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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA


- PROGESP
MESTRADO PROFISSIONAL EM SEGURANÇA PÚBLICA, JUSTIÇA E CIDADANIA

RAIMUNDO DA CONCEIÇÃO GOMES FILHO

A EDUCAÇÃO PERMANENTE E A ESTRUTURA FORMATIVA PARA


CAPACITAÇÃO NA PERSPECTIVA DE POLICIAIS MILITARES
ALOCADOS EM UNIDADES TERRITORIAIS DE ÁREA DO COMANDO DE
POLICIAMENTO DA REGIÃO BAÍA DE TODOS OS SANTOS DA CAPITAL,
NO PERÍODO 2016 A 2021. 

Salvador, BA

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2021

RAIMUNDO DA CONCEIÇÃO GOMES FILHO

A EDUCAÇÃO PERMANENTE E A ESTRUTURA FORMATIVA DA PMBA


PARA CAPACITAÇÃO NA PERSPECTIVA DE POLICIAIS MILITARES
ALOCADOS EM UNIDADES TERRITORIAIS DE ÁREA DO COMANDO DE
POLICIAMENTO DA REGIÃO BAÍA DE TODOS OS SANTOS DA CAPITAL,
NO PERÍODO 2016 A 2021. 

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional


em Segurança Pública, Justiça e Cidadania,
PROGESP, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Segurança Pública, Justiça e Cidadania.

Orientador: Prof.(a) Drª Ana Clara Rebouças

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Salvador, BA
2021

Raimundo da Conceição Gomes Filho

A EDUCAÇÃO PERMANENTE E A ESTRUTURA FORMATIVA DA PMBA


PARA CAPACITAÇÃO, NA PERSPECTIVA DE POLICIAIS MILITARES
ALOCADOS EM UNIDADES TERRITORIAIS DE ÁREA DO COMANDO DE
POLICIAMENTO DA REGIÃO BAÍA DE TODOS OS SANTOS DA CAPITAL,
NO PERÍODO 2016 A 2021. 

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em


Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Universidade Federal da Bahia

Salvador, 06 de dezembro de 2021.

Banca Examinadora

Prof(a) Ana Clara Rebouças – Orientadora de Conteúdo


Doutor(a) em xxxxx pela xxxxx
Universidade Federal da Bahia

Prof.(a) ................... Membro Interno


_____________________________________________________________
Doutor(a) em xxxxx pela xxxxx
Universidade Federal da Bahia

Prof(a) Tânia Moura Benevides - Membro Externo


Doutor(a) em xxxxx pela xxxxx

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Universidade do Estado da Bahia

AGRADECIMENTOS

Agradecemos, primeiramente, a Deus, pela bênção, sabedoria e inspiração, ingredientes


indispensáveis para a construção desse trabalho;

Aos meus pais, esteio e exemplo constante que me direciona no sentido do zelo pela
busca do bem-comum, evolução da qualidade dos serviços de segurança pública e
consequente aprimoramento de nossa atividade profissional;

A minha esposa e filha, pelo carinho incondicional e acolhimento revigorante no seio do


lar;

Aos meus familiares e amigos, pela sustentação e compreensão nos momentos de


dificuldades;

Aos comandantes de unidades operacionais desta Corporação, em nome dos quais


agradeço a todos os Oficiais e Praças que laboram nos serviços operacional, pela valiosa
colaboração durante o desenvolvimento de nossa pesquisa de campo.

Às Professoras Ana Clara Rebouças e Tânia Benevides, orientadora metodológica e co-


orientadora, respectivamente, pela competente cooperação e valiosíssimas orientações
metodológicas durante a construção deste produto que ora entregamos ao crivo da
Universidade Federal da Bahia.

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RESUMO

A finalidade de estudo deste trabalho é provocar uma reflexão institucional sobre a


importância da educação permanente para o processo de capacitação técnico-
operacional dos policiais militares do Estado da Bahia. Objetivou-se na pesquisa
fomentar uma discussão crítica institucional na PMBA acerca da importância da
utilização da educação permanente como ferramental eficaz para capacitação de
policiais militares alocados em unidades territoriais de área, cujo escopo seja a
qualificação nas atividades de táticas e técnicas policiais militares, teoria e prática tiro,
defesa pessoal e uso progressivo da força. Para alcança-lo, buscou-se descrever a
estrutura formativa para capacitação dos prepostos da Polícia Militar da Bahia;
Examinar a legislação e documentos da PMBA concernentes ao planejamento do ensino
visando capacitação técnico-operacional permanente de policiais militares lotados em
unidades territoriais de área da região BTS da capital; Identificar os problemas
enfrentados pela PMBA em razão das possíveis lacunas no quesito capacitação de
pessoal alocado nas unidades territoriais de área da região BTS da Capital. Como
instrumento metodológico empregou-se o estudo exploratório, visto que o assunto ainda
é pouco conhecido, pouco explorado e necessita de uma sondagem objetivando a
construção de hipóteses; Como instrumento de coleta de dados baseou-se nas pesquisas
bibliográficas, documentais e estudo de caso, uma vez que o objeto de pesquisa
estudado se constitui num assunto com caráter inovador, cujas vantagens mereceram
avaliação. Por fim, quanto ao enfoque, foi realizada a pesquisa mista, englobando os 02
(dois) enfoques, quantitativo, uma vez que os resultados foram obtidos tanto pela
medição numérica, mediante análise estatística, e análise interpretativa e contextual; e

5
qualitativo, pela realização de entrevista semiestruturada com algumas autoridades, com
o escopo de viabilizar a melhor compreensão das crenças, sentimentos, atitudes e
valores. A pesquisa permitiu concluir pela necessidade de implantação de um plano
institucional permanente de educação de policiais militares das unidades do CPRC-
BTS.

