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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO MARANHÃO – UNICEUMA

COORDENADORIA GERAL DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


CURSO DE ENFERMAGEM

CLEIDIONÉIA PERREIRA DA SILVA


ELIZONEIDE LOPES VIEIRA DE PINHO
SÔNIA MARIA GOMES COSTA

MULHER OSTOMIZADA: ainda posso levar uma vida normal?

São Luís
2006
CLEIDIONÉIA PERREIRA DA SILVA
ELIZONEIDE LOPES VIEIRA DE PINHO
SÔNIA MARIA GOMES COSTA

MULHER OSTOMIZADA: ainda posso levar uma vida normal?

Monografia apresentada ao Curso de


Enfermagem do Centro Universitário do
Maranhão – UniCEUMA, para obtenção do
grau Bacharel em Enfermagem.

São Luís
2006
CLEIDIONÉIA PERREIRA DA SILVA
ELIZONEIDE LOPES VIEIRA DE PINHO
SÔNIA MARIA GOMES COSTA

MULHER OSTOMIZADA: ainda posso levar uma vida normal?

Monografia apresentada ao Curso de


Enfermagem do Centro Universitário do
Maranhão – UniCEUMA, para obtenção
do grau Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof. Aiza Leal de Almeida (orientadora)
Especialista em
Centro Universitário do Maranhão - UniCEUMA

_________________________________________
Examinador 1
Centro Universitário do Maranhão - UniCEUMA

_________________________________________
Examinador 2
Centro Universitário do Maranhão - UniCEUMA
A Deus, fonte de luz.
Aos nossos pais e amigos pelo apoio
e incentivo.
AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que contribuíram para elaboração desta monografia.


Agradecemos, em primeiro lugar, a professora e orientadora Aiza Leal de
Almeida pelo apoio e dedicação, sem os quais seria impossível a elaboração desta
monografia.
Aos nossos pais pelo apoio, incentivo e companheirismo sem os quais
não chegaríamos ao término deste curso.
Agradecemos a todos os colaboradores da Associação de Ostomizados
do Maranhão, pela paciência e dedicação em nos passar as informações
necessárias para efetivação deste trabalho.
“Cada dia é uma grande vitória. O
tempo só vale enquanto vivido,
jamais enquanto contado no
calendário, porque a vida pertence
àqueles que a querem, que a
respeitam e que a desfrutam”.

Alcides Barata Filho


RESUMO

Trata-se de um estudo qualitativo que objetiva identificar as alterações causadas por


uma ostomia no viver de suas portadoras, visando avaliar a qualidade de vida da
mulher ostomizada. Foram realizadas entrevistas com 16 ostomizadas no período de
fevereiro a março de 2006 na Associação de Ostomizados do Maranhão. A
resolução 196/96 foi seguida. Os dados foram analisados pela técnica de análise de
conteúdo. Verificamos que essas mulheres tem sua perspectiva de vida alterada,
precisam adaptar-se ao uso de equipamentos, sentem medo da nova situação, tem
sua imagem corporal desfeita, sua auto estima diminuída e sua sexualidade
comprometida, perdem o controle sobre o corpo e sentem-se estigmatizadas.
Algumas mulheres afastam-se do seu convívio social, enquanto outras se fazem
mais presentes como forma de apoio. Esse estudo mostra de forma clara que são
complexas as alterações causadas pela ostomização e que a compreensão destas
pelos profissionais de saúde e familiares tornam-se importantes no sentido de
proporcionar uma melhor reabilitação psico-emocional.

Palavras-chave: Mulher. Ostomia. Qualidade de vida.


ABSTRACT

About a qualitative study that objective to identify the alterations caused for a ostomia
in the life of its carriers, aiming at to evaluate the quality of life of the ostomizada
woman. Interviews with 16 ostomizadas in the period of February had been carried
through the March of 2006 in the Association of Ostomizados of the Maranhão.
Resolution 196/96 was followed. The data had been analyzed by the technique of
content analysis. We verify that these women have its perspective of modified life,
they need to adapt it the equipment use, feel fear of the new situation, has its
corporal image insult, its auto one esteem diminished and its compromised sexuality,
loses the control on the body and is felt estigmatizadas. Some women move away
themselves from its social conviviality, while others become more gifts as support
form. This study sample of clear form that the alterations caused for the ostomização
are complex and that the understanding of these for the familiar professionals of
health and becomes important in the direction to provide one better psy-emotional
whitewashing.

