Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sapucaia do Sul
2022
ii
Sapucaia do Sul
2022
iii
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este trabalho se propõe a analisar alternativas que permitam postergar Manutenção Preventiva
de uma máquina, sem haver declínio na disponibilidade para operação. Para atender tal objetivo,
foi definida uma máquina para aplicação de ferramentas e estudo. Foram analisados indicadores
de frequência de falha, tempo de reparo e disponibilidade. Após avaliação, com base em dados
obtidos com a ferramenta FMEA, que por meio do modo de falhas define os focos para ações,
foram propostos novos planos para máquina escolhida. Seguindo uma nova estratégia de
manutenção, visou-se o aumento da periodicidade de manutenções preventivas devido ao custo
e o acompanhamento da máquina com o uso de manutenção preditiva e inspeções. Com a nova
estratégia aplicada, novos dados foram gerados. Novamente foram analisados indicadores de
frequência de falha, tempo de reparo e disponibilidade. Foram comparados os dados e
indicadores coletados nos dois momentos (antes e após a nova estratégia de manutenção
adotada). Os indicadores de manutenção indicaram a eficiência da nova estratégia, constatando
que é possível postergar a manutenção preventiva mantendo a disponibilidade em índices
satisfatórios. Com as alterações, ocorreu a redução do número de planos preventivos e o
aumento da periodicidade de 100 dias para 180 dias. Além da redução de 77,78% no número
de falhas, um pequeno aumento de 6,0 % no MTTR (Tempo médio para reparo), um grande
aumento de 352,83% no MTBF (Tempo médio entre falhas) e um ganho de 0,63% na
disponibilidade.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ VI
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 3
4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 9
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 18
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 20
1
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo está dividido em quatro partes, sendo a primeira a apresentação dos tipos
de manutenção com suas vantagens e desvantagens; após uma descrição da Manutenção
Centrada em Confiabilidade e da ferramenta FMEA; finalizando com a apresentação dos
principais indicadores para manutenção.
(2013) bem explicam, ela atua em um fato já ocorrido, não há tempo para preparação do serviço.
Gera altos custos porque a quebra inesperada acarreta perdas na produção, perdas de qualidade,
custos indiretos de manutenção, e ainda pode ter consequências inesperadas para o
equipamento, pois a extensão dos danos pode ser bem maior.
A manutenção corretiva programada é aquela em que a falha pode ser programada
para ser eliminada quando for mais conveniente para a empresa. Seja por questões de
disponibilidade de mão de obra, materiais, produção, custos; se não trouxer risco à segurança
ou qualidade. A falha existente não interrompe o processo de produção (TELES, 2019).
A manutenção preventiva é voltada para evitar a ocorrência de falhas ou quedas de
desempenho, por manutenções em intervalos de tempo pré-definidos, obedecendo um plano
previamente elaborado. É destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do
funcionamento de um item (ABNT, 1994).
Xenos (1998, p. 24) destaca que, por diminuir a frequência de falhas, a disponibilidade
para produção aumenta e há domínio das paradas do equipamento, reduzindo interrupções
inesperadas; logo quando considerado o custo total, a manutenção preventiva se torna mais
barata que a corretiva.
Apesar de mais barata que uma manutenção corretiva, a preventiva tem um custo
relativamente elevado, em média três vezes mais que a manutenção preditiva. Além disso, não
apresenta eficiência quando a taxa de falhas está relacionada a condições de operação, sendo
substituída uma grande quantidade de peças que não chegaram próximas ao fim de vida útil.
Considera-se também, que mesmo de forma planejada, existe a necessidade de parada da linha
de produção. A manutenção preventiva deve ser utilizada de forma estratégica, e se faz
necessário um planejamento de manutenção robusto, visando a redução da probabilidade de
falhas que tem relação direta com a idade do equipamento (TELES, 2019).
A manutenção preditiva é a manutenção com foco no estado do equipamento. É
baseada na tentativa de definir o estado futuro de um equipamento ou sistema, por meio de
verificação e análise da tendência de variáveis do equipamento, por meio de dados coletados
ao longo do tempo por uma instrumentação específica (TELES, 2019; BRANCO FILHO,
2016).
Os benefícios do uso da manutenção preditiva envolvem redução dos prazos e custos de
manutenção, previsão de falhas com maior antecedência, melhoria das condições de operação
dos equipamentos, entre outros (MIRSHAWKA, 1991 apud REIS, DENARDIN e MILAN,
2010). Caracteriza-se pela previsibilidade da deterioração do equipamento, prevenindo falhas
por meio do monitoramento dos parâmetros principais, com o equipamento em funcionamento.
5
Tem a finalidade de indicar as condições reais de funcionamento, e os dados são coletados por
meio de medições em campo como temperatura, vibração, análise físico-química de óleos,
ultrassom.
Dentro de uma linha de produção ou mesmo nas execuções de tarefas cotidianas, alguns
equipamentos são mais importantes do que outros. Sabendo disso, é fundamental mapear quais
são os elementos que mais precisam da manutenção preditiva, exatamente por terem um papel
crítico nos resultados. Também é fundamental contar com profissionais plenamente
capacitados. Além de possuírem o conhecimento necessário, é preciso que eles detenham os
equipamentos relevantes para executar os processos preditivos (TELES, 2019).
