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Décimo Dia

A BASE DA UNIDADE
Depois de expor as verdades do evangelho, Paulo agora exorta os cristãos a viverem de acordo com essa
realidade espiritual. No capítulo 4 do verso 1 ao 6 ele faz duas exortações: que andemos de modo digno da
vocação a que fomos chamados e que preservemos a unidade do Espírito.
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados,
com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo
e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em
todos. Ef. 4:1-6
Como acontece em quase todas as cartas do Novo Testamento, o livro de Efésios é dividido em duas partes,
uma doutrinária e outra exortativa. Do capitulo 1 ao 3, Paulo expõe a doutrina do evangellho, e do capítulo
4 ao 6 ele faz uma exortação para que andemos de acordo com a verdade do evangelho que recebemos.
Nesse texto Paulo nos faz três exortações: que andemos de modo digno e que preservemos a unidade do
Espírito. A partir do verso 4 ele mostra qual é a unidade que devemos preservar. São sete coisas que definem
essa unidade: um só corpo, um só espírito, uma só esperança, uma só esperança, uma só fé, um só batismo e
um só Deus. Essas são as sete bases da unidade.

1. Andando de modo digno


Primeiramente Paulo nos exorta para andarmos de modo digno da vocação a que fomos chamados. A
primeira palavra que deve ser considerada aqui é a palavra digno. Essa palavra possui dois sentidos no
original. Em primeiro lugar ela tem o sentido de peso ou equilíbrio. Assim a primeira ideia é que deve haver
equilíbrio entre a fé e a conduta.
Paulo está dizendo em outras palavras: “Eu rogo, para que vocês sejam equilibrados, a fé de vocês precisa
ser demonstrada em sua conduta”. Dizem que certa vez uma senhora chegou até o Mahatma Gandhi e lhe
fez um pedido. “Gostaria muito que o Senhor mandasse que meu filho parasse de comer açúcar.” Ele então
edicadamente lhe respondeu que faria o que ela estava pedindo, mas que gostaria que ela voltasse quinze
dias depois. Passados os quinze dias a mulher voltou com seu filho e Gandhi, então, o exortou para que
parasse de comer açúcar.
A mulher ficou encucada com aquela situação e lhe perguntou: “se era só para dizer isso ao garoto, porque
pediu para eu voltar depois de quinze dias? Gandhi lhe respondeu: “é porque eu também comia açúcar, então
eu esperei quinze dias, parei de comer açúcar e agora eu posso falar para o seu filho parar de comer
também.” Isso chama-se coerência.
É comum exortarmos os outros a parar de fazer coisas que nós mesmos fazemos, ou então nós insistimos
para que façam o que nunca nos ocorreu fazer. A coerência é a chave de tudo. Se precisamos exortar alguém
a respeito de algo que nós mesmos fazemos, que pelo menos tenhamos a dignidade de dizer que como os
demais ainda precisamos de aprender isso. Deus ama coerência e o equilibrio entre fé e prática.
A outra idéia contida nessa palavra “digno” é “combinação”. Combinar aqui se refere a aquela intenção de
fazer com que uma roupa combine com outra, se hamonize. A idéia comunicada é igualar-se, ajustar-se e se
harmonizar. Paulo está dizendo que não pode haver conflitos de cores. Jamais pode haver discrepância entre
o a nossa doutrina e a nossa conduta.
Isso significa que a vocação a que você foi chamado deve combinar com a sua vida prática. A vocação de
Deus é de uma cor e a sua conduta é de outra, mas essas cores devem se harmonizar.
Andar de maneira digna significa andar de maneira conveniente. Normalmente dizemos que o Senhor Jesus
é digno. O que queremos dizer com isso? Quando cantamos que Jesus é digno estamos dizendo que certas
coisas combinam com ele. Quando dizemos que ele é digno de louvor, nós dizemos que o louvor lhe fica
bem, combina com ele. A glória não combina com a maioria dos homens, porque não são dignos, mas
combina com Jesus, por isso ele é digno.
A segunda palavra que precisamos considerar é a palavra vocação. Paulo diz que precisamos andar de modo
digno da vocação a que fomos chamados.
Esse chamado nos lembra da palavra igreja que no grego é “ekklesia”. Ela significa os que foram chamados
para fora. Estar na Igreja significa que recemos uma vocação e também um chamado.
Em Efésios 1:4 Paulo disse que o Senhor nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos. Ele
não nos escolheu simplesmente para sermos salvos, mas ele nos escolheu antes de tudo para sermos santos.
Não fomos nós que escolhemos o Senhor, antes fomos chamados por ele. Foi ele quem chamou você das
trevas para a luz, foi ele quem chamou você da morte para a vida. Não foi você que escolheu o Senhor, antes
foi o Senhor que o escolheu antes da fundação do mundo. A seqüência está clara em Romanos 8.
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também
chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.
Romanos 8:29-30
Observe a seqüência do texto. Primeiramente Paulo diz que Deus nos conheceu de antemão. Depois que
Deus nos conheceu ele nos predestinou e, então, ele nos chamou. O Senhor nos escolheu e depois nos
chamou. O chamamento não é a conversão, mas o convite para a salvação. Depois que fomos chamados ai
então fomos justificados.
O melhor exemplo para entendermos o chamado de Deus para a salvação é a ressurreição de Lázaro. Todos
nós estávamos mortos como ele, mas houve um dia que Cristo veio e nos chamou: Lázaro, vem para fora! Se
não fosse o chamado do Senhor estaríamos na morte até hoje. Não poderíamos vir por nós mesmos.
A Igreja é a “ekklesia” que foi chamada para fora. Fomos chamados para fora do túmulo. Estávamos mortos
em nossos pecados, mas o Filho de Deus nos chamou pelo nome e, então, recebemos a vida.
Uma vez que o Senhor nos chama: “vem para fora, vem para a vida! Não temos escolha. Se Jesus chama por
Lazaro, ele não tem alternativa. Ele não pode dizer: “Obrigado pelo convite, mas vou ficar aqui no túmulo
mesmo”. Imediatamente Lázaro se levantou e saiu para fora. Uma vez que o Filho de Deus nos chama o seu
convite é uma ordem para termos vida.
Lázaro não tinha como ter vida por ele mesmo. Ele não poderia escolher viver. Ele só podia ouvir o
chamado do Senhor e não tinha escolha a não ser obedecer. A salvação não foi porque você escolheu o
Senhor, antes foi ele quem o escolheu.
Nunca devemos pensar na vida cristã como algo que decidimos adotar. É exatamente o oposto, é algo a que
fomos chamados. Fomos chamados das trevas para a luz. Ele nos escolheu antes da fundação do mundo para
sermos santos. Ele nos deu vida quando estávamos mortos em nossos pecados.
O morto não tem escolha. A menos que o Senhor da vida venha até ele e o chame ele vai continuar morto
eternamente. Por isso nenhum homem pode se gloriar diante de Deus. Ninguém jamais saiu da morte por si
mesmo. Todos nós estamos vivos porque o Senhor nos chamou da morte para a vida.
Você pensa que apenas pastores e outros ministros são vocacionados, mas está enganado. Houve um dia em
que Deus chamou você para fora. Você foi chamado para essa vocação. E uma vez que você é chamado
você agora tem a santa vocação de ser filho de Deus. A vocação de ser instrumento de Deus, ministro do
céu, uma luz resplandecendo nas trevas.
A exortação de Paulo agora é: “ande de maneira digna desse chamado”. Se você era um Lázaro que saiu do
túmulo, não ande mais como morto. Você recebeu vida, você é do reino da vida, então viva de acordo com a
luz.
Você agora faz parte da mais importante família do universo, a família de Deus. A Palavra nos mostra que a
honra da família está nas mãos dos filhos. Se um filho resolver viver de modo que não “combina”, ou
indigno do nome da família, toda a família é envergonhada.

