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MARIA PAULA CARLINI CAMBI

SIMONE DALLEGRAVE MARCHESINI

CURITIBA
2014
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004

2014

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem


autorização da Editora

CRV

Todos os direitos desta edição reservados pela:

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Tel.: (41) 3039-6418

www.editoracrv.com.br

E-mail: sac@editoracrv.com.br

Casagrande, Jacir Leonir

Comunidade orgânica no trabalho

Estratégia para a vida saudável do trabalhador e da


organização / Jacir Leonir Casagrande,

Zuleica Maria Patrício. -- 1. ed. -- Curitiba : Editora CRV,


2010.

ISBN 978-85-62480-66-9 260p.


Editora CRV - versão para revisão do autor - Proibida a
impressão

Copyright © da Editora CRV Ltda.

Editor-chefe: Railson Moura

Diagramação e Capa: Editora CRV

Arte da Capa: Adrian Luiz Sant’Anna Javorsky

Revisão: As Autoras

Conselho Editorial:

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004

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E-mail: sac@editoracrv.com.br
Sobre as autoras:

MARIA PAULA CARLINI CAMBI


 Formada em Nutrição pela Universidade Federal do
Paraná em 1997
 Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade
Federal do Paraná em 1999
 Especialista em Nutrição Parenteral e Enteral pela
Sociedade Brasileira de Nutrição de Nutrição
Parenteral e Enteral em 2000
 Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de
Santa Catarina 2001 com a dissertação: Aspectos
Nutricionais e de Qualidade de Vida de Pacientes
Submetidos à Cirurgia Bariátrica.
 Doutora em Medicina Interna pela Universidade
Federal do Paraná em 2007 com tese: Dieta
Hipoglicídica comparada à Dieta Hipocalórica
Convencional em mulheres obesas: efeitos sobre a
perda ponderal, composição corporal e perfil
metabólico
 Autora de diversos capítulos de livros em obras
conjuntas
 Autora de diversos trabalhos científicos apresentados
em Congressos Nacionais e Internacionais
 Nutricionista Especialista em Cirurgia Bariátrica desde
2001 pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica.
 Membro da COESAS – SBCBM desde 2001.
 Trabalha há 14 anos em equipe multiprofissional no
tratamento da Obesidade Clínica e Cirúrgica.
SIMOME DALLEGRAVE MARCHESINI
 Educadora Artística com Licenciatura Curta UFPR-
1984
 Psicóloga Clínica UTP-1991
 Especialista em Psicologia Clínica- Psicanálise UFPR-
1996
 Especialista em Psicologia Analítica-PUC PR-1996
 Atuação com pacientes de Endoscopia Bariátrica 1999

 Mestre em Psicologia Social Comunitária- 2012:


Fatores grupais e sócio-históricos que influenciam no
reganho de peso de pacientes submetidos a cirurgia
bariátrica do tipo by-pass gástrico com Y-de-Roux”
 Autora de diversos capítulos de livros em obras
conjuntas

 Membro fundadora das COESAS e Ex-Presidente das


COESAS gestão 2005/2006
 Psicóloga da subcomissão de Psicologia das COESAS
 Atual presidente da subcomissão de psicologia da
Comissão de Especialidades Associadas.
 Psicóloga Responsavel pela avaliação e
acompanhamento de pacientes bariátricos da Clínica
Marchesini 1994-2019
 Psicóloga da Clínica Dr. Giorgio Baretta 2012-2016
DEDICATÓRIA

A todos os nossos pacientes que ao longo destes anos


nos trouxeram muitas alegrias, descobertas e nos instigaram
a estudar cada dia mais profundamente este tema fascinante
que é a obesidade. O nosso obrigada por partilhar a nossa
vida profissional.

Ao nosso mestre em comum, Dr. João Batista


Marchesini, precursor da Cirurgia Bariátrica no Paraná e
segundo brasileiro a atuar na área em território nacional com
repercussão internacional.

Ao amigo e colega Dr. Giorgio A. P. Baretta, acolhedor


e carinhoso ser humano, que esteve conosco nos momentos
difíceis de carreira, valorizou nossos esforços e nos
acompanha no aprimoramento diário em prol dos pacientes.
Ao meu companheiro Celso Luiz
Javorsky, que nas
horas de luta me incentivou e ao
Leonardo, para quem
tentei sempre servir de exemplo e
incentivo.
Simone
Para Eduardo, Pedro e Davi com amor.
Maria Paula

Apresentação

Em suas mãos um livro atual, moderno,


instigante e recheado
de informações sobre obesidade, cirurgia
bariátrica e o grande mal
que vem afetando cerca de 20% a 30%
dos operados bariátricos: a recidiva do
peso.
Desde a década de 50, a medicina luta
contra a obesidade mórbida
com o desenvolvimento das técnicas
cirúrgicas contra tal patologia,
a grande pandemia dos séculos XX e XXI.
Acredito que o grande
mal de nosso século seja sim o reganho
de peso, não apenas pelo
retorno da obesidade e todas suas
comorbidades, mas também pelo
sentimento de “derrota” que invade e
inunda a mente destes pacientes,
de seus familiares e porque não de toda a
equipe multidisciplinar.
O Brasil ocupa a segunda posição
mundial em número de cirurgias
bariátricas realizadas, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos.
Em 2013 foram cerca de 80 mil
procedimentos cirúrgicos bariátricos
em nosso país, sendo que destes, 20% a
30% reganharão peso ou
o perderão de modo insuficiente no futuro,
totalizando 16 a 24 mil
novos obesos em média ao ano. Números
assustadores de pacientes
operados em que a conduta a ser tomada
deve ser cada vez menos
agressiva e invasiva, ou seja, sempre
evitando uma nova cirurgia.
Mas será que foi o paciente que falhou a
cirurgia ou a cirurgia
que falhou o paciente? Estes
procedimentos cirúrgicos não deveriam
durar para sempre? Eles não duram por
uma simples questão
de matemática: peso é igual as calorias
ingeridas subtraídas das calorias
gastas. E, com o passar dos meses e
anos, o apetite aumenta, a
capacidade do pouch gástrico eleva-se,
as intolerâncias alimentares
diminuem e o comportamento
psicossocial de cada paciente tende
a piorar. Por outro lado, o sedentarismo
permanece, a massa magra
reduz-se muito, o que leva à diminuição
da taxa metabólica basal e
ao reganho de peso.
A grande totalidade destes pacientes não
mudou seus maus hábitos
alimentares prévios, não diagnosticou ou
não tratou seus transtornos
psicológicos e não saiu do sedentarismo.
Associado a isso, a
má adesão pós-operatória por parte do
paciente, muitas vezes a escolha
errônea da técnica cirúrgica por parte do
cirurgião e até mesmo
a anatomia desfeita no pós-operatório
como alargamento do pouch e
aumento no diâmetro da anastomose
podem levar ao reganho de peso.
A permanência do paciente na equipe
multidisciplinar no pós-
-operatória é a melhor maneira de
prevenirmos este reganho. Costumo
dizer que o cirurgião é peça secundária
neste período, ao contrário
dos profissionais de psicologia, nutrição,
educação física e
demais. E este acompanhamento não é
por apenas um período, mas
sim por toda a vida.
Com o reganho de peso instalado, é
mandatório o retorno
destes pacientes à equipe
multiprofissional. Programas como o
“Back on Track”, ou seja, voltar aos
trilhos, vêm sendo cada mais
explorados nos Estados Unidos e também
de maneira sensata e
brilhante pelas autoras.
No decorrer desta obra, vocês terão
acesso a dicas e maneiras
simples e efetivas que vão desde saber o
que comer e comprar em
um supermercado, por exemplo, até como
manter a disciplina em
festas, férias, hotéis e restaurantes.
Os aspectos psicológicos, extremamente
importantes, são
abordados de forma simples e
compreensível. Estômago magro, cérebro
ainda obeso. Esta é uma verdade que
somente os pacientes
operados e nós, profissionais da
obesidade temos a consciência. A
percepção da imagem corporal, a
memória dos tempos de obesidade,
o apetite, ou melhor, o aumento do
apetite, são tratados pelas
autoras com simplicidade de
entendimento.
O reganho de peso é encarado,
atualmente, de maneira mais
compreensível. Sabemos da necessidade
da equipe multidisciplinar,
mas também da importância dos métodos
endoscópicos e cirúrgicos
para reduzir novamente o peso nos novos
“ex-obesos”. Quanto
menos invasivo, melhor e mais aceito.
Cirurgia de novo assusta e
tem alto índice de complicações. O
melhor mesmo são os métodos
endoscópicos e, dentre eles, o plasma de
argônio vem sendo bem
explorado desde 2009.
O rápido esvaziamento gástrico do
estômago operado devido
à anastomose gastrojejunal dilatada pode
ser resolvido com a fulguração
seriada com plasma de argônio
endoscópico. As autoras têm
enorme experiência nutricional e
psicológica no assunto. O argônio
reduz o diâmetro da anastomose e
aumenta o tempo de esvaziamento
gástrico, levando à saciedade precoce,
menor ingesta alimentar e
apetite e consequente perda de peso,
obviamente desde que associado
ao retorno do paciente à equipe
multidisiciplinar.
Existe um ditado que fala: “Como na
cirurgia oncológica, a cirurgia
bariátrica também tem seus casos
incuráveis”. A fim de evitarmos
isso, cada vez mais estudos e com a
dedicação dos profissionais
bariátricos, queremos tornar esta
afirmativa algo não verdadeiro.
Aproveitem a oportunidade em ter e ler
esta obra excepcional
das renomadas autoras, seja você
profissional da área de obesidade
ou paciente, e boa leitura!
Dr. Giorgio A. P. Baretta
Mestre e Doutor em Cirurgia pela UFPR
Membro Titular da SBCB

SUMÁRIO:

1. O QUE É AFINAL A OBESIDADE?


2. TRATAMENTOS EXISTENTES
PARA A OBESIDADE: como a
Nutrição e a Psicologia podem
contribuir
2.1. BALÃO INTRAGÁSTRICO
2.2. CIRURGIA SLEEVE
2.3. CIRURGIA FOBI CAPELLA
2.3.1. Sobra de pele
2.3.2. Fístula
2.4. CIRURGIA DUODENO
SWITCH
2.5. BANDA GÁSTRICA

3. OS TRANSTORNOS
ALIMENTARES E
PSICOLÓGICOS: QUANDO
COMER VIRA DOENÇA

4. A BEBIDA ALCOÓLICA: O VILÃO


DA CIRURGIA BARIÁTRICA
5. VARIAÇÕES SOBRE O TEMA
SEXO

6. 1ª FASE: PERÍODO PRÉ E PÓS


OPERATÓRIO IMEDIATO:

Perguntas e respostas úteis:

6. 1. Esclarecimentos gerais
6. 2. Pirâmide Alimentar após a
Cirurgia Bariátrica
6.3. A importância dos Nutrientes
para a sua saúde: quais suas
melhores fontes e o que sua
carência pode causar.
6.4. O “Semáforo Bariátrico”

7. 2ª FASE: PERÍODO PÓS


OPERATÓRIO TARDIO:
ASPECTOS NUTRICIONAIS E
PSICOLÓGICOS:
7. 1. Mecanismos de perda de
peso após a cirurgia bariátrica?
7. 2. Por quê acontece o reganho
de peso?

8. QUANDO LIGAR O ALERTA SOBRE


O PESO: COMO VOLTAR AOS
TRILHOS?
8.1. Administrando as refeições:
- em casa: do mercado à mesa
- em restaurantes
- em festas
8.2. Comida: não tenho nada para fazer
8.3. Como lidar com a alimentação nas
férias e em festas de fim de ano
8.4. Nutrientes do bem: como tê-los à
mesa

9. ASPECTOS EMOCIONAIS:
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS
SIMPLES PARA EVITAR A RECIDIVA
DE PESO

10. O PROBLEMA DA IMAGEM


CORPORAL
11. O QUE FAZER QUANDO O
REGANHO DE PESO FOGE AO
CONTROLE
- Plasma Endoscópico de Argônio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PREFÁCIO

Reganho de peso após cirurgia bariátrica


tem sido o grande desafio aos
profissionais de saúde que se dedicam ao
tratamento da obesidade mórbida.
Nada mais decepcionante do que atender
o paciente algum tempo depois do seu
tratamento cirúrgico reclamando do
retorno do peso, do retorno eventual das
doenças associadas, da perda da
autoestima e julgando que a operação
não surtiu efeito ou que o próprio médico
falhou.
A obesidade mórbida é uma doença de
complexa etiologia que envolve
transtornos cérebro-químicos
multifatoriais, maus hábitos de vida e uma
boa carga genética, entre outras causas
não menos importantes.
O cirurgião chama para si a solução do
problema ao tentar resolvê-la através de
mudanças anatômicas no trato digestivo
em detrimento da complexidade de sua
origem.
O paciente operado cria a fantasia de
que, uma vez terminada a fase cirúrgica,
tudo está resolvido e abandona com
frequência o acompanhamento
nutricional, o cuidado psicológico, as
mudanças dos hábitos de vida e
principalmente uma fiel aderência à
equipe multidisciplinar.
Cria-se então o conceito leigo de que a
cirurgia bariátrica é falha e que todos os
pacientes voltam a engordar.
Ao se observar um paciente bariátrico que
voltou a engordar nota-se que passada a
fase eufórica da perda de peso afloram-se
os transtornos emocionais de múltiplas
ordens e retornam os maus hábitos
alimentares, agora fazendo com que o
paciente “engane” a sua própria
operação.
O paciente submetido a cirurgia restritiva
ou mista, com componente restritivo,
aprende a comer alimentos pastosos e
úmidos, a tomar líquidos durante sua
refeição, de forma a “anular” o fenômeno
restritivo da sua operação. Aquele que
era um comedor de doces, e por alguma
razão tem o fenômeno de “dumping”,
muda seu comportamento alimentar e
passa comer alimentos gordurosos. Os
que têm uma cirurgia mista com
componente disabsortivo trocam o
alimento gorduroso por doces e burlam a
operação.
O paciente promete ao médico, a Deus e
ao mundo que fará exercícios para o resto
de sua vida, e passado um tempo retorna
à vida sedentária.
Os distúrbios psicológicos que de início
foram controlado parcial ou totalmente,
ora por psicoterapia, ora por medicação,
mas sempre pela euforia da nova
autoimagem, refloram com todo seu vigor
impulsionando o paciente a comer de
forma voraz ou de “beliscar” alimentos
calóricos e de modo contínuo.
O reganho de peso é a grande decepção
para o paciente, mas não menor do que
para o cirurgião e a equipe
multidisciplinar.
Passados anos do início da cirurgia
bariátrica, um grande número de
pacientes volta a pedir auxilio aos seus
profissionais de saúde ou mais
comumente a profissionais de outras
equipes, jogando aos seus de origem a
responsabilidade pelo insucesso do
tratamento.
Eles não assumem o fato de que
desapareceram dos consultórios
descrentes da equipe multidisciplinar.
Dentro deste panorama sombrio surge a
obra “RECUPEREI PESO. POR QUÊ?”
das autoras Maria Paula Carlini Cambi e
Simone
Dallegrave Marchesini. Este livro chega
num momento muito importante do
tratamento bariátrico e traz luzes no fundo
do túnel. Vários métodos e técnicas foram
elaboradas para perder peso, mas
ultimamente para auxiliar os pacientes
que engordaram a novamente
A Doutora e Mestre, Nutricionista, Maria
Paula Carlini Cambi e a Mestre,
Psicóloga, Simone Dallegrave Marchesini
foram companheiras desde a década de
90 nesta árdua labuta do tratamento da
obesidade mórbida,
Diria, enfaticamente, desde o século
passado.
Atrás deste tom jocoso, vem a afirmativa
de anos de experiência no território da
nutrição e da psicologia aplicada à
cirurgia bariátrica.
Há vinte anos quando a cirurgia bariátrica
foi iniciada em nosso meio, Simone e
Maria Paula procuraram aprender e
aplicar seus conhecimentos no preparo e
nos cuidados pré e pós-operatórios
destes pacientes. Aprenderam nas
dificuldades, muitas vezes sem o
referencial de outros serviços mais
experientes, ensinaram sem medo seus
pares e tornaram-se pessoas conhecidas
e respeitadas no meio bariátrico nacional.
Tantos foram suas participações em
eventos, preleções em todos os níveis,
troca de experiências em todo o Brasil
que chegou o momento de transformar
tudo isso numa obra escrita, que perdure,
que sirva de referência aos estudiosos
futuros e que marque suas passagens
neste mundo tão complexo como o da
cirurgia bariátrica.
Nada melhor do que escrever sobre um
tema palpitante e atual que é o reganho
de peso, visto pelo olhar psicológico e
nutricional.
Este olhar fora da medicina, da cirurgia
propriamente dita, serve de crítica à visão
muitas vezes fechada dos cirurgiões.
Tenho certeza que o leitor irá apreciar a
obra e que ela servirá de alerta e de
orientação a muitos profissionais e leigos
envolvidos neste complexo mundo da
obesidade mórbida.
Convidado que fui a prefaciar este livro,
fui buscar na obra de Castro Alves,
Espumas flutuantes, publicada em 1870,
no poema O livro e a América, versos que
se aplicam à obra de Maria Paula e
Simone. Uma forma singela, sincera e
carinhosa de homenageá-las:

Oh! Bendito o que semeia


Livros… livros à mão cheia…
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.

João Batista Marchesini


Mestre e Doutor em Clínica Cirúrgica e
Professor Emérito da Universidade
Federal do Paraná
Membro Emérito, Fundador e Ex-
Presidente da
Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica
1. O QUE É AFINAL A
OBESIDADE?

A obesidade é uma doença


crônica, que demanda um tratamento
especializado e contínuo. Após anos com
tratamentos básicos com dietas
hipocalóricas e medicamentos
anorexígenos (que controlam o apetite
voraz), a comunidade científica se viu
com a inovação do tratamento cirúrgico
que por algum tempo, parecia a cura tão
almejada. Porém, hoje se percebe
claramente, que a cirurgia bariátrica é
apenas um longo caminho a ser
percorrido. Muitos operados reganham
boa parte ou o total do peso eliminado
após alguns anos e ainda continuam
doentes, agora com inúmeras deficiências
nutricionais. Com isso, o alerta está
novamente ligado para todos que
precisam controlar seu peso corporal.

E o problema pode começar na


infância. O número crescente de casos de
obesidade em tenra idade preocupa cada
vez mais os pais. E isto é positivo, porque
é nesta fase da vida, que bons hábitos
alimentares são criados e sedimentados.
Em uma pesquisa realizada recentemente
nos Estados Unidos, sobre o que
realmente preocupa os pais e cuidadores
em relação às crianças, o primeiro lugar
ficou com a obesidade infantil (33%),
seguida do abuso de drogas (32%),
tabagismo (25%), gravidez na
adolescência e bullying (24%), segurança
na internet (23%), abuso de álcool e
acidentes de trânsito (20%).

A franca expansão da obesidade,


mesmo em países desenvolvidos, tornou-
se uma preocupação, pois não é
incomum encontrar crianças obesas já
com síndrome plurimetabólica (com várias
doenças associadas ao excesso de peso
como colesterol e triglicerídeos
descompensados, pressão alta e
diabetes).
A obesidade vem sendo tratada
como uma epidemia que acomete
crianças, adolescentes e adultos em
diversas faixas etárias. As razões pelo
aumento abrupto da incidência da
obesidade incluem a expansão da
indústria alimentícia. Produtos
industrializados invadem a mídia todos os
dias e favorecem temporariamente a falta
de tempo que as famílias possuem para
se dedicarem ao preparo e consumo de
alimentos naturais e muito mais
saudáveis.

O sedentarismo, tão comum entre


as pessoas, foi decorrente de facilidades
enormes para adquirir os alimentos,
carros com vidro elétrico, controle remoto
e muito mais tempo despendido para a
televisão ou jogos eletrônicos. Além
disso, existem outras causas para a
obesidade como seu processo
inflamatório, a genética, alterações
hormonais e na microbiota intestinal, que
vem sendo estudadas exaustivamente
para a busca do tratamento ideal para
esta doença.

A obesidade é uma doença


inflamatória crônica. Os portadores desta
doença normalmente cursam com
exames laboratoriais ferritina e a proteína
C reativa altas que devem se normalizar à
medida que houver eliminação ponderal.

Existem estudos diversos que


ainda não são conclusivos, e que
nominam o tipo de vírus que acomete a
pessoa obesa.
Por enquanto, uma forma de
avaliar se uma pessoa precisa da cirurgia
é através do seu índice de massa
corpórea (IMC). A conta é simples:

IMC (Kg/m2 ): Peso (Kg)


Altura2 (m )

A indicação cirúrgica de acordo


com a Organização Mundial de Saúde e
também da Sociedade Brasileira de
Cirurgia da Obesidade, tem como critério:

 IMC > 35Kg/m2 com


comorbidades (doenças
associadas) como diabetes
melitus, hipertensão arterial
sistêmica, apnéia do sono.
 IMC > 40Kg/m2 com ou sem
doenças associadas.

Porém, somente este parâmetro de


IMC não é o mais confiável para se ter a
certeza que uma pessoa precisa de
tratamento cirúrgico para a obesidade. O
seu percentual de gordura corporal deve
ser considerado, assim como a existência
de outros tantos tratamentos clínicos sem
sucesso. Pessoas que já colocaram balão
intragástrico, fizeram uso de
medicamentos anorexígenos (que tiram a
fome), possuem doenças crônicas graves
como hipertensão arterial sistêmica,
diabetes mellitus e estão diante de uma
obesidade clinicamente intratável. Uma
equipe de especialistas no tema deve
cautelosamente avaliar e sugerir o melhor
tratamento.
Nem sempre ser obeso foi ruim.
Nos primórdios da Humanidade, estar
acima do peso, era sinal de fartura e
beleza. As mulheres, que eram modelos
de grandes pintores do Renascimento,
por exemplo, sempre eram as mais
obesas, com enormes ancas, seios fartos,
como sinal de que estavam aptas para
gestar. A média de idade vital nesta
época era baixa, possivelmente por
desconhecimento de várias doenças. Este
padrão corporal foi mudando ao longo dos
anos, por relacionarem o excesso de
gordura a inúmeras enfermidades que
poderiam levar à morte precocemente. E
hoje estamos na era da magreza, onde o
excesso de peso está condenado e o
modelo delgado fixou-se definitivamente
como o belo e saudável.

Precisamos ter cuidado com esta


afirmação, pois uma avaliação física
minuciosa é necessária para chegarmos a
um diagnóstico de obesidade.

Não é apenas ao subir na balança que


concluímos que se está ou não obeso. O
acúmulo de gordura corporal é a forma de
avaliarmos o excesso de peso. Métodos
mais precisos como a bioimpedância
elétrica que mede os compartimentos do
nosso corpo como água, músculos,
gordura, ossos, pele, etc, pode ser aliado
no diagnóstico preciso da obesidade.
A obesidade é o aumento de peso,
medido pelo excesso de gordura corporal.

Cristakis e Fowler (2007)


demonstraram que as redes sociais
influenciam na disseminação da
obesidade. Os pesquisadores observaram
que as chances de se tornar obeso
aumentaram em 57% se um indivíduo
tiver um amigo que ficou obeso num dado
intervalo de tempo. Entre os pares de
irmãos adultos, se um irmão se tornou
obeso, a chance de que o outro venha a
se tornar obeso aumenta em 40%. Entre
casais, a influência de um para o outro foi
de 37%, considerando-se o contágio da
obesidade.

Segundo Steinbrook (2004), a


publicidade em torno de pessoas famosas
que se submeteram à cirurgia bariátrica,
influenciou na visão comum do
procedimento, tornando-o um recurso
cosmético e estético. Adolescentes estão
sendo operados antes de tentarem
qualquer outro método de reeducação
alimentar e controle de seus estados
emocionais. Esse fator de tentativa
impulsiva tem feito com que o insucesso
nas cirurgias tenha sido constante.

Saunnders (2004) afirmou que num


período de 2 a 5 anos há reganho de
quantidade considerável de peso, às
vezes ao retorno da condição anterior à
cirurgia. Essa falha em longo prazo, torna
possível supor que, pacientes submetidos
a cirurgias bariátricas sofrem várias
influências na recidiva de peso. Além dos
aspectos biológicos da obesidade e
mecânico da cirurgia, que veremos em
breve nos capítulos seguintes, os
processos presentes nas interações
grupais e sociais na vida do novo magro
interferem no processo.
2. TRATAMENTOS EXISTENTES
PARA O COMBATE DA
OBESIDADE: como a Nutrição
e a Psicologia podem contribuir

2.1 BALÃO INTRAGÁSTRICO:

O balão intragástrico (BIB) tem sido


usado no Brasil recentemente para o
tratamento da obesidade. Foi criado na
Itália para obesos mórbidos que não
tinham condições clínicas para submeter-
se à cirurgia bariátrica. Hoje vem sendo
usado amplamente para o auxílio de
pessoas com sobrepeso.

O BIB é uma prótese de silicone,


que proporciona apenas a restrição da
ingestão alimentar, mas não afeta a
absorção dos nutrientes. Ele é insuflado
com azul de metileno via endoscopia no
estômago. Seu objetivo é causar uma
sensação de plenitude (estômago cheio).
O paciente se sente satisfeito mais
rapidamente quando se alimenta.

O tempo de permanência do BIB


varia de 06 a 08 meses e o volume a ser
insuflado ficará entre 600 a 800ml,
dependendo da anatomia estomacal do
paciente.

É indicado para:
 Pacientes com IMC abaixo de 35 que
não respondem ao tratamento clínico
por mais de três anos;
 Pacientes com IMC maior que 35 que
não tem condições de serem
submetidos à cirurgia por
contraindicação médica;
 Ou ainda aqueles pacientes que não
querem se submeter à cirurgia (estes
tem pouco sucesso).

