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PETRÓPOLIS
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PREFEITO MUNICIPAL DE MANAUS


Amazonino Mendes

VICE-PREFEITO MUNICIPAL DE MANAUS


Carlos Souza

DIRETORA-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA E ARTES


Lívia Mendes

VICE-DIRETOR-PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA E ARTES


Renato Seyssel

DIRETOR DE LOGÍSTICA E FINANÇAS DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA E ARTES


Carlos Augusto Pereira da Silva

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICA CULTURAL


Thiago de Mello

SECRETÁRIO-EXECUTIVO
Jaime Pereira

Av. André Araújo, n.º 2767 Avenida André Araújo, 2767 – Aleixo
Aleixo CEP: 69060-000 – Manaus-AM
CEP: 69060-000 – Manaus-AM Telefone: 92-3215-3474/3470
Tel.: 92-3631-8560 Site: www.manaus.am.gov.br
E-mail: concultura@pmm.am.gov.br E-mail: gabdiretoria.manauscult@pmm.am.gov.br
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Carlos Tiago

PETRÓPOLIS
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Copyright © 2010 Carlos Tiago

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Carlos Augusto Pereira da Silva
PROJETO GRÁFICO
Marcos Sena
(marcos_tito_sena@ig.com.br)

CAPA
Marcicley Reggo
(Kintaw Design)

REVISÃO
Márcio Pinheiro dos Santos
FICHA CATALOGRÁFICA
Ycaro Verçosa dos Santos – CRB-11 287

T237p Tiago, Carlos.

Petrópolis. / Carlos Tiago. Manaus: Edições Muiraquitã,


2010.

52 p.
Série: Coleção Prêmios dos Bairros.

ISBN 978-85-99122-35-8

1. Bairros de Manaus 2. Comunidades urbanas I. Título


II. Série

CDD 307.38113
22. ed.
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O BAIRRO DE PETRÓPOLIS FOI CRIADO no dia 24 de


setembro de 1951. O fundador e personagem
principal do povoamento do local foi o coronel
Alexandre Montoril, que chegou a Manaus por
volta de 1912, vindo do Ceará, e foi também o
fundador do bairro vizinho, São Francisco.

Livro Petrópolis, Prêmio Literário Mário Ypiranga


Monteiro
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SUMÁRIO

Apresentação 9
Prefácio 11

PETRÓPOLIS
A cidade de Pedro 12
Histórico 12
Quem foi Alexandre Montoril!? 16
Localização 17
População 17
Segurança do bairro 18
Assistência à educação 19
Assistência à saúde 20
Serviço de transporte Público 21
Ao que tange a questão social 21
Telecentro Comunitário Dona Iracema da Silva e
Biblioteca Comunitaira Socorro Chaves 22
A criminalidade em Petrópolis 23
A fé da cidade de Pedro 23
A paróquia de São Pedro Apóstolo 24
Manaus: uma diocese romanizada 28
A adolescente o garoto e o poeta de Petrópolis 32
Personagens do bairro 33
O que foi a ditadura comentada por seu
Demosthenes 41
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Os lugares para as famílias se divertirem 43


O Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia 43
Referências 47
Acervo Iconogáfico 49
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Apresentação

MINHAS PRIMEIRAS PALAVRAS manifestam a alegria


que nos invade por apoiar cada vez mais as iniciativas de
produção literária, por meio dos Prêmios Mário Ypiran-
ga Monteiro, criados com a finalidade de estimular os
artesãos da pesquisa e da palavra, assim como estreitar o
relacionamento dos habitantes com seus marcos refe-
renciais - os bairros.
Com efeito, estaremos movimentando a curiosidade
em torno de uma coleção histórica de nossa cidade, pro-
porcionando o aparecimento de novos autores na área
literária e, em consequência, seguindo com o programa
de formação de novos leitores.
Acredito ser essa política a principal ferramenta de
qualquer gestor público, de combate ao analfabetismo, à
exclusão social e de incentivo à melhoria da qualidade da
formação em todos os níveis, sem perder de vista a pos-
sibilidade de geração de emprego e renda no mercado
editorial e gráfico de Manaus, assim como na rede de
livrarias da cidade e na comunidade de escritores de lite-
ratura geral e de livros didáticos para todas as idades e
para todas as áreas.

Amazonino Mendes
Prefeito de Manaus

~ 9 ~
Petrópolis
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Prefácio

A HISTÓRIA DE UM LUGAR SE FAZ necessariamente


de fatos, de pessoas, de acontecimentos que tenham
pujança histórica. A pretensão deste trabalho enfoca-se
em dissertar de forma precisa, algumas vezes literal, de
certos aspectos de primordial relevância ao que concer-
ne ao bairro de Petrópolis.
Este é um trabalho respingado de esforço, em cer-
tos momentos a sombra do desânimo o acompanhou,
pois pesquisar requer força de vontade, perseverança,
principalmente quando se almeja apresentar um material
alicerçado em fatos concretos, que expressem a verda-
deira face do que se quer contar.
Contar a história de Petrópolis, não me foi lacri-
mejante, nem o fiz averso a minha vontade, muito pelo
contrário, escrevi com carinho, com surpresa e admira-
ção por aqueles que com suor, sonhos e coragem;
construíram os principais momentos que alicerçaram a
história do bairro. Pena que não foi uma história que eu
tenha ajudado a construir, mas com amor me propus a
contar, sem a intenção de criar acontecimentos extraor-
dinários, nem esconder fatos. O que escrevo é fruto do
que pesquisei nos livros de papel e verbo e no livro da
memória das pessoas que viram Petrópolis nascer, cres-
cer e se tornar no bairro que hoje é.
Márcio Souza no prefácio do livro A Invenção da
Amazônia, de Neide Gondim escreve “Alguém já disse
que aqueles que escrevem sobre fatos não escrevem
sobre o vazio”.
~ 11 ~
Petrópolis
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A cidade de Pedro

Nessas ruas que me movo


Desde quando era menino
Não sabia, o meu destino
Fosse parte do teu povo.

Nessas ruas me comovo


Por não sair do meu tino
O badalar do teu sino
Anunciando o Ano-Novo.

És a cidade de Pedro
Com bem nos diz o nome
Dessa querida metrópole.

Pra desvendar o segredo


Eu matarei a tua fome
De saber: é de Petrópolis.

(soneto escrito por Miguel de Souza, poeta e morador de


Petrópolis)

Histórico1

O BAIRRO DE PETRÓPOLIS FOI CRIADO no dia 24 de


setembro de 1951. O fundador e personagem principal
do povoamento do local foi o coronel Alexandre
Montoril, que chegou a Manaus por volta de 1912, vindo
1 Fonte Jornal do Comércio.
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Carlos Tiago
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do Ceará, e foi também o fundador do bairro vizinho,


São Francisco. O nome de Petrópolis foi dado na época
pelo próprio coronel Alexandre Montoril, pois segundo
contam os moradores antigos, a geografia do lugar,
formada por elevações e baixadas, se assemelhava a da
cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro.
Petro: Pedra.
Polis: cidade.
Petrópolis: Cidade de Pedro.
“Tu és Pedro a pedra sobre qual edificarei a minha
igreja” (Mt. 16.18)