A FMEA é uma ferramenta para evidenciar quais são as funções dos sistemas que devem
ser preservadas por meio de ações de manutenção. É possível descobrir quais falhas ameaçam
as funções dos sistemas, como essas falhas podem surgir e quais são as consequências dessas
falhas (FOGLIATO e RIBEIRO, 2009).
6
O MTTR (Mean Time to Repair ou Tempo médio para reparo), diferente do MTBF,
pode ser usado de forma global (dividindo por setor ou área) e em intervalos de curto prazo.
8
Mede de forma prática quanto tempo as equipes dedicam para a solução de problemas
corriqueiros e repetitivos, com a finalidade de encontrar uma causa raiz do problema e assim,
traçar uma estratégia para solução (FOGLIATO, 2009). Para o cálculo do MTTR é dada a
Equação 2:
Horas indisponíveis
MTBF = (2)
número de falhas
4 METODOLOGIA
e que peças foram compradas ou requisitadas de almoxarifado para substituição. Uma análise
da função da máquina escolhida e do processo em que está inserida, indica o quão prejudicial é
a falha; com uma análise mais aprofundada sobre a máquina é observada a dificuldade de
perceber que a falha ocorreu.
Baseado nos pontos críticos, após analisados os cálculos de RPN realizados com a ajuda
da FMEA, gerou-se novos planos de manutenção. Os novos planos de manutenção foram
incluídos no software de gestão da manutenção e incluídos à programação de manutenção.
O software de gestão da manutenção permite acessar dados que compõem cálculos de
indicadores de manutenção. Após calculados indicadores: MTBF, MTTR, Indicador de
Disponibilidade, realizou-se comparações entre dados de antes e depois da metodologia
adotada.
11
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base no diagrama (Figura 2), foi escolhida a máquina Ventilador de Exaustão. Se
trata de um ventilador de rotor 1060mm/10pás acionado com correias (7x VC120) por motor
elétrico de 150 cv de potência. A máquina escolhida está diretamente relacionada ao processo
produtivo da empresa, estando presente na última etapa (atomização), quando o produto se torna
pó e fica disponível para embalagem.
Inicialmente, para o Ventilador de Exaustão, havia três planos preventivos e um plano
preditivo:
• Plano preventivo 100 dias: Revisão geral, abertura de mancais, troca de
rolamentos, troca de retentores, limpeza e troca de graxa, alinhamento;
• Plano preventivo 180 dias: Troca de correias;
• Plano preventivo 180 dias (02): Balanceamento
• Plano preditivo 30 dias: Medições de vibração (g e mm/s) em motor, mancais
e estrutura de ventilador.
Foi escolhida esta máquina por ser considerada importante ao processo produtivo e
devido a constância de manutenção preventiva e corretiva, que ocasionavam alto custo, com
mão de obra e peças, além da indisponibilidade.
Conforme a Tabela 2, há indicativo de que, em média, ocorria uma falha a cada 238,04
horas (MTBF). Ocorrendo reparo com tempo médio de 01h57min (MTTR). Em 99,18% do
tempo previsto para operação, a máquina esteve disponível para uso.
5.3 FMEA
Para elaborar novos planos de manutenção de forma eficiente, foi utilizada a ferramenta
FMEA, sendo determinados os pontos críticos da máquina. O FMEA é uma ferramenta de
análise qualitativa, que transforma informações em dados quantitativos. É importante por
determinar os modos de falha, analisando o risco e consequentemente o índice de prioridade
para plano de manutenção (TELES, 2019).
A Tabela 3 apresenta a FMEA realizada para o Ventilador de Exaustão do Atomizador
01.
Os mancais são responsáveis por suporte de apoio aos eixos e rolamentos. As falhas
mais comuns estão relacionadas ao desalinhamento e à má lubrificação. Desalinhamentos
representam 20% das falhas em rolamentos (TELES, 2016).
As falhas em cada componente da máquina não são repentinas, apresentam sintomas
que vão se agravando no decorrer do uso, a detecção é considerada entre pequena e moderada.
Com a ferramenta FMEA (Tabela 3), foram gerados novos planos de manutenção com
foco nos pontos mais críticos. Ao gerar os planos, o objetivo foi diminuir a ocorrência de
preventivas com necessidade de máquina parada. Foi adotada uma nova estratégia de
manutenção, a Estratégia 02 apresentada na Tabela 4. Foi adequado o plano de manutenção
preditiva (análise de vibração, temperatura, ruído) para uma periodicidade menor e realizada
preventiva com menor frequência. As trocas de peças passaram a ser realizadas conforme
condição dos equipamentos.
O plano preventivo 180 dias (2) de balanceamento de ventiladores foi mantido. Foi
considerado o fato de que a pratica é realizada em todos os ventiladores da empresa (10) com
equipamento e mão de obra de terceiros. Nesse caso a alteração do plano somente para uma
máquina é inviável economicamente.