Com o BIB, há necessidade de um


acompanhamento nutricional antes e
após a sua colocação. Para evitar os
desconfortos (náuseas, vômitos e dor
abdominal), que frequentemente ocorrem
nos primeiros dois a três dias após a sua
colocação, tem-se a opção de fazer
previamente uma dieta branda com
alimentos cozidos para proporcionar
repouso gastrointestinal. Dieta líquida 24
horas antes de colocar o BIB. Lentamente
o paciente consegue se alimentar em
pequenas quantidades com dieta líquida
clara e em dez dias já inicia com dieta
pastosa e consistência normal de acordo
com a tolerância individual. Há
necessidade de dieta de baixa caloria no
período de permanência do BIB e ainda a
colaboração do paciente em seguir as
orientações nutricionais e a motivação
para a atividade física frequente. Tanto
uma como outra devem ser programadas
individualmente de acordo com o
paciente.
Podem ocorrer sintomas
desagradáveis como intolerância
alimentar, inicialmente pela própria
mastigação deficiente, mas à medida que
isto é corrigido, pode haver dificuldades
com a qualidade de alguns alimentos
como carnes e vegetais crus. Algumas
medidas são eficazes como o uso da
papaína e a bromelina, respectivamente
mamão e abacaxi após as refeições. Mas
se os sintomas ainda persistirem pode-se
pensar no uso de enzimas digestivas,
para facilitar a tolerância aos alimentos.

Existem vários padrões alimentares


diferentes, que devem ser monitorados
atentamente, como por exemplo os
“sweet eaters”, ou seja, comedores de
doces, os “night eaters”, que consomem
alimentos em grande quantidade no
período noturno, particularmente após as
18:00h e também existem os que adoram
um bom churrasco acompanhado de
muita cerveja, dentre outros. São estilos
diferentes de se alimentar, mas que
convergem para o mesmo problema:
inúmeras calorias extras que promovem o
ganho de peso de forma exponencial.
Deve-se tomar muito cuidado com
alimentos macios, que derretem na boca,
que oferecerão calorias extras com
poucos nutrientes e serão tolerados.
Como exemplo, o chocolate e as massas
com molhos ricos em gorduras. O
estímulo será para o consumo de
alimentos secos, que demandem
mastigação e deem trabalho de digestão.
Assim, o BIB fará seu papel. O consumo
de água também será exaltado, até para
que o BIB seja lavado, não acumule
resíduos alimentares e cause
regurgitação e eructação (arrotos) o dia
todo com gosto de ovo podre.
A reeducação alimentar deve ser
lenta e progressiva. É difícil mudar todos
os hábitos de uma só vez e é para isto
que o paciente deve ser orientado pela
Nutricionista habilitado. Porém, é
importante ressaltar que a equipe
multiprofissional será fundamental para o
sucesso dos resultados, porque diante de
um distúrbio alimentar, outras abordagens
devem ser realizadas.
A ansiedade, por exemplo, é uma
queixa de 90% dos pacientes com
obesidade. São as pessoas que
descrevem que sempre que há qualquer
alteração no seu dia a dia, um problema
que requer solução rápida, uma alegria,
uma preocupação com algo que não
podem resolver, tudo leva ao mesmo
caminho: vou comer para ver se passa. E
claro que esta não é a solução, e depois
do abuso nutricional, chega à culpa e o
ciclo vicioso está instalado. Por isso a
Psicologia é fundamental para o
monitoramento destes ansiosos que
podem colocar todo o processo em risco.

O BIB auxilia como um estímulo


para a manutenção de dieta de baixa
caloria, já que oferece saciedade precoce
e funciona com um “freio” quando a
vontade de comer excede a capacidade
volumétrica do estômago. Os sintomas
ruins ocorrem quando a pessoa se
alimenta em excesso, com ritmo
acelerado ou em grandes
porcionamentos. Os vômitos são
maléficos para o organismo já que
facilitam a perda de vitaminas e minerais
e são bastantes desagradáveis. Com isso
a proposta é que o paciente se reeduque
progressivamente.

A perda de peso é variável de


pessoa para pessoa, já que possuímos
gasto de energia diferente, além de
sofrermos a interferência de fatores como
idade e sexo. Percebemos que as
mulheres por terem mais tecido gorduroso
que os homens, perdem peso mais
lentamente, mas podem ser bastante
beneficiadas com exercícios físicos
frequentes. Outro fator é a idade, sendo
que os mais jovens possuem uma
capacidade de perda de peso maior,
comparados com os mais velhos. Porém,
todos podem atingir seus objetivos de
peso corporal com disciplina e tratamento
adequados, lembrando que a
reestruturação da alimentação é
primordial para o sucesso do BIB, assim
como a assiduidade do paciente nas
consultas com a equipe multiprofissional.

O índice de psicopatologias é maior


nos pacientes de BIB.
A incidência de vômitos, provocados pela
sensação desagradável de estar com um
objeto estranho dentro do estômago,
causa sintomas gastrointestinais bem
determinados com náuseas, seguidos ou
não de vômitos. Há um grande risco de
desenvolvimento de bulimia nervosa, que
nada mais é, que a indução de vômitos,
até para causar alívio, neste caso
específico. A atenção psicológica é
fundamental.

A motivação deve ser o foco principal e


o apoio da família e do grupo são de
extrema importância. De acordo com a
hipótese de Snyder (2009), quando
apoiados socialmente, os indivíduos em
dieta alimentar são capazes de perder
mais peso do que os 10% previstos pelas
equipes de saúde e manter-se saudáveis
com o tratamento restritivo.
Garg e seus colaboradores (2007)
descobriram que pessoas mais otimistas
e alegres tendem a ver os alimentos mais
gratificantes como ameaças ao seu
humor e as pessoas tristes interpretam
esses alimentos reconfortantes como
comidas que elevam o humor
(comparados aos grupos controle). Os
autores chegaram à conclusão que a
busca de alimentos que gratificam, isto é,
que dão prazer imediato, e que em geral
são de densidade calórica elevada e
baixo teor nutricional, é feita por pessoas
que avaliam negativamente o ambiente e
permanecem numa posição passiva
diante dele, ou seja, sem ação. A
interpretação do ambiente como
ameaçador ou animador depende do
estado emocional da própria pessoa. O
pior é que a indústria alimentícia se
aproveita da posição de aceitação
passiva e de outros fatores para vender
seus produtos. Um dos trabalhos da
psicologia vem sendo o desenvolvimento
do Comer Consciente, isto é, pensar
antes de comer.
A capacidade de administrar as
próprias emoções é uma aprendizagem
feita em psicoterapia; um treinamento
diário e contínuo que só acaba quando a
própria pessoa sente-se preparada para
enfrentar humildemente a vida. Cada
vivência nova mobiliza fisiologicamente o
organismo humano e exige respostas
adaptativas às quais o homem, na
interação com outros homens, transforma
e é transformado. Nessa interação, o ser
humano manifesta a sua natureza através
de comportamentos e emoções. Comer,
ao longo do tempo, deve deixar de ser a
única resposta para as emoções da vida.
Na maior parte das vezes as
pessoas chegam às consultas e se
descrevem como ansiosas. Apresentam o
ato de comer como resposta a este
estado afetivo. A ansiedade não é um
quadro único e exige avaliação mais
apurada. Sua descrição abarca desde a
incapacidade de tolerar alterações nos
planos do dia a dia, problemas que
requeiram solução rápida, alegria
extrema, preocupação com algo que não
possa ser resolvido e falta de tempo.
Tudo parece levar ao mesmo caminho: “-
Vou comer alguma coisa.” Fica claro que
o caminho tomado não resolve e a culpa
pelo ganho de peso instala o ciclo vicioso.
Por isso a Psicologia é fundamental para
o monitoramento destes estados ansiosos
que podem colocar todo o processo em
risco. Mais tarde abordaremos somente
os transtornos do humor e os transtornos
ansiosos para que se tenha clareza do
assunto.
Um dos pontos levantados pelos
pacientes que se submetem ao
procedimento do balão intragástrico é a
manutenção dos resultados após a
retirada da prótese. O trabalho
psicológico da retirada do balão de
silicone começa à medida que o tempo
passa.

Levando em consideração a
adaptação e o novo sintoma, começa
haver um desejo da retirada da prótese.
Ao longo dos seis a oito meses de
procedimento, as associações de ideias
em relação à comida foram treinadas, de
modo que ao ver uma pizza seja possível
ter pensamentos aversivos e não
prazerosos, exatamente como se faz
diante de um alimento que não atrai.

Uma descrição bastante comum,


entre os pacientes que colocaram o BIB,
antes de se submeterem à cirurgia
bariátrica, é que eles não se arrependem
de seguir esta ordem de escolha. Para
eles, o fato de terem tentado de tudo
antes da cirurgia, favorece
psicologicamente nos resultados do
período pós-operatório e na
autoconfiança. A certeza da escolha
certa, fez com que o engajamento nas
recomendações nutricionais e médicas
fossem interpretados de modo menos
punitivo, restritivo ou penoso.
A recuperação após a cirurgia
bariátrica, segundo os próprios pacientes,
é mais tranquila, com menos sintomas
gastrointestinais do que com o BIB, que,
apesar de ser um tratamento
ambulatorial, provoca sintomas bastante
desagradáveis nas primeiras 48h, o que
não ocorre após o procedimento cirúrgico.
Ilustração cedida gentilmente pelo
cirurgião Dr. Giorgio Baretta
www.cirurgiaparaobesidade.com.br

E quando o BIB virou insucesso de


tratamento?
O reganho de peso, pode ocorrer
tanto com tratamentos clínicos como com
tratamentos cirúrgicos. Ambos precisam
de bastante dedicação, paciência e
mudanças de hábitos de vida que incluem
a alimentação, a prática de exercícios
físicos frequentes e o principal, cuidados
com a mente, para não fazer do excesso
de calorias o escape para todos os
problemas cotidianos.
Com o BIB, alimentos macios como
massas em molhos ricos em gorduras,
doces como o chocolate, que derretem na
boca, são os vilões deste tratamento.
Esta péssima qualidade alimentar é bem
tolerada e por isso o controle calórico é
difícil. Pode até haver ganho de peso no
período. É isso mesmo: estar com o BIB e
ainda ganhar peso.

Outro vilão é o consumo alcoólico.


Cada grama do produto tem 07Kcal. São
calorias vazias, que ainda prejudicam a
absorção dos micronutrientes que são as
vitaminas e os minerais.

Como não tem caráter definitivo, o


BIB tem resultado muito promissor em
pacientes disciplinados, que tiveram
ganho de peso em alguma fase da vida,
como gestação, uso de algum
medicamento temporariamente, etc.
Pacientes que fazem regularmente seu
acompanhamento clínico, tendem a ter
resultados satisfatórios.

Deve-se ter em mente, que a


equipe multiprofissional pode ajudar este
paciente, ao programar sua atividade
física, melhorar as opções de cardápios
ofertados para se chegar à realidade do
paciente. Não adianta fornecer um
cardápio fechado, com preparações
elaboradas para um paciente que sai de
casa as 7:00h da manhã e só retorna ao
seu lar após as 22:00h, depois de seu
curso de pós graduação. É com estas
pessoas que a equipe precisa pensar em
alternativas coerentes. Listas de
substituições alimentares, alternativas de
restaurantes que cercam seu ambiente de
trabalho, possibilidades de levar lanches
compatíveis para quem tem um frigobar
em sua sala de trabalho ou para aquele
que trabalha em lugares diversos. Chegar
na realidade de quem precisa emagrecer,
pode ser um caminho para o sucesso.
Conversar, fazer uma anamnese
minuciosa pode aproximar o profissional
do paciente e com integração, ambos
tendem a ganhar.

Os retornos em consulta, são


primordiais para verificar logo o que está
dando certo e o que pode ser melhorado.
Muitas vezes o próprio paciente sugere
algo que não conseguirá cumprir, apenas
na ânsia de querer mudar sua vida neste
período tão curto de tempo. Criar metas
realistas pode ajudar. Não adianta iniciar
o tratamento com um sedentário da vida
inteira e querer que ele inclua na sua
rotina 01 hora diária na academia da
moda na cidade. Primeiro, que existe o
preconceito dele mesmo, em não querer
estar junto de pessoas magras, quando
ele se sente fora daquele padrão. Depois,
todos temos inúmeras atividades laborais,
familiares, que precisam estar neste
contexto de mudanças. Desconfie do
paciente que na primeira semana, mesmo
fraco e desidratado, quer saber se logo
poderá iniciar atividade física diária, que
já pagou para seis meses um personal
trainer e que ontem é um bom tempo para
tudo acontecer. A desistência ocorre nas
primeiras dificuldades, na primeira lesão
física que o impossibilite até de caminhar.
Por isso, a equipe precisa delimitar tempo
e espaço e expectativas realísticas com
as mudanças.

Um educador físico treinado pode


orientar este paciente sobre a frequência
e a intensidade dos exercícios, que são
claramente, essenciais para o sucesso do
tratamento, e que devem ser mantidos
pela vida toda, como um hábito embutido
de saúde. Assim como a mudança de
qualidade e quantidade alimentar ingerida
diariamente. O trabalho de manutenção
de peso, será mais árduo após a retirada
do BIB, onde o estômago volta a ter a
capacidade normal e as possibilidades de
aumento do consumo calórico retornam.
2.2. CIRURGIA
GASTRECTOMIA
VERTICAL (SLEEVE)

A cirurgia “Sleeve” é uma técnica


que vem sendo criticada por muitos
cirurgiões brasileiros. É considerado por
muitos uma cirurgia pela metade, pois,
não causa disabsorção, apenas a
restrição definitiva do tamanho do
estômago.

A cirurgia “Sleeve”, é assim


chamada pelo formato do estômago após
seu recorte. A palavra “Sleeve” significa
“manga” e o estômago fica como uma
manga de camisa. Essa cirurgia foi
regulamentada pelo Ministério da Saúde
no Brasil em março de 2013 e talvez para
nós brasileiros a melhor palavra para
defini-la fosse banana. Existem cirurgiões
adeptos e os não adeptos ao
procedimento, pois não causa
disabsorção e porque retira um pedaço do
estômago sem possibilidade de reversão.

Esta técnica foi criada por Michael


Gagner, um canadense que disse em
entrevista no Brasil “criamos estômagos
magros que transformam pessoas gordas
em magras”. Mas o fator expansivo do
estômago permite-lhe aumentar, assim
como o útero que suporta uma criança
seja de três como de seis quilogramas.

Por outro lado, alguns pacientes a


veem como técnica menos agressiva,
pois não interfere na absorção e,
portanto, não tão prejudicial ao organismo
humano. Existem considerações
importantes na visão da pessoa que tem
o seu próprio corpo na mesa de cirurgia.
A técnica de “Sleeve”, ou manga gástrica
está sendo vista pelo paciente como uma
intensa restrição alimentar, que o faz
pensar na subjacente frase “-Você nunca
mais vai comer como antes!” que ainda o
atemoriza, pois tem no alimento, um
prazer intensificado. Como veremos, o ato
alimentar tem seu aspecto nutricional de
equilíbrio energético, mas tem seu
aspecto chamado hedônico, do prazer.

As indicações para o “Sleeve” são


pessoas com IMC entre 30 a 35Kg/m2, ou
acima de 50Kg/m2, como primeiro tempo
de um procedimento misto como Bypass
Gástrico em Y Roux (Fobi Capella) e
Duodeno Switch.

Erroneamente acredita-se que não


haja necessidade de suplementação
nutricional após o procedimento. Porém,
estudos recentes como o citado por Violet
Moizé, no conceituado paper Journal
Academic Nutrition Dietetic em março de
2013, confirma que, ao comparar
pacientes operados por Sleeve com os
operados com Fobi Capella, verificou-se
que em 05 anos, ambos perderam peso
de forma similar e assim como
necessitaram de suplementação de
vitaminas e minerais, justamente por
diminuírem a ingestão de cálcio,
magnésio, fósforo e ferro. E a deficiência
de vitamina D atingiu 93,3% dos
pacientes com Sleeve e 90,9% dos
pacientes com Fobi Capella. Outro estudo
sério, publicado na Obesity Surgery em
2010 por Sallé A, realizado na França,
verificou uma diminuição na ingestão
proteica após a técnica e
consequentemente redução na absorção
de zinco, necessitando suplementar este
micronutriente.

A evolução dietética para este


tratamento será:
a) Período Pré operatório: sem dieta,
apenas será realizada restrição
calórica a pedido do cirurgião.
b) Período Pós operatório:
- após 48h da cirurgia, assim que
retornam os movimentos
peristálticos, pode-se iniciar a dieta
líquida de 15 dias (segue
orientação no capítulo
esclarecimentos gerais).
- 02 dias: dieta pastosa (segue
orientação no capítulo
esclarecimentos gerais).
- 15 dias: dieta branda (segue
orientação no capítulo
esclarecimentos gerais).
- a partir de 30 dias: alimentação
hipocalórica e hiperproteica
(segue orientação no capítulo
esclarecimentos gerais)

Ilustração cedida gentilmente pelo


cirurgião Dr. Giorgio Baretta
www.cirurgiaparaobesidade.com.br
E quando o Sleeve for um
insucesso?

Como é uma técnica apenas


restritiva, mas com caráter definitivo,
podemos verificar manutenção de peso
nos pacientes disciplinados.

A ausência de síndrome de
“dumping” pode ser um perigo para a
recuperação de peso dos pacientes
ávidos por carboidratos simples e
acompanhados de gorduras.

Por isso, em qualquer técnica


restritiva deve-se ter em mente que o
equilíbrio do balanço energético deve ser
especialmente observado. Priorizar
atividade física e baixa ingestão calórica.
O ideal é o gasto de mais energia do que
o consumo, e o saldo sendo negativo,
perde-se peso. O contrário também é
verdadeiro: caso se consuma mais
alimentos do que se gasta em atividade
física, pode-se recuperar o peso.
Correto ainda, é realizar exame de
impedância bioelétrica, onde se observa a
composição corporal do indivíduo: total de
massa magra (livre de gordura), massa
gordurosa e massa aquosa, além de
detectar ossos e o gasto energético de
repouso, que nada mais é do que se
gasta de energia quando se está em
repouso. Para melhorar este valor,
somente com atividade física frequente e
programada. São dados importantes da
avaliação nutricional, que permitem ao
profissional ter subsídios para orientar um
paciente que por ventura, esteja com
peso indesejado na balança, mas por
excesso de tecido muscular e por isso
não obeso.

O último recurso é a reoperação


que transforma a Sleeve em uma espécie
de Fobi Capella, causando maior restrição
e menor absorção dos alimentos
ingeridos.
2.3. Cirurgia Fobi Capella

Esta técnica é conhecida como o


padrão ouro da cirurgia bariátrica, por ser
a mais utilizada mundo a fora. Tem um
componente de redução no tamanho do
estômago e outro componente de
redução na área de absorção intestinal.

É indicada para pacientes com IMC


acima de 35Kg/m2 obesidade grau II ou
severa com alguma doença associada
como pressão alta, diabetes mellitus,
apnéia obstrutiva do sono, ou para os
obesos mórbidos com IMC acima de
40Kg/m2, independentemente de ter ou
não alguma doença associada.

A evolução dietética para este


tratamento será:
c) Período pré-operatório: sem dieta,
apenas será realizada restrição
calórica a pedido do cirurgião.
d) Período pós-operatório: segue
orientação no capítulo 3.
- após 48h da cirurgia, assim que
retornam os movimentos
peristálticos, pode-se iniciar a dieta
líquida de 15 dias.
- 02 dias: dieta pastosa.
- 15 dias: dieta branda.
- a partir de 30 dias: alimentação
hipocalórica e hiperproteica.
Como há disabsorção, o paciente
operado deverá usar suplementos
nutricionais adequados para a sua
situação com bastante rigor.

Na prática profissional, se
percebem poucas complicações
nutricionais nos homens, mas mesmo
assim, precisam usar os suplementos e
serem submetidos às avaliações
periódicas.

Nas mulheres em idade


reprodutiva, ocorrem mais complicações
como anemias frequentes. Por isso,
atenção mulheres: qualquer alteração no
volume e frequencia do seu ciclo
menstrual deve ser comunicado à equipe.
Muitas pacientes que antes da cirurgia
não menstruavam, às vezes por serem
portadoras da síndrome de ovários
policísticos, passam a ter hemorragias
após o procedimento e precisam de ajuda
de seu ginecologista para adequar seu
tratamento.

Outro ponto importante para as


mulheres: aumento da fertilidade. Quem
acha que não vai engravidar tão
facilmente, engana-se. Busque antes da
cirurgia outro método contraceptivo,
exceto a pílula anticoncepcional (que não
será absorvida corretamente), para
prevenir-se, pois a gestação está contra
indicada nos primeiros dois anos do
período pós-operatório. Esta preocupação
toda se dá, para que a gestação seja
saudável e tranquila para mãe e bebê. A
gravidez em si, já gera demandas
bastante exageradas para a mãe. E se
você estiver debilitada, com anemia
intratável com suplementos de ferro via
oral, poderá ser candidata ao uso de ferro
endovenoso, ou mais gravemente à
transfusões de sangue. Para que tudo
corra bem, procure primeiro chegar no
seu peso ideal, esperar no mínimo 24
meses de cirurgia, estar com os exames
de sangue dentro da normalidade, e a
partir deste ponto, pense em aumentar a
família. Os profissionais que a atendem e
o bebê que nascerá agradecem.
A anemia também pode estar
relacionada à carência de cobre. Sua
dosagem sanguínea deverá ser realizada
periodicamente após a cirurgia. Muitas
vezes tenta-se corrigir a anemia ferropriva
somente com ferro e esta não cede. Por
isso uma avaliação com profissional
habilitado pode evitar muitos tratamentos
equivocados.

A queda de cabelo também é uma


queixa bastante comum entre as
mulheres operadas. Ela está basicamente
ligada à carência de nutrientes como a
vitamina A, biotina, zinco, ácido
pantotênico e proteínas, além de cistina,
cisteína, silício, glicina, prolina e ácidos
graxos essenciais. Tudo o que puder ser
dosado através de exames de sangue,
será feito, e o que não puder ser
mensurado, será utilizado baseando-se
na recomendação nutricional para aquele
nutriente específico. Este incômodo pode
acontecer a partir do terceiro mês após a
cirurgia e deve ceder assim que se iniciar
a suplementação correta, que deverá ser
planejada individualmente.

Para a queda de cabelo podemos


ter causas nutricionais relatadas acima e
não nutricionais aqui elencadas: fatores
estressores como febre alta, infecção,
cirurgia, trauma físico agudo, anorexia,
uso de medicamentos betabloqueadores,
anticoagulantes, anticonvulsivantes,
retinóides e imunizações.
Os operados podem trazer um
recorrente esquecimento, irritabilidade
constante, falta de foco e concentração
em suas atividades, o que pode deixar
muitos familiares desconfiados de uma
depressão crônica. O bom psicólogo que
trabalha com equipe multidisciplinar irá
primeiramente desconfiar de carências
vitamínicas do complexo B e D.
Investigará a presença de humor
deprimido, choro fácil, tristeza, avaliação
do tipo de irritabilidade, necessidade
maior de sono, motivação e presença de
depressão e outras doenças psiquiátricas
na família.
Alguns pacientes interrompem a
medicação psiquiátrica para se
submeterem à cirurgia bariátrica, assim
como todas as outras medicações. Isso é
importante, para entender que os órgãos
operados serão o estômago e o intestino
e estes devem estar limpinhos e em
repouso. Depois do procedimento estão
contentes por terem vencido uma grande
etapa e passam a festejar os quilos
perdidos. Nesse clima de comemoração
muitos não retornam às medicações
psiquiátricas e pensam estar livres de
seus problemas psicológicos. Mais tarde,
o corpo como um todo começa a reclamar
a falta da medicação.

A anemia provocada pela


deficiência de cianocobalamina se chama
anemia megaloblástica e gera todos os
sintomas semelhantes à depressão. O
tratamento crônico com esta vitamina via
oral pode corrigir o problema, ou em uma
situação aguda, pode-se usar a vitamina
B12 de forma intramuscular. Os
diagnósticos corretos devem ser feitos
para evitar confusão no tratamento. Dosar
a vitamina B12 (cianocobalamina) e a
vitamina B1 (tiamina) podem ser de
grande valia. A carência de tiamina pode
causar o beribéri bariátrico, já descrito
cientificamente, por causar confusão,
amnésia, confabulação (ambos síndrome
de Wernick – Korsakoff), acompanhado
de apatia, mudanças na memória,
formigamento em mãos e pés e
dificuldade de deambulação, resumindo
pode levar o indivíduo para uma cadeira
de rodas. Mais gravemente neuropatia,
edema e sintomas cardiológicos. Tudo
isso pela redução do peso e diminuição
da tiamina no sangue. Por isso, a grande
atenção para os acompanhamentos
periódicos com a equipe.

O hiperparatireoidismo secundário
também pode ser uma complicação após
a cirurgia bariátrica. Acontece
basicamente por deficiência de cálcio e
vitamina D. O hormônio da paratireóide
torna-se alto na corrente sanguínea e
passa a “roubar” cálcio dos ossos para
tentar aumentar seus níveis sanguíneos,
deixando-os frágeis e com risco de
fratura. Após verificar os exames
laboratoriais, com segurança usa-se
cálcio e vitamina D para a correção deste
problema.

Já a vitamina D, deve ser utilizada


na forma D 3. A carência prévia à cirurgia é
uma constante entre os candidatos ao
tratamento cirúrgico. E para tanto, os
pacientes já recebem esta suplementação
antes do procedimento na maioria dos
casos. A falta de exposição ao sol e de
fontes alimentares, são fatores comuns
que contribuem para a carência desta
vitamina. Sua deficiência é grave, pode
atrapalhar a perda ponderal, a fixação do
cálcio nos ossos, mas também prejudicar
o desempenho intelectual e ser fator de
aumento da incidência de vários tipos de
cânceres.
2.3.1. Sobra de pele

Aldaqal, SM et al (2013) num estudo


que selecionou 57 pacientes que
desenvolveram flacidez após a cirurgia
bariátrica constatou que a maioria desses
pacientes estava insatisfeita com sua
aparência após a perda de peso. As
regiões mais incômodas quanto à
aparência depois do emagrecimento
foram os braços (50%) e abdômen (45%).
As mulheres (36,2%) demonstraram-se
mais insatisfeitas que homens (24%) com
certas regiões do corpo. Os pacientes que
se submeteram à cirurgia plástica do tipo
contorno corporal tinham como
expectativa melhorar a aparência estética
(65,6%) e autoconfiança (64,1%). Esse
tipo de expectativa de melhor aparência
estética após o contorno do corpo é mais
comum entre as mulheres (70,58%) do
que entre os homens (46,15%).