2. Preservando a unidade do Espírito


A segunda exortação está no verso 3: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito”.
Observe que não somos exortados a criar a unidade, como se ela não existisse, mas a preservá-la com todo
empenho.
Eu creio que a unidade a que Paulo se refere é antes de tudo aquela exposta no capítulo 2 . Ali ele mostra
que a parede de separação que havia entre judeus e gentios foi derrubada em Cristo na Igreja. De ambos
Deus fez um povo e agora somos chamados para preservar essa unidade.
A unidade é um assunto muito complicado no meio evangélico. Provavelmente não existe nenhum outro
povo tão cheio de divisões quanto nós. Mas, mesmo assim Paulo não diz que temos que gerar a unidade,
antes ele diz que a unidade já existe e somente precisa ser preservada.
Antes de entendermos a verdadeira essência dessa unidade que deve ser preservada, precisamos dizer
primeiro o que ela não é. O apóstolo não está apenas apelando para um espírito de amizade e fraternidade ou
de comunhão amigável. Tampouco está apelando para algum objetivo comum, contrariamente a algo que
seria o inimigo comum.
A unidade da qual ele nos fala é resultado de tudo o que foi exposto nos primeiros três capítulos. Em outras
palavras, não se pode ter unidade cristã a menos que esteja baseada nas verdades expostas nos três primeiros
capítulos. A verdadeira unidade está baseada no entendimento da verdade.
Um ponto chave que devemos considerar é que a unidade é no Espírito. Esta unidade é produzida pelo
Espírito Santo. Somente ele pode produzir unidade. Nós devemos apenas preservar a unidade que o Espírito
produz. É, portanto, uma unidade de vida. É algo essencialmente orgânico. Não é possível misturarmos
substâncias de naturezas diferentes. Para haver unidade é preciso ter a mesma natureza.
Só pode haver unidade entre pessoas que possuem o Espírito Santo. É uma questão de natureza e de tipo de
vida. Se temos o mesmo tipo de vida espontaneamente teremos comunhão e unidade.
Na política podemos esquecer diferenças, mas não na unidade espiritual. Se pertencemos a naturezas
diferentes não podemos ter unidade. Mas se o espírito que está em mim é o mesmo espírito que está em
você, essa unidade já existe espontaneamente. Quando tivermos comunhão vamos sentir nosso coração
conectado. Essa é a unidade do Espírito que precisa ser preservada.
Há pessoas que se dizem cristãs, mas invocam entidades malignas, fazem despacho em encruzilhadas e
adoram mortos. Outros se dizem cristãos, mas adoram ídolos, eles não possuem o mesmo espírito que nós. O
espírito que está neles não é o mesmo que está em nós.
É preciso ter o mesmo espírito, ter a mesma natureza. Não precisamos ser iguais em nossa maneira de
cantar, vestir ou nos reunir, mas precisamo sim ter o mesmo Espírito.