Keywords: Woman. Ostomia. Quality of life.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 9
2 OBJETIVOS ..................................................................................................20
2.1 Geral..............................................................................................................20
2.2 Específicos...................................................................................................20
3 METODOLOGIA ...........................................................................................21
3.1 Tipos de Estudo...........................................................................................21
3.2 Local de Estudo...........................................................................................21
3.3 População e amostra...................................................................................21
3.4 Instrumento de pesquisa.............................................................................21
3.5 Coleta de dados...........................................................................................
3.6 Análise de dados..........................................................................................21
4 RESULTADOS E DISCURSSÕES................................................................22
5 CONCLUSÃO ...............................................................................................27
REFERÊNCIAS..............................................................................................28
ANEXOS........................................................................................................
1 INTRODUÇÃO

A construção de um ostoma ocorre na vida do paciente em meio a uma


situação de grave crise, na qual a vida e a morte estão nitidamente presentes. Os
pacientes, muitas vezes, se deparam com o ostoma em curto espaço de tempo,
entre o diagnóstico e a cirurgia (CEREZETTI, 1986).
As ostomias se classificam de acordo com o local que foi realizada a
confecção.
A Colostomia é uma derivação do intestino grosso através da parede
abdominal para desviar o transito intestinal. Já a ileostomia é uma abertura cirúrgica
do íleo, através da parede abdominal, para eliminações do conteúdo intestinal.
Temos também como ostomas as urostomias que são o desvio do transito urinário
que pode ser por cistostomias e nefrostomias (SILVA, 1997).
As indicações das ostomias são diversas. Segundo Archer (2005), as
ostomias são indicadas nos casos de câncer de cólon e reto, doença de Crohn,
retocolite ulcerativa inespecifica, polipose múltipla, deiscência de anastomoses
coloretais, síndrome de Fournier, traumas abdominais por armas de fogo e brancas,
além dos traumas automobilísticos, podendo ainda haver outras indicações para sua
construção.
Os ostomas intestinais podem ser definitivos ou temporários, dependendo
da afecção, da terapêutica indicada e do trauma sofrido.
Para Boundy (2004), a colostomia permanente é decorrente do fato de
não haver possibilidade da continuidade do intestino grosso. Isso ocorre em
pacientes portadores de determinadas patologias, tais como: doença de Crohn com
comprometimento do reto, nas retocolites ulcerativas inespecíficas e nos cânceres
de reto, em que o reto e o ânus são amputados.
Observa-se hoje que tem diminuído de forma significativa a confecção de
ostomias definitivas e isso se deve ao fato da existência de novas tecnologias, as
quais permitem ao cirurgião realizar anastomoses mais baixas, evitando, portanto a
criação do ostoma definitivo (GUIMARAES; APRILLI, 1997).
As cirurgias em geral são geradoras de estresse.
Para Brunner; Suddarth (1998), relatam que  qualquer cirurgia seja ela
eletiva ou não, é um evento estressante e complexo. Existe todo um medo, da
anestesia ao procedimento cirúrgico. Qualquer procedimento deste tipo provoca uma
reação emocional no paciente que pode ser óbvia ou oculta, normal ou anormal.
A cirurgia que leva à confecção de uma ostomia produz mudanças na
imagem corporal da pessoa, o que irá influenciar vários aspectos de sua vida.
O estado emocional do paciente, antes e logo após a cirurgia, pode
mostrar importantes níveis de ansiedade, agressividade, regressão, depressão e
receio de incapacidade para o trabalho, para atividades sociais e sexuais, além do
medo da morte, que lhe parece iminente (BRUNNER, 2003).
É importante ressaltar que de nada vale a confecção de uma ostomia se
não houver uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Para Cerezetti (1986), a situação de estresse causada pela cirurgia de
ostomia pode ameaçar a segurança e a sensação de controle, a integridade e a
autonomia do paciente. Afirma ainda que uma das principais fontes de estresse está
relacionada à falta de clareza das informações que são dadas pela equipe que
atende o paciente ostomizado.
          É importante salientar que os pacientes ostomizados geralmente
apresentam grande dificuldade diante da sua nova situação e da mudança de sua
imagem física. São vários seus medos e receios, que vão desde a rejeição da
família e amigos frente a essa situação, o não saber lidar com a ostomia, a
reintegração social e a perda do emprego (RODRIGUES, 1989).
De acordo com Santos; Cezareti (1997), isso ocorre pelo fato de
que, desde pequenos, aprendemos a controlar nossos esfíncteres (anal e urinário),
tendo privacidade na realização das necessidades fisiológicas e, a partir da cirurgia,
passa-se a evacuar numa bolsa coletora, que para muitos representa uma situação
de constrangimento e ameaça à sua integridade, gerando desequilíbrio emocional,
que interfere na aceitação de sua nova condição de vida.
            Tanto os pacientes que são submetidos a uma ostomia definitiva
como à temporária, expressam os mesmos medos e preocupações; frente a essa
situação, torna-se necessário que os membros da equipe de saúde e da família
estejam informados sobre suas condições, para que assim possam lhes dar apoio e
segurança (FLOREZ, 1982)
            SILVA; TEIXEIRA (1997), relatam que o conhecimento de ser
portador de um câncer é um impacto grande, mas a depressão é identificada na
instalação de uma ostomia. Podemos observar por meio de pesquisas que o sexo
dos pacientes também é fator de influência, pois as mulheres no período pré-
operatório demonstram alto grau de depressão, desespero e medo, embora o tempo
de adaptação tenda a ser menor que o dos homens. Citam ainda que os homens
com problemas de impotência demoram ainda mais para se restabelecer.
                       SILVA; TEIXEIRA (1997, p. 198), citam:
"Onde as reações familiares são baseadas em afeição mútua, elas proporcionam
apoio emocional importante para a resolução da depressão e restauração da função.