A falta de percepção corporal faz com


que muitos acreditem que não
necessitarão de plásticas corretivas após
a cirurgia bariátrica. A maioria dos
pacientes que busca a cirurgia bariátrica
fez múltiplas dietas e ocupou diferentes
números na escala da balança bem como
diferentes manequins. Ao reestruturar
uma identidade física, esses indivíduos
demoram a se “convencer” de seu corpo
atual e vivem, entre o passado e o
presente como alguém que amputa um
membro e ainda continua a senti-lo,
embora tenham consciência de que não o
possuem mais. Existe um saber
consciente do atual corpo emagrecido,
embora haja uma “percepção subjetiva” e
incômoda da obesidade.

O medo do reganho de peso é um


fantasma comum entre as pessoas que
passaram pela experiência da cirurgia
bariátrica. Ao mesmo tempo em que
antes da operação houve a negação da
estética, após o procedimento há a
valorização estereotipada dela. A
recuperação de 10% do peso perdido,
considerada normal pela literatura é
motivo de ansiedade e início do ciclo retro
alimentador do reganho de peso.

É de nossa experiência que pessoas


de 180 kg cheguem a 70kg e entrem em
desespero porque engordaram 5kg. A
experiência é como a de alguém que já foi
sequestrado e passa a não suportar a
proximidade de ninguém estranho a meio
metro de proximidade. Todo o sistema de
luta e fuga fica acionado. Como diz o
sábio ditado popular “cachorro mordido de
cobra tem medo de linguiça”.
2.3.2 Fístula

Em entrevistas psicológicas é muito


difícil que o paciente assuma que sua
cirurgia esteja sendo buscada por
questões psicológicas e emocionais. O
aspecto social e psicológico ainda é
negado e escondido e faz parte da
vergonha que ninguém quer mostrar. Mas
no momento de abordar os medos e
temores, existem alguns que encabeçam
a fileira. Para aqueles que têm filhos
pequenos, o medo é de morrer na cirurgia
e deixar os filhos. Por ser uma cirurgia
eletiva, feita por opção e que implica em
uma série de obstáculos burocráticos, a
ansiedade tende a aumentar até o dia de
sua realização. Um número considerável
tende a ganhar peso nesse processo, a
não ser que a perda de peso seja
requisito para a sua realização.

O outro ponto de preocupação é a


queda de cabelo, abordado por mulheres
e a anestesia e a flacidez abordadas por
ambos os sexos.

A anestesia teve seus mitos


aumentados após acontecimentos com
pessoas famosas que, por causa de
procedimentos estéticos tiveram
complicações e foram a óbito. Todas as
equipes primam pela maior prudência.
Sabemos que as personalidades mais
obsessivas e controladoras são as que
têm mais dificuldades com o fenômeno da
entrega e do relaxamento. Dormir e
submeter-se são verbos intimamente
ligados ao procedimento cirúrgico. Daí a
necessidade da confiança plena no
cirurgião e na sua equipe, ou na crença
em um Ente Superior. Pessoas
descrentes ou mais desconfiadas são
mais propensas a sofrimentos psíquicos
quando se trata de entrega.
A preocupação não mencionada é a
fístula. Justamente aquela que atemoriza
toda equipe. A fístula poderia ser
explicada como uma abertura que permite
vazamento do conteúdo do estômago ou
do intestino para a cavidade do abdômen.

O dreno, que é um cano fino de


borracha que vai desde a costura interna
do estômago até a superfície da pele,
permite que uma possível abertura ou
vazamento seja anunciado. A fístula é
uma das causas de mortalidade da
cirurgia bariátrica e está descrita no
consentimento informado assinado pelo
paciente. Muitas pessoas, porém, não
leem o que assinam ou não perguntam o
que não entendem.

Com o uso do dreno, 90% das fístulas


são tratadas sem a necessidade de outra
cirurgia. Ao deixar o paciente sem
alimento via oral e o local da abertura
(fístula) livre, há uma tendência natural à
cicatrização. No período pós- operatório,
se não houver saída de líquido gástrico
pelo dreno em 10 dias, o dreno pode ser
retirado no consultório.
2.4. Cirurgia Duodenal Switch

Este procedimento é o que causa


mais disabsorção, ou seja, pode
promover o emagrecimento mais
velozmente, porém com mais
complicações nutricionais, mas com
menor risco de reganho de peso.

Clinicamente, são pacientes que


mais se queixam de diarreias frequentes,
às vezes incontidas, o que causam
grande constrangimento. O odor das
fezes é bastante fétido, exigindo um
banheiro exclusivo para o operado. Este
processo ocorre basicamente porque os
nutrientes não são absorvidos
adequadamente e são carreados
abruptamente pelo intestino grosso.

As pessoas com indicação para


esta técnica são os pacientes com padrão
alimentar rico em gorduras, normalmente
o padrão nutricional masculino,
consumidor de carnes e bebedor de
cerveja.

Sempre que o operado tentar


consumir estes alimentos, será
surpreendido com muitos gases e diarreia
bastante forte. O processo poderá servir
de aprendizado para que da próxima vez
se lembre deste desagrado e deixe de
ingerir esta qualidade de alimentos.

Além de todas as deficiências


citadas na cirurgia de Fobi Capella, têm-
se aqui deficiências das vitaminas que
são solúveis na gordura: vitaminas A, D,
E e K. Elas precisam ser dosadas de
rotina e corrigidas adequadamente para
evitar complicações mais graves como
cegueira noturna, diminuição da fixação
de cálcio nos ossos, o que pode levar à
fraturas de repetição, e
hiperparatireoidismo secundário.

A deficiência de vitamina D é um
achado mais do que comum na
população brasileira. Na prática
profissional, percebe-se que quase 90%
dos pacientes apresentam a deficiência
no período pré-operatório. Não se sabe
se esse é o padrão brasileiro, pois,
mesmo em estados ensolarados como o
nordeste, tem-se deficiência de vitamina
D em iguais proporções. Sol diariamente
sem protetor solar é indicado, no mínimo
15 minutos. Recomendamos antes das
10h e após as 16horas para andarmos
em sintonia com as recomendações dos
dermatologistas. Peles escuras precisam
mais tempo no sol, para melhor aproveitar
este nutriente. Porém, pesquisas
recentes, mostram que dependendo da
cor da pele, precisamos nos expor no sol
do meio dia para fixarmos a vitamina D. E
alguém se habilita a se expor no sol do
meio dia sem protetor solar?

Existem muito mais funções da


vitamina D, que nós desconhecemos e
que não se limitam a proteção dos nossos
ossos. Sua carência também pode gerar
alterações neurológicas e desencadear a
esquizofrenia. Precisamos ainda de
muitos estudos consistentes para usar
este nutriente com mais cuidado e
efetividade.
2.5. BANDA GÁSTRICA
AJUSTÁVEL:

A banda gástrica ajustável (LAGB),


é um processo cirúrgico, caracterizado
pela colocação de uma prótese de
silicone em forma de banda ou fita em
volta da parte de cima do estômago,
criando um estreitamento e
consequentemente um reservatório de
cerca de 30ml. O objetivo central do
procedimento, é causar saciedade
precocemente e diminuir a ingestão
alimentar. O processo pode ser revertido
ou modificado a qualquer tempo.

Por muitos anos foi utilizada com


sucesso, porém, entre os cirurgiões
brasileiros, foi lentamente abandonada,
devido à comparação feita com o Bypass
gástrico em Y Roux (Fobi Capella), em
que há uma perda de peso mais rápida e
satisfatória e, portanto, a escolha
preferencial do paciente. Mesmo que
demande mais complicações nutricionais,
já extensamente descrita em literatura.

Há muitos estudos recentes que


demonstram que a ingestão alimentar
após a colocação da LAGB diminui
drasticamente. Caso não haja reeducação
alimentar bastante eficaz, com adesão do
paciente ao tratamento, é comum
pacientes, que mesmo com ingestão
calórica reduzida, ainda consumam alta
quantidade de gordura saturada e não
atingem o mínimo da recomendação
dietética diária para os micronutrientes.
Há necessidade de uso de suplementos
nutricionais de micronutrientes,
acompanhamento nutricional periódico
para reavaliar a dieta, modificar a
qualidade e quantidade de nutrientes e
manter um bom ritmo de atividade física
para atingir resultados satisfatórios. A
evolução dietética é similar à cirurgia de
Fobi Capella, respeitando às nuances
individuais no volume calórico.

Os pacientes com LAGB precisam


de um acompanhamento bastante
permanente com a equipe que o atende,
para ser lembrado das orientações
nutricionais e promover a mudança
necessária nos seus hábitos diários para
evitar reganho de peso.

Pacientes com síndrome


plurimetabólica ou somente com diabetes
podem ser beneficiados com a LAGB.
Com a redução de peso, consequente da
minimização calórica, pode se normalizar
o metabolismo glicídico e diminuir a
circulação de células imunes pró-
inflamatórias.
3. Os transtornos Psicológicos e
Alimentares: quando comer vira
doença.

A obesidade está associada a


fatores psicopatológicos, como afirmam
Kubik, JK et al (2013). Entre os fatores
emocionais que mais aparecem como
relacionados ao peso excessivo, estão a
ansiedade, os transtornos do humor e a
baixa autoestima. Indivíduos obesos são
cinco vezes mais propensos a sofrer de
depressão maior que seus pares não
obesos. Sintomas de insatisfação com a
imagem corporal e baixa estima estão
intimamente relacionados com os índices
de depressão encontrados nessa
população. Os indivíduos que sofrem com
a obesidade severa têm maiores chances
de terem problemas nos relacionamentos
afetivos, maiores dificuldades intelectivas
por evasão escolar e dificuldades
relacionadas ao desenvolvimento da
carreira profissional.

Embora seja de difícil aceitação


para o próprio paciente, muitos dos
operados bariátricos admitem que suas
vidas mudaram consideravelmente após a
perda de quarenta por cento do peso
corporal, o que comprova que a
obesidade era um empecilho para a
evolução psicossocial normal.

As pesquisas mencionam a
depressão e o transtorno alimentar de
compulsão periódica como doenças de
maior prevalência na população de alto
IMC. A Escala de Comedor Compulsivo
foi aplicada por Grupski, A E et al (2012)
num estudo e avaliou em 78% a presença
de TCAP entre os candidatos à cirurgia
bariátrica. Mas, no dia-a-dia clínico com
pessoas que buscam o tratamento
cirúrgico da obesidade, a palavra mais
referida é ansiedade. Diferenciar a
ansiedade da depressão parece difícil
quando um pacote emocional se mistura
numa situação que envolve indivíduo,
grupo e sociedade. A ansiedade pertence
ao grupo das preocupações, temores e
expectativas, enquanto depressão
pertence ao grupo dos rancores,
desesperanças e melancolias. Cada um
desses afetos exige tratamento específico
e compreensão distinta. Nesses estados
psíquicos o comportamento alimentar
atua na tentativa de regulação do estado
de equilíbrio e recuperação da condição
do prazer.

Muitas interações químicas no


organismo são processadas para que o
sistema se mantenha em harmonia. O
desequilíbrio de hormônios,
neurotransmissores, sais minerais,
vitaminas e outras substâncias estão
sempre participando do estado de
"normalidade" e equilíbrio do ser humano.
Como numa empresa, se um setor é
afetado, todos os outros setores sofrerão
as repercussões.

Na tentativa de entender o ato


alimentar e as emoções vinculadas ao
comer, a psicologia tem como recurso a
escuta e a observação. A repetição dos
sintomas em diferentes pessoas faz supor
que existe algo de comum nas que
engordam. No cérebro humano,
estruturalmente igual a todos, circuitos
funcionam para que cada comportamento
seja emitido. Em exames específicos
como a ressonância magnética funcional
e tomografia por emissão de pósitrons, é
possível verificar o que ocorre no cérebro
enquanto ele está em funcionamento.
Esses instrumentos deram condições a
estudos modernos sobre a mente e como
ela opera.
Algumas maneiras diferentes dão
indícios de emoções que acompanham o
ato alimentar:

a) O comedor raivoso:

Raiva e/ou ressentimento no momento


do ato alimentar são sentimentos comuns.
São afetos difíceis de serem assumidos,
mas que às vezes aparecem no modo de
comer. A escolha é por alimentos que
façam barulho na boca e que requeiram
mordidas cortantes. O ato alimentar serve
de descarga da raiva que é impossível de
ser externada da forma desejada. Por
vezes aparecem frases explícitas como:
“- Comi de tanta raiva que eu estava!”
“- Comi para não enfiar a mão na cara
do sujeito!”
“- Comi para não perder o emprego!”
“- Como ou meu casamento acaba!”

Esportes costumam ajudar


pessoas que funcionam assim, pois a
energia impulsiva encontra vias de
externalização.

b) O comedor depressivo:

As escolhas alimentares tendem a ser


mais pastosas. Não há muita disposição
para mastigar. A pessoa encontra-se
desolada com autoestima baixa e não
acredita mais em si. A necessidade é por
alimentos que preencham e confortem
rapidamente. São pessoas que carregam
afetos regressivos e sentimento de
abandono.

c) O comedor ansioso:

É como se a comida fosse fugir e


faltar. Como se a pessoa já tivesse
passado restrições alimentares tantas
vezes que não pudesse deixar para
depois. O ato é acelerado num
comportamento de fuga. A consciência
não está presente. O pensamento está no
que irá ou poderá acontecer. Existe
excesso de expectativas. O indivíduo não
relaxa e não desliga.

d) O comedor oscilante:

É aquele que passa por períodos


acelerados e ansiosos e períodos
largados e depressivos. Esse indivíduo
come exageradamente tanto quando está
em festas e confraternizações que são
euforizantes, quanto quando deprime. Os
dois polos desencadeiam o
comportamento de comer sem fome e de
forma exagerada. Nos períodos
intermediários há tentativa de restringir a
ingestão alimentar para controlar o peso.

A cobrança social é um dos fatores


que interferem na autoestima e no bem-
estar do indivíduo e nos seus
relacionamentos interpessoais. A pessoa
obesa tende a se sentir excluída e sem
espaço na sociedade. Dependendo da
fase de vida em que a obesidade se
instala pode atrasar o desenvolvimento
emocional e social do indivíduo. Jovens
obesos se negam a continuar seus
estudos devido ao fenômeno do bullying.
Eles sofrem preconceitos na própria
família, não encontram vestimentas
apropriadas, assentos adequados ou
empregos e confirmam suas hipóteses
sobre seu desencaixe no contexto global.
Desencaixado, ele se isola, e isolado, seu
prazer mais acessível e barato é comer.

De acordo com a Companhia Dietética


Slimming World, dentre as 2.200 pessoas
abordadas, os homens tenderam a culpar
a bebida alcoólica pelo excesso de peso
enquanto as mulheres culparam o
chocolate. As mulheres se mostraram
mais afetadas emocionalmente por sua
aparência física quando ganhavam peso
e apenas uma em 17 se considerou bem
fisicamente. Enquanto 20% das
mulheres entrevistadas disseram ter
vergonha de seu tamanho, apenas um em
10 homens, com sobrepeso, se
preocupou com sua imagem.

Ao mesmo tempo em que mensagens


sobre dietas são bombardeadas em
revistas, com a exibição de corpos
esculpidos por técnicas de correção de
imagens, as lanchonetes e restaurantes
promovem a venda de porções cada vez
maiores a preços menores. O cérebro é
estimulado com mensagens contraditórias
na promoção constante do consumo.
Consumo da beleza e consumo da
comida.
No extremo da realidade, está o obeso
considerado mórbido, aquele que já
adoeceu de seu excesso de peso e
necessita de intervenções médico-
cirúrgicas para readquirir controle sobre
seus mecanismos de fome e saciedade.
Nesta condição, a obesidade deixou de
ser um problema estético e psicológico,
mas passou a ser condição de risco à
vida. É uma situação de saturação
sistêmica, em que o organismo todo
reclama por uma reorganização e
redistribuição energética. Neste estado,
as mudanças de estilo de vida são
cruciais, mas a cirurgia bariátrica veio
como recurso mais eficaz e imediato.

É possível dizer que hoje, existem três


categorias de status corporal: o gordo, o
magro e o operado. Com o passar do
tempo e a evolução das técnicas
operatórias, a quarta categoria está se
firmando e é formada pelos operados que
voltaram a ganhar peso.

A cirurgia bariátrica surgiu como


técnica operatória para salvar a vida de
pessoas cujo tratamento clínico constituía
em sofrimento excessivo. Eram grandes
os esforços em proporção aos poucos
resultados.
Os casos mais complicados eram
sempre encontrados entre aqueles que
tinham a gordura corporal localizada entre
o pescoço e a cintura, pois nesse espaço
se alojam os órgãos importantes para a
sobrevivência do ser humano. Abaixo da
cintura, mesmo que esteticamente não
harmoniosa, a gordura não ameaça a
saúde e permanece como sofrimento
psicossocial.

Embora a grande proporção de


pacientes bariátricos procure os serviços
de cirurgia pelos motivos relacionados a
complicações de saúde e prevenção aos
problemas sistêmicos futuros, a clientela
cirúrgica é movida pelo sofrimento
psicológico da obesidade. Após o
emagrecimento o discurso dos operados
se altera e muitos revelam que, perdido o
peso, o sofrimento psíquico em que
viviam foi determinante para a opção pela
operação. Muitos admitem temer a
recuperação do peso e citam as vivências
emocionais como as mais duras e
traumatizantes: a sensação subjetiva
relacionada a “ser observado” nos
ambientes sociais, em ter a “impressão de
que “estão falando de mim”, a consciência
de que a roupa fica “desajeitada”, a
percepção de que “as pessoas se
afastam” porquê gordo tem sudorese
excessiva e cheira mal.
A estruturação da personalidade é
marcada por associações entre
experiências e emoções a elas ligadas e
que marcam as lembranças e memórias
que constituem as diferenças entre as
pessoas. O modo como cada um
interpreta o que viveu passa pelas lentes
de seu funcionamento cerebral e,
portanto, psicológico. Duas pessoas que
viveram a mesma experiência não serão
marcadas da mesma forma.

Indivíduos que apresentam


predisposição ao consumo alcoólico ou
têm mecanismos de necessidade de
contínuos reforços, tal qual ocorrem nos
atos de beliscar alimentos, fumar,
comprar ou beber, e que são submetidos
a cirurgias bariátricas, parecem ter maior
tendência a desenvolver esses
comportamentos após a operação. Isso
ocorreria por diversos fatores, dentre os
quais a maior frequência de exposição a
ambientes sociais; a maior facilidade de
ingestão da bebida alcoólica pela sua
consistência; o menor volume gástrico
ocupado pela bebida; o prazer e alívio de
ansiedade provocado pelo álcool. Beliscar
alimentos de fácil dissolubilidade e fumar
são hábitos que agem sobre os mesmos
centros de reforço e recompensa no
cérebro.
Assim, as categorias de operados
bariátricos e bariátricos que readquiriram
peso, preenchem um campo de estudo
importante para a psicologia, para a
nutrição e para o campo da prática
esportiva. É difícil que operados
bariátricos sintam prazer na prática de
exercícios físicos uma vez que em sua
história a maioria associou dieta,
exercício, sacrifício, sofrimento e pouco
reforço. O exercício físico praticado sem
prazer é associado a hormônios de stress
constituindo em mais um estímulo a ser
compensado com alimentos ou outros
prazeres imediatos, como a cerveja ou o
chocolate depois da academia. Produtos
dietéticos também são vistos como
ineficientes ou de pouco auxílio.
Psicoterapia para manejo de stress
também é percebida sob a ótica da
inutilidade, dada que sua eficiência não
se prolonga para muito além da sessão
terapêutica.

O consenso tem sido de que, a


obesidade necessita de abordagem
multiprofissional na qual a cirurgia
bariátrica ocupa o braço central. Cabe ao
procedimento cirúrgico romper o ciclo de
estímulos negativos que estressam o
cérebro humano, possibilitar a saciedade
e a sensação subjetiva de controle.
Profissionais associados à preparação da
pessoa para o procedimento e à
manutenção dos resultados deverão ser
mantidos em contínua interação com o
operado. Os resultados e a manutenção
deles dependem de mudanças relacionais
com a comida, com as emoções e o
manejo diário do stress.

A obesidade começa no carrinho do


supermercado e acaba na academia. É
uma questão global de modo de se
relacionar com o mundo ao redor. É
compreender a correlação nutriente-
humor.

Sintomas qualificados como


depressão e irritabilidade pertinentes ao
período pós-cirúrgico em médio prazo
estão ligados a processos de deficiências
vitamínicas e não ao humor pura e
simplesmente. A ideia de que a cirurgia
bariátrica promove depressão,
infelicidade, tristeza, arrependimento deve
ser sempre reavaliada conforme a
aderência do paciente às recomendações
nutricionais. Existe culturalmente a ideia
errônea de que vitaminas provocam
aumento de peso, medicações
psiquiátricas provocam loucura. Ainda
haverá tempo até a extinção do
preconceito de que psicoterapia é coisa
de louco. Todas as atitudes terapêuticas
aqui citadas fazem parte do tratamento
cirúrgico para a obesidade mórbida.
Num estudo realizado por Lin, HL et al
(2013) foram recrutados indivíduos em
busca de tratamento para obesidade no
Hospital de Taiwan. O tratamento no local
era multidisciplinar e incluia recursos
cirúrgicos e não cirúrgicos como balão
intragástrico e disciplinas dietéticas com
medidas comportamentais. Embora não
seja do agrado de quem já se submeteu à
cirurgia, foi detectado que um número
significativo de pacientes que passou pelo
procedimento tem transtornos
psiquiátricos. Dentre eles, como foi
anteriormente citado está a ansiedade e
demais doenças desse espectro, os
transtornos de humor e transtornos
alimentares. Sendo assim, os autores
enfatisaram a necessidade de
acompanhamento no pós-operatório
devido ao impacto psicológico exercido na
vida da pessoa operada.

A detecção de possíveis necessidades


psicológicas ou
de apoio durante todo o curso do
tratamento é importante, disseram os
autores no estudo. Dos 1832 indivíduos
recrutados participaram do estudo 1744,
dos quais 455 foram para tratamento
cirúrgico e 442 foram encaminhados para
avaliação psiquiátrica após triagem. Pelo
menos 42% tinham no mínimo um
transtorno psiquiátrico e os quadros mais
prevalentes foram: 20,5% distimia (um
tipo de depressão crônica, mas não tão
profunda), 17,2% ansiedade
generalizada, 7,6% TCAP transtorno de
compulsão alimentar periódica, 7,2%
depressão maior, 2,5% desordens
comportamentais, 2,5% transtornos do
sono, 1,3 bulimia nervosa, 1,2%
transtorno bipolar, 1,1% problemas
mentais orgânicos, 1,1% outras
desordens psiquiátricas. As categorias
mais presentes foram 27,1% de
Transtornos do Humor,18,2% de
Transtornos Ansiosos e 8,6% de
Transtornos Alimentares que na verdade
estão sobrepostos entre si no tratamento.

Separados por tipo de alimento temos


os padrões alimentares descritos e
nomeados de uma forma não diagnóstica,
mas classificatória. Seriam:

 “Sweet eaters”: viciados em doces.

As pessoas viciadas em doces são em


geral aquelas que necessitam de prazer
extra. São pessoas que almejam através
do comportamento de busca de prazer
pelo alimento, aumentar a liberação do
neurotransmissor dopamina. O prazer
sentido com o alimento doce é de tal
dimensão que há elevação dos níveis de
satisfação e das emoções no sistema
límbico. Logo após o consumo excessivo
de açúcares e da elevação do humor, a
pessoa tem apenas as seguintes saídas:
ou repete a dose de consumo ou terá a
queda abrupta dos níveis de açúcar no
sangue, com sensações de sono, falta de
disposição e declínio do humor. No corpo
humano, não há como atuar sobre a dieta
sem afetar todo o desempenho do
organismo. É visível que muitos usem
desse padrão alimentar como método de
relaxamento da ansiedade e agitação
diária. Após uma refeição carregada de
carboidratos e açúcares refinados, o sono
se instala como uma bênção.

 “Night Eaters”: a síndrome do comer


noturno (NES)

É um transtorno que se apresenta com


aumento exagerado no consumo
alimentar no período do final da tarde
para a noite e /ou que envolve ingestão
noturna com episódios de despertar na
madrugada para comer. Muitas vezes a
pessoa se levanta para ir ao banheiro,
mas não volta à cama sem fazer um pit-
stop na cozinha e comer um carboidrato
recheado com muita gordura. Acreditava-
se que se tratava de um distúrbio do
sono, pois o indivíduo só conseguia
dormir após ingerir alimentos e
supostamente restaurar os níveis de
serotonina no cérebro. A NES está na
quinta edição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-
5) como um transtorno alimentar ou da
alimentação não classificada. Allison e
Berner (2013) desenvolveram um estudo
que correlacionou a obesidade ao NES e
mostrou que indivíduos de peso normal
com a doença apresentavam gravidade
mais pronunciada nos sintomas, quando
comparados aos obesos com o mesmo
diagnóstico. Foram relatados sintomas
alimentares noturnos mais graves,
incluindo mais espisódios de despertar
durante a noite, com desejos mais
intensos e ingestões noturnas mais
impulsivas. Indivíduos com peso normal
consumiram 50% da sua ingestão calórica
diária, após o jantar e chegaram a treze
despertares noturnos com dez ingestões
noturnas por semana. Em indivíduos com
sobrepeso e obesos com NES, foram
relatados consumo de 35% da ingestão
depois do jantar e experiência de cerca
oito despertares noturnos por semana e
onze ingestões noturnas.

 “Soft Eaters”:

São os comedores de papinha e


iogurtes. Quem já conviveu com
comedores compulsivos sabe que
existem aqueles que necessitam morder e
comer alimentos crocantes e aqueles que
dão preferência para alimentos pastosos.
Os soft eaters são aqueles que não têm
paciência com a mastigação, seja pelo
nível de pressa ou pelo grau de
depressão. No período pós-operatório,
em geral, são os que não têm paciência
com a mastigação e acabam por
adaptarem a alimentação a purês,
iogurtes, molhos espessos (ex:
estrogonofe), cremes, biscoitos diluídos
em café com leite, sorvetes, sopas
engrossadas com creme de leite. São
pessoas que optam por se entupir e
comem creme de pó de leite com água,
leite condensado, chocolate derretido,
coberturas de bolo, molhos salgados com
miolo de pão.

