Você está na página 1de 14

BOLETIM INFORMATIVO | JUNHO | 2022

PIERRE VERGER EM OUAGADOUGOU


MUSEU NACIONAL DO BURKINA FASO RECEBEU FOTOGRFIAS DE 1936
A embaixadora do Brasil no Burkina Faso fez a entrega simbólica de fotografia de Pierre Verger à Ministra da Cultura do país africano. | Foto:Dandara Araújo.

EDITORIAL

A Fundação Pierre Verger publica a segunda edição do Por falar em apoio, a Fundação Pierre Verger também
seu Boletim Informativo, ano 2022, trazendo as ativi- entrou na campanha de financiamento coletivo SPD 190
dades realizadas pela instituição nos meses de maio ANOS - EU FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA, que teve como
e junho. Nesta publicação, trazemos como destaque objetivo levantar fundos para a produção de um filme do-
uma ação em parceria com a Embaixada do Brasil cumentário sobre a Sociedade Protetora dos Desvalidos
em Burkina Faso, que presenteou o Museu Nacional (SPD), a mais antiga associação civil negra do Brasil.
do país africano com fotografias produzidas por Ver-
ger em 1936, além de importantes articulações para o Já o nosso Espaço Cultural Pierre Verger foi cenário para
desenvolvimento de intercâmbios culturais, artísticos e uma roda de conversa super interessante que abordou
científicos entre os dois países. uma das tradições musicais mais populares da Bahia,
através do projeto Patrimônio É..., realizado pela Funda-
Outro assunto em pauta é o lançamento do livro A foto- ção Gregório de Mattos.
grafia de Rubens Guelman – Diversidades & Identidades,
do fotógrafo Rubens Guelman, realizado na livraria LDM, Continuando as homenagens aos 120 anos do nasci-
em Salvador, evento que contou com o apoio institucional mento de Pierre Verger, o nosso boletim traz mais uma
da Fundação. série de depoimentos sobre Fatumbi e a Fundação, com
alguns colaboradores da instituição.
Saiba como o livro Orixás: Deuses Iorubás na África e
no Novo Mundo entrou para a relação dos 200 livros A Fundação Pierre Verger deseja um boa leitura, lem-
mais relevantes para entender o Brasil brando que através do nosso site você fica por dentro
de mais informações sobre a instituição.
ÍNDICE
04
DOAÇÃO DE FOTOGRAFIAS Pierre Verger em Burkina Faso

06
LANÇAMENTO DE LIVRO A fotografia de Rubens Guelman

07
PARCERIA SPD 190 Anos - Eu faço parte dessa história

08
LIVROS 200 anos, 200 livros

09
ARTE, CULTURA, EDUCAÇÃO Espaço Cultural Pierre Verger

14
INSTITUCIONAL A presença de Verger

FUNDAÇÃO PIERRE VERGER


Presidente: Gilberto Sá.

Edição: 03/2022.
Expediente: Boletim Informativo bimestral, elaborado pela Comunicação da Fundação Pierre Verger.
Coordenação e Conteúdo: Alex Baradel, Angela Lühning e Tacun Lecy.
Organização, Design Gráfico e Diagramação: Tacun Lecy.
Textos: Tacun Lecy e Alex Baradel.
Revisão de textos: Alex Simões.
Fotos: Alex Baradel, Dandara Araújo, Pierre Verger e Tacun Lecy.
Revisão Geral: Alex Baradel, Angela Lühning e Dione Baradel.
Contato: comunicacao@pierreverger.org

APOIO FINANCEIRO:

A Fundação Pierre Verger é mantida com apoio do Fundo de Cultura do Estado da Bahia.
MOSTRADE
DOAÇÃO FOTOGRÁFICA
FOTOGRAFIAS

Burkina Faso, 1936. | Foto: Pierre Verger.

