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O homem tem como seu habitat natural o convívio em sociedade, no entanto esta
convivência se faz complexa devido aos padrões pré estabelecidos tanto pela
sociedade quanto por nós mesmos através de nossas subjetividades. Há regras de
convivência, de comportamento, padrôes éticos a serem seguidos e até mesmo uma
estética a ser adotada como a correta. Tudo é pré determinado e estas tais regras são
disseminadas e até mesmo impostas em nossa vivência, seja por meio de tradições ou
pelos meios de informação manipulados, o que importa é que de alguma forma
acabamos acatando.
Os dois textos sugeridos, nos remetem a pensar o que leva o homem, que participa
ativamente do crescimento da econômia e desenvolvimento de seu habitat através de
seu trabalho, empregar grande parte do fruto de conquista dos seus esforços na busca
de se enquadrar ao padrão imposto? E o que o leva a uma recusa e não aceitação de
sí mesmo e do outro de forma tão intolerante?
Os padrões a serem alcançados são tantos, que acabam levando o homem a uma
insatisfação pessoal constatante. Preciso ser produtivo, eficiente, ter uma boa
formação, bom emprego, bom salário, não posso ser muito alto, tão pouco muito baixo,
nem muito gordo ou muito magro, pele tratada, cabelos alinhados, devo estar sempre
estéticamente impecável e ser socialmente bem sucedido. Cria-se uma aversão
generalizada ao corpo e uma recusa a sua condição na sociedade. Com isso
acabamos nos impondo fardos e nos submetendo a rituais cotidianos, desde os mais
simples ao mais complexos em busca de nos enquadrarmos no padrão social.
A incomplitude constituitiva do seu ser limita o amor o próximo, pois como coexistir se
seu gozo se distingue dos demais. Olha e critica no outro o que neste falta, mesmo que
ele mesmo não o tenha, desenvolve um comportamento de rejeição e marginalização
de sí e dos que estão a sua volta. A sociedade não oferece uma forma de gozo
totalitária que incluirá a sociedade como um todo, desta forma deve ser tomado um
meio termo, para que haja tolerãncia quanto ao gozo do outro.
Horas, como tolerar, coexistir e chegar a amar o outro, se lhe é estranho e causa
desconforto? Se as diferenças existentes do padrão não suportadas nem em sí?
O homem é estrangeiro de sí mesmo, a medida que não se aceita, que não aceita o
seu corpo, não aceita a sua forma natural e a realidade a qual vive. Como vou amar e
aceitar o outro se a principio não amo e aceito ao meu próprio eu?
Tamanha rejeição do próximo pode se dá, por reconhecer nele coisas que me
identificam, das quais não aceito e tento mudar a todo custo. Ou seja o que me
asemelha ao próximo pode tanto me aproximar o tornando meu semelhante, quanto o
afastar o tornando estrangeiro.
O modo que se lida com a própria estrangeiridade, pesa na hora de defirmos o outro
como estrangeiro ou semelhante. Enquanto esta viagem de estranheza de sí próprio
não se finda a procura por um bode espiatório será eterna.