Onde as relações são caracterizadas por hostilidade e tensão, a experiência da

colostomia acentua esses problemas”.

Na família, a relação conjugal e sexual surge de imediato para o ostomizado.

Existe grande expectativa na forma de reação e aceitação da (o) companheira (o) e

de como serão suas vidas. A sexualidade provou ser um dos aspectos mais

afetados pós-cirurgia, alterando a vida sexual. Ocorrem sentimentos de vergonha,

sujeira e repugnância, que são os mais encontrados (CREMA; SILVA 1997).

Desta forma, segundo CIANCIARULLO (1996), conhecer a comunicação

como processo, colabora com a qualidade dos relacionamentos que deverão ser

estabelecidos nas relações de trabalho, na assistência ao paciente e família. Além

de ser fundamental para a comunicação do enfermeiro com o paciente e família,

deve-se também considerar seus valores e crenças, além de se estabelecer com ele

um relacionamento empático.

Os problemas enfrentados por um indivíduo hospitalizado e sua família

aparecem nitidamente no decorrer da internação, comprovando que a comunicação

com a equipe de enfermagem é de grande importância, pois é com o contato diário e

constante que ela se depara com os temores e ansiedade, que serão ou tentarão ser

aliviados, por meio de informações claras e coesas (GALVÃO; TEDESCO, 1998).


A orientação da família do ostomizado traz para o paciente ganho, tanto na

qualidade de vida, quanto na auto-estima, pois com a aceitação da família, a

situação para ele torna-se mais fácil. Por isso o aprendizado e as orientações devem

começar no pré-operatório, de forma clara e constante (ZERBETTO, 1981).

A formação universitária fornece orientações básicas sobre atendimento ao

ostomizado.

No entanto para PERREIRA (2001), a equipe de enfermagem tem dificuldade

de atender de forma satisfatória o ostomizado, tratando-o com indiferença, pois o

próprio profissional não sabe lidar com essa situação. A formação do enfermeiro

fundamenta apenas aspectos das necessidades dos pacientes, sendo que o

enfoque da reabilitação só é fornecido na sua alta hospitalar.

A assistência de enfermagem no período pós-operatório envolve o

atendimento das necessidades biopsicossociais do ostomizado, podendo-se afirmar

que a reabilitação está diretamente relacionada ao atendimento dessas

necessidades de maneira precoce, sistematizada e individualizada.

Segundo BOUNDY ( 2004), quando o paciente é admitido em uma unidade

para submeter-se a uma ostomia, o enfermeiro deve iniciar seu plano de ação

voltado à educação já no período pré-operatório, passando todas as orientações

necessárias, tipo de cirurgia, explicar o que vem a ser uma ostomia, o porquê de sua

construção, procurando acolher seus medos e receios, mostrando os equipamentos

a serem utilizados e realizando a demarcação da ostomia.

A demarcação consiste em marcar o local onde será feita a ostomia,

conforme o tipo de cirurgia indicada, tendo em vista alguns parâmetros: o músculo


reto abdominal, área suficiente para a fixação dos adesivos, fácil visualização, estar

fora de proeminências ósseas, próteses e aparelhos, presença de dobras e pregas

do abdome (SANTOS, 1993).

Na demarcação o enfermeiro deve interagir com o paciente, transmitindo-lhe

as informações já citadas, de forma clara e sucinta, pois é sabido que ele não

absorve todas as informações, devido à situação de estresse em que se encontra, e

tudo isso deve contar com a participação do paciente.

A demarcação é uma fase importante na sistematização de enfermagem no

período pré-operatório para o paciente ostomizado, estando ligada diretamente ao

sucesso do processo de reabilitação, particularmente nas cirurgias eletivas. Uma

demarcação bem feita traz ao paciente muitos benefícios, entre eles melhores

adaptação da bolsa e menor risco de acidentes (SANTOS, 1993).

BRUNNER (2003), refere também que além da demarcação, no período  pré-

operatório, o enfermeiro deve preparar o paciente em vários níveis de atuação:

psico-emocional, preparo físico, de sensibilidade ao dispositivo e preparo intestinal

ou do cólon.

Por isso é muito importante que no serviço haja uma equipe multiprofissional,

para que o paciente possa ser atendido de forma holística. Essa equipe deve ser

formada por enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e

assistentes sociais.

As informações fornecidas ao paciente pela equipe de saúde devem traduzir a

mesma mensagem. Este fato é fundamental para que a credibilidade e a confiança

do indivíduo sejam asseguradas. As orientações devem ser graduais e progressivas.


Tal assistência visa diminuir a ansiedade do paciente frente à cirurgia, buscando

sempre atender as suas necessidades, expectativas e dúvidas e não as rotinas pré-

operatórias, que satisfaçam as necessidades dos profissionais (FOULKES, 1989).