4. A bebida alcoólica: O vilão da


cirurgia bariátrica

Em relação à ingestão de bebidas


alcoólicas após a cirurgia bariátrica e
metabólica, é importante observar que
essa substância tem demonstrado estar
presente de modo diferente no dia-a-dia
do brasileiro e que essas mudanças
comportamentais afetam a visão atual do
que é beber socialmente. Segundo o
Levantamento Nacional de Álcool e
Drogas, o LENAD, as evidências têm
mostrado que o aumento na renda per
capita do brasileiro tem levado ao
aumento de consumo de bebida alcoólica.
Em 2006, metade dos brasileiros não
eram consumidores de álcool, e o abuso
dessa substância e sua dependência
eram altos entre seus usuários. Nos
últimos sete anos houve mudança nos
padrões dos usuários.

O Centro de Estudos de Drogas da


Universidade Santa Úrsula (CEDUSU), no
Rio de Janeiro, em parceria com a
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) mostrou que o início do consumo
alcoólico entre os jovens, diminuiu para
faixa etária de 14 a 16 anos. Ocorreu um
aumento do consumo entre garotas em
55% em comparação com os meninos da
mesma faixa etária, em 15%. A pesquisa
entrevistou 62 mil adolescentes com
idades entre 10 e 16 anos, em 16 estados
brasileiros.

Tendo em vista o panorama


brasileiro e a redução da idade autorizada
para cirurgia bariátrica de 18 para 16
anos de idade, do ponto de vista
psicológico e comportamental, é
importante alertar sobre os riscos do uso
de bebidas alcoólicas após os
procedimentos realizados para tratar a
obesidade.

Seguem, portanto as seguintes


considerações:

Pesquisadores da Universidade da
Carolina do Norte em Chapel Hill
mostraram que o neuromodulador
neuropeptídio-Y regula tanto o consumo
do álcool, quanto o apetite alimentar.
Sendo assim, todo paciente bariátrico
deve ter acesso à informação de que
seus mecanismos de fome serão
alterados pelo procedimento cirúrgico, e
que existem mais hormônios,
neurotransmissores e neuromoduladores
envolvidos nos apetites. Além disso,
existem os mecanismos de equilíbrio
energético e os processos envolvidos no
prazer e recompensa.

Algumas investigações sugerem que


padrões fisiológicos que interferem na
expressão genética do cérebro da
recompensa após a cirurgia tipo Fobi
Capella, levam diretamente ao aumento
da ingestão de álcool em ratos, e induzem
alterações neurobiológicas em circuitos
cerebrais que interferem numa variedade
de comportamentos apetitivos.

Obsessões-compulsões e transtornos
relacionados envolvem uma lista de
doenças nas quais sistemas de
neurotransmissores serotoninérgicos
específicos, e provavelmente
dopaminérgicos, entre outros, parecem
tornar-se hiperativos. Sendo assim, o
termo substituição de compulsão parece
inadequado. Existem casos em que o
transtorno permanece na forma original, o
que determina o reganho de peso,
preocupação de cirurgiões, profissionais
multidisciplinares e pacientes.
Jen et al (2013) mostraram que
transtornos alimentares são mais comuns
entre pessoas que sofrem de transtorno
bipolar do que na população em geral. A
maior prevalência foi demonstrada no
sexo feminino. Os transtornos de
ansiedade, abuso / dependência de álcool
e comportamento impulsivo foram
independentemente associados com
transtornos alimentares. Pacientes com
Transtornos Bipolares de Humor devem
ser regularmente testados para
transtornos alimentares, transtornos de
ansiedade e uso de álcool.

A disfunção do lobo frontal (região


cerebral que coincide com a testa)
desempenha um papel importante nas
dependências. Sugere-se que essa região
é associada com a perda de controle
sobre os comportamentos de consumo
em geral. Essa disfunção aparece no
comer impulsivo, no comportamento
alcoólico, na cleptomania, e nos
comportamentos explosivos entre outros.

Embora não haja previsibilidade


comportamental, é dever do profissional
da área salientar para riscos ligados à
genética familiar, para transtornos do
humor, transtornos da ansiedade, abuso
de substâncias e outras inclinações.
Também é dever do profissional de saúde
ressaltar a ligação entre obesidade e
fígado cirrótico, para que a pessoa em
questão tenha conhecimento dos lucros
obtidos com o procedimento realizado,
não vindo a reencontrar os prejuízos por
outras vias.

Grande parte da população tratada


cirurgicamente ainda pertence à clientela
que teve seu eixo de comunicação
hormonal gastrointestinal- encefálico
prejudicado pelo uso de inibidores do
apetite. O uso de anfepramona,
dietilpropiona, femproporex, fenfluramina,
metformina e mazindol, bem como o de
hormônios da tireóide em larga escala
levaram a disfunções da fome e
saciedade, apetite e plenitude. Devemos
levar em consideração ainda aqueles que,
com transtornos psiquiátricos, fizeram uso
desse tipo de substâncias e agravaram
também mecanismos nervosos.

Estudos recentes têm mostrado que a


forma como o estômago percebe e
informa o cérebro sobre sua plenitude e
satisfação pode estar danificado em
pessoas obesas e não voltar ao normal,
mesmo que venha a perder peso. Esta
constatação veio da Universidade de
Adelaide. Isto poderia justificar o por quê
a maioria das pessoas que perde peso
em uma dieta, eventualmente, recupera
mais tarde o montante perdido.

Tendo em vista que o emagrecimento


promove maior qualidade de vida e
desempenho das funções básicas para a
autonomia, a tendência é que o
isolamento social seja reduzido. A
exposição da pessoa emagrecida a
ambientes sociais em que comida e
bebida sejam servidas aumenta
consideravelmente. A tendência ao
consumo de alimentos pastosos ou
líquidos que não necessitem de muito
empenho na mastigação, e permitam a
divisão da atenção entre o grupo e o ato
de consumo tende a ser favorecido.
Pacientes que comem distraídos tendem
a ter problemas na deglutição, engasgos,
soluços e regurgitações. Os alimentos
líquidos não requerem mastigação,
permitem convívio social sem exclusão do
grupo e não constrangem num primeiro
momento.
Como a sociedade atual preza pela
saúde, a SBCBM (Sociedade Brasileira
de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) não
recomenda que pessoas que passaram
pelo tratamento cirúrgico da obesidade
façam uso de bebida alcoólica, e quando
o fizerem respeitem a sinalização do
acompanhante, caso sejam advertidos
sobre a mudança no comportamento.
Em casos de histórico anterior de uso
alcoólico, a abstinência é solicitada para a
cirurgia bariátrica e a recomendação é
que não retorne ao hábito de beber.
5. Variações sobre o tema sexo:

Mason et al (2013), num estudo


retrospectivo com 57.000 mulheres,
através do instrumento de entrevista de
enfermagem NHSII, encontraram íntima
relação entre obesidade e experiências
de abuso físico e sexual. O tipo de
obesidade encontrada foi àquela
relacionada ao consumo de alimentos
como droga e substância de conforto. As
obesas foram as que relataram o dobro
do número de abusos, em relação ao das
mulheres que não sofreram abuso na
infância ou adolescência.

Embora não se possa estabelecer


uma linearidade causal entre abuso e
obesidade ou consumo alimentar
compulsivo ou adição alimentar, a
sugestão é que as investigações prestem
maior atenção nesse fator, a saber,
histórico de abuso na infância e
adolescência.

Por considerar-se um fato mais


comum na população menos favorecida,
psicólogas jovens da rede pública da
região metropolitana de Curitiba, Ghizoni,
C e Sabóia ,F. (2013) supervisionadas por
Marchesini, S relataram frequente abuso
sexual em mulheres de baixa camada
social que buscam cirurgia bariátrica no
Hospital São Lucas de Campo Largo-PR.
Nessas mulheres foi frequente o
diagnóstico de Transtorno Bipolar tipo II
com antecedentes familiares de
alcoolismo e histórico de tentativas de
suicídio. Os sintomas mais frequentes
foram a irritabilidade, o comportamento
explosivo, a presença da raiva, a
vitimização e a necessidade de burlar as
normas.

Na clínica privada, o relato de


abuso sexual é menor em comparação
com os relatos observados em
populações mais carentes. Estudos
científicos terão de ser delineados para
que a afirmação passe a constituir
ciência.

Mauro et al (2008) permite afirmar


que o abuso sexual foi associado na
população de pacientes bariátricos como
motivo de baixa perda de peso ou
sabotagem dos esforços de sucesso do
procedimento. Pela perspectiva de King
(1997), a vivência de tal experiência
colocaria em risco a pessoa na medida
em que ela viesse a se tornar
sexualmente desejada e haveria aumento
dos níveis de estresse. A partir dos níveis
mais altos de estresse e do medo, haveria
recidiva da psicopatologia. As
experiências relacionadas com o abuso
podem ressurgir como ameaça após a
redução de peso bem sucedida. A
identificação de pacientes que sofreram
de abuso sexual pode melhorar as
chances de proteção psicológica via
psicoterapia, terapia de apoio, tratamento
psiquiátrico antes e durante o processo
de emagrecimento com o tratamento
cirúrgico da obesidade.

Com a regulação dos hormônios


que acontece à medida que se processa
o emagrecimento, é comum que
fertilidade e função sexual se equilibrem.
Mas nem sempre função sexual e desejos
estão em congruência. Uma mulher
insegura pode ter desejos mais intensos
impulsionados pelo medo de perder o
companheiro, mas não ter sua função
sexual em ótimo desempenho. Um
homem pode ter seu desempenho sexual
melhor com uma mulher obesa que não o
ameace psiquicamente em comparação e
traição e ter ejaculação precoce com uma
mulher excessivamente desejável.

Hormônios, neurotransmissores,
imunologia se equilibram e interagem sem
que tenhamos plena consciência do que
fazem conosco e nossos pensamentos
com eles. Mas de modo geral, o aumento
da autoestima no período pós-operatório,
tende a melhorar o desempenho sexual
dos pacientes como um todo, até que
haja confronto com excesso de pele com
formação de fungos, flacidez em demasia
e frustração das expectativas idealizadas.

Rand et al (2013) observaram num


estudo com 54 pacientes com obesidade
mórbida, que antes da cirurgia bariátrica
consideravam o casamento bom, apesar
de terem mais problemas no grupo
controle. Passado um ano do
procedimento, a maioria ainda avaliou o
casamento como tão bom quanto antes e
relataram melhores relações com os seus
cônjuges. Houve melhoria no
funcionamento sexual. Três anos após a
cirurgia (n = 30 /16.2%) relataram
aumento da harmonia conjugal e houve
equiparação à satisfação do grupo de
comparação. O funcionamento sexual
entre os casais continuou a melhorar, à
medida em que o tempo avançou. A taxa
de divórcio durante os três anos, no
entanto, foi um pouco mais elevada, em
especial nos casamentos originalmente
perturbados antes da cirurgia.

Com a atual experiência em


tratamento cirúrgico para a obesidade, as
implicações do divórcio para a decisão de
realizar a cirurgia são discutidas nas
entrevistas do período pré-operatório.

- Autoestima: os novos
mecanismos de manejo do stress para
não recuperar peso precisam ser
desenvolvidos para que a gratificação
através do alimento não seja recurso de
primeira escolha; a comida não seja um
modo de permanecer ocupado num
processo de escape de reflexões mais
profundas e dolorosas; que o alimento
não seja recurso afetivo e companheiro
de momentos solitários como ocorre com
a bebida para pessoas excessivamente
reflexivas.

- Condições de Emprego e gestão


pessoal: o manejo de novas
oportunidades e relações de trabalho
tende a aumentar à medida que houver
melhor apresentação pessoal, melhor
autoestima e confiança pessoal. Esses
componentes fazem parte do Personal
Branding, a maneira com a qual alguém
vende sua imagem. Vender o peixe podre
é para quem não gosta do seu produto ou
não quer vendê-lo.

- Relacionamento Conjugal e
Social: como anteriormente citato,
conflitos de ciúmes acontecem à medida
que o operado é elogiado e enaltecido
como herói de sua conquista. O parceiro
sente-se excluído das relações. Uma vez
que a autoimagem passa a ser mais
congruente com a personalidade e a
autoestima, mais tempo é dedicado para
o afeto e a produção de “si mesmo”. Esse
tempo direcionado ao próprio eu e que
era antes depositado no outro (marido,
filhos, cães, colegas de trabalho, clientes,
pais etc) volta a ser investido no prazer
auto direcionado. Socialmente
interpretado como egoísmo ou
egocentrismo, o amor voltado a si próprio
é mal visto e muitas vezes tomado como
rejeição. Na relação conjugal gera
desconfianças quanto a um terceiro na
relação.
- Capacidade de aprendizagem
contínua, adaptação e complacência:
mudanças contínuas em novos contextos
e adaptações são necessárias no
cotidiano. Foi através de adaptações que
nossa espécie evoluiu e todos somos
capazes de adaptação ao bom e ao ruim.
É preciso reformular ideias e adaptar
comportamentos, mas de forma
consciente, para não sermos pegos à
adaptação ao ruim por si só.
6. ESCLARECIMENTOS GERAIS:

1. Por quê preciso fazer a consulta


Nutricional quando quero eliminar
peso?

A consulta nutricional vai auxiliá-lo no


processo de reeducação alimentar e na
orientação para evitar possíveis
deficiências nutricionais em qualquer dos
tratamentos, seja clínico ou cirúrgico.

2. Por quê preciso fazer a consulta


Psicológica?

Lurey (2013), da ASMBS disse, em


um artigo sobre entrevistas psicológicas
para cirurgia bariátrica, que as únicas
cirurgias em que a avaliação psicológica
eram exigidas nos EUA eram a cirurgia
de redefinição sexual e a cirurgia
bariátrica. Essa decisão tinha como base
a irreversibilidade do método e a
alteração sobre a auto percepção e a
imagem social do indivíduo a elas
submetido. Quanto à irreversibilidade,
sabemos que existe a possibilidade
parcial de algumas técnicas bariátricas
(bypass em Y-de-Roux e banda
laparoscópica), mas outras são
irreversíveis. As sequelas da mudança
constante de imagem corporal parecem
lesar o psiquismo que não consegue ter
estabilidade nem no corpo, nem no
humor.

3. Por que continuar com o


atendimento psicológico se já
emagreci?

As transformações corporais ocorrem de


forma mais acelerada que as
transformações operadas na imagem
interna, mental do corpo. O que acontece
no corpo muda a percepção que a pessoa
tem de si mesma e a impressão que
causa nos outros. A cirurgia ocorre no
período de uma hora e trinta minutos,
mas o psiquismo não muda num período
tão curto. A beleza e a autoestima sempre
foram em nossa cultura elementos de
auto conceito, atribuição de valor, cortejo,
ciúmes e inveja, tanto nas famílias quanto
nos ambientes de trabalho. Dinâmicas
relacionais intra e intergrupos são
afetados por comparações entre corpos
que se enfeitam, e é fato que a cirurgia
bariátrica afeta a vaidade humana.

Um dos pontos de maior relevância é a


mudança de comportamento. Por quê?
Por que o comportamento humano é
resultado do jeito que cada um de nós
funciona e não está separado da
personalidade. Como podemos mudar a
visão de que comer e ver a vida faz parte
de uma mesma pessoa? Veja a tabela
sobre a incidência de transtornos mentais
em pessoas que buscam tratamento para
obesidade em Centros de Tratamento
Cirúrgicos:
4. Devo fazer dieta antes da cirurgia?
Depende. Caso você tenha um índice de
massa corporal muito alto e o cirurgião
considere necessária a perda de peso
antes da cirurgia para diminuir os riscos
cirúrgicos, será necessário um programa
individualizado para você atingir seu
objetivo em tempo hábil.

Se do ponto de vista psicológico parece


produtor de ansiedade reduzir o cardápio
no período pré-operatório e o peso antes
da cirurgia bariátrica, o que se tem
observado em algumas pessoas é a
maior segurança. O senso de controle,
poder e motivação têm grande efeito
sobre a autoestima e firmeza pessoal
para transitar pelo processo que virá. O
fato de conseguir tirar o refrigerante ou
chocolate, constitui um ato de controle
sobre o próprio comportamento e produz
perda de peso considerável em pessoas
com peso excessivo.

5. E o jejum antes da cirurgia é de


quantas horas? 12 horas.

6. E quando vou voltar a me alimentar


após a cirurgia bariátrica? Não vou
sentir sede?
Normalmente o jejum deve ser de 48 a
72 horas após a cirurgia. Você só poderá
iniciar a dieta com a liberação do seu
médico. Neste período você ficará
hidratado com soro. Pode molhar a boca,
mas nunca engolir a água. É ideal que
você faça várias vezes a higiene bucal
para manter a boca úmida. Você pode
sentir a sensação de sede, porém você
estará hidratado com o soro. É a vontade
de fazer o que não será possível naquele
momento.

6.2. 1ª FASE DA DIETA NO


PERÍODO PÓS
OPERATÓRIO:

DIETA LÍQUIDA

7. Quando o médico permitir, como


será a minha alimentação?
Será de líquidos. Esta dieta líquida
objetiva fornecer os nutrientes de uma
forma que exija o mínimo de esforço na
digestão e absorção para favorecer a
cicatrização interna. A dieta líquida não
tem por objetivo reduzir peso, e sim
favorecer a cicatrização interna do
estômago e intestinos.
8. Qual da quantidade de líquidos que
se deve tomar e em quanto tempo?
O ideal é oferecer pelo menos 200ml a
cada 2 horas. Tome lentamente 50ml de
qualquer um dos líquidos a cada meia
hora ou até antes disso se tiver
tolerância para a técnica de Fobi Capella.
Beba bem devagar. Para as técnicas de
Duodeno Switch e Sleeve, o volume é de
100ml a cada meia hora.

9. Por quanto tempo devo permanecer


em dieta líquida?
Por 15 dias. No âmbito emocional
podem ocorrer questionamentos nos
primeiros dois dias sobre a validade de ter
se submetido ao procedimento. É uma
fase em que os custos são evidentes,
mas os benefícios não apareceram. A
energia empregada na rotina de exames
e liberação de guias, e mais expectativas
com cartas de recomendações cai. Há um
relaxamento quase depressivo. A
ausência da mastigação produz
ansiedade e não há descarga do
movimento da mordida. A memória
alimentar existe, embora não haja fome.

10. Posso usar água com gás ou


refrigerante zero?
Não, porque estes líquidos distendem a
barriga, provocam gases e desconforto,
além de conter alto teor de sódio e
nenhum valor nutricional.

11. O suco de frutas deve ser coado


e como?
Sim. É importante diminuir a quantidade
de resíduos. Use uma peneira fina que é
o suficiente.

12. Por que as frutas ácidas são


proibidas?
Porque a acidez destas frutas pode
aumentar a secreção ácida do estômago
e provocar dor.

13. Se a quantidade de líquidos é de


50 ml a cada meia hora, como
resolver se fizer um suco e seu
resultado ultrapassar este volume?
Quando você espreme uma laranja lima
no espremedor é natural que seu volume
de suco ultrapasse 100ml. Caso você
misture a laranja lima com couve por
exemplo, seu volume chega facilmente
em 200ml.

Você pode tomar um suco num período


máximo de até 02 horas sem perder em
demasia os nutrientes. Portanto, pode
tomar lentamente o volume total de 50 em
50 ml.

14. Por que não posso usar líquidos


com açúcar?
Para evitar a chamada síndrome de
“dumping” que é o esvaziamento mais
rápido do estômago. O açúcar sozinho ou
acompanhado de gordura não é digerido
totalmente e vai diretamente para o
intestino. Este processo rápido pode gerar
sintomas precoces (logo após a ingestão),
que ocorrem logo após a ingestão do
alimento doce ou com gordura e tardios
(após 03 a 04 horas da ingestão) que
podem ocorrer um ou mais dois seguintes
sintomas: náuseas, vômitos, diarreia, dor
de barriga, sudorese, rubor (a pessoa fica
vermelha), batimentos cardíacos
acelerados (taquicardia) e até desmaio.

Por quanto tempo não posso usar


alimentos com açúcar?

Pelo tempo mínimo de 06 meses.

15. Como posso usar a gelatina


dietética?
Pode usar na consistência de gelatina.
Prepare com mais água, por exemplo,
300 ml de água quente e 300ml de água
fria e depois coloque nos copinhos de 50
ml. Sirva-se com colher, pois ela derreterá
na sua boca.

16. E se eu tenho intolerância à


lactose, como posso usar leite?
A intolerância à lactose pode ocorrer,
inclusive após a cirurgia da obesidade.
Para manter a ingestão de proteína rica
em cálcio que vem deste alimento,
procure os leites SEM LACTOSE como
Zymil ou Frimesa 90% de lactose ou
Piracanjuba. Eles são semi-desnatados,
mas serão bem aceitos neste momento.

17. Na dieta líquida já posso usar


suplementos nutricionais? E onde
posso encontrá-los?
SIM. Nesta fase indicamos suplementos
específicos em líquidos ou em pó de
acordo com orientação individual.

18. E se meu intestino não


funcionar?
Você poderá usar o suplemento de
fibras solúveis e insolúveis.

19. Eu posso usar bebidas


alcoólicas na dieta líquida?
JAMAIS. O álcool tem 07 Kcal por grama
de álcool e, além disso, diminui muito a
absorção de vitaminas e minerais. As
bebidas alcoólicas são proibidas pelo
período de 06 meses após a cirurgia.

20. Como posso elaborar meu


cardápio de dieta líquida?
Sempre tente usar todos os líquidos
que foram sugeridos pela Nutricionista,
porque cada um tem uma função
importante para o seu organismo.

6.3.3ª FASE DA DIETA: PASTOSA E


BRANDA

21. Como será a dieta pastosa?


Serão apenas dois dias de alimentos
liquidificados como papa de bebê.

22. Assim que terminar os 02 dias


de dieta pastosa como devo me
alimentar e por quantos dias?
Serão 15 dias de alimentos cozidos e
amassados que permitirão uma melhor
digestão para seu novo estômago. Nesta
fase você não usará nem peneira, nem
liquidificador, apenas usará alimentos
cozidos e amassados no seu prato. Use
pratos e talheres pequenos.

6.4.4ª FASE DA DIETA: NORMAL


23. E após a dieta branda?
Nesta fase, você poderá usar
alimentos em consistência crua ou cozida,
o que denominamos dieta normal.

6.6. A IMPORTÂNCIA DOS


NUTRIENTES PARA A SUA SAÚDE:
QUAIS SUAS MELHORES FONTES E O
QUE SUA CARÊNCIA PODE CAUSAR

A base da pirâmide alimentar para


bariátricos ressalta a importância da
atividade física frequente (você só iniciará
a atividade física após a orientação do
seu médico) e também do uso de
suplementos nutricionais com vitaminas,
minerais e proteínas que vão ajudá-lo a
evitar queda de cabelo, unhas
quebradiças, alterações na pele, cansaço
e anemias. Os suplementos em
comprimidos serão prescritos a partir da
dieta pastosa (2ª fase da dieta) e devem
ser usados permanentemente. Sempre
que você fizer novos exames de sangue,
todos os parâmetros nutricionais serão
reavaliados e seus suplementos podem
ser mudados.

O segundo degrau da pirâmide


refere-se às proteínas ricas em ferro
(carnes, frango, peixe, ovos, fígado) para
as refeições de almoço e jantar e ricas em
cálcio (leite e derivados) para as refeições
de café da manhã e lanches: são
necessárias para o crescimento do corpo
e reparação de tecidos. São componentes
dos músculos, precursores de enzimas,
proteínas circulantes, anticorpos e
hormônios. Prefira as carnes magras,
sem a gordura visível, derivados do leite
pobres em gordura como queijo branco,
ricota, cottage. Importante: não usar as
fontes ricas em ferro, junto com as fontes
ricas em cálcio, porque você pode
prejudicar a absorção de ferro e cálcio.
Para as proteínas algumas perguntas
comuns:

24. Mesmo estando acima do meu


peso ideal, eu posso estar
desnutrido?
Sim. Uma ingestão inadequada de
proteínas poderá causar desnutrição
proteica que pode acontecer após cirurgia
bariátrica. Ou seja, você pode estar fora
de seu peso ideal e com poucas reservas
proteicas. Isto ocorre devido à perda
intensa de massa muscular após a
cirurgia, sendo que nós temos músculos
em braços, pernas, mas também em
órgãos vitais como coração e pulmão que
precisam de musculatura para funcionar
adequadamente. E isto pode
desencadear um quadro de desnutrição
grave se não for tratado.

25. Mas eu não consigo comer


carne: será que minha saúde será
prejudicada por isso?
Sim. A falta de proteínas pode
dificultar a cicatrização, provocar
diminuição da massa muscular do seu
corpo, podendo prejudicar o
funcionamento de órgãos vitais como
coração, pulmão e causar desnutrição
grave. O importante é que você tenha
paciência para mastigar bem os
alimentos, porque dependendo da técnica
cirúrgica utilizada para você, há uma
diminuição grande das secreções
digestivas no seu “novo estômago” o que
dificulta muito a digestão das carnes.
Ideal é usar carnes mais finas e mal
passadas, cortadas em pequenos
pedaços de um centímetro. Exatamente
como fazemos com crianças pequenas
que não possuem dentes suficientes para
mastigar bem os alimentos.

O vegetarianismo pode ser um fator


de desnutrição em pacientes com cirurgia
bariátrica. Há pelo menos 10 anos, a
técnica cirúrgica utilizava um anel em
volta na anastomose, o que dificultava e
muito a ingestão de carnes. Os pacientes
se queixavam constantemente de que as
carnes eram impossíveis de serem
digeridas. A queixa tinha fundamento,
porque além deste complicador, há uma
diminuição sensível nas enzimas de
digestão das proteínas. Por isso, muitos
optavam por sugar o sumo da carne e
jogar fora o bagaço. Esta atividade, no
mínimo era constrangedora para uma
pessoa fazer mesmo diante de sua
família, pior ainda, em uma festa diante
de estranhos.

Por este motivo, muitos operados


deixaram de comer carnes, acreditando
também que esta medida seria mais
saudável para a sua recuperação.

Com o passar dos anos, houve um


consenso entre os cirurgiões bariátricos
de que o anel seria desnecessário para o
sucesso cirúrgico. Hoje se percebe que
os operados comem mais carne, mas
mesmo assim com a orientação de
mastigarem muito bem, cortarem em
pedaços pequenos e dar preferência para
as carnes mal passadas, que ficam mais
macias.