PIERRE VERGER EM BURKINA FASO


O Museu Nacional de Burkina evento iniciado às 15h30, no do Marrocos e da Turquia; da de-
Faso recebeu da Fundação Pierre próprio museu, com a presença putada e do membro da Suprema
Verger a doação de 15 fotogra- de cerca de 100 pessoas, entre Corte Local, Yabré Kongo; da pre-
fias produzidas por Verger em sua profissionais da cultura de Burki- sidente do Conselho de Diretores
primeira viagem ao continente na Faso, políticos, acadêmicos e do Museu, Alimata Sawadogo;
africano, em 1936. A benfeitoria membros do corpo diplomático, do diretor do Departamento de
foi o resultado de uma longa co- com destaque para as presenças História e de Arqueologia da Uni-
laboração entre a Fundação Pier- da embaixadora do Brasil em Ou- versidade(antiga Universidade de
re Verger e a Embaixada do Brasil agadougou, Ellen Barros; da mi- Ouagadougou), Joseph Ki-Zerbo,
em Burkina Faso, principalmen- nistra da Comunicação, da Cul- Pon Jean-Baptiste Coulibaly; e do
te através da embaixadora Ellen tura, das Artes e do Turismo de representante da Fundação Pierre
Barros e da vice-cônsul Dandara Burkina Faso, Valérie Kaboré; da Verger, Alex Baradel.
Araújo. diretora-geral do Museu Nacional,
Rasmata Sawadogo; do embaixa- As fotografias doadas ao Museu
O evento de entrega das obras dor do Japão em Ouagadougou; Nacional são a metade das 30
aconteceu no dia 8 de maio, em de representantes das embaixadas que compuseram, em setembro de
Boletim Informativo | Edição 03/2022 04 Salvador, Bahia | Junho, 2022
Representantes de embaixadas brasileiras, do Museu Nacional do Burkina Faso e da Fundação Pierre Verger na cerimônia de doação das fotografias. | Fotos: Dandara Araújo.
2020, a exposição Burkina 1936: construção de uma ponte de coope- televisão estatal e o mais assistido
o olhar de Pierre Verger, fotógrafo ração cultural entre os dois países. no país – e artigos sobre a atividade
viajante, produzidas pelo fotógrafo nos três principais jornais impressos
franco-brasileiro em Burkina Faso, A ministra Valérie Kaboré elogiou burquinenses (Sidwaya, L’Observa-
em 1936, e que, até então, nunca o engajamento da Fundação Pierre teur Paalga e Le Pays). A doação foi
haviam sido exibidas nesse país. Verger e a mediação da Embaixa- tema, ainda, de artigos em diversas
da para tornar a doação possível mídias virtuais, como periódicos di-
A ação integra uma das missões e mencionou que as fotos de Pierre gitais, blogs e sites locais especiali-
institucionais da Fundação de forta- Verger permitirão aos burquinenses zados em assuntos culturais.
lecer os lanços entre Brasil e África, descobrir o país na década de 1930
o que foi citado no pronunciamen- e em seguida convidou a população >>> Assista à matéria. <<<
to de Alex Baradel, ao revelar a para visitar o museu e conhecer as
importância do intercâmbio com o imagens. A ministra revelou que A ação de doação das fotografias
continente africano para o próprio Burkina Faso ficou muito grato pela de Pierre Verger ao Museu Nacio-
Pierre Verger e, consequentemente, doação dos registros, destacando a nal envolveu diversas reuniões de
para a Fundação, destacando que necessidade de conhecer suas ori- trabalho, reforçando a cooperação
a doação realizada e o projeto de gens, a fim de construir um futuro entre o Brasil e Burkina Faso, assim
aproximação com o Museu Nacio- para a juventude e o projeto inicia- como entre a Fundação Pierre Ver-
nal concretizam os objetivos pelos do com a doação das fotos revela ger e instituições locais. A partir de
quais a instituição foi criada. que o Brasil se abre a Burkina Faso então, abriu-se a possibilidade de
e isso é motivo de grande satisfa- intercâmbios culturais e científicos
Como mencionou a embaixadora ção. entre a Fundação, o Museu Nacio-
Ellen Barros, a exposição Burkina nal e a Universidade de Ouagadou-
1936: o olhar de Pierre Verger, fo- O evento teve muita repercussão na gou, notadamente no compartilha-
tógrafo viajante abriu uma jane- mídia local, com veiculação de ma- mento da tecnologia do sistema de
la para o passado comum entre o térias sobre a doação no principal gestão de acervo iconográfico pela
Brasil e Burkina Faso, permitindo a jornal noturno da RTB – canal de Fundação.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 05 Salvador, Bahia | Junho, 2022


INSTITUCIONAL
LANÇAMENTO DE LIVRO

Lançamento do livro de Rubens Guelman, em Salvador. | Foto: Divulgação.