Com humildade mansidão e longanimidade


Uma vez que essa unidade do Espírito não é criada, mas preservada, como fazemos para guardá-la? A
maneira como guardamos a unidade do Espírito é antes de tudo com humildade. Só há unidade se, além de
termos o mesmo espírito, também tivermos humildade, mansidão e longanimidade.
A verdadeira humildade é ter uma opinião modesta a respeito de si mesmo, seus poderes e habilidades. É
não promover a si próprio e nem confiar na própria força. Alguém disse que humildade é sempre ponderar
na possibilidade de estar equivocado. É rejeitar, portanto, o amor pelo poder.
Humildade é sempre se achar no lucro. Eu estou no lucro por causa da esposa que eu tenho, pelos irmão que
andam comigo. Humildade é se considerar devedor a todos ao derredor. É não se ter em tão elevada estima.
Sei que o mundo valoriza a auto-estima, mas não existe tal coisa na Palavra de Deus. Na verdade o que o
mundo chama de baixa auto-estima é um grande ego. Pessoas que se dizem complexadas são apenas
revoltadas porque não são as melhores, pior ainda, são revoltadas porque ninguém percebe o quanto são
maravilhosas. Achar que o outro é melhor que eu é humildade, mas ficar deprimido porque o outro é melhor,
é orgulho. O que chamam de “complexo” é, na verdade, orgulho disfarçado.
A raiz de todos os conflitos está no orgulho, no ego. Todos os probelmas de casamento, de relacionamento e
tudo o mais se resolve quando alguém resolve se humilhar. Toda divisão é fruto do orgulho. São os nossos
conceitos errados sobre nós mesmo que causam divisão. Alguns têm orgulho da sua doutrina, outros da sua
raça, nacionalidade, outros do seu dinheiro e ainda outros de sua inteligência e sagacidade. Onde há orgulho
a unidade está ameaçada.
Não se pode ajudar aquele homem ou aquela mulher que estão sempre certos, mas é fácil aconselhar casais
humildes. Se você exorta o homem, ele responde: “eu não tinha pensado nisso, creio que estou equivocado”.
É possível preservar a unidade de um casamento assim. Quando a pessoa pensa na possibilidade de que ele
não é certo 100% das vezes, quando ele pensa na possibilidade de que o outro tenha alguma razão, ele já está
negando o seu próprio Ego. Sempre que há arrogância e orgulho há divisão.
Só avançamos como igreja com líderes que pensam ser menores que os demais. Só há unidade onde há
honra e respeito. Só quando reconhecemos que estamos no lucro de caminhar com os irmãos é que
preservamos a unidade. Mas alguns acham que a igreja deveria ficar feliz de tê-lo como membro. Não há
unidade onde não existe humildade.
A segunda forma de preservar a unidade é pela mansidão. Jesus era manso e humilde coração.
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mt. 11:28-30
Pessoas só caminham juntas se forem mansas e humildes de coração. Jesus disse para tomar o jugo dele. O
jugo era uma canga que era colocada em cima de dois bois ou dois cavalos. Os dois animais deveriam ser do
mesmo tipo, caso contrário haveria desequilíbrio. Se você quer andar com Jesus é preciso ser da mesma
natureza dele.
Mansidão é a prontidão para sofrer o dano ou o mal confiando tudo a Deus. Mansidão é uma atitude de
brandura e gentileza interior. Todavia é possível ser manso e ainda assim exercer a liderança e autoridade.
Moisés era o homem mais manso, mas era também forte. Paulo era muito manso, mas foi capaz de dizer
coisas muito fortes.
Nunca confunda mansidão com fraqueza. Existem líderes religiosos que querem parecer mansos, ma que se
tornam quase efeminados. É aquela voz fraca e uma liderança sem firmeza. Não é essa a mansidão de Jesus.
O Senhor era manso mas virou a mesa dos cambistas. Não confunda força como falta de mansidão. Você
pode ser manso e ser forte ao mesmo tempo. Por outro lado é possível alguém ser fraco e não ter mansidão
alguma no coração. O manso não é chorão e nem molenga. A verdadeira mansidão é se curvar diante da
vontade de Deus.
Só há unidade onde tem mansidão. Manso é aquele que aceita a exortação e a correção. Aquele que é manso
o é, antes de tudo, para com Deus.
A terceira forma de preservar a unidade é pela longanimidade. Significa manter o domínio próprio durante
muito tempo e não ceder à ira. Às vezes encontramos irmãos irritantes, mas devemos aguentar e não
diminui-lo, desprezá-lo ou humilhá-lo. Se Deus não fosse longânimo nenhum de nós estaria vivo.
Ser longânimo é ser como um pai que responde a mesma pergunta de seu filho por mil vezes. O verdadeiro
pai desce ao nível da criança e repete incansavelmente. Só se é longânimo quando se ama.
Certamente há irmãos ao nosso derredor que nos irritam de muitas formas. Algumas vezes são irmãos que
possuem um comportamento difícil e nesses casos precisamos exortar e tolerar a deficiência até que ele
mude. Mas não devemos desprezá-lo e fugir da comunhão, pois isso destrói a unidade em vez de preservá-la.
Outras vezes nos irritamos com irmãos simplesmente porque eles possuem um temperamento ou um jeito de
ser que nos incomoda. Precisamos ser suficientemente humildes e reconhecer que as pessoas não precisam
ser exatamente do jeito que queremos. Existe aquele irmão falante que não sabe quando parar e tem também
aquele que nunca abre a boca. Temos de ter um ânimo longo com todos eles. Tem aquele que irmão que
depois de lhe contar tudo tim tim por tim tim, ainda entra em detalhes. Não é fácil mesmo preservar a
unidade sem longanimidade.

Suportando uns aos outros


Uma vez que somos longânimos podemos suportar uns aos outros. Suportar é dar sustentação, apoio e força.
Suportar um irmão implica reconhecer que há irmãos fracos que necessitam de ser apoiados e consolidados.
Mas suportar também significa não desistir do irmão. Desculpe o que for possível na vida do irmão. Talvez
ele é irritante porque está passando por uma tribulação, ou talvez se sente inferiorizado, talvez ele não tenha
recebido instrução ou até mesmo tenha uma capacidade intelectual inferior. O fato é que quem suporta não
procura livrar-se do irmão, humilhá-lo ou agredi-lo, mas será sempre paciente.

No vínculo da paz
O resultado de alguém que é humilde, manso e longânimo é que ele é fácil de conviver. Ele se torna um
pacificador. Só podemos falar de vínculos da paz quando essas virtudes estão presentes.
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados,
com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo
e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em
todos. Ef. 4. 1-6
Esse texto é o divisor de águas do livro de Efésios. Todas as cartas de Paulo normalmente seguem um
padrão bem simples. Elas sempre começam com a mensagem da proclamação da obra de Cristo, o Kerigma.
Paulo sempre começa realçando o que Jesus fez na cruz, a vitória que ele obteve na sua morte, ressurreição e
ascensão aos céus e todas as implicações dessas verdades para nós que estamos incluídos nEle. Essa parte é
chamada de Kerigma que significa proclamação. Depois de expor o Kerigma Paulo coclui suas cartas
falando do padrão da vida cristã no dia-a-dia, a conduta apropriada do crente. Essa parte é chama de
Didaquê. O didaquê são aquelas normas e princípios morais do viver cristão. No livro de Efésios podemos
dizer que os capítulos 1 a 3 são o Kerigma, e os capítulos 4 ac 6 são o Didaquê.
Paulo sempre apresenta primeiro o Kerigma porque ele é a base para praticarmos do Didaquê. Depois de
expor as verdades do evangelho, Paulo agora exorta os cristãos a viverem de acordo com essa realidade
espiritual. Nesse texto do verso 1 ao 6 ele faz duas exortações: que andemos de modo digno da vocação a
que fomos chamados e que preservemos a unidade do Espírito.
Depois disso coloca sete fundamentos onde a unidade da Igreja está estabelecida. Não produzimos essa
unidade, apenas nos esforçamos diligentemente para preservá-la.