Mesmo assim, muitos optaram por


deixar as carnes e demais produtos
animais de lado. Porém, somente estes
alimentos possuem a vitamina B12, que é
essencial para evitar a anemia
megaloblástica e todos os sintomas
neurológicos inerentes à deficiência.

Depende da restrição, muitos


pacientes ficam depletados. Os
lactoovovegetarianos ainda podem ter
alguma vitamina B12 no seu dia a dia.
Porém um vegano (que não usa nenhum
tipo de proteína animal), pode sim
desencadear a desnutrição proteica
grave, com necessidade, inclusive de
internamento hospitalar para receber
nutrição parenteral (diretamente na veia).

O terceiro degrau da pirâmide


alimentar refere-se às Vitaminas, Minerais
e Fibras: promotores do equilíbrio das
reações químicas do corpo, cicatrização,
antioxidante, componente da pele, ossos
e auxiliam na digestão. Use verdes (ricos
em folato) que protegem contra as
anemias e amarelos e vermelhos (ricos
em vitamina A) que protegem cabelo,
pele, olhos, unhas. Ex. frutas e verduras
bem coloridas.

26. O que as vitaminas e minerais


podem proporcionar ao meu
organismo e quais as suas fontes?
Ressalta-se a importância de
vitaminas e minerais, tendo-se em vista,
que pacientes que reganham peso,
normalmente apresentam graves
deficiências destes micronutrientes. É
constatada na prática a baixa qualidade
nutricional e a alta densidade calórica no
hábito alimentar dos pacientes que
reganham peso.

 Vitamina A:
É solúvel na gordura (lipossolúvel), é
essencial para a visão, crescimento e
desenvolvimento ósseo, diferenciação
dos tecidos, na reprodução humana e na
integridade do sistema imune.
Sua deficiência pode gerar cegueira
noturna, pele áspera e seca (braços e
coxas) e seu efeito tóxico pode provocar
alopecia (queda dos cabelos), fraqueza,
dor de cabeça, unhas frágeis, inflamação
nas gengivas, irritabilidade, falta de
apetite.
Fontes: fígado, leite, ovos, óleo de peixe,
vegetais folhosos verdes-escuros e
legumes e frutas amarelas como
damasco, melão, pêssegos, mamão,
manga e verdes como espinafre, couve,
dentre outros.

 Vitamina D:
É solúvel na gordura (lipossolúvel)
e está envolvida na mineralização óssea
por estimular o transporte ativo de cálcio
e fósforo do intestino e mobilização óssea
de cálcio e fósforo para o sangue. Atua
também no sistema imunológico, nas
funções cardiológicas, cerebrais e na
secreção de insulina pelo pâncreas. Sua
deficiência pode gerar fraqueza muscular,
raquitismo, osteomalácia, diminuição do
cálcio e do fósforo, e seu efeito tóxico
pode desencadear diarreia ou obstipação,
tremores, dor de cabeça, excesso de
urina, náuseas e vômitos. A deficiência
de vitamina D pode exacerbar os casos
de osteoporose em adultos e raquitismo
em crianças. Por isso tomar sol
diariamente é a melhor fonte de vitamina
D e pode evitar complicações
importantes.

A vitamina D tem poucas hipóteses


de se tornar tóxica no corpo, pois quando
a pele não transforma o colesterol
presente em vitamina D inativa (só é
ativada no figado e rins), os raios solares
naturalmente destroem a vitamina.

A vitamina D é um hormônio
esteróide e sua síntese inicia com o
colesterol. Isto ocorre quando a forma 7-
dehidro do colesterol vai para a pele e
interage com os raios ultravioletas.

Fontes: leite e derivados.

Vitamina E:

É solúvel na gordura (lipossolúvel)


e tem ação antioxidante impedindo as
reações causadas por radicais livres;
complementa a ação do selênio; protege
as células vermelhas do sangue. Sua
deficiência pode causar dores
musculares, anemia, alterações no
fígado, diminuição da formação de
espermatozóides e seu efeito tóxico pode
causar náuseas, dor de cabeça, cansaço
e diminuição do açúcar sanguíneo
(hipoglicemia).
Fontes: amendoim, óleo de gergelim,
sementes de girassol, manga, abacate.

 Vitamina K:
É solúvel na gordura (lipossolúvel)
e é responsável pela coagulação
sanguínea, sendo necessária para a
síntese no fígado de várias proteínas
envolvidas nesta atividade. Também é
essencial na formação óssea. Porém,
para pessoas com trombose, em uso de
anticoagulantes sua ingestão deve ser
limitada.
Sua deficiência pode provocar
hemorragias e seu efeito tóxico pode
causar doenças no fígado e anemia.

 Vitamina B1 (tiamina):
É solúvel em água (hidrossolúvel) e
está envolvida na transmissão de
impulsos nervosos. Sua deficiência pode
causar a síndrome de Wernicke-Korsakoff
(distúrbios neurológicos e
cardiovasculares), beribéri (cãimbras
musculares, edema de face e
extremidades, falta de apetite, confusão
mental), cardiomegalia (aumento do
tamanho do coração), paralisia periférica,
irritabilidade, depressão, perda de apetite,
obstipação intestinal, taquicardia
(aumento dos batimentos cardíacos),
dispneia (dificuldade de respiração),
palpitação. A tiamina tem funções
importantes como proteção do sistema
nervoso central e periférico. A carência da
tiamina pode provocar perda de memória,
alteração da marcha (dificuldade para
caminhar), alterações cardiológicas,
respiratórias, confusão mental, dificuldade
para enxergar letras miúdas, fotofobia
(aversão à luz).
Fontes: farelo de arroz integral, gergelim
tostado, carnes vermelhas, fígado,
legumes, levedo de cerveja, gérmen de
trigo, leite, gema de ovo, castanha-do-
pará, semente de girassol, noz pecam,
pinhão.

 Vitamina B2 (riboflavina):
É solúvel em água (hidrossolúvel) e
é importante para o metabolismo dos
açúcares, das gorduras e das proteínas.
Sua deficiência pode desencadear
neuropatia, anemia, glossite (inflamação
na língua), estomatite (lesões nas laterais
da boca ou rachaduras na lateral dos
lábios), prurido (coceira) e ardor nos
olhos, conjuntivite, queda de cabelo.

Fontes: farelo de arroz, pão de centeio,


gérmen de trigo, nabo, amêndoa,
abacate, couve-manteiga, arroz integral,
carnes vermelhas e brancas, fígado, leite
de vaca, queijo e ovos.

 Vitamina B3 (niacina):
É solúvel em água (hidrossolúvel) e
sua deficiência provoca a doença
chamada pelagra, causando apatia,
insônia, confusão mental, perda de
memória, diarreia, glossite (inflamação na
língua), estomatite (inflamação na boca),
dermatite (inflamação na pele) e vaginite
(inflamação na vagina) e mau hálito. Seus
efeitos tóxicos podem desencadear úlcera
péptica e aumento do ácido úrico, além
de náuseas, vômitos e diarreia.

Fontes: carnes vermelhas e brancas,


fígado, ovos, amendoim torrado, abacate,
farelo de arroz, ervilhas frescas, gérmen
de trigo, sementes de girassol, farinha de
trigo integral, tâmaras, pêssegos secos,
arroz integral, amêndoas, damascos
secos, certos tipos de feijões.

 Vitamina B5 (ácido pantotênico):


É solúvel em água (hidrossolúvel) e
participa de várias reações metabólicas.
Sua deficiência tem como sinais e
sintomas a irritabilidade, anorexia,
dormência e formigamento nos pés e
mãos, insônia, obstipação náuseas e
vômitos, fraqueza muscular, hipotensão
postural (diminuição da pressão), dor de
cabeça e cansaço.

Fontes: carnes vermelhas, fígado, rim,


brócolis, couve-flor, batata, tomate,
gérmen de trigo, gergelim, farelo de trigo,
brócolis, nozes, avelãs, repolho, arroz
integral, grão-de-bico, couve-manteiga,
farelo de arroz.

 Vitamina B6 (piridoxina):
É solúvel em água (hidrossolúvel) e
participa no metabolismo dos açúcares,
das gorduras e das proteínas. Sua
deficiência pode causar mudanças de
personalidade, irritabilidade, depressão,
perda do senso de responsabilidade,
diminuição do paladar, alterações
cutâneas nos lábios e no nariz.

Fontes: bananas, lentilha, farelo de arroz,


arroz integral, sementes de girassol, óleo
de milho, brócolis, repolho, cereais
integrais, carnes vermelhas, fígado, ovos,
leite de vaca, gérmen de trigo.

 Vitamina B7 (biotina):
É solúvel em água (hidrossolúvel) e
sua deficiência pode causar queda do
cabelo (alopécia), perda parcial da
memória, falta de apetite, depressão,
náuseas, vômitos, glossite (inflamação na
língua), dores musculares aumento do
colesterol e palidez.

Fontes: carnes vermelhas, fígado, rim,


brócolis, couve-flor, batata, tomate,
gérmen de trigo, lecitina, farelo de arroz,
flocos de aveia, nozes, algas marinhas,
milho, frutas cítricas, pão de farinha de
trigo integral, bananas.

 Vitamina B9 (ácido fólico):


É solúvel em água (hidrossolúvel) e
atua em associação com a vitamina B12
para a síntese de DNA. Sua deficiência
pode causar irritabilidade, falta de apetite,
perda de peso, dor de cabeça e na língua;
glossite (inflamação na língua), diarreia,
má absorção, palpitação, anemia
megaloblástica, febre, modificação do
caráter e problemas de memória.

Fontes: miúdos, milho, amendoim, levedo


de cerveja, espinafre, brócolis, couve,
couve-de-bruxelas, aspargos, ervilhas
secas e feijões, laranja e seu suco,
gérmen de trigo, nozes e pão integral,
ricota e iogurte, cereais instantâneos
fortificados com ácido fólico.

 Vitamina B12 (cianocobalamina):


É solúvel em água (hidrossolúvel) e
participa no metabolismo dos açúcares,
das gorduras e das proteínas e é
importante para a síntese de DNA. Sua
deficiência pode causar alterações
neurológicas como perda de memória,
diminuição da sensibilidade, psicose,
diminuição do senso de posição, dor de
cabeça, falta de apetite, obstipação,
glossite (inflamação na língua), anemia
megaloblástica.

Fontes: alimentos proteicos de origem


animal como carne, frango, peixe, leite e
seus derivados.

 Vitamina C (ácido ascórbico):


Vitamina conhecida desde 1515 a.C
pelos egípcios, na prevenção do
escorbuto (inflamação nos dentes e
gengiva). Depois, na Idade Média, gregos
e romanos tiveram suas forças militares
dizimadas por esta doença. Após muitos
estudos, em 1933, Hirst e Haworth
descreveram a estrutura desta vitamina
que é solúvel em água (hidrossolúvel) e é
capaz de aumentar a absorção e
utilização do ferro, participar na formação
do colágeno (substância que dá
sustentação nos músculos, pele, dentes e
ossos). Sua deficiência causa escorbuto e
distúrbios psicológicos (histeria,
depressão, hipocondríase), hemorragias,
anemia, diminuição da cicatrização de
feridas, edema no quadril e nos pés, dor
de cabeça, dor nos ossos e cansaço. A
suplementação desta vitamina deve ser
cuidadosa. Quanto maior a quantidade de
nutriente ofertado, menor a sua absorção.
Ex. suplemento de 500mg de vitamina C,
promove a absorção de apenas 50%, ou
seja, 250mg. Portanto, não há
necessidade de usar quantidades
excessivas, porque é perigoso.
Quantidades exorbitantes podem causar
aumento na acidez estomacal e
endurecimento das artérias, piorando o
risco de infarto agudo do miocárdio.

A título de curiosidade, você sabia que


a goiaba tem mais vitamina C do que a
laranja ou o limão?

Fontes: frutas como acerola, goiaba,


laranja, maracujá, abacaxi, tomate,
banana, kiwi, morango, melão, melancia,
mamão, abacaxi, e vegetais como:
brócolis, pimentões verdes, tomate,
aspargos, batata, couve-flor.

27. Quais os minerais mais


importantes para a saúde, o que
eles podem proporcionar ao meu
organismo e quais as suas fontes?
 Cálcio:
É importante na coagulação
sanguínea, na excitabilidade muscular,
transmissão dos impulsos nervosos,
contração muscular, mineralização de
ossos e dentes, na ativação de enzimas e
na secreção de hormônios. Sua
deficiência pode causar convulsões,
diarreia, dores ósseas, fraturas,
raquitismo, osteoporose, osteomalácia.
O cálcio é o mineral mais abundante no
organismo. Constitui cerca de 1,5 a 2%
do peso corpóreo e 39% dos minerais
corpóreos. Cerca de 99% estão nos
ossos e dentes, o restante estão nos
fluidos e sangue. O cálcio é necessário na
transmissão nervosa e regulação dos
batimentos cardíacos. Um aumento
significativo do cálcio sérico pode causar
insuficiência cardíaca ou respiratória, uma
diminuição pode resultar em tetania
(espasmos musculares semelhantes às
cãimbras nas pernas). Somente 20 a 30%
da ingestão de cálcio é absorvida e é
dependente da vitamina D.

Uma ingestão adequada de cálcio


diminuirá a incidência de osteomalácia
que pode acontecer após a cirurgia
gástrica. Lembre-se que os alimentos
devem ser bem mastigados e lentamente
deglutidos para serem bem aceitos.

Fontes: brócolis, ricota, couve, ovos.


iogurte, queijo, salmão e sardinhas, figos
secos, sorvete de leite dietético, leite,
alimentos comerciais fortificados com
cálcio (ex. leite molico cálcio plus), tofu
processado com sais de cálcio, espinafre,
almeirão, folhas de mostarda, amêndoas.

 Magnésio:
O magnésio é um elemento utilizado
desde a primeira guerra mundial para
acalmar o sistema nervoso central e como
cicatrizante. Tem ação também sobre a
artrite, artrose, pressão arterial alta,
infecções e muitas outras doenças
causadas pelo excesso de cálcio.

Controla o metabolismo dos açúcares,


das gorduras, das proteínas e dos
eletrólitos, além de participar na
transmissão dos impulsos nervosos e nas
contrações musculares. Sua deficiência
pode causar confusão mental, convulsão,
tremor, mudanças de personalidade,
anorexia, náuseas, vômitos, diarréia,
dores abdominais, alterações na pressão
arterial e taquicardia (alteração no ritmo
cardíaco).

O magnésio participa da transmissão


neuromuscular, sendo necessário para o
transporte de potássio e para a atividade
do canal de cálcio. Na sua deficiência
ocorre aumento da irritabilidade muscular,
arritmias cardíacas, tetania, osteoporose,
hipertensão. O magnésio é fundamental
para a formação da serotonina, por isso é
comum às pessoas com carência de
magnésio apresentarem alteração de
humor, irritabilidade, ansiedade,
nervosismo, hiperatividade e insônia.

Fontes: vegetais folhosos verde-


escuros e legumes, frutas (figo e maçã),
cereais integrais, nozes e amendoins.
 Ferro:
É o componente da hemoglobina e de
outras enzimas com funções respiratórias.
A carência do mineral ferro causa anemia,
fadiga, dor de cabeça, alteração da
função cognitiva e do batimento cardíaco.

Fontes: carnes vermelhas, fígado,


miúdos, gema de ovo, leguminosas,
vegetais folhosos verde-escuros, frutas
secas, ostras, mariscos.

 Conceito de anemia ferropriva: é


aquela em que há pequena produção
de eritrócitos e diminuição da
hemoglobina circulante, causada pela
deficiência de ferro.
Para melhora do estado anêmico é
essencial:
 Uso de fontes alimentares ricas no
mineral ferro. Existem 2 tipos de
ferro:
 Ferro de origem animal (que é
melhor absorvido pelo
organismo): chamado de ferro
Heme; suas principais fontes são:
mortadela, fígado*, língua,
coração, gema de ovo*, carne de
peru, carne de boi, carne de
frango, peixe (bonito), marisco,
sardinha, salsicha, coalhada,
camarão*, carne de porco*,
presunto cozido*, clara de ovo,
queijo branco, leite tipo C.

* Fontes alimentares ricas em colesterol


(evitar se tiver colesterol total alterado)

 Ferro de origem vegetal:


chamado de ferro não Heme.
Suas principais fontes são:
semente de abóbora, feijão
cozido, espinafre, vagem, ervilha
seca inteira, castanha de caju,
damasco dessecado, couve,
nozes*, flocos de cereais, cereais
(trigo, arroz, fubá).
Obs.: - A cada refeição, procure comer
um alimento de origem animal e outro
de origem vegetal.
- Estes alimentos possuem teor de
ferro acima de 5mg/100 g de
produto.

CONTEÚDO DE FERRO DE
ALGUNS ALIMENTOS:
0,3-0,6mg/porção: ½ xícara de feijões
verdes cozidos, ½ xícara de cenoura
cozida, 1 xícara de pipoca, ½ xícara de
cogumelos.
0,7-1,4mg/porção: 1 batata, 2 tortillas,
½ xícara de arroz enriquecido, 1 fatia
de pão.
1,5-2mg/porção: 2 coxas de frango,
60g de presunto (2 fatias finas).
2-4mg/porção: ½ xícara de feijão, ½
xícara de passas, 120g de tofu, 5 figos
secos.
4-5mg/porção: 180g de bife, 90g de
fígado, ½ xícara de castanha-de-caju.
8,5mg/porção: ostras cozidas (100g),
figado de galinha cozido (100g)
22mg/ porção: mariscos no vapor
(100g)

 Incluir uma fonte de vitamina C


em cada refeição
Usar vegetais como: caju, araçá,
chicória, cereja, brócolis, alfafa, couve
manteiga, couve de bruxelas, espinafre
desidratado, fruta-do-conde, mandioca
(ponta e folhas), manga rosa, pimentão
verde, vermelho e amarelo, tâmara
cristalizada e casca de tangerina,
laranja, limão, abacaxi, kiwi, acerola.
Recomenda-se a ingestão de água em
quantidades satisfatórias para
pacientes que fazem uso conjunto de
topiramato, tendo em vista que ambos
podem causar cálculo renal.
 Evitar de tomar grandes
quantidades de chá ou café
com as refeições: ambos
contém tanino que podem
diminuir em 50% a absorção de
ferro por meio da formação de
compostos de ferro insolúveis
com o tanino.

 Zinco:
Atua no paladar e apetite, no
crescimento e na replicação das células,
além da reprodução e fertilidade. Sua
deficiência causa diminuição do paladar e
do apetite, queda do cabelo, lesões na
pele, retardo no crescimento,
retardamento da maturação sexual.

Muitos operados, já no período pré-


operatório, apresentam deficiência de
zinco e precisam iniciar a suplementação.
A queda de cabelo, que é uma queixa
comum entre os pacientes até o terceiro
mês após a cirurgia bariátrica, pode ser
causada pela deficiência deste mineral.
Este fato pode estar relacionado à
diminuição da ingestão de proteínas que
também são ricas em zinco.

Fontes: Carnes vermelhas e brancas,


fígado, frutos do mar, ovos, cereais
integrais, lentilha, gérme de trigo.

 Potássio:
É importante para a síntese de
proteínas e o metabolismo dos açúcares;
na transmissão nervosa; na contração da
musculatura cardíaca; na função renal e
no tônus intracelular. Sua carência pode
causar confusão mental, paralisia,
vômitos, polidipsia (excesso de sede),
arritmia cardíaca, dores musculares e
diminuição da pressão arterial.

Cuidado com a automedicação com


diuréticos, quando sentir-se inchado. Este
medicamento pode causar a queda de
potássio, além de interferir no mecanismo
de absorção da glicose.

Fontes: frutas (banana, laranja, maçã),


verduras de folhas, batatas e substitutos
do sal.
O quarto degrau da pirâmide é dos
Carboidratos / amido:

São os amidos que são fontes de


energia. Procure valorizar os demais
grupos alimentares e deixe para consumi-
los por último. Na hora de fazer a sua
escolha, opte pelos carboidratos integrais.
Ex. arroz, massas, pães, etc.

28. O pão, as massas e o arroz


engordam? Posso incluí-los na
minha alimentação diária após a
cirurgia?
Não, eles não engordam se consumidos
com moderação, livre de patês e molhos
ricos em gordura. Estes alimentos fazem
parte do grupo dos carboidratos ou
glicídios e proporcionam energia para
nossas atividades vitais. Fornecem
aproximadamente 04Kcal por grama, o
que não é muito se comparado com às
gorduras. Eles são indispensáveis para a
integridade funcional do tecido nervoso
(única fonte de energia para o cérebro),
necessários para o metabolismo das
gorduras e estimulam um crescimento
benéfico de bactérias no intestino,
resultando numa ação laxante (fibras).
Por isso é necessário consumir
carboidratos todos os dias após a cirurgia,
em quantidades moderadas de acordo
com a indicação no seu cardápio.

Por fim o último degrau da pirâmide


alimentar envolve as gorduras que são
protetoras de nossos órgãos vitais contra
eventuais choques; são necessárias para
absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D,
E, K), além de serem fonte de energia.
Preferir óleo de canola para o cozimento
dos alimentos e não usar em frituras.

29. Quais as gorduras que devo


evitar ao máximo após a cirurgia
bariátrica?

Frituras Salames
(embutidos em
Preparações à geral)
milanesa ou
empanados Salsicha

Paio, charque Presunto

Maioneses e cremes Patês


à base de óleo
Creme de Leite
Aqui também incluem as bebidas
alcoólicas e os doces que devem ser
evitados.

30. Por quê devo evitar o consumo


de bebidas alcoólicas?
Porque elas têm um valor calórico alto
de 07 Kcal por grama de álcool e ainda
diminuem muito a absorção de nutrientes
importantes. Já existem estudos que
mostram que o desvio intestinal favorece
a maior absorção da bebida alcoólica, o
que pode te deixar tonto com doses
pequenas.

A cerveja é das bebidas a que


menos causa alteração da consciência,
porém, a que mais provoca a dilatação da
anastomose (emenda entre o novo
estômago e o intestino), resultando em
reganho de peso.

Pacientes operados com a técnica


de by-pass em Y-de-Roux apresentaram
um aumento no uso de bebida alcoólica
em duas vezes a quantidade inicial em
dois anos decorridos da operação. No
entanto, os pacientes que foram
submetidos à técnica da banda gástrica
ajustável não mostraram o mesmo efeito.

UNIDADES DE ÁLCOOL EM
CADA DOSE DE BEBIDA:

*0,8 – quantidade de álcool em gramas é


obtida a partir da multiplicação do volume
de álcool contido na bebida pela
densidade do álcool (d=0,8).

31. Posso tomar água livremente


após a cirurgia bariátrica?
Sim. Embora você deva tomá-la
lentamente sempre! Principalmente se
você fizer a cirurgia de Fobi Capella.
Nesta técnica o seu estômago está com
uma capacidade gástrica de 30ml e você
não deve virar um copo de 300ml de água
de uma só vez, porque isso, com certeza,
provocará vômitos em você. Na derivação
biliopancreática (DS), onde sua
capacidade gástrica está maior, você
poderá naturalmente tomar mais líquidos
de uma vez só.

32. É necessário tomar água? Por


quê?
Sim. Porque a água é o maior e mais
simples componente do organismo. E tem
como funções principais:
- Participar de reações metabólicas
- Agir como meio de transporte para os
nutrientes e substâncias corpóreas
- Manter o equilíbrio físico-químico no
meio celular
- Manter a temperatura corpórea.

33. Se eu tomar refrigerante posso


contar como líquidos?
O refrigerante é líquido naturalmente.
Porém, esta bebida não exerce as
funções relatadas na resposta anterior.
Os refrigerantes à base de cola podem
ainda diminuir o aproveitamento dos
nutrientes e não são aconselhados para
você, operado. Além disso, aumentam
consideravelmente a produção de gases.
Sem contar a desidratação e a dilatação
da anastomose que resulta em reganho
de peso. O pH do refrigerante é bastante
ácido, em torno de 2,5 e por isso para
cada copo de refrigerante ingerido você
precisará de no mínimo 10 copos de água
para recuperar a hidratação.

34. Por quê devemos tomar água


diariamente após a cirurgia
bariátrica?
A rápida perda de peso leva a um
aumento transitório dos níveis de ácido
úrico na circulação. Quando a hidratação
não é suficiente poderá haver formação
de litíase renal (pedra nos rins). Por este
motivo, o consumo de líquidos deve ser
monitorado para evitar que a urina fique
muito concentrada. Fique atento se o odor
e a cor de sua urina alterar e avise o
Nutricionista e seu Médico.

35. Qual a recomendação de


líquidos que eu devo tomar
diariamente?
Para um adulto o ideal é que se faça
uma conta rápida: 30ml x o peso corporal
= ml de líquidos por dia para evitar a
desidratação.
36. É verdade que temos água em
outros alimentos?
Sim. Temos água em vegetais e frutas,
por exemplo, onde a porcentagem de
água pode chegar até 90% do total.

37. Posso tomar líquidos durante as


refeições?
Não. Não é aconselhável, porque não
cabe. Você não aproveitará os nutrientes
que as refeições grandes como almoço e
jantar proporcionam. Tenha cuidado para
não substituir alimentação sólida por
líquidos que são mais fáceis de engolir.
Nem usar os dois juntos, pois podem
dilatar a passagem do alimento do
estomago novo para o intestino
(anastomose). Deixe para tomar líquidos
nos intervalos das refeições.

38. Devo preferir o suco da fruta a


comer a fruta in natura?
Não. Sempre que puder, prefira comer a
fruta, porque ela oferece as vitaminas e
minerais íntegros. Se isto não for
possível, faça sempre um suco preparado
na hora para você consumir. Pense que
você poderá se satisfazer com uma fruta,
mas para fazer um suco dela necessitará
de várias unidades, o que acrescerá em
muitas calorias.
39. Então o suco de frutas não é
indicado para mim?
O suco de frutas é bastante indicado
sim. Porém, para melhor aproveitar as
vitaminas e minerais e logo estimular a
mastigação você deve investir nas frutas
naturais. Mas se você tiver que optar por
um refrigerante ou um suco de frutas no
trabalho, na rua, em uma festa, etc,
obviamente você deve optar pelo suco de
frutas e alternar ainda com água pura.
SEMÁFORO BARIÁTRICO:

O “semáforo bariátrico” é uma


forma criativa de demonstrar aos
operados quais são as suas prioridades
nutricionais e quais os alimentos que
podem ser diminuídos no seu dia a dia.

