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FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST


CURSO DE FISIOTERAPIA

GLÁUCIA SOUZA DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES PRATICANTES


DE CROSSFIT EM BOXES NA CIDADE DE SÃO LUÍS- MA

São Luís
2018
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GLÁUCIA SOUZA DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES PRATICANTES


DE CROSSFIT EM BOXES NA CIDADE DE SÃO LUÍS- MA.

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia


da Faculdade Santa Terezinha como um dos
requisitos para a obtenção do grau Bacharel em
Fisioterapia.

Orientadora:Profª.Ma. Nelbe Maria de Amorim de


Souza
Coorientador: Profª Dr. Fernando Cesar Moreira
Lima

São Luís
2018
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4

GLÁUCIA SOUZA DE OLIVEIRA

PREVALÊNCIA DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES PRATICANTES


DE CROSSFIT EM BOXES NA CIDADE DE SÃO LUÍS- MA.

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia


da Faculdade Santa Terezinha como um dos
requisitos para a obtenção do grau Bacharel em
Fisioterapia.

Aprovada em ____/____/____

________________________________________
Prof. Nelbe Maria de Amorim de Souza
Mestre em Ciências da Saúde – UFMA –2009
Faculdade Santa Terezinha- CEST

_______________________________________
1º Examinador

________________________________________
2º Examinador

São Luís
2018
5

Dedicatória

A Raimunda Nonata e Maria José

Pelo amor e esforço para que

Eu pudesse chegar até aqui.


6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela força e sustento nesta longa jornada e por ainda
realizar sonhos.
Ao meu esposo Thiago de Souza por todo amor, apoio e por não medir
esforço para que eu chegasse até aqui.
A minha família, mães, pai, irmãs, cunhada, por todo amor, incentivo,
suporte e por acreditarem que eu seria capaz.
A minha filha Sophia, por renovar minhas forças todos os dias com seu
sorriso, abraço apertado e seu amor.
Aos meus orientadores Nelbe Maria de Amorim de Souza e Fernando
Cesar Moreira Lima, por acreditarem neste trabalho e no meu potencial, por toda
paciência, dedicação, disponibilidade em me atender e me ajudar, vocês são os
melhores.
A todos os professores do curso por todo aprendizado durante minha
formação acadêmica.
As minhas amigas da faculdade Daniele, Jhenyfer Lara, Letícia e Júlia
que se fizeram presentes e me deram atenção nos momentos mais difíceis; pela
paciência, incentivo, por me fazerem acreditar em mim mesma e, sobretudo pela
amizade que construímos ao longo desse tempo.
Ao meu grupo de estágio Thayná, Amanda, Dennisy e principalmente
valmênia Leles pela convivência agradável, pela troca de conhecimento, por
dividirmos riso e lágrimas durante o último ano.
A todos que de forma direta e indireta contribuíram para que eu chegasse
até aqui.
Este trabalho envolve muitos sentimentos: alegria, tristeza, desafios,
frustrações, superação e principalmente gratidão.
7

“Senhor, valeu a pena.”

Livres pra adorar


8

RESUMO

A incontinência urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina,


sendo mais comum em mulheres. O CrossFit é uma modalidade esportiva de alta
intensidade com movimentos funcionais constantemente variados, que visa
aumentar a aptidão física de forma geral e inclusiva. A literatura afirma que a prática
de atividade física de alto impacto ou alta intensidade pode se comportar como fator
de risco na gênese da IU por afetar a musculatura do assoalho pélvico. Este estudo
teve por objetivo principal quantificar a presença de escape de urinária em mulheres
praticantes de CrossFit e identificar qual dos exercícios praticados tem maior
influência nessas perdas.Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, com
amostra de 32 praticantes de CrossFit composta por conveniência em 4 boxes de
São Luís- MA, que responderam um questionários com perguntas relacionadas a
dados sociodemográficos, histórico uro-ginecológico, obstétrico e de atividade física
e um questionário sobre dados de qualidade de vida (ICIQ-SF), e aplicação do Pad
Test de 1 hora (adaptado). Os resultados obtidos neste estudo demonstram que
(46,88%) das participantes da pesquisa apresentam escape de urina e que (40,63%)
ocorre em gotas, os resultados do questionário de qualidade de vida apontam que
(78,13%) dizem que a perda não interfere na vida diária, mas no escore final
(43,77%) apresentam um impacto leve.O resultado do Pad Test mostrou-se positivo
com uma perda em gramas de (1,71) com significância de P= 0,001, outro resultado
da pesquisa demonstrou ausência de correlação entre as variáveis IMC e perda de
urina, nem quantidade de parto e perda de urina. A conclusão dessa pesquisa foi
que a perda de urina no âmbito da atividade física ocorre mesmo em mulheres
jovens e nulíparas e sem os fatores de riscos clássicos da incontinência urinária.

Palavras- Chaves: Incontinência Urinária feminina; CrossFit; Assoalho Pélvico


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ABSTRACT

Urinary incontinence (UI) is defined as any involuntary loss of urine, being more
common in women. CrossFit is a high-intensity sports modality with constantly varied
functional movements that aims to increase physical fitness in a general and
inclusive way. The literature states that the practice of high-impact or high-intensity
physical activity can behave as a risk factor in the genesis of UI by affecting the
pelvic floor musculature. The purpose of this study was to quantify the presence of
urinary leakage in women practicing CrossFit and to identify which of the exercises
performed has the greatest influence on these losses. It is a cross-sectional,
quantitative, descriptive study with a sample of 32 CrossFit composite practitioners
for convenience in 4 boxes of São Luís -MA, who answered a questionnaire with
questions related to socio-demographic data, uro- gynecological, obstetrical and
physical activity history and a questionnaire about quality of life (ICIQ-SF), data and
application of the 1-hour Pad Test adapted). The results obtained in this study show
that (46.88%) of the participants had urine leakage and that (40.63%) occurred in
drops, the results of the quality of life questionnaire indicated that (78.13%) said that
the loss does not interfere in daily life, but in the final score (43.77%) they present a
slight impact. The result of the Pad test was positive with a loss in grams of (1,71)
with significance of P = 0.001 and test-t = -572, another result of the research was
that there was no correlation between the BMI variables and urine loss, nor amount
of labor and urine loss. The conclusion of this research was that the loss of urine in
physical activity occurs even in young and nulliparous women and without the classic
risk factors of urinary incontinence.

Keywords: Female Urinary Incontinence ; CrossFit; Pelvic floor


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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Diferenciação da pelve masculina e feminina........................... 20
Figura 2- Diafragma da Pelve.................................................................... 22
Figura 3- Diafragma Pélvico e Trigono Urogenital e Anal.......................... 23
Figura 4- Bexiga e Uretra Feminina........................................................... 26
Figura 5- Número de Afiliados oficiais do CrossFit®................................. 32
Figura 6- Execução de Movimentos do CrossFit; Air Squat, Front Squat,
Overhead Squat......................................................................................... 35
Figura 7- Execução de Movimentos do CrossFit; Shoulder Press, Push Press,
Push Jerk........................................................................................ 36
Figura 8- Execução de Movimentos do CrossFit; Deadlift, Sumo Deadlift high
Pull, Medicine Ball Clean................................................................... 36
Figura 9- Sequência de execução do movimento Box Jump.................... 37
Figura 10- Sequência de execução do movimento Burpee....................... 37

LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Variáveis sócio demográficas de mulheres praticantes de CrossFit de
São Luís- MA, 2018............................................................... 42
Tabela 2- Medidas de dispersão das variáveis antropométricas das praticantes
de CrossFit de São Luís- MA, 2018........................................ 44
Tabela 3- Variáveis relacionadas ao histórico ginecológico e obstétrico
11

praticantes de CrossFit de São Luís- MA, 2018........................................ 45


Tabela 4- Variáveis relacionadas a atividade física praticantes de CrossFit de
São Luís- MA, 2018............................................................... 47
Tabela 5- Variáveis relacionadas a qualidade de vida praticantes de CrossFit de
São Luís- MA, 2018............................................................... 53
Tabela 6- Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas idade,
IMC, das praticantes de CrossFit de São Luís- MA, 2018............ 57
Tabela 7- Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas
partaridade das praticantes de CrossFit de São Luís- MA, 2018 58
Tabela 8- Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas com os
exercício do CrossFit das praticantes........................................... 60

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Resultado do Pad Test.............................................................. 56
Gráfico 2- Forma de Perda de Urina das praticantes de CrossFit............. 57
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LISTA DE SIGLAS
AP- Assoalho Pélvico
ICIQ-SF- Questionário Internacional de Consulta sobre Incontinência: Forma
Curta
ICS- Sociedade Internacional de Continência
IMC- Índice de Massa Corpórea
IU- Incontinência Urinária
IUE- Incontinência Urinária Esforço
IUM Incontinência Urinária Mista
IUU- Incontinência Urinária Urgência
LA- Levantadores do Ânus
MAP- Músculos do Assoalho Pélvico
RS – Rio Grande do Sul
SM- Salário Mínimo
SNC- Sistema Nervoso Central
SNP- Sistema Nervoso Periférico

LISTA DE SÍMBOLOS

® - Marca Registrada
˂ - Menor
˃ - Maior
≥ - Maior igual
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mg - miligramas
Kg - kilogramas
Kg/m²- kilogramas por metro quadrado

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................... 19
2.1 Anatomia Funcional da Pelve.................................................................. 19
2.1.1 Anatomia Pélvica..................................................................................... 19
2.1.2 Assoalho Pélvico..... ................................................................................ 20
14

2.1.3 Períneo e Diafragma Urogenital ............................................................. 22


3 TRATO URINÁRIO INFERIOR.................................................................. 25
3.1 Neurofisiologia da Micção´...................................................................... 25
3.2 Enchimento Vesical.................................................................................. 27
3.3 Esvaziamento Vesical............................................................................... 27
4 TEORIA INTEGRAL DA CONTINÊNCIA .................................................. 28
4.1 Fisiologia da Continência Urinária.......................................................... 28
4.2 Classificação da Incontinência Urinária feminina................................. 29
4.2.1 Fatores de Risco....................................................................................... 30
4.2.2 Epidemiologia da Incontinência Urinária feminina............................... 30
4.3 Incontinência Urinária em mulheres praticantes de atividade física.. 31
5 CROSSFIT®............................................................................................... 33
5.1 Impacto dos exercícios do CrossFit sobre os músculos do 35
assoalho pélvico.......................................................................................
6 METODOLOGIA......................................................................................... 40
6.1 Tipo de Estudo.......................................................................................... 40
6.2 Período e local da pesquisa.................................................................... 40
6.3 População e amostra................................................................................ 40
6.4 Critérios de Inclusão e Exclusão............................................................ 40
6.5 Instrumentos de coleta de dados............................................................ 40
6.6 Coleta de dados........................................................................................ 41
6.7 Análise Estatística.................................................................................... 42
6.8 Aspectos Éticos ....................................................................................... 42
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 43
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 64
REFERÊNCIAS................................................................................... 66
APÊNDICE A- Questionário de Identificação Pessoal, sobre aspectos
Uro-gineco-obstétricos e Atividade Física. ................................................ 71
APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............. 74
ANEXO A- Questionário ICIQ-SF........................................................... 77
ANEXO B- .Autorização para pesquisa no Box Arcádia House......... 78
ANEXO C- Autorização para pesquisa no Box CFTR CrossFit..... 79
ANEXO D- Autorização para pesquisa no Box CrossFit 98............. 80
15

ANEXO E- Autorização para pesquisa no Box CrossCity.............. 81


ANEXO F- Registro de Medição INMEQ......................................... 82

INTRODUÇÃO

A incontinência urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de


Continência (ICS) como a queixa de qualquer perda involuntária de urina (PATRIZZI
et al., 2014). A incontinência urinária de esforço (IUE) é a perda involuntária de urina
em função de esforço físico, espirro ou tosse, podendo ocorrer em atividades físicas,
16

quando a pressão intravesical excede a pressão uretral máxima, na ausência de


contração do músculo detrusor (ABRAMS; PARTIBANI; CARDOSO, et al. 2010).
Quando a mulher pratica exercícios de alto impacto, isso pode ocasionar
o aumento excessivo da pressão intra-abdominal, o que pode sobrecarregar os
órgãos pélvicos empurrando-os para baixo, podendo sobrecarregar e causar danos
aos músculos e tecidos conectivos do assoalho pélvico e, consequentemente,
desencadear perda de urina (JÁCOME; OLIVEIRA; MARQUES, et al. 2011).
O CrossFit é uma atividade física de alto impacto que abrange um dos
programas de treinamento de força e condicionamento físico geral que mais cresce
em número de adeptos, além de contar com mais de 10000 academias conveniadas
pelo mundo (XAVIER; LOPES, 2017).
A modalidade CrossFit é uma atividade física de alta intensidade que se
popularizou rapidamente em apenas 17 anos e já é conhecida no mundo todo,
aumentando a cada dia mais o seu número de adeptos, o CrossFit é formado por
três tipos básicos de movimentos (corrida, remo, pular corda e etc.), os de
levantamentos de peso (levantamento de peso olímpico e levantamento de peso
básico) e movimentos de ginástica (barras, flexões, argolas e etc.) (XAVIER; LOPES,
2017).
Segundo Araújo; Parmigiano; Negra et al (2015), em mulheres, o esporte
de alto rendimento e alto impacto aumenta em nove vezes o risco para incontinência
urinária, apesar do risco depender do tipo de modalidade esportiva. Existe pouco
conhecimento acerca do funcionamento dos músculos do assoalho pélvico durante a
prática desportiva, e que na maioria dos exercícios em que ocorre aumento da
pressão intra-abdominal, não acontece a contração voluntária desses músculos,
motivo este que explica a perda involuntária de urina (ARAÚJO;PARMIGIANO;
NEGRA, et al. 2015).
Diante de fatos relatados na literatura especializada sobre a incontinência
urinária em mulheres, especialmente nas praticantes de atividades físicas e, sendo o
CrossFit uma modalidade de exercícios de alta intensidade, o qual pode contribuir
para o surgimento ou aumento da IU e, desta forma, impactar negativamente na
qualidade de vida dessas mulheres (MORENO, 2009).
Esse estudo se propôs pesquisar a prevalência da IU em mulheres
praticantes de CrossFit com intuito de ajudar os profissionais da área a identificar os
exercícios que mais sobrecarregam a musculatura do assoalho pélvico e, assim,
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poder oferecer um acompanhamento adequado com conscientização e orientações


