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(Livro) Estudos Allemães - Tobias Barreto (1883)
(Livro) Estudos Allemães - Tobias Barreto (1883)
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N-ATURAL DE SERGIPE
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41
AOS MOÇOS SERGIPANOS
QUE CURSARAM
OFFERECf:
o Au.,to·r.
,COMO INTRODUCÇÃO
I
A alma da mulhel' (1)
Julho de 1874..
(1!~) lI'mão mais moço e mais sadio, e pelo que nos diz
respeito, visivelmente sUflerior em talento.. Não é um
galanteio de escriptor, é uma convicção; a mulher bra-
sileil'a é em geral, guardadas as proporções, mais intelli-
- 35-
A chamada questão da mulher não tem outro
sentido.
Assim estudado, o probletl1él á resolver é
muito mais complexo e exigente do que o
suppoz Jellinek, cumprindo assegurar que
para a sua solução, á despeito das forças de
que dispõe, o illustre rabino con tribuiu bem
ponco.
II
III
I
o codigo criminal brasileiro, estatuiI).do
como crime (art. 2 § 1) - «toda acção ou
omissão voluntaria, contraria ás leis penaes»
- parece ter presupposto duas unicas ca-
thegorias de factos criminosos, sujeitos ao
seu dominio: - a dos d~lictos commissivos,
os quaes consistem na practica de um acto,
que' a lei tem prohibido, e a dos delictos
omissivos, consistentes, pelo contrario, em
deixar de fazer uma cousa, que a lei tem
preceituado. Destas duas ordens de factos
é a primeira que occupa mais largo espaço
no terreno dos casos previstos pela legisla·
ção penal. As disposições do codigo são em
sua maioria disposições prohibitivas. Das
tres especies ou classes precipuas de crimes
- publicos, pa'tticulares e policiaes, em que
elle dividiu o conceito geral do delicto, é a
classedos crimes publicos, a que ainda deixa
vêr não raras hypotheses de caracter pre-
ceptivo; o que aliás se explica pela naturesa
do sujeito desses delictos, o qual é, em regra,
IV
o Haeckelismo na Zoologia (1)
\'
Ag-O'lO de J1)71.
8
III
elembro de '1881.
(14) Não seria tão bom que oe: nossos legisladores tra-
duzissem na lingoa micional, alem de outros, este excel-
lente pedaço de in tiLui ão slava ?!
(15) Um outro ponto importanlissimo, que oxalá po-
dessem os imitar !....
-128 -
no processo eleitoral; nestes dois casos o
comité do governo forma a segunda instan-
eia, pois que taes queixas e accusações
devem ser primeiro dirigidas ao concelho
urbano. O conlité tem o direito de annullar
eleições illegaes e mandar proceder á novas.
-2.° Contestações entre o chefe da cidade e
os membros do comité executivo, assim
como entre este ultimo e o concelho urba-
no;- 3.° accusações sobre a illegalidade da
eleição de funcionarias municipap-s;- 4.° u
exame dos actos do' concelho urbano. caso
pareçam illegaes ao governador, assim
como quaesquer con testações suscitadas
entre a administração policial e o mesmo
concelho á respeito desses actos;- 5.°
queixas e accusações sobre desmandos do
chefe da cidade e do comité ex~cutivo ;-- 6.°
finalmente todas as contestações por ventu-
ra levantadas entre a administração munici-
pal e os funccionario:::. administrativos pro-
vinciaes.
As deliberações do comité governamen-
tal são tomadas por simples maioria de
v6tos. Se o governador não concorda com a
decisão, tem o direito de appellar para o se-
nado; direito este que tamhem co mpete aos
orgãos da administração municipal e pro-
vincial. .
Como se vê, o municipio russo tem uma
beUa organisação, a mais bella, talvez, que
se pode, não direi --imaginar, mas ao certo
pôr em movimento e fazer funccionar. En-
tretanto, quaes os proventos politicos de
semelhante instituto? Não se sabe, ou, se
alguma cousa se sabe, é somente que essas
-129 -
tão àmplas liberdades communaes deixa-
ram o espirita nacional no mesmo estado de
inq uietude e anciedade por um melhor
governo. Quando era de esperar que depois
de uma tal éoncessão, --- que aliás não foi o
unico testemunho da sua magnanimidade,--
Alexandre II podesse viver tranquillo, ou,
como dir-se-hia em guindada linguagem
cortezan, encontrasse no coração de seu
povo o mais sincero alliado e dedicado
amigo,--- bem ao contrario disso, as obras
do czar foram pesadas e se acharam muito
leves.... De quem a culpa? A historia res-
ponderá.
