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Disciplina: Sociologia

Professora: Jaqueline Portela

PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO*

O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade ou a sociedade molda os
indivíduos? Em poucas palavras, podemos dizer que indivíduos e sociedade fazem parte da mesma trama, tecida
pelas relações sociais. Não há separação entre eles.
O que você acha de obedecer a regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já foram preestabelecidos
para você?
É provável que você e muitos de seus colegas digam que não gostam de obedecer a regras, e alguns cheguem
mesmo a afirmar com uma pontinha de orgulho que só fazem aquilo que gostam ou que têm vontade... Pois saibam
que não é bem assim que as coisas acontecem. Mesmo que você se considere um rebelde, você está muito mais
dentro da ordem que imagina, principalmente se você é um aluno devidamente matriculado no Ensino Médio, e
está lendo este texto na escola ou em sua casa.
Por que estamos falando disso? Para dizer que vivemos numa sociedade totalmente institucionalizada, ou
seja, vivemos “imersos” em instituições sociais, portanto, somos continuamente levados a realizar coisas que não
escolhemos, e na maioria das vezes as realizamos “naturalmente”, sem questionar de onde e de quem partiu aquela
ideia ou aquela ordem. Todo o nosso pensamento e nossa ação foram aprendidos e continuam constantemente
sendo construídos no decorrer de nossa vida.
Muito do que fazemos foi pensado e estabelecido por pessoas que nem existem mais. Desde o momento de nosso
nascimento até a nossa morte estamos sempre atendendo às várias expectativas dos vários grupos que
participamos.
Nascemos todos em algum lugar da sociedade: num bairro de periferia, num edifício no centro da cidade,
numa favela, num condomínio fechado, e pertencemos quase sempre a algum tipo de família. É dentro da família
que aprendemos os primeiros valores do grupo e da sociedade a que pertencemos. Os pais (ou aqueles que
cumprem este papel), criam e provêm os filhos de condições para a subsistência e esperam desses, respeito e
obediência.
A sociedade espera que os pais trabalhem e tenham uma vida honesta, às mães cabe o amor incondicional,
capaz de fazê-las renunciar à própria vida para ver a felicidade de seus filhos. Isso pode parecer um pouco
exagerado, mas, às vezes, a caricatura de uma situação nos permite enxergá-la melhor. Bem, crescemos ouvindo
que a família é um lugar “sagrado”, que devemos respeitar nossos pais, que tanto sacrifícios fizeram por nós.
Crescemos ouvindo que é o bem mais importante de um homem, e quando finalmente crescemos, “desejamos”
formar outra família, porque é isto que esperam de nós. Mas se não agirmos dessa forma esperada, se não nos
transformarmos no pai trabalhador, na “mãe santa”, no filho respeitoso? Se escolhermos outro caminho e outros
valores? Aí sofreremos o que a Sociologia chama de coerção social – significa que seremos coagidos e
pressionados pelo grupo familiar e pelas pessoas próximas desse, a retomar os valores preestabelecidos. É o grupo
familiar que também vai nos indicar os caminhos escolares e profissionais. Para algumas famílias, percorrer toda a
carreira escolar sem interrupção é algo indiscutível, e desviar-se deste caminho previsto pode ser traumático.
Novamente não escolhemos, mas as escolhas já estão feitas. Quase sempre fazemos o que é esperado.
Quando nascemos, já encontramos prontos valores, normas, costumes e práticas sociais. Também
encontramos uma forma de produção da vida material que segue determinados parâmetros. Muitas vezes, não
temos como interferir nem como fugir das regras já estabelecidas. A vida em sociedade é possível, portanto,
porque as pessoas falam a mesma língua, são julgadas por determinadas leis comuns, usam a mesma moeda, além
de ter uma história e alguns hábitos comuns, o que lhes dá um sentimento de pertencer a determinado grupo. O
fundamental é entender que o individual- o que é de e cada um- e o comum- o que é compartilhado por todos- não
estão separados; formam uma relação que se constitui conforme reagimos às situações que enfrentamos no dia a
dia. Algumas são mais passivas e outras mais ativas; algumas podem reagir e lutar, ao passo que outras se
acomodam às circunstâncias. Isso tudo é fruto das relações sociais.
Processo de Socialização:
O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade é designado pelo nome de
Socialização. A socialização é a imposição de padrões sociais à conduta individual. Nesse sentido, os indivíduos
formam a sociedade e são formados por elas.
Entender a sociedade em que vivemos significa saber que há muitas diferenças e que é preciso olhar para
elas. É muito diferente nascer e viver numa favela, num bairro rico, num condomínio fechado ou numa área do
sertão nordestino exposta a longos períodos de seca. Essas desigualdades promovem formas diferentes de
socialização. Porém, existem dois tipos de socialização que ocorrem com todos os indivíduos: a socialização
primária e a socialização secundária.

