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CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS - PMBA - JUNHO/ 2021 26

A Força Policial da Bahia passa a enfrentar uma das missões mais árduas da sua
história durante 10 anos. Lampião se utilizava e muito das emboscadas, dessa forma as
primeiras 24 volantes criadas é quase que dizimada totalmente.
Nesse período foram criadas as Forças em Operação no Nordeste (FON) e a divisão da
área de ação em seis regiões distintas: 1ª- Senhor do Bonfim; 2ª- Juazeiro; 3ª- Uauá; 4ª-
Tucano; 5ª- Jeremoabo e 6ª- Santo Antônio da Glória. O primeiro oficial a comandar as
regiões foi o Coronel Terêncio dos Santos Dourado.
A polícia utiliza um critério de aproveitamento dos homens da região para dar cabo a
Lampião, porem as baixas foi de ambas as partes. Em 1932 o efetivo policial era de 1.170
homens e o efetivo de cangaceiros era de 100 homens divididos em vários grupos.
Lampião, Maria Bonita e 13 cangaceiros foram surpreendidos e mortos em 28 de julho
de 1938 na Gruta do Angico, pela volante policial do Estado de Alagoas, comandada pelo
Tenente João Bezerra. Porém alguns conseguiram escapar como Corisco que continuou
causando intranquilidade. O banditismo na Bahia só vem acabar em 25 de maio de 1940,
pelas volantes comandadas pelo Tenente José Rufino e pelo Sargento José Fernandes. Uma
década de lutas sangrentas, perdas de vidas de ambos os lados, e a Policia Militar da Bahia
com uma amarga consciência do dever cumprido.

7. O INGRESSO DA MULHER NA PMBA

7.1 CONTEXTUALIZANDO O INGRESSO FEMININO

A luta das mulheres na inclusão ao mercado de trabalho sem sombra de


dúvidas, além de colaborar com o incremento econômico e social do país, aumentam
a autoconfiança, liberta-se da dependência econômica secular e resgata uma
cidadania historicamente negada.

Portanto, contribuiu não apenas para que a mulher ganhasse visibilidade social
e credibilidade, potencialidade, mas, principalmente, resgatou também a sua
dignidade, possibilitando-lhe viver uma vida melhor.
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Rompendo assim todo esse preconceito. A exclusão atinge boa parcela


feminina, dessa forma e segundo (DUPÁS, 1999), defende que o modelo de
desenvolvimento atual é excludente, assim como culpa o processo de globalização e
as discussões das funções do Estado.
A história da mulher na PM é uma história recente, tendo como a primeira
Polícia brasileira a recepcionar mulheres foi a PM de São Paulo há mais de meio
século, entretanto, a primeira mulher a chegar ao posto de Coronel no Brasil, foi no
Estado de Minas Gerais, sendo a Bahia uma das últimas a fazê-lo e, somente em 2019
uma Oficiala foi alçada ao posto de Tenente-Coronel PM, não havendo ainda,
nenhuma mulher no posto de Coronel na PMBA.
A inserção da mulher na PMBA teve início após o Decreto Governamental de
número 2.905, de 12 de outubro de 1989 que possibilitou a inclusão de mulheres a
partir de 1990, não obstante, com a evolução da importância de enaltecer essa
categoria, o município de Salvador capital do Estado da Bahia institui o dia 12 de
outubro como o "Dia Municipal da Policial Militar Feminina”.

Em reportagem de 2018, no evento de comemoração a este dia na Câmara de


Vereadores de Salvador, o representante do Comando Geral da PM, o então Coronel
Anildo Batista disse que não consegue mais ver a instituição sem a presença
feminina, “Elas conseguiram introduzir na operação militar um comportamento
firme e assertivo, mas sem perder a ternura”.

REPORTAGEM DE 22/11/2018 (ADAPTADA)

Dia da Policial Militar


comemorado na Câmara de Salvador

Na sessão de iniciativa de uma vereadora as pioneiras falaram sobre os desafios enfrentados


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Crédito: Antonio Queirós

Admitidas na Polícia Militar da Bahia em 1990, as mulheres passaram a ter um dia só para
elas e para comemorar a data instituída no calendário municipal, a Câmara de Salvador
promoveu no Plenário Cosme de Farias, sessão especial com a presença de dezenas de
policiais femininas, classificadas como “Anjas Protetoras”.