A FOTOGRAFIA DE RUBENS GUELMAN - DIVERSIDADES & IDENTIDADES


No dia 14 de maio, aconteceu o SINOPSE personagens do cotidiano, presentes
lançamento do livro A fotografia Por meio de narrativas construídas a em suas primeiras séries fotográficas.
de Rubens Guelman – Diversi- partir de dez séries fotográficas docu-
dades & Identidades, de Rubens mentais, Rubens Guelman faz notar o Trata-se de uma fonte de pesquisa
Guelman. O evento, iniciado às realismo urbano da década de 60 com para historiadores interessados na
15 horas, foi realizado na Livraria seu acervo inicial de 1966 a 1968. época retratada por Rubens Guel-
LDM do Shopping Bela Vista (Sal- man, cuja experiência narrada na
vador, Bahia). Imagens desse livro revivem andan- publicação estimula os apaixona-
ças nas praças públicas e ruas de Sal- dos que veem na arte da fotografia
O lançamento da obra tem apoio vador, Caruaru, Ilha de Itaparica e Re- documental um modo de investigar
institucional da Fundação Pierre cife e trazem a diversidade de cenas a multiplicidade do mundo com
Verger colhidas em flagrantes aleatórios de empatia e olhar crítico.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 06 Salvador, Bahia | Junho, 2022


PARCERIA

Campanha de financiamento coletivo para produção do filme sobre a Sociedade Protetora dos Deesvalidos.

SPD 190 ANOS - EU FAÇO PARTE DESTA HISTÓRIA


A Fundação Pierre Verger apoiou uma tempos da escravatura e ainda por mantendo-se ativa e atuante, a SPD
grande campanha de financiamento várias décadas após a abolição, clamou por apoio e participação do
coletivo para a produção de um filme a SPD desempenhou um papel público na campanha intitulada:
documentário sobre a Sociedade de grande importância para SPD 190 ANOS - EU FAÇO PARTE
Protetora dos Desvalidos (SPD), a garantir a sobrevivência de muitos DESTA HISTÓRIA.
mais antiga associação civil negra do negros e negras, atuando como
Brasil, entidade mutuária (dedicada caixa de empréstimos e penhores, A campanha foi finalizada no
à ajuda mútua), que foi fundada em comprando cartas de alforria, dia 3 de junho e, infelizmente,
1832, em pleno regime escravocrata apoiando na doença, na invalidez, não conseguiu arrecadar a meta
e está completando 190 anos agora na velhice e ainda na garantia de necessária para a sua realização.
em 2022. um funeral digno.
O filme seria produzido pela
Certamente não foi fácil viver A SPD muito fez pelo povo negro PORTFOLIUM e dirigido por Antonio
sob a escravidão. A atuação de e certamente merece ter um filme Olavo, conceituado cineasta e
associações de ajuda mútua, documentário sobre sua gloriosa pesquisador baiano, que trabalha
como a SPD, tornou esse viver história. Ainda hoje, localizada com temas ligados à valorização da
menos doloroso. Nesses duros no Centro Histórico de Salvador, memória negra.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 07 Salvador, Bahia | Junho, 2022