Entre os anos de 1951 e 1952 foram abertos os


primeiros caminhos com a chegada de alguns morado-
res. Mas foi a partir da grande enchente do rio Ama-
zonas, em 1953, que o processo de urbanização foi
impulsionado. Famílias de várias cidades do interior do
Amazonas, que tiveram suas casas destroçadas pela força
da água, fugiram para Manaus em busca de abrigo.
Segundo Iracema Pereira da Silva, moradora desde os
primeiros momentos do bairro, foi naquele momento que
Alexandre Montoril iniciou o loteamento de toda a área
para abrigar aos flagelados da enchente. Os moradores
não tinham infra-estrutura adequada na época, pois não
havia ainda sistema de saneamento, água encanada nem
rede elétrica. Com tino especial para a política, o coronel
Montoril conseguiu se eleger prefeito da cidade de Coari
e em seguida deputado estadual pelo Amazonas. Por volta
da década de 1970, 20 anos após os primeiros moradores
se instalarem no local, apareceu um novo dono das terras,
de sobrenome Monteiro, que passou a tomar posse de
alguns terrenos. A moradora Iracema da Silva conta que
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Petrópolis
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não queria perder o terreno, tendo que pagar pela área um


valor dividido em dez prestações, assim como outros
moradores. Anos depois, Iracema começou a construir
sua casa, lembrando que enfrentou muitas dificuldades,
devido o futuro bairro não possuir nenhum benefício de
pavimentação e serviços de energia e água. Muitos foram
os abaixo-assinados para a comunidade conseguir o
asfaltamento das ruas e outros serviços como o abasteci-
mento de água, saúde e linhas de ônibus. O santo padroei-
ro é São Pedro Apóstolo. A paróquia que representa o
santo foi construída por volta de 1960, com a chegada dos
padres da congregação Redentorista, que estabeleceram
no local as Santas Missões, desde então é a igreja mais
importante de Petrópolis. Fato interessante a ser desta-
cado é que a comunidade é dividida em setores e cada um
deles tem um santo padroeiro. Ao todo são 28 santos
festejados. O curioso é que antes o bairro tinha 31 santos,
o que tornava inviável a presença do pároco em todas as
festas comemorativas.
Iracema Silva conta que o bairro vive das festas de
padroeiros, todavia é São Pedro, o santo de maior
devoção da comunidade.
De 1951 até 1952, Petrópolis se resumia a algumas
poucas habitações, roças e casas de farinha. O bairro
possuía muitas árvores frutíferas de onde se colhia:
tucumã, buriti, açaí, bacaba, patauá e castanhas. Plantas
nativas como: seringueiras e cumaruzeiros. Algumas
pessoas entravam no bairro, para extrair carvão, lenha,
frutas e também caçavam animais como: pacas, cutias e
gatos-maracajás, em função da mata ser muita fechada.
Durante esse período, já se podia observar a presença da
família da Sra. Raquel de Souza, que morava e produzia
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Carlos Tiago
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farinha em sua casa de farinha, tal produto retirado da


exploração da macaxeira. Sua casa de farinha localizava-
se onde é hoje a quadra da Escola de Samba Acadêmicos
de Petrópolis.
Igualmente à família da Sra. Raquel de Souza, o Sr.
Amaral, foi um dos primeiros moradores do bairro e
ainda hoje reside na rua Cel. Ferreira de Araújo.
Dentro desta vida simples e nativa, a família da Sra.
Eustáquia Vieira Mourão, também praticava a cultura
dos roçados, semeados pelo arado, as sementes dos seus
frutos que mais tarde contribuíam para o povoamento e
desenvolvimento da comunidade.
A construção da primeira igreja de Petrópolis, Igreja
de São Pedro Apóstolo, foi feita pelo Sr. Antônio Costa
esposo da Sra. Sofia Soares, cuja contribuição espiritual e
humana deve ser sempre lembrada e respeitada por todos.
Naquela época, as dificuldades eram maiores,
porém, o Sr. Antônio Costa não mediu esforços para a
realização daquelas obras pioneiras de Deus, que serviu
desde então, mesmo na sua simplicidade para a
realização de missas, batizados e arraias festivos.
A partir de 1953, com a chegada da grande enchen-
te que assolou nosso Estado e em especial a cidade de
Manaus; o Cel. PM Alexandre Montoril acompanhado
pelo Sr. Emmanoel Guedes, ambos falecidos, realizaram
todo um trabalho minucioso de topografia dividindo o
bairro de Petrópolis em quadras de 100m x 100m.
Após esta bela contribuição dada pelo Cel. Montoril,
Petrópolis transformou-se num bairro esteticamente
bonito e aconchegante para morar, desde então, começou
de verdade o povoamento racional deste bairro que sem
dúvida alguma já faz parte da vida da cidade de Manaus.
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Petrópolis
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Vale ressaltar que Petrópolis só recebeu este nome,


somente no ano de 1953, em uma homenagem a cidade
de Petrópolis no Rio de Janeiro, por possuírem algumas
semelhanças com suas próprias ladeiras.
O bairro não deixa de reverenciar a figura de seu
fundador, tanto que o coronel Alexandre Montoril dá
seu nome ao prédio onde funciona o Caic (Centro de
Atendimento Integrado à Criança).

Quem foi Alexandre Montoril!?

DE ACORDO COM DONA IRACEMA, moradora do


bairro de quem Alexandre Montoril foi padrinho, ele
chegou a Manaus no ano de 1912, contava com 17 anos
de idade, segundo ela ele veio junto com o pai da mesma,
eram amigos. Vieram desafiar a vida no coração da
floresta amazônica, fugiam da seca do Ceará, sertão do
Cariri. Aqui os dois amigos tomaram rumos diferentes,
o pai de dona Iracema foi ser comerciante, porém o
fiado lhe levou a falência, morreu pobre; já Alexandre
entrou para a polícia, chegando a ser preso para seguir a
profissão, naquela época ser policial era algo que poucas
pessoas desejavam.
Na polícia chegou a patente de coronel, também foi
dentista e aventurou-se na política, foi delegado em
Coari e no mesmo município consegui ser eleito
prefeito. Coronel Montoril como era conhecido, casou-
se com uma moça de Tefé chamada Elisa, nunca tiveram
filhos, há relatos que ele teve um filho antes do
casamento com uma outra mulher, porém nunca foi
reconhecido. Morreu aos 82 anos de idade em sua casa
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Carlos Tiago
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na rua Henrique Martins, vítima de uma úlcera na perna,


porém deixou seu legado primordial para o bairro de
Petrópolis.

Localização

COM UMA POPULAÇÃO ESTIMADA em 50 mil habitantes


e localizado na Zona Sul da cidade de Manaus, o bairro de
Petrópolis tem uma área territorial de 196.000 hectares e
faz limites com os bairros de São Francisco, Cachoeirinha,
Aleixo e Raiz. Seus principais logradouros são as avenidas
Antônio Passos de Miranda e Codajás, entradas no bairro
pelo bairro da Cachoeirinha; Cel. Ferreira de Araújo,
entrada pelo bairro de São Francisco; João Paulo VI,
entrada pelo bairro do Aleixo; e rua Paraguaçu, entrada
pelo bairro do Japiim (fonte Jornal do Comércio).

População

SEGUNDO DADOS APRESENTADOS PELA SOMAP, o


Petrópolis é o segundo bairro mais populoso de Manaus,
com cerca de 50 mil habitantes e com relativo desenvol-
vimento humano.
Petrópolis é um bairro como toda cidade de
Manaus em todo o seu contexto populacional formada
por pardos, brancos, negros e índios, uma miscigenação
cuja singularidade é notável em suas ruas. Segundo
afirma Araújo (2003) essa mestiçagem se processa sem
nenhum choque alarmante. Nesse caldeamento, um tipo
de gente surgirá e se harmonizará com os mesmos pro-
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Petrópolis
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cessos de mestiçagem e de caldeamento do tipo brasi-


leiro: homem simples, bom, inteligente, forte. Um ho-
mem para o futuro.
A comunidade usufrui de várias atividades comer-
ciais, como padarias, loterias, farmácias, mercadinhos,
sorveterias, lojas de eletrodomésticos, construção civil,
posto de gasolina, autopeças, serrarias e restaurantes,
gerando oportunidades para que pequenos e microem-
presários possam desenvolver a economia local.
No entanto, poucos são os moradores que conse-
guem emprego no próprio bairro. De acordo com
levantamento estatístico realizado pela Somap, aproxi-
madamente 600 crianças, na faixa etária entre zero a
cinco anos, estão fora das creches da rede pública. Essas
condições adversas se devem ao pouco número de
emprego gerado pela atividade comercial do bairro,
quase sempre um negócio familiar.
Integram ainda o bairro os conjuntos habitacionais
Jardim Petrópolis e Vale do Amanhecer e os condomínios
João Paulo VI, Nova Jerusalém e Vale do Sol I e II, que
formam um cenário diferente de outras áreas do Petrópolis,
com aspecto de área bem desenvolvida economicamente.