A Unidade no Espírito
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados,
com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo
e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma
só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em
todos. Ef. 4. 1-6
Esse texto é o divisor de águas do livro de Efésios. Todas as cartas de Paulo normalmente seguem um
padrão bem simples. Elas sempre começam com a mensagem da proclamação da obra de Cristo, o Kerigma.
Paulo sempre começa realçando o que Jesus fez na cruz, a vitória que ele obteve na sua morte, ressurreição e
ascensão aos céus e todas as implicações dessas verdades para nós que estamos incluídos nEle. Essa parte é
chamada de Kerigma que significa proclamação. Depois de expor o Kerigma Paulo conclui suas cartas
falando do padrão da vida cristã no dia-a-dia, a conduta apropriada do crente. Essa parte é chama de
Didaquê. O didaquê são aquelas normas e princípios morais do viver cristão. No livro de Efésios podemos
dizer que os capítulos 1 a 3 são o Kerigma, e os capítulos 4 a 6 são o Didaquê.
Paulo sempre apresenta primeiro o Kerigma porque ele é a base para praticarmos do Didaquê. Depois de
expor as verdades do evangelho, Paulo agora exorta os cristãos a viverem de acordo com essa realidade
espiritual. Nesse texto do verso 1 ao 6 ele faz duas exortações: que andemos de modo digno da vocação a
que fomos chamados e que preservemos a unidade do Espírito.
Depois disso coloca sete fundamentos onde a unidade da Igreja está estabelecida. Não produzimos essa
unidade, apenas nos esforçamos diligentemente para preservá-la.

1. Um só corpo
A primeira base da unidade é o entendimento de que somos um só corpo. É importante você entender que
Paulo não está falando aqui da igreja local, ele não está falando da igreja que se reúne em Éfeso, ele está
falando da Igreja invisível e espiritual.
Isto não quer dizer obviamente que não deva existir unidade na localidade, mas a verdade é que às vezes na
localidade há pessoas que nem mesmo nasceram de novo. É possível que tal pessoa seja membro de uma
igreja local, mas não é possível que ela seja membro da igreja invisível. É possível ser membro da igreja
local e não ser membro do corpo de Cristo. No corpo de Cristo só são incluídos aqueles que nesceram de
novo.
Ninguém pode ter mais de um corpo por isso a igreja invisível é única. Esta Igreja invisível e universal é
composta de homens que procedem de toda tribo, língua, povo, nação, cor, cultura, posição social, condição
física. O espaço e o tempo não afetam o Corpo invisível de Cristo. Todo homem que foi salvo em todas as
época faz parte desse corpo. Os cristãos da Igreja primitiva estão nesse corpo, os reformadores, os puritanos,
os pentecostais e todos os salvos no decorrer dos séculos. Todos fazem parte desse corpo.
Você está unido a um organismo espiritual que está além da nossa compreensão. Um organismo que não
conhece distancia e nem a separação no tempo, porque é um organismo eterno. Esse é o corpo de Cristo. Ele
começou, mas nunca vai terminar. Em nosso corpo físico as células são constantemente trocadas e
renovadas. As células com as quais você nasceu já não existem mais em você, foram trocadas. Com exceção
dos neurônios praticamente tudo no seu corpo foi refeito e renovado desde que você nasceu até hoje. É
assim porque no nosso corpo habita ainda a morte, daí a necessidade dessa reciclagem, mas não há morte no
corpo de Cristo, por isso tudo que faz parte do corpo de Cristo hoje também fará parte durante toda a
eternidade. Uma vez que você foi enxertado no corpo de Cristo você não pode ser mais retirado, não há
amputações no corpo de Cristo. Essa é mais uma evidência de que a nossa salvação é eterna. Aquele que de
fato nasceu de novo não pode mais ser tocado pela segunda morte porque foi unido a Cristo e não pode mais
ser separado dEle. A sua união com o Senhor é eterna.
Aquele que foi unido ao Senhor é um espírito com Ele. A expressão bíblica é que você foi amalgamado com
Ele. Um amálgama é formado a partir de alguns componentes que ao se juntarem sofrem uma troca química
e formam um terceiro elemento. Eles perdem a característica anterior para formar um outro elemento com
características distinta dos anteriores. Os dentistas misturavam o mercúrio com a prata para formar aquele
amálgama a fim de procederem a restauração de dentes. Uma vez solidificado aquele amálgama, já não era
mais possível desfazê-lo; torna-se um novo material. Um bolo é outro bom exemplo de amálgama. Reunidos
todos os ingredientes, misturamos tudo, e levamos ao forno. O calor ali vai produzir um amálgama com
todos aqueles ingredientes que sofreram uma troca química. O resultado disso é um bolo. Se alguém
requisitar de volta os ovos é impossível trazê-los de volta. Se outro, ainda pedir de volta o leite ou a farinha,
será impossível restituí-los. Foram amalgamados.
Aquele que se une ao Senhor é amalgamado com Ele. Não dá mais para separar. Agora não tem mais jeito
de tirar você de Cristo, e muito menos de tirar Cristo de você! O Espírito de Cristo foi misturado dentro de
você com o seu espírito. Agora não tem mais volta, o seu espírito foi unido com o Espírito do Senhor. Ele
foi amalgamado com você. Vocês dois são um!
Seria muito cômodo falarmos da unidade da Igreja invisível e conviver com a divisão nas igrejas locais. Não
quero usar o Corpo invisível de Cristo como uma desculpa ou uma saída fácil para as nossas divisões.
Infelizmente podemos ter a unidade no espírito e não termos a unidade na comunhão. Isso pode facilmente
ser entendido na família. Uma vez que haja um vínculo de pais e filhos e entre filhos e filhos, tais vínculos
não podem ser desfeitos jamais. Podemos dizer que a família possui uma unidade por possuírem o mesmo
nome, mas se todos estão brigados e vivem distantes uns dos outros fica evidente que a unidade foi
comprometida. Portanto existe um nível de unidade que ninguém pode tocar, que é a unidade da família
como tendo um mesmo parentesco, mas a unidade da proximidade e da convivência deve ser preservada a
todo custo. Além disso, se Paulo diz que precisamos preservar é porque a unidade pode se deteriorar.
A maneira de entendermos a Igreja invisível é pelo corpo. O corpo não é uma coleção de partes, mas uma
unidade orgânica. Cada membro é participante da mesma natureza divina, pois nasceram de Cristo, o
cabeça.
No corpo também existe variedade, apesar de haver unidade. No corpo há variedade na unidade. Apesar de
estarem num mesmo corpo os membros não são iguais. Nunca devemos confundir unidade com
uniformidade. Na unidade do corpo há diversidade.
É realmente bonito sabermos que não existe um floco de neve igual o outro. Nem dá para imaginar quantas
folhas de árvore existem, mas nunca existiram duas folhas iguais. Nunca em nenhuma época, toda olha é
única. Nós somos um mas não temos que ser iguais. Somos irmãos, mas não somos clones. Somos
semelhantes, mas muito diferentes.
Nós devemos ter o mesmo coração, mas a expressão certamente é diversa. Eu amo essa diversidade do corpo
de Cristo. Apesar de estar num mesmo corpo nenhum membro é igual a outro. Não devemos manter a
comunhão e a unidade com base em nossa preferência pessoa, pois todos os membros são necessários.
Na unidade do corpo não há partes menos importantes. É tolo discutir qual membro do corpo é mais
importante. Na verdade Paulo diz em Coríntios que revestimos de especial honra as partes que são menos
honrosas.
Você sabe qual é o dedo que dá força para a sua mão? Todos acham que é o polegar, mas você está
enganado, é o dedo mínimo. Se tentar segurar algo com apenas os outros três você perceberá como a força
da mão diminui. O menor dedo é o que dá mais força. Por outro lado você sabe qual é o dedo que nos
permite fazer os movimentos mais delicados? É o polegar. Sem ele você não consegue fazer o movimento de
pinça, o movimento que nos permite fazer as peças mais delicadas. Para você talvez seja o dedo mais gordo
e feioso, mas ele é fundamental para você fazer uma obra de arte. As coisas de Deus são mesmo misteriosas.
Talvez a força da sua célula esteja naquele irmãozinho que você considera o mais fraco, e aquele irmão
enorme meio estabanado e barulhento pode ser o responsável pelas ações mais delicadas e amorosas da sua
célula.
A unidade do corpo implica em uma interdependência dos membros, ou seja nem um membro tem sentido
sozinho, qualquer membro do corpo tirado do corpo é sem sentido. Ele tem sentido e razão de ser se estiver
no corpo.