O presidente eleito para a próxima Mesa Diretora da Câmara saudou as policiais destacando
o empoderamento feminino e a forma como vêm desmistificando a ideia de que a mulher
perde a ternura ao usar a farda.

Entre as policiais convidadas para a mesa algumas pioneiras, que revelaram as dificuldades
dos primeiros anos na PMBA, incluindo preconceito e discriminação. A major Cássia
Fonseca, do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Ondina), por exemplo,
relembrou que sequer sanitários femininos existiam nas dependências militares: “O
patriarcado ainda existe, mas estamos fazendo história. Temos que ressaltar o
protagonismo feminino, a importância de sermos ouvidas e o respeito às diferenças”.
Maria Cleydi Milanezi, comandante da 12ª Companhia Independente da PM (Rio Vermelho)
contou que no início, na primeira seleção, as policiais deveriam atuar apenas nos casos
envolvendo menores, mulheres, adolescentes infratores e idosos.

“Mas hoje estamos em todas as unidades da corporação. O decreto era pequeno demais pra
nós. Esperei 26 anos para comandar uma Unidade Operacional, mas cheguei lá. Valeu a pena
todo o esforço, esperaria muito mais”, declarou, observando que até no policiamento
ostensivo e nas patrulhas especializadas a presença feminina já é uma realidade.

Falaram também na sessão a major Maria Aparecida Freire, da Companhia de Policiamento


Ambiental (Pituaçu); a major Patrícia da Silva, comandante da 11ª Companhia Independente
(Barra); a major Roseli de Santana Ramos, do Comando de Policiamento Regional da Capital
(Central) e a major Eva Barbosa, do Comando Regional da Capital (Baía de Todos-os-
Santos).

Presente, também, o pastor Nivaldo Souza e o Hino Nacional foi executado pelo flautista da
Banda de Música da PM, Soldado Eduardo Santos.
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LEI Nº 9.251/20173

Institui o dia 12 de outubro como o "Dia Municipal


da Policial Militar Feminina", e dá outras providências.

O PREFEITO MUNICIPAL DO SALVADOR, CAPITAL DO ESTADO


DA BAHIA, Faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica instituído, no Calendário Oficial de Eventos do


Município de Salvador, o dia 12 de outubro como o "Dia Municipal
da Policial Feminina", a ser comemorado anualmente nesta data.

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Gabinete do Prefeito Municipal do Salvador, em 25 de julho de 2017.

ANTONIO CARLOS PEIXOTO DE MAGALHÃES NETO


Prefeito

7.2 AS MULHERES NA PMBA: NOSSAS HISTÓRIA E ESTÓRIA!

A presença feminina nas organizações policiais militares no Brasil deu-se


desde 1955, quando na Polícia Militar do Estado de São Paulo treze mulheres
tornaram-se efetivas integrando seu primeiro corpo de Oficialas. Entretanto, no
Estado da Bahia, a trajetória da Policial Militar constitui-se em fato mais recente haja
vista datar de 1990 o ingresso do pioneiro grupo de mulheres na corporação policial
militar baiana. Tal constatação reforça-se pelo fator tempo de existência dessa
Instituição: 188 anos dos quais 165 se configuraram como um ambiente
exclusivamente masculino.
E elas ingressam na PMBA!
A inserção da mulher nas fileiras da Polícia Militar da Bahia só teve início a
partir de 12 de outubro de 1989, quando o Decreto Governamental de número 2.905
criou a Companhia de Polícia Militar Feminina, com a missão de executar o
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Data de Inserção no Sistema LeisMunicipais: 20/09/2017. Disponível em https://leismunicipais.com.br/a2/ba/
s/salvador/lei-ordinaria/2017/926/9251/lei-ordinaria-n-9251-2017-institui-o-dia-12-de-outubro-como-o-dia-
municipal-da-policial-militar-feminina-e-da-outras-providencias?q=policial
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policiamento ostensivo geral e de trânsito, bem como atividades auxiliares na região