sobre a contração voluntária dessa musculatura durante a atividade física, visando
minimizar os efeitos negativos da sobrecarga no assoalho pélvico ou até mesmo
prevenção de perdas de urina.
Está pesquisa teve por objetivo quantificar a perda de urinária em
mulheres praticantes de CrossFit, assim como caracterizar a amostra de forma sócia
demograficamente e quanto a prática de atividade física; verificando a frequência
das perdas e qual(is) o(s) exercício(s) que mais proporciona(m) o escape de
urinária; assim como quantificar a interferência da perda de urina na atividade de
vida diária e sexual dessas mulheres e por fim relacionar as mulheres do estudo
com os fatores de risco da IU: idade, IMC, quantidade de gravidez, tipo e quantidade
de parto e episiotomia.
Trata-se de um estudo quantitativo e transversal, realizado com mulheres
praticantes de CrossFit, por meio de aplicação de dois questionários, um criado
pelas autoras da pesquisa que incluem variáveis sócio demográficas, variáveis
relacionadas a dados ginecológicos e obstétricos e variáveis relacionadas a pratica
de exercícios físicos e do CrossFit. O outro questionário aborda variáveis de
qualidade de vida das participantes da pesquisa; e conta ainda com a aplicação do
Pad Test de 1 hora (adaptado).
A pesquisa foi dividida em oito capítulos teóricos, o primeiro consistiu na
introdução, o segundo abordando os aspectos da anatomia funcional da pelve
feminina, o terceiro comenta sobre o trato urinário e os aspectos que englobam a
função urinária, o quarto explana sobre a teoria integral da continência e seus
mecanismos fisiológicos, o quinto capítulo aborda a modalidade CrossFit e seus
exercícios e o impacto que gera na musculatura do assoalho pélvico, os demais
capítulos são metodologia, resultado, discussão e conclusão desta pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Anatomia funcional da pelve

2.1.1 Anatomia Pélvica


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A pelve é constituída por quatro ossos que possuem uma forma anelar
(bacia) formado por dois ossos ilíacos (Ílio, ísquio, púbis) laterais, posteriormente
pelo sacro e cóccix que serve como ponto de fixação dos músculos e ligamentos
ósseos, é responsável pela sustentação do peso corporal, locomoção e suporte das
viscerais abdominopélvica (MARANA ; BRITO, 2011).
Os ossos da pelve articulam-se por meio de três articulações (sínfises
púbica, sacroilíaca e sacrococcígea) e ligamentos que oferecem estabilidade
funcional, sendo os ligamentos vertebropélvicos que dão limitação de movimento
exagerados e ou indesejados da pelve, já os ligamentos sacrilíacos reforçam a
relação entre os dois ossos ilíacos (ZUGAIB, 2011).
A pelve tem duas bases que são divididas anatomicamente em pelve
maior ou pelve falsa, localizada na parte abdominopélvica onde contém as vísceras
abdominais e a pelve menor ou pelve verdadeira, conhecida ainda como “pelve
obstétrica”, é a continuação mais estreita da pelve maior, no lugar em que se alojam
órgãos do aparelho urogenital, contendo o canal do parto e a porção final do tubo
digestório; Inferiormente a abertura pélvica é fechada pelo diafragma pélvico que
forma o assoalho pélvico e separa a pelve do períneo (MARANA ; BRITO, 2011).
A pelve feminina é delimitada anteriormente pela face posterior da sínfise
púbica, lateralmente pelos músculos obturatórios internos, posteriormente pelo sacro
e músculos piriformes (FERREIRA, 2011).
Em seu conjunto, apresenta um arcabouço ósseo mais afunilado em
relação à masculina, um diâmetro anteroposterior e látero lateral maior conferindo
uma forma mais circular, a qual se diferencia da pelve masculina como se pode
observar na Figura 1 (PALMA, 2014).

Figura 1 Diferenciação da Pelve Masculina e feminina.


19

Pelve Masculina Pelve Feminina

Fonte: PALMA; PORTUGAL, (2014).

2.1.2 Assoalho Pélvico

A anatomia pélvica é formada pelo conjunto de ossos, músculos,


ligamentos e fáscias, as estruturas ósseas oferecem sítios para inserção dos
sistemas de sustentação e suspensão, enquanto os músculos, ligamentos e fascias
formam um sistema que fornece forma e função aos órgãos do assoalho pélvico
(AP); as fascias fornecem suporte aos órgãos e os ligamentos oferecem pontos de
suspensão e ancoragem dos músculos (HADDAD; AMARO; TRINDADE, et al.2012).
O assoalho pélvico feminino exerce as funções de sustentar os órgãos
pélvicos, resistindo aos aumentos de pressão intra-abdominal; de proporcionar ação
esfincteriana para a uretra, vagina e reto; de auxiliar na estabilização lombo pélvica;
de propiciar estímulos sexuais e, por fim, de permitir a passagem do feto
(BARRACHO, 2014).
O assoalho pélvico precisa responder espontaneamente a mudanças na
posição do tronco e a aumentos na pressão intra-abdominal para manter o
fechamento dos esfíncteres ou permitir sua abertura quando necessário (ALMEIDA;
BARRA; FIGUEIREDO, et al. 2011; MACHADO, 2017).
Para exercer sua função de sustentação, o assoalho pélvico é constituído
por uma maior porcentagem de fibras do tipo I, que são fibras de contração muscular
lenta e altamente resistente à fadiga; em virtude da velocidade de contração das
fibras do tipo I ser mais lenta, a contração é iniciada pelas fibras do tipo II, que são
20

fibras de contração rápida (a velocidade de contração e tensão gerada é 3 a 5 vezes


maior comparada às fibras lentas), também se contraem em aumentos súbitos da
pressão intra-abdominal, mas, em contra partida fadigam rapidamente (ARAÚJO;
PARMIGIANO; NEGRA, et al, 2015; ZUGAIB, 2011).
O diafragma da pelve é constituído pelos músculos levantadores do ânus
e coccígeo com suas respectivas fáscias , junto com o diafragma urogenital e a
fáscia endopélvica formando o assoalho pélvico (FERREIRA, 2011).
Os músculos levantadores do ânus (LA) formam o maior e mais forte
componente muscular do AP e possuem três divisões: pubococcígeo ou
pubovisceral, puborretal e iliococcígeo (LATORRE; SELEME, 2011).
Apesar das divergências em relação à nomenclatura e terminologia do
pubococcígeo ou pubovisceral, há concordância sobre a origem e inserção dos
levantadores do ânus. Após estudos com ressonância magnética e series de
dissecações histológicas, DeLancey (2003) observou que a porção mais distal dos
levantadores do ânus se inseria nas vísceras e não no cóccix como se pensava
anteriormente, o que fez, para ele, ser chamado de “músculo pubovisceral” ao invés
de “músculo pubococcígeo”, para que esta nova nomenclatura pudesse ficar mais
fidedigna quanto a origem e inserção desta musculatura (LATORRE; SELENE,
2011).
De acordo com DeLancey (2003) o pubovisceral é composto por três
subdivisões que são unidades homólogas bilaterais, mas que não se interligam entre
si na linha mediana ao contrário, elas se inserem de cada lado das paredes vaginais,
do corpo períneal e da região inter-esfinctérica anal sendo titulados de acordo com
suas inserções respectivamente de pubovaginal, puboperineal e puboanal como
mostra a (Figura 2), sendo assim cada homólogo forma um sistema de alavanca
potente, onde a origem púbica serve como pivô e o órgão de inserção é a
resistência.
“A ação do pubovaginal é de puxar o corpo perineal ventralmente através
do púbis; do puboperienal é elevar a vagina na região média da uretra; e do
puboanal é elevar o ânus e suas inserções na anaderme” (FERREIRA,2011).
De forma geral a ação do grupamento pubovisceral é tracionar os órgãos
cranialmente diminuindo o hiato urogenital e amassando uretra e vagina contra a
pressão intra-abdominal, o peso das vísceras e a sínfise púbica (LATORRE;
SELEME, 2011).
21

Figura 2 – Diafragma da pelve

Imagem ao níevl do hímen. PV pubovaginal, PP puboperineal, CP corpo perienal, PA puboanal, PR


puboretal, EA esfíncter anal, IC iliococcígeo, ATEA arco tendíneo dos levantadores do ânus. Fonte :
DeLancey (2003).
O músculo puborretal origina-se no ramo inferior do osso púbico,
seguindo posteriormente ao redor do reto, formando uma alça ao redor do reto
formando o ângulo anorretal tendo importância decisiva no mecanismo e continência
fecal e age sobre a vagina comprimindo a parede posterior auxiliando o fechamento
do lúmen. (FERREIRA, 2011; ROCHA; FRAGA, 2012).
O músculo ilicoccígeo origina se no arco tendineo dos LA em direção
anterior, medial e oblíqua para baixo, para ligar se os cóccix e á rafe iliococcígea,
suas fibras são mais calibrosas em comparação os que formam o pubovisceral e
suas fibras posteriores são mais perpendiculares á rafe iliococcígea do que as
anteriores explicando assim o menor índice de lesão nessa área. Tem como ação
principal a elevação das vísceras pélvicas e por consequência a estabilização destes
órgãos ao equilibrar o resultado da pressão intra-abdominal e também atua
impulsionando o cóccix para frente (BARACHO, 2014; FERREIRA, 2011).
2.1.3 Períneo e Diafragma Urogenital

O períneo é uma região abaixo do diafragma pélvico em forma de losango


quando há uma abdução das coxas, que se estende da sínfise púbica anteriormente;
túberes isquiáticos lateralmente e parte mais inferiores do sacro e do cóccix
posteriormente, uma linha transversal chamada centro tendineo do períneo une as
22

extremidades anteriores dos túberes isquiáticos divide o períneo em dois triângulos


(figura 3 ) (PALMA, 2014).
Na porção anterior denominada trígono urogenital, onde aloca a genitália
externa feminina, e uma porção posterior, o trígono anal. O corpo perineal é a
estrutura que dá resistência e é o ponto do períneo no qual vários músculos do
diafragma pélvico e urogenital convergem, servindo de ponto de apoio e sustentação
de todas essas camadas, está localizado entre o introito vaginal e o esfíncter anal
externo e seu defeito são causadores da maioria das disfunções perineais
(FERREIRA, 2011; PALMA, 2014).
O diafragma Urogenital é formado pelos músculos transverso superficial e
profundo do períneo, bulbocavernoso, ísquiocavernoso e esfíncter estriado do ânus.
O músculo isquiocavernoso tem sua origem no ísquio e inserção na raiz do clitóris,
auxilia na ereção clitoriana, ajuda a estabilizar a membrana perineal e atua
fortalecendo o meato uretral, o músculo bulbocavernoso origina-se no corpo perineal
e se inserindo na raiz do clitóris tem a função de constrição da vagina e funciona
como ponto de ancoragem da uretra em sua porca distal (FERREIRA, 2011;
ROCHA; FRAGA, 2012)
Figura 3- Diafragma Pélvico e Trigono Urogenital e Anal.

Fonte: Netter, (2006)


23

Segundo Delancey (2003) o local onde se acredita está o músculo


transverso profundo do períneal verdade é preenchido por uma membrana fibrosa
que foi denominada membrana perineal.
A membrana perineal é margeada por fibras delgadas distais do esfíncter
urogenital estriado, está age diretamente sobre a uretra de três formas diferentes:
para manter e aumentar a pressão: o esfíncter uretrovaginal (que circunda tanto
uretra quanto vagina), o compressor da uretra e também o esfíncter uretral estriado
(que comprime e reduz a luz da uretra), esses três músculos se entrelaçam com
células musculares lisas em formato circular e com uma bem elaborada rede
longitudinal de musculatura lisa (FERREIRA, 2011).
O esfíncter urogenital estriado é capaz de aumentar a pressão intrauretral
de forma independente do pubovaginal, porém com a idade ocorre uma diminuição
no número e densidade das fibras musculares deste esfíncter acarretando na
diminuição da força de fechamento uretral (LATORRE; SELEME, 2011).
O diafragma apresenta outras funções, como transmissão de pressão
para bexiga e uretra, o que faz com que a pressão uretral permaneça superior a
pressão vesical, favorecendo o mecanismo de continência (BARRACHO, 2012).