Observamos que, quando o paciente recebe orientações no período pré-

operatório, sente-se mais seguro, e no pós-operatório encontramos melhor

aceitação do mesmo, uma vez que já há uma boa interação entre paciente-

enfermeiro.

Já para CEZARETTI (1997), além da manutenção hemodinâmica e

restauração das funções corporais afetadas pela doença e cirurgia, o cuidado de

enfermagem em estomoterapia nesta fase, tem como objetivo:

 Ajudar o paciente a desenvolver o autocuidado;

 Treinar um indivíduo da família para esse cuidado;

 Oferecer suporte emocional;

 Prevenir e detectar complicações com o ostoma e pele periestoma;

 Coordenar esforços para efetivação do processo de reabilitação voltada para

a recuperação física, psicológica e reintegração social.

Para BRUNNER (2003), o enfermeiro, ao prestar assistência no período pós-

operatório, deve sistematizá-la de forma a fornecer informações não só sobre o

autocuidado, mas também com relação à alta hospitalar, ocasião em que ele deve

informar sobre:
 Hábitos alimentares (dieta);

 Retorno as atividades da vida diária;

 Onde conseguir o material para troca das bolsas;

 Ensinar a reconhecer as complicações;

 Orientar sobre o retorno ambulatorial;

 Além do auto-cuidado, que já deve ter sido iniciado no período pré-operatório;

Nessa fase, a instrução da família é fundamental, devendo ela receber as

mesmas orientações fornecidas ao paciente ostomizado, a fim de desenvolver

interação deste binômio, possibilitando assim que aqueles pacientes que não

aceitam as orientações recebam apoio e cuidado adequados (BRUNNER, 2003).

Para completa reabilitação do ostomizado, é necessário que a enfermagem

seja habilitada para esse cuidado.

Torna-se importante já na graduação conteúdos específicos sobre o drama

vivenciado pelo ostomizado. Fazendo-se necessário boas condições de qualificação

para profissionais atuarem de forma eficaz na assistência pré, trans e pós ostomia.

Estudos deste tipo também colaboram para aperfeiçoamento da assistência

ao ostomizado, e desenvolvimento de uma nova visão por parte dos profissionais

sobre o assunto.
2 OBJETIVOS

2.1 Geral:

Avaliar a qualidade de vida da mulher ostomizada (colostomizada, ileostomizada e

urostomizada)

2.2 Específicos:

Traçar um perfil sócio-economico;

Avaliar sua aceitação quanto sua vaidade, sexualidade e maternidade.

3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo:

O estudo utilizado foi do tipo descritivo e prospectivo que permitiu quantificar

algumas variáveis e avaliar de forma qualitativa os aspectos sobre a qualidade de

vida da mulher ostomizada.

A pesquisa qualitativa é importante na construção do conhecimento, permite o

início de uma teoria ou a sua reformulação e reafirma situações já consolidadas,

sem que seja necessária a comprovação formal quantitativa, sendo flexível e dando

espaço fundamental para a compreensão da realidade, além da teoria, onde o

próprio sujeito é o autor (MINAYO, 1992).

3.2 Local da pesquisa:

A pesquisa foi realizada na Associação de Ostomizados do Maranhão

(AOMA), que tem sede no hospital PAM Diamante localizado na rua João Luis s/n

PAM Diamante nesta cidade.

A AOMA foi fundada em 01/10/1991 e regulamentada de acordo com a lei

estadual 249/91, lei municipal 46/92, com sede provisória. Funciona em caráter

filantrópico e é mantida com o auxílio dos associados e dos governos federal e

estadual, que fazem a distribuição de bolsas para ostomias. Possui uma equipe

multidisciplinar que atua em parceria com o Hospital Universitário Presidente Dutra,

que dá suporte de estomoterapia com profissionais qualificados.


3.3 População e amostra

Todas as pacientes colostomizadas, ileostomizadas e urostomizadas da Associação

de Ostomizados do Maranhão. A amostra constitui-se de todas as mulheres

ostomizadas que se encontravam presentes no período de coleta de dados.

Em um estudo qualitativo, o número da amostra não é determinado previamente.

Durante a pesquisa, a repetição das respostas aponta o número ideal. Neste

estudo, o número de 16 foi considerado suficiente, porque já demonstrava tendência

a repetição dos relatos.

3.4 Instrumento de pesquisa

Para a realização dessa pesquisa, foi utilizada uma entrevista semi-estruturada

(apêndice B), a qual foi elaborada e aplicada no campo exclusivamente para este

trabalho.

As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um gravador, para que depois as

falas fossem transcritas para análise de dados.

3.5 Coleta de dados

Os dados foram coletados nos meses de fevereiro e março de 2006. O acesso

ao campo da pesquisa foi facilitado sem nenhuma dificuldade.