2. Um só Espírito
A segunda base da unidade é a compreensão de que temos um só Espírito. A sequencia aqui é importante
pois as verdades não foram enumeradas aleatoriamente. Paulo começa com o corpo e depois segue para o
Espírito. O Raciocínio é que se a Igreja é um corpo, como ela foi formada? Como ela veio a existir e o que
constitui a sua vida? O que habilita o corpo a funcionar? O apóstolo responde a essas perguntas dizendo que
é o Espírito Santo. Noutras palavras a Igreja é o resultado da atividade do Espírito.
O Espírito Santo está dentro do corpo e permeia todo organismo e cada membro individualmente. Há
somente um Espírito que é indivisível. Não há um espírito em mim e outro no irmão. Há somente um
Espírito que habita simultaneamente em mim e no irmão.
Existe uma infinidade de espírito malignos (Mc. 5:9), mas apenas um Espírito Santo. Naquele homem
gadareno liberto por Jesus havia uma legião com milhares de demônios, mas com relação ao Espírito Santo
Paulo diz só há um.
Só podemos ser um com alguém que está no corpo de Cristo, em outras palavras, eu só posso ser um com
alguém se ele possui o mesmo Espírito. Não é possível para mim que tenho o Espírito Santo ser um com
alguém que tem o espírito de legião. Antes é preciso expulsar a legião e invocar o Espírito Santo, e uma vez
que o Espírito Santo esteja nele e em mim então temos unidade.
Esse Espírito atua em todos, mas sempre de uma forma distinta. O alvo do homem é a produção em massa,
mas a obra do Espírito sempre resulta em variedade e individualidade.
Apesar de ser um só esse Espírito tem o poder de habitar em todos os membros do corpo ao mesmo tempo.
É por causa disso que eu posso sentir se alguém é meu irmão ou não, pois o Espírito que está em mim
também está dentro dele. Temos a mesma vida. Essa vida não é uma energia vaga ou uma força exterior,
mas é uma pessoa.