Segurança do bairro

NA ÁREA DA SEGURANÇA O BAIRRO ABRIGA o Co-


mando Geral do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar
do Amazonas (CGBM), Sindicato da Polícia Civil do
Estado (Sinpol), e a 3.ª Delegacia de Polícia, que atende
os bairros de São Francisco, Petrópolis, Raiz e Japiim,
funcionando 24 horas.
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Carlos Tiago
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Assistência à educação
PETRÓPOLIS TEM QUATRO CEMEIS que são Maestro
Dirso Costa, Professora Odete Puga e Cecília Cabral.
Também quatro escolas municipais e são elas: Tomás
Meireles, Ana Mota Braga, Irmã Dulce e Maria Lisa
Pereira e cinco escolas estaduais que são: Djalma Batista,
Jacemar Silva Gama, Major da Silva Coutinho, Colégio
da Polícia Militar e Tiradentes.
A de se escrever um pouco sobre o colégio Tira-
dentes, uma vez que ele tem relevância dentro do
bairro de Petrópolis, ademais representa dentro da
cidade de Manaus o maior colégio eleitoral, com mais
de 15 mil eleitores.
O colégio Tiradentes foi inaugurado no dia
31/03/74, criado oficialmente através do Decreto
14/03/75, destinado a ministrar ensino em cursos e
modalidades previstas na Legislação brasileira.
O mesmo foi construído com a finalidade de
atender somente os filhos de militares da polícia militar
do Estado do Amazonas, matriculados em um total de
1.884 alunos, sendo 558 do curso supletivo. Entretanto
pela grande procura de vagas, principalmente para as
últimas séries, logo se estendeu à comunidade do bairro
de Petrópolis.
A estrutura da escola restringia-se a um quarteirão e
a área em frente do estacionamento. Hoje, encontra-se
com inúmeras modificações em seu ambiente físico:
cinco pavilhões, com seis banheiros femininos e seis
masculinos em cada pavilhão (total de 32 salas de aulas)
um pátio coberto, um estacionamento, uma sala de
professores, uma sala da diretoria, uma sala de vídeo,
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Petrópolis
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secretaria, uma cantina, uma cozinha, uma quadra cober-


ta e biblioteca, funcionando normalmente.
Anteriormente, segundo documentos, a escola
atendia somente o Ensino Fundamental (antigo 1.º
grau). Hoje, com outros decretos sancionados (sem
termos acesso) atende desde a 1.ª Série do 1.º Ciclo,
passando pelo Ensino Fundamental e Ensino Médio nos
cursos abaixo relacionados.
Matutino; passando pela 1.ª Série do 1.º Ciclo, até a
1.ª Série do Ensino Médio.
Vespertino: Ensino Fundamental (5.ª a 8.ª Séries) e
Ensino Médio (1.ª a 3.ª Séries).
Noturno: Ensino Fundamental (5.ª a 8.ª Séries)
Ensino Médio(1.ª a 3.ª Séries) e Projeto Tempo de
acelerar (Ensino Médio).
Tem 1.240 alunos pela manhã, com 1.080
alunos à tarde e 1.260 alunos à noite, representados
nos três turnos.
No ano que foi fundado o colégio Tiradentes
tinha como diretor o Cel. Raimundo Gutemberg
Soares. Atualmente temos na gestão o professor Mário
Guedes Maquiné, pedagogo, também formado em
Serviço Social.

Assistência à saúde

PETRÓPOLIS TEM DOIS POSTOS DE SAÚDE, sendo que


um atende o público geral e o outro atende público até
14 anos. São os respectivos: Centro de Saúde Coronel
Vieira de Araújo e Caic – Coronel Alexandre Montoril.
Existem também no bairro 12 casas do médico da saúde.
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Carlos Tiago
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Serviço de transporte Público


ÔNIBUS QUE FAZEM ITINERÁRIO PELO bairro de
Petrópolis 004/ 005/ 519/ 601/ 608/ 612 e alternativos
diversos.

Ao que tange a questão social

PETRÓPOLIS TAMBÉM CONTA COM UMA associação


que tem realizados significantes serviços para o bem
social do bairro. A nova direção da Somap, como é
conhecida a Sociedade dos Amigos e Moradores do
Bairro de Petrópolis, fundada em 25 de fevereiro de
1982, na rua Bernardo Michiles, n.º 818, iniciou na
comunidade um trabalho de resgate da cidadania. Os
integrantes da nova direção estão ligados à paróquia de
São Pedro Apóstolo. A atual presidente é Shyrlei Lima,
que afirma ter a missão de reorganizar a instituição.
Segundo Adelmo Gomes de Delgado, que integra a
Associação, como diretor de Esporte, a diretoria atual
teve início em 06/06/2005, elaborou vários projetos
como: a biblioteca comunitária, a escolinha de futsal,
jornal comunitário que tem o nome de jornal comuni-
tário da cidade da pedra, projeto feira coberta, projeto
arte musical, projetos fanfarra, pré-vestibular e apoio a
grupos folclóricos.
Adelmo afirma que Petrópolis é um bairro que tem
suas particularidade em relação a outros bairros, tanto o
ponto de vista econômico, social e político.
Frisa ainda quão importante tem sido o papel da
associação para o bairro de Petrópolis, pois tem
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Petrópolis
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contribuído bastante para mudar o destino e a realidade


de muitas pessoas, sobretudo das crianças. “Tenho um
aluno que vivia sendo agredida pelo irmão que usava
drogas, a associação o acolheu e hoje ele fugiu daquela
atmosfera de violência, vive sorrindo quando faz seus
gols; tem um outro que tem apenas sete anos de idade e
aprendeu a tocar flauta só de ouvido, e ele não sabe nem
ler, mas breve saberá e tenho certeza que através da
música ele vai mudar a sua realidade”.
As pessoas que trabalham na Associação fazem por
amor ao bairro, apenas duas são assalariadas, o restantes
são voluntários. Estas desejam lutar por um bairro onde
as pessoas possam viver dignamente, dando oportu-
nidades através dos projetos para mudarem suas vidas.

Telecentro Comunitário Dona


Iracema da Silva e Biblioteca
Comunitaira Socorro Chaves

NO DIA 17 DE FEVEREIRO DE 2007 NASCEU a semente


incentivadora da inclusão digital no bairro de Petrópolis a
adjacência, projeto que utilizará as tecnologias de comu-
nicação e informação a serviço da comunidade.
No mesmo dia nasceu também a Biblioteca Comu-
nitária Socorro Chaves, a semente incentivadora da lei-
tura e da pesquisa no bairro de Petrópolis e adjacências,
práticas que servirão à memória e permitirão ultrapas-
sarmos a barreira do desconhecido.
Um sonho coletivo realizado no âmbito do pro-
grama educação, cidadania e formação profissional a
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Carlos Tiago
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serviço da comunidade, por meio de parceria entre


Alternativo Petrópolis (curso pré-vestibular), Banco
do Brasil e Associação de Moradores de Petrópolis
(Somar).

