o pequeno dá origem às Ideias e aos Números.
É justamente essa “doutrina dos princípios” que Aristóteles
A partir do que se disse, fica claro que ele se serviu só de duas causas: a formal e
a material. De fato, as Ideias são causas formais das outras coisas, e o Uno é
causa formal das outras Ideias. Ante a pergunta sobre que matéria tem função
Uno — no âmbito das Ideias —, ele respondeu que é a Díade, isto é, o grande e
33
o pequeno.
34
inconcebíveis.
35
Estagirita. Todos os estudiosos, com a única exceção de
36
provas de Jaeger contra isso não têm bases sólidas. O
37
dizem de modo claro que Platão era criticado nos diálogos,
38
doutrinais ao Timeu e às Leis são uma comprovação disso.
A obra, que devia ter a forma de diálogo, dividia-se em três
39
supremos do real. O segundo criticava a doutrina das Ideias e
poderíamos ter nenhum conhecimento dele; de fato, quem, entre a maior parte
40
de nós, compreende uma espécie de número diversa?
41
dava forma sistemática à concepção teológica do Universo.
existência de Deus:
imutável; se for de fato imutável, será também eterna. Ele chama de “tratados
desse tema nos livros Sobre a filosofia. De fato, essa é uma proposição de
âmbito daquilo que existe, há uma realidade que é superior a outra realidade,
existe por conseguinte uma realidade perfeita, que deve ser a potência divina.
Portanto, aquilo que muda o faz por obra de um agente externo ou por obra de
si mesmo; se por obra de um agente externo, este lhe é superior ou inferior; se
por obra de si mesmo, em vista de algo inferior ou à medida que aspira a uma
realidade superior. Porém, a potência divina nada tem de superior a si, por
obra de quem poderia sofrer uma mudança (de fato, seria uma categoria
que lhe é inferior, estaria acolhendo algo de mau, no entanto, não há nada de
superior; não carece de nenhuma das perfeições que lhe são próprias. Portanto,
não se modifica para pior, à medida que nem mesmo um homem, por vontade
42
livro da República de Platão.
deles. Se é uno, temos o que buscamos. Se são muitos, podem ser ordenados ou
desordenados ainda serão os seus efeitos, e o cosmo não será mais cosmo, e sim
externa. Todavia, caso se ordenem por força própria, eles têm um princípio
43
comum que os une, e este é o princípio.”
44
na Metafísica.
incoerente, entrando em desacordo com seu mestre, Platão. De fato, ele ora
própria periferia extrema) é uma divina potência, ora estabelece outro poder
seguida, afirma que o calor do céu é um poder divino, sem compreender que o
céu é parte do mundo, definido por ele mesmo em outro trecho como poder
também um poder divino? Como, ademais, ele afirma que Deus é desprovido
45
sereno e feliz?
Ora, embora Cícero possa ser responsável por muitos mal-
clareza na Metafísica.
46
que, portanto, é eterno. Os astros, feitos de éter (quinta-
47
cosmo. A alma desses astros era denominada entelékheia, que
48
astro.
49
afastara do mestre traindo o próprio espírito do platonismo.
50
destaque da escola.
Perípato.
outra escola, a qual dirigiu por dois anos, ou seja, até 343-342,
contraposta à Academia.
Filipe. A escolha deve ter sido facilitada pelos antigos laços que
nome da mãe.
paterno, Nicômaco.
52
histórico e objetivo que possa servir de base.
escola
53
substituído por Xenócrates, com quem Aristóteles havia
54
peripatético.” Não importa o que digam, os frequentes
55
contribuições importantes. Esses anos foram dedicados à
56
exotéricas. Quis a sorte que nenhuma dessas obras
57
títulos adiante, mencionaremos aqui os tratados de maior
definitivo.
Em 323 a.C., a morte de Alexandre desencadeou uma onda
58
Perípato.
59
reconstruiu. A crítica a Platão começa muito cedo, como
60
Jaeger.
61
plenamente responsável pela obra. Isso vale ainda mais para
NOTAS
1. Apolodoro (= frag. 38 Jacoby), em Diógenes Laércio, v, 9. Todas as informações
Jaeger, Aristoteles, Berlim, 1923 (trad. ital., Florença, 1935, várias reeds.), passim.
reconstrução de E. Berti, La filosofia del primo Aristotele, Pádua, 1962, p. 123 ss, é
muito bem cuidada. (Razões de espaço nos impedem de indicar ponto a ponto
7. Diógenes Laércio, v, 1.
10. Cf. W. Jaeger, Paideia, trad. ital., Florença, 1967, v. ii, p. 250 ss. [Edição
12. Quem defende essa tese é Jaeger, em Aristotele, p. 49-68; Bignone (L’Aristotele
reconfirmá-la plenamente.
14. Cf. Elias, Arist. categ. proem., p. 114, 25 ss = Eudemo, frag. 3 Ross.
17. Arist., Metaph. L 3, 1.070 a 24-26. A tradução dos trechos da Metafísica citados
Loffredo, 1968.
18. Cf. Berti, op. cit., p. 453-543. Para exegeses opostas, cf. Jaeger, Aristotele, p. 69-
autor que citamos nas “Referências bibliográficas”, § vii, 2. Uma boa tradução
19. Elias, Prophyr. Isag. 3, 17 ss. Protreptico, frag. 2 Ross (trad. ital. Berti).
30. Arist., Harm. 2, 20, 16-31, rep. in Ross, Arist. Fragm., p. 111.
34. Para um debate sobre a bibliografia relativa ao tratado Sobre o bem e para uma
35. Para um estudo aprofundado do tratado Sobre a filosofia, ver Berti, op. cit., p.
317-409 (com o debate a respeito de toda a bibliografia até 1961). Para exegeses
opostas, cf. Jaeger, Aristotele, p. 161-220, e Arist., Della filosofia, texto, tradução,
37. Procl. apud Filopono. De aet. mundi, p. 31, 17 ss (Rabe) = Sulla filosofia, frag. 10
Ross.
Untersteiner [cf. nota 34]. A tradução dos outros fragmentos aqui mencionados é
do mesmo autor).
43. Schol. in Proverb. Salomonis cod. Paris gr. 174 f 46 a = Sulla filosofia, frag. 17
Ross.
45. Cic., De nat. deor. i, 13, 33 = Sulla filosofia, frag. 26 Ross. Cf. Berti, op. cit., p. 375
ss.
46. Filopono, De aetern. mundi, 30, 10 ss = Sulla filosofia, frag. 18 Ross; cf. também
frag. 19 a b c.
49. Para uma exposição sintética das doutrinas desses filósofos da primeira
52. De fato, dos mesmos elementos é possível extrair teses opostas; o leitor poderá
58. Sobre Teofrasto, cf. Reale, I problemi del pensiero antico, ii, p. 65 ss.
59. O trabalho de Berti, citado várias vezes, é a mais eloquente confirmação disso.
passim.
61. Cf. P. Aubenque, Le problème de l’être chez Aristote. Paris, 1962, p. 9 ss.
* Nas citações dos textos de Aristóteles, optamos por traduzir as versões italianas
METAFÍSICA
O que é “metafísica”?
1
século i a.C.).
ciência que se ocupa das realidades que estão acima das físicas,
2
as realidades transfísicas, e, como tal, se opõe à física. Por isso
um universo metaempírico.
3
supremos.
4
b) A metafísica indaga o ser enquanto ser.
5
c) A metafísica indaga a substância.
6
d) A metafísica indaga Deus e a substância suprassensível.
7
cada uma a todas as outras, de modo orgânico e unitário.
teológica.
8
ciência.”
9
Deus, não somente porque o conhece, mas também porque
10
a esta [metafísica].”
As quatro causas
conteúdo.
11
eficiente; 4) causa final.
ser”
seguinte maneira:
doutrina:
uma realidade determinada. Não se fala ser por mera homonímia, mas do
mesmo modo como dizemos que é “sadio” tudo que se refere à saúde, que a
conserva, que a produz, que é seu sintoma ou que tem condições de recebê-la;
coisas como essas que também são ditas. Assim, portanto, fala-se ser em muitos
12
sentidos, mas todos em referência a um só princípio.
conceito de ser.
que se refere à substância, ou porque são negações de qualquer uma delas, isto
13
é, da substância.
