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CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
NATAL
2020
LILLYANE PRISCILA SILVA DE FARIAS
NATAL
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE
Aprovada em: / /
BANCA EXAMINADORA
Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida, por ser meu porto seguro, por me
proporcionar força e confiança para continuar a realizar os meus sonhos e objetivos, dentre eles,
a concretização deste trabalho. A Ele minha eterna gratidão.
Meus agradecimentos a minha querida orientadora Olívia Medeiros, por desde o
começo demonstrar entusiasmo com cada tentativa de escolha sobre o objeto de pesquisa que
eu queria estudar para realizar o Trabalho de Conclusão de Curso. Obrigada pela compreensão
em respeitar o meu tempo de escrita, pelos comentários acerca do processo deste trabalho
sempre orientando de maneira objetiva e ágil, pelos estímulos em suas aulas de Seminário de
Pesquisa IV trazendo em evidência interesses meus voltados para a pesquisa histórica, pelo
convite para assistir às aulas referentes ao seu grupo de pesquisa sobre História da Educação.
A ela minha intensa gratidão.
Meus sinceros agradecimentos à professora historiadora Arilene Lucena, servidora
responsável pelo Arquivo do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, que autorizou meu
acesso a este espaço para que fossem selecionadas as fontes para este trabalho; também quero
agradecer aos estagiários João Victor, Richardson Tarquínio, em especial a Amanda Medeiros
e Calline Silva que com muita prontidão digitalizaram as fontes que foram utilizadas para a
realização desta pesquisa.
Às intelectuais do grupo de pesquisa em História da Educação do Departamento de
Fundamentos e Políticas da Educação do Centro de Educação da UFRN, que mesmo que
indiretamente contribuíram com suas aulas nos encontros realizados pelo grupo,
proporcionando debates acerca de alguns teóricos que foram utilizados neste trabalho, meus
agradecimentos a Nara, Laís, Aline e Marcelly.
À bibliotecária Rita pelas dúvidas sanadas e pelas orientações pertinentes às normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ao Centro de Educação, à
coordenação do curso presencial de Pedagogia que sempre se mostrou solícita em tirar dúvidas
e estabelecer esclarecimentos a respeito dos procedimentos para efetuar minha formação
acadêmica. Eternos agradecimentos a todos.
A prática da pesquisa histórica tem de ajustar-se à definição clara de
problemas, à formulação de hipóteses, à construção dos dados, à
elaboração de explicações o mais consistentes possível e à construção
de mecanismos para “provar” comparativamente a adequação de suas
explicações.
Aróstegui
RESUMO
O ensino das Ciências Humanas, desde sua configuração no final do século XIX, foi lecionado
de diferentes maneiras ao longo do tempo até chegar à configuração dos dias atuais. O propósito
deste trabalho foi identificar como essa área do conhecimento era abordada dentro de uma
instituição voltada para a educação profissional, a Escola Técnica Federal do Rio Grande do
Norte (ETFRN), sob o contexto do Decreto-Lei nº 869, de 12 de setembro de 1969 e da Lei nº
5.692, de 11 de agosto de 1971; tendo como referência à análise as disciplinas de Organização
Social Política Brasileira, Educação Moral e Cívica e História. A princípio, se baseou nas
seguintes hipóteses: o Ensino das Ciências Humanas na ETFRN estava centrado em datas
comemorativas, na organização política do Estado brasileiro e eventos políticos nacionais; o
currículo referente ao ensino das Ciências Humanas estava alinhado à proposta de formação de
um cidadão “útil” ao contexto; não existia uma preocupação com a formação de um aluno
reflexivo, que problematizava a sociedade na qual vivia. A pesquisa foi de cunho bibliográfico
e documental, foram realizadas visitas ao Arquivo nesta referida instituição, hoje denominada
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, no período de
outubro de 2019 a dezembro de 2020, selecionaram-se diários de classes, estruturas curriculares,
dentre outros documentos pedagógicos e administrativos que serviram como fontes de pesquisa
das quais foram classificadas e sistematizadas a fim de apresentar como era o currículo e os
conteúdos que perpassavam essas disciplinas; dessa maneira constatou-se que elas estavam
alinhadas, principalmente, às normativas educacionais vigentes da época, enfatizando assuntos
relacionados à valorização da pátria, aos conhecimentos da organização e funcionamento do
Estado e à propagação da ideia de uma unidade nacional formada de maneira pacífica, sem
conflitos.
The teaching of the humanities, since its configuration at the end of the 19th century, has been
taught in different ways over time until it reached the constitution of today. The purpose of this
paper was to identify how this area of knowledge was approached within an institution focused on
professional education, the Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN), under the
context of Decree-Law No. 869, September 12th, 1969 and Law No. 5,692, August 11th, 1971;
having as a reference the disciplines of Brazilian Political Social Organization, Moral and Civic
Education and History. At first, it was based on the following hypotheses: the Teaching of Human
Sciences at ETFRN was centered on commemorative dates, on the political organization of the
Brazilian State and national political events; The curriculum referring to the teaching of Human
Sciences was aligned with the proposal of training a citizen "useful" to the context; There was no
concern with the formation of a reflective student, who problematized the society in which he
lived.The research was bibliographic and documentary, visits were made to the Archive at this
institution from October 2019 to December 2020, class diaries, curricular structures were selected,
among other pedagogical and administrative documents that served as research sources of which
they were classified and systematized in order to present the curriculum and the contents that
permeated these disciplines; thus, it was found that they were in line with the educational norms
in force at the time, emphasizing matters related to the valorization of the country, to the
knowledge of the organization and functioning of the State and to the propagation of the idea of a
national unity formed in a peaceful manner, without conflicts.
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14
2 PROCEDIMENTOS MEDOTOLÓGICOS ...................................................... 17
2.1 As fontes ................................................................................................................ 20
2.1.1 Classificação e identificação das fontes.................................................................. 22
3 NORMATIVAS EDUCACIONAIS NO CONTEXTO DA DITADURA
MILITAR, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E CIÊNCIAS HUMANAS......... 27
3.1 Decreto-Lei nº 869 de 12 de setembro de 1969 e a Lei nº 5.692 de 11 de
agosto de 1971 ....................................................................................................... 28
3.2 Escritos sobre a Educação Profissional .............................................................. 33
3.3 Pensando as Ciências Humanas........................................................................... 36
4 A ETFRN: BREVE HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................... 42
4.1 Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte e sua organização ............... 47
5 ENSINO DAS CIÊNCIAS HUMANAS NA ETFRN ........................................ 54
5.1 Estrutura Curricular de 1981 ............................................................................. 55
5.2 Diários de Classe: identificação, quantidades, estrutura e conteúdos ............. 60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 85
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 87
14
1 INTRODUÇÃO
1
Dispõe sobre a inclusão da Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória, nas escolas de todos os graus
e modalidades, dos sistemas de ensino no País, e dá outras providências.
2
Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências.
3
Patriotismo excessivo.