A criminalidade em Petrópolis

EM ESTUDO REALIZADO NO ANO de 2006, pelo


pesquisador Antônio Gerson Nascimento, que fez um
dos mapas mais completos dos homicídios na cidade de
Manaus, com dados de 2001 a 2005, ele fez análises da
caracterização dos homicídios e de sua espacialização,
dos diferenciais socioeconômicos e demográficos das
vítimas; no estudo, Petrópolis compreende 14,09%, dos
homicídios que acontecem na Zona Sul, segundo afirma
o pesquisador, a explicação para a violência (nos
bairros) pode ser atribuída não apenas a maior
concentração de pessoas pobres; mas também à
ausência de políticas, programas e equipamentos sociais,
o que acaba por transformar às áreas pauperrizadas em
espaços marcados pela violência (Fonte Diário do
Amazonas, 2007).

A fé da cidade de Pedro

O DESENVOLVIMENTO DO BAIRRO DE Petrópolis foi


marcado pelo sentimento religioso, ele foi desde o início
constituído sobre as ordens de padres e freiras que
ditavam as normas de conduta e zelavam pela moral da
população. Durante muito tempo o divertimento do
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Petrópolis
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bairro restringia-se às festividades religiosas, as arraiais


às vezes chegavam há durar um mês, iluminada pela fé e
velas que o povo levava nas mãos.
Os protestantes só algum tempo depois da
fundação do bairro é que chegaram, hoje representa uma
parcela significante do povo de Petrópolis, claro que
outrora, início da chegada deles no bairro, houve estra-
nhamento entre os mesmos e religiosos, mas hoje se
aceitam e se respeitam, vivendo sua fé de acordo com o
seu entendimento.

A paróquia de São Pedro Apóstolo

A PARÓQUIA DE S ÃO PEDRO A PÓSTOLO, foi


instalada no bairro de Petrópolis em 1961. Até 1976,
nela trabalhou sucessivamente padres de Scarboro
(canadenses/residiam no bairro), padres Salesianos
(ajuda esporádica para a administração dos sacramen-
tos), irmãs Salesinas e irmãs adoradoras do Sangue de
Cristo (catequese para crianças dos domingos) e duas
equipes de seminaristas diocesanos. A primeira equipe
chegou a Paróquia logo após a saída dos padres de
Scorbaro e permaneceu até a primeira quinzena de
outubro de 1976. A segunda equipe de seminaristas,
compostas por Eros de Oliveira Bulcão, João Mala-
quias e José Carlos Sabino (este último coordenador da
equipe), chegou à paróquia no mês seguinte. Por
determinação do arcebispo dom Milton, integrou-se à
equipe, frei Laurindo Coco, pároco da paróquia de
Santa Rita de Cássia, que por um tempo teve o encargo
de padre de apoio da paróquia. No dia 26 de
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Carlos Tiago
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novembro de 1976, às 19h, no então Centro Social São


Pedro, com a presença de poucas pessoas, a equipe foi
empossada. Infelizmente em começo de 1977, a
equipe ficou reduzida apenas ao seminarista Sabino,
que sozinho continuou com a responsabilidade da
condução da paróquia.
Sabino tinha claro para si que era necessário
fazer uma descentralização na paróquia, suscitar e
dinamizar dentro do território paroquial,
comunidades menores, onde os cristãos não seriam
mais pessoas anônimas que apenas buscam um
serviço ou cumprem uma obrigação, mas que se
sentiriam acolhidas e responsáveis, e delas fariam
parte integrante, em comunhão de vida em Cristo e
irmãos.
Consciente disso partiu para a concretização de
suas idéias. A paróquia tomou a forma de descen-
tralização no serviço paroquial e começaram a surgir
às pequenas comunidades, denominadas por “Dia-
conia”. Em fim de 1976, eram oito diaconias, um
ano após passou ao número de 16, agora estabilizou
em 29.
No dia 3 de fevereiro de 1980, Sabino recebeu a
Ordenação Diaconal, em vista da Ordenação Pres-
biterial e continuou à frente da paróquia. No dia 5 de
outubro de 1980, deu-se a ordenação presbiterial de
Sabino, sendo na mesma ordenação elevado a
condição de pároco da paróquia de São Pedro
Apóstolo.
Na celebração da ordenação de Sabino, houve
também a confirmação de todos os leigos em seus servi-
ços e ministérios pessoas.
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Petrópolis
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Comunidades sob a tutela de São Pedro Apóstolo (fonte: Plano de organização


eclesial e diretrizes pastorais).

Primeira igreja de São Pedro (Plano de organização eclesial e diretrizes pastorais).

~ 26 ~
Carlos Tiago
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Segunda Igreja de São Pedro (fonte: Plano de organização eclesial e diretrizes pastorais).

Terceira igreja de São Pedro (fonte Jornal do Comércio).

~ 27 ~
Petrópolis
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Manaus: uma diocese romanizada2


MANAUS NA VIRADA DO SÉCULO XIX para o século
XX, experimentava um crescimento extraordinário. Mudava
o cenário urbano: com uma arquitetura que espelhava-se na
Europa e ao mesmo tempo promovia exclusões; as rivalidades
oligárquicas intensificavam-se, associadas ao advento econômico
oriundo do boom da borracha; ampliavam-se e alteravam-se
as relações de trabalho, étnicas, pessoais, religiosas.
Pensar a cidade de Manaus nos primeiros anos da República é
pensar ao mesmo tempo nos primeiros anos da Diocese de Ma-
naus. O aspecto religioso faz parte do emaranhado de relações que
constituíam a cidade, e é tão relevante quanto os demais. O espaço
geográfico, as pessoas em suas variadas funções e caracteres corres-
pondem também ao espaço administrativo eclesiástico: a Diocese.
A Manaus da Província, ou a Comarca Eclesiástica do
Alto Amazonas (criada em 1857) possuía um ritmo
próprio, começava a viver tempos agitados que lhe exigiam
mudanças para abraçar a modernidade que chegava de forma
um tanto quanto abrupta, passando a conectá-la com o
cenário internacional, e ao mesmo tempo proporcionava novas
relações com os outros espaços brasileiros.
Essa mesma modernidade confrontava-se com a Igreja Cató-
lica, era o choque entre a tradição e o novo. Com a chegada da
República, o Catolicismo deixou de ser a religião oficial do
Brasil. Mas a liberdade de culto promulgada pela nova Cons-
tituição, de 1891, não alterou substancialmente a religiosi-
dade manauara. Não significa dizer que os reflexos da
Europa ou do Brasil não chegassem; aqui se sentem as
mudanças de uma cidade que cresce e passa a comportar novas
relações de onde brotam novos valores ou reforçam antigos.
2 Artigo escrito por Elisângela Maciel Soares ver referência.
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Carlos Tiago
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Manaus parecia pronta para receber uma grande respon-