3. Uma só esperança
Depois de dizer que há um só corpo e um só Espírito, Paulo diz que há uma só esperança. Só há unidade
quando temos a mesma esperança. Porque falar de esperança depois de falar do corpo e do Espírito?
Simplesmente porque o Espírito Santo está preparando o corpo que é a igreja, para ser uma expressão plena
e completa de Cristo para o dia em que nos casarmos com Ele.
A esperança nos fala da glória. Cristo em nós é a esperança da glória. A glória é que um dia seremos tal qual
Ele é. Esse corpo natural da carne será revestido da incorruptibilidade. Só há unidade entre aqueles que tem
essa mesma esperança.
Esperança é algo que diz respeito ao futuro. O hábito de olhar o passado é o que produz mais divisão entre
nós. Olhar o que já foi é o que traz mais separação. Quando todos olhamos para frente, para a nossa
esperança, a unidade se estabelece.
Deus não olha para o nosso passado, mas o diabo está sempre ao redor para lembrar do que somos e
fizemos. Para Deus o que importa é o nosso futuro. É como a história daquela garota inglesa filha de um
lorde, que estava apaixonada por um jovem membro da sua igreja. Certo dia a jovem conta ao pai que estava
apaixonada. Diante disso seu pai lhe pergunta de onde o rapaz tinha vindo, qual era a sua origem. A resposta
dela foi emblemática: “eu não sei de onde ele veio, mas eu sei para onde ele vai”.
A nossa unidade na vida da Igreja depende de sabermos para onde vamos e não de onde viemos. Em Cristo
não importa mais a nossa origem, não importa o quão pecadores fomos no passado. Não importa o que você
foi, mas importa muito o que você vai ser.
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a
glória a ser revelada em nós. Rm. 8:18
Paulo diz que não importa o que eu estou sofrendo, existe uma glória que é tão maior que não dá para
comparar com o que eu estou passando hoje. Depois ele diz:
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda
comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem
são temporais, e as que se não vêem são eternas. II Cor. 4:17-18
Ou seja eu não vou ficar atentando para aquilo que todo mundo pode ve, mas eu vou atentar para as coisas
que não se veem, porque as que se veem são temporais mas as que não veem são eternas.
Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício,
casa não feita por mãos, eterna, nos céus. II Cor. 5:1
Ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Você não vai ser eternamente como é hojer, mas você será
como o Senhor.
Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que,
quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. I Jo. 3:2
Devemos mesmo deixar para trás as nossas experiências espirituais. As experiências variam, pois o Espírito
age como quer, mas nós discutimos por causa de experiências distintas que nem mesmo deveriam ser
iguais.
Devemos ainda deixar de olhar para aquilo que somos hoje. Não importa se somos jovens ou velhos, o que
importa é o que viremos a ser. Na igreja primitiva todos eram um, incluindo jovens e crianças. Em Cristo um
idoso pode ser um bebê em Cristo e uma jovem pode ser madura na fé.
Não fique preso ao passado. Faça como Paulo, esqueça as coisas que passaram e avance para aquelas que
estão diante de você.
Só da para manter a unidade e a comunhão com quem está olhando na mesma direção. Só dá para ter
unidade com quem tem a mesma esperança.

4. Um só Senhor
Ter um só Senhor é a quarta base da unidade. Só podemos ser um com alguém que reconhece a Jesus como
Senhor. Porque só há um que de fato pode ser descrito como Senhor, nunca houve um antes e nem nunca
jamais haverá. Ele é o único Senhor. Só Ele recebeu um nome que está acima de todo nome.
Quando diz que há um só Senhor, Paulo está afirmando que o cristianismo é Cristo. O cristianismo não é
uma coleção de doutrinas e nem é uma seleção de preceitos morais, ensinamentos éticos e filosóficos. O
cristianismo é uma pessoa. Só é cristão aquele que tem Cristo. O cristianismo só pode ser vivido nEle, na
dependência dEle, desfrutando dEle, sendo Ele a nossa força e habilidade.
Porque que há tanta divisão entre os cristãos? Simplesmente porque nós deixamos Cristo e abraçamos
filosofias e doutrinas. Ensinos, pensamentos e filosofias podem nos dividir, mas o relacionamento com uma
pessoa só e o conhecimento unicamente dele nos une. O grande problema da igreja através dos séculos é se
esquecer do Senhor e focar sua atenção em ensinamentos e doutrinas.
Paulo disse aos coríntios que Cristo não está dividido (I Cor. 1:13). Se há um só Senhor e um só corpo não
devemos ter divisões entre nós.
Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em
nome de Paulo? I Cor. 1:13
Quando nós falamos de um só Senhor, inevitavelmente concluímos que uma pessoa não pode crer em uma
parte de Cristo. Não podemos crer na sua obra e rejeitar seu poder, ou crer no seu ensino e rejeitar sua obra.
Cristo se tornou da parte de Deus para nós: sabedoria, justiça, santificação e redenção. Tudo isso.
Recebemos a totalidade de Cristo. Não há alternativa.
Não podemos ter unidade com aqueles que creem em Cristo, mas rejeitam os milagres que ele operou.
Creem em Cristo, mas negam-lhe o poder. Alguns admiram o ensino, mas não creem na morte e
ressurreição. Não podemos ter unidade com quem crê em só uma parte de Jesus.
Também deixam de preservar a unidade aqueles que enfatizam apenas um aspecto do ensino do Senhor.
Será que é certo termos um movimento que ensina apenas a justificação, outro que dá ênfase somente na
santificação, outro nos dons e outros na segunda vinda? Somos salvos por Cristo e não por partes dele.
É por essa razão que deveríamos evitar ter comunhão com base em doutrinas. Qual é a tentação quando você
encontra um irmão da igreja do véu? Não é discutir a respeito do véu? Fazendo assim você começa a dividir,
porque baseia a sua comunhão no véu, na doutrina? Nossa comunhão deve ser baseada em Cristo. Doutrinas
existem muitas, mas há um só Senhor. Adorar o mesmo Deus traz unidade, perceber a presença de Deus
juntos traz unidade, mas doutrinas e teologias resultam em divisão. A ordem é para que preservemos a
unidade.
Também precisamos dizer que por haver um único Senhor há também um único salvador. O mundo crê em
muitos salvadores, mas não podemos ter unidade a menos que reconheçamos que Cristo é o único salvador.
Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem. I Tm. 2:5
Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos
deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem
existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele. I Cor. 8:5-6
É impossível andar em unidade com alguém que crê em mais de um só salvador. Precisamos sustentar com
firmeza e ousadia o testemunho de que fora de Cristo não há salvação.
Há um só rebanho porque há somente um Senhor. Aquele que não reconhece a Cristo como Senhor e
salvador não está no corpo. O corpo é a base da unidade. Precisamos ser um com todo aquele que é membro
do corpo de Cristo. Se você diz que existe uma senhora está fora do corpo, porque não é possível ter um
Senhor e uma Senhora. Paulo diz que há um só Senhor. Não existe Senhora. Se você crê que há um Senhor e
uma Senhora está fora do corpo e portanto está fora da base da unidade de Cristo.
A base da unidade é ser parte de um só corpo, tendo um só Espírito, uma só esperança e um só Senhor.
Aquele que está nessa base pode caminhar em unidade conosco. Mesmo que você tenha um estilo diferente,
roupas diferentes, penteados diferentes, musicas diferentes, instrumentos diferentes, liturgias diferentes, nós
podemos ter unidade se você está na base de um só corpo, um só Espírito, uma só esperança e um só Senhor.