4
“São consideradas escolas técnicas, aquelas que preparam técnico de nível médio, dentro de certos padrões de
formatação profissional, e apresentam as seguintes características: a) oferta exclusiva ou predominante de
habilitações para o setor secundário da economia; b)composição e desenvolvimento do currículo de forma
adequada à preparação de técnicos para o setor secundário da economia; c) existência de recursos físicos e
humanos adequados ao tipo de atividade desenvolvida.” (BRASIL, 1982, p.10)
5
Faz-se pertinente relatar que a proposta desta fusão, desde o princípio, não fora defendida de forma intensa tanto
do lado de apoio quanto do lado de oposição ao governo, conforme ressalta Cunha (2014, p. 918): “Nem um país
do mundo a praticava, tampouco era proposta pelos organismos internacionais.”
15
suas políticas educacionais, que neste caso, ocorreu de forma controladora e autoritária, sem
contar com a participação de todos os segmentos da sociedade civil, buscando atender apenas
ao interesse da classe média urbana. Apresentou dificuldades para sua efetivação, tendo em
vista que existiram muitas críticas tanto por parte dos estudantes quanto dos empresários de
escolas privadas e membros do Conselho Federal de Educação. A intenção do governo
brasileiro não era formar cidadãos críticos capazes de questionarem as decisões
governamentais, mais sim de prepará-los para o mercado de trabalho, sob a perspectiva de
transformá-los em mão-de-obra obediente.
Dessa forma, não tem como dissociar a educação da sociedade, ela é desenvolvida a
partir da concepção de sociedade em que vivemos. No período histórico em questão, o setor
industrial estava em momento de ascensão, existia uma necessidade de trabalhadores
qualificados, com isso, planos e programas de desenvolvimento educacionais foram construídos
estritamente vinculados ao ideário de segurança nacional e de desenvolvimento econômico,
como exemplo pode-se destacar o trabalho desempenhado pelas Escolas Técnicas Federais com
a compulsoriedade de cursos técnicos para seus alunos do 2º grau.
Apresentando como referência, dentro deste cenário educacional profissionalizante
durante o período da Ditadura Militar no Brasil, essa pesquisa propôs a analisar a relação entre
as diretrizes educacionais nacionais (Decreto-Lei nº 869/1968 e Lei nº5.692/1971) com o ensino
das Ciências Humanas na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) durante o
período 1968 a 1985. Foram realizadas as seguintes ações: estudo da Lei nº5.692/71 e do
Decreto nº 869/1969, bem como outras normativas em relação à Educação Profissional e ao
ensino das Ciências Humanas referente ao período da Ditadura Militar; levantamento de fontes
e documentos acerca da criação, da organização administrativa e pedagógica da ETFRN durante
o período 1968 a 1985 no Arquivo desta instituição; investigação de estruturas curriculares,
diários de classe e fotografias para a caracterização do ensino das Ciências Humanas durante o
período 1968-1985; e sistematização os dados empíricos adquiridos no Arquivo criando
categorias e fazendo a relação com as diretrizes nacionais vigentes.
A pesquisa, a princípio, se baseou nas seguintes hipóteses: o Ensino das Ciências
Humanas na ETFRN estava centrado em datas comemorativas, organização política do Estado
brasileiro e eventos políticos nacionais; o currículo referente ao ensino das Ciências Humanas
estava alinhado à proposta de formação de um cidadão “útil” ao contexto; não existia uma
preocupação com a formação de um aluno reflexivo, que problematizava a sociedade na qual
vivia.
16
A relevância dessa pesquisa foi permeada por fatores que percorreram caminhos que
foram desde os interesses acadêmicos pessoais ao estímulo de produção de trabalhos
envolvendo a pesquisa documental na área de Educação.
Em primeiro lugar, pela afinidade com a disciplina de História, devido à graduação
nesta referida área em 2008 na Universidade Potiguar (UnP) na qual a Monografia foi
direcionada para o papel do professor de História para a formação de um aluno crítico e
reflexivo. Em segundo lugar, ao chegar nos últimos semestres da graduação em Pedagogia,
houve o retorno ao objeto de pesquisa “ensino de História”6 inserido em uma instituição de
educação profissional (ETFRN) dentro de um contexto da Ditadura Militar no Brasil (1964-
1985), apresentando assim mais um desafio, no sentido de que para a elaboração dessa pesquisa,
teve-se que estudar referências a respeito da Educação Profissional contemplando o recorte
histórico do surgimento da ETFRN no contexto da Ditadura Militar.
E em terceiro lugar, pesquisar o ensino das Ciências Humanas em uma instituição de
Educação Profissional, a Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN), em um
Trabalho de Conclusão de Curso em uma graduação em Pedagogia, perpassa pela intenção de
estimular o uso da Pesquisa Documental na área de Educação, uma vez que possibilita uma
ampliação para o trabalho do pesquisador dessa área que muitas vezes se restringe às pesquisas
in loco nas escolas, estudos de caso e/ou a pesquisas bibliográficas, como também permite
intensificar o números de trabalhos realizados no âmbito da História de Educação com ênfase
na Educação Profissional em Escolas Técnicas Federais.
O trabalho foi dividido em seis seções, a saber: a Introdução da qual apontou acerca
do tema da pesquisa, seus objetivos, a trajetória da escolha do objeto de estudo bem como sua
importância em pesquisá-lo; depois, os Procedimentos Metodológicos com a apresentação e a
Classificação das Fontes que foram utilizadas do Arquivo da antiga ETFRN; logo em seguida,
as Normativas Educacionais presentes na Ditadura Militar (Decreto-lei nº 869/69 e a Lei nº
5.692/71), Escritos sobre a Educação Profissional, Pensando as Ciências Humanas; dando
prosseguimento, vem a seção referente ao Ensino das Ciências Humanas na ETFRN que se
constitui com a análise dos diários de classe; e, para finalizar, as Considerações Finais, contendo
os resultados da pesquisas e outros apontamentos.
6
O retorno ao tema foi resgatado a partir da apresentação de pesquisas de alunos da pós-graduação em História da
Educação do IFRN e da UFRN no componente curricular Seminário de Pesquisa IV do 7º período de Pedagogia
da UFRN, nesse mesmo período ingressei como bolsista voluntária no Projeto de Pesquisa “A doutrina de
segurança nacional e a cultura escolar na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1968- 1985)”,
coordenado pela professora Dr.ª Olívia Medeiros Neta.
17
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
foram realizadas durante o período de outubro/2019 a janeiro/2020, uma vez por semana com
a duração em média de 2h/por dia.
O propósito da pesquisa no Arquivo não se restringiu ao fato de apresentar, descrever
a documentação selecionada e inseri-la dentro do contexto sócio-histórico na época em que foi
produzida, nesse aspecto, estar-se-ia reproduzindo uma prática que foi bastante comum no
século XIX, direcionada a uma historiografia “cronista” focada na recolha dos fatos seguida da
construção de um relato. Não reproduzir esse tipo de prática, nos dias de hoje, pode parecer
fácil, mas não é, o pesquisador deve efetivar seu planejamento tendo a necessidade de deixar,
conforme Aróstegui (2006):
Nesse sentido, convém acrescentar que, para ele não existe um “esgotamento” das
fontes, tanto na pesquisa histórica quanto em outra não há uma dependência exclusiva do
surgimento delas, mas sim de questões-problemas mais aprofundadas.