LIVROS

Livro Orixás, de Pierre Fatumbi Verger, é um dos 200 livros mais importantes do Brasil.
200 ANOS, 200 LIVROS
O livro Orixás: Deuses Iorubás na o trabalho durou pouco mais de estrangeiros, a chamada missão
África e no Novo Mundo, de Pierre um ano. francesa, que veio nos anos 30
Fatumbi Verger, é uma das obras pra fundar a Universidade de São
que integram a relação dos 200 li- A sugestão de Orixás foi feita pelo Paulo, produzindo duas grandes
vros mais relevantes para entender sociólogo, escritor e professor obras sobre o candomblé; um que
o Brasil, publicada recentemente emérito da Universidade de São é As religiões africanas no Brasil e
pela Jornal Folha de S. Paulo. A Paulo (USP), Reginaldo Prandi que, o outro é O candomblé da Bahia.
publicação é o resultado do pro- em depoimento à Fundação Pierre Do ponto de vista das artes, você
jeto 200 ANOS, 200 LIVROS, uma Verger justificou a indicação. tem personalidades como Jorge
iniciativa da Folha, da Associação Amado e, sobretudo, Carybé, na
Portugal Brasil 200 anos e do Pro- Por que eu indiquei Orixás, do literatura e artes plásticas. E você
jeto República, núcleo de pesquisa Pierre Verger? Porque ele é um tem uma contribuição muito im-
da UFMG (Universidade Federal livro muito decisivo na legitima- portante que é o trabalho na fo-
de Minas Gerais). ção social do candomblé como tografia, que é um testemunho
religião que tem uma origem, que que tem muita legitimidade, tanto
Para o projeto, as três instituições tem uma história, que tem uma estética como científica, porque a
montaram uma comissão e foram tradição. Obviamente nós tivemos fotografia serve de comprovação
convidadas 169 personalidades várias pessoas que participaram científica nas ciências humanas.
para o conselho curador deste desse processo de dar à religião
projeto; intelectuais de diversas o status que ela tem mesmo, que Então, em Orixás, as fotografias
áreas, como história, sociologia, é de estar firme e de não ser uma revelam que aquilo que tinha na
ciência política, direito, antropo- crença, um folguedo ou uma sei- África, se reproduz no Brasil, com
logia, jornalismo, literatura, foto- ta qualquer. Então, você tem pelo toda a autenticidade. Você tem na
grafia e artes visuais. A partir des- ponto de vista da sociologia uma página da esquerda, por exemplo,
sas indicações, a iniciativa chegou grande contribuição do Roger Bas- Xangô dançando em uma aldeia
a uma lista de duas centenas de tide, que é um dos sociólogos fran- africana e na página direita, você
obras para entender o país. Todo ceses que compuseram o grupo de tem Xangô dançando em um ter-

Boletim Informativo | Edição 03/2022 08 Salvador, Bahia | Junho, 2022


Xangô em Saketê, na África é citado no depoimento de Reginaldo Prandi sobre a indicação do livro Orixás.
reiro da Bahia, do Brasil, da Amé- mente, os princípios básicos, aqui- sua origem, da sua legitimidade,
rica. Ou seja, na verdade o que o lo que é absolutamente decisivo, das suas certezas. Isso está mais
livro mostra é que esse processo tudo isso está preservado, isso foi que comprovado, detalhado, es-
de tráfico de escravizados ele não perfeitamente documentado pela crito, reescrito... A presença dos
trouxe somente o trabalho escra- fotografia. terreiros na música, na literatura,
vo, ele não trouxe simplesmente na poesia, na arte, na culinária e
a força de trabalho que produziu No livro Orixás não ficamos limi- em tudo que diz respeito às tra-
a riqueza material do Brasil, mas tados apenas às fotografias por- dições culturais. Esse candomblé
ele trouxe, também, uma tradi- que Verger, além de fotógrafo, se não é um candomblé que surgiu
ção que era absolutamente viva constituiu em um grande historia- do nada, ele tem uma origem, tem
na África. Então, por que o livro dor, um grande etnógrafo, um mi- uma história e essa história é con-
é extremamente importante? Por- tologista. Então, tem as fotografias tada pelo livro Orixás.
que, ao você selecionar quais são e tem um relato histórico e etno-
as fontes mais decisivas para você gráfico. Ou seja, é como se o livro E foi exatamente isso que contei
entender o Brasil, pra você com- contasse com uma comprovação aqui, agora, a justificativa que
preender o Brasil, se sentir brasi- que as ciências aceitam, qual é acompanhou a minha indicação,
leiro, amar o Brasil etc., uma das uma das religiões básicas do Bra- que incluiu o livro Orixás entre os
fontes é exatamente Pierre Verger, sil. 200 livros mais importantes para
que mostra ‘lá é assim e aqui é as- se entender o Brasil.
sim, também’. E evidentemente ele Mais importante que isso, ain-
vai mostrar muito daquilo que foi, da, é que o livro contribuiu muito O depoimento de Reginaldo Pran-
também, a adaptação que a reli- para aumentar a autoestima do di foi concedido a Tacun Lecy.
gião dos orixás teve que sofrer no povo de santo no Brasil. Porque,
Brasil porque era uma outra socie- de repente, eles não estavam ba- Você pode adquirir o livro Ori-
dade, era uma outra natureza, di- seados apenas nas coisas de ou- xás: Deuses Iorubás na África e
gamos num outro meio ambiente, vir contar, de ouvir falar, mas eles no Novo Mundo através da nossa
uma outra cultura. Mas essencial- tinham uma prova material da loja online.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 09 Salvador, Bahia | Junho, 2022