“A socialização pode ser definida como a ampla e consistente introdução de um indivíduo no mundo
objetivo de uma sociedade ou de um setor dela. A socialização primária é a primeira socialização que o
individuo experimenta na infância e em virtude da qual se torna um membro da sociedade. A socialização
secundária é qualquer processo subsequente que introduz o indivíduo já socializado em novos setores do
mundo objetivo de sua sociedade”. BERGER, Peter. A construção social da realidade.

Socialização Primária: o processo de socialização começa logo nos primeiros meses de vida da criança. No
processo de internalização de comportamentos, códigos e modos, o primeiro protagonista é a família. Os pais
transmitem à criança os códigos linguísticos, expressões de afeto, modos adequados de agir, vestir-se, comer, etc.
Na etapa de socialização primária, a transmissão de valores às crianças ocorre por meio de uma série de
mecanismos, que vão das punições às premiações. Nas sociedades contemporâneas, o processo de socialização da
criança é compartilhado, isto é, dividido entre escola e família. A vida escolar inicia-se cada vez mais cedo e dura
cada vez mais tempo. A experiência escolar contemporânea permite que crianças estabeleçam relações sociais
intensas fora do círculo familiar. Por vezes, elas passam o dia inteiro na creche ou na escola e travam mais contato
com os professores e colegas do que com os pais e irmãos. A escola vai, então, assumindo uma responsabilidade
maior em relação à educação- no sentido amplo que estamos dando a esse termo- e se constituindo,
progressivamente, em uma das instituições sociais (são instâncias que têm por função programar as condutas
individuais para a vida em sociedade. São instituições sociais: a linguagem, a família, a escola, etc.) mais
fundamentais da vida contemporânea.
Na vida contemporânea, a juventude é o momento de ampliação dos vínculos sociais para além da família e
do círculo íntimo de convivência e é também o momento de aquisição de papeis sociais diferentes. Papéis sociais
são desenvolvimentos das funções e condutas dos indivíduos nas instituições sociais. Por exemplo, ser filho,
adolescente, jovem adulto, idoso e etc. Isso implica que novas obrigações e expectativas sejam formuladas acerca
da vida profissional, social e amorosa. Além da família e da escola, passam a ter lugar cada vez mais importante na
formação dos indivíduos: grupos de amigos, meios de comunicação de massa, associações esportivas,
comunidades religiosas e etc. Portanto, é necessária um novo tipo de aprendizado sobre o mundo social. Essa etapa
que sucede o aprendizado das noções básicas d vida social é chamada de socialização secundária.

Socialização Secundária: compreende a internalização dos códigos, das regras e normas das diferentes
instituições que compõem a sociedade. É um processo fundamental que habilita o indivíduo para o desempenho
dos diferentes papéis sociais que a sociedade reclamará no decorrer de toda a sua vida.
Os processos de socialização são interligados e dependentes um do outro, ou seja, o sucesso da socialização
secundária depende de uma socialização primária com êxito. É a socialização primária que oferece fundamentos
para que o indivíduo reconheça as bases do mundo social e desenvolva a sua capacidade de interpretação dos
códigos sociais e de adaptação a eles.
Na sociedade em que vivemos, a socialização secundária é constante. Ocorre continuamente durante toda a
vida, porque há muitas mudanças no mundo social, fruto de contínuas redefinições nas instituições sociais e nos
papéis sociais. Porém, as principais agências de socialização secundária são os amigos e os meios de
comunicação.

* Material elaborado pela professora de sociologia Jaqueline Portela


Referências:
Sociologia: Ensino Médio. 1ª Série. Editora Positivo, 2009.
LORENSETTI, Everaldo. Sociologia. – Curitiba: SEED-PR, 2006.
TOMAZI, Nelson. Sociologia para o Ensino Médio. Editora Saraiva, 2010.
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/sociologia/familia-contemporanea

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