Este foi o conceito de fonte histórica utilizado nesta pesquisa, por mais que possa, a
princípio, parecer um conceito amplo e heterogêneo, o pretexto foi esse, pois está inserido
dentro do contexto das ampliações no universo de possibilidades das fontes textuais trabalhadas
pelos historiadores desde os princípios do século XX (BARROS, 2010). Relatórios, diários de
classe, organização didática, legislações, fotografias, essas foram algumas das fontes
selecionadas no Arquivo do IFRN, representando assim um conjunto de possibilidades e
potencialidades que foram trabalhadas com a finalidade de responder a problemática da
pesquisa.
Para amparar a organização dessas fontes bem como sua sistematização se fez
primordial critérios de classificação que foram definidos de acordo com os objetivos e hipóteses
postas a fim de iniciar o trabalho de análise dos dados, “é preciso encontrar critérios de
classificação que permitam referir-se globalmente a todas as fontes possíveis, [...] sejam
20
úteis para algo que resulta ser imprescindível em todo tratamento das fontes [...]: sua avaliação.”
(ARÓSTEGUI, 2006, p. 492).
Segundo o autor, as fontes podem atender a um critério básico quádruplo: posicional
(fontes diretas ou indiretas), intencional (fontes voluntárias ou não voluntárias), qualitativo
(fontes materiais ou culturais) e formal-quantitativo (fontes seriadas ou não seriadas), a
posteriori foram descritas as fontes utilizadas na pesquisa bem como identificados seus tipos de
acordo com essa classificação.
Um fator relevante para uma pesquisa social envolvendo análise documental, dando
destaque na área da historiografia, é a aplicação de operações técnicas que sejam capazes de dar
prosseguimento à metodologia da observação. Aróstegui (2006) enfatiza que faz-se necessário
a efetuação de depuração dos dados, nesse aspecto aplica a nomenclatura fiabilidade das fontes,
entretanto, não basta apenas que as fontes apresentem credibilidade, a reflexão acerca das fontes
adequadas à pesquisa é essencial, o pesquisador tem que efetuar frequentemente perguntas
elaboradas a partir de hipóteses claras, tais como: “ ‘qual o caráter de uma determinada
pesquisa?’, ‘que tipo de fonte seria necessário utilizar’, ‘o que se pode fazer com as que forem
encontradas?’” (ARÓSTEGUI, 2006, p. 507). Executando esse questionamento, obteve-se a
verificação se as fontes selecionadas de fato foram pertinentes para que pudessem alcançar os
objetivos propostos pela pesquisa, pois estes condicionam a adequação das fontes.
E, para aplicação dessas duas técnicas (fiabilidade e adequação das fontes), tendo
como referencial o objetivo geral de analisar a relação entre as diretrizes educacionais nacionais
(Lei nº 5.692/1971 e o Decreto nº 869/1969) com o ensino das Ciências Humanas na Escola
Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) durante o período 1968 a 1985; a depuração
dos fatos seguiu critérios que não podem estar dissociados de uma contextualização prévia e,
para isso, os objetivos específicos foram elementos norteadores a fim de organizar e situar o
objeto de conhecimento, compreendendo as normativas que regem a Educação Profissional
referente ao Período da Ditadura e identificar nos diários de classe os conteúdos que eram
ensinados nas disciplinas de EMC, OSPB e História.
2.1 As fontes
plano geral de atividades, relatórios quantitativos, currículos dos cursos técnicos, programas de
disciplina, caracterização socioeconômica, planejamento educacional, folders para a divulgação
da escola; ressaltando que os anos de publicação destes documentos estão entre 1967 a 1985.
A pesquisa documental foi realizada no ambiente do Arquivo da antiga ETFRN com a
devida autorização da bibliotecária e com o apoio de estagiárias que foram as principais
responsáveis pela digitalização dos documentos selecionados. As visitas com o pretexto para o
recolhimento das fontes eram realizadas uma vez por semana, tendo a duração de 2h/dia.
Durante o período de busca no Arquivo, diante da referência do projeto de pesquisa
como também de conversas com a orientadora, foram selecionados documentos que trouxessem
interpretações e análises acerca do ensino das Ciências Humanas (OSPB, EMC e História) não
deixando de pesquisar normativas legais7 que fundamentassem a criação da ETFRN, tendo em
vista que o intervalo de estudo para esse trabalho perpassou quando a instituição tinha esta
nomenclatura.
Após esta etapa de recolhimento de fontes, percebeu-se a necessidade de organizá-las
através da construção de tabelas dividindo-as por assuntos para que depois fossem feitas as
devidas análises. A separação por assuntos foi estabelecida a partir da quantidade, assim sendo,
os documentos foram divididos da seguinte forma: administrativos; pedagógicos; diários de
classe e fotografias.
7
Não foram encontradas essas normativas, entretanto, em bibliografias pesquisadas sobre a História desta
instituição existem o documento de criação da ETFRN.
22
Feita a apresentação das fontes, caracterizada como uma parte importante para a
classificação e organização dos dados empíricos adquiridos no Arquivo, fez-se necessário, assim
como destaca Rüsen na epígrafe, ressaltar que a busca por estas informações foram atribuídas
de significados, sentidos, que foram correspondidos por investigações, observações, indagações
formuladas pelo meio de hipóteses. E, tendo como foco essa pesquisa, considerou- se como foi
desenvolvido o ensino das Ciências Humanas durante a Ditadura Militar (1964- 1985) na
ETFRN realizando assim uma inferência ao contexto educacional no período histórico
destacado.
23
pretende. Dessa forma, fontes podem ser diretas para um determinado assunto
e indiretas para outro (AROSTÉGUI, 2006, p. 495).
A partir deste critério, das definições expostas acima, pode-se destacar que os
documentos administrativos, pedagógicos e os diários de classe são fontes não testemunhais-
culturais e as fotografias são fontes testemunhais culturais.
3) Critério Qualitativo – Nessa classificação encontra-se as fontes materiais e
culturais; fontes verbais e fontes não verbais; as fontes verbais podem se dividir em fontes
narrativas e não-narrativas, conforme Arostégui (2006) pode-se destacar que:
Através desta característica, percebe-se que as fontes pesquisadas para este trabalho no
arquivo do IFRN são escritas, audiovisuais, sendo classificadas como culturais. Em relação às
fontes materiais, são os vestígios arqueológicos, monumentos arquitetônicos, esculturas,
mobiliários, elas são “documentos históricos cujo valor informativo reside, em primeiro lugar,
26
em sua própria materialidade” (AROSTÉGUI, 2006, p. 500), na referida pesquisa não houve a
seleção de fontes materiais.