O plano preventivo 180 dias para troca de correias foi inativado e a tarefa passa a ser
realizada conforme a condição apontada por inspeção e manutenção preditiva.
Um plano de manutenção preventiva foi mantido no software, após análise dos itens.
Trata-se de um plano referente a revisão geral na máquina, com abertura de mancais, troca de
rolamentos, buchas de fixação e graxa, limpeza e alinhamento de polias. Foi alterada a
periodicidade, de 100 para 180 dias, mesma periodicidade do balanceamento.
O plano preditivo 30 dias deixou de ser mensal e passou a ser programado a cada 15
dias, prevendo variações menores no estado da máquina e a geração um histórico de medições
de vibração mais robusto, além de juntamente serem realizadas inspeções visuais.
Os planos foram inseridos no software de manutenção e passaram a ser programados
para execução. A programação para executar as manutenções foi facilitada, pois a necessidade
de parada de máquina passa a ser menos frequente. Os novos planos passaram a ser executados
a partir de 01/07/2020.
14
A Tabela 5 indica que em 99,81% do tempo previsto para operação, a máquina está
disponível, ocorrendo em média, uma falha a quase 1.078 horas (MTBF). O tempo médio para
reparo (MTTR) é de pouco mais de 2 horas.
Número de falhas
36
77,78%
De jan/19 De jul/20
à jun/20 à dez/21
MTBF
1077,92
352,83%
238,04
De jan/19 De jul/20
à jun/20 à dez/21
Figura 4 Gráfico comparativo do Tempo médio entre falhas nos períodos de estudo
O MTBF no segundo período é 4,5 vezes maior, ou seja, a falha demora quase cinco
vezes mais para que ocorra causa de interrupção na produção e necessidade de intervenção
corretiva. Dessa forma, a Figura 4, evidencia que a postergação da realização do plano
16
preventivo, de 100 para a cada 180 dias não gerou aumento de falhas, nem de frequência de
falhas.
Na Figura 5, observa-se que o MTTR teve um pequeno aumento, aproximadamente 7
minutos. Esse acréscimo é considerado de baixa relevância, visto que é um período de
amostragem de dezoito meses e o apontamento de tempo é realizado pelo manutentor, podendo
ocorrer pequenos atrasos no encerramento da ordem de serviço.
MTTR
2,08
1,96
6,0%
De jan/19 De jul/20
à jun/20 à dez/21
Figura 5 Gráfico comparativo do Tempo médio para reparo nos períodos de estudo
%Disponibilidade
99,18% 99,81%
0,63%
De jan/19… De jul/20…
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parte do estudo foi realiza em período atípico, durante a pandemia de Covid 19, quando
a indústria passava por incertezas, e haviam ausências frequentes de colaboradores, tonando
tudo mais dinâmico e necessitando resultados imediatos.
A pandemia trouxe uma insegurança maior para parte da indústria. Baixa oferta e
elevados custos de matéria prima, de peças de reposição e mão de obra. A necessidade por
alternativas de manutenção mais rentáveis passou a ser ainda mais atraente, mas a resistência
às mudanças também aumentou. Não há muito espaço para algo diferente, menos ainda para
realizar testes ou correr riscos. Há resistência à mudanças, principalmente no que se refere a
estratégia de manutenção, fazendo com que seja de suma importância o conhecimento e
embasamento para boa argumentação, com dados gerenciáveis e de compreensão simplificada.
Para trabalhos futuros, alguns pontos podem ser relevantes:
• possibilidade de aumento na periodicidade com que planos preditivos e de inspeção são
realizados. Banco de dados com valores de análise de vibração podem expressar a
periodicidade mais adequada;
• o procedimento com o uso de FMEA pode ser aplicado nas demais máquina da empresa;
• análise quantitativa de custos pode ser considerada para viabilidade da estratégia de
manutenção adotada (custos com peças, mão de obra, valor que deixa de ser gerado
devido a falha em máquina).
20
REFERÊNCIAS
BRANCO FILHO, Gil. Indicadores e Índices de Manutenção, 2ªed. Rio de Janeiro: Editora
Ciência Moderna LTDA., 2016.
PINTO, Alan Kardec; XAVIER, Julio de Aquino Nascif. Manutenção – Função estratégica
4ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 2013. 440p.
REIS, Zaida Cristiane dos; DENARDIN, Carina Desconzi; MILAN, Gabriel Sperandio. A
Implantação de um Planejamento e Controle da Manutenção: Um estudo de caso desenvolvido
em uma empresa do ramo alimentício. In: VI Congresso Nacional de Excelência em Gestão,
2010, Niterói. Disponível em: <
https://www.academia.edu/33366743/A_IMPLANTAÇÃO_DE_UM_PLANEJAMENTO_E_
CONTROLE_DA_MANUTENÇÃO_UM_ESTUDO_DE_CASO_DESENVOLVIDO_EM_
UMA_EMPRESA_DO_RAMO_ALIMENTÍCIO > Acesso em 04 ago. 2019.