5. Uma só fé
O que significa a fé da qual Paulo está falando aqui? Em primeiro lugar a fé a qual Paulo se refere aqui não é
o ato de crer, ou seja, a capacidade de exercitar fé em Deus. Quando uma pessoa crê em algo ela tem fé, mas
seria essa fé a base da unidade? Não pode ser essa fé porque nesse sentido não há uma única fé, mas ela
pode ser direcionada para muitos falsos deuses.
O segundo sentido de fé usado comummente é o conteúdo da nossa fé, a doutrina, a teologia que
defendemos. Essa é a nossa fé. Também não pode ser esse o sentido do texto porque no verso 13 Paulo diz
que ainda precisamos chegar à unidade da fé. Como aqui a unidade da fé é para ser preservada não pode se
referir ao corpo de doutrinas da nossa fé.
Mas qual que tipo de fé então Paulo está falando aqui? Creio que a fé aqui se refere à fé para a salvação. No
sentido que Paulo usa em Romanos 1:16.
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé. Rm. 1:16-17
Assim a palavra fé aqui está em contraposição à palavra lei ou obras (Rm 10:5-8). Para ser cristão não
precisamos saber minuciosamente todas as coisas relativas à fé, mas apenas o que é necessário para sermos
salvos. Portanto a fé aqui se refere à maneira como Deus salva os homens. É a fé que á atribuída como
justiça aos crentes.
Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. Rm.
4:5
A fé para a salvação é aquela que confia somente em Cristo e não em sua boas obras religiosas. É esta fé que
também nos une. Quem não tem está fé não está na base da unidade, quem não tem esta fé não pode andar
conosco. Unidade, portanto, não é um tipo de ecumenismo onde tentamos ajuntar todo tipo de fé. Só
podemos ter unidade com aqueles que creem que há uma só fé para salvação.
Só podemos ser um com quem está na base, e a base é crer num só corpo, ter um só Espírito, uma só
esperança, um só Senhor e agora, uma só fé. De nada adianta falar que crê em Jesus, mas também crê na
reencarnação. Não está na base porque está negando a obra da cruz. Não adianta falar que crê em Jesus, mas
também crê no purgatório. Não adianta você falar que crê em Jesus e também adorar outros deuses. Ao fazer
isso você nega que há um só Senhor e Deus. Como alguém que se diz ser cristão e tem uma fé pode prestar
culto a um santo ou a uma entidade? Nós não nos curvamos diante de ídolos, mas somente diante de Deus.
Nós não seguimos a homens, mas seguimos a Palavra de Deus. Se ter uma mesma fé não temos uma base
para ter unidade.