As fontes das quais selecionei são definidas também como verbais e não narrativas,
tendo em vista que oferecem o conteúdo escrito como principal objeto de estudo e sua forma
não está estrutura em: crônicas, memórias, reportagens, relatos da maneira como se apresentam
as fontes narrativas.
4) Critério Quantitativo - A partir deste critério, as fontes podem ser seriadas e não
seriadas. A fonte seriada é “aquela, material ou cultural, que é composta de muitas unidades
de elementos homogêneos, suscetíveis de serem ordenados, numericamente ou não”
(AROSTÉGUI, 2006, p. 502), são exemplos de fontes seriadas: livro de protocolos, discursos
políticos, conjunto de testamentos. Já as fontes não seriadas “são as tradicionais fontes
qualitativas geralmente escritas: crônicas e memórias, documentos diplomáticos, vestígios
arqueológicos em determinadas circunstâncias, etc.” (AROSTÉGUI, 2006, p.503)
Dessa forma, as fontes que foram trabalhadas são também seriadas, tendo em vista que
a partir do seu conteúdo foram realizadas sistematizações, observações acerca de identificar a
recorrência, a repetição de conteúdo (destaque para o trabalho realizado pela fonte Diário de
Classe), a seriação presente nas fontes selecionadas são relacionadas ao conteúdo.
27
Os diários de classe que foram utilizados como fontes são do período de 1974 a 1985
e estavam em concordância respeitando a organização curricular estabelecida pelas diretrizes
da Lei nº 5.692/71. Outra característica desta normativa que também estava presente nos diários
selecionados foi a inclusão da disciplina Educação Moral e Cívica, cuja obrigatoriedade era
demonstrada no Art.7.º9
A preocupação com a aprendizagem com alunos que apresentam deficiências foi
similarmente incluída nessa lei, passando a merecer tratamento especial, de acordo com as
normas determinadas pelos Conselhos de Educação. Assuntos como transferência de alunos,
verificação de rendimento escolar, assiduidade e avaliação também foram abordados no
primeiro capítulo.
8
Documento não paginado.
9
“Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de
Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos oficiais de 1ª e 2º graus, observado quanto à primeira o
disposto no Decreto-Lei n. 369, de 12 de setembro de 1969.” (BRASIL, 1971).
30
10
Embora essa normativa, a princípio, não tenha sido incluída no objetivo dessa pesquisa, foi pertinente destacá-
la devido sua importância à implementação da Educação Profissional com a formação compulsória de técnicos.
32
sociólogo Bourdieu (1989) fornece uma perspectiva em relação ao exercício do poder pelo
Estado:
Diante do que foi exposto, a força do direito, quando materializada na forma de lei
funciona como um símbolo de poder, imposição de uma realidade que defende interesse de
grupos, não proporcionando uma aberta para construções democráticas, participativas, sendo
caracterizado como “[...] uma violência simbólica, que constrói e impõe uma determinada
definição do mundo como legítima, um sentido, um fundamento e uma significação [...]”
(AZEVEDO, 2011, p. 35).
E assim foi caracterizada a Lei nº 5.692/71, como um ato de violência simbólica11
representada, por exemplo, de legitimação à divisão da educação para “pobres” da educação
para “ricos”, as escolas particulares alegaram que o custo de investimento seria muito alto para
a adesão de um ensino profissionalizante no 2º grau e continuou exercendo o ensino
propedêutico em seus estabelecimentos, já em relação a educação pública, de acordo com Cunha
(2014):
11
Para estudos e aprofundamentos teóricos acerca desta temática consultar a obra: BOURDIEU, Pierre. O poder
simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.
33
Para a realização destes escritos fez-se necessário realizar alguns apontamentos acerca
da Educação Profissional no Brasil sob o contexto socioeconômico da década de 1970 e
abordando aspectos da sua historicidade, uma vez que o objeto dessa pesquisa encontra-se
12
No período de análise dessa pesquisa, existiram Leis da Segurança Nacional, a saber em 1969, 1973, 1978,
entretanto a primeira Lei elaborada com esse teor foi em 4 de abril de 1935, na qual definia crimes contra a
ordem política e social. Sua principal finalidade era transferir para uma legislação especial os crimes contra a
segurança do Estado, submetendo-os a um regime mais rigoroso, com o abandono das garantias processuais.
Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-
37/RadicalizacaoPolitica/LeiSegurancaNacional. Acesso em: 08 de julho de 2020.
34
inserido dentro de uma instituição que visa a formação profissional do aluno, neste caso, a
Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. A compreensão desse aspecto é de grande
relevância, pois muitos dos elementos que estruturaram o ensino as Ciências Humanas estão
interligados a proposta político-pedagógica desta instituição, bem como a legislação nacional
vigente da época, o Decreto nº 869 de 1969 e a Lei nº 5.692/71.
Primeiramente, foi oportuno evidenciar que a Educação Profissional no decorrer do
tempo apresentou diferentes perspectivas, como destacou Manfredi (2002):
Vale salientar que o interesse por essas áreas destinadas às Ciências Humanas foi
desencadeado devido principalmente a uma intensa Revolução que estava ocorrendo na época:
a Revolução Industrial. A introdução da máquina dentro do processo das atividades humanas
em substituição ao trabalho desenvolvido manualmente/artesanalmente e o ingresso da produção
em série, provocou inúmeras transformações de cunho sócio-histórico colocando o ser humano
em evidência, sendo o principal protagonista nesse processo representado por modificações
afetando equilíbrios sociais e pelo surgimento de classes sociais antagônicas que seriam a
burguesia e o proletariado. Dessa forma, pôde-se constatar que foi diante de um acontecimento
de cunho prático que se fez emergir a necessidade das Ciências Humanas, conforme destacou
Foucault (1999, p. 369):
[...] foi o retraimento da máthêsis e não o avanço das matemáticas que permitiu
ao homem constituir-se como objeto do saber; foi o envolvimento do trabalho,
da vida e da linguagem em torno deles próprios que prescreveu, do exterior, o
aparecimento desse novo domínio; e é o aparecimento desse ser empírico-
transcendental, desse ser cujo o pensamento é tramado com o impensado,
desse ser sempre separado de uma origem que lhe é prometida na imediatidade
do retorno, é esse aparecimento que dá às ciências sua feição singular.
(FOUCAULT, 1999).13
[...] a educação teria que ser formada de mão-de-obra para o setor industrial
sem a necessidade de formar cidadãos críticos a ponto de poderem contestar
as decisões governamentais. Por isso, não haveria a necessidade das ciências
humanas formadoras de senso crítico. Pois gerava uma negação de conteúdo
crítico na formação geral do educando. (PLAZZA; PRIORI, [2008?], p. 8).
15
Vale salientar que nos Diários de Classe pesquisados no arquivo da antiga ETFRN, sobre o ensino das
Ciências Humanas, não foi constatada essa modificação.
40
elaborado a partir da concepção de sociedade em que vivemos. Nesse caso, o setor industrial
estava em momento de ascensão, existia uma grande necessidade de trabalhadores qualificados,
com isso, planos e programas de desenvolvimento educacionais foram construídos estritamente
vinculados ao ideário de segurança nacional e de desenvolvimento econômico.