Palavras-chaves: Educação Permanente. Qualificação Profissional. Polícia Militar.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 –

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 –

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de EsFAG - Escola de Formação e


Normas Técnicas Aperfeiçoamento de Graduados

APM - Academia de Polícia Militar BGO IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia


Boletim Geral Ostensivo e Estatística

BEIC - Batalhões de Ensino, Instrução e IGPM - Inspetoria Geral das Polícias


Capacitação Militares

BGO - Boletim Geral Ostensivo INEP - Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
BTS – Baía de Todos os Santos
ISO - Internacional Organization for
CAS - Curso Aperfeiçoamento de
Standardization
Sargentos
LOB - Lei de Organização Básica
CEGESP - Curso de Especialização em
Gestão Estratégica de Segurança Pública Maj - Major

Cel - Coronel MCN - Matriz Curricular Nacional

CESP - Curso de Especialização em MEC - Ministério da Educação e Cultura


Segurança Pública NBR - Norma Brasileira
CFAP - Centro de Formação e NPCE – Normas para o Planejamento e
Aperfeiçoamento de Praças Conduta do Ensino
CFO - Curso de Formação de Oficiais OPAS - Organização Pan-Americana de
CF/88 - Constituição Federal de 1988 Saúde

CIM - Centro de Instrução Militar PGE - Plano Geral de Ensino

CITP Centro de Instrução Técnico PMBA - Polícia Militar da Bahia


Profissional PNE - Plano Nacional de Educação
IEP - Instituto de Ensino e Pesquisa POP - Procedimento Operacional Padrão
DEPLAN - Departamento de SSP - Secretaria de Segurança Pública
Planejamento, Orçamento e Gestão
SUPL/LJNG - Suplemento/Leis,
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DEPM Diretrizes de Educação de Polícia jurisprudências e normas gerais
Militar SENASP - Secretaria Nacional de
EFGS - Escola de Formação de Segurança Pública
Graduados e Soldados TC - Tenente Coronel
EPM - Educação de Polícia Militar

EPS – Educação Permanente em Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

2 REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................................23

2.1 DEFINIÇÃO, MISSÃO E ATRIBUIÇÃO DAS UNIDADES TERRITORIAIS DE ÁREA


DO CPRC-BTS DA PMBA......................................................................................................23

2.2 CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL NA PMBA: EDUCAÇÃO PERMANENTE,


EDUCAÇÃO CONTINUADA OU TREINAMENTO............................................................23

2.2.1 A Experiência sobre Capacitação Profissional Operacional na PMBA e em outras


Polícias Militares do país........................................................................................................23

2.3 BASES JURÍDICAS PARA A CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL OPERACIONAL


NAS UNIDADES TERRITORIAIS DE ÁREA DO CPRC-BTS DA PMBA.........................23

2.3.1 Legislações, Planos e Rotinas Administrativas da PMBA referentes a Capacitação


Operacional na PMBA............................................................................................................23

2.3.2 Matriz Curricular Nacional e as Ações Formativas para a Segurança Pública......23

2.3.3 Considerações sobre a instrução continuada no Plano Estratégico da PMBA 2017 –


2025 ..........................................................................................................................................23

2.3.4 A Capacitação Profissional de Policiais Militares, o erro policial e a


Responsabilidade Civil do
Estado..........................................................................................23

3 METODOLOGIA................................................................................................................24

4 RESULTADOS OBTIDOS.................................................................................................24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................24

REFERÊNCIAS......................................................................................................................25

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1 INTRODUÇÃO
A escolha temática dessa pesquisa é recai sobre uma reflexão sobre a
educação permanente e a estrutura formativa para capacitação de policiais militares do
Estado da Bahia. A educação é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade
humana necessária à existência e ao funcionamento de toda a sociedade, portanto esta
precisa cuidar da formação de seus indivíduos, auxiliando-os no desenvolvimento de
suas capacidades físicas e espirituais e prepará-los para a participação ativa e
transformadora nas várias instâncias da vida social (MORIN, 2002). A educação
depende substancialmente da conjunção de saberes, mas também se propõe a promover
a apropriação de competências, experiências morais, socioculturais e de cunho científico
pelo indivíduo, adaptando-o e condicionando-o à inserção no contexto social e global,
ratificando a concepção de que: “[...] o homem deve ser sujeito de sua própria
educação, não pode ser objeto dela.” (FREIRE, 2001).