Meu thema esta esgotado. Antes porém
de terminar, quero ainda insistir sobre um
ponto, que nos toca de perto, e que forma,
por assim dizer, o lado pathologico do as-
sumpto: - a mania do municipalismo. em
face da improficuidade das franquezas mu-
nicipaes. Não é de hoje, mas já de ha muito
tempo, que entre nós se proclama a autono-
mia dos municipios, como uma ideia salva-
dora, como uma necessidade, cuja completa
satisfacção trará para o paiz incalcu1aveis
beneficias. Esta exigencia faz parte do pro-
gramma de um partido, isto é, do seu pro-
gramqla de opposição. Mas não deixa por
isso de ser geral e profunda a convicção de
que no desenvolvimento das municipalida-
des está o segredo dei nossa ventura politica.
e que esse desenvolvimento pode vir pelo
caminbo da lei, ou melhor, pela vontade do
governo. Porém isto será exacto? Creio
que não.
E' um engano, e bem pouco honroso para
9
-130 -
quem se deixa enganar, crer que ainda nos ..
.'.
,
é possivel recomeçar a marcha da historia e
tomar direcção diversa da que temos segui-
do até hoJe, em relação á vida municipal:.
Os municipios, no Brasil, não passarão ja-
mais de meras circumscripções administrq.~
tivas, sem cohesão politica, sem força prà~
pria, incapazes, pllr conseguinte, de ter
qualquer influencia nos calculos do poder
publico. A autonomia que se redama para
elles, ainda mesmo limitada e muito distan-
te daquella que os romanos faziam consistir
no ... legibus s'uis ~~ti (16), não pode SAI' levada
á effeito, pela razão mui simples, mas tam-
bem a unica irresistivel, de não haver pro-
priamente entre nós um espirito communal,
que é a primeira transforma ão, por que
passa o egoismo, do apêgo exclusivo ao
bem individual na consideração elo bem de
todos. .
A analogia que TocqueviLLú descobriu
entre a communa e a escola é uma .daquel-
las cousas, que são bonitas de mais, para
serem verdadeiras. Pelo menos é certo que
a escola I recisa de quem a frequente; assim
tambem a communa de quem a dirija. Os
nossos municípios, pela mór parte, fazem a
impressão de... escólas no desel'to. São por
tanto bem duvidosas as vantagens que nos
promette o liberalismo loquace com uma per-
feita autonomisação das communas. Omaior
numero dellas, alem de serem semelhantes
aos ... vici et castella et pagi, de que falLa
VI
I
Este assumpto não é novo, nem eu pre-
tendo dá-lo como tal. Bem entendido, não é
novo em outros circulas; porém não con-
testo que seja novissimo entre nós. Em sua
importante Histo?'ia da litte'ratu1'a do seculo
18, já Hermann Hettner,-illustre nome não
sabido das loquaces boccas dos belLetristas
da terra, - consagrou aLgumas paginas á
apreciação do muito que os salões contri-
buiram para o aperfeiçoamento das leUras
francezas n'aquelLe tempo(1). Sem fallar de
outros, que trataram do mesmo them&., basta
lembrar que uma das mais beBas partes da
grande obra de Taine sobre t.S origens d&.