Em relação ao levantamento bibliográfico sobre a temática do ensino das Ciências
Humanas, sobretudo a disciplina de História, a autora Bittencourt (2009, p. 60) destaca que “a
partir da década de 70 do século XIX, sua importância foi ampliada como conteúdo encarregado
de veicular uma ‘história nacional’ e como instrumento pedagógico significativo na constituição
de uma ‘identidade nacional’”, isso ocorreu devido ao fato do ensino de História está
relacionado a lições de leitura, estimulando temas associados, na época, a um Estado
independente e monárquico, estando presente também em planos de estudos propostos em 1827
aos professores de escolas elementares.
Tais características foram pertinentes para analisar os conteúdos ministrados nos
diários de classe utilizados nessa pesquisa, uma vez que a seleção dos conteúdos estava
obedecendo a esse propósito, “os livros escolares elaborados no início do século XX mostram
como o patriotismo passou a ser o objetivo organizativo central dos conteúdos escolares de
História, [...] a riqueza da terra, [...] gente pacífica [...], possibilitou uma moral sem
preconceitos.” (BITTENCOURT, 2009, p. 61).
Realizando buscas de trabalhos no âmbito da Escola Técnica Federal do Rio Grande
do Norte, houve a identificação de produções acadêmicas mais recentes, realizadas pelas autoras
Aline Cristina Silva Lima e Olívia Morais de Medeiros Neta, destaca-se “Ensino de História
inserido dentro do currículo do Curso Técnico de Nível Médio Integrado de Turismo do
CEFETRN/IFRN (2005-2011)”, a intenção com a publicação desse trabalho foi de aumentar e
incentivar o número de pesquisas sobre essa temática/área de pesquisa. No entanto, neste
momento, foram realizados alguns comentários acerca de pesquisas vinculadas ao ensino de
história.
A partir da leitura do artigo “A prática pedagógica no Ensino de História no contexto
da formação do Técnico em Turismo do CEFET/RN ao IFRN (2005-2011)” obtém-se um
panorama através das entrevistas realizadas tanto com professores quanto por alunos do
desencadeamento das concepções/práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores de
história dentro do recorte temporal destacado nessa pesquisa.
Em outro artigo denominado “O Ensino de História no Curso Técnico Integrado de
Turismo – CEFET/IFRN – Campus Natal/Central (2005-2011)” também construído pelas
41
autoras anteriormente citadas, realizando uma breve leitura, pôde-se perceber sua importância
acerca da concepção do trabalho como princípio educativo relacionando-o com os aspectos
ontológicos e históricos e não apenas restringindo-o ao aspecto mercadológico.
Tendo como referência as produções das autoras Aline e Olívia, um conceito que foi
pertinente para proporcionar reflexões para esta Monografia foi o de ensino de história:
17
Vale salientar que em 2009 foi comemorado o ano de centenário da instituição (1909-2009).
18 Documento não paginado (parte do Resumo)
43
Por questões de recorte temporal, tendo em vista o período selecionado para o estudo
do ensino das Ciências Humanas durante a Ditadura Militar, destacou-se então a fase em que a
instituição estava com a nomenclatura “Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte
(ETFRN)” que foi a partir de 1968 até 1998.
Tendo então como referência o período da “existência” da ETFRN (1968-1998), foi
pertinente contextualizar essa instituição dentro do cenário sócio-histórico e econômico nesse
intervalo destacado, uma vez que falando sobre ela se fez remeter ao desenvolvimento industrial
brasileiro, seu funcionamento não esteve desconectado com as políticas educacionais e com a
estrutura governamental vigentes no país durante essa época.
Diante desse contexto, entre o final da década de sessenta até próximo ao final da
década de noventa do século XX, a economia brasileira apresentou vários momentos que
merecem ser destacados, muitos governos tiveram o intuito de mostrar programas que
estimularam o incremento industrial do país.
Antes de destacar referido período, é fundamental evidenciar como ela foi retratada em
algumas décadas anteriores. O propósito era estimular a economia interna brasileira, pois o
capitalismo global estava em crise devido à queda da bolsa de valores de Nova York em 1929,
a posição do Brasil dentro desse cenário era de um país agrário, exportador, que dependia
industrialmente de países da Europa que ao mesmo tempo diante dessa conjuntura de crise,
esses países naturalmente se fecharam e perceberam a necessidade de controle e de
planejamento na atividade produtiva. Esse fator foi importante para que se procurasse
desenvolver a economia interna brasileira.
Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek (JK), João Goulart foram alguns dos presidentes
que desempenharam programas importantes para o fortalecimento de uma indústria nacional,
tendo destaque para “o Plano de Reabilitação da Economia Nacional da Economia Nacional e
Reaparelhamento Industrial, ambos, do governo Vargas, seguidos pelo Plano de Metas19, de
Juscelino e o Plano Trienal de Desenvolvimento, do governo João Goulart.” (PEGADO, 2006,
p. 16).
19
Consistiu no planejamento de trinta metas prioritárias distribuídas em cinco grandes grupos; energia (43% dos
investimentos), transportes (29,6%), alimentação (3,2%) indústria de base (20,4%), educação (3,4%) e por a
meta síntese, a construção de Brasília, incluída por vontade pessoal do presidente e que consumiu 3% do PIB da
época.
44
A indústria brasileira desenvolveu sem auto suficiência técnica uma vez que
não houve prioridade para uma reforma educacional. JK armou, sem querer,
uma bomba para o futuro. Como não haviam sido feitas as reformas profundas
necessárias à manutenção do estado de coisas criado por Juscelino, a crise
política se instalou e culminou o golpe militar de 1964. (PEGADO, 2006, p.
21).
Tendo em vista o referido contexto, a educação pública foi suscetível ao fracasso, não
tinha como desenvolver uma política educacional democrática se existia um regime
caracterizado por diversas concentrações já mencionadas acima, desfavorecendo investimentos
na área educacional ocasionando assim uma carência de verbas para o seu crescimento, um dos
aspectos que justifica essa situação foi a aplicação de recursos para os setores diretamente
relacionados à acumulação de capital. (GERMANO, 2000).
Esse fator concentrador repercute na intencionalidade ao se pensar as políticas
educacionais do Brasil nessa época, destaque para a reforma do Ensino Superior (1968) e a
reforma do Ensino Primário e Médio (1971), uma vez que a educação estava completamente
relacionada com a economia, “uma economia da educação de cunho liberal, responsável pela
elaboração da chamada ‘teoria do capital humano’ (...) tenta estabelecer uma relação direta,
imediata e mesmo de subordinação da educação à produção” (GERMANO, 2000, p. 105).
Nessa percepção, todas as propostas relacionadas à educação estavam interligadas para
que se pudesse garantir o desenvolvimento econômico do país, sendo trabalhado esse objetivo
desde o ensino médio intermediário, existia a preocupação da qualificação da mão- de-obra,
direcionados ao crescimento e diversificação da indústria nacional bem como à ampliação da
infraestrutura de serviços estatais. Foi nesse último aspecto que se destacou a formação de
técnicos industriais de nível médio. (PEGADO, 2006).