Muito se discute sobre a importância da capacitação técnica de profissionais


para um desempenho eficiente e seguro das atividades laborativas. É cediço que a
evolução técnica e melhoria da qualidade do atendimento profissional em quaisquer
ramos de atividades depende sobremaneira de uma política de educação permanente,
caracterizada pelo continuo aprimoramento da capacidade técnica do capital humano,
por intermédio de troca de saberes, visando, além do aprendizado, propiciar, como
corolário, a melhoria da qualidade dos serviços e do nível de satisfação dos clientes,
marcado por um atendimento eficaz, digno e humanizado. A própria Constituição
Federal brasileira traz em seu bojo a previsão quanto a necessidade de qualificação
profissional para o trabalho em seu artigo 205, in verbis:

Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)
Imbuído do propósito de aprofundar o conhecimento sobre a referida
temática, desenvolveu-se pesquisas em alguns repositórios de artigos científicos, a
exemplo do SciELO, Google Acadêmico, periódicos (Portal da CAPES), visando

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levantar trabalhos que explorassem o assunto, e, sobretudo, trouxessem conceitos e
informações que pudessem robustecer o nosso trabalho de pesquisa.

Antes do início propriamente dito de nossa pesquisa, faz-se necessário que


tragamos alguns conceitos à respeito de nosso objeto de estudo, que é a educação
permanente. Em 1978, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) conceituou a
educação permanente em saúde (EPS) como um processo dinâmico de ensino e
aprendizagem, ativo e contínuo, com a finalidade de análise e melhoramento da
capacitação de pessoas e grupos, frente à evolução tecnológica, às necessidades sociais
e aos objetivos e metas institucionais. (LINO, BACKES, SCHMIDT, FERRAZ,
PRADO, MARTINS, 2007)

A dinâmica do mundo contemporâneo, onde há uma pressão cada vez maior


por soluções imediatas, têm induzido a que sejam replicado formatos de educação
profissional já em uso, sem que haja o necessário detalhamento do modelo de educação
utilizado nos programas de capacitação, permanente ou continuada, tratando-os como se
sinônimos fossem. Conforme Paschoal; Mantovani; Lacerda (2006), para além
atualização, a educação permanente constitui um compromisso a ser aprendido pelo
indivíduo, consubstanciando-se em mudanças de comportamentos decorrente do
cabedal de experiências apreendidas ao longo da vida, do contato com outras pessoas,
com o ambiente e o universo laboral, consistindo em mudança do paradigma pessoal e
socioprofissional. Nesse mesmo contexto, Paschoal; Mantovani; Lacerda (2006 pág.
341) complementa: [...] educação continuada, percebe-se que ela está inserida no
contexto mais amplo que é a educação permanente, pois esta ocorre durante a formação
do indivíduo pelo desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, da
conscientização do processo de trabalho e de seu processo de viver.

Para Motta, Ribeiro, Worzoler, Barreto, Candal (2002, p. 69), a atualização


é útil, mas não necessariamente tem o potencial de transformar as práticas nos serviços".
No campo da saúde, o modelo tradicional de educação continuada, cujo trabalho se
desenvolve com a utilização do conhecimento teórico, traz indicação da possibilidade de
que os investimentos em capacitação do capital de trabalho não se traduzam numa
prática transformadora de seus serviços.

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O estudo comparativo dos conceitos de educação permanente e educação
continuada, quando reportados a metodologia da educação no trabalho, pode-se
identificar a organização da educação permanente como processo de trabalho e processo
crítico, enquanto que, diferenciando-se, por se tratar de demanda por treinamento, a
educação continuada se revela como uma prática de ensino após o processo de
graduação, ou, em outras palavras, uma atualização com prazo definido e metodologia
tradicional, conforme se pode inferir na tabela a seguir:

QUADRO 1 – Principais diferenças entre educação continuada e


educação permanente segundo aspectos-chaves.

ASPECTOS EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO


CONTINUADA (EC) PERMANENTE (EP)

Público alvo Uniprofissional Multiprofissional

Inserção no mercado de Prática Autônoma Prática Institucionalizada


trabalho

Enfoque Temas de especialidade Problemas de saúde

Objetivo principal Atualização técnico- Transformação da práticas


científica técnicas e sociais

Periodicidade Esporádica Contínua

Metodologia Pedagogia da transmissão Pedagogia centrada na


resolução de problemas

Resultados Apropriação Mudança

Fonte: (MANCIA, CABRAL, KOERICH, 2004, p. 606)

A educação permanente caracteriza-se por ser uma atividade educativa de


caráter contínuo, focada transformação do processo de trabalho como norte de suas
ações dirigidas à aprendizagem. É, pois, prática educativa que se orienta pelo cotidiano
dos serviços, partindo da reflexão crítica sobre os problemas referentes à qualidade da
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assistência, assegurando a participação coletiva multiprofissional e interdisciplinar que
favorece a construção de novos conhecimentos e intercâmbio de vivências;
representando o esforço de transformar a rede pública de saúde em um espaço de
ensino-aprendizagem no exercício do trabalho. (RODRIGUES, VIEIRA, TORRES,
2010)