6. Um só batismo
Uma das coisas que mais trouxe divisão na história do cristianismo foi o batismo, no entanto Paulo lança
mão dele para mostrar a unidade espiritual da Igreja.
Mesmo hoje todos conhecem um igreja batista. Porque você acha que ela tem esse nome? Porque para eles a
doutrina do batismo é fundamental. Houve épocas em que os crentes quase foram às armas por causa da
forma do batismo, se por imersão nas águas ou por aspersão. Hoje em dia alguns nem mesmo aceitam que se
batize numa piscina ou tanque batismal, mas dizem que ele deve ser feito na água corrente de um rio.
Certamente Paulo não está preocupado com a maneira como batizamos. Algunas tentam ver aqui uma defesa
para a sua forma de batizar, se por imersão ou aspersão. Mas certamente Paulo não está falando aqui de algo
exterior. A ceia assim como o batismo são ordenanças do Senhor. O seu significado certamente é vital, mas
não a forma como são ministradas.
Outro ponto importante é que o batismo aqui não se refere à regeneração batismal. Segundo esse ensino
quando alguém é batizado recebe uma nova vida, é regenerado. Isto não é ensinado na Palavra de Deus,
portanto deve ser rejeitado.
A bíblia não ensina em lugar nenhum que batismo salva. Quem nos salva é Cristo. Alguns, porém, batizam
criança porque creem que no momento em que ela é batiza ela também é salva. Dizem que ela deixou de ser
um pagão e se tornou cristão.
Sei que a maioria dos evangélicos não acredita em salvação batismal, mas todos têm uma grande
preocupação com o batismo. A base está em Marcos 16:16 que diz que será salvo aquele que crê e for
batizado. Mas isso não significa que ser batizado faz parte do pacote da salvação. Significa que aquele que
crê pede o batismo. Se alguém diz que crê e não quer ser batizado, ele não creu realmente. O batismo é um
selo da fé.
Certamente o batismo, como cerimônia, não é algo essencial para a salvação. Não podemos dizer que
alguém não possa ser salvo a menos que seja batizado. O exemplo mais claro disso é o do ladrão na cruz.
Porque ele creu o Senhor disse que naquele mesmo dia estaria com ele no paraíso, mas evidentemente ele
não pôde ser batizado. Ele creu, mas morreu antes de se batizar. Então é possível alguém ser salvo e não ser
batizado. Ainda que seja uma ordenança bíblica, o batismo não salva.
Paulo lança mão do batismo para realçar o fato de que pelo batismo nos tornamos membros de Cristo e
consequentemente estamos unidos. A forma do batismo é realmente secundária. Suponha ainda que um
irmão não pode descer no batistério e ser mergulhado. Ele poderia ser batizado por aspersão? Ou pense
ainda em alguém que se converteu e está hospitalizado. Não tem como ser batizado por imersão. Podemos
batizá-lo com água mineral? Se você compreende o significado espiritual do batismo já não se importa com
a forma como ele é ministrado.
O sentido espiritual do batismo é algo que une todos os cristãos. Em primeiro lugar porque o batismo é no
nome do Senhor Jesus (I Cor. 1:13, At. 2:38, At. 19:5). A forma não é importante, o nome sim.
Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. At. 2:28
Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. At. 19:5
Mas até quando se trata do nome existe divisão entre nós. Existem igrejas que batizam em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, outras batizam em nome do Senhor Jesus Cristo. Quem está certo? Eu creio que as
duas posições estão certas. Por que? Qual é o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? O nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo é Senhor Jesus Cristo, porque Senhor é a palavra que traduz Deus pai, Jesus é a
palavra que traduz o Filho, o salvador, e Cristo é a palavra que traduz o Espírito Santo o ungido. Assim
nesses três nomes nós temos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não deveríamos nos dividir por causa disso.
Em segundo lugar ser batizado significa ser incluído, estar debaixo do domínio ou da influência.
Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo
mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. I Cor. 10:1-2.
Quando viviam no Egito o povo de Israel estava sob o domínio de Faraó, mas depois do batismo no mar eles
foram libertos. Ser batizado então é ser incluído em Cristo, identificado com ele. Antes estávamos no mundo
e éramos escravos de Faraó, mas agora passamos para outro reino.
O texto de I Coríntios 10 diz que o povo de Israel foi batizado na nuvem e no mar. Ser batizado na nuvem é
ser batizado no Espírito Santo, mas o que é o batismo no mar? Lembre-se que o povo de Israel era cativo de
Faraó, mas Deus veio para libertar o seu povo tirá-lo da escravidão. Para livrar o seu povo o primeiro passo
foi matar o cordeiro e aplicar o sangue nos portais de cada casa. Isso aponta para Jesus, o Cordeiro de Deus
que nos livrou da morte pelo seu sangue. Mas poderia ser que no dia seguinte eles se levantasse e dissessem:
“l anjo da morte passou por aqui e ninguém dos filhos de Israel foi morto. Vamos ficar aqui no Egito! Já
estamos salvos!” O problema é que a salvação não estaria completa. Vivendo no Egito eles ainda estariam
debaixo do governo e da escravidão de faraó. Quando é que a autoridade de faraó foi quebrada? No dia em
que eles passaram pelo mar. Paulo diz que esse é o batismo. No mar foi quebrada completamente o poder de
Faraó sobre nós e fomos imersos em Cristo nos tornando um com Ele.
A salvação completa implica em você crer no Senhor Jesus e aplicar o sangue, mas também é preciso ser
batizado no mar em relação a Cristo, para que o diabo não tenha mais autoridade sobre você.
Paulo também diz em Romanos 6 que o batismo é um batismo em Cristo. Fomos incluídos na sua morte,
ressurreição e ascensão (Rm. 6:1-4). Antes estávamos em Adão, mas agora, pelo batismo fomos incluídos
em Cristo e estamos nele. Pelo batismo nos tornamos membros do seu corpo.
Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos,
quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. I Cor. 12:13
Naquele dia em que você entrou na água do batismo, você foi imerso em Cristo, ou seja, você entrou para
debaixo da influencia do Nome. Você entrou debaixo da autoridade e passou a fazer parte dEle. Você foi
misturado com Cristo. Aquela água era como ácido, quando você entrou você foi dissolvido nEle, agora foi
unido a Ele sendo parte dEle. Ele está em você e você está nELe. Esse é o verdadeiro sentido do batismo,
essa é a base da unidade. Se não somos batizados, então não temos um só Espírito e nem vivemos num só
corpo.
Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos,
quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. I Cor. 12:13.
Quando o apóstolo fala de batismo ele não está mencionando o rito, não é nada mágico, mas é a percepção
de que há somente um nome e um só Senhor, há somente uma vida, a vida de Cristo que nos redimiu.

7. Um só Deus e Pai de todos


A sétima e ultima base unidade é a verdade de que há um só Deus e Pai de todos. Todos nós sabemos que há
um só Deus. Tenha em mente que os efésios estavam acostumados no passado a crer em muitos deuses, por
isso Paulo enfatiza que há um só Deus.
No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há
senão um só Deus. Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a
terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas
as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também,
por ele. I Cor. 8:4-6
Não se impressione com ídolos, não tenha temor de ídolos e não vá a lugares onde há ídolos. Jamais se
encurve diante de um e nem seja simpático tentando agradar um idólatra. O ídolo nada é de si mesmo, mas
são demônios.
Paulo não está apenas enfatizando que há um só Deus, mas que Deus é um só. Esse é o mistério da Trindade
ou Triunidade. Deus é um, mas subsiste em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Observe que Paulo
reconhece o Espírito, reconhece o Senhor e agora diz que há um só Deus. Ele não explica, apenas mostra.
Esta deve ser a nossa atitude, não explicamos Deus, apenas o confessamos.
Paulo diz que esse único Deus é pai de todos. Seria Deus o pai de todos os homens? Claro que não. Deus é
Pai apenas dos seus filhos. Deus é Pai apenas dos que foram regenerados.
Paulo não está escrevendo a carta para descrentes e ímpios. A carta de Efésios foi escrita para a igreja, para
os filhos. Não há aqui a insinuação de uma paternidade universal de Deus.
O objetivo de Paulo é lembrar os crentes que todos os salvos pertencem a Família de Deus e todos são filhos
de Deus. Quando todos tiverem revelação dessa verdade não haverá mais o espírito de divisão entre nós.
Não deveríamos falar tanto de unidade, mas deveríamos adorar ao único Deus juntos. O senso da presença
de Deus cria unidade.
A base da unidade é a filiação. O texto afirma que Ele é pai de todos, é sobre todos, age por meio de todos e
está em todos. A unidade é preservada quando desfrutamos desse Deus que está em todos e age por meio de
todos. Quando você desfruta essa presença você está preservando essa unidade. Nós temos que adorar a
Deus juntos para preservarmos essa unidade.
A adoração é absolutamente fundamental em nossos cultos. Quando adoramos estamos reconhecendo que
Ele é Deus e nós não somos. Quando adoramos admitimos publicamente nossa dependência de Deus e o seu
poder completo sobre nós. Quando adoramos entramos em unidade porque nos movemos no Espírito
imersos em sua presença única.

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