As mulheres ostomizadas foram previamente informadas sobre o tema a ser

trabalhado, onde foi repassado a elas o termo de esclarecimento e consentimento

(anexo A), que é obrigatório para pesquisas cientificas em seres humanos, onde

todas elas assinaram consentimento com a realização da entrevista e transcrição

das falas. Neste termo foi assegurado o anonimato e que elas teriam a liberdade de

retirar seu consentimento a qualquer momento, e, então ausentar-se da pesquisa.

Não houve seleção das mulheres para realização das entrevistas e nem

resistência em respondê-las.

As perguntas eram feitas verbalmente, a partir do roteiro onde as mulheres eram

incentivadas a responder livremente sobre o tema abordado. O entrevistador apenas

conduzia a conversa de forma discreta, pois a intenção era fazer com que as

entrevistadas se expressassem de forma mais clara sobre as mudanças ocorridas

após sua ostomia.

3.6 Análise dos dados

A análise dos dados baseou-se nas falas dos atores envolvidos na pesquisa, onde

foram desenvolvidos os seguintes passos:

a) transcrição dos depoimentos;

b) leitura vertical, na busca de entendimento do conteúdo de falas;

c) escolha dos temas pertinentes a pesquisa;


d) identificação de pontos em comum entre as diferentes falas, recortando o

texto em fragmentos e agrupando-os em categoria que respondessem aos

objetivos do trabalho;

e) leitura Horizontal (uma nova leitura), analisando as categorias selecionadas,

confrontando-as com o referencial teórico.

Os dados foram separados em aspectos que podemos quantificar e aspectos

qualitativos que foram agrupados em três categorias para análise: sexualidade, vida

profissional e maternidade.

Aspectos estes que julgamos adequados para avaliar a qualidade de vida da

mulher ostomizada.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O resultado, análise e discussão serão apresentados em dois momentos, no

primeiro será realizada uma analise quantitativa dos dados e no segundo analizar-

se-á os dados de forma qualitativa.

4.1 Características das mulheres ostomizadas


Tabela 1 – Distribuição das mulheres ostomizadas de acordo com as características pessoais.

ESTADO CIVIL NÚMERO %

CASADA 6 37.5%
DIVORCIADA 1 6.3%
SEPARADA 1 6.3%
SOLTEIRA 5 31.3%
VIUVA 3 18.8%
A população constitui-se
Total 16 100.0%
na sua maioria (37.5%) por
ESCOLARIDADE NÚMERO %
IDADE NÚMERO %
ANALFABETA 1 6.3
ATE 20 1 6.3 mulheres na faixa etária
FUNDAMENTAL 8 50.0
20-39 4 25.0
MEDIO 7 43.8
40-59 6 37.5 dos 40-59 anos. A maior
Total 16 100.0%
60 E MAIS 5 31.3
parte (37.5%) das
Total 16 100.0

ostomizadas referiu ser casada e quanto a escolaridade 50% cursaram apenas o

ensino fundamental.

Segundo OTTO (2002), a média das mulheres ostomizadas é de 57 anos, isso

segundo ela, deve-se a situação, sócio-econômica desfavorável e posteriormente

um tratamento ineficaz.
SÃO LUÍS
66.67%

INTERIOR
33.33%

Gráfico 1 – Distribuição das mulheres segundo procedência

A maior parte (66.67%) das entrevistadas procedem de São Luis. No entato 33.33%

delas são do interior do estado. Como aponta o gráfico 1.

4.2 Características da cirurgia


COLITE ULCERATIVA
33.33%

TRAUMA
16.67%

CANCER
50%

Gráfico 2 – Distribuição segundo o motivo que deu origem a confecção da ostomia

De acordo com o gráfico 2, que avaliou motivo da confecção da ostomia, 50% das

ostomias foram construídas devido ao câncer, sendo a colite ulcerativa e os traumas

as outras causas encontradas.


ILEOSTOMIA
25%

UROSTOMIA
25%

COLOSTOMIA
50%

Gráfico 3 – Distribuição de acordo com o tipo de ostomia

Ao ser perguntado as entrevistadas qual seu tipo de ostomia a maioria (50%)

afirmaram ser colostomizadas.É o que revela o gráfico 3.

.
TEMPORARIA
33.33%

PERMANENTE
66.67%

Gráfico 4 – Distribuição da classificação do ostoma quanto ao tempo de ostomia

Analisando o gráfico 4, pode-se perceber que segundo ao tempo de da ostomia,

66.67% são ostomizadas permanente.

As colostomias constituem o tipo mais freqüente de estoma e maior parte dos

ostomizados é ostomizado permanente, devido ao diagnóstico tardio e conseqüente

tratamento ineficaz. Em relação a causa que levou a confecção do ostoma, o câncer

configura-se como a patologia predominante (CARVALHEIRA, 1999).

Notou-se através das falas das entrevistadas que as possuem uma ostomia

definitiva, no entanto, compreendem a necessidade de adaptar-se a ela, mas os que

possuem uma ostomia temporária não acreditam ser capazes de conviver com ela e

aguardam com muita ansiedade a oportunidade de seu fechamento.