A Educação Permanente é aprendizagem no ambiente laboral, onde o


aprender e o ensinar se incorporam ao cotidiano das organizações e ao trabalho
propriamente dito. A educação permanente se baseia na aprendizagem significativa e na
possibilidade de transformar as práticas profissionais. A educação permanente pode ser
entendida como aprendizagem-trabalho, ou seja, ela acontece no cotidiano das pessoas e
das organizações. Ela é feita a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em
consideração os conhecimentos e as experiências já apreendidas pelas pessoas. Isso, por
sua vez, potencializa a necessidade de profissionais sempre atualizados e capazes de
desenvolver trabalho em equipe, tendo em vista que o conhecimento, produzido de
forma contextual, tende a transformar saberes e práticas. (ALBUQUERQUE; GOMES;
REZENDE et. al., 2008).

O contexto da temática pode ser assim considerado: Originariamente, a


polícia não foi concebida para laborar em prol dos interesses do cidadão e da sociedade,
mas sim do soberano ou do Estado, consoante se apresenta no modelo descrito por
Monjardet (2003), que a definia como polícia de ordem ou de soberania, agindo em
conformidade à razão de Estado, conduta que perdurou também durante o Regime
Militar, quando a Instituição não só continuou executando o policiamento ostensivo
destinado a garantir a segurança dos indivíduos e de seus bens, como também
direcionou suas atividades à repressão política imposta aos “inimigos” do regime por
parte das Forças Armadas.

Segundo menciona Muniz (2001), em 1969 a polícia passa a ter atribuição


de manutenção da ordem pública em detrimento da função anterior de sustentação da
segurança interna. Nesse mesmo ano de 1967, foi criada a Inspetoria Geral das Polícias
Militares (IGPM), órgão do Exército com as incumbências de fiscalização da atividade
policial militar, incluindo a instrução, atribuição que exerce até os dias atuais.

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Com o advento da redemocratização e a promulgação Constituição Federal
de 1988, tanto a Polícia Militar da Bahia como as demais coirmãs, permaneceram na
condição de força auxiliar e reserva do exército brasileiro, Instituição da qual ainda traz
muitas influências na sua cultura organizacional, porém continuou com a exclusividade
do policiamento ostensivo e a missão constitucional de garantir a segurança e ordem
pública interna. Em resumo, com a redemocratização, as tarefas conferidas à força
pública estadual não sofreram alterações ou modificações significativas no seu modelo
organizacional, permanecendo militarizada e sob o controle do Exército.

O contexto da independência do país, que inspirou as primeiras décadas da


República, revela um modelo de Estado patrimonialista, no qual o patriarcado era a
ideologia vigente para as relações sociais e contato da sociedade com as instituições
públicas. Portanto, não poderíamos exigir uma instituição policial apartada desse
conceito, com uma orientação muito mais para a defesa do patrimônio do que para a
defesa da cidadania e dos direitos e liberdades individuais. Condição que,
inexoravelmente, influenciava para que não houvesse uma maior preocupação com
questões como a formação e qualificação dos profissionais de segurança, necessidade
que viria a se revelar momentos mais tarde.

Até o ano 1904 não se vislumbra nas leis organização do regimento para os
anos seguintes, notícias de criação de unidade escolar na Polícia Militar da Bahia. As
instruções na Instituição, então denominada Brigada Policial, eram restritas aos recrutas
e soldados, quando eram explorados apenas conteúdos mínimos cuja Corporação
entendia imprescindíveis, como noções policiais e princípio de hierarquia e disciplina,
permanecendo desta forma até o ano 1920. Entretanto, a partir da expansão das aulas às
outras Praças, houve a necessidade de criação de um estabelecimento de ensino capaz
de, com regularidade, promover os Cursos de Formação para cabos e sargentos, e
também para Oficiais, com o escopo de que fosse possível atingir um melhor
desempenho nas instruções e na gestão da Corporação.

Na gestão do Cel Liberato de Carvalho como Comandante-Geral da PMBA,


foi publicado no Boletim 162 de 18 de julho de 1935, a criação do Centro de Instrução
Militar (CIM), ratificado pelo Decreto Estadual 9.731 do dia seguinte, que funcionou no
Quartel de São Lázaro, sob a Direção do Maj Arlindo Gomes Pereira, em caráter
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provisório. O CIM compreendia uma Escola de Soldados, uma Escola de Graduados e
uma Escola de Oficiais, cujos cursos eram compreendidos por matérias como:
Português, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Francês, Desenho e Higiene, além
de disciplinas de cunho militar. Inexistia uma disciplina que enfocasse especificamente
conteúdos policiais militares, pois a ênfase era na formação de infantes, haja vista, como
já dito, a influência decorrente da doutrina do Exército Brasileiro.

O funcionamento normal só passou a ocorrer a partir do ano de 1937,


quando foi iniciada a formação de fato, com a contratação de professores de Direito
Penal e Polícia Administrativa e Judiciária, até então, além dos concursos para Praças,
eram realizados também concurso para as especialidades de enfermeiro, mecânico,
motorista, radiotelegrafista, padioleiro e veterinário.