“ousiologia”.
formalmente e que faz com que cada um deles seja ser. Então,
14
completamente o significado da reforma aristotélica.
15
ser.
a) Fala-se ser, de um lado, no sentido de acidente, ou seja,
16
o agir, o suportar, o onde e o quando. De fato (ao contrário
que pensa.
17
um ato segundo cada uma das diversas categorias.
18
das outras categorias.”
E ainda:
[ …] é preciso dizer que as categorias são seres apenas por homonímia, ou que
são seres apenas quando se acrescenta ou se retira de “ser” determinada
qualificação; como, por exemplo, quando se diz que também o não cognoscível
é cognoscível. Com efeito, está correto afirmar que se diz que as categorias são
ser não em sentido equívoco, nem em sentido unívoco, mas diz-se que elas são
ser do mesmo modo que a palavra médico, cujos diversos sentidos implicam
referências a uma só e mesma coisa, e nem por isso são puros homônimos;
19
homonímia ou sinonímia, mas em virtude da referência a uma só coisa.
20
“gêneros” supremos do ser. Nesse sentido, é fácil compreender
significados originários.
ser acidental, cujos vários modos, por falta de espaço, não será
21
várias figuras categoriais.
categorias; e se, por sua vez, o ser das categorias supõe o ser da
equivale a este outro: “O que é a substância?” [ …]; por isso também devemos
22
ser entendido nesse sentido.
A questão da substância
23
metafísica aristotélica (e de toda a metafísica, em geral).
expresso:
Todos admitem que algumas das coisas sensíveis são substâncias; portanto,
chegam ao saber desta forma: partindo das coisas menos cognoscíveis por
24
natureza [= as coisas inteligíveis].
substância
Tudo o que foi dito antes deve ter preparado o leitor para a
25
em sua essência.
Por outro lado, é evidente que tais limites são bem definidos:
26
e não bastaria para constituir as coisas.
27
sínolo.
são esses “títulos” com base nos quais alguma coisa tem o direito
aristotélico.
O Estagirita parece estabelecer que as características
autonomamente.
28
sínolo é principiado, causado e fundado.
29
forma de “causa primeira do ser”, pois ela “informa” a
30
sustentava sobretudo Zeller, mas também muitos estudiosos
modernos. A distinção dos múltiplos significados da ousía
31
empírico.
32
dos requisitos que são próprios da substancialidade.
tal coisa ou tal fato são assim e assim? O que equivale a dizer:
[ …] esse material é uma casa: por quê? Porque nele está presente a essência de
casa. E assim investigaremos: por que essa determinada coisa é homem? Ou:
por que esse corpo tem tais características? Portanto, na investigação de por
que, busca-se a causa da matéria, ou seja, a forma pela qual a matéria é uma
33
determinada coisa: e essa é justamente a substância.
O que é composto de alguma coisa de tal modo que o todo constitui uma
unidade não é como um amontoado, mas como uma sílaba. A sílaba não é
simplesmente fogo e terra; uma vez que os compostos, ou seja, carne e sílaba, se
vogais e consoantes, mas uma coisa diferente delas. Assim, a carne não é apenas
fogo e terra ou quente e frio, mas também algo diferente deles. Ora, se mesmo
carne seria constituída por esse elemento fogo e terra e por alguma coisa
que se repete, também aí, o discurso a respeito de carne e sílaba. Por isso
compreende-se claramente que esse algo não é um elemento, mas a causa pela
qual essa coisa é carne, aquela outra é sílaba, e assim por diante, para todo o
34
resto. Esse algo é a substância de cada coisa: de fato, é a causa primeira do ser.
forma animal.
35
portanto, resgatando-o de sua abstrata universalidade, como
não devem desviar nosso olhar daquilo que foi dito antes
36
matéria, faz subsistir o próprio sínolo.
O ato e a potência
37
substância: A matéria é “potência”, ou seja, potencialidade,
38
puras, eles serão atos puros, sem potencialidade.
39
modo de ser das substâncias eternas.
outras ciências.
suprassensível.
vez, for movido, será movido ainda por outro algo. Mas, para
40
suprassensível que buscávamos.
42
sempre.
Academia.
mais excelente: um modo de viver que só nos é concedido por um breve tempo.
Mas ele permanece sempre nesse estado. Para nós, é impossível, mas para ele
não é impossível, pois o ato do seu viver é prazer. Para nós, vigília, sensação e
superior, é ainda mais maravilhoso. Ele se encontra de fato nessa condição. Ele
é também Vida, pois a atividade da inteligência é Vida, e ele é precisamente esta
atividade. Sua atividade, que subsiste de per si, é vida ótima e eterna. Na
verdade, dizemos que Deus é vivente, eterno e ótimo; desse modo, pertence a
43
Deus uma vida perenemente contínua e eterna; isto é, portanto, Deus.
do filósofo:
[ …] o pensamento que é pensamento por si tem por objeto aquilo que é de per
si excelente, e o pensamento que o é em grau máximo tem por objeto aquilo
substância, e está em ato quando os possui. Portanto, mais ainda que tal
44
contemplativa é aquilo que há de mais agradável e de mais excelente.
45
pensamento de pensamento.”
46
deve ser “impassível e inalterável”.
47
outras 55 esferas.
termos.
De multicapitães não carecemos. Não é bom! Que um rei, um só, nos comande
e encabece.*
a das ordens das esferas que movem os astros. Por isso todas as
48
hierarquizadas umas em relação às outras. Isso explica
Deus e o mundo
Deus (ao falar em Deus estamos nos referindo ao Primeiro
negativa.
49
empiricidade e particularidade.
NOTAS
1. Cf. Reale, La “Metafísica”, i, p. 3 ss, e indicações bibliográficas nele incluídas.
3. Cf. Metaph. a, a e b.
5. Cf. Metaph. z, h, Q.
6. Cfr. Metaph. e 1 e L.
9. Metaph. a 2.
14. Para um aprofundamento dos problemas, cf. J. Owens, The Doctrine of Being in
15. Cf. Metaph. D 7, e 2-4; sobre essa “tábua”, cf. Reale, La “Metafisica”, v. i, p. 30 ss.
foi F. Brantano no texto Von der mannigfachen Bedeutung des Seieden nach
16. Além das oito indicadas, em alguns textos Aristóteles lista também o jazer e o ter
décima categorias são, na realidade, dedutíveis das outras. Sobre o problema das
Geschichte der Kategorienlehre, Berlim, 1846; H. Bonitz, “Ueber die Kategorien des
Beiträge zur Geschichte der griech. Philos., Leipzig, 1891, p. 101-216, além do
19. Ibid., z 4, 1.030 a 32 ss; cf. acima os trechos citados em correspondência com as
notas 12 e 13.
estabelecido que, por natureza (isto é, em si e por si), vem primeiro o inteligível,
25. Cf. Metaph. z 4-12, h 2-3 e Reale, op. cit., i, p. 572-621, e ii, p. 19-30.
30. E. Zeller, Die Philosophie der Griechen, ii, 2, Leipzig, 1921, p. 344 ss.
* Ilíada ii, 204-205, em Os nomes e os navios – Homero, Ilíada ii, trad. Haroldo de
1
ausência absoluta de movimento.
2
dominante).
os mais substantivos).
A mudança e o movimento
O que é o movimento?
estatuto ontológico.
mais brilhante.
Ora, o movimento é um dado de fato originário e, portanto,
3
enquanto tal, diz Aristóteles). Portanto, o movimento não
fundamentalmente explicado.
4
(todas as categorias ou as principais). Assim, é possível
5
potencialidade, é, portanto, a raiz de cada movimento.
pois não pode haver passagem da potência ao ato sem que haja
6
essa forma).
Constata-se, a propósito disso, que a teleologia aristotélica é
7
em alguns dos famosos trechos da Física, mas por não
O espaço e o vazio
8
espaço e de vazio. Os objetos não estão no não-ser, que não
9
mudança dos dois elementos é algo distinto de ambos”. Além
baixo. Alto e baixo não são algo relativo a nós, mas são
10
vão as coisas pesadas e feitas de terra”.