3 Trato Urinário Inferior


24

O trato urinário inferior é composto pela bexiga, uretra e colo vesical. A


bexiga é um órgão muscular oco, possui funções tanto de reservatório de urina,
quanto de esvaziamento durante a micção, função realizada pela musculatura lisa
denominada de detrusor. Pode variar o tamanho de acordo com a quantidade de
urina que armazena, todavia, tem uma capacidade média de 350 a 450ml no adulto,
e pode ser divida em quatro porções: uma superior chamada de cúpula, uma
posterior (fundo da bexiga ou base) e duas porções inferolaterais; a junção destas
duas últimas porções formam o colo vesical que é a porção mais fixa da bexiga. O
sistema de sustentação da bexiga é composto pelo ligamento pubovesical lateral
(MARANA; BRITO, 2011; MARANA; OMERO NETO, 2011).
A uretra feminina mede aproximadamente entre 3 a 4 cm e consiste em
um tubo fibromuscular que vai desde o colo vesical até o hostil da uretra,
atravessando o diafragma pélvico e urogenital. Possui varias camadas: uma fina
camada circular de músculo liso que também é responsável pela continência
urinária, uma submucosa que é possível encontrar vasos sanguíneos e glândulas e
por último, a mucosa (MARANA; BRITO, 2011).
O trato urinário baixo feminino, com suas funções antagônicas de
armazenamento e eliminação da urina, possui um complexo mecanismo de controle
que depende da interação e integralidade anatômica da bexiga, uretra e do AP
(PALMA, 2014)
3.2 Neurofisiologia da Micção

A interação entre o sistema nervoso central (SNC), sistema nervoso


periférico (SNP) e trato urinário inferior se dá por níveis de controle miccionais,
circuitos neurológicos e reflexos da micção (GIRÃO; SARTORI; LIMA, et al. 2009).
Os principais níveis de controle da micção são: córtex cerebral que é
responsável pela função vesical; região pontina mesencefálica do tronco cerebral, a
qual seria o centro primário da micção; núcleos da base que teriam ação inibitória
sobre a contração do detrusor; sistema límbico formado por hipocampo, tálamo,
amígdala e giro ungulado exercendo a facilitação ou depressão da atividade vesical;
cerebelo e seus impulsos eferentes os quais são importantes para a manutenção do
detrusor e do relaxamento do rabdoesfíncter; e o centro sacral da micção que é a via
de transmissão de todos os estímulos sensoriais aferentes do trato urinário inferior e
25

constitui o arco-reflexo simples entre o músculo detrusor e o sistema esficteriano


uretral (GIRÃO; SARTORI; LIMA, et al., 2009; LIMA; GÉO, 2012).
Existe ainda quatro alças de controle dos reflexos da micção: alça I
responsável por coordenar o controle voluntário do reflexão de micção; alça II
mantém a contração do músculo detrusor até o total esvaziamento vesical; alça III
permite a sincronia entre a contração do detrusor e o relaxamento uretral e vice
versa; alça IV responsável pelo controle voluntário da musculatura estriada do
esfíncter uretral, podemos observar esta musculatura na figura 4 (GIRÃO; SARTORI;
LIMA, et al., 2009).

Figura 4. Bexiga e uretra feminina

Fonte: (GIRÃO et al., 2009).

Os nervos simpáticos eferentes têm papel no armazenamento da urina,


uma vez que inibem os nervos parassimpáticos eferentes. Como o músculo detrusor
contém poucas fibras simpáticas essa inervação torna-se essencial na manutenção
e aumento da resistência do colo vesical e da uretra proximal mantendo a
continência em situações de esforço ou de bexiga cheia (LIMA; GÉO, 2012).
O sistema nervoso parassimpático determina a contração do músculo
detrusor e o relaxamento da musculatura lisa da uretra, já no sistema nervoso
simpático o componente alfa-adrenérgico determina contração do colo vesical uretra
e relaxamento de uretra e músculo detrusor (LIMA; GÉO, 2012). Este complexo
circuito neural atua por meio da integração de reflexos que permitem atuação tanto
26

para armazenar, garantido continência, quanto para eliminar de forma a não permitir
resíduos, podendo ser alterado por fatores de origem central ou periférico (PALMA,
2014).
A micção normal se baseia na coordenação recíproca entre bexiga e uretra.
Sempre que a micção se inicia, nervos somáticos da musculatura estriada
são inibidos, produzindo relaxamento uretral e diminuição da resistência
uretral, o músculo liso da uretra também relaxa por estímulo parassimpático
(HADDAD; AMARO; TRINDADE, et al., 2012).

3.1 Enchimento vesical


Durante o enchimento vesical o músculo detrusor permanece inativo, com
mínimas modificações na pressão intravesical, adaptando-se ao aumento
progressivo de volume através do aumento do comprimento de suas fibras; a uretra
permanece fechada, com aumento progressivo do tônus da musculatura lisa e do
esfíncter estriado externo (PALMA, 2014).

3.2 Esvaziamento vesical


Ao atingir um volume crítico o esfíncter externo se relaxa e o músculo
detrusor inicia uma série de contrações, o colo vesical se abre e a micção se
processa de forma sincronizada, a sensação de repleto vesical após o enchimento
de determinado volume de urina, é enviado ao encéfalo através de raptores de
tensão do estiramento, tornando a paciente consciente e a micção voluntária
permitindo a perda de urina no momento e local adequado ( BARACHO, 2012;
PALMA, 2014).

4 TEORIA INTEGRAL DA CONTINÊNCIA


27

A teoria integral da continência foi criada por Peter Petros e Ulmsten, com
o objetivo de explicar de forma integrada os mecanismos fisiopatológicos envolvidos
na incontinência urinária de esforço (IUE) e na urge-incontinência, a teoria considera
que os sintomas não são independentes e se correlacionam dentro do processo
fisiopatológico levando em conta a inter-relação das estruturas envolvida no
mecanismo de continência, bem como os efeitos da idade, hormônios e tecido
cicatricial local (PALMA, 2014).
Está teoria propõe uma nova classificação da IU que se baseia em três
zonas funcionais do AP: compartimentos anterior, médio e posterior; onde a
incontinência aos esforços, urgência e alterações do esvaziamento vesical decorrem
das alterações teciduais dos elementos de suporte suburetral, dos ligamentos e dos
músculos do assoalho pélvico, as alterações da tensão aplicada pelos músculos e
ligamentos sobre as fáscias justapostas à parede vaginal determinam a abertura ou
o fechamento do colo vesical e da uretra (HADDAD; AMARO; TRINDADE et al.,
2012).
As disfunções da zona anterior determinam incontinência urinária de
esforço, enquanto defeitos posteriores causam, mais frequentemente, alterações do
esvaziamento vesical, porém a presença de um defeito pode não apresentar
significado clínico, em decorrência de mecanismos compensatórios que podem estar
presentes ou não, em determinados pacientes (PALMA, 2014).
Os sintomas da IUE seriam secundários a frouxidão da vagina e de seus
ligamentos de suporte; assim, a abertura e fechamento da uretra e colo vesical são
regulados por forças que exercem tensão na vagina, fazendo com que a vagina
exerça uma dupla função envolvendo a continência: a primeira função é garantida
pelo segmento anterior da vagina, onde ocorreria a sustentação suburetral
“hammock” que durante o esforço age como um suporte firme mediando as
diferentes forças e contrações no períneo, e a segunda função é assegurada pelo
segmento horizontal da vagina em uma área chamada de “área de elasticidade
crítica” que quando colocada sob tensão inibe os receptores de pressão situados na
fibras musculares lisas da uretra proximal e no trígono (HADDAD; AMARO;
TRINDADE, et al. 2012).

4.1 Fisiologia da continência Urinária


28

A continência urinária é o resultado de uma complexa inter-relação entre


mecanismos fisiológicos á nível central (córtex cerebral, tronco, ponte e segmentos
torácicos e sacrais da medula espinhal) e nível periférico (bexiga, uretra, músculos,
fáscias e ligamentos) podendo sofrer alterações de forma isolada ou entre si
(PALMA, 2014).
Para a manutenção da continência é de suma importância que a pressão
uretral exceda a pressão vesical tanto no repouso quanto no esforço, e sua redução
é um dos fatores mais importante na origem da incontinência urinária de esforço
(MORENO, 2009). Os fatores decisivos da pressão intra-uretral são a mucosa da
uretra, vascularização, a musculatura e o tecido conjuntivo periuretral, que em
conjunto preservam as paredes uretrais colabadas e são fortemente influenciadas
pelo estrogênio (MORENO, 2009).
Além disso é necessário que a bexiga seja complacente e estável, sendo
capaz de armazenar centenas de mililitros de volume urinário, a uretra deve estar
em posição normal e a inervação muscular preservada, assim como os esfíncteres
(JUSTINA, 2013).

4.2 Classificação da Incontinência Urinária Feminina

A sociedade Internacional de Continência (ICS) definiu a Incontinência


urinária como qualquer perda involuntária de urina exceto em crianças (Haylen et al.,
2010), se constituindo um problema social e higiênico à mulher, tornando-se um
problema de saúde pública, sendo classificados de acordo com o acontecimento que
gera a perda urinária, os três tipos mais comuns de IU são: Incontinência Urinária de
Esforço (IUE) definida como “perda involuntária de urina em decorrência de um
esforço, tosse ou espirro”; incontinência urinária de urgência ou Urge-incontinência
(IUU): quando a perda involuntária de urina é acompanhada por desejo súbito e
urgente em urinar; Incontinência Urinária Mista (IUM) que é caracterizada por
queixas de “perda involuntária de urina associada à urgência e ao esforço”
(HAYLEN; RIDDER; FREEMAN, et al., 2010).
O tipo mais Prevalente de incontinência é a IUE, que ocorre quando a
pressão vesical excede a pressão uretral sem que haja a contração do músculo
29

detrusor, possui etiologia multifatorial e é responsável por quase metade dos casos
de IU (JUSTINA, 2013).
Conforme Almeida (2011) apesar da IU não ameaçar a vida, nem causar
morbidade ou mortalidade, ainda assim a perda urinária é uma condição
desconfortável, embaraçosa e estressante, que pode levar a inatividade, ao
constrangimento higiênico e social e afetar a qualidade de vida.

4.2.1 Fatores de Risco

Existem diversos fatores mundialmente conhecidos que estão associados


a incontinência urinária como fatores que predispõe (idade, cor da pele, raça,
colágeno), fatores que promovem (obesidade, deficiência hormonal, tabagismo,
menopausa, diabetes mellitus constipação, uso de medicamentos,atividade física)
fatores que descompensam (envelhecimento, sedentarismo, doenças degenerativas)
e fatores que incitam (gravidez, parto vaginal,infecção urinária recorrente,
episiotomia, cirurgias vaginais, lesão muscular e de inervação nos músculos do
assoalho pélvico MAP e radiação) (PALMA, 2014). Estes eventos comprometem o
assoalho pélvico por enfraquecerem os músculos (levantador do ânus), as fáscias e
os ligamentos (ARAÚJO; PARMIGIANO; NEGRA, et al., 2015).
Baseado em estudos com a população brasileira, os principais fatores de
risco para a incontinência urinária são: idade, obesidade, traumas na região do
assoalho pélvico (por parto ou cirurgia ginecológica), menopausa, constipação
intestinal, tabagismo, uso de drogas, consumo de cafeína em alta concentração e
exercício físico (MACHADO, 2017).

4.2.2 Epidemiologia da Incontinência Urinária feminina

Alguns fatores influenciam os índices de prevalência da IU feminina, pois


diversos autores ao redor do mundo utilizam metodologias distintas, grupos
específicos de indivíduos e forma de diagnóstico diferente para realização das
pesquisas.
A UI afeta a população mundial com uma prevalência que pode variar
entre 10 a 55% (MACHADO, 2017). Na Europa, em estudo multicêntrico, realizado
na França, Alemanha, Espanha e Reino Unido com 27.936 mulheres detectaram
30

uma prevalência de 57% de IU moderada ou grave, 50% de IUE, 11% de IUU, 36%
de IUM e 3% de outros tipos de perdas (SANTOS; SANTOS, 2010).
Um estudo realizado em Portugal pela universidade do Porto em 2008
constatou que a prevalência de IU na população feminina foi de 21,4% sendo que
39,9% dessas mulheres apresentam o tipo IUE. Um estudo realizado nos Estados
Unidos da América (EUA) em 2013, constatou que cerca de 25 milhões de adultos
sofrem com IU, 85% são mulheres e destas mulheres 50% apresentam IUE
(MACHADO, 2017).
Os estudos sobre a IU no Brasil se concentram na região sudeste e em
regiões metropolitanas, um estudo de base populacional realizado em pouso alegre,
Minas Gerais, em 2010 verificou a prevalência de incontinência urinária de 32,9%
entres as mulheres com faixa etária de 40 a 59 anos (SANTOS; SANTOS, 2010).
Em outro estudo realizado no município de Campinas, São Paulo, foi
observado que das 456 mulheres na faixa etária de 45 a 60 anos, 35%
apresentavam queixa de incontinência urinária (MACHADO, 2017).

4.3 Incontinência Urinária em mulheres praticantes de atividade física.

Os benefícios de ser fisicamente ativo são numerosos e incluem a


prevenção de várias doenças crônicas e, consequentemente, redução do risco de
morte prematura, porém existe um limite seguro para que o volume de exercício
realizado, não excedam os benefícios, produzindo efeitos adversos. Quando o
exercício intenso e repetido acontece ao longo do tempo, ocorre um aumento da
pressão intra-abdominal que pode afetar adversamente as estruturas de suporte dos
músculos do assoalho pélvico (MAP) com consequências prejudiciais à sua função
(ROZA; BRANDÃO; MASCARENHAS, et al., 2015).
A relação entre a incontinência urinária e a prática de exercícios físicos
vem sendo amplamente investigada, evidenciando o quanto estes sintomas são
comuns até mesmo entre jovens e nulíparas, nas mulheres sem os clássicos fatores
de risco para IU cerca de 50% apresentam perda urinária durante atividade simples
ou eventuais exercícios provocativos, a prevalência de IUE em mulheres atletas
jovens é de 40% e nas que praticam exercícios de forma irregular é de apenas 8%
(MORENO, 2009).
31

Em mulheres, o esporte de alto rendimento e alto impacto aumenta em


nove vezes o risco para incontinência urinária, variando de acordo com a
modalidade esportiva (ARAÚJO; PARMIGIANO; NEGRA, et al., 2015).
Existem vários relatos de estudos realizados com nulíparas fisicamente
ativas, dentro e fora do âmbito competitivo (não atletas), em um estudo realizado
com 32 mulheres praticantes de Jump no município de Teresina, Piauí em 2010
contatou a presença de IU em 37,3% das praticantes desta modalidade e destas,
9,4% perdiam urina exclusivamente durante a pratica da modalidade Jump
(ALMEIDA; MACHADO, 2012).
Fozzatti; Riccetto; Herman, et al. (2012) realizaram um estudo com 278
mulheres nulíparas, saudáveis e sexualmente ativas, a fim de comparar as
prevalências de incontinência urinária entre as sedentárias e as fisicamente ativas
(não atletas); os resultados obtidos foram 24,6% das mulheres ativas e em 14,3%
das sedentárias.
Em uma análise com aspectos semelhante à de Fozzatti; Riccetto;
Herman, et al (2012) o estudo de Salvatore et al. (2009) encontrou uma prevalência
de 14,9% de incontinência em 679 mulheres praticantes de esportes fora do âmbito
competitivo, e os relatos de perda foram predominantes nos exercícios que
envolviam saltos e exercícios abdominais.
Um estudo realizado em Portugal com 396 jovens nulíparas mostra um
resultado de 15,6% para mulheres fisicamente ativos e de 14,5% para mulheres
inativas, o estudo conclui que a alta prevalência de IU observada na amostra está
intimamente associada ao alto volume de treinamento físico realizado por semana
para fins competitivos (ROZA; BRANDÃO; MASCARENHAS, et al., 2015).
No estudo de Logan, Foster e Zotos (2018) com 44 atletas
adolescentes do sexo feminino divididas entre as modalidades de atletismo, hóquei
e futebol, 43% relataram perda urinária, além disto, foi constatado que o índice de
perda aumenta com o número de temporadas por ano em que as atletas
participavam de competições e/ou aumentava a frequência de treinos durante a
semana.
32

5 CROSSFIT®

A modalidade CrossFit foi criado em 1995 pelo ex-ginasta Greg


Glassman, que durante a infância teve poliomielite e usou a ginástica para recuperar
sua força, isso fez com que na juventude Glassman começasse a desenvolver
séries de exercícios que seriam, mais tarde, os princípios do CrossFit®. Em 2001 ele
abriu o primeiro Box de CrossFit em Santa Cruz nos EUA, o empreendimento deu
origem a uma rede global de afiliadas que em 2005, já possuía 13 afiliados, em
2014 já havia passado da marca dos 10.000, e em 2018, já são cerca de 14.000
boxes afiliados a rede (CROSSFIT, 2018; TIBANA; ALMEIDA, PRESTES, 2015).