Em 1940 o CIM passou a denominar-se Centro de Instrução Técnico


Profissional (CITP), que passou a ter uma Escola de Candidato a Oficial, uma Escola de
Graduados e uma Escola de Especialistas e aumentou de 02 (dois) para 03 (três) anos o
Curso de Formação de Oficiais. Oito anos mais tarde, em 1948, o CITP foi renomeado
para Centro de Instrução da Polícia Militar (CIPM). Em 1953 o novo regulamento do
CIPM foi aprovado, passando a denominar-se Escola de Formação de Oficiais (EsFO).
Entretanto, por intermédio do Decreto 22.902 de 15 de maio de 1972, a Escola passou a
denominar-se, definitivamente, Academia de Polícia Militar (APM).

A Academia de Policia Militar da Bahia é uma entidade de nível superior


que visa promover a formação, especialização, aperfeiçoamento e adaptação dos
Oficiais da Policia Militar da Bahia e de outros estados do Brasil, promovendo entre
seus agentes formados a preservação da ordem pública, da vida, da liberdade, do
patrimônio e do meio ambiente, de modo a assegurar, com equilíbrio e equidade, o bem
estar social. O reconhecimento dessa unidade de ensino como estabelecimento de ensino
superior ocorreu através do parecer normativo do Conselho Federal de Educação,
homologado pelo Ministério da Educação e Cultura, em 11 de novembro de 1982,
publicado no Diário Oficial da União de 16 de novembro de 1982, com efeitos do ato
retroativo ao ano de 1970, sendo, atualmente, a unidade que desenvolve o ensino de
nível superior voltado para Oficiais, desfrutando de significativo conceito no universo
acadêmico estadual.
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No contexto da formação de Praças, no ano de 1922, por intermédio do
decreto de 06 de março do mesmo ano, identificado como “Centro de Instrução”, surgiu
o CFAP, com a competência de formar Oficiais, Sargentos e Cabos. Em 1957, por
intermédio da Lei n.º 993, recebeu a denominação de “Escola de Formação de
Graduandos e Soldados” (EFGS), ocasião em que ainda formava Oficiais e Praças. Em
1959, após o desmembramento do Centro de Instrução, o estabelecimento passou a
funcionar como Unidade Escola autônoma pela primeira vez em sua história,
ministrando o ensino técnico-profissional em seu próprio espaço físico na Vila Policial
Militar do Bonfim, oportunidade em que, instrumentalizado pelo decreto n.º 20.508 de
19 de dezembro de 1967, passou a ter a denominação de "Escola de Formação e
Aperfeiçoamento de Graduados - EsFAG".

Com o advento da criação da EsFAG, além da formação, a escola passou


também a aperfeiçoar Sargentos, através do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos
(CAS), habilitando o Segundo Sargento à promoção de Primeiro Sargento. Foi
instituído como patrono desta Unidade de Ensino o baiano Marechal Alexandre Gomes
de Argolo Ferrão, o Visconde de Itaparica, que comandou a Primeira Divisão do
Exército na Guerra do Paraguai e foi também Comandante Geral da PMBA (1854 -
1855).

O Decreto n.º 25.253, assinado em 30 de junho de 1976, mudou a


denominação anterior de EsFAG para "Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças - CFAP", passando a referida unidade, após a lei n.º 993/57, a cumprir a sua
finalidade específica, que é a formação apenas graduados e Sargentos, diferentemente
do que ocorria com a Escola de Instrução, que formava Oficiais, Sargentos e Cabos.

Em agosto de 1989 houve a mudança de localização do CFAP, das


instalações da Vila Policial Militar do Bonfim para a cidade de Governador
Mangabeira, Pedra do Cavalo, tendo o Decreto n.º 7.796 de 28 de abril de 2000, que
aprovou a organização estrutural e funcional da Polícia Militar da Bahia, mudado a
designação de CEFAP para EFAP - Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Praças.
Entretanto, posteriormente, no dia 1º de agosto do ano de 2000, a EFAP mudou
novamente a localização de sua sede Administrativa para Salvador, onde funcionava o
6º Batalhão de Polícia Militar, no bairro de Ondina. Com essa mudança, a atividade de
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Aperfeiçoamento de Praças e Formação de Soldados ficou nas instalações da cidade de
Governador Mangabeira, até agosto do ano 2002, quando as instalações foram
devolvidas à Prefeitura Municipal, passando a Unidade de Ensino a fixar-se
definitivamente no Quartel de Ondina.