11
determinado limite”. Adiante, Aristóteles determina que
…]
“[ o lugar é aquilo que contém aquele objeto do qual é
12
continente, à medida que é contíguo ao conteúdo”. Por
lugar móvel:
que não se pode transportar. Por isso, quando alguma coisa que está dentro de
em um rio, ela utiliza aquilo que a contém antes como um vaso que como um
lugar. O lugar, ao contrário, precisa ser imóvel; por isso o rio inteiro é antes
13
continente.
primus.
fora do todo; por isso todas as coisas estão no céu, pois se entende que o céu é o
todo! O lugar, ao contrário, não é o céu, mas, por assim dizer, a extremidade do
céu, e ele é [limite imóvel] contíguo ao corpo móvel; por isso a terra está na
água, que está no ar, que por sua vez está no éter, o éter do céu; mas o céu não
14
é, na verdade, uma outra coisa.
estruturalmente do lugar.
Dessa definição de lugar deriva também a impossibilidade
15
nada”, ou “lugar desprovido de corpo”. Mas é evidente que,
mecanicista do Universo.
O tempo
16
Agostinho iria desenvolver e celebrizar.
Seria possível suspeitar que o tempo simplesmente não existe, ou que sua
parte dele foi e não é mais, uma parte está para ser e não é ainda. E dessas partes
momento em que ele existe, é necessário que todas as partes existam também,
outras estão para existir, mas nenhuma existe, embora ele seja divisível em
partes. Deve-se ter presente também que o instante não é uma parte; de fato, a
parte tem uma medida, e o todo deve ser composto de partes, enquanto o
17
tempo não parece um conjunto de instantes.
nos escapa.
18
mudança, temos a impressão de que o tempo realmente não passou.
depois, conhecemos também o tempo. Então dizemos que o tempo cumpre seu
19
percurso quando temos a percepção do antes e do depois no movimento.
20
segundo o antes e o depois.”
entre esse dois instantes há um tempo, já que o tempo parece aquilo que é
21
determinado pelo instante; que isso permaneça como fundamento.
importância histórica:
verdade que, na natureza das coisas, apenas a alma ou o intelecto que está na alma
22
existência da alma.
merecida.
do tempo.
O infinito
23
Enfim, devemos falar do conceito de infinito. Aristóteles
página paradigmática:
qual não há nada é perfeito e inteiro. Pois assim definimos o inteiro: aquilo a
que nada falta; por exemplo, o homem inteiro e o cofre inteiro. Assim como no
é aquilo fora do qual não há nada; mas aquilo fora do qual há alguma coisa que
lhe falta não é o todo, não importa o que lhe falte. Em contrapartida, o inteiro e
o perfeito são a mesma coisa em tudo e por tudo, ou alguma coisa semelhante
por natureza. Contudo, nenhuma coisa que não tenha um fim é perfeita, e o
24
fim é o limite.
Essa passagem permite compreender muito bem a razão pela
renascer.
mundo celeste
são constituídas:
Se existe algo que é eternamente movido, nem mesmo isso pode ser movido
movem os céus). E nada impede que exista uma matéria própria desse tipo de
movimento. Por isso o Sol, os astros e todo o céu estão sempre em ato; não se
deve temer que eles parem em algum momento, como temem os físicos. Eles
também não se cansam de percorrer sua rota, pois seu movimento não é, como
25
fatigante a continuidade do movimento.
Essa matéria, que é potência dos contrários, é dada pelos
26
Jei~n) e que recebeu a denominação de “quinta substância”
era moderna.
27
determinante.
NOTAS
1. Cf. Metaph. e 1, 1.025 b 18 ss.
1973).
Le temps et l’instant selon Aristote, Paris, 1967. Cf. também L. Ruggiu, Tempo
27. Para uma interpretação moderna da física aristotélica, em grande parte antitética
1
que à história da filosofia).
vivos têm vida, mas não são vida; portanto, são como um
Escreve Aristóteles:
corpo natural que tem vida em potência. Mas a substância (entendida como
2
especificado.
E ainda:
potência. [
3
…] Posto que devemos dar uma definição geral válida para toda
4
alma, ela poderia ser o ato perfeito primeiro de um corpo natural orgânico.
estruturando o corpo, faz com que ele seja aquilo que deve ser.
“separável” do corpo.
por natureza ela é divisível —, que algumas de suas partes não o são; o ato
do corpo. Mas nada impede que pelo menos algumas outras partes sejam
5
separáveis, pois não são ato perfeito de nenhum corpo.
claro; parece, contudo, que se trata de outro gênero de alma, e que esse gênero
outras partes da alma não podem ser separadas, como pretendem alguns
6
pensadores.
este é um problema que ainda precisa ser examinado. Nada o impede para
alguns seres, como por exemplo a alma: não a alma toda, mas apenas a alma
7
intelectiva; toda, seria impossível.
A tripartição da alma
que psicológico.
alguns seres sem as que lhes são sucessivas), então a alma, que
8
uma só.” As plantas possuem apenas a alma vegetativa; os
Entre os seres corruptíveis, aqueles que são dotados de razão possuem também
apenas uma delas, nem todos possuem a faculdade de raciocinar, e alguns não
têm sequer imaginação, enquanto outros vivem apenas com ela. No que diz
9
respeito ao intelecto especulativo, o raciocínio é diferente.
10
tradicional “parte da alma”, a palavra que prefere é “faculdade”.
intelecto especulativo.
A alma vegetativa
calor:
Posto que há três coeficientes — aquilo que é nutrido, aquilo de que se nutre e
aquilo que o nutre —, aquilo que nutre é a alma, aquilo que é nutrido é o corpo
11
que possui essa alma, aquilo de que se nutre é o alimento.
eternidade.
A alma sensitiva
é a alma sensitiva.
ato.
Todo ente sofre e é movido pela ação de um agente e do agente que está em ato.
Por isso tanto sofre a ação do semelhante quanto sofre a ação do dessemelhante
12
depois de tê-la sofrido, torna-se semelhante.
E ainda:
conforme dissemos. Ela sofre, portanto, porque não é semelhante; mas, uma
13
vez que sofreu sua ação, torna-se semelhante e é como ele.
estado por seu oposto, mas à realização de uma potência, ao avanço de alguma
14
coisa para si mesma e para a atuação.
receptáculo das formas sensíveis sem a matéria, como a cera recebe a marca do
anel, mas não o ferro e o ouro, ou seja, recebe a marca áurea e férrea, mas não
como ouro e ferro. De maneira análoga, o sentido sofre a ação de cada ente que
tem calor, sabor ou som, porém, não quando se considera cada um desses entes
como coisa particular, mas apenas enquanto ele possui essa qualidade, e em
15
virtude da forma.
[ …] não pode haver um órgão sensorial próprio dos sensíveis comuns, que
negação da continuidade e por meio dos sensíveis próprios, dado que cada
16
sentido percebe uma só ordem de sensíveis.
17
pode se enganar.
menos um sentido: o tato; por outro lado, onde há sensação, há prazer e dor, há
18
prazeroso.
19
motor é um princípio único: a faculdade apetitiva”, e o
20
desejo é “uma espécie de apetite”. O desejo é movido pelo
A alma racional
Sobre a parte com a qual a alma conhece e pensa — seja ela algo separado ou
ver com o sentir, isso deve ser o fato de sofrer algo por parte do pensado, ou
alguma coisa do gênero. Mas então, a rigor, ele não deve sofrer nada, mas
que o intelecto, posto que pensa tudo, esteja isento de qualquer mistura —
como Anaxágoras diz que deve ser — a fim de que possa “dominar”, ou seja, a
fim de que possa conhecer. Qualquer coisa estranha que se apresentasse no
não pode ter nenhuma natureza, exceto esta: a de ser potencialidade. Portanto,
aquilo que na alma chamamos Noûs (assim entendo aquilo com que a alma
pensa e opina) não é, em ato, nenhuma das realidades existentes antes de seu
efetivo pensar. Por isso não é razoável que ele seja misturado ao corpo, porque
nada disso acontece. E têm razão aqueles que dizem que a alma é o lugar das
formas ideais, salvo que isso não pode ser dito de toda a alma, mas apenas da
alma pensante, e que as formas ideais nela não existem em ato, mas só em
potência. Claro que a imunidade, no que diz respeito a sofrer ações, não é igual
sensivelmente for muito intensa, o sentido não pode sentir; assim, os sons
pensar, isso não significa que ele tem menos capacidade de pensar as coisas de
menor relevância: ao contrário, tem mais. Pois o órgão do sentido não existe
modo, a inteligência torna-se todas as coisas, tal como ocorre com aquele que é
quando seu atuar-se só depende dele mesmo), também neste caso ela é de certo
21
descoberto. Assim, então, o intelecto pode pensar por si mesmo.
ato.
outro elemento que é a causa eficiente, dado que produz todos eles (como a
arte atua em relação à matéria), é necessário que também na alma haja esses
ser todos os objetos; do outro, o intelecto que produz todos eles, quase como se
esse intelecto às vezes pense, às vezes não pense. Separado [do corpo], ele é
22
justamente apenas aquilo que é, e isso é imortal e eterno.