COMEMORAÇÕES

Noélia Cruz e Eliane Weyll | Fotos: Alex Baradel.

120 ANOS DE PIERRE VERGER - DEPOIMENTOS


Desdde a última edição do Boletim livros, vestuários e outros artigos o memorial!
Informativo, a Fundação vem co- atualizados, bem como estar ante-
memorando os 120 anos de Pierre nada na atualidade, a fim de sem- Trabalhar aqui na Fundação é mui-
Fatumbi Verger, apresentando uma pre buscarmos inovações dentro do to bom. Soube disso assim que
série de depoimentos e entrevistas que é possível na diversidade de cruzei o portão pela primeira vez e
realizadas com pessoas que parti- nossos produtos que representam a vi o bambuzal na entrada e disse
cipam do cotidiano da instituição. instituição. a mim mesma: “vou ser feliz nes-
se lugar”. Espero que mais e mais
Nesta edição, quem participou Considero que o papel da Funda- pessoas venham buscar a Funda-
foi a Assistente Comercial Noélia ção e de sua equipe é mantermos ção como fonte de pesquisa e de
Cruz, a Secretária Eliane Weyll, o vivo todo o legado de Verger, com conhecimento.
responsável pelo setor comercial, o objetivo de continuarmos levando
Rafael Celestino e o Professor da todo o seu conhecimento e sua obra Amo ser uma colaboradora desta
Oficina de Esporte, Mário Mendes. para um número cada vez maior de instituição.
pessoas.
NOÉLIA CRUZ RAFAEL CELESTINO
Comercial ELIANE WEYLL Comercial
Comecei a trabalhar na Fundação Secretária Cheguei à Fundação em 2004. An-
em 2002, infelizmente não chegan- Cheguei na Fundação em 2003, teriormente trabalhava numa co-
do a tempo para conhecer o an- através de uma oportunidade de operativa localizada em torno do
tropólogo, escritor e etnólogo Pier- emprego. Sou secretária e, além Parque São Bartolomeu. Na época,
re Edouard Leopold Verger, nosso de serviços burocráticos a realizar, outra cooperativa que fazia parte
grande mestre Pierre Verger. Che- recebo as pessoas que nos visitam do mesmo grupo prestava servi-
guei para fazer parte de uma equi- para conhecer a instituição ou que- ço de confecção de bolsas para a
pe já formada para comemorar- rem pesquisar no setor fotográfico instituição. Lembro que chegou a
mos, naquele ano, seu centenário ou na biblioteca. notícia que a Fundação estava con-
de nascimento, quando estava sen- tratando um funcionário para atuar
do preparada uma megaexposição Tenho o maior prazer em falar sobre no setor fotográfico. Sendo um dos
inesquecível que passou por vários Verger e sua trajetória, porque nem indicados para realizar uma entre-
estados brasileiros. todos os visitantes que chegam já vista, fui selecionado e até hoje es-
sabem algo sobre a vida e as obras tou por aqui.
Na Fundação sou uma das respon- de Fatumbi ou conhecem o acervo
sáveis pelo setor comercial, incum- fotográfico. Aí me empolgo quando Como já mencionado, inicialmente
bida de manter nossos estoques de falo, ainda mais quando apresento trabalhei no setor fotográfico e de-