Atualmente a Lei Nº 13.201 de 09 de dezembro de 2014, Lei de


Organização Básica (LOB) que reorganiza a Polícia Militar da Bahia, dispõe o seu
efetivo e dá outras providências, estabelece a competência dos Órgão de direção setorial
de ensino da PMBA, que é o Instituto de Ensino e Pesquisa - IEP, que tem a finalidade
planejar, dirigir, controlar, avaliar e fiscalizar as atividades de ensino, pesquisa e cultura
da Polícia Militar, emitindo diretrizes educacionais para as organizações a ele
tecnicamente subordinadas, definidos como Órgãos de Execução do Ensino: Academia
de Polícia Militar; Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças Policiais Militares
e Batalhões de Ensino, Instrução e Capacitação (BEIC). Esses Órgãos de Execução do
Ensino têm a finalidade promover a formação, capacitação, aperfeiçoamento,
especialização e educação continuada de Oficiais e Praças da Polícia Militar e de outras
instituições da área de Defesa Social e de Segurança Pública, tendo as suas diretrizes
formativas supedâneo legal na Diretriz Geral de Ensino 2016 – 2019, publicada na
separata ao Boletim Geral Ostensivo - BGO nº 044, de 05 de março de 2018. Os BEICs,
localizados nos municípios de Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro, Vitória da Conquista,
Barreiras e Teixeira de Freitas, realizam as atividades previstas na LOB de forma
regionalizada, com subordinação técnica ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças Policiais Militares.

O embaraço que se vislumbra na formação desses policiais, remete a uma


análise criteriosa sobre as diretrizes formativas. Embora sejam observadas diversas
mudanças teóricas na formação policial, ainda permeia o cenário da formação, lacunas
enormes que o distancia da excelência. Miranda e Brasil (2013, p.21) assinalam que:
As instituições de segurança pública responsáveis pelo planejamento,
execução e avaliação da formação na área da segurança pública deveriam
compartilham o momento de (re) pensar os investimentos e o
desenvolvimento das ações formativas necessárias e fundamentais para a
qualificação e o aprimoramento dos resultados das instituições que compõem
o Sistema de Segurança Pública frente aos desafios e às demandas da
sociedade. Atualmente, vive-se num contexto socioeconômico e político
demarcado por crises institucionais e sociais nos seus variados âmbitos.

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Elencadas as peculiaridades acerca do processo histórico das ações
estruturantes dos cursos de formação no âmbito da categoria de Oficiais e praças, torna-
se necessário uma abordagem acerca dos diversos elementos inerentes à formação do
profissional de segurança pública. Entre os principais elementos desta dinâmica,
localizam-se o recurso do diálogo e preparo técnico, como instrumentos de trabalho,
posto que, constituem-se em ingredientes fundamentais na mediação de conflitos.

Diante de todo o contexto, esta pesquisa parte da seguinte questão de


investigação: como a [ou em que medida] a inserção da educação permanente em
técnicas e táticas policiais militares e teoria e prática de tiro policial para os prepostos
da PM alocados em unidades territoriais de área da Região Baía de Todos os Santos de
Salvador poderia contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços prestados por
esses agentes PM?

Admite-se a hipótese de que o falta de uma política institucional de


educação, caracterizada pela capacitação permanente das tropas alocadas em unidades
territoriais de área da Região Baía de Todos os Santos, é fator que contribui para a baixa
autoestima, desmotivação e incidentes fora e dentro do serviço envolvendo o público-
alvo da pesquisa.

Tendo em vista responder à questão norteadora, esse trabalho tem como


objetivo geral fomentar a discussão crítica institucional na PMBA, acerca da
importância da utilização da educação permanente como ferramental eficaz para
capacitação de policiais militares alocados em unidades territoriais de área, cujo escopo
seja a qualificação nas atividades de táticas e técnicas policiais militares, teoria e prática
tiro, defesa pessoal e uso progressivo da força. Para alcançá-lo, foram delineados os
seguintes objetivos específicos: 1 - Descrever o modelo de capacitação de policiais
militares levada a efeito para treinamento das tropas operacionais das unidades
territoriais de área; 2 - Identificar e analisar a legislação concernente ao
desenvolvimento da política capacitação profissional em táticas e técnicas policiais
militares, armamento e tiro, defesa pessoal e uso progressivo da força para as tropas
alocadas no serviço operacional ordinário da PMBA; 3 – Listar as principais
dificuldades para o processo de capacitação técnico-operacional de policiais militares
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alocados em Unidades Territoriais de área a polícia militar da Bahia; 4 – Traçar um
comparativo entre as características da educação permanente e o modelo de capacitação
de policiais militares alocados em unidades territoriais de área do Comando Regional
BTS da PMBA.

A ideia da pesquisa nasceu da inquietação do autor ao perceber no cotidiano


do serviço operacional das unidades territoriais de área da Corporação a insegurança e o
grau de risco no tocante a ocorrências de incidentes envolvendo policiais militares
alocados nesses tipos de unidades, corriqueiramente escalados para os diversos eventos
operacionais levados a efeito nas áreas dos diversos Comandos Regionais da capital,
fato que despertou o desejo de estudar o fenômeno. O recrudescimento da violência e
consequente especialização do crime e do criminoso trouxe um olhar sobre a
necessidade de revisitação dos modelos de treinamento dos policiais militares,
mormente em razão das recorrentes notícias de erros em operações policiais e
vitimização de policiais militares e cidadãos destinatários dos serviços de segurança
pública. Por outro lado, o trabalho despertou enorme interessa deste pesquisador, em
razão da crença absoluta no fato de que o profissional PM dotado de conhecimento
técnico, suficientemente preparado, pode mudar a organização, além do fato de gerir
uma tropa desprovida do conhecimento apropriado dificulta os resultados da
organização e dificulta o meu trabalho.

