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3.

O DISCIPULADOR É UM SUPERVISOR

O discipulado possui muitos aspectos diferentes. Por um lado, é uma relação de paternidade
espiritual, por outro, é uma relação de treinamento e edificação. O discipulado é uma relação
de vida, mas certamente também de supervisão. Equilibrar todos esses aspectos é
fundamental para edificarmos apropriadamente a igreja e levarmos a bom termo nosso tra-
balho nas células.

Algumas pessoas têm o conceito de que o objetivo do

discipulado é ensinar a ser, mas, analisando-o biblicamente,

veremos que a maior função do discipulado é ensinar a fazer.

O discípulo é aquele que está aprendendo e desenvolvendo o

ministério com a ajuda do seu discipulador, que é também um

mentor e um supervisor.

Assim, preencher relatórios e resolver problemas são duas tarefas que muitos tentam evitar,
mas são uma parte impor- tante da relação entre o discipulador e seu discípulo líder de célula.
Todo discipulador precisa entender que ele também é um supervisor. O problema é que muitos
discípulos desvalori- zam os relatórios e ainda enxergam na supervisão uma atitude
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de falta de amor e interesse do discipulador por ele. Mas essa é uma impressão falsa. O
discipulador também precisa cuidar das ovelhas que estão nas células e faz isso por meio dos
seus discipulos, os líderes de célula.

Vejamos como o discipulador pode ter uma atitude mais positiva em relação aos relatórios e
aos eventuais problemas no discipulado.

RELATÓRIO UM COMPANHEIRO INDISPENSÁVEL -

Muitos discipuladores se comportam como fornecedores de dados. Eles apenas pegam o


relatório do líder e o repassam ao pastor, sem nem mesmo se darem ao trabalho de lê-lo, de
checar as informações e avaliar a vida pessoal do líder de acordo com o que o relatório pede
como, por exemplo, sua vida de oração. Isso reflete sua atitude em relação ao relatório,
mostrando a imagem que o discipulador tem dessa ferramenta. Mude a imagem que tem em
relação a ele e sua atitude também mudará!
COMO O DISCIPULADOR DEVE ENXERGAR O RELATÓRIO? 1. O RELATÓRIO É SEU
AMIGO

O amigo é alguém presente

Amigo é alguém com quem você mantém um contato cons tantemente. Normalmente, ninguém
corre de um amigo, ao contrário, tem prazer em sua companhia. Sua presença é agra-
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dável. Portanto, veja o relatório como um amigo presente em sua vida. Ele não existe para lhe
cobrar, ele é seu companheiro!

O amigo ajuda você a ser melhor do que era

O amigo tem o poder de tirar de você coisas boas e ruins, mas sempre com a motivação
correta. Do mesmo modo, o re- latório desafia você a melhorar e a desenvolver seu potencial,
pois ele desperta você para melhorar sua liderança.

O amigo fala a verdade

O amigo não omite seus erros. Ele não o abandona, mas demonstra quando não concorda com
algo errado. Como seu amigo, o relatório mostra a realidade e não omite os fatos. Na verdade,
ele é um registro de fatos. Porém, se os fatos não forem bons, podem ser alterados se você
planejá-los melhor.

2. O RELATÓRIO QUER SE COMUNICAR COM VOCÊ

O relatório fala com o líder

Se você não lê o relatório, perde a comunicação que ele faz. Quando receber o relatório do seu
líder, deixe que ele se co- munique com você, leia-o!

O lider fala através do relatório

O relatório deve falar o mesmo que seu líder já falou. Se não for assim, é melhor checar!
Algumas vezes, o líder escreve dados

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errados no relatório, tais como número de membros acima do real, incluindo pessoas que já
saíram apenas para impressionar o discipulador ou não receber uma exortação.

O lider conversa com seu pastor através do relatório

O relatório fala aquilo que o líder não falou. Um dos pontos mais difíceis no relacionamento é a
comunicação. Quando ela é saudável, o relacionamento também é. Por isso, o discipulador
precisa aprender a se comunicar com seu líder através do rela- tório, não apenas para checar
se há erros, mas para conhecê-lo melhor e motivá-lo a continuar crescendo.

3. O RELATÓRIO É SEU ESPELHO O relatório mostra a realidade da célula

Às vezes, gostamos mais da ilusão do que da realidade, pois esta exige uma atitude de nossa
parte. Quantas vezes, ao olhar no espelho, você não tentou mudar a expressão do seu rosto,
puxando os olhos ou levantando o nariz só para ver como seria se mudasse algo em seu
rosto? Mas, a verdade é que o espelho mostra o que você é e não o que você gostaria de ser.
Com o relatório também é assim. Ele mostra o que a célula é, e não o que o líder gostaria que
ela fosse.