Os sinais são semelhantes aos


sinais de trânsito, que aprendemos a
respeitar desde a infância para manter
nossa vida.

A prioridade alimentar deve ser


para alimentos ricos em proteínas ricas
em ferro e ricas em cálcio. Depois,
escolher vitaminas e minerais e por último
alimentos com carboidratos.

VERDES: alimentos de preferência,


sempre em ordem de escolha, do mais
escuro para o mais claro.
AMARELOS: sinal em alerta. Alimentos
que devem ser consumidos com
moderação.
VERMELHOS: alimentos que devem ser
evitados pelo seu alto teor de calorias.
7.POR QUE RECUPEREI MEU PESO
APÓS OS TRATAMENTOS QUE FIZ?

ASPECTOS NUTRICIONAIS E
PSICOLÓGICOS:

7.1.Mecanismos da perda de peso após a


cirurgia:

Após a cirurgia bariátrica, a perda de


peso ocorre por mecanismos de
diminuição da ingestão calórica, redução
da área absortiva e de secreções
gastrointestinais. Alguns hormônios
podem se alterar após o procedimento
como a GLP1 (Glucagon Like Peptide –
1), que é um peptídeo com 30
aminoácidos, secretados pelas células L
intestinais e responsáveis pela ingestão
alimentar. Está localizado no intestino e
em maior quantidade no íleo distal e cólon
(última porção intestinal). Está envolvido
na regulação da glicose, assim como no
balanço energético através de efeitos
sobre a saciedade e controle da ingestão
alimentar, juntamente com o GIP
(polipeptídeo insulinotrópico glicose
dependente). Ambos GLP1 e GIP agem
sobre as incretinas (hormônios intestinais
que agem sobre o apetite).

O GLP1 é sintetizado pelos neurônios


e estas fibras são projetadas para outras
áreas do cérebro, em particular, o núcleo
arqueado e paraventricular do hipotálamo.
É possível que a GLP 1 aja também no
Sistema Nervoso Central pelos seus
receptores que são abundantes nesta
área.

Evidências científicas sugerem que a


GLP1 aumenta após a cirurgia bariátrica
nas técnicas de Fobi Capella, DS e
Sleeve, devido ao aumento da exposição
do intestino distal aos nutrientes.
Processos que envolvem o sistema
gastrointestinal e neurônios envolvidos na
saciedade justificam a perda da fome
vivenciada pelo paciente.

Os pacientes operados, precisam


necessariamente fracionar as refeições a
cada três horas no máximo, para manter
em equilíbrio seus níveis de açúcar no
sangue e proporcionar estabilidade da
insulina. E isto resulta em bem estar físico
e psicológico.
A técnica de Fobi Capella pode
causar mais agudamente a síndrome de
“dumping”, que é um esvaziamento rápido
do estômago, após a ingestão de
açúcares simples sozinhos ou
acompanhados de gorduras, ou de
gorduras somente. Seus sintomas podem
ser precoces ou tardios.

Os sintomas precoces ocorrem de 10


a 30 minutos após a ingestão destes
alimentos e podem causar: dor
abdominal, diarreia, náuseas, vômitos,
fadiga, rubor, palpitação, taquicardia,
hipotensão e desmaio. Os sintomas
tardios podem ocorrer de 01 a 03 horas
após o consumo de alimentos ricos em
açúcares e gorduras e podem causar
palpitação, fadiga, fome, confusão,
agressividade, tremor e síncope.

Todos os sintomas relatados muitas


vezes são confundidos entre os
pacientes, com hipoglicemia e
erroneamente tenta-se corrigir com
doces. Neste momento o círculo vicioso
está instalado. O que precisa ficar claro é
que, apesar do sintoma de fraqueza e mal
estar, aparentar a necessidade de doces,
NÃO É com eles que se corrige esta
intercorrência. Deve-se manter com rigor
a alimentação fracionada a cada 03 horas
no máximo, respeitando as
recomendações da nutricionista para se
ter opções saudáveis nos lanches e entre
as refeições. Um dos grandes motivos de
reganho de peso é o abuso de alimentos
macios, ricos em açúcares e gorduras e
em calorias extras, com a desculpa de se
corrigir estes sintomas descritos e para
conter a ansiedade, comum no obeso.

7.2. Por que acontece o reganho de


peso?

Tanto as técnicas restritivas como


o Balão Intragástrico e o Sleeve, como as
técnicas mistas como Fobi Capella e
Duodeno Switch proporcionam perda de
peso a longo prazo por uma restrição no
tamanho do estômago, o que minimiza
muito a ingestão alimentar e através de
uma diminuição na área de absorção
intestinal (nas técnicas que se aplicam
isso). Isto significa que o que comemos
não é completamente absorvido pelo
nosso organismo. Esta situação é ótima
para minimizar a absorção de gorduras e
açúcares. Mas torna-se problemática
quando proteínas e micronutrientes como
vitaminas e minerais, fizerem falta no seu
organismo.

Para que isso ocorra você precisa


estar atento para o uso correto de
suplementos nutricionais adequados para
o seu caso.

Porém, muitos pacientes


operados, com o passar do tempo,
esquecem destes cuidados, e voltam a ter
os hábitos de vida anteriores ao
procedimento cirúrgico. Muitos se sentem
bem e acreditam que podem manter o
peso sem os cuidados propostos pela
equipe.

Começam com mudanças na


alimentação, que incluem desde uma
batata frita e um pedacinho de chocolate
durante a semana, até o uso diário de
bebidas alcoólicas e refrigerantes. Alguns
pacientes não possuem os sintomas que
se espera como náusea, vômito, diarréia,
gases, comuns com estes alimentos e por
isso se empolgam no retorno ao seu
hábito.

E com facilidade transformam o


uso esporádico em consumo diário. Assim
a balança começa a dar os sinais de que
algo não vai bem.

8. QUANDO LIGAR O ALERTA SOBRE


O PESO: COMO VOLTAR AOS
TRILHOS?

8.1. Administrando as refeições:

* Em casa: do mercado à mesa

Quando se pensa em alimentação


saudável, não dá para imaginar como
fazê-la, sem antes planejar um passeio
pelo supermercado. A vida moderna
limita, em parte, a vida de todos, pois
temos pouco tempo para atividades
básicas como essa. Mas, se realmente o
objetivo é investir em alimentação
saudável, precisamos buscar esta
ferramenta. Os supermercados hoje
oferecem uma imensa gama de produtos,
muitos deles saudáveis e outros nem
tanto. Por isso, muita atenção nesta hora!

Comece sua compra pelas frutas e


verduras (caso não tenha tempo para ir a
uma feira livre). Lembre-se que as cores
são suas aliadas. Busque alimentos
coloridos como cenoura, beterraba,
folhosos variados como alface, rúcula,
espinafre, mostarda, acelga, agrião.
Escolha com calma e dê preferência para
os orgânicos. Eles são mais saudáveis e
livres dos temidos agrotóxicos. Afinal,
você sabe a diferença entre os produtos
hidropônicos e os orgânicos?

Os hidropônicos são produzidos na


água, com possível uso de agrotóxicos,
precisam de fertilizantes químicos para
crescerem e seu metabolismo é mais
desequilibrado, o que os faz mais
suscetíveis às pragas. Já os orgânicos
são produzidos no solo, sem agrotóxicos,
sem fertilizantes químicos e seu
metabolismo é mais equilibrado.

Caso você more sozinho procure


comprar qualidades diferentes de frutas e
verduras em pequena quantidade.
Procure experimentar novos sabores
sempre. Muitas pessoas dizem que não
gostam de cenoura, por exemplo, sem
nunca ter ao menos experimentado.
Portanto, se o seu objetivo é melhorar
seus hábitos de vida, comece
experimentando novos sabores. Frutas e
verduras cruas e cozidas podem ter
sabores diferentes se você souber
valorizar o consumo com receitas rápidas,
fáceis de preparar e que sejam saborosas
ao seu paladar.

Lembrem-se sempre que a


higienização bem feita dos alimentos
quando você chegar do supermercado,
pode ajudar e muito a evitar doenças. A
higienização deve ser feita em duas
etapas:

* Limpeza, onde se retira a sujeira que se


vê. Aqui você deve retirar as partes
estragadas e lavar em água corrente.

* Desinfecção: retira-se a sujeira que não


se vê, os microorganismos. Deve-se
desinfetar em solução de hipoclorito de
sódio por 15 minutos: 01 colher de
hipoclorito de sódio para cada um litro de
água. Enxaguar em água corrente.
Colocar em utensílio limpo e coberto, se
não for consumir logo.

Chegou a hora de buscarmos os


carboidratos para o seu carrinho como
arroz, massas, pães, biscoitos. Aqui você
deve empenhar-se em escolher os
integrais. Os carboidratos são alimentos
energéticos, importantes para nossa
saúde, porém os carboidratos brancos
como pão francês, de água, além de
terem valor calórico maior, não provocam
saciedade e, além disso, estimulam o
apetite para novas refeições sucessivas.
Já os carboidratos integrais, demoram
mais para serem digeridos e por isso
geram saciedade precoce.

Quando se pensa em gorduras,


lembre-se de óleo de canola para o
cozimento dos alimentos e do azeite de
oliva para temperar suas saladas. Evite
trazer para casa manteiga ou margarina,
elas não oferecem nutrientes importantes
para você, além das muitas calorias
extras.

Na hora de sair do supermercado


busque os alimentos perecíveis. Passe na
seção das carnes e seus derivados. Elas
oferecem proteínas importantes para a
reparação tecidual, cicatrização e são o
prato principal do operado bariátrico.
Caso você tenha um tempinho extra,
passe num açougue de sua confiança.
Não sendo possível, procure carnes com
controle de qualidade, dentro da data de
validade e não hesite em perguntar se
foram embaladas naquele dia. Busque
carnes magras, sem gorduras visíveis,
sendo de primeira escolha patinho,
alcatra, mignon, coxão mole, peito de
frango, peixes claros. Para facilitar sua
vida, seria adequado você armazenar de
acordo com as preparações que irá fazer,
como por exemplo, em bifes, picado para
refogado com legumes, etc.

Continue pelas geladeiras e


busque leite e seus derivados. A primeira
escolha sempre são os pobres em
gordura. Leite desnatado, iogurtes sem
açúcar, queijos magros como cottage,
minas frescal.

Existem escolas que criticam o uso


do leite e seus derivados, alegando que
estes alimentos são pró-inflamatórios, ou
seja, facilitam a formação de inflamações
no organismo. No entanto não existe
comprovação científica a respeito. O que
sabemos até hoje é que o leite, iogurtes,
queijos, são as melhores fontes de cálcio
e este mineral é essencial para nossa
saúde óssea. Ao pensar na possibilidade
de substituição com couve, sardinhas ou
ervilhas, o seu uso é limitado entre os
operados e também entre a população
geral, porque demanda uma quantidade
excessiva destes produtos para atingir o
ideal de ingestão diária.

Você venceu, pois não passou em


corredores indesejáveis. Agora cuide com
a cilada do caixa. Estrategicamente tem-
se doces para todos os gostos, ao
alcance das crianças neste local. Fuja
disso, embale sua compra, pague sua
conta e vá para casa feliz por ter vencido
esta primeira etapa.

Já em casa, armazene
adequadamente os alimentos e organize
o seu cardápio da semana.

Almoço e jantar devem ser


compostos especialmente nesta ordem:
carnes magras (proteínas ricas em ferro),
verduras (vitaminas e minerais) e um
amido (carboidratos). Use pratos e
utensílios pequenos para pegar porções
menores. Inicie a refeição pela carne,
depois sirva-se de verduras bem coloridas
e por último dos carboidratos. Para café
da manhã e lanches opte por proteínas
ricas em cálcio como leite e derivados
pobres em gordura, frutas, pães integrais
com queijo magro.
* Em Restaurantes:

Com a agitação da vida diária,


muitas famílias optam por não fazerem as
refeições juntos. Uma pena,
principalmente para as famílias com
filhos, pois a mesa é o lugar mais
democrático do mundo, onde se pode
aprender cidadania, como se portar e
respeitar o próximo. Um bom lugar para
trocar ideias, saber como foi a escola, o
trabalho, a reunião que preocupava,
combinar o passeio da noite. Quantas
formas de aproximação somente através
da refeição! É hora de desligar a
televisão, o som, os joguinhos eletrônicos
preferidos e de deixar o celular na caixa
postal. É uma questão de respeito mútua.

Mas se assim não for possível, um


restaurante, mesmo com o excesso de
estímulos ao redor, pode ser uma
solução. Aqui também precisamos fazer
escolhas porque neste momento
poderemos cair em armadilhas. O
restaurante a quilo, tem muitas opções de
pratos o que facilita muito por um lado.
Restaurantes com variedades de saladas
e um grill a postos sempre são uma boa
escolha. Evite ao máximo preparações
com molhos que podem conter temperos
prontos, que excedem em sódio e
gorduras e podem causar mal estar ao
operado como dor abdominal, diarreia,
náuseas e vômitos.

Restaurantes a la carte limitam a


variedade de produtos, mas devido à
quantidade que se serve por prato
aconselha-se a dividir com alguém o
conteúdo para não desperdiçar.

Locais como churrascarias podem


significar prejuízo para o operado, porque
seu volume alimentar consumido é baixo
e o custo é o mesmo para todas as
pessoas operadas ou não. Caso tenha
interesse, a Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica, pode fornecer, através
de seu cirurgião, uma carteirinha,
contendo informações sobre a sua
cirurgia, o que para alguns
estabelecimentos comerciais pode
representar um desconto na sua conta.

Tanto em casa como em


restaurantes, não tome líquidos durante a
refeição. Os líquidos preenchem a
capacidade gástrica e impossibilitam que
você consuma alimentos de boa
qualidade como as proteínas.

* Em festas:

Normalmente o operado pode ter


algumas restrições bastante indesejáveis
com o consumo de alimentos gordurosos
como salgadinhos fritos, docinhos e bolos
de festa. Mas nem por isso você deve
deixar a sua vida social de lado, pelo
contrário, busque sempre estar perto de
pessoas boas que te fazem bem. Caso
tenha intimidade com a pessoa que te
convidou, pergunte antes o cardápio que
será servido. Isto não é deselegante e o
anfitrião entenderá que você tem
restrições alimentares e precisa estar
preparado.

- Aniversário de criança no meio tarde: o


hábito brasileiro é de muitos salgadinhos
e docinhos. Certifique-se de consumir os
salgadinhos assados e escolha bem para
ficar em no máximo três unidades. Para
os doces, deixe para lá, pois você pode
perder a festa com a temida síndrome de
“dumping”. Não tendo estes sintomas (e
muitos operados não descrevem), procure
comer gelatina, que é doce e pode aliviar
esta vontade insana de cair de boca em
alimentos hipercalóricos.

- Jantar em casamentos e demais


comemorações: normalmente a mesa
possui verduras cozidas e saladas cruas
e sempre uma carne ou peixe assado.
Evite as preparações com molhos ricos
em gordura como maioneses, saladas
com creme de leite e demais iguarias.
Prefira sempre alimentos mais secos,
sem misturas extravagantes até para que
possa aproveitar a festa. Peça água sem
gás. Evite os alcoólicos. E por que não
divertir-se dançando e conversando com
os amigos. Um bom papo pode ser muito
mais terapêutico, do que comer um doce
e ter uma diarreia daquelas.

- Frigobar em casa ou em hotéis: tomar


cuidado com a presença de alimentos
dentro do quarto. Sabe-se que de acordo
com artigos científicos, que o simples fato
de ver um alimento apetitoso faz
aumentar os níveis de grelina. Mesmo
você tendo a porção do estômago (onde a
grelina é produzida), isolada, o seu
apetite e memória alimentar estão
preservados.
8.2. Comida: não tenho nada para fazer.

Quando não se tem nada de


importante para fazer, deve-se tomar
cuidado para não se influenciar com um
bom programa de televisão sobre
culinária. Procure um filme bom, que não
seja Chocolate, para se distrair.
Importante é não criar o vício de sempre
estar com algum alimento na boca, só
porque não se tem nada para se fazer.

A comida é sagrada e portanto a


mesa é o local mais adequado para se ter
os alimentos. Tudo começa com a
arrumação da toalha, dos pratos, copos,
talheres. Faça disto um ritual. Planeje isto
com calma, assim como prepare os
alimentos, sentindo o que você está
fazendo. Evite chegar com pressa e
comer o que vir pela frente. Esta atitude
denota que qualquer comida você poderá
consumir, sem ao menos saboreá-la. E
com isso, inúmeras calorias extras são
ingeridas. Quem tem estes episódios, não
se lembra do que e nem do quanto
consumiu. O arrependimento é o próximo
passo.
Para ficar com a consciência
tranquila, procure planejar previamente o
que será preparado, veja se tem todos os
ingredientes, e quantas pessoas farão a
refeição com você. Caso esteja sozinho,
não precisará preparar excesso de
comida.

Outras atitudes pró ativas para


quando não se tem algo específico para
fazer:

* Converse com a família. Tão bom sentar


no sofá, fazer planos, criar objetivos
novos.

* Caminhe perto de sua casa. Caso tenha


um cachorro, você obrigatoriamente
deverá cumprir este item.

* Caso o clima não ajude, procure uma


atividade manual que possa te manter
ocupado como pintura, leitura, um bom
filme, artesanato, palavras cruzadas,
fazer crochê, tricô, montar bijuterias, etc.

* Arrume um armário.

* Organize as tantas coisas que vão se


acumulando quando temos estudos,
trabalho e muitas atividades fora de casa.
Esta é a hora de colocar em ordem.

* Cuide das plantas. Elas merecem sua


atenção e podem ser uma terapia e tanto.

8.3. Como lidar com a alimentação nas


férias e em festas de fim de ano.

As férias, para quem tem filhos,


normalmente estão vinculadas às férias
escolares. Neste momento é importante
ter atenção com a mudança na rotina, que
é tão benéfica para reciclar nossa alma,
mas pode ser complicada para a
manutenção de peso.

O excesso de sol e até atividades


físicas em demasia, para quem não tem
um ritmo firme de exercícios, pode causar
lesões e acabar com os dias de folga.

Com a alimentação, parece que


todos correm para não perder tempo em
comprar, organizar e preparar as
refeições. É natural, que todos queiram
folga nestes dias, mas nem por isso
procurem redes de “fast food”, e nem
alimentos industrializados como
salgadinhos de pacote, para não perder a
manhã de praia.
Hoje em dia há muitas facilidades
nos grandes supermercados como
saladas cortadas, iogurte, frutas, barra de
cereal, que nutricionalmente são de
longe, melhores opções que bolachas
recheadas e salgadinhos fritos.

Uma sugestão para quem viaja em


férias e fica na sua própria casa de praia,
por exemplo, é levar alimentos
congelados que você mesmo prepara
como arroz, feijão, carnes. E comprar os
alimentos frescos como saladas e frutas
no dia do consumo.

Muitos frequentam hotéis, que


normalmente tem muitas opções de
alimentos saudáveis também. Para um
café da manhã, procure o lado do buffet
onde tem leite desnatado, iogurtes
naturais, cereais matinais, grãos integrais
como aveia, chia, etc. Busque pães
integrais, frutas. E fique longe dos
produtos de panificação ricos em gordura.
Queijo branco, peito de peru sempre são
melhores do que os demais frios com alto
teor de gorduras e calorias. Fazer o café
da manhã e sair logo do salão é a melhor
estratégia para não ficar beliscando
depois que você acabou a sua refeição.
Para o almoço e jantar, primeiro
capriche nas saladas bem coloridas.
Mastigue com calma para as suas papilas
gustativas da língua, terem tempo para
enviar a mensagem para o seu cérebro,
de que já comeu o suficiente. Valorize a
ingestão de carnes magras no grill, do
que as com molhos. Para os amidos
procure arroz integral. Caso não tenha,
massas no alho e óleo são melhores do
que com molhos brancos.

E se suas férias forem bem


agitadas fora do país, em parques de
diversão? Muito divertido, porque se
caminha muito e as lembranças com
certeza serão inesquecíveis. Mas as
opções de refeição são mesmo para
agradar as crianças como pipoca,
cachorro quente, hambúrguer, macarrão
com queijo e tudo regado a muito
refrigerante. Isto acaba com qualquer
alimentação saudável. Até para os
pequenos isto é péssimo. Vamos fazer
algumas concessões, mas no dia a dia,
pode-se pensar em passar antes em um
bom supermercado e encher a mochila
com frutas, sucos sem açúcar, barras de
cereal, cenoura baby e até pães integrais
com salada e carne. Água é o melhor
líquido para hidratar. Portanto, muitas
garrafinhas para você e toda a sua
família.

E se as férias estão embutidas nas


festas de fim de ano? Pode ter certeza
que a frase: Engorda-se com o que se
come entre Ano Novo e Natal, é mais
verdadeira do que aquela lamentação de
que engordou tudo entre Natal e Ano
Novo. Mesmo que o mês seja repleto de
comemorações em família e entre os
amigos, não é motivo para você exagerar.
Caso as comemorações sejam em sua
casa, busque receitas com baixo valor
calórico, que são igualmente saborosas
para a ocasião.
8.4. 8.4. NUTRIENTES DO BEM:

GORDURAS:

O colesterol é importante em várias


funções do nosso organismo, como a
formação de membranas celulares,
síntese de ácidos biliares, hormônios
esteroides e na formação da vitamina D.
Porém, o seu excesso pode ser
prejudicial. Existe o LDL-colesterol que é
chamado de "colesterol ruim" e o HDL-
colesterol que é chamado de "bom
colesterol". Quando o LDL-colesterol está
alto na corrente sanguínea, este atrapalha
o desempenho de HDL-colesterol que
participa da retirada de placas de gordura
da circulação, e somente é melhorado
através da prática de atividade física. Há
também na natureza alimentos que
podem ser usados para melhorar estes
níveis, como por exemplo, o abacate, o
azeite de oliva. Porém existem restrições
da sua quantidade devido ao seu alto teor
calórico.

GORDURAS:
Todos nós temos colesterol no
sangue, mas se esses níveis crescem
acima do normal, o risco de desenvolver
doenças do coração aumenta.

As doenças cardíacas são


causadas pelo acúmulo gradual de
gordura nas paredes das artérias
(principalmente de colesterol). As artérias
se estreitam e o fluxo de sangue para o
músculo cardíaco se reduz. Esse
processo pode iniciar-se desde a infância.

OS ALIMENTOS CONTÊM TRÊS TIPOS


PRINCIPAIS DE GORDURA:

 SATURADAS - São aquelas que


tendem a aumentar os níveis de
colesterol. Não devem ultrapassar os
7% da ingestão diária. São
encontradas principalmente em:
alimentos de origem animal (carne,
gema de ovo, leite integral, creme de
leite e derivados), alguns alimentos
industrializados (bolo, bolachas, etc.),
chocolate, gordura de côco, azeite de
dendê e na manteiga de cacau.
 INSATURADAS: são as do bem.
A)MONO - INSATURADAS - Não
aumentam os níveis de colesterol e
também podem ajudar a diminuí-
los. São encontradas em alguns
óleos vegetais, tais como o azeite
de oliva, óleo de canola, frutas
oleaginosas como caju, amendoim,
abacate, castanha e avelã.

B)POLI - INSATURADAS - Ajudam


a reduzir o LDL-colesterol e
aumentar o HDL-colesterol. São
encontradas em altas quantidades
em certos óleos vegetais,
especialmente no de girassol (rico
em ômega 6), peixes de água fria
como salmão, sardinha, truta e
bacalhau (ricos em ômega 3), em
produtos e margarinas cremosas
rotulados "rico em poli-
insaturados".
Os ácidos graxos poli insaturados,
chamados de essenciais são o Ômega 6
(ácido linoleico) e o ômega 3 (ácido alfa
linoleico), que ainda se subdivide em
ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido
docosahexaenóico (DHA). Ideal consumir
de 13 a 24g por dia.
O ômega 3 diminui os níveis de
triglicerídeos e está presente no óleo de
linhaça e de canola (fontes de ácido alfa
linolênico). Duas porções por semana de
sardinha ou salmão, são boas fontes de
EPA e DHA.
1g de EPA e DHA;
- 01 a 05 filés de atum
- ½ a 02 filés de salmão
- 8 ½ unidades de sardinha
- 02 colheres de café de óleo de salmão
- 03 colheres de óleo de fígado de
bacalhau
O ômega 6 diminui o colesterol
total e está presente nos óleos vegetais
como a soja, maionese e margarina sem
a gordura trans.

GORDURA TRANS
É a gordura vegetal hidrogenada
líquida que pertence ao grupo dos poli
insaturados. Para ficar sólida passa por
inúmeros processos químicos (recebe
hidrogênio em alta pressão e
temperatura) que a transformam em
TRANS. Seu componente é pior do que a
gordura saturada, porque aumenta o LDL
e diminui o HDL. Onde encontramos: fast
food, salgadinhos, batata frita, pipoca de
micro-ondas, barra de chocolate e
bombons, bolos recheados prontos,
maioneses, donuts, sopas e cremes
industrializados. Nos rótulos verifique a
denominação gordura vegetal ou óleo
vegetal hidrogenado ou parcialmente
hidrogenado.
O que precisa estar bem claro, é
que o fato de o alimento não conter
gorduras saturadas ou gorduras trans não
significa que não possuem calorias. Pelo
contrário, alimentos com alto teor de
gorduras em geral, podem causar o
aumento de peso.

DICAS PARA REDUZIR O CONSUMO


DE GORDURA SATURADA NA DIETA:
 Use quantidades pequenas de
manteiga e maionese nos molhos e
temperos, se for necessário.

 Escolha alimentos pobres ou sem


gorduras, como o iogurte desnatado ao
invés da maionese no preparo de saladas
e outros pratos.
 Escolha óleos vegetais, pois são
pobres em gorduras saturadas. Evite
gordura de coco.

 Escolha leite e derivados pobres em


gorduras (desnatado ou semidesnatado).

 Leia atentamente a lista de ingredientes


no rótulo dos alimentos, para saber se há
gordura saturada, como óleo de coco e
babaçu.