metropolitana de Salvador, podendo eventualmente atuar em todo o território do
Estado da Bahia.
Sobre a data acima descrita paira o registro de direito do ingresso dessas mulheres na
PMBA. De fato, presencialmente, é em abril de 1990 que adentram na Vila da Polícia Militar
da Bahia, após o primeiro recrutamento, mediante concurso público, 27 Sargentos e 78
Soldados, as quais compõem a primeira tropa policial militar feminina da Bahia,
inicialmente, desempenhando suas atividades em postos especiais, instalados no aeroporto,
estação de transbordo rodoviário e ferroviário, hospitais públicos e juizado de menores.
Hoje, embora a Polícia Militar da Bahia, a exemplo de suas congêneres, seja analisada
como um espaço organizacional de interação social, pode ser considerada uma espécie de
gueto masculino no qual se admitiu o ingresso de mulheres há pouco tempo. Na PMBA a
mulher desempenha suas atividades na área administrativa, como também na operacional.
No que tange à trajetória da mulher no cenário da Segurança Pública Baiana, de
modo geral, o clamor da sociedade pela presença feminina na composição desse
Sistema foi inicialmente atendido quando em 19554 incorporou-se a mulher na
Guarda Civil Municipal, a qual, ao ser desativada, teve seu segmento feminino
integrado à Polícia Civil (Decreto nº 16.639, de 07/11/1956, assinado pelo Professor
Lafayete Coutinho). (CARVALHO NETO, 2002)
Já em relação ao específico espaço militar no Estado da Bahia, ainda havia uma
lacuna quanto à presença feminina, potencializada por situação diversa na maioria
das Unidades Federativas do Brasil que já contavam com mulheres nas suas Polícias
Militares.
Como a maior metrópole brasileira, o Estado de São Paulo pioneiramente
incorpora seu contingente feminino de Praças em 1955, e em 1972 entrega à
sociedade paulistana seu primeiro corpo de Oficialas. Outros Estados,
paulatinamente, seguem essa vertente de inclusão, sendo a Bahia um dos últimos
espaços a alcançar tal propósito, quando em 30 de abril de 1990 proporciona o
ingresso da Mulher nas suas fileiras.

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PMBA/APM (Jornal O Aspirante. 3ª. Edição. 2006)
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É assim que o decreto estadual de nº 2.905 de 19 de outubro de 1989, assinado


pelo Governador Nilo Coelho e na gestão do então Comandante Geral Cel PM José
Luiz Ventura Mesquita, cria na estrutura da Polícia Militar da Bahia a Companhia de
Polícia Feminina.
Como uma ação incipiente naquela esfera administrativa estadual no tocante ao
ineditismo da ação, percebem-se nas disposições regulamentares, seguidas ao citado
decreto de criação da Cia PM Fem, algumas diretrizes que ao longo dos anos foram
se ajustando ao emprego da mulher na PMBA.
Cita-se, pois, nessas regulamentações, o exemplo do emprego feminino
inicialmente previsto essencialmente na atividade-meio, enfatizando a atuação das
mulheres nas atividades assistenciais (atendimento aos idosos, às mulheres e às
crianças), no policiamento ostensivo de trânsito e as excluindo da atividade de
Bombeiro Militar, por ser considerada como “de alto risco”, tudo formalizado através
da Diretriz EMPM 001/93 ( publicada em Boletim Geral Ostensivo Nº 238 da PMBA),
a qual também cita a criação do Quadro Especial Feminino Policial Militar (QEFPM)
– em consonância com o Edital do respectivo concurso de admissão - mais tarde
tornada insubsistente em 1996, ao esclarecer em nova publicação que as integrantes
do Curso de Formação de Oficiais Policiais Militares (CFOPM) integrarão o Quadro
de Oficiais Policiais Militares (QOPM) conforme se vê no quadro “anexo A”, no final
deste texto, sobre alguns dados dessa trajetória.
Foi, por certo, um rito de passagem o processo que se desencadeou a partir
daquele ano, quando a PMBA transcende e adquire um novo status ao acreditar no
potencial do segmento feminino. A Instituição investe no encontro das diferenças por
perceber a diversidade como fonte de saber, engrandecimento e enriquecimento.
Contudo também demonstra o despreparo e falta de planejamento da PMBA
para lidar com o ingresso das mulheres nos seus Quadros, diante dos detalhes
citados no parágrafo anterior, em suas deliberações incipientes quanto ao assunto,
retificações posteriores e restrições da atuação das mulheres, fato que só é repensado
com precisão ao longo dos anos de trabalho do efetivo feminino na Instituição.
No ano de 1992, ocorreu no Rio Grande do Sul, o 1° encontro nacional de
policiais femininas do Brasil, e o Coronel PM Paraiso, comandante geral da época,
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designou para representar as policiais femininas da Bahia, as 3 primeiras colocadas


da primeira turma de policiais femininas da PMBA: as sargentos PM Cássia
Aparecida, Claudia Mara e Portela.
As duas primeiras hoje alcançaram o posto de Major, enquanto a sargento
Portela hoje é funcionária do DPT. A Major Cássia Aparecida Queiroz Fonseca,
integrante da primeira turma de sargentos femininas da PMBA (1990), e de oficiais
(1992/1995), foi a primeira mulher a alcançar o oficialato superior na PMBA.
Atualmente existem 37 mulheres que alcançaram o oficialato superior: 36 Majores e
uma Tenente Coronela promovida em 2019.