Pelo exposto, observa-se que o tema é bastante relevante, além de


extremamente atual. Espera-se que o estudo possa contribuir para que haja uma reflexão
quanto a necessidade de inclusão da educação permanente como ação formativa para
capacitação policiais militares lotados em unidades territoriais de área da PMBA,
podendo-se identificar pontos de melhorias e soluções para a inserção nas gestões
futuras, considerando que o principal fundamento para a elaboração do Plano
Estratégico da Corporação para o período de 2017 a 2025, quando a PMBA estará
completando 200 anos, é que a modernização e a melhoria contínua dos serviços
prestados pela Policia Militar da Bahia sejam as principais entregas ao cidadão baiano.

Os objetivos do estudo promovem uma antevisão de todo o escopo da


pesquisa, bem como orienta durante a sua elaboração. Segundo Fortin (1999, p. 99), “o

20
objetivo de um estudo num projeto de investigação enuncia de forma precisa o que o
investigador tem intenção de fazer […]”

Para dar conta dos nossos objetivos relativos a pesquisa, nos amparamos no
seguinte processo metodológico: A pesquisa classifica-se como descritiva, que, segundo
Sampieri, Collado e Lucio (2006 apud CERQUEIRA; SANTOS; SILVA, 2013, p. 37)
está adequada a estudos cujo objetivo seja “descrever situações, acontecimentos e feitos,
isto é, dizer como é e como se manifesta determinado fenômeno”. Corroborando esse
entendimento, Gil (2002, p. 42) diz que “as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Pode ser ainda caracterizada como um estudo multicaso, pois envolve um estudo
comparativo entre a vigente estrutura formativa para capacitação de policiais militares
da Bahia no âmbito das unidades territoriais de área da capital, no período de 2016 a
2021 e as característica do modelo de capacitação denominado educação permanente
pelas instituições de saúde.
Para a realização desta pesquisa, quanto aos meios, partiu-se de um estudo
exploratório baseado em uma pesquisa bibliográfica realizada em livros, artigos,
revistas e trabalhos acadêmicos, para levantamento de dados secundários. Na pesquisa
documental foram contempladas as legislações correspondentes ao tema, tais como: a
Portaria nº 037 – CG/2017, de 28 de março de 2017, (BAHIA, 2017), dispõe sobre
aprovação do Plano Estratégico da Polícia Militar da Bahia 2017- 2025; a Lei n.o 9.394,
de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), que estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, a Lei no 13.201, de 09 de dezembro de 2014. (BAHIA, 2014), que
reorganiza a Polícia Militar da Bahia, dispõe sobre o seu efetivo e dá outras
providências, dentre outros documentos. Ainda para levantar dados secundários
realizou-se uma pesquisa documental em arquivos privados do Instituto de Ensino da
PMBA, da Academia da Polícia Militar e do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
Praças. Os dados coletados consultando registros internos foram fundamentais para a
estruturação do estudo comparativo.

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Para o levantamento documental, e também para a pesquisa de campo, foi
delimitado um recorte temporal marcado pela avaliação no período compreendido entre
o ano de 2016 até o ano de 2021.

Quanto à manipulação das variáveis, o estudo é não-experimental, visto que


os fenômenos foram observados em seu mundo natural para depois serem analisados
(CERQUEIRA; SANTOS; SILVA, 2013).
Quanto aos procedimentos de coleta primários foram utilizados na pesquisa
de campo 02 (dois) métodos distintos, sendo ela mista ou quali-quanti: entrevistas
semiestruturadas e questionário. Marconi e Lakatos (1999) definiram a pesquisa de
campo como aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma
hipótese que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações
entre eles. Ela consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se
presumem relevantes, para analisá-los. Nessa fase, os entrevistados foram distribuídos,
de acordo com as diferentes unidades de operacionais, conforme Quadro 1, apresentado
a seguir. As entrevistas ocorreram no mês de dezembro de 2021, no próprio ambiente de
trabalho.

A escolha pela abordagem qualitativa justifica-se em função do enfoque, pois


não se busca neste trabalho medir numericamente o fenômeno pesquisado, nem mesmo
generalizar os resultados, busca-se sim uma análise interpretativa e contextual
(CERQUEIRA; SANTOS; SILVA, 2013). Já para Creswell (2010: 247-253), essas
estratégias revelam que facilmente, a depender da questão de pesquisa, as propostas
de estudo podem empregar métodos quantitativos e qualitativos, ora atribuindo mais
peso a um do que a outro, ora iniciando-se com um e concluindo-se com outro.
Em relação à aplicação do questionário, optou-se por consultar os Oficiais e
Praças lotados nas unidades policiais militares do orgânico do Comando de
Policiamento da Região Baía de Todos os Santos – CRPC-BTS, com objetivo claro de
avaliar fatores que possam contribuir para a inserção de uma polícia de educação
permanente nessas unidades. Dos 300 policiais militares selecionados, 120 aceitaram
participar da pesquisa. Cabe destacar que em função do caráter quantitativo dessa fase