Além da escassez de verbas, outro fator de relevância praticado pelo Estado foi o
controle político e ideológico do ensino, fazendo com que eliminasse qualquer tipo de postura
oposicionista em relação à Ditadura Militar, “visando à eliminação do exercício da crítica social
e política, para obter a adesão de segmentos sociais cada vez mais amplos para o seu projeto de
dominação” (GERMANO, 2000, p. 105). Diante disso, o ano de 1968 foi demarcado pela
atuação de vários opositores à Ditadura, muitos foram presos, exilados, por se demonstrarem
insatisfeitos organizavam movimentos armados com o intuito de acabar com o Governo Militar
(1964-1985).
Ainda nesse contexto, três anos depois, em 1971, foi promulgada uma das políticas
educacionais mais importantes durante o Período Militar, a Lei nº 5.692/71 que dispunha da
profissionalização universal e compulsória no ensino de 2º grau, cuja intenção foi promover a
46
fusão do ensino médio (nomenclatura atual vigente) junto com os cursos profissionalizantes.
Fez-se pertinente relatar que a proposta dessa fusão, desde o princípio, não fora defendida de
forma intensa tanto do lado de apoio quanto do lado de oposição ao governo, conforme ressalta
Cunha (2014, p. 918): “Nem um país do mundo a praticava, tampouco era proposta pelos
organismos internacionais.”
A implementação da referida Lei supracitada denunciou a forma como a Ditadura
Militar articulava suas políticas educacionais, que nesse caso ocorreu de forma controladora e
autoritária, sem contar com a participação de todos os segmentos da sociedade civil, buscando
atender apenas ao interesse da classe média urbana. Como exemplo disso, pôde-se citar a
formação de um grupo de trabalho para elaborar um projeto de lei de reforma universitária, a
fim de atender aos objetivos desta classe que ansiava por aumento das vagas das universidades
públicas, haja vista que “as camadas médias estavam fortemente representadas no contingente
universitário, cujos componentes eram justamente aqueles que, cada vez mais, dependiam da
educação de nível superior para ascender socialmente”. (CUNHA, 2014, p. 918)
O resultado das atividades desenvolvidas por esse referido grupo de trabalho foi a
elaboração de um relatório da qual constatou que a saída para atender as demandas referente ao
ensino superior seria a efetivação de organizar o ensino médio para que oferecesse aos
concluintes uma habilitação profissional, dessa forma, possibilitaria a diminuição de vagas nas
instituições de ensino superior. Para tanto, o produto desse trabalho foi a elaboração do projeto
da Lei nª 5.692/71 da qual apresentou bastante dificuldades para sua efetivação, tendo em vista
que existiram muitas críticas tanto por parte dos estudantes quanto dos empresários de escolas
privadas e membros do Conselho Federal de Educação.
Dentre as críticas, conforme Cunha (2014) podemos destacar: insatisfação dos alunos
ao reagirem à introdução de disciplinas profissionalizantes, por diminuírem a carga horária das
que lhes interessavam para os exames vestibulares, outro ponto relevante foi a inadequação
econômica: os custos da profissionalização universal e compulsória no ensino de 2º grau seriam
dificilmente cobertos pelos orçamentos existentes.
Perante uma breve explanação da conjuntura econômica e educacional durante a
Ditadura Militar, o próximo subtítulo foi destinado a retratar como como surgiu a Escola
Técnica Federal do Rio Grande do Norte.
47
A Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte foi criada no dia 16 de junho de
1968, conforme a Portaria Ministerial nº. 331, essa nomenclatura permaneceu até 1998.
Localizava-se na Avenida Senador Salgado Filho, permanece funcionando, sendo que hoje sua
nomenclatura é Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Entre o período de 01/03/68
até 28/03/71, o professor João Faustino Ferreira Neto foi o diretor da escola. Anteriormente,
chamada de “Escola Industrial Federal do Rio Grande do Norte” (EIFRN), permaneceu com
essa nomenclatura por três anos (1965-1968) e estava sob a direção de Pedro Martins de Lima.
Na Figura 1 têm-se a Fachada principal da Escola Técnica em 1968:
Fonte: https://centenario.ifrn.edu.br/cronologia/#transformacao-em-etfrn
23
Documento não paginado.
52 52
24
Vale ressaltar que foram observadas as disciplinas e seus respectivos número de aulas relativos à estrutura
curricular da parte de Educação Geral que apresentou ser a mesma para todos os demais cursos técnicos
oferecidos pela ETFRN em 1981, só sendo modificadas as disciplinas específicas referente à formação especial
para cada curso, por isso, só foi demonstrado esta estrutura referente ao Curso Técnico de Edificações. 25
Ressaltando que o termo “Ciências Humanas” é empregado neste momento para especificar uma área de
saberes composta por disciplinas que possuem objetivos específicos.
55
À vista disso, esta seção ficou dividida em duas subseções: uma destinada à análise da
estrutura curricular de 1981 e a outra referente aos diários de classe.
Quadro 3 – Nº de horas e indicação dos níveis das disciplinas ofertadas na Educação Geral na
ETFRN.
Nº DE HORAS E INDICAÇÃO DOS NÍVEIS DAS DISCIPLINAS DA EDUCAÇÃO GERAL
DISCIPLINA Nº de horas /por nível PRESENTE EM QUAIS NÍVEIS
Comunicação em Língua Portuguesa 60/45 1,2,3
Matemática 60 1,2,3,4
Física Geral 75/60 1,2
Química Geral 60 1,2
Biologia 45 1
História 45 1
Educação Física 45 1,2,3,4,5,6
Programas de Saúde 30 2
Geografia 45 2
Inglês ou Francês 45 2,3,4,5
Educação Artística 30 3
Literatura Brasileira 45 4
Educação Moral e Cívica 30 4
O.S.P.B 45 5
Fonte: Elaborado pela autora (2020)
disciplinas de acordo com a quantidade de níveis, dessa forma se nota a discrepância entre, por
exemplo, Educação Física que obtém 270 número de horas representando 19% da carga horária
total da Educação Geral, pois está em todos os níveis; e História com apenas 45h, frequente em
apenas um, sendo representada por 3% assim como também OSPB, conforme mostra o quadro
4 e gráfico 1:
Após essas constatações, dois pontos mereceram ser realçados, o primeiro diz respeito
ao percentual relativamente baixo da carga horária total referente às disciplinas das áreas de
Ciências Humanas presentes na estrutura curricular apresentada, contrariando o que o Art. 1º
da Lei nº 5.692/71 relatava:
26
Documento não paginado.
59
escola como a criação de ginásios e quadras de esportes contando com recursos oriundos a partir
da Loteria Esportiva Federal,27 que, conforme Medeiros (2011, p. 125) “destinava 30% da renda
líquida para aplicação em programas de educação física e atividades esportivas.”