“[...] mas como ela é definitiva eu vou tentando me adaptar”.(M1)

“[...] ainda bem que não é para sempre, isto logo será revertido. Estou

pressionando o médico para isso”.(M8)

75.0

6.3
Percentual (%)

12.4

0A5 13 A 24 6 A 12 MAIS DE 2
Tempo de ostomia (meses)

Gráfico 5 – Distribuição conforme o tempo em que a mulher já se encontra ostomizada.

Analisando o gráfico 5, percebe-se que a maioria (75%) encontravam-se

ostomizadas há mais de 24 meses.

As perspectivas dos ostomizados após a cirurgia se modificam conforme o período

adaptativo em que eles se encontram. Aqueles que fizeram a ostomia há pouco

tempo parecem apresentar-se não confiantes quanto a sua adaptação. No entanto,

com o passar do tempo, começam a acreditar ser possível, parecem motivados em


conseguir superar as dificuldades advindas da ostomização e se mobilizam em

realizar seu autocuidado (GOMES, 1997).

É importante perceber que como a maioria se encontra ostomizada a mais de dois

anos à adaptação foi notada em muitas falas:

“Após dois anos, acho que levo uma vida normal, pois voltei a fazer tudo que

fazia antes”.(M16)

“Já sou ostomizada a vinte anos e hoje consigo fazer tudo o que fazia antes.

Vivo feliz mesmo nesta situação. Tempo nos faz ver isso”.(M4)

4.3 Qualidade de vida

A qualidade de vida foi analisada utilizando grau de aceitação, apoio psicológico

recebido pelos profissionais de saúde, apoio familiar recebido, apoio recebido pelo

companheiro, o fato de sentir-se ou não amparada, ter ou não filhos, vida

profissional, lazer, sexualidade e autocuidado.


FACIL
16.67% MODERADO
33.33%

DIFICIL
50%

Tabela 5 – Distribuição conforme o grau de aceitação da ostomia.

Quando se indagou sobre seu grau de aceitação constatou-se que 50% das
mulheres relataram uma difícil aceitação.

Percebe-se que, após o choque inicial, de se ver portador de uma ostomia, surgem,
momentos de depressão por vezes prolongados, e que dificultam a própria aceitação
de sua condição:

“Isso não é vida. Eu nunca aceitei e não aceito”.(M2)

“Tenho muita dificuldade. As pessoas não dizem, mas tem preconceito, e se olham
isso aqui, já acham que é uma barreira, tem nojo. É muito difícil”.(M15)

Segundo CEZARETI (1986), quando o paciente é submetido a uma cirurgia de

urgência, as adaptações da ostomia processam-se em meio a reação psicológica,


causada pelo desequilíbrio, gerado pelo diagnóstico e pela necessidade da

construção da ostomia, sendo esta situação dominada pelo medo e insegurança.

Tabela 2 – Distribuição referente ao apoio psicológico recebido dos profissionais de saúde.

APOIO PSICOLOGICO NÚMERO %


NAO 8 50.0%
SIM 8 50.0%
Total 16 100.0%

Pela tabela 2, nota-se que ainda há uma grande deficiência em relação ao apoio

psicológico dado ao paciente. Sendo que apenas 50.% das mulheres receberam

algum tipo de apoio psicológico profissional.

A ostomia geralmente afeta as necessidades básicas do cliente, portanto, faz-se

necessária uma assistência de enfermagem holística, capaz de colaborar na sua

reabilitação e reintegração social. Mas o que se percebe é que ainda há uma

precariedade na formação de profissionais habilitados para este trabalho com o

cliente ostomizado.

Segundo DIAS (1990), dependendo do preparo pré-operatório da assistência pós-

operatória e ambulatorial, esses pacientes podem aceitar melhor sua nova condição,

física e reajustar ao seu estilo de vida anterior. Essa reabilitação é feita a medida

que recebem o apoio e a orientação de profissionais da área da saúde os quais

devem está preparados para assistir suas necessidades biopsico-sócio-espirituais.


PAIS E AMIGOS
NINGUEM 6.25%
6.25% TODOS
MARIDO 31.25%
12.5%

IRMA
6.25%

EX MARIDO
6.25%
FILHA
31.25%

Tabela 7 – Distribuição conforme ter recebido ou não apoio familiar.

O gráfico 7, demonstra que em relação ao apoio familiar, as filhas destacaram-se

como sendo os membros da família que mais as apoiaram (31.25%).

O apoio da família, neste momento de adaptação ao ostoma e a nova vida, é

reconhecido por estas pacientes como fundamental. Verificamos que muitas vezes,

o apoio da família é importante para a aceitação ou não de sua condição de

ostomizada

“No início achei que seria impossível, mas tive o apoio da família”.(M11)

“Com a ajuda da minha família aos poucos fui me adaptando”.(M10)

Para SILVA; TEIXEIRA (1997), a família é o primeiro núcleo de relação do

ostomizado, exercendo profunda influencia nas reações e situações que envolvem a


nova vida do ostomizado. O paciente busca na família apoio e segurança. Suas

reações a respeito da ostomia são decisivas na recuperação, não só física como

também da auto-estima, auto confiança e do retorno as atividades sociais.