FATO DOCUMENTO OU DETALHAMENTO


DATA DE REFERÊNCIA
Criação da Cia PM Fem Decreto nº 2.905 de
19Out89 (publicado em -----
LJNG nº 26 de 20Out89)
27 Al Sgt PM. Após uma semana, inicia-se
Ingresso do primeiro 30Abr90 o primeiro curso de Soldadas PM. As
contingente feminino integrantes dos dois cursos formam-se na
mesma data, em dezembro de 1990.
A turma Irmã Dulce tem sua composição
Ingresso para o Oficialato 08Mar92 mista, com 10 mulheres (05 oriundas da
tropa). Em outubro de 1995 formam-se as
primeiras Aspirantes PM.
Designação de Comissão Nota EMPM 089Out92 Comissão composta pelos: Ten Cel PM
para estudo do emprego (BGO nº 184 de 02Out92); Antonio Carlos Sampaio Amorim, Maj
da Policial Militar. Nota EMPM 047Mai93 PM Dásio Lins de Queiroz Filho, Maj PM
(BGO nº 083 de 11Mar93) Cristóvam da Silva Pinheiro e Cap PM
Silvio Luis Anjos de Melo.
Estruturação e Emprego Diretriz EMPM 001/93 Propõe Quadro Específico e restringe o
do segmento feminino na (BGO nº 238 de 29Dez93) emprego do efetivo feminino.
PMBA
Esclarecimento sobre o BGO nº 009 de 15Jan96 Torna insubsistente a Diretriz EMPM
segmento feminino na 001/93, estabelecendo o Quadro e
PMBA Qualificação únicos.
Normas de Apresentação LGN nº035 de 06Set95,
Pessoal do Segmento alicerçada nas Normas ----
Feminino Gerais de Ação da Cia PM
Fem.
Extinção da Cia PM Fem Decreto nº 5.570 de _____
11Jul96.
EFETIVO INICIAL ---- 27 Sargentas PM e 78 Soldadas PM
EFETIVO ATUAL ----- 277 Oficialas e 4.048 Praças (Efetivo total
da Mulheres na PMBA: 4.325)5

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Efetivo Total da Corporação (homens e mulheres): 31.077 Policiais Militares. Fonte: Polícia Militar da
Bahia/Departamento de Pessoal em 2013.
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7.3 IMPORTÂNCIA DO CENTRO MARIA FELIPA NA PMBA

A inserção da policial feminina na PMBA favoreceu a criação de Centro Maria


Felipa em 2005, centro de referência de atendimento a mulher na PMBA, e que leva o
nome de uma das mulheres que contribuíram para o processo de independência da
Bahia, este centro que é de suma importância para a Corporação, luta pela garantia
dos direitos das mulheres no âmbito da PMBA, respeitando as peculiaridades do
gênero sem afetar a qualidade do serviço.
A curiosidade é que esse centro foi idealizado a partir de uma comissão
formada pelas capitãs Denice (atual Major) e Claudia Mara, que no ano de 2005,
representaram a PMBA no aniversário de 55 anos do ingresso feminino na Polícia
Militar do Estado de São Paulo.
Esse centro tem como objetivo principal assessorar o Comando Geral nas
decisões referentes ao gênero feminino, buscando ampliação de direitos e
estimulando campanhas de prevenção à melhorias na qualidade de vida das policiais
femininas.
Como exemplo da importância do Centro Maria Felipa na PMBA a alguns anos
este buscou defender a necessidade da licença maternidade de seis meses para
policiais femininas, política pública que foi aprovada pelo Legislativo e pelo
Executivo e, posteriormente, sob o princípio da isonomia foi entendido a outras
servidoras públicas não-militares do Estado da Bahia, demonstrando entre tantas
outras ações a importância deste centro na Corporação.

8. DENOMINAÇÕES DA PMBA

1. Criação:

Corpo de Polícia

2. Guerra do Paraguai:

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