Figura 5. Número de afiliados oficiais de CrossFit®

Fonte: map.crossfit.com disponível ˂http ://crossfit.com/what-is-crossfit> acessado em 03.04.2018

O CrossFit® é uma atividade física que abrange um programa de


treinamento de alta intensidade e movimentos funcionais constantemente variados,
caracterizados pela simulação de atividades típicas do cotidiano, e por não ser uma
modalidade especializada ela combina diversos exercícios de modalidades
especificas como exercícios de levantamento olímpico como agachamentos,
arrancos, arremessos e desenvolvimentos, exercícios aeróbios como remos, corrida
e bicicleta e movimentos ginásticos como paradas de mão, paralelas, argolas e
barras (PAINE; UPTGRAFT; WYLIE, 2010).
33

O objetivo do CrossFit é forjar uma aptidão ampla, geral e inclusiva


buscamos criar um programa que melhor prepararia os praticantes para enfrentarem
qualquer desafio físico; prepará-los tanto para o desconhecido como para o
desconhecível, desenvolvendo ao máximo as três vias metabólicas e cada uma das
10 valências físicas: resistência cardiorrespiratória, força, vigor, potencia, velocidade,
coordenação, flexibilidade, agilidade, equilíbrio e precisão (GLASSMAN, 2016;
TIBANA; ALMEIDA; PRESTES; 2015).
Para que esse objetivo seja alcançado o CrossFit conta com uma
metodologia que utiliza obrigatoriamente três pilares de prescrição para cada sessão
de treino, seguindo uma ordem que inicia com um aquecimento seguido de uma
atividade para desenvolver força ou melhorar a habilidade em algum movimento
específico, para somente então começar a parte de condicionamento metabólico,
todos esses componentes juntos constituem o WOD, sigla em inglês para “workout
of the day” que significa “treino do dia”; geralmente o desempenho em cada WOD é
pontuado para incentivar a competição entre os atletas, além de mensurar o
progresso individual (MACHADO, 2017; TIBANA; ALMEIDA; PRESTES, 2015).
Por combinar simultaneamente movimentos de força, potência e
resistência cardiovascular com alta intensidade, o CrossFit propõe desenvolver as
três vias metabólicas: a fosfagênica, a glicolítica e a oxidativa. A primeira via
metabólica, produz energia de forma rápida para situações que demandam grande
intensidade em curtíssima duração como em atividades de explosão e potência, por
exemplo o levantamento de peso. A segunda via metabólica, a glicolítica ou sistema
anaeróbico lático, atua principalmente em atividades de intensidade moderada em
poucos minutos de duração, como na realização de repetições máximas de apoios
em um minuto. Já a terceira via metabólica, também conhecida por sistema
aeróbico, é predominante em treinos de longa duração, com intensidade leve a
moderada, como por exemplo, na corrida ou no remo indoor por 2 km (GLASSMAN,
2016; MACHADO,2017).
Em 2007 o CrossFit® inaugurou uma nova era de competições no mundo
fitness, quando um pequeno grupo de cerca de 70 atletas se reuniu em um rancho
no norte da Califórnia para a inauguração do CrossFit Games, no ano seguinte o
evento já contava com aproximadamente 300 atletas competindo em quatro treinos
desafiadores, nos anos seguintes devido o aumento de atletas competindo, foram
criados as seccionais e regionais (CROSSFIT, 2018).
34

O reconhecimento do CrossFit como um esporte foi impulsionado em


2011, quando os jogos ganharam notoriedade internacional com a primeira grande
novidade o Reebok CrossFit Games que proporcionou um aumento significativo no
prêmio, e iniciou a primeira competição Open, onde atletas do mundo inteiro

competiram em seis treinos durante seis semanas, publicando suas pontuações em

tempo real e on-line, mais de 26.000 atletas competiram no Open, tornando-se um


dos maiores eventos esportivos da história (CROSSFIT, 2018). 
Ainda em 2011 a CrossFit® e a ESPN (rede de TV a cabo dos EUA)
embarcaram em uma parceria para difundir o esporte,  a ESPN3 cobriu os Jogos
Reebok CrossFit 2011 com as noites de sexta, sábado e domingo, após seis
semanas, a ESPN2 competiu cobrindo toda a competição masculina e feminina em
TV no horário nobre. Em 2016, 324.000 atletas participaram do Open mundial - a
primeira etapa da competição; apartir daí, 260 atletas - 40 homens, 40 mulheres e
30 equipes de 6 - passaram para oito eventos regionais, onde os cinco primeiros
colocados de cada categoria receberiam um convite para os Jogos (CROSSFIT,
2018; MACHADO,2017).

5.1 O impacto dos exercícios de CrossFit sobre os músculos do assoalho


pélvico.

A literatura aponta uma forte correlação entre os sintomas de perda


urinária e a modalidade esportiva como já fora citado anteriormente, sendo mais
frequente em esportes de alto impacto ao assoalho pélvico, de tal modo pode se
relacionar a sobrecarga exercida no assoalho pélvico e o aumento da pressão
intra-abdominal com os esportes que incluem saltos ou exercícios de contração
abdominal máxima de forma repetitiva, pois constituem um importante fator na
gênese da IU (MORENO et al., 2009; MACHADO, 2017).
De acordo com Araújo; Parmigiano; Negra et al. (2015) existe pouco
conhecimento acerca do funcionamento dos músculos do assoalho pélvico durante a
prática desportiva, mas na maioria dos exercícios em que ocorre aumento da
pressão intra-abdominal, não existe contração voluntária desses músculos, ou a
contração é tardia, visto que as fibras do tipo II, de contração rápida são minoria no
MAP, motivo que explicaria a perda involuntária de urina.
35

Para um melhor entendimento a cerca dos movimentos básicos do


CrossFit e de como ele pode influenciar na MAP faremos um breve apanhado de
alguns exercícios desta modalidade com a descrição da execução do mesmo pois a
grande maioria dos exercícios está fundamentada em nove movimentos base,
divididos em três categorias: Squats (agachamentos); Press (movimento de
empurrar a barra); Deadlifts (levantamento terra com a barra).
Squats:
1) Air Squats (agachamento livre, sem peso)
2) Front Squat (agachamento segurando a barra apoiada junto ao pescoço)
3) Overheard Squat (agachamento segurando a barra com braços extendidos, acima
da cabeça.

Figura 6. Execução de movimentos do CrossFit air squat; front squat; overhead squat.

Fonte: ˂https://crossfitlady.wordpress.com/2013/12/17/os-9-exercicios-fundamentais-do-crossfit/ >


Acessado em 04.05.2018.

Press:
4) Shoulder Press (empurrar a barra dos ombros acima da cabeça)
5) Push Press (empurrar a barra dos ombros acima da cabeça usando o impulso dos
quadris)
6) Push Jerk (empurrar a barra dos ombros acima da cabeça usando o impulso dos
quadris e “cair” embaixo da barra com pernas levemente flexionadas).
36

Figura 7. Execução dos movimentos do CrossFi; Shoulder,push press; push jerk .

Fonte: Disponivel
˂https://crossfitlady.wordpress.com/2013/12/17/os-9-exercicios-fundamentais-do-crossfit/ > Acessado
em 10.05.2018

Deadlifts
7) Deadlift (levantamento terra, tirando a barra do chão até altura dos quadris);
8) Sumo Deadlift High Pull (pés mais afastados, levantamento da barra partindo do
chão ate altura do ombro);
9) Medicine Ball Clean (trazer a bola até nível do ombro, fazendo espécie de
agachamento).

Figura 8. Execução dos movimentos do CrossFit; Deadlift; sumo deadlift high pull; medice Ball clean.

Fonte: Disponivel
˂https://crossfitlady.wordpress.com/2013/12/17/os-9-exercicios-fundamentais-do-crossfit/ > Acessado
em 10.05.2018.
37

Outros Exercícios como: Box Jump – salto para caixa/banco que inicia
como se fosse a atleta estivesse executando um agachamento, em um movimento
explosivo, salta-se para cima da caixa, fazendo a aterrissagem com os dois pés
sobre a caixa e joelhos semi flexionados.

Figura 9- Sequência de execução do movimentos Box Jump

Fonte: Disponivel ˂http://www.dicasdetreino.com.br/beneficios-e-maleficios-do-crossfit/ >acessado em


15.05.2018.

Burpee – inicia-se de pé; agacha-se com os braços esticados à frente; seguido de


uma extensão de pernas até à posição de prancha; executa-se uma flexão de
braços; retorna-se à posição de agachamento; volta-se à posição de pé, com os
braços extensão da um salto.

Figura 10- Sequência de execução dos movimentos Burpee.

Fonte: Disponível ˂ http://revistashape.com.br/crossfit-em-casa > acessado em 04.05.2018.

Clean & Jerk – Arremesso, movimento do Levantamento de Peso Olímpico feito em


duas etapas para tirar uma carga do chão e levá-la acima da cabeça. Snatch –
38

Arranco, movimento do levantamento de peso olímpico que tira uma carga do chão e
leva acima da cabeça em um único movimento; Muscle-Up – Subidas nas argolas ou
na barra. (GLESSMAN, 2015).

Atividades que aumentam subitamente a pressão intra-abdominal como


corrida, saltos, deslocamentos com mudanças súbitas de direção e levantamento de
peso, apresentam um risco mais elevado para o MAP, e como o treinamentos de
CrossFit® englobarem atividades semelhantes, esta modalidade também pode ser
considerada de alto impacto ao assoalho pélvico (ARAÚJO; PARMIGIANO; NEGRA,
et al., 2015; MIDDLEKAUFF; EGGER; NYGAAR, et al, 2016).
Mesmo em mulheres com os MAPs fortes, a atividade física árdua levaria
ao aumento da pressão abdominal, aliada a sobrecarga, ao estiramento, e o
enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico, acarretando assim em IU
(ALMEIDA; MACHADO, 2012).
Middlekauff; Egger; Nygaar, et al. (2016) demonstrou a relação entre
CrossFit® e disfunções pélvicas como os prolapsos genitais e a incontinência
urinária. Entre as praticantes da modalidade, 27,7% relataram sintomas de perda
urinária durante o exercício.
O CrossFit® assim como outras atividades igualmente intensas,
proporcionam aumentos no VO2máx, na força e na resistência, além de redução da
gordura corporal (MACHADO, 2017). Porém diferente das outras modalidades existe
uma escassez de estudos sobre o impacto desses exercícios no AP e sobre sua
relação com a incontinência urinária.
39

6 METODOLOGIA

6.1 Tipos de Estudo


Trata-se de um estudo quantitativo e transversal.

6.2 Local da pesquisa e Período


Foram visitados 8 Boxes, em 3 destes boxes não foram encontrados
mulheres com o tempo mínimo (6 meses) exigido para pesquisa, e 1 não autorizou a
realização da pesquisa.
A pesquisa foi aprovada em 4 boxes (ANEXOS B, C, D, E) particulares
de CrossFit localizados na cidade de São Luís- MA, com mulheres praticantes desta
modalidade no período entre março e abril de 2018, de segunda a sexta, em cada
Box durante 2 semanas no turno vespertino e noturno das 16hs ás 22hs.

6.3 População e amostra


Foram abordadas um total 150 mulheres, destas, 50 não demonstraram
interesse em participar da pesquisa, 20 não apresentaram condições ginecológicas
para realizar a pesquisa, e 48 não aceitaram realizar o Pad Test.
A amostra foi composta por 32 mulheres selecionadas por conveniência
em boxes de CrossFit de São Luís- MA, com mulheres praticantes desta modalidade
regularmente matriculadas e que aceitaram participar da pesquisa.

6.4 Critérios de Inclusão e Exclusão


Os critérios de inclusão da pesquisa foram: sexo feminino, idade entre 18
e 50 anos, estar praticando CrossFit à pelo menos seis meses, e que aceitaram
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE (APÊNDICE B).
40

Os critérios de exclusão foram: mulheres que estejam no período


menstrual, com infecção urinária ou condições clínicas, ginecológica ou cognitiva
que pudessem interferir no Pad Test ou teste do absorvente.