23
só este é divino”, enquanto as faculdades inferiores da alma
o divino em nós.
Mas acredita-se que o intelecto é gerado como uma substância particular e que
integridade dos olhos, veria da mesma forma que um jovem. Pois a velhice se
deve a uma afecção que não é da alma, mas do ser em que essa alma está
mesmo é impassível. Meditar, amar ou odiar não são afecções suas, mas do
24
composto, e o intelecto, com certeza, é algo mais divino e é impassível.
que está em nós, ele não conseguiu superar as aporias que dele
derivavam.
grega.
NOTAS
1.Para uma leitura aprofundada dessas obras, indicamos F. A. Trendelen-burg,
Aristotelis “De anima”, libri tres, Berlim, 1877 (cujo comentário ainda é
fundamental; reed. Graz, 1957); G. Rodier, Aristote, “Traité de l’âme”, Paris, 1900;
P. Siwek, Aristotelis “De anima”, libri tres, Roma, 1943-1946; J. Tricot, Aristote,
“De l’âme”, Paris, 1947; D. Ross, Aristotle, “De anima”, Oxford, 1961.
10. W. D. Ross, Aristotle, Londres, 1923; trad. ital., Aristotele, Bari, 1949, p. 198.
15. De an. b 12, 424 a 17-24 (cf. Trendelenburg, op. cit., p. 337 ss).
NICÔMACO
do Estado).
mais perfeito escolher e defender o bem da cidade. Sem dúvida, o bem também
é desejável quando diz respeito a uma só pessoa, mas é mais belo e mais divino
1
quando se refere a um povo e às cidades.
Portanto, cabe à política uma função arquitetônica, ou seja,
os valores do homem.
supremo.
si.
2
“existência digna de animais”.
este não pode ser o fim último que todos buscamos, pois,
3
bem é algo de individual e inalienável.” Ademais, os homens
honra.
4
ganho, não passa de um meio para alcançar outra coisa.
nosso filósofo.
Aristóteles afirma:
mais perfeita. Isso vale também para uma vida completa. Se uma só andorinha,
5
proporciona beatitude ou felicidade.
6
nós”. E ainda: “Está claro, portanto, que cada um de nós é
7
intelecto acima de tudo.” Enfim: “Se esta [a alma racional,
8
que cada um de nós consiste propriamente nela.”
9
Os verdadeiros bens do homem são os bens espirituais, que
virtude é o antecedente.
tem uma atividade que lhe é peculiar, cada qual tem também
10
seres, não especificamente ao homem.”
11
irracional, “ainda participa de certo modo da razão”. Fica
virtude racional.
As virtudes éticas
também, “hábitos”.
Esse discurso, embora esclarecedor, ainda não toca o cerne
chamo de posição intermediária em relação a nós aquilo que não excede nem
falta; esta, no entanto, não é única nem igual para todos. Por exemplo:
nós não deve ser interpretado da mesma forma; se, para determinada pessoa,
comer dez unidades de alimento é demais e comer duas é pouco, isso não
significa que o professor de ginástica deve ordenar que coma seis, pois essa
ração ainda pode ser muito ou muito pouco, dependendo de quem vai recebê-
la: para Milo (que era um atleta excepcional) seria pouco, mas para um atleta
luta. Assim, cada pessoa que tem ciência evita o excesso e a escassez, busca o
12
à coisa, mas em relação a nós.
13
elevado”.
último Platão.
14
estão compreendidas todas as virtudes juntas.” Mas o
15
a injustiça é característica dos extremos”.
As virtudes dianoéticas
a verdade teórica.
(sophía).
A “sensatez” consiste em conseguir governar corretamente a
16
sobre aquilo que é bom ou mau para o homem”. Para uma
17
propósitos, enquanto a sensatez torna os meios corretos.”
18
virtude ética”.
[ …] há outras coisas muito mais divinas; para ficar só nas mais visíveis, há os
astros que compõem o Universo. Por tudo o que foi dito, é evidente que a
sabedoria é ao mes-mo tempo ciência e intelecto das coisas mais elevadas por
19
natureza.
A perfeita felicidade
dignidade, além de não contemplar nenhum outro fim senão ela mesma — o
homem, desde que perdure pela vida inteira, pois, de fato, nada do que diz
respeito à felicidade pode ser incompleto. No entanto, uma vida assim será
superior à natureza do homem; pois não é por ser homem que ele viverá dessa
maneira, mas porque tem em si algo de divino; e na mesma medida em que esse
intelecto será divina se comparada à vida humana. Porém, não se deve dar
ouvido àqueles que aconselham que, sendo homens, devemos nos ater às coisas
possível, agir como imortais e tudo fazer para viver segundo a parte mais
elevada que temos em nós, pois, ainda que ela seja pequena em tamanho,
20
supera em muito todo o resto em potência e valor.
afinidade com ela será mais capaz de produzir felicidade. Prova disso é o fato de
que todos os outros seres vivos não participam da felicidade, pois são
puderem ter uma atividade semelhante àquela; nenhum outro ser vivente é feliz,
é maior, a felicidade também será maior; isso não acontece por acaso, mas
graças à especulação: ela tem valor em si. Assim, a felicidade é uma espécie de
21
especulação.
fato moral. Como bom realista que era, percebeu muito bem
22
a ação se desenvolve”.
23
apta que as ações para julgar os costumes”. De fato, a
objeto da escolha já foi determinado, pois o que se escolhe é aquilo que já foi
24
princípio da ação: é essa que decide.
parece bom a cada um. Como, para uns, uma coisa parece boa,
25
desejado poderiam ser coisas contrárias”: isso significaria
seguinte modo:
que parece bem; para quem é virtuoso, o que é verdadeiramente bom; para
quem é vicioso, qualquer coisa; assim como, no caso dos corpos, as coisas
relação às coisas amargas, doces, quentes, pesadas e assim por diante. Quem é
virtuoso avalia corretamente todas as coisas, e em cada uma delas a verdade lhe
coisas que a ela se adaptam, e talvez o homem virtuoso seja diferente dos outros
engano vem do prazer, que parece bom, mas na verdade não o é. Por isso eles
26
escolhem o agradável como um bem e evitam o doloroso como um mal.
tornar e ser bom devo desejar os fins bons, mas só serei capaz
mas não soube dizer por que isso é assim e qual é, dentro de
27
vicioso.
NOTAS
1.Eth. Nic. a 2, 1.094 b 7-10 (a tradução dos trechos da Ética a Nicômaco que
citaremos aqui são de A. Plebe, Laterza, Bari, 1957, hoje também em Aristóteles,
19. Eth. Nic. z 7, 1.141 a 34-1.141 b 2 (em que nos afastamos da tradução de Plebe).
20. Eth. Nic. k 7, 1.177 b 19-1.178 a 2.
“proposição”, mas traduz-se melhor como “escolha”, vocábulo muito mais claro e
Conceito de Estado
que precisa, para ser ele mesmo, estabelecer relações com seus
natureza).
1
mesmo, é uma besta ou um deus, não uma parte da cidade.”
O cidadão
2
não deve se dedicar). Posto que Aristóteles, sempre
3
transformada em meio, deixando de ser um fim.
4
críticas ao comunismo platônico) ao exame do Estado, sem
5
que legisla e governa a cidade.