sabilidade a de abrigar uma das quatro novas Dioceses
brasileiras (Amazonas, com sede em Manaus; Paraíba;
Niterói e Curitiba). O Papa Leão XIII (1878-1903),
demonstrando preocupação com a extensão da Diocese de
Belém e com a necessidade de atingir todos os cantos da Ama-
zônia, para que outras idéias e crenças não proliferassem em
seu interior; cria a 27 de abril de 1892 a Diocese de
Manaus, pela Bula Ad Universas Orbis Ecclesiam,
correspondendo a todo o Estado do Amazonas, isto é
1.941.680 km, com uma população em torno de 250 mil
habitantes, sem contar com os indígenas. A nova Diocese era
fruto da ação de lideranças eclesiásticas e políticas do Estado
e também da necessidade pastoral.
O encarregado de administrar a nova Diocese foi o então
Vigário Geral, que passava a ser o primeiro Bispo D. José
Lourenço da Costa Aguiar (1894-1905). Ao longo de sua
trajetória, a Diocese teve seis bispos e um administrador
apostólico. Ao inaugurar a Diocese em 1894 D. Lourenço
apresentou ao clero e aos fiéis uma Carta Pastoral com seu
programa de governo.
É importante aqui analisar sua proposta, que nos permite
perceber que ao mesmo tempo há uma preocupação com a
localidade e suas necessidades espirituais, mas que esta não
deve estar dissociada das diretrizes romanizantes da Igreja.
D. Lourenço inicia falando da realização de um ardente
desejo, que agora por ação suave e forte de Deus transformou
o Amazonas em Bispado. Esta foi uma espera longa. "Tudo,
entretanto, n'este mundo vem a tempo" (p. 6).
Fazendo um rápido balanço do Amazonas, D. Lourenço diz
que só tardiamente se tornou Capitania; ao despontar sua
autonomia política, não perceberam seu fulgor e sua vastidão
~ 29 ~
Petrópolis
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e classificaram-no apenas de Comarca; 30 anos após a


Independência, foi erguido à Província; muitas regiões menores
haviam sido elevadas à Prelazia e depois à Bispado, e o
Amazonas ainda esquecido. D. Lourenço diz que não havia
chegado o tempo "no relógio da Providência" (p. 7).
Somando-se aos esforços e desejos locais, o Chefe da Cristandade,
Leão XIII, decretou:
"Para a formação da nova Diocese do Amazonas,
desmembramos para sempre, por auctoridade Apostolica, o
território do Estado deste nome, da Diocese de Belém, ao qual
pertencia, e o damos perpetuamente à Igreja do Amazonas por
Diocese. Fundamos perpetuamente a Sé e a Cadeira
Episcopaes de Manaós e elevamos á dignidade de Igreja
Cathedral a Igreja dedicada a Mãe de Deus Imaculada" (p. 8).
D. Lourenço, lembrando Santo Agostinho, fala da
autoridade infalível da Igreja Romana "...sem cuja
auctoridade, nem o próprio Evangelho é crível" (p. 12). Na
obediência à missão apostólica, cabe preservar "a intereisa da
Fé Cathólica" (p. 12); completando a missão está o ensino,
o Bispo deve ser o Mestre, a Diocese uma escola.
Por isso seu programa segue três diretrizes: A primeira
corresponde à Instrução dos padres (escola apostólica): onde
se deve associar ciência e piedade na formação sacerdotal,
"Um sacerdote sem livros, sem estudo, sem leitura, é como o
soldado sem armas, o escriptor sem penna, o cego sem guia"
(p. 19); deve saber usar a sabedoria, não esquecendo que a
ciência não pode caminhar sem virtude, e manter a graça
sacerdotal. A base aqui é buscar manter uma constate troca
de idéias, uma formação permanente.
A segunda diretriz é a escola eclesiástica: que nasceu da
combinação entre experiência e necessidade; seguindo os
passos de Trento, o seminário deve ser a expressão da
~ 30 ~
Carlos Tiago
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renovação da terra, semeando entre a mocidade. Leão XIII


reafirma na Bula de criação da Diocese que a mocidade "...
é como a oliveira fructifera nos campos do Senhor" (p. 27).
Portanto, o seminário é a base, e se for próspero, diz D.
Lourenço "Tudo florecerá na Diocese..." (p. 28); e conclui
"Façamos seminario digno de nós, dos alevantados intuitos do
Amazonas, da grande fé do nosso povo, das necessidades da
Sancta Igreja de Deus" (p. 29); deve, portanto, resplandecer
em ciência e em moral.
A terceira diretriz é a de maior amplitude, diz respeito à
família, que é a base da sociedade e tem por fundamento a
religião. D.Lourenço reafirma que pelo batismo todos fazem
parte de um só corpo místico. Aqui o Bispo lembra que Deus
não pode ser apagado e que tudo deve ser revestido a Ele. O
Brasil, diz ele, é uma grande nação, deve obedecer a sua
vocação, mas não deve se iludir com o mundo, os grandes
reinos caem, mas quando tudo esmorece, deve-se lembrar que
a fé católica estava desde o começo da nação. O Bispo afirma
que a Igreja é uma Arca Santa que salva de todos os dilúvios.
D. Lourenço fala que "a vocação á fé católica não é só para
os indivíduos em separado, senão conjuntamente para as
colletividades" (p. 43); esta fé é alimentada pela família, que
para ele é o alicerce, onde religião e pátria devem estar juntas,
é o viveiro do povo cristão.
O Bispo de Manaus conclui que a família é a escola, e que a
educação é amor. "Educar é obra complexa: é instruir o
espírito e formar o coração" (p. 55). Não basta, portanto
saber de cor a doutrina, é preciso que ela se faça presente
conscientemente. A educação deve formar o homem, levando-o
a “temer a Deus e observar os seus mandamentos” (p. 57).
Ao encerrar sua Carta Pastoral, D. Lourenço convida o povo
a unir-se ao Bispo numa fusão, como o Rio-Mar no Oceano.
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Petrópolis
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Assim nascia a Diocese com um projeto bem estruturado e


com enormes desafios pela frente. Uma Diocese que já nasceu
romanizada, com a devoção à Imaculada e ao Sagrado
Coração; com as novas ordens religiosas; com reorganização
do Apostolado da Oração; com o estímulo a devoção aos
santos e manifestações devocionais como procissões e novenas;
com a prática constate dos sacramentos; com criação de
seminários que relacionem conhecimento e espiritualidade. E
principalmente ter a clareza que não basta mais ser cristão,
é preciso ser cristão romanizado.

A adolescente o garoto e o poeta


de Petrópolis
PALOMA É UMA ADOLESCENTE DE 15 anos, é a única
mulher entre quatro irmãos, por isso segundo ela, passou
sua infância sem sair muito de casa para brincar, aproveitava
para ler e brincar com sua cadelinha. Paloma é voluntária da
associação de Petrópolis, é uma das responsáveis pelo
atendimento na biblioteca, ela afirma também que gosta de
Petrópolis porque é o bairro onde vivem a maioria de seus
familiares, além de ser um bairro limpo.
Luiz Marcelo é um garoto de 12 anos, freqüentador
assíduo da biblioteca comunitária, ele afirma que o que
mais gosta no bairro são as pessoas e as paisagens
maravilhosas que existem e que embelezam Petrópolis.
Miguel de Souza de 37 anos mora na rua Aldemir
Pedreira, mora a bastante tempo em Petrópolis, é poeta,
segundo afirma o que mais gosta no bairro são as
mulheres com cheiro de jasmim que caminham pela rua
como garças encantadas, nem um bairro de Manaus tem
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Carlos Tiago
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mulheres iguais as de Petrópolis, quando lhe é pergun-


tado o que ele acha feio no bairro diz que não sabe, “é
que quem gosta é cego a feiúras” conclui ele. Diz tam-
bém que quando chegou ao bairro as ruas eram de terra,
as casas de madeira, e existiam muitas árvores que
faziam com o clima ameno e aconchegante, hoje em dia
com o progresso e a modernidade existe asfalto nas ruas
e as árvores deram lugar as casas de alvenaria, o clima
cada vez mais quente, as vezes insuportável.

