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1. Introdução
As palavras de M. Certeau referem-se às regras e aos
costumes, os quais são inscritos nos corpos, sendo
naturalizados pela sociedade. Não são percebidos como
construções sociais, discursos inscritos em corpos, mas estão
ali como se sempre existissem. Sendo assim para ser
reconhecido dentro do grupo é preciso incorporar o seu
discurso. “O sofrimento de ser escrito pela lei do grupo vem
estranhamente acompanhado por um prazer, o de ser
reconhecido (...)2 .” O ser policial masculino e o ser policial
feminino são discursos inscritos em corpos, cujo sentido
pertence ao contexto social em que foram praticados, no caso
deste artigo a Polícia Militar do Paraná, no Brasil do final dos
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CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações.
Lisboa, Portugal: DIFEL, 1990, p. 17-18.Ver também: CHARTIER, Roger.
O mundo como representação. In: Estudos Avançados, 11(5), 1991.
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Com relação à mulher e ao casamento na sociedade brasileira do final
do século XX, ver: JENI, Vaitsman. Gênero, identidade, casamento e
família na sociedade contemporânea. In: MURARO, Rose M., PUPPIN,
Andréa B. (org.). Mulher, gênero e sociedade. Rio de Janeiro: Relume
Dumará: FAPERJ, 2001, p. 13-20.
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A instituição Polícia Militar do Paraná, surge em 10 de agosto de
1854, com a criação da Companhia de Força Policial, “(...) com um
comandante, dois oficiais, 12 inferiores e 52 praças (...)”. Em 1865,
iniciou-se a Guerra contra o Paraguai, em um primeiro momento
participam da guerra 69 homens da polícia. Após a Proclamação da
República, em 1889, foi elevado o número de praças do corpo de
polícia da província do Paraná, passando a ser denominado, em 1892,
de Regimento de Segurança, o qual participou da Revolução Federalista,
de novembro de 1893 até fevereiro de 1894. DAVID, Carneiro. O Paraná
na História Militar do Brasil. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995, p.
253. DAVID, Carneiro. Paraná e a Revolução Federalista. 2 ed. Curitiba:
Secretaria da Cultura e do Esporte; Indústria Gráfica Gonçalves, 1982.
6
JORNAL DA MANHÃ. Francisca Maluf inalgurou curso da PM
feminina, ontem. Jornal da Manhã, Ponta Grossa, 30 de novembro de
1983.
7
JORNAL DA MANHÃ. PM formou ontem suas policiais femininas.
Jornal da Manhã, Ponta Grossa, 09 de junho de 1984. DIÁRIO DOS
CAMPOS. Policias femininas tiveram formatura. Diário dos Campos, Ponta
Grossa, 09 de junho de 1984.
8
POLICIA MILITAR DO ESTADO DO PARANA. Boletim Geral n.4, 05
de jan. 84. Curitiba, Pr.
9
CURITIBA. Finalidade e emprego da organização de polícia feminina.
Diretriz no. 076/79, PMPR, Curitiba, Pr, 27 de novembro de 1979, fl., 2.
10
CURITIBA. Finalidade e emprego..., fl., 03.
11
CURITIBA. Finalidade e emprego..., fl., 04.
17
CURITIBA. Finalidade e emprego..., fl., 08.
18
CURITIBA. Finalidade e emprego..., fl., 09.
19
CURITIBA. Finalidade e emprego..., fl., 11.
20
JORNAL DA MANHÃ. Policiais femininas vieram coordenar curso de
formação. Jornal da Manhã, Ponta Grossa, 19 de outubro de 1983.