6
deixam de ser meios.
7
não subsiste”, a história acabou por demonstrar que a verdade
é justamente o contrário; para isso, contudo, foram necessárias
plano teórico.
8
sobretudo da autoridade soberana”. Ora, claro que, a partir
homens. Mas isso não é suficiente. Cada uma dessas três formas
9
desvios.
Uma cidade almeja ser constituída, na medida do possível, por cidadãos iguais
classes médias; por isso a cidade mais bem governada será aquela em que se
realizam tais condições, das quais deriva por natureza a possibilidade da
cidade. Os que a ela pertencem, por não serem pobres, não desejam as
condições dos demais, nem os outros desejam as deles, como acontece com os
ricos, cuja posição é invejada pelos pobres. Por isso, não tramando contra os
outros e não sendo objeto de tramas, eles passam a vida sem perigos. Como
dizia Focílides: “Muitas coisas são ótimas por sua posição intermediária, e é
nessa posição que quero estar na cidade.” É evidente, portanto, que a melhor
encontram nessas condições podem ser bem governadas; isto é, aquelas — digo
— em que a classe média é mais numerosa e mais poderosa que as duas classes
10
extremas ou pelo menos uma delas.
O Estado ideal
Não cabe falar aqui, dado seu caráter minucioso e até técnico,
notáveis.
11
Eis as condições ideias para dar lugar a um Estado feliz:
política, ela não deve ser nem muito pequena nem numerosa
12
em conta esse fato.” Assim, os cidadãos serão primeiro
importância no Estado.
Introduzindo nas ações uma distinção análoga à que foi feita em relação às
partes da alma, poderemos dizer que são preferíveis aquelas que derivam da
melhor parte da alma, pelo menos para quem saiba comparar todas ou ao
menos duas partes da alma, pois todos consideram melhor aquilo que tende
para um fim mais elevado. Qualquer tipo de vida ainda pode ser dividido em
escolher esses ideais de vida, é preciso seguir as mesmas preferências que valem
para as partes da alma e para as ações que delas derivam; é preciso escolher a
guerra tendo como objetivo a paz, o trabalho tendo como objetivo a libertação em
relação a ele, as coisas necessárias e úteis para alcançar as belas. O legislador deve
sejam tomadas como fins, não apenas como meios. Esse critério deve guiar o
coisas necessárias e úteis; mais que isso, é preciso praticar o livre repouso, viver em
13
paz e fazer coisas belas [ou seja, contemplar].
O Estado, não os indivíduos privados, deverá ministrar a
NOTAS
1. Pol. a 2, 1.253 a 27-30. A tradução dos trechos citados é de C. A. Viano, “Política”
2. Cf. Pol. a 5.
3. Pol. a 7 ss.
4. Pol. b.
5. Pol. G 1.
6. Pol. G 5.
estrutura ou na finalidade.
1
fazer a arte faz; outras, ao contrário, ela imita.”
conceito de “catarse”.
A mimese poética
sua vez, são imitações dos paradigmas eternos das Ideias; desse
[ …] fica claro […] que não é ofício do poeta descrever as coisas que realmente
aconteceram, mas as que podem acontecer em determinadas circunstâncias, ou
que o historiador descreve fatos que realmente ocorreram, e o poeta, fatos que
poderiam ocorrer. Por isso a poesia é algo mais filosófico e mais elevado que a
história, para o particular. Podemos dar uma ideia do que significa “universal”
com o seguinte exemplo: certo indivíduo de tal ou qual natureza diz ou faz
coisas de tal ou qual natureza que correspondem às leis da verossimilhança ou
2
exemplo, o que fez Alcebíades ou o que lhe aconteceu.
lícito dizer que não são os meios usados pela arte que a
Aristóteles:
E ainda que ocorra a um poeta poetar sobre fatos que realmente aconteceram,
ele não será menos poeta por isso; pois nada impede que, entre as coisas que
realmente acontecem, haja algumas de natureza tal que poderiam ser vistas não
como coisas que realmente aconteceram, mas como coisas cuja ocorrência seria
verossimilhança que aquele que resolve narrá-las não é seu historiador, mas seu
3
poeta.
4
técnico “universal” (ta; kaJovlou). Mas que tipos de
próprios?
5
impossível e o irracional verossímeis. O Estagirita chega a dizer
6
porém incrível.” E ainda: “No que diz respeito às exigências
7
mesmo que possível.” Sendo assim, a arte pode muito bem
8
máximo de sua concretude”. Poderíamos dizer também que é
autônomo, que tem seu próprio valor, embora este não seja o
O belo
[ …] o belo, seja ele um ser animado ou outro objeto qualquer, desde que
entre essas partes como também deve ter, dentro de determinados limites, uma
por exemplo, um ser de 10 mil estádios, pois o olho não conseguiria abarcar o
9
escapariam a quem olha.
Posto que o bem e o belo são diversos (o primeiro se encontra sempre nas
pode dizer que não falam deles. As formas supremas do belo são a ordem, a
10
todas as outras ciências.
Por conseguinte, para Aristóteles, o belo implica ordem,
palavra, proporção.
11
valeria para qualquer obra de arte.
“limite”.
A catarse
dramática e não narrativa, que, mediante uma série de casos que suscitam
12
piedade e terror, tem como efeito aliviar e purificar a espírito de tais paixões.
13
sentido de livrar-se das paixões.
mas suscita antes emoções desenfrea-das, tanto que deve ser usada somente nas
14
ocasiões em que ouvi-la, mais que um aumento de saber, produz catarse.”
Acrescente-se a isso o fato de que, a nosso ver, a música não deve ser praticada
tendo em vista um só tipo de benefício que dela possa derivar, mas múltiplos
usos, pois pode servir para a educação, para obter a catarse [ …] e, em terceiro
lugar, para o repouso, o alívio do espírito e a suspensão das fadigas. De todas
aquelas que têm maior conteúdo moral e na audição de músicas executadas por
outras pessoas as que incitam a ação ou inspiram comoção. Essas emoções, tais
outros. Vemos ainda que quando alguns, a quem elas comovem intensamente,
15
aos homens uma alegria inocente.
NOTAS
1. Phys. b 8, 199 a 15-17
2. Poet. 9, 1.451 a 36, 1.451 b 11. Todos os trechos da Poética aqui citados foram
4. Poet. 9, 1.451 b 7.
ORGANON
possíveis.
1
lógico) que o Estagirita distinguiu. Contudo, isso só se
2
por acaso, considerando-a antes um estudo preliminar, uma
3
qualquer tipo de investigação.
4
consolidou em definitivo com Alexandre. Aristóteles preferia
5
fundamentais do Organon.
6
retóricos, nada havia sobre o silogismo.
7
sistematizaram no Organon; mesmo assim, é nessa ordem
8
(que Aristóteles talvez considerasse uma obra única), que
logo foram divididos em Analíticos primeiros e Analíticos
a seguinte definição:
mesmo sem essas condições, mas a demonstração não pode subsistir sem elas,
9
pois não estaria produzindo ciência.
puramente prováveis.
10
último livro dos Tópicos), ele trata das argumentações
sofísticas.
possível raciocinar.
humano.
Das coisas ditas sem nenhuma conexão, cada qual significa a substância, ou a
11
posição, ou o ter, ou o fazer, ou o sofrer.
em outras categorias.
e próprio.
Essas coisas que listamos, tomadas uma a uma, em si e de per si, não
constituem uma afirmação, a qual só pode ser gerada, ao contrário, por sua
12
verdadeira ou falsa; por exemplo: “homem”, “branco”, “corre”, “vence”.
portanto elas não são definíveis porque não existe algo mais
13
coisas”.
14
“diferença específica”. Se quisermos saber o que quer dizer
15
16
É importante notar que nem toda frase é uma proposição
17
pertence à lógica.
18
outra).
19
verdadeiros (um homem é branco, outro não é branco).
desse jeito”; outra é dizer “O sujeito tal deve ser desse jeito”;
outra ainda é dizer “O sujeito tal pode ser desse jeito” (eis um
20
considerações sobre essas proposições modais.
juízo disjuntivo.