Personagens do bairro

IRACEMA DA SILVA

Dona Iracema da Silva é uma senhora dos seus 80


anos, de olhar introspectivo ela atende seus pacientes
que freqüentam sua farmácia de plantas medicinais, a
medicina alternativa; segundo alguns moradores, tendo
dona Iracema ninguém precisa de médico, seus remédios
feitos com estudo e fé fazem milagres.
Na data da fundação de Petrópolis, dona Iracema
morava em Coari, veio para Manaus quando casou no ano
de 1957, ficou morando no centro da cidade, mudou-se
para o bairro no ano de 1982. Petrópolis, segundo afirma
dona Iracema era puro mato, as ruas de terra, quando
chovia era um horror as coisas começaram a mudar no
ano de 1984 quando o então governado Amazonino
Mendes mandou entrar as máquinas, a aparência das casas
e das ruas foi melhorando a partir dessa época.
Dona Iracema é uma pessoa bastante conceituada
no bairro, a sala de informática da associação do barro
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Petrópolis
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tem o nome dela, ela faz parte da pastoral da igreja São


Pedro, tem a função de ministra da eucaristia. Ela foi
auxiliar de enfermagem, parteira da Beneficência
Portuguesa e Unimed. Quando se aposentou o padre
onde dona Iracema congregava lhe propôs – Iracema!
Agora tu vai montar uma farmácia com plantas medi-
cinais. Ela aceitou o desafio e hoje sua farmácia atende
pessoas de todo o bairro de Petrópolis e adjacência.
Dona Iracema diz que o que mais gosta no bairro é
se sentir livre das alagações em épocas de chuva, vez por
outra o vento joga a tampa da caixa d’ água, mas tudo
bem, o que dona Iracema não gosta em Petrópolis são a
grande quantidade de ladeira que aqui existem.
Os remédios de dona Iracema curam muitas pessoas,
há relatos de pessoas desenganadas que encontraram a
cura com ela, é uma bênção de mulher, em sua casa
funciona um cursinho pré-vestibular gratuito para pessoas
carentes que não tem condições de pagar um particular.

JOÃO VIEIRA EXPEDITO

Mas conhecido com seu expedito, é morador do


beco Lorival Pinheiro, é um dos mais antigos moradores
do bairro, reside nele desde o ano de 1959. Mora no
mesmo lugar de sempre, em uma casa rodeada por
planta. “É minha esposa que gosta de plantas, como ela
está viajando eu que tenho que cuidar, com o mesmo
amor que eu cuido da dona”. Seu expedito estava
sozinho em casa, acompanhado pelas plantas e uma
cadela vira-lata, presente de uma vizinha que mudou de
bairro. Ele é natural de Óbidos no Pará, ele e a esposa
vieram jovens para Manaus.
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Carlos Tiago
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Segundo afirma seu expedito o terreno em que mora


foi doado por uma amiga, na época ele não queria mais
morar alugado, e Petrópolis era longe do centro da cidade,
mas como queria ter um lugar seu, não pensou duas vezes
e aceitou o presente. No terreno de oito metros de frente
com 14 de fundo ele construiu sua primeira casa, que com
o tempo e suor foi melhorando. Quando ele veio de
Óbidos veio recomendado pelo vigário daquela localidade
ao daqui, ele na época já era Congregado mariano da
Igreja católica. “Começamos a freqüentar a igreja de São
Francisco, era longe, tínhamos que andar bastante até lá.
Às vezes íamos acompanhados pelo padre com sua
batinha até os pés naquele calor imenso, suava como um
danado, a partir de um certo tempo passamos a congregar
aqui no bairro”. Segundo seu expedito a primeira igreja de
São Pedro era uma capelinha de Madeira, mas com o
tempo a comunidade construiu outra, seu Expedito
lembra com orgulho a época da construção. “Éramos um
monte de moradores, como formiguinha carregando
pedra, telhas. Em dias de arraial que chegavam há durar
um mês, a gente pegava garrafas pets dentro de cada
púnhamos uma vela e colocávamos ao redor da igreja,
iluminava que eram uma beleza. Eu e minha esposa
fomos um dos baluarte dessa igreja”.
Seu expedito foi presidente da primeira associação
do bairro, guarda até hoje o diário oficial que oficializava
a associação que se chamava Centro Social do Bairro de
Petrópolis, ele não sabe dizer com precisão porque aca-
bou, “foi um sonho que a gente tinha: uma associação
que pudesse trazer melhorias para o bairro, infelizmente
não deu certo”. Diz ele com uma certa melancolia nas
palavras. Na casa de seu Expedito funciona a diaconisa
~ 35 ~
Petrópolis
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de número catorze, ele se considera um católico fervo-


roso, em suas paredes há quadros de santos e terços
enfeitando sua estante, bem ao lado do quadro do Vasco.

DEMÓSTHENES FERNANDES MARQUES

Seu Demósthenes como é conhecido, mora no


bairro de Petrópolis desde os anos de 1963, quando aqui
chegou às quadras e ruas já estavam todas demarcadas,
apenas a rua Ferreira Araújo era asfaltada, um asfalto
fraco, que não prestava, quando passava um carro ficava
aquela porcaria, cheia de buraco outras ruas eram cheias
de pedra, os ônibus ainda não vinham aqui, segundo seu
Demósthenes, naquela época os bondes eram de
madeira, e o cobrador ia de banco em banco cobrando a
passagem, colocava o dinheiro entre os dedos, de vez em
quando o ônibus dava prego.
Seu Demósthenes afirma que o bairro era tão longe
que quando as pessoas perguntavam onde ele morava e
ele respondia que era em Petrópolis as pessoas geral-
mente retrucavam “há! lá no gogó da ema!?” confir-
mando o que as pessoas achava da distância do bairro.
Segundo ele depois da revolução dos militares o
bairro passou por melhoras significantes, veio a cons-
trução do colégio Tiradentes, Comando Geral, o prédio
corpo de bombeiro, a nova igreja de São Pedro. “Foi um
dos melhores períodos para as pessoas mais pobres,
todo mundo tinha dinheiro, foi o milagre brasileiro
afirma ele”.3
Seu Demósthenes não enxerga de um lado do olho
e do outro tem apenas 30% da visão, mais é um exemplo
3 Ver página.
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Carlos Tiago
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de atleta da terceira idade, recebe as pessoas em sua casa


como se todos fossem amigos, e deixa as pessoas absor-
tas quando ele começa a contar sobre o desenvolvi-
mento do bairro. É um católico de mão cheia, é um
devoto de São Pedro, cuja igreja próxima a sua casa
congrega junto com sua esposa.

Eu Demósthenes, quando cheguei em Petrópolis no Mês de


abril de 1963, a Igreja de São Pedro Apóstolo que foi a
primeira do bairro, além de ser tão pequena, já estava um
pouco deteriorada, por causa disso, a santa missa era celebra-
da em frente da igreja aos domingos. Quem presidia as cele-
brações eram os seguintes sacerdotes: padre Onanias, pároco da
paróquia de são Francisco de Assis, padre Ruas, Padre Tiago
de Souza Braz e Padre Francisco Pinto, todos já falecidos.
Quem zelava pela capela ou seja pela igreja, eram os senhores
João Expedito Vieira e sua esposa Ana Tomásia, por agra-
do dona Ninita, inclusive coordenavam algumas atividades
na paróquia, como: o arraial que se realizava todos os anos
e associação do bairro, de acordo com o diário oficial n.º
21.0614, de 26/09/1968, tendo eu sido integrante da
diretoria como primeiro secretário. Com a chegada dos padres
canadenses, tudo mudou. Padre Douglas que um deles tomou
logo a iniciativa da construção da segunda igreja, casa
paroquial e centro social, tendo todos sidos concluídos.
Após a saída dos padres canadenses, vieram duas equipes de
seminaristas diocesanos sendo que a primeira não demorou.
A segunda ficou tendo como coordenador o seminarista José
Carlos Sabino. Por determinação do arcebispo Dom Milton,
integrou-se à equipe Frei Laurindo Côco, pároco da paróquia
da paróquia de Santa Rita de Cássia. Isso aconteceu no ano
de 1976. Porém no ano seguinte a equipe ficou reduzida ao
~ 37 ~
Petrópolis
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seminarista Sabino, que com boa vontade continuou a