O relatório mostra quem é o lider

No relatório mensal da célula, devem constar os dados pes- soais do líder, porque a célula é o
reflexo de seu líder!
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Você já fez aqueles testes de avaliação de desempenho? Normalmente, antes de fazer o teste,
vem a seguinte orientação: "Responda exatamente como é e não como você gostaría que
fosse". Isso acontece porque a tendência das pessoas é mudar os dados. Alguns pensam que,
agindo pela fé, as coisas vão mudar e já consideram como sendo assim. Mas está errado.
Você só muda de verdade quando encara a realidade como ela é

O relatório deve mostrar a realidade da vida do líder, pois ela reflete a vida da célula.

A imagem pode ser mudada

Se a imagem que você vê no espelho não lhe agrada, você pode mudá-la. Pode cortar o
cabelo, tirar as manchas e muito mais. Com o relatório funciona da mesma maneira. Tentar es-
conder os fatos e os números no relatório não ajuda a mudar a realidade. Mas, avaliar e
planejar uma mudança, sim.

O discipulador é aquele que ajuda o líder a criar estratégias para levar a sua célula a crescer -
e isso começa na prestação de contas do líder através do relatório. Crescimento e
multiplicação são alvos planejados e possíveis de serem alcançados por todos e não apenas
por alguns.

Não se esconda atrás de uma maquiagem, de relatórios ir- reais. Seja auténtico! Encare os
desafios e mude a realidade de sua liderança!

A prestação de contas através dos relatórios é uma manei- ra eficiente de se comunicar. Mas, é
preciso mudar a maneira
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como os líderes enxergam o relatório. Do contrário, cria-se um círculo vicioso e o relatório vai
sempre parecer um bicho de sete cabeças. Ensine seu líder desde o começo do discipulado a
entender as três características do relatório: ele é seu amigo, quer se comunicar e é seu
espelho.

Certa vez, um grupo de arquitetos, depois de construir um prédio muito alto, precisava resolver
o problema da demora den. tro dos elevadores. Eles descobriram que as pessoas tornavam- se
mais tolerantes quando tinham projetado diante de si a sua própria imagem. Por isso,
passaram a colocar espelhos dentro dos elevadores. Resultado: o tempo dentro dos
elevadores não mudou, mas a atitude das pessoas sim.

As pessoas gostam de olhar no espelho, mas nem sempre gostam que veem. Com os
relatórios acontece algo seme- do lhante. É inevitável não fazê-los, mas mesmo que os
números não sejam como gostaria, aprenda a lidar com os fatos e a buscar resultados
melhores!

Talvez você pense que preencher relatórios é um suplicio para muitos líderes. Fazer com que
os entreguem pontualmente é outro suplício. Agora, levá-los a gostar do relatório, isso é um
verdadeiro milagre! Mas, deixe-me lhe dizer algo sobre isso, que talvez você não saiba: as
pessoas fazem as coisas motivadas por suas próprias razões.

Certa vez, em uma fazenda, o vaqueiro estava lutando para levar um bezerro para o celeiro.
Depois de muito suor, quase perdendo a paciência, uma garota chega perto do bezerro e
coloca o dedo em sua boca, o bezerro então começa a andar e
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segue a garota até o celeiro. O que aconteceu? Estimulado pelo dedo ele foi até a mãe para
mamar. As pessoas são como esse bezerro. Você pode insistir com

elas, empurrar, ameaçar, mas muitas não se movem, não mu-


dam. Mas, se você der a elas uma boa razão, de modo que elas

mesmas sejam beneficiadas, elas seguirão em frente.

A maioria das pessoas reage pelas suas próprias razões e não pelas razões de outros.
Normalmente, essas razões tocam suas emoções. E por isso que as mães acordam durante
noites segui- das para para à cuidar dos filhos. Elas não fazem isso porque o médico as
convenceu, mas porque elas são tocadas pelo choro do filho.

Conquiste o coração de seu discípulo e ele responderá a você. As pessoas respondem àqueles
a quem amam, não às tarefas!

PROBLEMAS, COMO RESOLVE-LOS?