França contemporanea, éjustamente a parte
dedicada á descripção pinturesca do movi-
mento do salão e do impuLs0 que eLl'3 dava
á vida espiritual da naldão, posto que, im-
porta declará-lo, o ceLebre escriptor exage-
rasse, CGOlO le costume, as dimensões do
seu objecto, e o saLão represente no indica-
do livro o mesmo papeL que a falcttté mai-
tresse em livros anteriores - aI parec I do
f2
-179 -
VIII
IX
Uma these de concurso
[V
Março de 1881
1
Hu ceeca de tres annos, que escrevi as se-
guintes palavras, cuja verdade ainda con-
serva, aos meu. olbos, o fros ar do primei.-
ro momento, que alias em muitas out.ras~·
enganoso e pas ageil'O. t( Não IJa,-diss en,
-n50 lla ra.são suf[]ciente, maxime enLr
nós, para t.ee-se a religião como dispensada
do seu mister de illwli?' e can.·ola)'. Ainda
por muito temI 0,-0 quem pol1 af'segurul'
que não sempre ?-o organismo social Lerú
fLlncções religiosa', o carecerú para ellas de
orgãos especiaes. Em quanto o homem, en-
contrando neste mundo somente dLlrezas,
injustiças e miserias, crear-se pela pl1anta-
sia um Il1Llndo mell10l', uma corno ilha en-
cantada, onde e11e it'á repousar das fadigas
e enjôos ela existencia, a religião sel'ú, COIllO
at:' hoje, um factor poderoso na historia das
nações.» (1).
Apadrinho-me logo em principio com es-
tas linhas, qlle tllClo podem conter, menos
nill manHesl:o ele intllit;ão alheislica, para
Clll , no correr elo presente ::lItigo, não "C
receln em mau sentido a expre' 'ào úe cer-
tas verdacle I nem. e mc ponha á conta cIos
- 23... -
II
E' um erro grosseiro, ainda que multo
seguido em nossos dias, suppor que a hu-
manidade se acha em caminho para um es-
tado rle cousas, nele a religião só brilhe
pela ausencia. E penso com Julio Frcebel
que esta opinião seria erronea, quando mes-
mo a religião não fosse mais do que a mA-
tapbysica do povo, incapaz de ren xão plli-
losopbica. Porquanto nem estú no destino
cio genero humano compor-se todo de plJi-
losopho , nem a necessidade metaphy ica
se extingue jamais naquelles, Jue não phi-
losopham, e tampouco se dá por satisfeita
com os resultados materialistico-scientifi-
'o· rfne locam ~om nl.o na snperflcie ela:
- '130 --
XI
o que se de"e entender }JOI' direito autoral
I
PonlJamos porém de lado, por ser alheio
e improprio da sciencia, tudo que possa
parecer uma allusão peso oal, e passemos ao
assumpLo, que nos esper n .
Na rriinha resposta á um elos pontos
qLlestionados pela Faculdade, eu di e que
a elassificação preferiveL dos direitos civi. ,
por abranger o quadro de todo o direito pri·
va lo, é a que os dispõe nas cinco sep'uintes
- '134 -
IJ
(3) Liv. 'lo epig. 53, ~1, i3' Liv. 10 ('pi" /lIO.
(Ij) T'rl'lf/gsJwlil-f- pag, \.
- 200-
meios modernos de multiplicação e diffusão,
e internamente ás vistas modernas sobre
uma industria de natureza espirituaL» (5)
Isto é exacto; e para melhor compre-
hendel-o, basta observar qne os jnriscon-
sultos romanos tinham i:.l idéa do ganho por
inconciliavel com a vocação do jurista, e
aincla 00 terceiro seculo do Imperio, Ulpiano
não hesitou em dizer :-. o' est quic1em res
sanctissima civilis sapientia, sed qure pretio
nummario non sit restimanda nec debones-
tancla. (6) E quanto aos philosophos espe-
cialmente : - boc primum profiteri eos
oportet mercenariam operam speroereo. o
Mas esta velha intuição não tem mais razão
de ser; nem ha hoje quem seriamente ouse
pôr em dllvida a legitimidade das pretençães
do pensador, do escriptor, do artista, á au-
ferir uma vantagem do seu trabalbo.
Assim, já l1a longo tempo, esse direito
foi reconhecido, e a primeira forma do seu
reconheçimento foi o privilegio, quer do
autor, quer do editor. Porém essa primeira
phase, posto que se prolongasse desde o
decimo quinto alé o presente seculo, devia
acabar 1 o]' mostrar a insufficiencia do meio.
o'urgio então o conceito de uma propriedado
litteraria, artistica etc.;- reclamação ab-
surdamente consequente, como diz Felix
Dahn, de um d1'oit (Jtel"l~el ele l'autetw, se·
gundo a phrase do congresso de BrLlxellas
I
CARLOS GOMES E A ~UA OPERA «SALVATOR ROSAD
Julho de 1882.
2.°
II
Junho de 1882.
Junho de IlSlS:2.
Fim