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Prodecer III completa 15 anos fomentando o desenvolvimento

Fred Alves

Pedro Afonso é referência no agronegócio tocantinense, recebe investimentos de


grandes empresas e oferece muitas oportunidades de trabalho. É visível o
desenvolvimento econômico que o município atravessa. Mas é preciso fazer justiça, já
que esse desenvolvimento não é algo recente e teve início ainda no ano de 1996 com a
implantação do Prodecer III – Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o
Desenvolvimento dos Cerrados.

Fruto de uma parceria entre os governos do Brasil e do Japão, o programa tem como
coordenador político institucional o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e
Reforma Agrária; e como coordenadora de implementação a Companhia de Promoção
Agrícola – CPA (Campo), sendo financiado pelos Governos do Brasil, do Japão, por
meio da JICA – Japan International Cooperation Agency, e instituições financeiras.

O Prodecer III foi idealizado para a produção de grãos, numa área de aproximadamente
40 mil hectares, principalmente focado em atender as necessidades de outros países. A
intenção foi criar uma sistema de produção agrícola através do desenvolvimento,
aplicação e aperfeiçoamento de técnicas agrícolas compatíveis com a região. Outra meta
era implementar um sistema de assentamento coletivo dirigido, tornando-se um modelo
de desenvolvimento para a região do cerrado, através do desenvolvimento de
tecnologias apropriadas as condições locais e seleção de culturas perenes e resistentes
ao período da seca.

Foram disponibilizados 41 lotes para produtores vindos de várias partes do Brasil.


Quatro deles já tinham domicílio em Pedro Afonso: Sá Filho, Euid, Sílvio Sandri e
Pedro Afonso Oliveira Tavares. Eram homens e mulheres que tinham em comum a
experiência na labuta no campo e o desejo de prosperar na atividade agrícola.

Disputa

O ex-prefeito de Pedro Afonso e cooperado da Coapa, José Edgar de Castro Andrade,


relata que o programa inicialmente seria instalado em Silvanopólis, outro município
tocantinense. “Se não tivesse ocorrido a mobilização política e da sociedade, Pedro
Afonso não teria sido escolhido para receber o Prodecer III”, diz lembrando que os
japoneses da Jica e da Embaixada do Japão no Brasil, numa comitiva que veio em oito
aviões, ficaram surpresos com a recepção ao visitar o município pela primeira vez. José
Edgar destaca o papel fundamental de Siqueira Campos, na época governador do
Estado, e do presidente da Campo, Emiliano Botelho, para viabilizar a vinda do
Prodecer III para Pedro Afonso. “O Governo do Estado foi avalista de 50% do projeto
(U$ 25 milhões), sendo decisivo para sua implantação em nosso município”, revela o
produtor rural. “Também foi importante Pedro Afonso ter água em abundância, terras
propícias para a agricultura e excelente localização geográfica”, lembrou.

Fomentando o desenvolvimento
Atual presidente da Coapa e um dos colonos do Prodecer III, o paulista de Taubaté
Ricardo Khouri, ressalta o sentimento dos produtores quando chegaram ao município.
“Vínhamos focados em trabalhar, abrir lotes e começar a produzir logo”, recorda
Khouri. “As pessoas torciam para dá certo, por saberem que o projeto era uma
alternativa para o desenvolvimento de Pedro Afonso e região”, recorda.

Mineiro de Patos de Minas, o economista com especialização em Economia Rural


Evanis Roberto Lopes, que tinha 34 anos ao se instalar no Lote 25 do Prodecer (que
recebeu o nome de Fazenda São Pedro em homenagem ao padroeiro de Pedro Afonso),
destaca a receptividade aos colonos. “A integração foi fácil e não aconteceram
problemas como em outros municípios onde o programa foi instalado”, diz Evanis,
chamando atenção para o fato do Prodecer III ser um projeto que sempre respeitou o
meio ambiente. “Temos 50% de reserva legal enquanto a legislação exige 35%, sempre
preservamos as nascentes, monitoramos a qualidade da água e destinamos corretamente
as embalagens de agrotóxicos e insumos”, detalhou o produtor.

José Edgar chamou atenção para outro aspecto interessante: “Os produtores do Prodecer
III contribuíram para o Tocantins ter a tecnologia de ponta de hoje e Pedro Afonso se
tornar referência no agronegócio”.

Para Ricardo Khouri, o programa também contribuiu para melhorar o nível de renda
com o surgimento de novos postos de trabalho, na qualificação da mão-de-obra local e
fez com que o poder público investisse na melhoria da infraestrutura, saúde e educação
proporcionando qualidade de vida à população. “Acredito que os objetivos do Prodecer
foram alcançados, principalmente no ponto de vista social e do desenvolvimento de toda
uma região que agrega municípios como Tupirama e Bom Jesus do Tocantins”,
concluiu Khouri.

Segundo o governador Siqueira Campos, a implantação do Prodecer III representou um


grande avanço no desenvolvimento de ações que tem como finalidade o aproveitamento
dos recursos naturais, crescimento da economia e da qualidade dos tocantinenses, além
de prever a necessidade de agregação de valor à produção no Tocantins. “Projetos como
este podem acabar com fome no nosso Estado. A capacidade de produção de alimentos
é a grande riqueza de nações do mundo inteiro. O Tocantins é um estado privilegiado e
nós temos o dever de transformar esse potencial em ações concretas e objetivas”, disse o
governador, acrescentando que a Coapa tem papel fundamental nesse processo por
incentivar a produção agropecuária.

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