6.5 Instrumentos de coleta de dados


Os dados de identificação pessoal, dados ginecológicos, de atividade
física e sobre a qualidade de vida sexual, foram coletados por meio de um
questionário estruturado, com perguntas fechadas e de múltipla escolha, elaborado
pela pesquisadora (APÊNDICE A).
Para avaliar o grau de interferência da perda urinária na vida diária das
mulheres, foi utilizado o questionário, International Consultation on Incontinence
Questionnaire - Short Form (ICIQ-SF) (ANEXO A) traduzido e validado para o
português por Tamanini et al. em 2004, a versão em português do questionário
internacional de consulta sobre incontinência: forma curta (ICIQ-SF) é quantificada
pela somatória das respostas 3,4 e 5, o escore total (ICIQ-E) varia de (0-21) onde
0= sem vazamento, leve (1-5), moderado (6-12), severo (13-18) e muito severo
(19-21).
Para verificar as medidas de perda urinária em condições controladas, de
forma objetiva e quantitativa, utilizou-se o Pad Test de 1 hora (adaptado) por ser um
método simples, não invasivo, de curta duração e de fácil aplicação que consiste no
esvaziamento da bexiga e em seguida ingestão de 500 ml de água; utilização de um
absorvente (previamente pesado) durante a realização da atividade física durante 1
hora e após pesado novamente.
Os absorventes utilizados nesta pesquisa eram do mesmo tipo e marca
(sempre livre adapt), distribuídos em sacos de plásticos vedados com zip e
previamente pesados. A pesagem foi feita através de uma balança de precisão de
marca Livon características, divisão 0,1g e carga máxima 500g, calibrada no Instituto
de Metrologia e Qualidade Industrial do Maranhão- INMEQ - MA em 26/02/2018,
com certificado de calibração N° 001/2018-DIRTE (ANEXO F).
Além da pesagem foi feita a aferição da temperatura e umidade do ar,
através do aparelho relógio termo-higrômetro de série T000300031145M, marca
MINIPA, modelo MT-241, o material foi coletado com temperatura média de 27,56ºC
e umidade do ar média de 75%.
41

6.6 Coleta de dados


A coleta de dados se deu nos meses de março e abril de 2018, durante
2 semanas em cada Box no turno vespertino e noturno. As praticantes de CrossFit
eram previamente selecionadas (tempo de pratica) com a ajuda do Coaches, foram
abordadas antes de iniciarem seus treinos, onde foi explicado o objetivo da pesquisa
e as etapas (3 etapas) que seriam realizadas, a 1 etapa consiste na assinatura do
TCLE, o 2 passo responder os 2 questionários citados acima, o terceiro passo
Pad-Test (teste do absorvente) .
A pesagem do absorvente se deu da seguinte forma: foi realizado uma
pesagem previa do absorvente com a proteção plástica dentro de um saco de
plástico com vedamento tipo “ZipLoc” e após a coleta do absorvente, o mesmo veio
dentro do mesmo saco de plástico com a proteção plástica e a fita adesiva que foi
retirada na hora do acoplamento na calcinha para ser pesado novamente. Antes de
iniciar o Pad Test foi solicitado que a participante esvaziasse a bexiga, logo após,
ingerisse um copo de água de 500 ml 10 minutos antes da sua rotina de exercícios,
o copo plástico também foi cedido pela pesquisadora, a marca do copo é
cristalcopo® maxi de capacidade de 550 ml; ao final do treino foi recolhido o
absorvente e depositado no mesmo saco plástico com vedamento do tipo ZipLock ®
para ser pesado novamente diante da participante. Para maior segurança foi
montado kit’s individuais devidamente numerados contendo: os dois questionários, o
saco com o absorvente e o copo plástico.

6.7 Análise estatística


Os dados coletados dos questionários (Apêndice A e anexo A) foram
tabulados por meio do programa Excel 2007 e posteriormente exportados para o
Programa Estatístico Epi Info versão 3.5.2 para análise estatística descritiva. Para a
correlação dos exercícios do CrossFit e perda de urina utilizou se o teste Qui-
quadrado e para o Pad Test foi utilizado teste T-student.

6.8 Aspectos éticos


Todas as praticantes de CrossFit foram esclarecidas do objetivo da
pesquisa e informadas que não sofreriam nenhuma forma de constrangimento ou
descriminação, podendo se retirar da pesquisa a qualquer momento sem
42

comprometer-se, e que seu nome permaneceria no anonimato, e não haveria


nenhum custo com sua participação, assim como também, não iam receber por ela.
Para a realização dessa pesquisa foram concedidas autorizações dos
proprietários dos 4 boxes. As praticantes de CrossFit ,as quais se enquadraram nos
critérios de inclusão e concordaram em participar da pesquisa assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), elaborado com base na resolução
466/12 do CNS (APÊNDICE B), passaram a compor a amostra deste estudo.

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados aqui apresentados estão em forma de valores absolutos


e percentuais demonstrados em gráficos e tabelas, sendo a tabela 1 sobre
apresenta os dados sócios demográficos das mulheres deste estudo.

Tabela 1. Variáveis sócio demográficas de mulheres praticantes de CrossFit deste estudo em São
Luís – MA, 2018.
Variáveis Sócio demográficas n %
IDADE
18Ͱ24 12 37,50
24Ͱ30 4 12,50
30 Ͱ36 12 37,50
36 Ͱ42 2 6,25
≥42 2 6,25
RAÇA
Branca 18 56,25
Parda 11 34,38
Negra 2 6,25
Amarela 1 3,12
ESTADO CIVIL
Solteiro 22 68,74
Casada 8 25,00
Divorciada 1 3,13
43

Não responderam 1 3,13


PROFISSÃO
Estudante 12 37,50
Advogada 4 12,50
Empresaria 2 6,26
Engenheira civil 2 6,26
Administradora 2 6,26
Enfermeira 2 6,26
Secretária 2 6,26
Outras* 6 18,75
ESCOLARIDADE
Ensino Médio Completo 2 6,25
Ensino superior incompleto 9 28,12
Ensino superior completo 21 65,63
RENDA (Salário Mínimo)
Menor 1 S.M 3 9,38
1 a 2 S.M 6 18,75
TOTAL 32 100

Continuação Tabela 1. Variáveis sócio demográficas de mulheres praticantes de CrossFit deste estudo
em São Luís – MA, 2018.
Variáveis Sócio demográficas n %
3 a 5 S. M 9 28,13
≥6 14 43,76
TOTAL 32 100
*Outras: arquiteta; gerente; policial civil; farmacêutica; bancaria; servidora pública.

As mulheres praticantes de CrossFit deste estudo, tinham idade entre 18


anos, a mínima e, 50 anos, a máxima, com uma média de 28,7 anos. E ainda, de
acordo com os dados apresentados na tabela 1, é possível perceber números
prevalentes e igualitários de 12 participantes em dois intervalos, nos de 18Ͱ24 anos
e de 30 Ͱ36 anos ambos conferindo um percentual de (37,50%), cada. Apesar da
idade ser um fator de risco para a IU os achados da variável idade, neste estudo são
similares ao resultados encontrados no trabalho de Middlekauff; Egger; Nygaar, et al
(2016) que estudou o impacto dos exercícios extenuantes do CrossFit no AP de
jovens nulíparas com idade entre 18 e 35 anos e média de 24,7 assim como
também aos resultados do estudo de Machado (2017) que avaliou o AP de 41
mulheres praticantes de CrossFit com idade média de 26,59 anos e dos estudos de
Rigol; Sebben e Guedes (2014) que pesquisaram a prevalência de IU em praticantes
de atividade física na cidade de Erechim – RS, com 172 mulheres nas quais
obtiveram a idade média de 28,5 anos. Achados estes que corroboram com a
literatura pesquisada que relata ser a IUE, a mais comum entre as mulheres jovens
44

(FOZZATTI; RICCETTO;HERMAN, et al, 2012; ROZA; BRANDÃO; MASCARENHAS


et al, 2015).
Quanto á raça houve dominância neste estudo da raça branca com 18
mulheres (56,25%). Estudos apontam dados sugestivos de variância tanto em
relação á raça quanto ao tipo de IU apresentado por raça. Fenner; Trowridge; Patel,
et al. (2008) em um estudo com 2814 mulheres em idades entre 35 e 64 anos
apontaram diferenças raciais nos padrões de incontinência urinária das mulheres, na
prevalência geral de IU mulheres negras apresentaram 14,6% e mulheres brancas  
33,1%, quando separadas por tipo de IU, (23,8%) de mulheres negras relataram
sintomas de IUU enquanto (39,2%) das mulheres brancas relataram sintomas de
IUE. Leroy, Lopes e Shimo (2012) apontaram uma taxa de IUE maior em brancas e
hispânicas que em negras; em contraste, mulheres negras reportaram mais IU de
urgência que brancas e hispânicas.
Sobre o estado civil das participantes 22 disseram ser solteiras isto
equivale a (68,74%) resultado similar ao encontrado em Almeida e Machado (2012)
com 32 mulheres que investigou a prevalência da IU em praticantes de Jump onde
58,82% das participantes disseram ser solteiras, corroborando ainda com Prigol,
Sebben e Guedes (2014) onde 75% das mulheres disseram ser solteiras.
A profissão de estudante obteve a maior frequência com (37,50%). Ainda
na amostra estudada (65,63%) apresentaram nível de escolaridade superior
completo.
Em relação à renda (em salários mínimos) observou-se que a maioria das
participantes (43,76%) possuíam renda superior á 6 salários mínimos.
Percebe-se que apesar de a frequência de estudantes ser maior que a
frequência isolada por profissão, a maioria dessas mulheres (56,30%) tinham
profissão de nível superior e com uma boa remuneração, acima de seis salários
mínimos, dados obtidos neste trabalho diferem de outros estudos como de Berquó,
Ribeiro e Amaral (2016) sobre a qualidade de vida de 40 mulheres com diagnostico
de IUE atendidas em um serviço de fisioterapia avaliadas antes e após o tratamento
onde mostraram que (52,5%) exerciam atividade fora de casa (67,5%) apresentavam
grau de escolaridade até o nível fundamental, (85%) percebiam uma renda familiar ˂
3 salários-mínimos, assim como os estudos de Bonfim, Soutinho e Araújo (2014)
com 355 mulheres em um estudo comparativo sobre a qualidade de vida (QV) de
mulheres com IU no serviço de saúde público e privado onde (48,6%) apresentavam
45

o grau de escolaridade até nível fundamental, (64,6%) tinham uma renda familiar de
1 a 3 salários mínimos.
Constatou-se ainda dentro da literatura pesquisada, uma escassez de
estudos com características similares a este, que abordem os dados
sociodemográficos, sobre a profissão, o nível de escolaridade e renda de mulheres
praticantes de atividades físicas.
A tabela 2 demonstra as medidas de tendência central (Valor mínimo
–V.M), (Média aritmética- Ma), (Valor Máximo- V.Max) e dispersão (Variância e
desvio padrão) da amostra estudada onde percebe-se que a média aritmética do
peso (64,63 kg), altura (1,63 m) e o IMC ( 24,28 kg/m²) com desvio padrão de (11,20
kg), 0,04 m e 3,48 respectivamente.

Tabela 2. Medidas de dispersão das variáveis antropométricas das praticantes de CrossFit na cidade
de São Luís- MA, 2018. (n= 32).

Variáveis V.m Ma V.Max Variância D.P


Antropometricas
Peso (kg) 48 64,63 91 125,652 11,2098
Altura 1,54 1,63 1,72 0,0024 0,0492
IMC 17,6 24,28 31,9 12,1261 3,4823

A literatura relata uma relação positiva entre o IMC e a prevalência de IU,


pois o aumento do IMC leva ao aumento da pressão intra-abdominal causando
sobrecarga mecânica do AP e um enfraquecimento dos MAPs, quando o IMC é ≥ 30
(CARNEIRO, 2011). O IMC é classificado em baixo peso: IMC ˂ 18,5 kg/m², eutrofia:
IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m², sobrepeso: IMC 25 a 29,9 kg/m² e obesidade: IMC
>30(HAGOVKSA; SVIHRA; BUKOVA, et al., 2018). Os resultados obtidos neste
estudo demonstram que a maioria das praticantes de CrossFit apresentam IMC de
(24,28 kg/m²) com D.P (3,48) dentro da normalidade ou seja são eutroficas, achados
similares foram encontrados na literatura, nos estudos de Korelo; Kosiva; grecco, et
al. (2011) com 21 nulíparas onde averiguo se que a média do IMC foi de (21,18
kg/m²) com D.P (1,91). Machado (2017) apresenta dados ainda mais semelhantes
ao desta pesquisa com um IMC (23,94 kg/m²) com D.P (3,42).
46

A tabela 3 evidencia os resultados das variáveis relacionadas ao histórico


ginecológico e obstétrico das participantes.

Tabela 3. Variáveis relacionadas ao histórico ginecológico e obstétrico das praticantes de CrossFit na


cidade de São Luís- MA, 2018.