Tudo a seu tempo é saudável, mas fora dele, é problemáti- co. Quando surgem, os problemas
devem ser encarados como uma oportunidade de crescer, e não um fator para enfraquecer sua
liderança. Tudo depende da maneira como você os vê. Se forem tratados no tempo certo,
podem contribuir para seu crescimento, se não, podem ser prejudiciais a muitos.

Mesmo o líder mais experiente não está isento de proble- mas. A diferença é que aprenderam
a lidar com eles de maneira eficaz. Por isso, vamos sugerir três maneiras de lidar com os
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problemas, às quais chamaremos de "as três leis da resolução de problemas", e depois


mencionaremos três tipos de atitudes que muitos têm em relação a eles. Nosso objetivo é levá-
lo a encarar os problemas como parte do seu crescimento.

1. AS TRÊS LEIS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Uma lei é algo que governa e sempre tem resultados práticos. Por exemplo, a lei da gravidade;
se você pular de um muro, com certeza cairá e não conseguirá voar.

Quando a Bíblia diz que "a lei do espírito da vida nos livrou da lei do pecado e da morte", ela
nos mostra que existem leis que têm o poder de anular outras leis. O que queremos dizer é que
acontece algo semelhante nos relacionamentos. Os problemas têm o poder de roubar as forças
do líder e gerar nele desânimo, mas a intervenção de alguém mais experiente, como um dis-
cipulador ou pastor, pode levá-lo a crescer em vez de desistir.

Discipuladores possuem um detector de problemas interno. Detectar um problema é tão


importante quanto saber solucio- ná-lo, e há pelos menos três maneiras práticas de se detectar
e resolver os problemas.
A) A LEI DA PREVENÇÃO

Essa lei consiste em detectar os problemas antes que eles apareçam. Por exemplo, para
motivar um líder de célula desa- nimado, um pastor pode decidir colocá-lo com um discipulador
motivado e que está crescendo. A intenção nesse caso é boa,
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mas o efeito pode ser o contrário. Por quê? Pode ser que o de- sânimo do líder contamine o
discipulador que estava motivado e crescendo e esse venha a desanimá-lo. Nesse caso, o
pastor ou responsável pelos dois deve intervir e separá-los antes que isso aconteça. Melhor é
preservar um do que perder os dois.

Nesse caso, houve uma intervenção para evitar o problema. Muitos problemas poderiam ser
evitados se a liderança inter- viesse antes deles se manifestarem. Mas, para isso, é preciso
ficar atento aos sintomas. É através deles que um bom médico consegue ter um prognóstico.
Portanto, não espere os proble- mas aparecerem, intervenha assim que perceber os sintomas.
Aprenda a fazer isso e seus problemas diminuirão.

B) A LEI DA MANUTENÇÃO

A manutenção está associada a pelo menos dois aspectos práticos: a estratégia e a persuasão.
As estratégias são planos de ação para manter o trabalho funcionando adequadamente,
enquanto ainda não há sinal de problema. Já a persuasão é a intervenção para evitar que a
situação piore.

Um exemplo de estratégia pode ser o seguinte: ao perceber que uma célula está estagnada e
tanto o líder como os membros estão acomodados com a situação, é hora de intervir, pois, do
contrário, essa célula corre o risco de definhar e morrer. Você, então, lança um desafio para
que cada membro leve très visitantes durante os três meses seguintes. Um visitante por mês
não será um grande desafio, mas mobilizará os membros por um propó sito que certamente
resultará em pessoas indo ao Encontro, se
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batizando e, consequentemente, no crescimento da célula. Não há nada melhor para mobilizar


os membros do que a presença de um novo convertido na célula. É como uma casa que não
tem crianças quando chega uma, movimenta o ambiente.

A persuasão é a capacidade do discipulador de convencer o outro a perseverar, mesmo em


situações adversas, ou seja, no meio dos problemas. Quando tudo está correndo bem, difi-
cilmente alguém pensa em desistir. Normalmente, isso acor- re quando vem a crise. É nessa
hora que se perde o foco, e é também quando a liderança faz a diferença, pois é necessária a
intervenção de alguém que veja a situação com clareza e ajude a pessoa a continuar.

Quando você tiver vontade de largar tudo, quero que se lembre de uma coisa: o pódio é
daqueles que suportam as pres- sões, que enfrentam tempos difíceis para continuar treinando,
que suportam as dores lombares até terminar uma corrida. Esses são os que sobem no pódio,
não os que desistem. Há um pódio celestial nos esperando e um prêmio a ser conquistado,
mas enfrentar os problemas na liderança é uma das etapas pelas quals todos têm que passar.