condução da paróquia. Convidou várias pessoas para fazer o
levantamento de todos os moradores do bairro.
Com o resultado do levantamento feito seguindo o modelo das
comunidades eclesiais de base que já existiam em outras
regiões do país, dividiu a paróquia em 5 (cinco) setores, deno-
minados diaconias, constituídas em cada uma delas, equipes
de serviços, tendo eu, inicialmente, ficado como coordenador
da diaconina 5 (cinco), na área onde moro até hoje, atual
diaconina 27, tendo como padroeiro São Lucas.
O seminarista Sabino, já diácono, foi ordenado padre no dia 5 de
outubro de 1980 e na ocasião elevado a pároco da paróquia de São
Pedro Apóstolo. Com isso concretizou-se sua vocação de grande
presbítero e administrador. Hoje temos uma igreja nova, grande e
bonita e todas as outras dependências da casa e salão paroquial,
acrescido de salas de aula, bem arrumados. Somos também hoje,
quase 300 agentes da pastoral, 30 diaconias e muito mais coisas.
Venho acompanhando toda a trajetória do padre Sabino até
a presente data, visto que: fui coordenador da diaconia 5
(cinco), preparador de batismo, animador de grupo bíblico, fui
membro da pastoral da saúde e atualmente exerço o terceiro
mandato de ministro extraordinário da eucaristia, e apesar de
meus tombos, de quase oitenta anos de idade e deficiência de
visão, continuo na luta, convicto de católico esclarecido e
consciente que sou, não somente da paróquia São Pedro
Apóstolo ou da diaconia 27, mais onde quer que eu me
encontre, quero ser um pouco de luz, sal da terra e fermento
da massa, de vez que, com muita humildade declaro que
minha consagração ao senhor, é viver por Cristo, com cristo e
em cristo. Este é meu testemunho.

Depoimento de Seu Demósthenes escritas no ano de 2003.

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JOSÉ CARLOS SABINO

Conhecido como padre Sabino nasceu ao 08/06/1950,


em Manaus. Viveu nesta cidade até aos dez anos, fim do seu
primeiro ano de seminário menor, quando teve de se
transferir para o Estado do Ceará, onde prosseguiu seus
estudos no seminário. Fez todo o curso de Filosofia em
Teologia em Manaus, no Cenesh.
Foi ordenado Presbítero aos 05/10/1980. Há 22
anos é padre da arquidiocese de Manaus.
Foi coordenador pastoral da arquidiocese nos
anos de 86-88. Foi coordenador de Pastoral do Setor
cinco por três vezes. Foi presidente da comissão
Regional de Presbítero do Norte 1 (CRP), por nove
anos e meio.
É membro do conselho de Presbítero e de consul-
tores da Arquidiocese de Manaus.
Foi Pároco de duas Paróquias: São Pedro Após-
tolo (Petrópolis) e Maria Mãe dos Pobres (Pura-
quequara).

AO PÁROCO COM CARINHO

Nesse amor todos de sacerdócio


E lá se vão vinte e cinco anos!
Foram muitos de luta e pouco de ócio
E alguns amargos duros desenganos

Mas tem a labuta algo (in) dócil


Algo que não estava nos teus planos
E pra continuar, na luta, o nosso
Padre terá mais vinte cinco anos
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Petrópolis
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E com o pensamento em tom de prece


Nossa diaconia agradece
Ao nosso pároco com carinho.

Vinte e cinco anos que/seja


Para não desistires desta igreja
E a certeza: não estamos sozinhos.

(Soneto escrito pelo poeta Miguel de Souza na época da ordenação do mesmo)

EDIMAR MONTE

Edimar tem 45, morador de Petrópolis desde o nas-


cimento, é um homem ativo na comunidade, com incli-
nação para a política, ele coordena o grupo dos idosos
de Petrópolis que tem 13 anos e hoje é uma associação.
Recentemente realizou com ajuda de outros mora-
dores um evento em que foram homenageados pessoas
de relevância dentro do bairro, como: moradores mais
antigos, outros que prestam algum tipo de serviço social
pela comunidade. “Nossa bairro tem pessoas muito
especiais, temos artistas que precisam de um incentivo,
de políticas que dêem oportunidades para desenvolve-
rem suas arte. Sem essas políticas muitos se perdem.
Temos também pessoas de coração de ouro, e que são
capazes capaz de abraçar o mundo, dona Esmeralda é
uma enfermeira aposentada, se ligarem para a casa dela
e pedirem para aplicarem uma injeção ou outra coisa que
esteja dentro do seu alcance, ela deixa tudo e vem fazer
o que lhe pedem, tem um coração de anjo”.
Edimar falar com amor visível pelo bairro onde
mora, perguntado sobre a questão da criminalidade
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Carlos Tiago
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onde mora ele responde que nas proximidades a sua


moradia quase não existe crimes, “acho que devido ao
fato de ficarmos próximos ao comando geral e uma
outra delegacia de polícia”. Porém ressalta que em
algumas partes do bairro a violência está sem
controle, apesar de Petrópolis ter o maior aparato da
Polícia militar.
Ele não pensa jamais mudar de bairro. “Aqui nasci
me criei e tenho plena certeza que neste chão, com
alegria viverei meus últimos dias, vivo em um bairro
maravilhoso, de pessoas maravilhosas, pessoas que nos
abraçam com confiança”. Conclui.

O que foi a ditadura comentada


por seu Demosthenes
A DITADURA MILITAR FOI O PERÍODO da política
brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta
época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de
democracia, supressão de direitos constitucionais, censu-
ra, perseguição política e repressão aos que eram contra
o regime militar.
O governo de João Goulart (1961-1964) foi
marcado pela abertura às organizações sociais.
Estudantes, organização populares e trabalhadores
ganharam espaço, causando a preocupação das classes
conservadoras como, por exemplo, os empresários,
banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média.
Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado
socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo
vivia o auge da Guerra Fria.
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Petrópolis
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Na área econômica o país crescia rapidamente. Este


período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a
época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a
uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação
beirava os 18%. Com investimentos internos e emprés-
timos do Exterior, o país avançou e estruturou uma base
de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram
milhões de empregos pelo País. Algumas obras, conside-
radas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia
Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssi-
mo e a conta deveria ser paga no futuro. Os emprés-
timos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada
para os padrões econômicos do Brasil.
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil
apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão
também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o
surgimento de novos partidos e com o fortalecimento
dos sindicatos.
No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral
escolheria o deputado Tancredo Neves, que
concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente
da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática
– o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela
Frente Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo
Neves fica doente antes de assumir e acaba
falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney.
Em 1988 é aprovada uma nova Constituição para o
Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da
ditadura militar e estabeleceu princípios democrá-
ticos no país.
~ 42 ~
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Os lugares para as famílias se


divertirem

PETRÓPOLIS É UM BAIRRO QUE TEM apenas uma


praça digna de ser chama de praça, ficam bem no centro
do bairro, com campo de futebol de areia, parquinho
para as crianças brincarem e bancos para os casais
namorarem, a demais é cercado por palmeiras imperiais
maravilhosas. Final de semana, boa parte das pessoas
que moram em sua adjacência vão para lá se divertir.
Vale dizer também, que existem outras praças de menor
porte, porém não merecem pelo seu tamanho relevância
ao trabalho em questão.
Um outro ponto de lazer que merece destaque é o
Bosque da Ciência, o Inpa, é a menina dos olhos do
bairro, é um lugar onde se pode passear com segurança, e
observar as maravilhas da fauna amazônica: pacas, cutias,
beija-flores, peixe-boi e etc. é aberto inclusive em finais de
semana, as pessoas precisam apenas pagar uma taxa de
manutenção de R$ 2. O bosque tem também exposições,
uma biblioteca especializada, e pessoas que tiram a dúvida
quando necessário. O Inpa é destaque nacional pela pes-
quisa no que concerne a biodiversidade amazônica.