22
da pesquisa, o método de amostragem se deu por acessibilidade. Os questionários foram
entregues e recolhidos 03 (três) semanas depois, de modo que os policiais militares
(Oficiais e Praças) se sentissem à vontade para responder o instrumento de coleta de
dados. Esse procedimento foi realizado em novembro de 2021.
Considerando o alcance da temática explorada e os recortes metodológicos
desse estudo, optou-se por promover a delimitação o tipo de estudo nos referenciais
teóricos norteadores, priorizando o pensamento de alguns autores, que trazem a ideia
fulcral do objetivo da pesquisa, como se observa em Paschoal; Mantovani; Lacerda
(2006 pág. 341):

[...] educação continuada, percebe-se que ela está inserida no contexto mais
amplo que é a educação permanente, pois esta ocorre durante a formação do
indivíduo pelo desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, da
conscientização do processo de trabalho e de seu processo de viver.

Ratificando as concepções doutrinárias do autor anteriormente citado, em


linha similar de raciocínio, Gadotti assevera que: “para os trabalhadores, a Educação
Permanente é um aumento de formação profissional que serve para torna-los mais
rentáveis e melhor adaptado às novas exigências das mudanças tecnológicas do
desenvolvimento econômico e industrial” (Gadotti, 1980, p. 95).

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO - Quanto à estrutura, o primeiro capítulo


trata da introdução, onde buscou-se mostrar um panorama geral sobre a importância da
qualificação profissional por intermédio da educação permanente, focada na atualização
das práticas de armamento e tiro, técnicas e táticas de abordagem, defesa pessoal e uso
progressivo da força, que são apresentados como aspectos sensíveis da administração de
pessoal e que merecem atenção especial por parte da Corporação, considerada a sua
importância na persecução do sucesso no negócio da Instituição, que é a prestação de
um serviço qualificado à sociedade. O capítulo apresenta, também, conceituação
doutrinária sobre a educação permanente, indicando diferenciação em relação a
educação continuada, assunto com o qual guarda estreita relação. Discorre ainda sobre o
contexto histórico da instrução e formação de Oficiais e Praças na PMBA, desde o
surgimento da Escola de Formação, suas várias denominações ao longo dos anos e
atribuições.

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CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO - O segundo capítulo,
concernente ao referencial teórico, traz a definição, missão e atribuição das unidades
territoriais de área do CPR-C BTS da PMBA; apresenta uma breve discussão sobre a
capacitação profissional na PMBA, contextualizando com a educação permanente,
educação continuada e o treinamento policial militar; discorre acerca da experiência
sobre capacitação profissional operacional na PMBA e em outras polícias militares do
país; identifica e examina a legislação atinente a capacitação profissional operacional
nas unidades territoriais de área do CPRC-BTS da PMBA; examina a educação
continuada no contexto da matriz curricular nacional e as ações formativas previstas
para a segurança pública; Aborda a instrução continuada sob o olhar do plano
estratégico da PMBA 2017 – 2025 e aborda a capacitação profissional de policiais
militares, o erro policial e a responsabilidade objetiva do ente estatal e de seus agentes,
a partir do advento da Constituição Federal de 1988 e do vigente Código Civil
brasileiro, em decorrência de atos lesivos a terceiros e inobservância dos preceitos
legais vigentes.

CAPÍTULO 3 - DESENHO METODOLÓGICO No terceiro capítulo


descreveu-se o desenho metodológico do trabalho, buscando apresentar as tipologias e
métodos de pesquisa utilizados, bem como a abordagem da análise e os instrumentos de
coleta de dados utilizado para que pudéssemos chegar ao resultado pretendido pelo
estudo, ou seja, situar de maneira científica o panorama da instrução continuada no que
tange ao domínio das competências básicas pelo policial militar alocados em unidades
territoriais de área, no âmbito do policiamento operacional, buscando essas informações
no dia-a-dia do policial militar, na literatura existente sobre o assunto e nos documentos
existentes em arquivo.

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS – Nesse capítulo será


consignada a análise quantitativa e qualitativa e, mediante interpretação contextual dos
dados e informações coletados nessa etapa de investigação da pesquisa científica.

CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS - Por fim, no quinto e


último capítulo, são apresentadas as considerações finais deste trabalho, trazendo uma
sinopse da conclusão da pesquisa, quando, apresenta-se uma lista com alguns dos
principais pontos convergentes para ocorrências dos problemas diagnosticados em
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nosso estudo técnico, a exemplo da ausência de ações institucionais para a valorização
do profissional no tocante ao desenvolvimento da instrução continuada em técnicas e
táticas policiais militares e em armamento e tiro para os policiais alocados em unidades
territoriais de área; Evidente desinteresse na capacitação pessoal por parte dos próprios
policiais militares lotados em unidades territoriais de área da Corporação, acarretado por
desmotivação e interesses pessoais alheios à nossa atividade, E investimento público
insuficiente em educação continuada dos policiais militares destacados como público-
alvo desta pesquisa, visando a capacitação indispensável ao exercício de atividades
operacionais, de defesa pessoal, uso progressivo da força e tiro policial da Corporação.

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