Variáveis n %
Atividade Sexual
Sem atividade sexual - -
Presente 26 81,25
Ausente 4 12,50
Não Responderam 2 6,25
Gestações
Nulíparas 20 62,52
Primípara 4 12,50
Secundípara 5 15,63
Não Responderam 3 9,38
Abortos
Não 28 87,50
Sim 1 3,13
Total 32 100

Continuação Tabela 3. Variáveis relacionadas ao histórico ginecológico e obstétrico das praticantes de CrossFit
na cidade de São Luís- MA, 2018.
Variáveis n %
Não Responderam 3 9,37
Filhos
Sim 9 28,13
Não 23 71,87
Nº Filhos
Não tem filhos 23 71,87
1 Filho 4 12,50
2 Filhos 5 15,63
Tipo de Parto
Não Responderam 23 71,87
Vaginal s/ episiotomia 1 3,13
Cesariana 8 25
Se parto vaginal, fez força
Sim 1 3,13
Não - -
Se parto vaginal, fez força p/
defecar
Sim 1 3,13
Não - -
Cirurgia ginecológica
Sim 2 6,25
Não 26 81,25
Não Responderam 4 12,50
47

Qual Cirurgia ginecológica


Cistodermoide 1 3,13
Cerclagem 2 6,25
Não Responderam 29 90,63
Patologia geniturinário
Sim 5 15,63
Não 23 71,88
Não Responderam 4 12,50
Qual Patologia
Infecção urinária 2 6,25
Calculo Renal 3 9,38
Não Responderam 27 84,38
Total 32 100

Quanto á atividade sexual está presente em (81,25%) da amostra. Quanto


á gestação, a maior frequência foi de nulíparas (62,52%). Em relação á aborto
(65,52%) negam. Quanto a filhos (15,63%) disseram ter 2 filhos . Em relação ao tipo
de parto (25%) realizou cesariana. Em relação a parto vaginal (3,13%) fizeram força
e (3,13%) realizou força para defecar. Quanto a realização de cirurgia ginecologia
(6,25%) admitiram ter realizado. Quanto ao tipo de cirurgia a maior frequência foi de
cerclagem (6,25%). Em relação á presença de patologias do trato geniturinário
foram encontradas em (15,63%). Em relação á patologia o cálculo renal (9,38%)
mostrou-se mais frequente.
A literatura refere a gravidez, número de partos e o tipo de parto como
fatores muito associados aos casos de IU, partos vaginais são altamente
relacionados á IU devido aos danos causados na inervação dos MAP podendo ser
considerado um fator desencadeador (LOPES; HIGIA, 2006).

No estudo de Almeida e Machado (2012) com 32 praticantes de Jump


foram encontrados dados semelhantes ao desta pesquisa quando em seus
resultados apresentaram (55,88%) de nulíparas sexualmente ativas; das que
disseram ter filhos (26,7%) tinham dois filhos e o parto mais frequente foi cesário
(62,96%). Outros estudos não abrangem todas as variáveis descritas nesta
pesquisa, porém os estudos de Middlekauff; Egger; Nygaar et al. (2016) com 70
praticantes de CrossFit e a pesquisa de Hagovska; Svihra; bukova, et al. (2018) com
278 desportistas foram realizados com jovens nulíparas. Borges et al. (2010)
realizou um estudo com 322 mulheres para verificar a IU após o parto cesário e o
48

parto vaginal, onde mostrou associação da IUE com parto apenas quando foram de
1 a 2 partos (10,95%) e do tipo vaginal (11,79%) e menor prevalência de IUE em
mulheres submetidas a parto cesáreo eletivo com (3,21%). Os estudos citados
acima demonstram concordância com os resultados apresentados nesta pesquisa.
A tabela 4 está relacionada as atividades físicas e aspectos da perda
urinária da amostra estudada.

Tabela 4. Variáveis relacionadas a atividade física e aspectos da perda de urina nas praticantes de
CrossFit na cidade de São Luís- MA, 2018.

Variáveis n %
Quais ativ. fisicas realiza
Apenas CrossFit 23 71,88
Crossfit e Outra 9 28,12
Se realiza outra, Qual
Musculação 1 3,13
Natação 4 12,49
Dança 2 6,25
Total 32 100

Continuação da Tabela 4. Variáveis relacionadas a atividade física e aspectos da perda de


urina nas praticantes de CrossFit na cidade de São Luís- MA, 2018.
Variáveis n %
Vôlei 2 6,25
Não Responderam 23 71,88
Qt tempo faz CrossFit
6 meses a 1 ano 15 46,88
1 a 4 anos 15 46,88
Não Responderam 2 6,26
Se realiza outra modalidade, há
quanto tempo
˂ 6 meses 1 3,13
6 a 1 ano 5 15,61
1 a 4 anos 3 9,38
Não Responderam 23 71,88
Quantas horas diárias
˂ 1 hora 6 18,75
1 a 2 horas 21 65,63
2 a 3 horas 3 9,38
˃3 horas 1 3,13
Não Responderam 1 3,13
Frequência semanal
2x 1 3,13
3x 5 15,63
4x 7 21,88
49

5x 13 40,63
6x 6 18,75
Intensidade do treino
Leve - -
Moderado 12 37,56
Intenso 20 62,44
Quanto à sudorese
Leve 4 12,36
Moderado 13 40,69
Intenso 15 46,95
Antes do CrossFit perdia urina
Sim, aos esforços 2 6,25
Sim, pela urgência 7 21,88
Sim, aos esforços e urgência 2 6,25
Não 19 59,38
Não Responderam 2 6,25
Quantos episódios de perda
urinária
Apenas 1 1 3,13
2 a 3 episódios 3 9,38
4 a 5 episódios 2 6,25
˃5 vezes 1 3,13
Ainda perco urina 3 9,38
Total 32 100

Continuação da Tabela 4. Variáveis relacionadas a atividade física e aspectos da perda de


urina nas praticantes de CrossFit na cidade de São Luís- MA, 2018.
Variáveis n %
Não Responderam 22 68,75
Se perde urina no CrossFit qual
a forma
Em gotas 13 40,63
Em jato 2 6,25
Não responderam 17 53,13
As perdas acontecem
Apenas durante o Crossfit 5 16,13
Tanto no CrossFit como nas AVD
5 16,13
e AVL
Tanto no CrossFit como em
3 9,68
outras ativ. físicas
Não Responderam 18 58,06
Há quanto tempo iniciaram as
perdas
˂ de 6 meses 4 12,50
6 meses a 1 ano 5 15,63
1 a 4 anos 6 18,75
Não Responderam 17 53,13
Como se encontra a perda hoje
Igual 11 34,38
50

Melhorou 4 12,50
Não Responderam 17 53,13
Grau de interferência na vida
sexual (0 - 10)
Não Interfere (1-5) 30 93,75
Interfere Muito (5-10) 2 6,25
Quais exercícios do Crossfit
você perde urina:
Corrida
Não perco 27 84,38
Em Gotas 3 9,38
Em Jato 1 3,13
Continua 1 3,13
LPO (levantamento de peso
olímpico )
Não perco 24 75,00
Em Gotas 7 21,88
Em Jato 1 3,13
SQUAT (agachamentos)
Não perco 28 87,50
Em Gotas 3 9,38
Total 32 100

Continuação da Tabela 4. Variáveis relacionadas a atividade física e aspectos da perda de


urina nas praticantes de CrossFit na cidade de São Luís- MA, 2018.
Variáveis n %
Em Jato 1 3,13
BOX JUMP (Salto na caixa)
Não perco 29 90,63
Em Gotas 2 6,25
Em Jato 1 3,13
MUSCLE-UPS (subida na
argola)
Não perco 30 93,75
Em Gotas 2 6,25
CORDAS
Não perco 27 84,38
Em Gotas 2 6,25
Em Jato 3 9,38
DEADLIFT (levantamento terra)
Não perco 29 90,63
Em Gotas 1 3,13
Em Jato 2 6,25
SNATCH (Arranco)
Não perco 27 84,38
Em Gotas 4 12,50
Em Jato 1 3,13
CLEAN & JERK(Arremesso)
Não perco 27 84,38
51

Em Gotas 4 12,50
Em Jato 1 3,13
PULL-UPS (Suspensão na barra)
Não perco 31 96,88
Em Gotas 1 3,13
HANDSTANDS (Paradas de
Mão)
Não perco 30 93,75
Em Gotas 1 3,13
Em Jato 1 3,13
SIT-UPS (Abdominais)
Não perco 29 90,63
Em Gotas 2 6,25
Em Jato 1 3,13
Você toma água antes do
CrossFit
Sim 29 90,63
Não 3 9,38
Se não, por quê?
Esqueço 2 6,25
Para não ir ao banheiro 1 3,13
Total 32 100

A tabela 4 demonstra que (71,88%) das participantes realizam somente


CrossFit e (12,49%) também praticam natação. Quanto ao tempo de prática do
CrossFit os resultados se deram em duas frequências de 6 meses a 1 ano e 1 a 4
anos respectivamente com (46,88%). Quando perguntadas sobre as horas de treino
(65,63%) treinam de 1 a 2 horas diariamente. Em relação à frequência semanal,
(40,63%) praticam 5 vezes por semana. Já sobre intensidade do treino e da
sudorese (62,44%) e (46,95%) responderam respectivamente como intenso.
Sobre o escape de urina antes de praticar Crossfit, (59,38%) relataram
não perder. Quando perguntadas do escape de urina durante o CrossFit (46,88%)
afirmaram ocorrer perdas e destas, (40,63%) perdem urina em gotas, sendo (9,38%)
expuseram ser 1 a 2 episódios e o mesmo percentual (9,38%) relataram que ainda
perdem. Quanto a situação que ocorre as perdas (16,13%) responderam ser apenas
durante o Crossfit e (16,13%) relataram perder urina tanto no CrossFit como nas
AVD’s e AVL’s. Quanto ao inicio da perda (18,75%) referem ter iniciado de 1 a 4
anos. Em relação a como a perda se encontra hoje (34,38%) informam está igual.
(93,75%) relatam que a perda de urina não interfere na vida sexual.
Em relação a perda de urina em gotas nos exercícios praticados no
CrossFit, foram encontrados os seguintes percentuais: na corrida (9,38%), no LPO
52

(levantamento de peso olímpico) (21,88%), no Squat (Agachamento) (9,38%), no


Box Jump (salto na caixa) (6,25%), no Muscle-Ups (subida na argola) (6,25%), no
Snatch(Arranco) (12,50%), no Pull-ups (suspensão na barra) (3,13%), no Sit-ups
(Abdominais) (6,25%). Em relação a perda de urina em jatos nos exercícios
praticados no CrossFit, foram encontrados os seguintes percentuais: corda (9,38%),
Deadlift (levantamento terra) (6,25%), no Clean & Jerk (Arremesso) (12,50%).
Apenas no Handsstands (paradas de mão) apresentou perdas em gotas e em jato
(3,13%) respectivamente. Quanto a hidratação no treino (90,64%) afirmam tomar
água durante os treinos e (6,25%) não tomam porque esquecem.
De acordo com a literatura pesquisada apenas o estudo de Almeida e
Machado (2012) apresenta dados sobre a pratica simultânea de atividade física, nos
seus estudos com 32 praticantes de Jump, (93,75%) realizavam jump e outra
atividade física,ainda que não especifique qual era a outra atividade; diverge assim
deste estudo onde (71,88%) praticam apenas CrossFit e (12,49%) praticam CrossFit
e natação. De acordo com Fozzati et al (2012) a natação é uma modalidade que
apresenta baixa ocorrência de sintomas de IU.
Quando perguntadas se perdiam urina antes de praticar CrossFit
(59,38%) relataram não perder. Em relação as que disseram perder urina na pratica
do CrossFit (40,62%) afirmaram que as perdas ocorrem em gotas e (34,38%)
disseram que a perda está igual a quando se iniciou.
Na literatura pesquisada não foram encontrados dados relativos a perda
de urina antes da pratica das modalidades esportivas nem a forma que ela se
apresenta ou como está atualmente. Quanto aos episódios de perda (9,38%) dizem
perder de 1 a 2 vezes por semana, resultado semelhante aos estudos de Roza et
al.(2015) relata que (51,03%) perdem 1 a 2 vezes por semana, e Almeida e
Machado (2012) na qual (50%) definiram perder 1 vez ou menos por semana.
Em relação à interferência das perdas na vida sexual (93,75%) afirmaram
não interferir. Quanto a situação em que as perdas ocorrem (16,13%) dizem perder
somente durante a pratica do CrossFit assim como (16,13%) dizem perder tanto no
CrossFit quanto em outras atividades da vida, não corroborando assim com Almeida
e Machado (2012) onde (25%) diziam perder apenas durante a atividade física;
Machado ( [2017] ) também apresenta dados divergentes em que (75%) referem
estes sintomas durante a prática de exercícios físicos, na maioria das vezes sem
ocorrer em outras situações.
53

Em relação ao tempo de pratica e frequência semanal das praticantes os


dados relatados neste estudo corroboram com Prigol, Sebben e Guedes(2014) e
Machado ([2017]) já citados anteriormente, que nas suas pesquisas as atletas
tinham o tempo de pratica respectivamente de 6-58 meses e 6-60 meses e uma
frequência semanal de 3 e 4 vezes respectivamente.
Em relação aos exercícios do CrossFit que ocorre a perda de urina, em
todos os exercícios houve relato de perda, apesar do CrossFit ser relativamente
novo e ainda existir poucos estudos, foi encontrado dados similares nos estudos de
Machado ( [2017]) já citado anteriormente que relata que as praticantes de CrossFit
quando questionadas a respeito da atividades específica que desencadeiam a perda
urinária, foram mencionados os saltos (pular corda, pular sobre a caixa, polichinelo)
e os levantamentos de peso. Nos seus estudos Santos; Caetano; Tavares, et al
(2009) relata que a maior incidência encontrada na literatura de Incontinência
Urinária é entre jovens praticantes de jump (cama elástica), sendo que, entre 35
atletas que praticavam esse esporte, 80% informaram perder urina durante essa
atividade.
Na literatura pesquisada não foi encontrado dados relativos a quantidade
de horas de treino diário, intensidade do treino, sobre a sudorese durante os treinos,
bem como perdas de urina pregressa a atividade física e interferência na vida
sexual. Logo supõe-se que exista uma limitação na literatura pesquisada no que diz
respeito a IU e a pratica de atividades físicas sobre dados mais aprofundados nas
questões de caracterização das atividades físicas e das perdas urinarias
dificultando assim um debate mais amplo e aprofundado sobre estas questões.
Todavia por mais que a IU em mulheres jovens e nulíparas não seja
amplamente conhecida e discutida, vem sendo bastante estudada; alguns autores
compartilham da hipótese que em decorrência de aumentos na pressão
intra-abdominal e ou atividades que exigem muito esforço e alto impacto, ou
exercícios que contenham saltos, e elevação de peso os ligamentos cardinais,
útero-sacrais e os tecidos conjuntivos pode ser lesado e perder a eficácia mecânica,
produzindo a diminuição da resposta neuromuscular e a contração tardia da MAP
ocorrendo a perda urinária (ALMEIDA; MACHADO, 2012; ALMEIDA et al 2011;
LOPES; HIGA, 2006; SANTOS; CAETANO; TAVARES, et al., 2009).
A interferência da IU na vida diária demonstrada na tabela 5 foi obtida por
meio do questionário ICIQ-SF já mencionado anteriormente.
54

Tabela 5. Variáveis relacionadas a qualidade de vida das praticantes de CrossFit na cidade de São
Luís- MA, 2018.