O silogismo
necessariamente do antecedente.
simples fato de terem sido estabelecidos. Com a expressão “pelo simples fato de
terem sido estabelecidos” entendo o que decorre por força deles; com a
expressão “o que decorre por força deles” entendo o fato de não precisar
21
necessidade.
premissas silogísticas, por isso, têm valor de hipóteses e devem ser precedidas
22
da conjunção “se”.
No silogismo, o que está em causa é a coerência do raciocínio;
23
seja, termo que opera a mediação.
24
silogística aristotélica.
premissas devem ser sempre verdadeiras, enquanto isso não precisa se verificar
25
verdadeiro.
Logo, além da correção do procedimento formal, a ciência
fundamental:
Julgamos ter ciência de cada coisa [ …] quando acreditamos que sabemos que a
causa em virtude da qual a coisa existe é justamente a causa dessa coisa, e que
não é possível que seja de outra maneira. Por conseguinte, é impossível que
aquilo que seja objeto de ciência em sentido próprio seja diferente do que é.
Ora, se há outro modo de ter ciência, nós o veremos a seguir [alusão ao saber
basta dizer que ter ciência é saber por demonstração. Entendo por demonstração
simples fato de possuí-lo, temos ciência. Então, se ter ciência é aquilo que
26
não produziria ciência.
27
dela derivam também as gerações.”
implica.
Esse é um ponto de vista consideravelmente distante daquele
destas últimas.
O conhecimento imediato
silogismo.
28
Analíticos o modo como a própria indução pode ser
29
(em substância, a indução é o processo de abstração).
A intuição, por sua vez, é a apreensão pura e simples dos
Analíticos segundos:
por outro lado, os princípios são mais cognoscíveis que as demonstrações; pos-
portanto, não pode haver conhecimento científico dos princípios; e posto que
nada, exceto a intuição, pode ser mais verdadeiro que o conhecimento científico, a
intuição deve ter por objeto os princípios. Isso fica evidente não apenas para
quem investiga essas considerações, mas também pelo fato de que o princípio
30
analogamente relacionada à totalidade das coisas que tem por objeto.
Os princípios da demonstração
com aquilo que é dado como algo que é (ou seja, o gênero cujas afecções por si
31
com as afecções cujos significados foram assumidos.
32
demonstração os pressupõe estruturalmente).
mediação silogística.
seguinte trecho:
venhamos a dizer algo em contradição com a tese que nós mesmos estamos
princípios das ciências, não se deve buscar o porquê em outra parte; é preciso,
ao contrário, que cada um dos princípios imponha sua verdade por si mesmo.
São baseados na opinião os elementos que, por sua vez, parecem aceitáveis para
todos, para a grande maioria ou para os sábios e entre eles, ou seja, para todos,
33
para a grande maioria ou para aqueles especialmente eminentes ou ilustres.
Explica Aristóteles:
Este tratado é igualmente útil no que diz respeito aos elementos próprios de
impossível dizer algo sobre os princípios mesmos, visto que são anteriores a
34
de fato aos princípios de todas as ciências.
35
36
como dirá Cícero. Os Tópicos descrevem, portanto, o
Organon:
daquele movimento do espírito grego em direção a uma cultura geral que tenta
discutir qualquer assunto sem estudar os princípios primeiros que lhe são
distingue Aristóteles [scil.: naquilo que ele diz nos Tópicos] dos sofistas, pelo
menos do modo como foram retratados por ele e por Platão, é que seu objetivo
não é ajudar os ouvintes e leitores a atingir o ganho e a glória com uma falsa
37
Tópicos fora de moda.
Enfim, além das premissas baseadas na opinião, o silogismo
38
(que muitos consideram o nono livro dos Tópicos) estudam
ensejo.
A lógica e a realidade
39
forma ou essência que determina a matéria. O sínolo é um
40
de modo pontual.
pensamento humano.
NOTAS
1. Cf. Metaph. e 2-4.
2. Cf. Reth. a 4, 1.359 b 10, em que se fala de “ciência analítica (e, como iremos ver
293 ss.
4. Cf. C. Prantl, Geschichte der logik im Abendlande, 2 v. Leipzig, 1927, v. ii, p. 54,
535.
Nápoles).
10. Em sua edição cit. do Organon, Waitz os considera simplesmente o último livro
(Iota) dos Tópicos; cf. a justificativa que ele fornece no v. ii, p. 528 ss; cf. também
as indicações dadas por Mignucci na edição citada de Gli “Analitici primi”, p. 19,
nota 2.
11. Cat. 4, 1 b 25-27 (D. Pesce [org.], Aristoteles, Le categorie. Pádua, 1966).
13. Cf. os lugares em que tais definições aparecem no Organon (Waitz, op. cit., ii, p.
398 ss).
16. De interpr. 1 e 9.
19. Ibid., 7.
24. Sobre todas essas questões aqui apenas mencionadas, o leitor encontrará as
32. Ver Metaph G 3-8 e Aristóteles, La metafisica (Reale, op. cit., v. i, p. 329-357).
33. Top. a 1, 100 a 18-100 b 23 (a tradução é de Giorgio Colli, cf. Organon, Laterza,
Bari 1970).
35. Para uma exposição específica da dialética aristotélica, cf. A. Viano, La logica di
INTERPRETAÇÕES DE ARISTÓTELES
1
Andrônico de Rodes
Aristóteles.
De 270 a.C. até por volta do fim da era pagã, a vida da escola
Tiro.
para evitar que caíssem nas mãos dos reis atálidas, dedicados à
2
Os comentaristas gregos de Aristóteles
esotérico.
um comentário às Categorias.
Justiniano.
Entre os mais jovens discípulos de Amônio figurava
3
Isagoge de Porfírio (século vii).
4
as biografias sucessivas do Estagirita. É provável que fosse
5
Aristóteles na Idade Média
tratados do Organon.
xi.
6
gregos a Analíticos primeiros e ao primeiro livro da Metafísica.
de Éfeso e Aspásio.
7
comentário de Alexandre de Afrodísica a De sensu.
(inéditas).
8
Aristóteles no Renascimento e nos primeiros séculos da era moderna
renascimento.
visíveis da experiência.
O primeiro defensor da oposição entre Aristóteles e Platão
foi Jorge Gemistos Pleton, que foi para a Itália de Bizâncio por
(1469).
Metafísica.)
Averróis) “bárbaros”.
Pomponazzi.
Entre os aristotélicos que, de certa forma, se inspiraram no
alma.
de renome inquestionável.
9
por Michelet, em 1833, e ampliadas em 1840-1844. Eis uma
época pode contrapor outro igual” (v. ii, p. 275). E eis como o
da filosofia de Aristóteles:
transmitidas a respeito de sua filosofia, bem conceituadas até hoje, embora ele
tenha sido por tantos séculos o mestre de todos os filósofos. De fato, opiniões
teria situado como princípio o ideal, de modo que a ideia interna se alimentaria
pior espécie etc. Veremos como isso pouco corresponde à verdade. De fato,
mais radical das especulações, o idealismo, e a ele se ateve, não obstante a parte
preocupar em verificar se estão mesmo em seus livros, pode ser provada pelo
d’Aristote, la saine doctrine. Mas Aristóteles, ao contrário (Poet. cap. 8 e 5), fala
dito.
formou-se, por sua vez, F. Brentano, que, com seu Von der
indispensável.
Estagirita.
10
desenvolver.
Wilamowitz).
6) Por fim, no caso da interpretação da lógica, difundiu-se
linguística moderna.
histórica.
heideggerianos, os problematicistas.
filosófico.
NOTAS
1. Para uma exposição mais aprofundada do que é dito neste parágrafo e no
seguinte remetemos a Reale, I problemi del pensiero antico, ii. Le scuole ellenistico-
2. A lista completa dos comentaristas gregos que chegaram aos nossos dias e estão
a F. Copleston, Storia della filosofia, v. iii: Da Occam a Suarez, Brescia, 1966 (ed.
Aristóteles, sem, no entanto, dar todas as indicações sobre suas obras, que
nessa bibliografia, § i, 2, serão complementos úteis para tudo o que foi dito aqui.
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Para a bibliografia sobre o período entre o século xix e o século xx, ver:
Louvain.
consultados:
1958, p. 47-51; 57-60; 67-76; 96-98; 117-119; 160-162; 167-168; 193-194; 204-209.