O outro aspecto a ser realçado foi em relação à disciplina Educação Moral e Cívica,
embora representando apenas 2% do número de aulas total da estrutura curricular, ela se
constituía também através do decreto-lei nº 869/69 como prática educativa inserida dentro e
fora da sala de aula, “atividades como a solenidade de hasteamento da bandeira, uma vez por
semana, e as comemorações dos 150 anos da independência do Brasil, integravam o calendário
dos eventos cívicos incentivados pela Escolas nas décadas de 70 e 80.” (MEDEIROS, 2011,
p.102), conforme demonstram as Figuras 6 e 7:
27
BRASIL. [Decreto-Lei (1969)]. Decreto-Lei nº 594 de 27 de maio de 1969. Brasília, DF: Presidência da
República, [1969]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0594.htm.
Acesso em: 28 de jun. de 2020.
60
Gráfico 2 – Porcentagem representada dos diários de classe pesquisados das disciplinas OSPB,
EMC e História durante o período 1974 a1985 no arquivo do IFRN.
28
Como ressaltado, a princípio, não era a intenção analisar os diários de classe referente às disciplinas de OSPB e
EMC, foram incorporados a posteriori devido a proposta de ampliação referente ao ensino das Ciências Humanas
durante a Ditadura Militar. Infelizmente, em razão das leituras das referências bibliográficas para o início da
escrita para este Trabalho de Conclusão de Curso, foram encerradas as pesquisas no arquivo e, não foram
selecionados os Diários de Classe de Geografia. Porém, a inclusão deste elemento pode significar a continuidade
de estudos para pesquisadores que tenham esse mesmo tema de pesquisa.
62
Essas disciplinas foram ministradas por diferentes docentes29, sendo que se podia
encontrar o mesmo professor lecionando OSPB e EMC ou OSPB e História em diferentes
períodos durante o mesmo ano. Para a quantidade referente a cada um desses componentes
curriculares estão diários de classe tanto da Educação Geral, Formação Geral, Pró-técnico,
enfatizando também os cursos de Saneamento, Eletrotécnica, Edificações, Estradas, Geologia e
Mineração. Para a sistematização dessas informações tendo como base a quantidade de diários,
colocando em destaque a informação disciplina/curso foram elaborados alguns gráficos a
seguir:
29
Em relação ao gênero dos professores, foram seis mulheres e dois homens.
30
Em relação aos diários pesquisados, foi constatado a oferta desta disciplina sempre no primeiro semestre.
63
disciplina de OSPB foi ministrada por professoras diferentes nos cursos Técnico de Geologia e
de Mineração, ambas no ano de 1975, totalizando assim dentro do cenário selecionado, quatros
professores (sendo três mulheres e um homem) lecionando esta matéria.
No que diz respeito à disciplina de Educação Moral e Cívica, observa-se o gráfico 4:
Foram 10 diários selecionados, todos referente ao ano de 1974, sendo sete relacionados
ao curso técnico de Edificações e três referentes ao curso técnico de Estradas. A disciplina
também fora lecionada na forma de dois créditos constatados a partir do segundo semestre do
referido ano e se estendendo até o final, ofertada geralmente duas vezes por semana, inclusive
contando o sábado como dia letivo, ministrada pela mesma professora que também lecionou
OSPB no início do semestre de 74. As informações citadas são equivalentes tanto para o curso
de Edificações quanto para o de Estradas, fazendo duas ressalvas, a primeira é que geralmente
essa disciplina era cursada no segundo período de Edificações e no terceiro período de Estradas,
e a segunda diz respeito a presença de uma outra professora que compartilhou uma turma de
EMC no curso de Edificações e outra no curso de Estradas juntamente como a professora que
já estava responsável pelas outras turmas.
Sem detença, com referência a quantidade de diários pesquisados direcionados à
disciplina de História, verifica-se gráfico 5:
64
31
Fazendo uma ressalva, no ano de 1981 eram três horários alternados em dois dias, já no ano de 1985 houve
acréscimo de mais um horário.
65
32
Frase contida também em panfletos de divulgação da ETFRN, foi identificado um desses nos documentos
administrativos do ano 1972, eles tinham como finalidade apresentar à comunidade informações sobre o que se
estuda e o que se faz de cada curso técnico de nível médio oferecidos pela instituição, bem como ressaltar a
importância para se formar técnicos para atender às necessidades de mão de obra qualificada da região em busca
do progresso industrial que vinha se desenvolvendo no país.
66
33
Este item, no diário de 1979, aparece na última página aparecendo de maneira ampliada.
67
Essa parte, que no diário de 1974 tem a finalidade de controlar as frequências, no diário
de 1981, constata-se também um espaço para registrar as notas das atividades realizadas.
Conforme a figura 12:
Observa-se que na Figura 12 as notas estão inseridas nos conceitos que são
representados pelas colunas de: verificação (V), trabalho em grupo (TG), outras atividades
(OA), conceito parcial (CP) e o número de faltas. Em relação à Figura 11, não existem
informações sobre notas de avaliações o local direcionado ao registro das frequências, elas
70
estão contidas em outra parte do diário, destinada ao Mapa de avaliação assim como a exposição
de um gráfico para atribuição de conceitos apresentando uma forma mais detalhada e ampliada,
conforme a figura 13:
Último item presente no registro pedagógico do docente da sua estrutura destacado são
as anotações de aulas ou assuntos ministrados. Neste momento, o professor menciona o
conteúdo abordado colocando o número da aula, a data, suas observações, qual atividade
aplicou e escreve sua assinatura, de acordo com as Figuras 15 e 16:
A partir das leituras e observações realizadas sobre essa parte dos assuntos ministrados,
foram elaborados quadros sistematizando os conteúdos em cada uma das disciplinas de OSPB,
EMC e História com a intenção de identificar aproximações e/ou distanciamentos entre o ensino
delas em cursos diferentes.
74
Convém relembrar que durante o semestre letivo elas estavam divididas em créditos35,
OSPB e EMC em dois créditos, sendo duas aulas por semana, e História em três créditos, sendo
duas ou três aulas por semana. A apresentação dos conteúdos fora apresentada em forma de
tópicos de acordo com cada disciplina analisada, assim temos:
a) Organização Social e Política Brasileira (OSPB)
Um fato a ser observado é que a criação desta disciplina ocorre anteriormente às
reformas educacionais ocorridas durante a Ditadura Militar, ela foi criada em 1962 pelo
Conselho Federal de Educação e “comporia a parte complementar36 dos currículos para o ciclo
ginasial (conforme se vê no Relatório e Pareceres da Comissão Especial do ensino Médio,
março/1962)”. (MARTINS, 2014, p. 43). Ela apresentou-se muito apropriada como disciplina
escolar durante o período da Ditadura Militar quando foram efetivadas as políticas educacionais
referentes ao Decreto-Lei nº 869/69 e a Lei nº 5.692/71, encontrava-se imersa no núcleo comum
de Estudos Sociais onde estavam também as demais disciplinas: Geografia e História.