Variáveis n %
Frequência perde urina
Nunca 16 50,00
1 vez por semana ou ˂ 11 34,38
2 ou 3 vezes por semana 4 12,50
Não responderam 1 3,13
Volume da perda
Nenhuma quantidade 17 53,13
Uma pequena quantidade 13 40,63
Uma moderada quantidade 1 3,13
Não Responderam 1 3,13
Interferência da perda na
vida diária (0-10)
Não interfere (0) 25 78,13
Interfere Pouco (1-5) 7 21,87
Score final ICIQ-E (0-21)
Nenhum impacto (0) 15 46,88
Total 32 100
Continuação da Tabela 5. Variáveis relacionadas a qualidade de vida das praticantes de CrossFit na cidade de
São Luís- MA, 2018.

Variáveis n %
Impacto Leve (1- 5) 14 43,77
Impacto Moderado (6-12) 3 9,38
Situações que você perde
urina
Nunca 16 50,00
Perco antes de chegar ao
3 9,39
banheiro
Perco quando tusso/espirro 2 6,25
Perco na atividade física 3 9,39
Perco sem razão obvia 1 3,13
Termino de urinar e estou me
1 3,13
vestindo
*Ativ. Fís.+ 1 opções 2 6,25
**Ativ. Fís. + 2 opções 2 6,25
***Ativ. Fís. + 3 opções 1 3,13
**** Ativ. Fís.+ 4 opções 1 3,13
Total 32 100
* Ativ. Fis. + perco quando tusso/espirro.
* Ativ. Fís. + perco antes de chegar ao banheiro.
** Ativ. Fís. + perda antes de chegar ao banheiro+ perco quando tusso/espiro.
**Ativ. Fís. + Perco quando tusso/espiro+ termino de urinar e estou me vestindo
***Ativ. Fís.+ perco quando tusso/espirro+ perco antes de chegar ao banheiro+ perco sem razão
obvia\
**** Ativ. Fís.+ perco quando estou dormindo+ perco quando tusso/espirro+ perco antes de chegar ao
banheiro+ perco sem razão obvia.
55

Na tabela acima demonstra que a maior frequência de perda urinária


ocorre 1 vez por semana ou menos (34,38%) e que este volume de perda ocorre em
pequena quantidade (40,63%). Em relação à interferência deste escape na vida
diária (78,13%) referem não interferir, no entanto, quanto se faz o somatório e
obtém-se o ICIQ-E (somatório final) do impacto na qualidade de vida apenas
(46,88%) não apresentaram nenhum impacto, (43,77%) apresentam impacto leve e
(9,38%) impacto moderado. Dados distintos são apresentados nas pesquisas de
Almeida e Machado (2012) quanto ao ICIQ-SF obtiveram resultado de (62,5%)
relatam nenhum impacto; (9,4%) impacto leve; (12,5%) impacto grave e (3,1%)
impacto muito grave.
A divergência entre a interferência subjetiva na vida diária e o resultado
ICIQ-E pode ocorrer devido a vários fatores entre eles podemos citar o
constrangimento e medo de estigmatização que pode acarretar numa
sub-representação da frequência e gravidade da incontinência, além de percepções
diferentes entre as incontinentes que resulta em respostas variadas, outro fator que
pode ser apontado seria a motivação, mulheres motivadas com a pratica esportiva
tendem a menospreza a perda de urina enquanto que as pouco motivadas
supervalorizam (ALMEIDA; MACHADO, 2012) .
O presente estudo encontrou perdas urinarias nas mais diversas situações,
como antes e chegar ao banheiro (9,39%), por tosse/espirro (6,25%) e durante
atividade física (9,39%) além de uma pequena porcentagem (3,13%) perde depois
de urina e estão se vestindo e outras (3,13%) não conseguir identificar uma razão
obvia para o acontecimento das perdas. Vale resaltar que as participantes
responderam mais de uma opção a perda de urina durante a atividade física está
presente em todas, perfazendo um total de (28,17%). No estudo de Santos et al
(2009) com 58 estudantes de Educação Física do 3º e 4º ano com idade entre 19 e
26 anos, (20,7%) das estudantes perdem urina, sendo que destas (75%) perdiam
urina durante atividades esportivas e 25% fora destas atividades.
O resultado do Pad Test é mostrado no gráfico 1 o qual demonstra que o Pad
Test antes obteve média de 6,33 miligramas (mg) enquanto o Pad Test depois foi de
8,02 mg quando comparado o Pad Test antes e depois obtivemos a perda média de
perda de 21,33%.

Gráfico 1- Resultado do Pad Test.


56

O resultado do Pad Test de 1 hora utilizado para classificar grau de


severidade da IU de acordo com a quantidade de perda de urina (˂ 1g ) ausência de
IU; (1 a 5 g) IU leve; (5 a 10 g) IU moderada; (10 a 50 g ) IU grave.
A diferença entre o Pad Test antes e Pad Test depois foi estatisticamente
significante com (P= 0,001) e o Test- T (- 572), demonstrando um resultado positivo
com perda em gramas (1,71 g) configurando IU leve; os valores em gramas do pad
test variou com mínimo de (0,4 g) e máximo (9,8 g). O resultado positivo do Pad Test
neste estudo corrobora com o estudo de Filoni; Capato; Fitz et al (2015) com 21
atletas de futebol feminino, 20 atletas de natação feminino e 31 voluntárias do grupo
controle, porém apenas 15 atletas de futebol, 7 atletas de natação e 9 voluntárias do
grupo controle 64% das atletas de futebol, 29% das atletas de natação e 44% do
grupo controle apresentaram resultado positivo; valor em gramas do pad test variou
de (0,43g) à (4,23g) no futebol, (0,08g) à (1,81g) na natação e (0,03g) à (3,67g) no
grupo controle.

O gráfico 2 mostra a forma da perda de urina das praticantes de CrossFit,


onde percebe que (69%) perde urina em gotas e (3%) perde em jato.
57

Gráfico 2. Forma das perdas de Urina das praticantes de CrossFit em São Luís- MA.

Apesar da incontinencia urinária na pratica esportiva está sendo


estudada amplamente, nas nossas buscas em estudo nacionais e internacionais não
obtevemos dados a cerca da forma de perda urina, essa preocupação é importante
visto que a forma da perda, está diretamente e proporcionalmente relacionada com a
gravidade da IU e alteração na QV dessas mulheres. A maior frequência da perda
urinaria em gota sugere o aumento da pressão abdominal pelo esforço físico causa
aumento da pressão sobre a bexiga que ultrapassa a pressão de resistência de
fechamento da uretra, que mesmo em mulheres com a MAP forte pode ocassionar
episódios com pequenos escapes de urina em forma de gota (ROZA; BRANDÃO;
MASCARENHAS et al., 2015; MORENO, 2009).
A tabela 6 mostra a correlação da perda de urina com as variáveis idade e
IMC, onde percebe-se que as maiores frequência de escape de urina por faixa etária
ocorreu 30˫36 anos (40,91%), 18˫24 anos (31,82%) e quanto ao IMC a maior
frequência de escape acontece em indivíduos eutróficos (68,18%).

Tabela 6. Correlação perda de urina com as variáveis idade e IMC, das praticantes de CrossFit, em
São Luís- MA, 2018.

Variavéis Perda de Urina


58

Não Perde Perde em Gotas Perde em Jato Total x² P

n % n % n % n %

IDADE

18˫24 4 44,4 7 31,82 1 100 12 100 3,407


0,906
24˫30 1 11,11 3 13,64 - - 4

30˫36 3 33,33 9 40,91 - - 12

36˫42 1 11,11 1 4,55 - - 2

˃42 - - 2 9,09 - - 2

Total 9 100 22 100 1 100 32 100

Continuação da Tabela 6. Correlação perda de urina com as variáveis idade e IMC, das praticantes
de CrossFit, em São Luís- MA, 2018.
Variavéis Perda de Urina
Não Perde Perde em Gotas Perde em Jato Total x² P
n % n % n % n %
IMC 7,657
0,264
Desnutrido 1 11,11 - - -
Eutrofico 6 66,67 15 68,18 1 100
Sobrepeso 0 0,00 6 27,27 - -
Obesidade 2 22,22 1 4,55 - -
Total 22 100,00 22 100 1 100 32 100

A literatura aborda de forma ampla a relação da idade avançada como


fator de risco para a IU, contudo as pesquisa sobre a IU relacionada a atividade
física e esportiva tem demonstrado dados que mostram a presença de incontinência
mesmo em mulheres jovens, apesar de não conclusiva a literatura pesquisada
59

aponta as atividades com grande esforço físico e de alto impacto como um fator de
risco para o desenvolvimento da incontinência (SANTOS et al. 2009).
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que a maioria das
praticantes de CrossFit (68,18%) apresentam IMC adequado ou eutroficos,
sugerindo então que neste estudo não houve relação do IMC com perda urinária. No
estudo de Almeida e Machado (2012) com mulheres praticantes de Jump a média da
idade das mulheres que não perdiam foi de (28,9)anos, e das que perdiam foi
(31,58) anos, foi observado ainda que todas as mulheres com idade acima de 40
anos perdiam urina.
No estudo de Filoni et al (2015) com 21 atletas de futebol e natação com idades
entre 11 e 19 anos apresentavam até (43%) de perda urinária; resaltando que
exercícios de alto impacto pode ser um fator crucial na gênese da IU.

A tabela 7 demonstra a correlação da perda de urina com as variáveis


relacionadas a paridade.

Tabela 7. Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas paridade das praticantes de
CrossFit de São Luís- MA, 2018.

Variavéis Perda de Urina

Não Perde Perde em Gotas Perde em Jato Total x² P

N DE PARTO n % n % n % n % 0,431
0,979

Nuliparas 7 26,27 15 69,56 1 4,17 23 100

Primiparas 1 25,00 3 75,00 - - 4 100

Secundiparas 1 20,00 4 80,00 - - 5 100

Total 9 22 1 32 100

TIPO DE Não Perde Perde em Gotas Perde em Jato Total x² P


PARTO n % n % n % n %
60

Não teve 8 31,44 14 64,39 1 4,17 23 100 0,788


parto 0,939

Vaginal - - 1 4,17 - - 1 100

Cesário 1 12,50 7 87,50 - - 8 100

TOTAL 8 22 1 32 100

A paridade é outro fator que mais se procura associar ao desenvolvimento


de IU, acreditando-se ser causada pela combinação de fatores hormonais e
mecânicos, que são comumente evidenciados em multíparas principalmente as
submetidas a parto via vaginal que é bastante associado à ocorrência de lesões em
nível do assoalho pélvico, danificando o suporte pélvico da bexiga, de modo que
esta e a uretra percam a sua posição normal acima do diafragma pélvico.

Os resultados mostrados na tabela evidenciam que (69,56%) nulíparas


perdem urina em forma de gotas, não podendo ser relacionada a quantidade de
parto com a presença de IU neste estudo. O tipo de parto de maior frequência foi
cesário (87,50%) com perdas em gotas; estes resultados mostram-se coerente com
as outras variáveis já descrita ao longo deste trabalho e corrobora com outros
trabalhos que estudaram grupos de mulheres ativas fisicamente onde existe a perda
de urina em nulíparas (ALMEIDA; MACHADO, 2012; MIDDLEKAUFF; EGGER;
NYGAAR et al.,2016; KORELO; KOSIBA; GRECCO et al., 2011) e diverge de estudo
que possuem amostra com característica diferentes como mulheres não praticantes
de atividade física e com idade mais avançada como no estudo de Bomfim, Soutinho
e Araújo (2015) que avaliou aspectos da QV de pacientes atendidas pelo SUS e por
convênios particulares onde obtiveram um predomínio de multíparas, partos vaginal
com 64% e na rede pública. A seguir, a tabela 8 demonstra a correlação dos
exercícios de CrossFit que obtiveram significância estatística com as perdas
urinárias.

Tabela 8. Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas aos exercícios do CrossFit nas
praticantes , em São Luís- MA, 2018.
61

Variavéis Perda de Urina

Não Perde Perde Gotas Perde em Jato Total x² P

n % n % n % n %

CORDAS 11,636
0,020

Não Perde 9 33,33 - - - - 9 100


22 100
Perde em Gotas 18 81,82 2 9,09 2 9,09

Perde em Jato - - - - 1 100 1 100

TOTAL 27 84,38 2 6,25 3 9,38 32 100

Continuação da Tabela 8. Correlação da perda de urina com as variáveis relacionadas ao exercício do CrossFit
nas praticantes em São Luís- MA.