ALIMENTOS QUE DEVEM SER


EVITADOS:

 GORDURAS E ÓLEOS: manteiga,


bacon, toucinho, gordura de coco,
maionese, creme de leite.
 LEITE E QUEIJOS: leite, coalhada e
iogurte integrais, queijos amarelos e
cremosos como prato, mozzarella,
provolone, roquefort, etc., requeijão.
 PÃO: amanteigados, croissant, pão de
queijo, e pães doces que normalmente
são ricos em gorduras.
 OVOS: gema.
 DOCES: sorvetes e doces cremosos,
doces em pasta, chantilly, doces,
bolos e chocolates e todos os
produtos feitos com leite integral e
ovos.
 CARNES: carnes gordas, frutos do
mar (principalmente camarão), miolo,
fígado, coração, rim, moela, pato, ovas
de peixe, pele de aves.
 OLEAGINOSAS: nozes, avelã,
amendoim, azeitonas.
 BEBIDAS: refrigerantes, bebidas
alcoólicas.
 CONDIMENTOS: sal em excesso.
 MODO DE PREPARO: frituras,
molhos cremosos preparados com
gema de ovo.

ALIMENTOS RECOMENDADOS:

 CARNES: frango, peru, vitela, peixes


brancos como hadoque, linguado,
arenque, cavalinha, sardinha, atum,
salmão.
 ÓLEOS: óleo de canola, girassol,
açafrão ou milho, margarina cremosa
(observar embalagens).
 LEITE: leite desnatado, queijos
magros como cotttage, ricota, iogurte
desnatado, queijo de minas (moderar
o consumo pelo seu teor de sódio).
 CEREAIS / MASSAS / PÃES:
macarrão, massas caseiras, biscoitos,
pizzas com queijos brancos. Pão
integral, cereais integrais, farinha de
aveia, farinha de milho, mingau de
aveia, milho doce/verde, arroz e
massa integral, torradas, bolo de
aveia. Atenção!! Estes alimentos
devem ser quantificados
individualmente.
 FRUTAS E VEGETAIS: todos os
vegetais frescos ou congelados.
Ervilha, feijão, milho verde, vagens,
feijão roxo, lentilhas, broto de feijão
(todos são ricos em fibras solúveis).
Batatas cozidas ou assadas com
casca. Frutas frescas, frutas enlatadas
não adoçadas, frutas secas.
 ALIMENTOS PREPARADOS: pudins
e derivados de baixa caloria. Gelatina,
sorvetes, pudins preparados com leite
desnatado, molhos com baixo teor de
gordura.
 BEBIDAS: chá, café (com
moderação), água mineral, bebidas
dietéticas, sucos de frutas não
adoçados, caldo de sopa, cerveja sem
álcool.
 CONSERVAS, PATÊS, DOCES:
picles puros, adoçantes como sacarina
em comprimido, sucralose,
maltodextrose ou aspartame líquido.
 MOLHOS: de ervas, temperos,
mostarda, pimenta, vinagre. Molhos,
como limão ou iogurtes com baixa
caloria.
IMPORTANTE: numa alimentação
equilibrada a quantidade máxima diária
de colesterol não deve ultrapassar
300mg/dia, por isso deve-se moderar o
consumo de alimentos com alto teor de
gorduras saturadas (gemas, carnes
gordas, manteiga, doces, etc).

FIBRAS: É recomendável que o consumo


de fibras seja aumentado. Elas ajudam a
reduzir o nível de colesterol no sangue e
no bom funcionamento intestinal. DICAS:
Coma mais verduras cruas, legumes
(feijão e ervilha) e frutas frescas quando
possível com casca e bagaço, e pães (só
integrais). Assim você retém mais fibras e
nutrientes. Inclua no seu cardápio frutas
frescas e fibras como linhaça dourada,
chia, amaranto ou aveia (mínimo 02
colheres de sopa por dia com frutas).

OUTROS ALIMENTOS IMPORTANTES:


a) Morango e cereja: combatem
radicais livres e melhoram a função
cardiovascular.
b) Uva vermelha: contém quercetina,
que é um antioxidante que auxilia
no aumento do HDL.
c) Jabuticaba e amora: contêm
antocianinas, que estão presentes
em várias frutas roxas e
vermelhas. Sua ação antioxidante
contribui para a saúde do sistema
circulatório. Na jabuticaba só está
presente na casca.
d) Berinjela: tem um alto teor de
fibras, rica em flavonoides, que
dificultam a formação de placas de
gordura nas artérias.
e) Abacate: tem antioxidantes que
bloqueiam a ação do LDL.
f) Soja: possui isoflavona, que é um
fito hormônio, com as mesmas
propriedades do estrógeno.
Diminui o LDL e aumenta o HDL,
inibindo a aterosclerose.

CARBOIDRATOS:

Os carboidratos podem auxiliar,


quando usados na sua forma integral. As
fibras são fontes poderosas para
proporcionar saciedade, melhorar o
desempenho intestinal e favorecer a
perda de peso.

Microbiota Intestinal:
As bactérias intestinais podem estar
modificadas nos obesos. Estudos
recentes como o de Viorica Ionut e
Richard Bergman, que trata dos
mecanismos responsáveis pela perda do
excesso de peso após a cirurgia
bariátrica, relatam que as bactérias
intestinais firmicutes e bacteroides
estão em desequilíbrio no obeso.
Normalmente, os obesos possuem 50% a
menos de bacteroides e 50% a mais de
firmicutes. Após cirurgia bariátrica, as
firmicutes e o ácido lático diminuem,
enquanto que as bacteroides, prevotella
e E. Coli aumentam. Isto é um indicador
de adaptação da condição.

O bom funcionamento intestinal é


fundamental para uma perda de peso
satisfatória.

Obstipação é a diminuição do número


de evacuações (menos de 3 por semana)
com uma dieta de resíduo alto. As causas
mais comuns são:

 hábitos deficientes de eliminação de


fezes (repetida ausência de resposta
imediata à necessidade de defecar e
irregularidade na frequência);
 ausência de fibras na dieta;
 diminuição da ingestão de líquidos;
 perda da musculatura intestinal;
 uso abusivo de laxantes;
 estresse nervoso e excesso de
preocupações.

PLANO COMPORTAMENTAL PARA


CORRIGIR A OBSTIPAÇÃO

 Procure criar uma regularidade nos


hábitos intestinais, respondendo
imediatamente à necessidade de
defecar;
 Faça refeições regulares com uma
alimentação rica em fibras;
 Aumente o seu consumo de fibras
insolúveis (aquelas que não são
solúveis em água, por serem ricas em
celulose) através da ingestão de
feijão, ervilha, grão de bico, etc.
Também aumente o consumo de
vegetais crus como alface, agrião,
repolho mostarda, almeirão, beterraba,
cenoura, couve-flor de acordo com
seu cardápio individual e a listagem do
teor de fibras dos alimentos. Use
frutas com casca ou películas
comestíveis e sementes. Inclua na
alimentação ¼ a ½ xícara de farelo de
aveia e de trigo, aveia, centeio,
granola, gergelim, linhaça dourada,
chia, quantidade suficiente de All
Bran e Corn Bran. Aumente o
consumo de pães integrais, cereais,
farináceos integrais e outros produtos
à base de grãos integrais.
 Utilize água fresca todos os dias (pelo
menos 2litros por dia) e pelo menos 25
a 30g de fibras por dia.
9. ASPECTOS EMOCIONAIS:
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS
SIMPLES NO REGANHO DE
PESO

Sarwer, Wadden e Fabricatore (2005)


observaram que após mais ou menos 24
meses de cirurgia bariátrica, e em
especial no método by-pass gástrico em
Y-de-Roux, o mais realizado e estudado
pelo mundo, há a recuperação de mais ou
menos 15% do máximo de peso perdido.
Sendo assim, se uma pessoa perdeu 40
kg, 15% desse peso, seriam equivalentes
a 6 kg. Existe uma tendência de que o
grupo social reforce positivamente esse
reganho de peso. Há impacto da
eliminação maciça de peso com a perda
de massa magra para quem não
acompanha o dia-a-dia da pessoa em seu
processo. Mas, esse “elogio do contra”,
faz com que o conceito do belo e do feio,
do certo e do errado, se confunda nos
pensamentos da pessoa em questão. É aí
que há o perigo da perda das rédeas do
controle dos impulsos. Com o passar do
tempo estudos mais profundos
começaram a ser feitos para investigar as
causas desse reganho.

Os quatro principais comportamentos


que levam ao reganho de peso após a
cirurgia bariátrica são:

1) Beliscar alimentos calóricos o dia todo


com a crença de que “um pouquinho” não
fará mal é o principal boicote do paciente
bariátrico. Nunca coma no diminutivo, isto
é: pastelzinho, pãozinho, pipoquinha,
salgadinho, bolachinha, queijinho. Ao
diminuir a proporção você minimiza o
problema.

2) Comer alimentos de consistência


pastosa ou que derretem fácil é causa
frequente de reganho de peso. Tudo
aquilo que ficar igual ou próximo da
consistência da saliva vai passar fácil e
não permitirá que o mecanismo da
cirurgia funcione. O estomago só
sinalizará que está cheio quando esticar.
Você já ficou com o estomago cheio de
saliva, ao ponto de parar de comer?

3) O uso exagerado da bebida alcoólica,


seja por novos eventos sociais que
surgem ou por problemas emocionais
contribui para os números subirem na
balança. Lembre-se sempre que uma
latinha de cerveja tem aproximadamente
o mesmo conteúdo calórico que um pão
francês. Provavelmente, numa turminha
um engradado de pães vai rápido. E a
cerveja nunca vem sozinha, assim como
o pão.

4) Falta de atividade física também leva


ao reganho de peso. O operado bariátrico
perde muita massa muscular no processo
de emagrecimento. Essa atrofia, que se
torna dolorosa com o tempo, acaba sendo
confundida depois com fibromialgia.
Precisamos de músculos para carregar os
ossos. Quanto mais músculos, mais
energia gastamos e não podemos
esquecer que coração e diafragma
(responsável pela respiração) também é
músculo.

Nem todo paciente que reganha peso tem


recidiva da doença obesidade, mas o
medo intenso de voltar ao quadro inicial
da doença faz parte do modo de viver do
operado bariátrico.
Descobrir um culpado para o reganho de
peso é o primeiro movimento daquele que
ganhou peso. A dilatação da passagem
da comida, a parte estreitada que liga o
estomago novo com o intestino, pode ser
um dos responsáveis pelo reganho de
peso, mas não livra a pessoa operada da
responsabilidade comportamental. Outro
fator é a dilatação do estômago, quando
não há essa emenda.

A Dra. Melodie Moorehead, uma das


criadoras do teste de qualidade de vida
para pacientes bariátricos (BAROS),
sempre afirmou que essa cirurgia para
perda de peso é uma cirurgia
comportamental. Ela, de fato, só mantém
seus resultados, se o comportamento do
paciente em relação à comida for
alterado.

Pessoas que são agitadas tendem a não


dar importância à comida quando estão
concentradas no trabalho, mas quando
chegam em casa, após o expediente,
começam a comer e continuam até que
se sintam plenas, ou chegue a hora de
dormir. Alguns apressados investem em
alimentos com os quais não percam
tempo com preparação ou mastigação.
Ambos os comportamentos tendem a
facilitar o reganho de peso.

Pessoas que deprimem têm no alimento a


única recompensa e a mais básica delas.
A comida tende a ser a fonte de
gratificação mais acessível, barata e
imediata para o homem e a indústria
alimentícia investe nesse sentido. A
gordura hidrogenada, o xarope de glicose
de milho e o açúcar invertido foram os
achados viciantes, de baixo custo e
certeiros para atingir regiões cerebrais de
recompensa.

Pessoas excessivamente perfeccionistas,


metódicas e que se cobram demais,
tendem a ter a ansiedade em alta quando
as coisas não correm como querem, e mais
uma vez encontram no alimento a
compensação às frustrações diárias. Comem
por ansiedade.

Estudos apontam para o chocolate e a


cerveja como tendência a serem
gratificações alimentares mais frequentes
após a cirurgia. Retorno a hábitos como
refrigerantes e massas com molhos
também são facilitadores do reganho de
peso. (ANTUNES e MARCHESINI,2013)
A Reeducação alimentar fornecida pela
nutricionista, aliada ao autoconhecimento
da psicoterapia são norteadores para
garantir as mudanças comportamentais.
O reequilíbrio químico pela prática de
exercício físico tende a dar conta daquilo
que não depende do estômago diminuído.
Medicamentos psiquiátricos são vistos
como aliados. Nenhuma disciplina ou
profissão isolada pode dar conta da
obesidade, pois ela é em si, multifatorial.

 Recomendações comportamentais
para recuperar a rédea.

 Multiplique sempre: quatro broas são


melhores que uma.
Ou quatro bolachas pequenas

A multiplicação engana seu


cérebro quantitativamente: Você está
comendo mais! Construa Pequenos
sanduíches se quiser.
 Separe as porções que fazem parte de
suas quotas diárias:

 Use pequenos pacotes para separar


suas porções levar tudo à mesa
acabará perdendo a proporção do que
comeu

Acompanhe a porção de manteiga para


passar na fatia de broa ou na porção de
biscoitos que separou.
 Coma lentamente: concentre-se na
textura do que está comendo.

Se tiver dificuldade, use um Mantra


para dar ritmo. Crie o seu!

“- Eu mereço ser feliz, comer do bom e


melhor, sinto leveza no meu corpo e
paz no meu interior!”. .Ou cante a
frase de uma música.

Tente comer com a mão esquerda, se


é destro. Com a mão direita se é
canhoto.
Segundo estudos do
Neuromarketing, que se preocupa em
como vender muito e rápido e utiliza como
base o estudo do cérebro, todo produto
colocado ao nível dos seus olhos e em
evidência tende a
vender mais. Por isso,
os produtos comestíveis
das prateleiras das
esquinas (as
cantoneiras) entre um
corredor e outro sempre oferecem
alimentos pouco nutritivos e muito
calóricos.

 Faça tocar a sirene na sua cabeça!


Tenha senso crítico na hora de
escolher o que vai levar para casa.

A
P
E L
N
T
S
E O
!!!!
 Antes de existir Disk Pizza e Delivery
(entrega em casa), comer este tipo de
alimento era um evento diferente, um
passeio. Volte a ter este costume
antigo e faça estes passeios se
tornarem eventos especiais. Sair para
comer uma pizza, dar uma volta para
tomar um sorvete, dividir um
sanduíche com alguém. Levar para
dentro de casa torna tudo muito
acessível.

 Tenha cuidado com as comidas de


conforto, aquelas que você costuma
procurar quando está chateado, triste,
sozinho, aborrecido, deprimido. Estas
comidas tendem a ser compensações
prazerosas para esses momentos e
você está treinando seu cérebro para
comer sempre que tiver um mal-estar.
 Substituindo a química corporal:
Se começarmos a ver um filme sobre
crianças morrendo vamos nos sensibilizar
e ter vontade de chorar. Se lembrarmos
de uma cena muito triste, iremos reviver
esta emoção com todas as cargas de
stress psíquico e corporal. Nosso corpo
revive as situações tanto nas emoções
quanto no funcionamento de hormônios e
provoca alterações fisiológicas
importantes. Se você lembrar a raiva que
passou em determinado momento, seu
sangue vai subir!
Somos capazes de mudar a química
corporal e o estado mental através de
imagens e pensamentos! Então vamos
usá-lo para o lado positivo. Tenham na
mente boas lembranças para acessar
quando coisas tristes ou irritantes
acontecerem. Como uma janela no
computador que possa acessar. Esta
imagem ou música servirá para reviver o
lado bom das emoções e protegê-lo.
A emoção do dia do casamento, o
nascimento do primeiro filho, uma
premiação, a sensação de correr e chegar
ao final da corrida, se atirar no mar num
dia quente, um grupo da faculdade
pregando peça num professor, um abraço
apertado etc. Traga a sensação de volta e
se concentre nela. Fique lá o quanto for
preciso.
Não tem tempo? E quanto tempo
gastaria comendo uma porcaria atrás da
outra? Não se boicote e treine. Vamos lá!

NO SUPERMERCADO

 De preferência vá com uma lista


para comprar somente o
necessário
 Evite passar nos corredores em
que são vendidos biscoitos,
bolachas, balas, bolos, doces e
confeitos: você não é obrigado a se
torturar.
 Não se engane dizendo que levará
doces para as crianças ou
salgadinhos para quando for
receber visitas. Você acabará
comendo. Se receber visita, sirva
uma salada de frutas, um belo
creme de mamão.
 Leve frutas para casa. Tenha
variedades.
 Escolha queijos reduzidos em
gordura; Iogurtes naturais
desnatados para fazer molhos;
temperos variados e pães light de
grãos.

Lembre-se de deixar frutas


lavadas, prontas para a hora da
pressa. Não cairá na tentação de
pegar biscoitos.
Faça molhos e patês com o iogurte
temperando com especiarias. Pode
misturar um terço a meio pacote de
sopa instantânea.
O pão light pode ser cortado em
tiras bem finas e torrado, dando
assim o efeito de palitos crocantes.
Se você é do tipo que come
quando não tem nada para fazer,
ocupe suas mãos. Não somos
cães ou gatos. Usamos as mãos
para levar o alimento até a boca e
adoramos petiscar. Provavelmente
situações passivas como ver TV,
em que não há interação, solicitem
a companhia da comida. Dê outras
coisas para suas mãos e cérebro.
Dê atenção ao cérebro, seu
estômago e suas emoções e
perceberá que na maioria das
vezes não é a fome que o faz
comer. Então, vá à busca de outra
coisa e não de comida. Vale
lembrar, nem de bebida!

E se ganhar peso de volta, o que o


psicólogo tem a ver com isso?

A detecção dos fatores de estresse


que desencadearam o reganho de peso
nem sempre é óbvio para quem está no
processo de recuperação dos quilos
perdidos. É comum que na própria
cirurgia bariátrica, a causa do ganho de
peso não seja claro e do reganho mais
obscuro ainda. As entrevistas pré-
procedimentos são importantes para a
conscientização dos comportamentos
disfuncionais na maioria das vezes
negados pelas pessoas.

Frases como: “Eu não como tanto


para ser desse tamanho!”; “Todos dizem
que eu nem como tanto assim!”; “Acho
que meu metabolismo que é lento!”; “Se
eu comer tudo que a nutricionista mandar
eu vou engordar!”- mostram a falta de
percepção do ato alimentar.

A adaptação à alimentação pastosa é


um dos fatores que mais leva ao reganho
de peso, de acordo com nossa
experiência, e a motivação subjacente é
continuar não perdendo tempo com a
mastigação, pois comer rápido é algo que
pertence à maioria das pessoas que
evolui para a obesidade. Para alguns,
apenas um hábito a ser mudado, para
outros, um elemento a mais do seu
funcionamento total.
10. O PROBLEMA DA IMAGEM
CORPORAL:

Segundo Sarwer (2012), numa


entrevista sobre a correlação entre a
imagem corporal e a perda de peso,
afirmou que não há garantias que o
caminho da diminuição numérica na
balança seja a receita certa para o
aumento da autoestima. Em seus dados,
observou que mesmo pacientes
bariátricos que perdem grande
quantidade de peso, permanecem com
insatisfações relacionadas à imagem
corporal. Nos primeiros três a seis meses
há uma grande satisfação, mas em
seguida, viver com a sobra de pele tem
mobilizado um número equivalente a
50.000 americanos a buscar a cirurgia
plástica corretiva e estética.

Cash, Cash e Butters (1983), Stice e


Shaw (1994) e Then (1992) constataram
que quanto mais expostas a modelos
perfeitos apresentados pela mídia, menos
satisfeitas ficam as mulheres com seus
próprios corpos e mais os homens as
julgam como pouco atraentes. E mais,
esses modelos criam insatisfações nos
relacionamentos afetivos. Mídia,
aparência, insatisfação corporal, pouca
autoestima, transtornos alimentares,
depressão e ansiedade estão
intimamente relacionados.

Os autores Agliata e Tantleff-Dunn


(2004) constataram que mulheres sofrem
maior influência da opinião de seu grupo
sobre a estruturação da imagem ideal do
corpo que os homens. Para eles as
personalidades de fama e sucesso são
referenciais do ideal. O agravamento da
situação ocorre, no entanto, quando a
mídia exibe imagens artificiais como reais
afastando em demasia o possível do
impossível e aumentando o grau de
insatisfação corporal e o índice de
distúrbios da alimentação.

Segundo Cash (2004), a imagem


corporal envolve a auto percepção do
corpo e a auto percepção das atitudes
relacionadas ao próprio corpo. Este
conjunto envolve pensamentos, crenças,
sentimentos e comportamentos
direcionados ao eu corporal. Na
perspectiva de Rosen (1990), o termo
Imagem Corporal vem sendo usado para
abarcar a imagem mental que uma
pessoa faz de seu eu físico, uma
avaliação da própria aparência e a
influência que esses fatores exercem
sobre o comportamento dela. O distúrbio
da imagem corporal tem sido estudado no
intuito de se conhecer sua influência e
correlação com a personalidade e a
quadros psicopatológicos.

Rosen (2001) estudou a imagem


corporal no obeso e verificou que é
inegável a insatisfação existente neste
grupo. Esta insatisfação é que motiva o
indivíduo com peso excedente nas
tentativas frequentes de redução de peso
e a insatisfação com o corpo pode ser
uma causa de sofrimento e prejuízo
psicossocial. O autor percebeu que é
possível intervir na mudança de atitudes e
comportamentos de pessoas obesas
através de uma abordagem estritamente
psicológica, sem qualquer intervenção
nos hábitos alimentares. Os resultados
são positivos em curto prazo, mas
desconhecidos na obesidade ao longo do
tempo. O autor admite a necessidade de
maior prática da técnica junto à população
obesa.

Segundo Orzech (2005), numa


sociedade focada no corpo magro e
esculturalmente construído, pessoas
obesas e severamente obesas são
deixadas à margem. Esses indivíduos
sofrem discriminações tanto em
ambientes escolares quanto no mercado
de trabalho, prejudicando sua vida
pessoal e relacionamentos interpessoais.
A cirurgia tem sido um meio de diminuir
esses problemas e resolver questões
sérias ligadas à saúde que levam a vida a
péssimas condições de qualidade no seu
dia a dia.

O tratamento cirúrgico da
obesidade deixa ao paciente uma série de
tarefas e de responsabilidade sobre a
manutenção dos resultados obtidos.
Segundo Pilcher (Orzech, 2005), antes do
emagrecimento em grande escala
provocado pelo tratamento cirúrgico, o
paciente tem crenças sobre seu corpo e
sua forma física e sobre como as pessoas
o percebem. Após o procedimento é
comum que ocorram dificuldades nas
mudanças de suas concepções já
enraizadas. Os registros das crenças
antigas precisam ser confrontados e
acomodados junto às novas experiências
e à própria forma corporal. A concepção
que o operado passa a ter de si próprio e
de seu valor pessoal tendem a se alterar
e o divórcio após a cirurgia bariátrica
ocorre em larga escala. O fato de a
pessoa ter sido obesa no momento do
casamento ou quando o relacionamento
iniciou estabelece um risco de ruptura do
vínculo de 80 a 85% dentro de um
período de dois anos após a cirurgia. A
autoestima do operado e sua atratividade
física exercem ameaça sobre o parceiro,
antes acomodado com a garantia da
relação. O reconhecimento dessa relação,
considerada abusiva por Pilcher (Orzech,
2005), passa a não ser mais tolerada pelo
indivíduo operado.

Segundo Thompson (2001), que


atua no aconselhamento de bariátricos,
em especial às mulheres obesas
costumam ser ignoradas socialmente.
Muitas vezes esse é propósito de
tamanha gordura, mas ao se tornarem
mais magras passam a ficar vulneráveis.
Nessas situações, a ajuda de um
psicólogo é recomendada. Novos olhares
e atenções são inevitáveis numa
sociedade que valoriza a imagem e o
corpo. Para aqueles que foram obesos
desde sempre, a experiência do flerte e
da iniciação do cortejo é nova e a imagem
atraente é acompanhada de certa
ingenuidade.

Quanto à cirurgia plástica após


cirurgia bariátrica, Steffen et al (2012)
fizeram um estudo sobre a procura e a
satisfação da técnica da cirurgia plástica
do contorno corporal. Foi utilizado um
questionário de aparência física após
cirurgia bariátrica, no qual os participantes
expressaram a insatisfação com o
excesso de pele na circunferência
abdominal e regiões da coxa. A maior
procura pela cirurgia plástica foi pela
região da barriga e cintura e o nível de
satisfação com a cirurgia do contorno
corporal foi grande. O Índice de Massa
Corporal (IMC) não interferiu sobre a
satisfação dos resultados, mas o tempo
de cirurgia bariátrica interferiu sobre a
motivação de se submeter à plástica. Os
autores destacam a importância de incluir
no preparo pré-operatório informações
explícitas sobre a necessidade de
cirurgias plásticas estéticas ou corretivas,
para que as expectativas possam ser
mais realistas.

McNally (2008), que trabalha com


aconselhamento em bariátrica, afirma que
muitas pessoas descrevem seu processo
após o tratamento cirúrgico da obesidade
como uma montanha russa. Muitas
emoções positivas são vividas ao mesmo
tempo em que experiências em relação
ao novo corpo também aparecem.
Ressalta que o estado elevado de humor
existe na maior parte do tempo, mas para
algumas pessoas, perder o peso não é o
suficiente. Existem questões que
envolvem aceitação, melhoria na imagem
corporal, aumento da autoestima. Essas
questões dependem das vivências sociais
e psíquicas de cada um e necessitam de
um longo trabalho interior. A aceitação
pessoal não pode ser baseada apenas na
percepção alheia e aceitação externa,
segundo a autora.

Colles, Dixon e O’Brien (2008) se


referem aos gatilhos emocionais e
situações que desencadeiam o desejo de
comer após a cirurgia bariátrica.
Perceberam num estudo que o medo
intenso do reganho de peso e a
percepção do retorno de velhos hábitos
alimentares, são os fatores que
retroalimentam o desejo de comer.
Aqueles que já tinham a característica de
terem desejos intensos de comer perante
muitos gatilhos emocionais foram os
pacientes do estudo que continuaram
comendo, mesmo que estivessem se
sentindo cheios e satisfeitos, apesar do
medo do reganho de peso.

Num estudo de Marchesini (2011)


10 pessoas que foram submetidas à
entrevista semiestruturada, na qual foi
possível observar a heterogeneidade das
profissões, idades e demandas da cirurgia
bariátrica. As idades dos entrevistados
oscilaram de 32 e 69 anos. O tempo de
cirurgia ficou estabelecido em 4 anos ou
mais, a partir da data da cirurgia. O maior
IMC registrado foi de 57,61Kg/m2 e o
menor de 35,98Kg/m2, ambos com
comorbidades e estado de indicação para
a cirurgia bariátrica na clínica particular. A
maior redução de peso ficou em 47% do
peso total e a maior recuperação ficou em
23,7% do montante perdido, na mesma
pessoa.