Com base nos 15 diários antepostos para esta disciplina, notou-se que no ano de 1974
eles apresentaram conteúdos específicos para o crédito 1 e para o crédito 2 que foram se
repetindo ao longo das turmas e independentemente de qual professor estivesse ministrando a
aula ou do curso que o aluno estivesse matriculado estando no 5º período; a disciplina cursada
recebia a denominação de OSPB II. Em 1975, constatou-se três diários contando com a
nomenclatura de OSPB I (crédito 2), sendo ofertada no 4º período nos cursos técnicos de
Estradas, Geologia e Edificações e abordando temáticas distintas de OSPB II em 1974, o que
se propõe a pensar que mesmo não tendo acesso a estrutura curricular desses anos, constata-se
que esta disciplina era ofertada em mais de um semestre37.
Diante dessa situação, foram escolhidos os assuntos abordados em OSPB II (créditos
1 e 2) de 1974 e em OSPB I (crédito 2) de 1975, representando os diários pesquisados, a
começar por demonstrar os conteúdos abordados no crédito 1 de 1974 no quadro 6:
35
Segundo ETFRN, [198?], “vale salientar que até o final do 1º semestre de 1982, o sistema didático adotado pela
Escola era de crédito com matrícula por disciplina. A partir do 2º semestre desse mesmo ano, a Escola optou
pelo sistema seriado, extinguindo, gradativamente, o sistema de crédito.” (ETFRN, [198?], p. 4).
36
Ressaltando que naquela época, o termo complementar não designava uma disciplina eletiva, mas sim
obrigatória. (ETFRN, [198?]).
37
Importa destacar que no Art.6º, §2.º “No ensino de 2.º grau, admitir-se-ão variações não somente de carga horária
como do número de períodos letivos em que seja incluída cada disciplina e, eventualmente, área de estudo ou
atividade.” (BRASIL, 1971).
75
38
Assuntos semelhantes ao Curso de Edificações.
77
uma parte diversificada para atender, conforme as necessidades [...], às peculiaridades locais”
(BRASIL, 1971).
b) Educação Moral e Cívica (EMC)
Considerada como disciplina obrigatória em todos os estabelecimentos educacionais
presentes no país a partir do Decreto-Lei nº869/1969, também com a finalidade de ser exercida
como prática educativa, a Educação Moral e Cívica, ao longo do seu surgimento na década de
60 não proporcionou homogeneidades acerca desses dois propósitos citados. Houveram
diferentes opiniões, membros do Conselho Federal de Educação a consideravam como prática
educativa não havendo a necessidade de torná-la disciplina escolar, esta opinião não foi a
mesma apresentada pelo Ministério da Educação e Cultura, pelo Poder Executivo e pelo Senado
Brasileiro que eram favoráveis a consolidação dela como disciplina escolar por meio do decreto-
lei supracitado. (MARTINS, 2014).
Nos dez diários pesquisados no arquivo da antiga ETFRN referentes a essa disciplina
durante o ano de 1974, verificou-se que ela foi ministrada por uma professora na maioria das
turmas dos cursos técnicos de Edificações e Estradas, sendo destacadas duas turmas nas quais
uma de cada um desses cursos esta referida professora compartilhou aulas com outra docente.
Constata-se que a disciplina era dividida em EMC I e EMC II, ambas possuindo 2
créditos, sendo o primeiro crédito iniciado em agosto com término em outubro e o segundo
crédito iniciado em outubro com o término em dezembro, com a frequência de duas vezes por
semana sendo um horário.
A EMC I foi ofertada tanto no segundo período do curso de Edificações como no de
Estradas, do primeiro curso foram observados os assuntos ministrados nos créditos 1 e 2, e no
segundo os ministrados no crédito 1, que por sinal, apresentaram-se os mesmos assuntos, só
tendo como diferença a escolha do curso. Dessa forma, foram selecionados os conteúdos
apresentados em dois diários referentes aos créditos 1 e 2 do curso de Edificações, representados
nos quadros 9 e 10:
79
Enfatizando que essas concepções não só perpassavam a EMC como disciplina, mas
também, principalmente, como prática educativa através de constantes eventos que eram
realizados em ambientes fora da sala de aula: hasteamento da bandeira que era feito uma vez
por semana (ver Figura 6), as comemorações dos 150 anos de independência do Brasil, os
desfiles cívicos realizados na Avenida Deodoro da Fonseca (ver Figura 7).
Tendo como referência a ideia de unidade nacional e as atividades cívicas citadas
acima, respectivamente, uma como temática e outra como prática educativa, elas estão
devidamente representadas na alínea c) do Art. 2º do Decreto-lei nº 869/69: “o fortalecimento
da unidade nacional e do sentimento da solidariedade humana”; e na alínea g): “o preparo do
80
cidadão para o exercício das atividades cívicas com fundamento na moral, no patriotismo e na
ação construtiva, visando o bem comum” (BRASIL, 1971).39
Esse bem comum, destacado no Decreto-lei nº869/69 pode ser constatado em outra
prática realizada pelos alunos da ETFRN no que diz respeito à “Marcha da fraternidade” em
1979 na qual os alunos da desta instituição participaram, como pode-se perceber na figura 17:
A exposição desta figura 17 ao mesmo tempo que enfatiza ações construtivas que
visam o bem comum40, neste caso, a preservação da natureza, “presente de Deus ao homem”,
também demonstra a conexão da escola com os valores espirituais, cristãos, de solidariedade
humana.
Dessa forma, notou-se que o estudo das instituições, inclusive destacando a Igreja,
esteve presente nos assuntos ministrados, conforme demonstra o quadro 10:
39
Documento não paginado.
40
Associadas a uma finalidade da Educação Moral e Cívica já citada anteriormente.
81
Conforme consta no quadro 10, a Igreja apareceu como assunto ministrado nas aulas
sobre instituições sociais, consolidando o caráter moral da disciplina que estava pautada “por
uma educação da sensibilidade humana, cuja a máxima é a formação de uma consciência e o
apego aos valores” (MARTINS, 2014, p. 46), voltados aos princípios religiosos.
Assim como no quadro 10 foram apresentadas temáticas relacionadas ao conhecimento
das instituições políticas, sociais e econômicas, foram selecionados também a nível de
comparação, assuntos de um diário condizente a EMC II ministrada no terceiro período do curso
de Estradas, a notar no quadro 11:
A História do Brasil, dessa forma, como evidenciada nas palavras da autora e no Quadro
4, está inserida dentro do contexto da expansão marítima portuguesa; representada em seus
vários ciclos econômicos: Pau-Brasil; Cana-de-açúcar; Mineração, Café, etc.; tendo a história e
a participação dos verdadeiros sujeitos formadores do povo brasileiro sendo omitida. É partir
dessa constatação que fica a reflexão em perceber qual o papel do ensino das humanidades em
uma instituição voltada para a Educação Profissional dentro do contexto da Ditadura Militar,
foi então permitir uma educação restrita em formar técnicos como uma mão- de-obra obediente
às exigências do mercado de trabalho, assim como foi subserviente a construção dos conteúdos
ensinados em História do Brasil.
85
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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