Boletim Informativo | Edição 03/2022 10 Salvador, Bahia | Junho, 2022


Rafel Celestino e Mário Mendes. | Fotos: Tacun Lecy e arquivo pessoal Mário Mendes.
pois mudei para o comercial. Den- Ela achava que meu perfil se encai- xão dos sujeitos participantes.
tre outras questões importantes no xava no desenvolvimento de ativida-
meu trabalho, destacaria o desafio des no Espaço Cultural e me indi- A oficina de esporte é pautada na
de pensar meios – logística, canais cou. Foi assim que assumi a oficina prática e na reflexão. Através das
de vendas etc. – que permitam aos de esporte. diversas ações, buscamos colocar o
nossos clientes ter acesso à obra de indivíduo como parte de todo o pro-
Pierre Verger de forma simples e fá- Percebo que as oficinas desenvol- cesso, para que cada um possa en-
cil e com qualidade. vidas no Espaço Cultural criam um tender que o problema não é outro,
universo de possibilidades que con- mas que é o coletivo que precisa se
Pensando daqui para frente, tam- tribuem de forma efetiva no pro- questionar o tempo todo sobre seu
bém acho que o papel e a impor- cesso de formação de sujeitos que papel enquanto sujeitos na socieda-
tância da Fundação e do trabalho muitas vezes vivem à margem da de. Tento levá-los a perceberem sua
desenvolvido por ela consistem em sociedade e sem muitas perspecti- própria identidade através da cons-
manter e reforçar a atuação na vas de vida. As nossas oficinas in- trução de seu projeto de vida.
preservação e divulgação da obra centivam a um novo olhar sobre o
de Pierre Verger. Desse modo, po- mundo, tornando-os autores das Os desafios são constantes den-
de-se permitir que mais pessoas suas próprias histórias e construin- tro do processo educativo. Conse-
tenham acesso à sua obra (livros, do novos espaços possíveis, que guimos, mesmo assim, através de
fotos, documentos...), além de con- lhes permitem viver com menos de- nossos encontros e reuniões peda-
tinuar a atuação social na comuni- sigualdade. gógicas, avaliar, discutir e refletir
dade. sobre a nossa prática educativa,
No meu próprio trabalho no Espa- para a partir daí buscarmos novas
MÁRIO MENDES DA SILVA ço, percebo que é preciso trabalhar estratégias que despertem o inte-
Professor da Oficina de Esporte e abordar diversas temáticas, além resse dos educandos participantes,
Sou formado em Educação Física, da prática esportiva, por entender fazendo com que se tornem sujei-
atualmente cursando Fisioterapia, que no processo educativo se faz tos ativos na construção do conhe-
e atuo como professor de esportes necessário discutirmos e refletirmos cimento. Em relação às conquistas,
e futsal, educador de medidas e sobre assuntos cotidianos e históri- posso mencionar, por exemplo,
educador social, além de personal cos, que contribuem para a vida do os educandos e participantes que
trainer, instrutor de treino funcional sujeito, tornando-o um ser crítico e hoje estão desenvolvendo o tra-
e técnico de atletismo. emancipado. Vale ressaltar que, na balho como auxiliares da oficina
nossa prática diária, costumamos no próprio Espaço Cultural, bem
Ingressei no Espaço Cultural em trabalhar com a roda de diálogo, como outros que, através das ofi-
2009, através da arte-educadora por entender que ela é uma ferra- cinas, conseguiram se colocar em
Manuela, uma colega que já havia menta importante e democrática espaços que antes lhes pareciam
trabalhado comigo no Projeto Axé. que permite a fala, a escuta e refle- inacessíveis.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 11 Salvador, Bahia | Junho, 2022


RODA DE CONVERSA

Projeto da Fundação Gregório de MAttos homenageou o samba junino no Espaço Cultural Pierre Verger. | Foto: Divulgação/FGM.