Kathgorivai Categoriae
Categorias
Sobre a intepretação
Primeiros analíticos
Segundos analíticos
Topikav Topica
Tópicos
Refutações sofísticas
Física
De caelo
Sobre o céu
De generatione et corruptione
Metewrologikav Meteorologica
Meteorológicos
De anima
Sobre a alma
De sensu et sensibili
Sobre o sonho
Sobre os sonhos
da vida
De vita et de morte
De respiratione
Sobre a respiração
Sobre o espírito
Historia animalium
Sobre as cores
De audibilibus
Fusiognwmonikav Physiognomonica
Fisiognômica
De plantis
Sobre as plantas
Mhcanikav Mechanica
Mecânica
Problhvmata Problemata
Problemas
De lineis insecabilibus
Ventorum situs
Metafísica
Ética a Nicômaco
Moral Magna
Ética a Eudêmio
De virtutibus et vitiis
Politikav Politica
Política
Oijkonomikav Oeconomica
Economia
Retórica
Retórica a Alexandre
Poética
Fragmenta Fragmenta
Fragmentos
Eis os títulos das obras que tiveram alguns fragmentos recuperados segundo a
Diálogos
Sumpovsion Simposio
Simpósio
Sofista
Sofista
Eudemo o dell’anima
Nhvrinqo~ Nerinto
Nerinto
Erwtikov~ Erotico
Erótico
Sobre a riqueza
Sulla preghiera
Sobre a prece
Sul piacere
Sobre o prazer
Sobre a monarchia
Politikov~ Politico
Política
Sui poeti
Sobre os poetas
Sobre a filosofia
Sobre a justiça
Obras lógicas
Sobre os problemas
Diairevsei~ Divisioni
Divisões
Kathgorivai Categorie
Categorias
Sobre os contrários
Obras filosóficas
Sul Bene
Sobre o bem
Sulle Idee
Sobre as Ideias
Sui Pitagorici
Sobre os pitagóricos
Sobre Demócrito
Códices
de:
2) Um autor anônimo da chamada Vita menagiana (do nome de seu editor), que
opera da Academia de Berlim, 1870, p. 1.463 ss. Cf. também Rose, Aristoteles
cit., p. 9 ss); p. 1.469 ss (cf. também Rose, Fragmenta, 3ª ed. cit., p. 19 ss).
Moraux, P. Les listes anciennes des ouvrages d’Aristote. Louvain, 1951 (onde o leitor
bibliografia).
Antigas biogra as
As principais biografias de Aristóteles que chegaram até nós são:
precisão:
todo o material biográfico antigo, elabora uma nova edição crítica e um comentário
histórico-filológico).
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Edições gerais
Erasmo de Roterdã, foi publicada em 1531 (Aristotelis Opera Omnia, Basileia, 1531),
das precedentes.
Em 1590 foi publicada em Lyon uma nova edição organizada por Causbonus
adiectae qua graeco contextui melius respondent …, 2 v., Aureliae Allobrogum, 1606-
1609.
omnia quae extant, Graece et Latine …, 2 v., Parisiorum, 1619, reeditada em 1629 e
No século xviii, Th. Buhle deu início a uma nova edição das obras de Aristóteles,
mas não conseguiu terminá-la: Opera omnia Graece …, v. i-iv, Biponti, 1791-1793, v.
v. Argentorati, 1799.
vários detalhes:
Reiner, G. Aristotelis Opera editit Academia regia Borussica, Berolini, 1831-1870. i-ii:
colunas: a da esquerda, indicada com a e a da direita, com b); iii: Aristoteles Latine
Usener, e Index aristotelicus, organizado por H. Bonitz. (Esse Index é uma obra de
altíssi-mo nível, ainda hoje não superada, enquanto a coletânea de fragmentos não
é mais utilizável; cf. adiante a indicação das mais recentes edições dos fragmentos.)
Uma reedição (corrigida) dessa edição monumental foi organizada por O. Gigon,
Berlim, 1960-1961.
Bekker, é a edição publicada por F. Didot, não tão apreciada quanto mereceria e,
Bekker, hoje obrigatória nas citações: Aristotelis Opera omnia graece et latine, cum
(Index), 1874.
Muitas das obras do Corpus aristotelicum estão disponíveis também nas seguintes
• Biblioteca Teubneriana;
Bonetti, A. “Le edizioni del texto greco do Aristotele das 1831 ai nostri giorni”. In:
Vários autores. Aristotele nella critica e negli studi contemporanei. Milão, 1956, p.
166-201.
Fragmentos
Plezia, M. Aristotelis epistularum fragmenta cum testamento. Varsóvia, 1961.
(Bibliotheca Teubneriana).
Metafísica
Bonitz, H. Aristotelis “Metaphysica”, 2 v. Seleção e comentários de B. H. Bonn 1848-
anast.).
As três edições oitocentistas ainda são úteis. No século xx foram publicadas as duas
melhores:
Física
Carteron, H. Aristote, “Physique”, 2 v. Texto estabelecido e traduzido por H.
Prantl, C. Aristoteles’ Acht Bücher “Physik”. Tradução alemã. Leipzig, 1854 (do
Leipzig, 1879).
De caelo
Allan, D. J. Aristotelis “De caelo”. Oxford, 1936 (edição corrigida, 1955; Oxford
Classical Texts).
Florença, 1962.
Prantl, C. Vier Bücher das “Himmelgebaüde” und zwei Bücher Entstehen und
Vergehen, Grieschich und Deutsch. Leipzig, 1858 (cf. do mesmo autor o texto
De generatione et corruptione
Joachim, H. H. Aristotle on Coming-to-be and Passin-away. Texto revisado com
De anima
Biehl, G. Aristotelis, “De anima” libris três. Edição revista. Leipzig, 1896 (Bibliotheca
Teubneriana).
Hett, W. S. Aristotle, “On the Soul”. Tradução em inglês. Londres, 1936 (Loeb
Classical Library).
France).
Trendelenburg, F. A. Aristoelis, “De anima” libri três. Berlim, 1877 (Graz, 1957, reed.
Éticas
Ainda não há uma edição totalmente satisfatória das três Éticas, mas há bons
Grant, A. The “Ethics” of Aristotle, 2 v. Ilustrado; ensaio e notas. Londres, 1857, 1884
Susemihl, Fr. Aristotelis “Ethicha Nicomachea”. Leipzig, 1882 (3ª ed. organizada por
O. Apelt, 1812).
Política
Aubonnet, J. Aristote, “Politique”. Texto estabelecido e traduzido. Paris, 1960 ss (até
hoje foram publicados os dois primeiros volumes, até o livro v;* Collection des
Universités de France).
1887-1922.
Classical Library).
Poética
Bywater, I. On the Art of Poetry. Introdução crítica e comentários. Oxford, 1909.
Berlim/Leipzig, 1934.
Kassel, R. Aristotelis “De arte poética”. Oxford, 1965 (Oxford Classical Texts).
Organon
Waitz, Th. Aristotelis “Organon, 2 v. Leipzig, 1844-1846 (reed. anast., 1962; trata-se
comentário).
1949.
1970).
1964.
Menos válida, embora útil, é a edição com tradução inglesa do Organon, publicada
1938; o volume ii, com os Analytica posteriora e os Topica, foi organizado por H.
1955.
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Infelizmente, ainda não há uma tradução da obra completa de Aristóteles. Uma
foi organizada pelo Centro di Studi Filosofici di Galarate, pela editora Loffredo, de
Sairão em breve:
A maior parte das traduções dos tratados aristotélicos em língua italiana foi
por: Giorgio Colli (Organon), Antonio Russo (Fisica, Della generazione e della
Ateniesi), Mario Vegetti (Parti degli animali), Armando Plebe (Etica Nichomachea,
Giannantoni (Frammenti).
Sansoni, 1962.
Nápoles/Florença, 1970.
várias vezes).