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Guaracy Paraná Vieira nasceu em 04 de agosto de 1918, faleceu em
18 de junho de 1991. Veio à Ponta Grossa para trabalhar na Prefeitura,
onde desempenhou várias funções, entre as quais Chefe da Seção
Mecanizada, Diretor do Gabinete, da Biblioteca Pública e do
Departamento de Educação e Cultura. Em 1949, começou a trabalhar
na Radio Clube Pontagrossense, tarefa que passou a conciliar com seu
trabalho na Prefeitura. Em 1952, foi ao ar os Perfis da Cidade. Todos os
dias, por volta das 12 horas, Barros Junior lia uma crônica de Vieira
Filho. Ainda nos primeiros anos da década de 50 as crônicas
transmitidas pela emissora passaram a ser publicadas no Jornal Diário
dos Campos, e só deixaram de ser publicados na década de 80. Nos
anos de 1958 e 1959, trabalhou como redator deste jornal. Em 1963 e
1964 ,foi secretário de redação, assim como manteve a coluna “Um
homem dentro da vida” e “O assunto é Diário”. “(...). Por mais de trinta
anos consecutivos, os Perfis da Cidade, de Vieira Filho, iluminaram os
mais diversos aspectos da vida pontagrossense.(...).” [ negrito do autor].
ZAN, Sérgio Monteiro. Introdução. In: Vieira, Márcia Zan (seleção,
organização e revisão). Perfis da cidade: crônicas de Vieira Filho. Ponta
Grossa, Paraná: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 1993, p. 05-
06.
22
VIEIRA, Filho. Perfis da Cidade. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 19
de outubro, 1983.
23
VIEIRA, Filho. Perfis da Cidade. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 19
de outubro, 1983.
24
VIEIRA, Filho. Perfis da Cidade. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 19
de janeiro de 1984.
26
VIEIRA, Filho. Perfis da Cidade. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 10
de maio de 1984.
27
VIEIRA, Filho. Perfis da Cidade. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 10
de maio de 1984.
4. Considerações Finais:
O texto apresenta olhares sobre a polícia militar feminina
no Paraná: um é o discurso da legislação que deveria ser inscrita
nos corpos das mulheres a fim de torná-las policiais militares; o
outro, dos jornais locais, destacando o olhar de um cronista que
observou a presença da polícia feminina nas ruas da cidade.
Olhares masculinos sobre a presença da mulher em um espaço
de domínio masculino.
O texto redigido por homens policiais que definiu como
deveria e onde deveria atuar a polícia feminina, apresenta indícios
de uma dificuldade de pensar a presença da mulher em um espaço
masculino. O discurso da instituição forjou uma representação
da policial feminina que está relacionada à maternidade. A função
das policiais deveria ser a proteção de crianças e velhos.
No discurso de Vieira Filho, a representação da mulher
policial está relacionada à delicadeza, à gentileza, e à simpatia
feminina. A violência e a expressão carrancuda pertencem aos
policiais masculinos.
Os dois discursos: o jornalístico e o institucional,
apresentam elementos comuns quanto à representação do
feminino. A violência e a arma de fogo não pertencem ao feminino,
pois são características masculinas. Todavia as características
identificadoras das representações sociais do masculino e do
feminino são construções sociais, que são naturalizadas nas
relações sociais e nos discursos das normas e das leis.
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RAGO, Margareth. Descobrindo historicamente o gênero. In: Cadernos
Pagu: Trajetórias do gênero, masculinidades ... Campinas, SP -
UNICAMP, (11) 1998, p.98.
Referências
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RJ: Vozes, 1994.
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Pagu: Trajetórias do gênero , masculinidades ... Campinas, SP -
UNICAMP, (11) 1998, p.89-98.
ZAN, Sérgio Monteiro. Introdução. In: Vieira, Márcia Zan (seleção,
organização e revisão). Perfis da cidade: crônicas de Vieira Filho. Ponta
Grossa, Paraná: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 1993.
Fontes
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Diretriz no. 076/79, PMPR, Curitiba, Pr, 27 de novembro de 1979.
PMPR. Termo de encerramento do CFSd PM/ Fem. Boletim Geral, no.
111, 12 de jun. 1984, p. 2-3.
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DIÁRIO DOS CAMPOS. BPM forma 1a. turma feminina. Diário dos Campos,
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DIÁRIO DOS CAMPOS. Polícia instrui a comunidade para impedir frutos
e roubos. Diário dos Campos, Ponta Grossa, 15 de janeiro de 1984.
DIÁRIO DOS CAMPOS. Policiais femininas tiveram formatura. Diário
dos Campos, Ponta Grossa, 09 de junho de 1984.
JORNAL DA MANHÃ. 1 o . BPM lançou campanha de combate à