PATRIMÔNIO É... SAMBA JUNINO


Nascida e criada entre surdos, A iniciativa teve ainda a partici- sempre enfrentei barreiras culturais
pandeiros e tamborins, a artista pação de Nonato Sanskey, vice- e preconceitos, até ser reconheci-
trans Pocket Nery, rainha da Liga -presidente da Liga, e do cantor da”, conta Nery.
do Samba há quase uma década, e compositor Tonho Matéria. A
foi uma das participantes, no dia mediação foi do historiador Muri- Liga – Fundador da Liga do Samba
14 de junho, de mais uma edição lo Mello, contando com apresen- Junino e ex-presidente da entidade,
da roda de conversa “Patrimônio tação, no formato pocket show, criada em 2013, Nonato Sanskey,
É…”. O evento, com início às 17 de muito samba duro. A atividade de 43 anos, destacou a importância
horas, aconteceu na Fundação também foi transmitida pelo canal do samba junino como manifestação
Pierre Verger e foi aberto ao pú- da FGM no YouTube. cultural. “O nosso papel é fomen-
blico. tar ações e registrar agremiações,
Documentário – Além de rainha da levando ao reconhecimento dessa
Os encontros, promovidos pela Liga do Samba e artista trans, Po- arte, como patrimônio imaterial do
Fundação Gregório de Mattos cket Nery, aos 52 anos, é a estrela município de Salvador”, explica.
(FGM), debatem sobre as princi- de um documentário biográfico di-
pais expressões culturais soteropo- rigido por Fabíola Aquino, com re- Segundo Sanskey, o samba junino
litanas, resgatando e apontando curso da Lei Aldir Blanc. foi o responsável pelo desenvolvi-
novos caminhos. Dessa vez, a pro- mento dos principais grupos, canto-
posta era lembrar que o samba ju- “Convivo com o samba junino des- res, compositores e músicas icônicas
nino surgiu nos terreiros e ganhou de a infância. Lembro que, ainda da cultura baiana, a exemplo de su-
as ruas, retomando as atividades, menina, ouvia o samba começar e cessos de Sarajane, Timbalada, Ni-
depois de dois anos sem a festa saía dançando pelas ruas do Alto nha, dentre outros artistas e grupos,
presencial. das Pombas. Batalhei bastante para oriundos da manifestação cultural,
ser rainha do samba junino, mas nascida nos bairros da cidade.

Boletim Informativo | Edição 03/2022 12 Salvador, Bahia | Junho, 2022


OFICINAS CRIATIVAS DO ESPAÇO CULTURAL PIERRE VERGER

>>> INSCRIÇÕES ABERTAS PARA VAGAS COMPLEMENTARES <<<

ARTES
Aulas todas as sextas, das 14h às 16h

CAPOEIRA
Aulas todas as terças e quintas, das 17h às 19h.

CORAL
Aulas todas as quartas, das 16h às 18h.

CULINÁRIA
Aulas todas as terças e quintas, das 14h às 16h.

DANÇA
Aulas todas as sextas, das 16h30 às 18h30.

VIOLÃO
Aulas todas as terças e quintas, das 18h às 20h.

PANDEIRO FEMININO
Aulas todas as segundas, das 17h30 às 18h30.

MATRÍCULAS

Realizadas de forma presencial, de segunda a sexta, das 14h às 19h.

Documentos necessários: cópias de RG, comprovante de residência e cartão de vacina.

MAIORES INFORMAÇÕES:

E-mail: espacocultural@pierreverger.org

Telefones: 71 3203.8409 | 3203.8411

Boletim Informativo | Edição 03/2022 13 Salvador, Bahia | Junho, 2022


UM FRAGMENTO DA NOSSA HISTÓRIA
A PRESENÇA DE VERGER

Ouagadougou, 1936
Acervo fotográfico da Fundação Pierre Verger
Fotografia: Pierre Verger

A Fundação Pierre Verger se mantém através do recebimento dos direitos autorais e da venda de obras e produtos estampados com fo-
tografias de Pierre Verger, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura. Toda renda obtida com a
obra do seu instituidor é revertida para a preservação de seu acervo e manutenção do Espaço Cultural. Interessados em contribuir com a
Fundação podem entrar em contato através do endereço fpv@pierreverger.org.

Fundação Pierre Verger


2ª Travessa da Ladeira da Vila América, 06, Engenho Velho de Brotas.
Salvador, Bahia, Brasil. CEP: 40.243-340.
Tel.: +55 71 3203.8400 | www.pierreverger.org | @fundacaopierreverger

Você também pode gostar