Tabela 4 – Distribuição das entrevistadas segundo o apoio recebido pelo companheiro.

APOIO DO COMPANHEIRO NÚMERO %


NAO SE APLICA 5 31.3%
SIM 11 68.8%
Total 16 100.0%

De acordo com a tabela 4, todas as entrevistadas que mantinham um

relacionamento estável, receberam um apoio significativo de seu companheiro

(68.8%). Sendo que apenas as que não tinham companheiro, não receberam apoio

do mesmo (31.3%).

“Meu marido sempre me deu muita força. Logo que cheguei em casa, após a

cirurgia, ele fazia tudo o que eu não podia fazer. Me ajudou muito e com isso

demonstrou ser um verdadeiro companheiro”.(M16)

“Meu marido foi a pessoa que mais influenciou na minha recuperação, pois sempre

demonstrou está ao meu lado pra tudo e em todo momento [...] fiquei muito

orgulhosa e feliz”.(M6)
DESAMPARADA
18.75%

APOIADA
81.25%

Gráfico 8 – Distribuição de acordo com o fato de sentir-se ou não amparada

Ao questionar-se sobre como se sentiu após sua nova situação, 81.3% sentiu-se

apoiada.

Observou-se que quando elas se sentiram apoiadas tiveram um maior estimulo e

equilíbrio para voltar a desenvolver suas atividades, sentiam-se apoiadas e felizes.

“Todos me apoiaram muito. Eu me senti apoiada, amparada e com muita

coragem para lutar”. (M14)

“Ao me sentir apoiada, descobrir meus verdadeiros amigos e encontrei ao lado

de minha familiar força para lutar e animo para sarar”.(M15)


SIM
93.33%

NÃO
6.67%

Gráfico 9 – Distribuição das pesquisadas segundo ter ou não filhos.

Ao analisar a questão da maternidade dessas mulheres constatou-se que 93.33%


tem filhos.

Nenhuma das mulheres entrevistadas engravidou após a ostomia.

Antes de a ostomizada pensar numa gravidez, ela deve se aconselhar e discutir os

problemas que poderão advir. Além do que ela deve se encontrar em um excelente

estado de saúde (CARVALHEIRA, 1999)

Vida profissional
SIM
87.5%

NÃO
12.5%

Gráfico 6 – Atividade profissional antes da ostomia.

Pode-se notar no gráfico 6, que a grande maioria (87.5%) das mulheres

desenvolviam algum tipo de atividade profissional, antes de serem ostomizadas.

Uma das alterações ocasionadas pela ostomia é a alteração do papel e do status

social do cliente na família e na sociedade.É comum após a cirurgia, o paciente que

trabalhava ser aposentado deixando assim de ser o provedor da família, tornando se

então dependente desta em relação ao seu cuidado.

“[...] voltei a trabalhar normalmente, no inicio tinha dificuldade em relação as

outras pessoas que achavam que eu era inválida. Mas foi só no começo”.(M14)

“[...] fique um pouco afastada do trabalho, mas me sai bem. Me aposentei, mas

continuo trabalhando, arrumei outra ocupação, quero ser útil”.(M3)


Sentem medo de perder sua autonomia e independência para o autocuidado devido

a necessidade do uso de equipamentos especiais. Relatam que o uso destes causa-

lhes diversas limitações no seu viver, restringido-lhes a realização de atividades que

antes faziam parte do seu cotidiano:

“Não consigo trabalhar, devido ao esforço físico, as vezes dói muito, se me

levanto, se me abaixo, se pego peso. Droga! Isso é ruim. Não vejo a hora de me

livrar disso”.(M2)

“[...] era eu que fazia todo o serviço da casa. Agora minha família não deixa mais.

Fiquei inútil”.(M12)

Lazer

Tabela 3 – Distribuição de acordo com os lugares freqüentados antes da ostomia.

FREQUENTA MESMOS LUGARES NÚMERO %


NAO 8 50.0%
SIM 8 50.0%

Total 16 100.0%

De acordo com a tabela 3, metade das mulheres (50%) não freqüentam os mesmos

lugares de antes da ostomia . Isso revela que ainda há uma resistência na aceitação

de seu corpo.

Referem ter sua auto-estima diminuída devido a alteração da sua imagem corporal.

Necessitam adaptar-se a este novo corpo e precisam reconstruir-se em cima desta

nova imagem corporal. A diminuição da auto-estima faz com que alguns pacientes
retraiam-se e busquem o isolamento como forma de defesa. Como exemplificamos

em alguns depoimentos:

“Mudou tudo, como eu disse não vou mais a praias e outros lugares que gostaria,

não banho mais em rios [...] não me animo pra nada [...] lazer mesmo eu não

tenho mais, só quero trabalhar e ajudar as minhas filhas”.(M12)

“Tenho vergonha de mim, as vezes é insuportável se olhar no espelho, escolher

uma roupa”.(M2)

O paciente ostomizado, logo após a cirurgia, pode agir com revolta. Ela é vista como

um mecanismo de defesa com o fim de reduzir os contatos com o mundo e de

recuperar a sua unidade e coerência interna.