O Instituto Nacional de Pesquisa


da Amazônia
O INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔ-
NIAfoi criado em 29 de outubro de 1952, por meio do
Decreto n.º 31.672, do presidente da República, Getúlio
~ 43 ~
Petrópolis
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Vargas, embora sua implantação só tenha ocorrido em


27 de julho de 1954, dois anos após sua criação.
A idéia de um Instituto para estudar a Amazônia era
bastante antiga, mas foi no período pós Segunda Guerra
que o movimento se intensificou. No entanto, a pro-
posta consolidada e avalizada pela Unesco era de criar o
Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (IIHA).
A sociedade da época, imbuída de forte espírito
nacionalista, mobilizou-se junto ao Congresso Nacional, à
imprensa e aos segmentos significativos do país para
pressionar o Governo Vargas que, para escapar da
repercussão negativa, criou o Inpa, em substituição ao IIHA.
A instalação do Inpa, em 1954, foi quase um ato
simbólico, pois sua consolidação como instituição
científica se defrontava com imensas dificuldades que
incluíam falta de recursos, de pessoal qualificado,
inexistência de infra-estrutura para pesquisa, além das
deficiências da Manaus da época, uma cidade muito
distante do centro do poder político e econômico e sem
infra-estrutura urbana capaz de receber cientistas.
Os primeiros anos foram caracterizados por
grandes expedições que buscavam conhecer a região.
Depois vieram anos de pesquisas diagnósticas, levanta-
mentos e inventários seguidos por um processo mais
dinâmico e de mais recursos que possibilitou, enfim, nos
anos 70, o início da construção de sua sede, o Campus
da Ciência.
E foi a partir desta estrutura física que o Inpa se
estabeleceu científica e administrativamente, pois passou a
contar com o apoio dos agentes de desenvolvimento
regional como Sudam e Suframa, além de uma forte base de
sustentação no Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq.
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Assim, as décadas de 70 e 80 solidificaram o Inpa


como um Centro de Pesquisa, com reconhecimento
nacional e internacional, um “status” possibilitado pela
expansão da base física, pela aquisição de equipamentos
modernos, pela consolidação de um grande e signifi-
cativo acervo da biblioteca e por um aumento do núme-
ro de pesquisadores capacitados. Foi no início da década
de 70 que começou a publicação da Acta Amazonica, que
divulgou para o mundo os resultados das pesquisas
desenvolvidas. Nesse período, foram formados grupos
que passaram a atuar na avaliação do impacto ambiental
dos grandes empreendimentos e projetos de desenvol-
vimento implantados pelo Governo Federal, principal-
mente a construção de hidrelétricas.
Os anos 90 trouxeram para o Inpa um imenso
desafio: a inclusão do Instituto no Projeto Centros de
Excelência, um dos componentes do Programa Piloto do
Governo Brasileiro, com o apoio do Grupo dos 7, PPG-
7, com o objetivo de gerar e disseminar conhecimento
científico e tecnológico, voltado para a conservação e
desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Nos anos de 1993 e 1994, o Inpa realizou seu
Planejamento Estratégico que reescreveu a missão do
Instituto, definindo-a como a de “gerar, promover e
divulgar conhecimentos científico e tecnológico da
Amazônia para a conservação do meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável dos recursos naturais em
benefício, principalmente, da população regional”.
O Planejamento Estratégico introduziu modifi-
cações estruturais e funcionais que modernizaram a base
gerencial e de pesquisa, permitindo a implantação do
Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais
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do Brasil, um dos programas voltados para a valorização


da Amazônia e que é desenvolvido em consonância com
os princípios da “Política Nacional Integrada para a
Amazônia Legal”.
Atualmente, o Inpa discute um novo modelo de
gestão para responder às demandas de novos
conhecimentos e tecnologias. O projeto “Excelência na
Pesquisa Tecnológica”, apoiado pelo CNPq e realizado
pela Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa
Tecnológica – Abict – visa promover a melhoria do
desempenho, aprimoramento das atividades de pesquisa
e desenvolvimento e serviços tecnológicos.

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Referências

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Amazônia. Manaus: Valer, 2003.
AMAZONAS, Diário. Estudo mostra mapa dos homicídios
em Manaus. Manaus: Cidades, 07/03/2007.
BENEDIT, Rut. Pattems of culture. In: Introdução à
Sociologia da Amazônia de André Vidal de Araújo.
FILIZOLA, Naziano et al. Cheias e secas na Amazônia:
breve abordagem de um contraste na maior bacia hidro-
gráfica do globo. T&C Amazônia. V. VI N 9. Manaus.
Agosto de 2006.
Histórico do Inpa. Disponível em: http://www.inpa.-
gov.br. Acessado em 25/07/2007.
MACIEL, Elisângela Maciel. Manaus: uma diocese
romanizada. Manaus: Jornal do Comércio, 2006.
Mourão, Eufrásio; Soares, Sofia, Amaral, Antônio;
Guedes, Emmanuel. Depoimentos: histórico do bairro de
Petrópolis. Manaus: União dos Moradores de Petrópolis,
2001.
GONDIM, Neide. A invenção da Amazônia. 2.ª ed.
Manaus: Valer, 2007.
Amazônia de A a Z. http://portalamazonia.globo.-
com/artigo_amazoniaa. Acessado em 27/07/2007.
Ditadura militar. Disponível em http://www.sua-
pesquisa.com/ditadura/. Acessado em 25/07/2007.
ARQUIDIOCESE DE MANAUS. Plano de organização
eclesial e diretrizes pastorais. Manaus: Paróquia Apóstolo
São Pedro – Petrópolis, (s.d).

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Acervo Iconogáfico

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PRÊMIO LITERÁRIO MÁRIO YPIRANGA


MONTEIRO 2007

Aguinaldo Nascimento Figueiredo Hamilton de Oliveira Leão


Bairro de Santa Luzia Bairro da Colônia Oliveira Machado

Alvanice Lopes da Silva Janciney Araújo de Oliveira


Bairro de Puraquequara Bairro da Alvorada

Carla Deniza Negreiro Cardoso João Ferreira de Santana Neto


Bairro de Cachoeirinha Bairro do Japiim

Carlos Tiago dos Santos Motta Ramos


Bairro de Petrópolis Bairro da Betânia

Cláudia Fernandes Brito de Moraes Roberto Bessa


Bairro de Novo Israel Bairro de Aparecida

Cláudio Amazonas Valderes Vieira de Souza


Bairro de Educandos Bairro de Santo Antônio

Daniel de Oliveira Virginia Allan


Bairro de Presidente Vargas Bairro de São Geraldo

Edvaldo Manoel dos Santos Walney Freitas de Figueiredo


Bairro do Coroado Bairro da Compensa

Ellza Souza
Bairro de São Raimundo
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Esta obra integra as Edições Muiraquitã do Conselho Municipal

de Cultura e foi vencedora do Prêmio Literário Mário Ypiranga

Monteiro, em Garamond 11/16 e impressa em agosto de 2010,

pela Grafisa.

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