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Traduções latinas
No que diz respeito às traduções latinas de Aristóteles, destacamos:
Aristoteles Latinus, 2 v. Codices descripsit G. Lacombe, in societatem operis
de precisão: “Os dois volumes oferecem uma descrição completa de 2.012 códices,
o Aristóteles latino até 1953; traçam uma breve história da fortuna medieval do
autores. Aristoteles nella critica e negli studi contemporanei. Milão: Vita e Pensiero,
1957, p. 144-166.
No que diz respeito, por outro lado, às traduções das obras de Aristóteles feitas por
Aristoteles latine interpretibus variis, v. iii. Edição da Academia Prussiana das obras
Garin, E. “Le traduzioni umanistiche di Aristotele nel secolo xv”. Atti dell’Academia
Traduções em inglês
Em língua inglesa, há uma boa tradução de todo o Corpus aristotelicum:
Ross, D. (org.). The Works of Aristotle. Oxford, Clarendon Press, 1908 ss (chamada
ii. Philosophy of Nature, 1930: Physica (R. P. Hardie e R. K. Gaye), De Caelo (J. L.
Parva naturalia (J. I. Beare e G. R. T. Ross), De Spiritu (J. F. Dobson); iv. History of
lineis insecabilibus (H. H. Joachim); vii. Problems, 1927 (E. S. Forster); viii.
Metaphysics (D. Ross); ix. Ethics, 1925: Ethica Nicomachea (D. Ross), Magna
Moralia (St. G. Stock), Ethica Eudemia (J. Solomon); x. Politics and economics,
1921: Politica (B. Jowett), Oeconomica (E. S. Forster), Atheniensium Respublica (F.
G. Kenyon); xi. Rethoric and Poetics: Rhetorica (W. Rhys Roberts), De Rethorica ad
Alexandrum (E. S. Forster), De poetica (I. Bywater); xii. Select Fragments, 1952 (D.
Ross).
Essa tradução se impôs como referência no plano internacional e ainda não foi
do texto.
Traduções em francês
A tradução francesa Barthélemy Saint-Hlaire, do século xix, hoje é inutilizável.
Traduções em língua francesa podem ser encontradas também nas edições bilíngues
das várias obras de Aristóteles publicadas pela Collection des Universités de France,
Traduções em alemão
Uma tradução de todas as obras aristotélicas foi iniciada e orientada a bom termo
por Paul Gohlke: Aristoteles, Die Lehrschriften, herausgegeben, übertragen und in ihrer
Aristototele und sein Werk; ii. Lógica: Kategorien und Hermeneutik; Erste Analytic;
Zweite Analytic; Topik; iii. Retórica e poética: Rethorik; Poetik und Fragmente der
Himmel; Ueber Werden und Vergehen; Meterologie; An König Alexander über die
Welt; Kleine Schriften zur Physik und Metaphysik; v. Metaphysik; vi. Alma: Ueber die
Seele; Kleine Schriften zur Seelenkunde; vii. Ética e política: Grosse Ethik; Schrift über
Natureza: Tierkunde; Ueber die Glieder der Geschöpfe; Ueber die Zeugung der
Esse importante empreendimento de Gohlke não foi em geral bem recebido, mas,
Flashar. Eis o plano da obra, com os organizadores de cada volume (os volumes já
R. Tessmer, Munique).
Aufl. 1969.
*vii. Eudemische Ethik, übers. von Franz Dirlmeier, durchges. Aufl. 1969.
*viii. Magna Moralia, übers. von Franz Dirlmeier, durchges. Aufl. 1966.
x. 1. Staat der Athener (B. Lotze, Jena); 2. Ökonomik (H. Braunert, Kiel).
xii. 1 e 2. Meterologie. Ueber die Welt, übers. von Hans Atrohm, 1970; 3. Ueber den
Himmel (P. Moraux, Berlim); 4. Ueber Entstehen und Vergehen (E. G. Schimidt,
Jena).
*xiii. Ueber die Seele, übers. von Willy Theiler, durchges. Aufl. 1969.
xvii. Zoologische Schriften ii. 1. Ueber die Teile der Tiere (I. Düring, Gotemburgo);
*xviii. Opuscula. 1. Ueber die Tugend, übers. von Ernst A. Schmidt, 1965; 2.
Mirabilia, übers. von Helmut Flashar; 3. De audibilibus, übers. von Ulrich Klein,
é quase ilegível).
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Insuperado, pois talvez só possa ser vencido com o auxílio de calculadoras
Didot.
Também são úteis para consulta os índices das edições críticas das obras singulares.
.C ,
Comentários gregos, alexadrinos e bizantinos
Os comentários gregos foram publicados numa edição monumental organizada
M. Hayduck, 1899.
Hayduck, 1888.
Stüve, 1900.
1909.
xiv. Joannes Philoponus: 1. In Meteor. l. i, M. Hayduck, 1901; 2. De Generatione et
M. Hayduck, 1885.
1889.
Hayduck, 1901.
medieval.
(1967), p. 313-413 [a-f]; xxiv (1968), p. 149-245 [g-i]; xxvi (1970), p. 135-216 [Ja-
Jo]; xxvii (1971), p. 251-351 [Jo-Myn]; xxviii (1972), p. 281-396 [n-Ri]; xxix
“Physik” des Aristoteles aus des Zeit etwa 1250-1350, Bd. I. Leiden-Köln, 1971.
Comentários modernos
Esses comentários normalmente aparecem com as edições do texto e suas traduções;
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Estudos sobre o pensamento de Aristóteles em geral
HandBuch, p. 219 ss, Siebek H., Aristoteles, Stuttgart, 1899, 1922 (tradução italiana,
Palermo, 1911).
Allan, D. J. The Philosophy of Aristotle. Londres, 1952; Oxford 1970 (foi traduzido
reed. anast.).
Cresson, A. Aristote, sa vie, son oeuvre, avec un exposé de la philosophie. Paris, 1944,
1963.
Lloyd, G. E. R. Aristotle: The Growth and Structure of His Thought. Cambridge, 1968.
Meulen, J. van der. Aristoteles, der mitte in seinen Denken. Meisenheim Glan, 1951.
1922).
Liepzig, 1923.
Estudos específicos
Aristóteles, ou seja, da filosofia dos exotéricos, e surgiu então toda uma bibliografia
aspectos).
1936, 1973 (embora a perspectiva jaegeriana que a baseia tenha sido superada,
———. “Aristotle in the Protrepticus ‘nel mezzo del cammin’”. In: Vários autores.
261-285.
Karpp, H. “Die Schrift des Aristoteles Perì Ideôn”. Hermes, lxviii, 1933, p. 384-391.
Mansion, S. “La critique de la théorie des Idées dans le Perì Ideôn d’Aristote”. Revue
1957.
Mühll, P. von der. “Osokrates und der Protreptikos des Aristoteles”. Philologus, xciv,
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Owen, G. E. L. “A proof in the Perì Ideôn”. Journal of Hellenic Studies, lxxvii, 1957,
p. 103-111.
Rostagni, A. “Il dialogo aristotelico Perì Poietôn”. Rivista di Filologia Classica, liv,
Roma, 1963.
———. “Neue Fragmente aus Perì Tagathoû”. Hermes, lxxvi, 1941, p. 225-250.
———. “Di aristotelische Schrift Ueber die Philosophie”. In: Vários autores. Autour
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Cherniss, H. Aristotle’s Criticism of Plato and the Academy. Baltimore, 1944 (Nova
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ss, 374 ss; e de Reale, Aristotele, “La Metafisica”, v. ii, p. 449-702. Enfim, uma
século xx; no que diz respeito ao século xix, cf. Reale, Aristóteles, Metafísica, v. ii, p.
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255-264; id., Arist. Eud. Eth., p. 121-127; id., Magn. Mor., p. 113-118. Status
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.T A
A metafísica, v. i. Tradução de Marcelo Perine, ensaio introdutório de Giovanni
bibliografia e notas de Maria Cecília Gomes dos Reis. São Paulo: Editora 34, 2006.
de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1984. Coleção Os Pensadores (São Paulo: Ars
introdução e notas de Isis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
Edipro, 2005.
* Respectivamente em 1986 e 1989 foram publicadas as duas partes do volu-me iii,
até o livro viii. O autor refere-se aqui aos volumes publicados até 1974, ano em que
*
Os dois últimos títulos foram efetivamente publicados: Trattato sul cosmo per