A partir da análise do conteúdo das


entrevistas observou-se que o medo e a
apreensão estão presentes em relação ao
reganho de peso dos participantes. Esses
afetos negativos reforçam a ideia de que
o estigma e o dilema moral sofrido pelo
obeso mórbido são marcas psíquicas
mediadas pela vivência social. Dos dez
participantes, nove apresentaram no
discurso a palavra medo ou apreensão do
reganho de peso, constituindo esse
elemento discursivo comum a todos:

“Tenho medo. Morro de medo. Entrei na


menopausa e parei de fumar. Meu medo
de engordar é tão grande... eu não posso
voltar a ser aquela gorda que eu era.

Eu tenho medo de voltar tudo que eu


tinha... daí eu fico me cuidando... foi muito
sofrimento, né?!

Existe... ah existe o medo de engordar


sim! Quando começo a comer sem sentir
o gosto do que eu tô comendo... eu sei
que tô muito ansiosa, então tá na hora de
pará!

Tenho medo! Tô com medo muito grande!


... Eu já lutei tanto, sofri tanto pra ficar
magro, né?! E agora de uma hora pra
outra, não sei o porquê tô recuperando
peso.”
Todos descreveram a memória da
obesidade como algo impresso no corpo,
isto é, uma experiência vivida
concretamente, que deixou marcas
psíquicas negativas e marcas físicas que
não podem ser negadas: flacidez, estrias,
registro de privações alimentares, dores
cirúrgicas, cicatrizes de plásticas em
maior ou menor grau. Relatos como:
dificuldades em comprar vestimentas;
dificuldade no preparo de pequenas
quantidades de alimentos; a experiência
da discriminação; a obesidade como
limitante da vida natural; o reganho de
peso como um fantasma; a dificuldade de
pensar na comida como um magro
(cabeça de magro); e o retorno de
memórias que ressurgem em flashes.

A dificuldade em comprar roupa é


uma queixa geral dos entrevistados já no
período pré-operatório e intimamente
ligada à condição da obesidade. Embora
existam lojas especializadas em
tamanhos plus size, as roupas desses
estabelecimentos são descritas como “-
Roupas de velha, bege, em forma de
saco!”; “ -Até parece que gordo não tem
sexo, só tem lingerie bege!” Roupas da
moda, vendidas em lojas de
departamentos e a preços acessíveis
pertencem a moldes em que o tamanho
extragrande veste o médio, segundo os
pacientes submetidos à cirurgia bariátrica.

Para pacientes jovens, a obesidade


mórbida traz limites físicos que antecipam
a sensação do avanço da idade. A
pessoa fica ofegante, com dificuldades no
sono e movimentos mais limitados. Passa
a existir falta de disposição para fazer
exercícios e mesmo os que têm
disposição ficam mais propensos a
distensões musculares e lesões. A
experiência do emagrecimento promovido
pela cirurgia bariátrica devolve o corpo
jovem para a cabeça que ainda funciona
com desejos jovens.

Ainda que a fome seja reduzida


pela própria técnica cirúrgica, o apetite é
da ordem do desejo, e muitos pacientes
passam a ter dificuldade em adequar a
alimentação após a liberação da dieta.
Quando estão aptos para a rotina normal
fazem seus pratos com quantidades
maiores do que são capazes de comer,
até que experimentem os limites e as
texturas mais adequadas.
O reganho de peso é um fantasma
que persegue pessoas que lutaram
repetidas vezes para perder peso. As
experiências anteriores foram seguidas
de curto período de manutenção, reganho
do peso perdido e mais um adicional. Um
dos entrevistados do estudo chegou a
desenvolver anorexia pós-bariátrica com
o pensamento obsessivo de que a
cirurgia, para ele, não daria certo. Outro
entrevistado ainda induz vômito quando
se sente cheio, pensa que comeu
desnecessariamente, e essa sensação o
relembra os tempos da obesidade.

Quanto à dificuldade de alterar o


modo de pensar a comida, existe um
vínculo específico com o alimento
desenvolvido por cada pessoa, família e
cultura. Houve indignação frente à
quantidade pequena de alimentos
ingerida pelo paciente, confundida
socialmente com o mal-estar do operado
ou da não apreciação do prato servido, ou
mesmo desprezo a quem oferece o
alimento. A cultura alimentar ainda revela
que dar e receber alimento são
comportamentos cercados de significados
de acolhimento, aceitação, agrado e
afeto.
Algumas memórias relacionadas à
obesidade foram citadas como flashes
que ressurgem como sensações
corporais ou pensamentos ligados ao
constrangimento do passado: sensação
da roupa pegando no corpo; ser olhado
quando entra em um ambiente cheio; não
usar shorts numa praia; o controle familiar
da perda de peso.

Os pacientes relataram a
importância do feedback social no que
concerne ao reganho de peso. A
sinalização teve função de espelho que
os fez repensar a imagem corporal e as
atitudes alimentares, mas comprovou a
hipótese dos sujeitos de que o obeso é
objeto de observação social constante:

“É, as pessoas avisam... - Olha você tá


engordando de novo! E eles têm razão,
né?!

Todo mundo, todo mundo dizia: O que


adiantou fazer a cirurgia bariátrica se tá
gorda de novo? É!! Passou tanto
sacrifício, fez tanta coisa pra ficar toda
balofa aí de novo!
Ah, você precisa manerá, porque você tá
engordando! Ah, você engordo! Tem essa
coisa de vigilância.

Olha, você vai voltar ao normal, hein?! Vai


voltar de novo! Você já tá com 90... daqui
a pouco tá com 100!! Mas eu mesmo me
preocupo!!

A memória de ter sido obeso foi


considerada marcante por todos os
participantes. A experiência da
discriminação social ou as limitações
experimentadas num universo não
acolhedor a qualquer ser que possua
condições diferentes das normas
estabelecidas deixaram lembranças
desagradáveis. O obeso foi demarcado
como culpado pelo seu mal,
diferentemente de qualquer outra doença,
da qual se é vítima. Também foi
sublinhada a dificuldade de considerar a
obesidade como uma etapa passada,
dado ao tempo de doença em proporção
à idade etária.

Como categoria a posteriori surgiu


a contradição entre fazer uma cirurgia
para perder peso e o conflito com a
imagem excessivamente magra. Quase
todos os entrevistados, pelo menos oito
dos dez, tiveram reganho de peso para
chegar a uma imagem condizente com
sua identidade, isto é, uma imagem que
se encaixasse com a figura interna
imaginária que carregavam de seu próprio
corpo. Mas, nessa tentativa, passaram do
montante necessário. Essas questões
parecem estar permeadas pelos
conceitos de “flacidez” e pela “aparência
de doente”:

“Depois eu fiquei bem alegre, eu fiquei


magra, todo mundo... só que daí eu
emagreci demais e envelheci demais
também... Eu fiquei realmente abatida.

Eu ficava ansiosa pra me pesar, né,


porque assim mesmo, é contraditório...
mesmo quando você olha e diz: nossa!
Parece que não sou eu... tô muito
magra... você quer perde mais.”

Dois participantes do grupo


mantiveram seu estilo de roupa e modo
de apresentação igual a antes da cirurgia.
Os oito restantes disseram ter certa
dificuldade em comprar roupas e
desenvolverem tentativas de encaixar seu
esquema corporal num padrão mais
jovem:

“você tá magra... você usa roupa de


magra... não vou usar aqueles sacos ...
então comprei... dei todas as minhas
roupas, mas dei tudo... tudo.... tudo....
comprei calça jeans cintura baixa... tudo
que eu queria usa, sabe... passou ... foi
aquela fase... porque assim... eu acho
assim que a gente fica numa fase de
euforia. A gente que tudo... tudo...tudo...
daí a calça baixa... não sei o quê... top... e
depois nada daquilo é importante.”

Dos dez indivíduos, dois afirmaram


que suas experiências bariátricas
acabaram em divórcio devido à falta de
estrutura do companheiro em conviver
com alguém com a autoestima mais
elevada, isto é, com uso de mecanismos
psíquicos mais maduros e menos
complementares nas doenças. Duas
famílias ficaram temerosas quanto ao
possível desenvolvimento de anorexia
nervosa após o emagrecimento de
pessoas que foram obesas desde a
infância.

A opinião sobre a cirurgia plástica


não necessariamente coincidiu com o fato
ter se submetido ao procedimento
estético. Muitos são favoráveis à cirurgia
plástica, mas têm conflitos em relação ao
procedimento. Abaixo, relatos que
demonstram ambiguidades em relação à
segunda chance de vida dada pela
bariátrica e risco da cirurgia plástica:

“não adianta você só fazer a cirurgia.


Você vai emagrecer... tá ... mais ... é... e
toda aquela pele que tá sobrando, sabe.
Você não consegue se visualizar porque
você tem que trabalhar também depois...
é o espaço corporal.

quando eu penso na plástica eu sempre


penso que é uma coisa meio supérflua,
assim, sabe? Daí eu penso: Ai será que
eu vou, mas eu vou me submeter a isso e
sendo que não é uma necessidade! Eu
não vou morrer se eu não fizer. Deus já
foi tão bom comigo, né?! Me fez todas as
cirurgias, tá tudo certo, tô feliz, tô bem, Aí
eu fico pensando se não é um excesso,
sabe? Não quero ficar com essa pele na
barriga, sabe?! Seio...

vou fazer, fazer uma lipo abdominal, vou


cortar aqui em baixo, tirar o excedente,
levantá isso aqui que tá tudo caindo lá pra
baixo. O tecido tá pesado de gordura, e
quero tirar as duas mamas, assim...
Quero tirar!! Tenho vergonha dos meus
peitos! Eu tenho vergonha. Então, por
exemplo, eu não vou à praia.”

Há um longo trajeto da obesidade


até o corpo idealizado e mesmo após as
cirurgias plásticas não existe garantia do
acesso à imagem corporal que foi
idealizada no período pré-cirúrgico.

O estigma e o preconceito, de
acordo com o site “Obesidade e
Sociedade”, englobam ações e atitudes
de não aceitação aos padrões que
ameaçam às normas de um grupo ou
sociedade. Todos os padrões que sejam
julgados como diferentes e ameaçadores
para um grupo tendem a ser banidos e
deixados à margem. A falta de identidade
com o grupo promove no “diferente” um
afastamento enquanto os iguais tendem a
se aglomerar por afinidade e sensação de
acolhimento e compreensão. A diferença
e a semelhança entre os pares tendem a
afetar as nossas relações interpessoais e
as atividades globais em longo prazo. O
grupo entrevistado demonstrou o
importante papel atribuído à aprovação ou
desaprovação do grupo social em relação
à imagem corporal do operado bariátrico.
A sinalização do reganho de peso como
alerta de um possível retorno da exclusão
social foi bem recebida como afeto
positivo e cuidado.

O estigma se manifesta de várias


formas. Na forma verbal se manifesta em
provocações orais expondo o diferente ao
ridículo. Aparece em forma de insultos,
formação de estereótipos, nomes
depreciativos, ou linguagem pejorativa. O
estigma físico se manifesta em forma de
brincadeiras estúpidas, qualificadas hoje
no critério de bullying, como tocar,
agarrar, ou manifestar outros
comportamentos agressivos.
Os benefícios com um corpo magro
em agilidade, locomoção, sono,
oxigenação, circulação, sexualidade e
funcionamento geral, dão indícios do
medo do reganho de peso em 100% na
amostra e explicam as discriminações em
torno do obeso. A exposição dos
indivíduos a barreiras e obstáculos que
evidenciam seu peso como equipamentos
médicos pequenos demais para pacientes
obesos, cadeiras ou assentos em locais
públicos que não acomodem pessoas
obesas, ou lojas que não têm roupas em
tamanhos grandes, etc. entram nessa
classificação.

Rusch e Andris (2007)


descreveram a força do estigma em
relação à obesidade através de um
estudo que mostra que pacientes com
início da obesidade na infância ou pré-
adolescência demonstram menor
satisfação com a imagem corporal depois
de perder peso, do que pacientes com
obesidade tardia. Eles compararam dois
padrões de recuperação de peso
intencional após a cirurgia bariátrica,
ambos ligados à imagem corporal. Um
deles seria o desgosto com a pele
pendurada e a flacidez. O outro padrão
descrito é o emagrecimento excessivo,
com o aparecimento dos ossos das
costelas e a desproporção ao tronco.
Como a cirurgia plástica não é financiada
por convênios encher um pouco a pele,
no primeiro caso, ou ganhar peso, no
segundo, seriam modos de reestruturar a
imagem corporal.

O relato de grupos e familiares que


exerceram função crítica e influenciaram
sobre a nova imagem corporal dos
pacientes do grupo estudado, uns
aconselhando o reganho de peso, outros
criticando a falta de manutenção dos
resultados. Mas apesar da recuperação
de uma quantidade de peso, o medo de
voltar a engordar e do sofrimento ligado à
experiência de ter sido obeso ficaram
como memória e ameaça.

Intrinsecamente existe, desde o


período pré-operatório, o temor de que o
emagrecimento não seja autolimitado e
mais, de que a imagem da magreza seja
associada à fraqueza e doença. Rusch e
Andris (2007) chegaram às mesmas
conclusões que o presente estudo. A
intenção de modelar o corpo com um
pequeno reganho de peso passou do
ponto desejado em sua amostra e
avançou para números mais altos.

Mitchell, et al (2001) realizaram um


estudo de seguimento com um grupo de
100 pacientes bariátricos em que todos
inicialmente relataram benefícios em
termos de saúde física e qualidade de
vida. No entanto 68% permaneceram com
vômitos depois de decorrido tempo de
cirurgia bariátrica e 42,7% permaneceram
com “entaladas” devido a dificuldades
com o ritmo alimentar. Oito pacientes
faleceram. Neste mesmo estudo o medo
de voltar a engordar apareceu em 89,7 %
do total acompanhado e 98,7%
insatisfeitos com a imagem corporal.

Sarwer (2012) relatou, em


entrevista sobre o seu estudo (Sarwer,
Thompson, Mitchell & Rubin, 2008) que
envolveu a cirurgia plástica na satisfação
com a imagem corporal, que até 2008
cinquenta e cinco mil indivíduos tinham se
submetido à técnica de contorno corporal
depois da cirurgia bariátrica.
Teoricamente, a insatisfação com a
imagem corporal deveria motivar a busca
das cirurgias plásticas, mas estudos
pregressos como os de Cash (2008) e
Sperry et al. (2009) tem mostrado que
esta insatisfação procrastina a busca pela
correção estética. Um dos motivos era a
falta de cobertura dos convênios. Mas de
acordo com o este estudo, foi constatada
a presença de um grau variante de temor
em submeter-se a outro risco cirúrgico,
que engloba o período pós-operatório e
suas particularidades.

Thompson (2001) afirma que o


índice de divórcio é alto assim como
Pilcher (Orzech, 2005). Muitos
casamentos de pessoas obesas têm
como base a estima rebaixada e a crença
de que devem se acomodar ao primeiro
parceiro que as aceite. Na medida em
que passam a experimentar a
possibilidade de optar, ocorre
instabilidade nas relações afetivas. Com o
aumento da autoestima e consciência da
atratividade física muitos repensam a
permanência em relações insatisfatórias.

Foi possível perceber no discurso


dos dez pacientes do grupo a dificuldade
de conviver com a pessoa mais magra e
independente, antes submissa numa
relação de poder, bem observado
anteriormente na citação de Pilcher
(Orzech, 2005). Mas é inegável que em
muitas entrevistas pré-operatórias,
contextos conjugais desastrosos
aparecem e o parceiro obeso vem buscar
na cirurgia uma maneira de mudar o
padrão existencial. Assim, parece que
alguns divórcios e separações já estavam
implícitos no processo de transformação
como um todo.

A descrição dos conflitos nas


compras de novas roupas ou com a perda
dos cabelos foram encontradas em livros
e artigos de operadas bariátricas que
trabalham no aconselhamento de antigos
e futuros pacientes. Thompson (2001) e
McNally (2008) descrevem que a perda
de cabelo em 1/3 dos operados em
resposta à dieta restritiva deve ser tratada
com reposição nutricional. Quanto às
compras de novas roupas, suas
observações são semelhantes ao
presente estudo. Existe a tendência de
solicitar em lojas ou pegar tamanhos
maiores do que os que realmente servem.
Em geral o corpo real está menor que a
roupa escolhida do mesmo modo que o
prato servido está mais cheio que a
capacidade gástrica pós-operatória. A
sensação de rejuvenescimento que
acompanha a perda de peso faz com que
uma parcela de pacientes vá à busca de
roupas mais modernas e juvenis. Para
alguns existe a insegurança quanto ao
balanço entre a crítica social e a
autocrítica.

Não há como negar o intervalo


existente entre o emagrecimento no corpo
e a construção da imagem corporal,
principalmente para aqueles que nunca
tiveram a experiência de serem magros.
Para os que já experimentaram a
magreza, a cirurgia tem papel de resgate
da uma imagem já existente, porém,
avaliar a magnitude da satisfação ao
longo do tempo nesses dois grupos seria
importante. O período de emagrecimento
excessivo foi vivido com ambiguidade:
prazer e consciência da necessidade de
reganho de peso. Ouvir o grupo social
pedir para que comam mais e que
engordem vira do avesso a escuta da
pessoa e pede um tempo para seu
convencimento. A perda do controle
quando do reganho de peso se tornou
problema para os pacientes submetidos à
Cirurgia Bariátrica na medida em que os
números foram crescendo na balança e
acionaram o medo de voltar a engordar,
experiência já em vivência. A sinalização
social do reganho de peso passou a ser
de grande importância, agiu como freio de
um processo através da avaliação e
devolutiva grupal. Experiências de
rejeição, sentimento de inadequação que
fizeram com que o próprio sujeito, como
parte da sociedade, rejeitasse a si mesmo
foram alicerces para os medos do
reganho de peso.

A reconstrução corporal é atribuída


à cirurgia plástica e ao exercício físico.
Tidos como complementação e parte do
processo bariátrico. Ainda existem
dificuldades quanto à equação flacidez X
cicatriz. Existe busca de um ideal sem
marcas ou memórias da obesidade
mórbida, mas a presença de implicações
conjugais como o ciúme e/ou inveja do
parceiro impede o embelezamento do
corpo operado. Estes elementos do
âmbito conjugal necessitam também de
maiores explorações qualitativas. Os
dados ao longo da história da bariátrica
no Brasil demonstram a necessidade de
aprofundar os estudos sobre a
reconstrução da imagem corporal após a
cirurgia bariátrica, o seu impacto na
autoestima e autoconceito. Também
evidencia a necessidade de aprofundar os
estudos sobre a influência das relações
interpessoais, do contexto social e grupal
(que constroem o ideal de beleza) na
construção da autoimagem corporal.
11. E O QUE FAZER QUANDO O
REGANHO DE PESO FOGE AO
CONTROLE APÓS A CIRURGIA DA
OBESIDADE:

 PROCURAR A EQUIPE
MULTIPROFISSIONAL QUE O
ATENDE!

Retomar os cuidados com o corpo e a


mente é o primeiro passo para você voltar
aos trilhos. Uma nova avaliação
nutricional e psicológica são fundamentais
para identificar como está sua saúde
física e mental. O cirurgião também pode
trazer boas novas a você, quando propõe
uma nova modalidade de tratamento: o
plasma endoscópico de argônio.
O plasma endoscópico de Argônio
é um tratamento novo, para quem já fez a
cirurgia e após reganhar o peso, precisa
de ajuda.

As sessões, via endoscopia, são


feitas por cirurgião habilitado para fazer o
Argônio que pode ser de uma a três
sessões, dependendo do caso. Cada
pessoa deve ser previamente avaliada e
individualmente traçado o seu plano.

O objetivo deste tratamento


envolve a provocação de uma diminuição
da saída do alimento do estômago
operado (estenose), assim diminuindo o
tempo de esvaziamento gástrico, o que
promove saciedade precoce ao paciente.
Esta técnica causa uma termorregulação
da mucosa da anastomose
gastrointestinal e consequentemente
diminui o seu calibre.

É um tratamento ambulatorial,
minimamente invasivo, via endoscopia em
que o paciente recebe alta logo após
despertar do procedimento.

O acompanhamento com a equipe


multiprofissional é necessário, pois sem
mudança de comportamento não há
sucesso do tratamento. Será fundamental
corrigir as deficiências nutricionais que,
mesmo o paciente que voltou a engordar
não estará livre de ter. Muitos pacientes
são atendidos com anemias graves,
queda de cabelos, carência de vitaminas
lipossolúveis. A maioria precisa tratar
destas doenças antes de realizar o
procedimento.·.

O comportamento de forçar
entrada de mais comida do que realmente
cabe no estômago, de usar bebidas com
gás para fazer o efeito “desentupidor”
após consumir grandes quantidades de
alimentos, o uso de refrigerantes, a
ingestão rápida das refeições por hábito
ou pressa, o simples vício de comer e
beber conjuntamente, são condutas que
podem alargar a via de passagem do
alimento que vai do novo estômago ao
intestino. Com isso a comida deixa de
provocar a saciedade com pouca
quantidade e o estômago passa a pedir
mais alimento para ter satisfação e
plenitude.

Ao comer mais alimentos de pobre


teor nutritivo, o reganho de peso acontece
e a evolução é certa: sobrepeso ou
obesidade com desnutrição! Dois
problemas ao invés de um.

A suplementação nutricional será


imprescindível e será adequada
individualmente. O que é assustador aqui
é que praticamente 100% dos pacientes
que reganharam peso e agora voltam
para o plasma de argônio está com
deficiências nutricionais gravíssimas, sinal
de que deixaram de fazer o
acompanhamento com a equipe
multiprofissional há muito tempo.
Após rastrear todos os exames
laboratoriais, realizar as suplementações
necessárias, precisa-se atentar para rever
a alimentação diária deste paciente. Uma
medida educativa que é bem sucedida
para voltar aos trilhos é realizar o registro
alimentar em um diário. Os pacientes são
encorajados a anotar tudo o que ingerem
para demonstrar a qualidade e a
quantidade de alimentos que foi
consumida. Medida simples, mas que
serve para situar e conscientizar o
paciente dos seus erros e acertos com
relação à alimentação diária.
REGISTRO ALIMENTAR
Esta atividade é importante para
você visualizar a quantidade e qualidade
de alimentos que você consome durante
o dia e poder compará-la com as
orientações nutricionais propostas para
você. Traga sempre suas anotações nas
próximas consultas.
Adaptação para comportamentos
compensatórios e emoções:
A EVOLUÇÃO DIETÉTICA PARA
QUEM FAZ O PLASMA ENDOSCÓPICO
DE ARGÔNIO É:

1ª fase: jejum 12 horas previamente ao


procedimento.

2ª fase: assim que o cirurgião liberar a


dieta, será líquida completa por 15 dias.

3ª fase: 02 dias de dieta pastosa

4ª fase: 07 dias de dieta branda

5ª e última fase: dieta normal hipocalórica


e hiperprotéica.

Ao contrário do que muitos


pacientes acreditam, a dieta do período
pós-argônio não é apenas para promover
perda de peso ou desintoxicar. A dieta é
para permitir perfeita cicatrização do
método sem sangramento e ferimento da
mucosa. É muito similar ao que acontece
com a cirurgia. O emagrecimento rápido é
consequência dos cuidados necessários
ao procedimento.

Fisiologicamente o jejum promove


um estado de alerta inicial, pois
substâncias cerebrais desencadeadas
pelo estresse são liberadas. A carência
de combustível de acesso rápido é um
stress para o corpo e reservas precisam
ser acessadas. Passado esse período,
ocorre a sensação de fraqueza, com
moleza e dificuldade para concentração.
Pode haver irritabilidade ou recolhimento
e início de depressão. Tudo depende de
como funciona a pessoa que jejua. O
cérebro mais primitivo é que atua neste
estado e o humano atua como animal.
Vale a pena ver o desenho animado
“Madagascar” em que animais do
zoológico vão para floresta e passam a
ter que caçar para ter alimento, muito
diferente das condições disciplinadas do
cativeiro.

O que precisa ficar bem claro, é


que diante de todas as questões trazidas
neste manuscrito, o tratamento contra a
obesidade é inesgotável, que estamos
diante de uma doença inflamatória grave,
de difícil controle, que envolve corpo e
mente e carece de uma equipe de
profissionais capacitados para
compreender, sensibilizar e tentar ajudar
essas pessoas a melhorarem a sua
qualidade de vida e principalmente
priorizarem o seu tratamento. Não raro,
percebe-se que a falta de
acompanhamento nem sempre está
relacionada com a falta de condição
socioeconômica ou afinidade com a
equipe. Em muitas situações o paciente
desiste, ou acredita que pode cuidar-se
sozinho para controlar esta doença
crônica.

Precisamos fazer algumas


analogias para entender a gravidade do
problema. Uma mulher precisa fazer seu
controle ginecológico periódico, nem por
isso o ginecologista precisa buscar esta
paciente na sua casa e trazê-la pela mão
para que previna doenças graves como o
câncer de mama ou de cólo de útero.
Muitas campanhas são lançadas
anualmente para lembrar a todas desta
obrigação, pois seu corpo, sua família,
seus filhos, agradecem ter uma mãe
saudável em casa. Uma criança precisa
de muitas vacinas para se prevenir contra
doenças graves que podem levá-la à
morte. Será que o pediatra precisa buscar
os pais pela mão em casa para que
tragam seus filhos? O que queremos
demonstrar é que precisamos, acima de
tudo nos amar, respeitar e também o
mesmo sentimento deveremos ter com
nossos semelhantes. E uma forma de
demonstrar isso é exatamente cuidando
de si mesmo, buscando ajuda quando
necessário, priorizando os gastos para a
saúde e bem estar que vão desde fazer
as compras do supermercado com
educação nutricional, até consultar os
profissionais da equipe multiprofissional
que estarão sempre dispostos a ajudá-lo
a voltar aos trilhos sempre que algo não
estiver indo bem.

Com esta medida, muitos


dissabores serão evitados porque a
prevenção é uma arma poderosa e muito
mais fácil de ser manuseada pelos
profissionais da saúde.
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