Variavéis Perda de Urina

Não Perde Perde Gotas Perde em Jato Total x² P

n % n % n % n %

SQUAT

Não Perde 100 10,697


8 88,89 1 11,11 - - 0,030

Perde em Gotas 100


20 90,91 1 4,55 1 4,55

Perde em Jato 100


- - 1 100 - -

TOTAL 28 87,50 3 9,38 1 3,13 32 100

A tabela 8 mostra a correlação do escape de urina com as variáveis


relacionadas aos exercícios do CrossFit que obtiveram significância estatística (P >
62

0,010), os resultados constatam que o exercício corda teve uma significância de


(P=0,020) e os escapes de urina ocorrem em gotas e em jato (9,09%)
respectivamente. Em relação ao exercício Squat (Agachamento) teve significância
de (P=0,030) e as perdas também se apresentaram em gotas e em jato (4,55%)
respectivamente. Estes dados corroboram com os resultados apresentados por
praticantes de CrossFit no estudo de Machado ([2017]) já citado anteriormente, que
apesar de ter utilizado metodologia diferente, verificou quando as participantes eram
perguntadas sobre quais exercícios desencadeavam o escape de urina foram
mencionados os saltos (pular corda, pular sobre a caixa, polichinelo) e os
levantamentos de peso.
Outro estudo que demonstra a maior frequência de perda nas atividades
que envolvem saltos e força é o trabalho de Hagovska et al (2018) que encontrou
(23,8%) em jovens atletas (atletismo) , seguido por jogadores de vôlei (19,6%). A
prevalência durante esportes entre atletas de elite nulíparas jovens varia entre 0%
(golfe) e 80% (trampolinistas), os maiores relatos de escape de urina é encontrada
em esportes que envolvem atividades de alto impacto, como ginástica, atletismo e
alguns jogos de bola durante; diferentes atividades esportivas, essa força é 3 a 4
vezes o peso corporal durante a corrida, 5 a 12 vezes ao pular (ALMEIDA;
MACHADO, 2012; BO, 2004).
63

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o aumento da inserção da mulher nas atividades de alto


intensidade e alto impacto como o CrossFit, faz se necessário a investigação de
possíveis riscos que estes exercícios podem causar tanto no assoalho pélvico
quanto na qualidade de vida dessas praticantes. Embora a amostra deste estudo
tenha sido de um grupo limitado e os estudos sobre a IU e o CrossFit ainda serem
escassas, os resultados obtidos neste estudo evidenciam que mesmo sem os
fatores de riscos clássicos (idade, IMC, quantidade e tipo de parto) para
incontinência urinária as praticantes desta modalidade experimentam escape de
urina significativo em gotas durante os exercícios do CrossFit.
Observou-se ainda que mesmo aquelas que negaram sintomas de perda
urinaria apresentaram algum escape de urina, sugere-se que essa falta de
percepção desta perda ocorra devido a concentração na hora do treino ou ainda por
confundirem o escape de urina com a sudorese, ou até mesmo por vergonha ou
medo da estigmação.
Conclui-se que as participantes deste estudo apresentam incontinência
urinária leve, com nenhuma/pouca interferência da qualidade de vida e que não
houve correlação entre perda de urina e entre IMC, quantidade de parto, e que o
desconhecimento da musculatura do assoalho pélvico por parte das mulheres e dos
64

Coaches (treinadores) dificultam a ativação desta musculatura o que seria um fator


preventivo para incontinência urinária.
Sugere-se que o diagnostico da IU seja feito através de exame
urodinâmico com uma amostra maior, além de uma intervenção fisioterapêutica nas
praticantes incontinentes.

REFERÊNCIA
65

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TAMANINI JTN, DAMBROS M, D’ANCONA CAL, PALMA PCR, NETTO JUNIOR,


NR. Validação para o português do “International Consultation on Incontinence
Questionnaire-Short Form” (ICIQ-SF). Rev Saúde Pública. 38(3): 438-44, 2004.

TIBANA, R. A; ALMEIDA, L. M; PRESTES,J. Crossfit riscos ou benefícios? O que


sabemos até o momento? Rev. Bras. Ci. e Mov. 23(1):182-185, 2015.

XAVIER, A. A; LOPES , A.M.C. Lesões musculoesqueléticas em praticantes de crossfit.


Revista Interdisciplinar Ciências Médicas - Minas Gerais, 11-27: 2017.

ZUGAIB M. Zugaib. Obstetríca, 1ª ed, SP: Manole, 2011.


69

APÊNDICES
70
71

APÊNDICE A – Questionário de Identificação Pessoal, sobre aspectos


Uro-gineco-obstétricos e Atividade Física.

FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST

CURSO DE FISIOTERAPIA

Nome:______________________________________________________________

Endereço:_____________________________________Bairro:_________________

Cidade:________________________Estado:_____________Tel.:_______________

Idade:________ Cor/raça: _______________ Estado Civil: ___________________

Peso:____________ Altura:____________ IMC:_____________________

Profissão:______________ Ocupação:____________ Escolaridade:_____________

Renda (salários mínimo): ( )< 1 ( )1a2 ( )3 a 5 ( )5 a 7 ( )>8

Histórico Ginecológico e Obstétrico:

1.Atividade sexual (com penetração) atual: ( )Nunca ( ) Presente ( )Ausente

2.Gestações: ( ) 0 ( )1 ( )2 ( )3 ( ) mais de 3

3. Abortos: ( ) 0 ( )1 ( )2 ( )3 ( ) mais de 3

4. Tem filhos: ( ) sim ( ) não quantos?___________________________________

5. Quais os tipos de parto: ( ) normal sem episiotomia? quantos?_____ ( ) normal com


episiotomia? quantos?_____ ( ) normal sem episiotomia mas com episiorrafia (sutura)?
quantos?_____ ( ) normal com fórceps ? quantos?_____ ( ) normal com manobra de
Kristeller? Quantos?____ ( ) cesariana quantos?____

6. Se teve parto vaginal, você realizou muita força para a saída do bebê?

( ) sim ( ) não

7. Se teve parto vaginal, foi solicitado para você: “força como se fosse fazer cocô”?

( ) sim ( ) não

8. Realizou alguma cirurgia ginecológica? ( ) sim. Qual?______________________ ( ) não


72

9. Tem alguma patologia de foro genito-urinário? ( ) sim. Qual?_________________ ( ) não

Atividade Física:

10. Quais atividades físicas você realiza?

( ) apenas Crossfit ( ) Crossfit e outra(s) qual?____________________

11. Há quanto tempo pratica a modalidade Crossfit?

( ) menos de 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) de 1 a 4 anos

12. Se praticar outra modalidade, há quanto tempo pratica?__________________

13. Quantas horas de treino de Crossfit por dia?

( )< 1 hora ( )1 a 2 horas ( ) 2 a 3 horas ( ) >3 horas

14. Quantas vezes por semana:

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( ) 6 ou mais

15. Em relação à intensidade do treino:

( ) Leve ( ) Moderado ( ) Intenso

16. Quanto á sua sudorese (suor) durante a atividade física, você considera que é de forma:

Leve ( ) Moderada ( ) Intensa ( )

17. Antes da pratica do Crossfit você perdia urina?

( ) sim, aos esforços ( )sim, pela urgência ( ) sim aos esforços e pela urgência não ( )

18. Se você já perdeu urina alguma vez e não perde mais, pode relatar quantas vezes foram
as perdas?

( ) apenas 1 episódio ( ) 2 a 3 vezes ( ) 4 a 5 vezes ( ) > 5 vezes ( )ainda perco urina

19. Se você perde urina durante a prática do Crossfit, qual a forma da perda?

( ) em gotas ( ) em jato ( )contínua

20. As perdas de urina acontecem:


73

( )apenas durante o Crossfit? ( )tanto na prática do Crossfit quanto aos esforços do


dia-a-dia (AVD e AVL)? ( ) tanto na prática do Crossfit quanto em outras atividades físicas (
)

21. Há quanto tempo iniciaram-se as perdas de urina?

( ) menos de 6 meses ( ) 6 meses a 1 ano ( ) de 1 a 4 anos

22. Desde que iniciaram as perdas, como ela se encontra hoje?

( ) Igual ( ) Piorou ( ) Melhorou

23. Em geral quanto que perder urina interfere em sua vida sexual? Por favor, circule um
numero entre 0 (não interfere) e 10 (interfere muito).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Não interfere interfere muito
24. Em qual (ais) atividade(s) durante o Crossfit você perde urina? (marque as alternativas
que você se encaixar):

( ) Corrida ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua

( ) Levantamento de peso (LPO) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua ( )Agachamento (Squat) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (
)Contínua

( ) Saltos (Box jump) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua

( ) Subida na argola (Muscle-ups) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua

( ) Cordas ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua ( ) Levantamento terra (Deadlift) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (
)Contínua

( ) Arranco (Snatch) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua

( ) Arremesso (Clean & Jerk) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua
74

( )Suspensões na barra (Pull-ups) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua

( ) Paradas-de-mão (Handstands) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (


)Contínua
( ) Abdominais (Sit-ups) ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (
)Contínua
( )Outro Quais?______________ ( )Não perco ( )em gotas ( ) Jato (
)Contínua
25. Você toma água antes do Crossfit?
( ) Sim ( ) Não
26. Se não, por quê?
( ) Esqueço
( ) Para não sentir vontade de urinar
( ) Porque eu perco urina
( ) Outra______________
75

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST
CURSO DE FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Você está sendo convidado a participar da pesquisa “PREVALÊNCIA DA
INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES PRATICANTES DE CROSSFIT EM BOXES
NA CIDADE DE SÃO LUÍS- MA”.

Objetivo do estudo: Identificar a presença de perda de urinária em mulheres


praticantes de CrossFit® e qual(is) dentre os diversos tipos de exercícios praticados nessa
modalidade, pode(m) influenciar no escape de urina?
Motivo da realização desta pesquisa: colaborar com o crescimento do meio
científico e ajudar os profissionais da área a identificar os exercícios que mais tem impacto
no assoalho pélvico, e fornecer assim, orientações corretas para a realização desses
exercícios visando proteger a musculatura períneal.
Procedimentos do Estudo: a pesquisa será realizada da seguinte maneira: você
será avaliada através de por dois questionários: o primeiro questionário é sobre identificação
pessoal, antecedentes obstétricos e ginecológicos, atividade física e eventuais perdas de
urinas, o segundo questionário ICIQ-SF será usado para classificar o tipo de Incontinência
Urinária (U.I.) e o grau de interferência na vida diária , também será submetida ao Pad-Test
(teste do absorvente) que consiste na ingestão de 500 ml de água 10 minutos antes da
atividade física, será solicitado ainda o uso de um absorvente (pesado anteriormente) cedido
pela pesquisadora e realizará seus exercícios normalmente após o final do treino será
recolhido o absorvente e colocado em um saco com vedação do tipo Ziplock para ser
pesado novamente.
Riscos do Estudo: De acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de
Saúde (CNS) toda pesquisa em seres humanos envolve riscos, estes podem ser de
natureza física, psíquica, moral, social. Este estudo possui risco mínimo e medidas
preventivas serão tomadas para minimizar qualquer risco, incômodo ou constrangimento.
Caso esse procedimento possa gerar algum tipo de constrangimento ou incômodo, por
menor que seja você não precisa realizá-lo.
Confidencialidade do Estudo: A sua identidade será mantida em sigilo e não será
divulgada em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Participação Voluntária / Retirada do Estudo: Sua participação é voluntária e você
tem total liberdade de desistir a qualquer momento de participar da pesquisa sendo que sua
recusa não incorrerá em nenhum constrangimento.
76

Custos: Não haverá nenhum gasto com sua participação. Você também não
receberá nenhum pagamento com a sua participação.

Acesso aos Resultados e Esclarecimentos: Os pesquisadores estarão


disponíveis, em todas as etapas da pesquisa, para oferecer a você mais informações e
esclarecimentos. Você poderá solicitar informações durante todas as fases da pesquisa,
inclusive após a publicação da mesma.

Você receberá uma cópia deste termo onde constam os contatos dos pesquisadores
e do Comitê de Ética em Pesquisa, os quais podem tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento. Em caso de concordância com as informações
que lhe foram expostas e aceitação de sua participação na pesquisa assine abaixo.

São Luís / MA, _____/______/_______

_____________________________________________________________

Assinatura do entrevistado (a)

Quaisquer esclarecimentos, favor entrar em contato:

* Gláucia Souza de Oliveira

Tel.(98) 98913-5713 / e-mail: glauoliveir@gmail.com

**Nelbe Maria Ferreira de Amorim

Tel. (98) 981064134 / e-mail: nelbesinha@hotmail.com

***Fernando Cesar Moreira Lima

Tel.(98) 98116-7292 / e-mail: fernandovilhena15@gmail.com

*Pesquisador Responsável

** Orientadora Responsável da Pesquisa


***Coorientador Responsável da Pesquisa
77

ANEXO
78

ANEXO - A – Questionário ICIQ-SF


FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST
CURSO DE FISIOTERAPIA

ICIQ-SF Muitas pessoas perdem urina algumas vezes. Estamos tentando descobrir quantas
pessoas perdem urina e o quanto isso as aborrece. Ficaríamos agradecidos se você
pudesse nos responder as seguintes perguntas pensando como você tem passado em
média nas últimas quatro semanas.
1) Data de nascimento:___ /___ /___
2) Gênero: masculino ( ) feminino ( )
3) Com que frequência você perde urina? (assinale uma resposta)
0 nunca ( )
1 uma vez por semana ou menos ( )
2 duas ou três vezes por semana ( )
3 uma vez ao dia ( )
4 diversas vezes ao dia ( )
5 o tempo todo ( )
4) Gostaríamos de saber a quantidade que você pensa que perde.
Nenhuma ( ) 0
Uma pequena quantidade ( ) 2
Uma moderada quantidade ( ) 4
Uma grande quantidade ( ) 6
5) Em geral quanto que perder urina interfere em sua vida diária? Por favor, circule um
numero entre 0 (não interfere) e 10 (interfere muito).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Não interfere interfere muito
ICIQ-SCORE: soma dos resultados 3 + 4 + 5 = _____________________________
6) Quando você perde urina? Por favor assinale todas as alternativas que se aplicam a você.
Nunca ( )
Perco antes de chegar ao banheiro ( )
Perco quando estou dormindo ( )
Perco quando tusso/espirro ( )
Perco quando estou fazendo atividade física ( )
Perco quando terminei de urinar e estou me vestindo ( )
Perco o tempo todo ( )
Perco sem razão óbvia ( )
ANEXO B- Autorização para pesquisa - Arcadia Ho use
79

ANEXO C- Autorização para pesquisa - CFTR

ANEXO C- Autorização para pesquisa - CFTR


80

ANEXO D- Autorização para pesquisa- Crossfit 98

ANEXO D- Autorização para pesquisa – CrossFit 98


81
82

ANEXO E- Autorização para pesquisa- CrossCity


83

ANEXO F- Registro de Medição INMEQ-MA


84
85
86

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