Verificamos que, com o passar do tempo, o paciente percebe que é possível

adaptar-se a sua nova condição e mobiliza suas forças no sentido de reconstruir-se

e recomeça a realizar atividades que antes lhes eram comuns:

“Depois que eu fiquei ostomizada, fiquei deprimida pra caramba. Só depois de

algum tempo é que eu consegui me adaptar a essa nova vida”.(M16)

“No início eu não saia quase nem na rua, logo nos primeiros meses. Só depois de

três anos é que eu fui cair em mim”.(M11)

No entanto existem também aquelas ostomizadas que referem que sua vida não

mudou em nada, continuam realizando as mesmas atividades que realizavam antes,

de acordo com o depoimento:

“Eu freqüento os mesmos lugares de antes, vou a festa, como, bebo, danço,

namoro eu não to nem aí. Em relação ao meu lazer não mudou nada”.(M9)
“Eu vou em qualquer lugar que me der na telha, viajo, saio mesmo.Eu não

preciso que ninguém me aceite”.(M3)

Sexualidade

A sexualidade da mulher é alterada mais pela baixa auto-estima do que por uma

limitação física. Esta alteração parece estar associada à imagem corporal,

ansiedade, medos e as idéias pré-concebidas acerca da sexualidade. Elas nos

relatam que:

“Mudou muita coisa, muita mesmo. Só tenho relação à noite no escuro. Demorei a

aceitar [...] eu não conseguia, tinha vontade de sumir, fugir”.(M2)

“Há [...] claro, mudou muita coisa. Não pode ter relação né. Deus me livre, com isso

aqui nunca”.(M8)

O fato de ser portador de um ostoma não significa que a sua sexualidade foi

anulada. O casal pode, por se só, implementar estratégias no sentido de se

adaptarem de forma criativa e construtiva à sua nova realidade. A atividade sexual

deve ser reiniciada assim que essa paciente tiver condições físicas e emocionais,

sem prejuízo de seu ostoma (CARVALHEIRA, 1999).

Pode-se notar que a adaptação sexual se deu de maneiras diferentes nas mulheres

pesquisadas. Como podemos observar pelas falas:

“Não mudou nada, o meu companheiro aceita naturalmente. Assim, não tivemos

nenhum preconceito e nem complexo, medo e dificuldade de nada”.(M15)


“No início foi difícil, mas depois de três meses a nossa relação voltou ao normal”.

(M7)

Autocuidado

A cirurgia de ostomia apresenta várias conseqüências, entre elas: receios e

incertezas.

Receio de estar doente pelo resto da vida, e de não ser mais aceito, no meio social,

pela família, amigos, vizinhos e colegas. Incerteza para cuidar de seu próprio

ostoma.

Esses receios e incertezas levam freqüentemente à desesperança e ao desestímulo.

Nessas condições nem o melhor e mais experiente profissional, com maior plenitude

de conhecimentos apoiados em cuidados bem ministrados e intensivos de

enfermagem, será bem sucedido.

Existe apenas um recurso nesta situação um encontro com um ostomizado bem

recuperado. Só o próprio ostomizado pode transmitir de forma convincente esta

mensagem. Perguntou-se por tanto, se mulher ostomizada seria capaz de orientar

um recém ostomizado.

“No começo agente fica muito abalada. Mas depois agente vê que a situação

poderia ser pior e graças a Deus tem essa cirurgia que faz com que agente viva

mais tempo, mesmo com esse buraco na barriga”.(M13)

“Orientaria alguém sim se fosse pra falar sobre as bolsas, o cuidado com o corpo

[...] nunca diria pra se conformar, diria pra lutar, procurar outros meios, mas nunca

se conformar. Porque isso não é vida, eu nunca aceitei e não aceito”.(M2)


Não é rara a ocorrência de um ostomizado ganhar auto-confiança e força para lutar

e sobrepujar os problemas criados pelo seu ostoma após um encontro com um

colega ostomizado. Só então está apto e pronto para enfrentar a reabilitação

oferecida pelos profissionais (CARVALHEIRA, 1999).

CONCLUSÃO

Através deste estudo, pudemos verificar diversas alterações causadas por uma

ostomia na vida de seus portadores, bem como a complexidade de fatores que estão

envolvidos no seu viver, porque cada ser humano, na sua singularidade e

historicidade, possui crenças e valores específicos que determinam diferentes

formas de enfrentamento das doenças e de suas seqüelas. Das 16 mulheres


ostomizadas que participaram deste estudo, a faixa etária predominante foi de 40-59

anos. Seis eram casadas e oito apenas o ensino funamental


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