Em viagens para o exterior, é comum a visita a museus. Eu, particularmente, gosto muito. É
impressionante ver como eles conseguem manter objetos intactos por milhares de anos. Com o
passar do tempo, foram desenvolvidas técnicas de preservação e isso tem contribuído para
que possamos usufruir do prazer de admirar peças milenares. Mas, descobri que essas
técnicas nos falam também de relacionamentos. Precisamos aprender a
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desenvolver técnicas para solucionar problemas no discipulado, pois elas ajudam a preservar
os relacionamentos.

A manutenção refere-se ao cuidado constante que pode ser feito através da comunhão no
discipulado, com uma avaliação periódica da liderança, de uma ministração espiritual mais pro-
funda na vida de seus liderados, através de um retiro, um jejum, ou algo que vá, de fato, tocar
na vida espiritual de seus discípulos. .

Um lider aprende a avançar quando aprende a persuadir. E isso acontece quando surge algo
que se interpõe entre ele e seus liderados: os problemas! Persuasão é algo que todos sabem
fazer, porém, só é preciso que seja feito da maneira certa e com motivações certas. Uma
pessoa aprende a persuadir desde a infância. Um bebê sabe fazer isso muito bem - ele sabe
que. quando chora, alguém o pega e ele tem o que quer. Mas, na liderança, isso acontece
quando surgem os problemas.

Alguns problemas exercem mais poder na vida de alguns li- deres do que a própria visão. Por
isso, eles param. É nessa hora que o discipulador precisa usar sua influência para tratar com
os problemas e motivar o líder a continuar.

c) A LEI DA REAÇÃO

A lei da reação exige uma ação imediata do lider ou pastor para impedir que os problemas
roubem os frutos. Neste ponto, já se percebe a queda dos números, a perda de alguns frutos e
é preciso correr para salvar o que resta. O melhor é evitar que se chegue a essa situação, mas,
caso aconteça, ainda é possível encontrar uma solução.
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É importante que você, como líder, entenda que sua lide rança não cresce quando os
problemas não são tratados. Líderes que não crescem tendem a parar de liderar, pois as
pessoas são motivadas pelos resultados. Quando eles não vêm, elas se des motivam e param.

Quando passamos um número expressivo de células de um discipulador para outro, é comum


algumas células fecharem, pois, na verdade, já estavam doentes, mas não eram tratadas.
Quando outro líder assume e confronta os números do relatório com a realidade, acontece o
choque, pois os problemas aparecem.

Outras vezes, o problema não está nos números, mas na pes- soa do líder. Por ele já estar
desmotivado, aproveita a mudança de sua liderança e sai, deixando os problemas para aquele
que está assumindo. Os problemas já estavam lá, apenas não haviam sido detectados e
tratados..

A atitude do discipulador em relação aos problemas é determi- nante para levar o líder a
crescer e se multiplicar de maneira saudável.

2. ATITUDES ERRADAS EM RELAÇÃO AOS PROBLEMAS Há três atitudes erradas que o


discipulador não deve, de maneira alguma, ter em relação aos problemas.

A) CUMPLICIDADE

Ser cúmplice é colaborar com o erro. É a atitude de ver o erro e não tomar providências para
corrigi-lo. O cúmplice não
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corrige o problema, mas se cala sobre ele, mesmo sabendo das consequências. Quando o
discipulador vê o lider fazend coisas erradas e permite que ele continue, sem tomar providência
evitar essa prática, está sendo cúmplice de seu erro.

Um exemplo: suponhamos que haja líderes que não vão à reunião da célula por motivos fúteis.
O discipulador sabe dis- so, mas diz apenas "tudo bem!" Nesse caso, o discipulador está sendo
cúmplice porque esse "tudo bem" significa que a desculpa do líder é mais importante do que a
reunião da célula, que o compromisso do líder com os irmãos da célula não é tão impor- tante
assim, e que o líder pode fazer outras vezes se ele quiser.

Muitas vezes, a cumplicidade é uma maneira de o discipula- dor poder justificar seus próprios
erros para que, no futuro, ele possa fazer o mesmo quando quiser. Antes de o discipulador ser
firme com seu discípulo, ele precisa ser firme consigo mesmo. Como muitos não querem esse
padrão para si, acabam abrindo mão dele para seus líderes também.

Cumplicidade é pecado: "Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti


mesmo puro". (1Tm 5.22)

B) COMPLACENCIA

Ser complacente é ser tolerante como o erro de outros no sentido de dar-lhes permissão. É
quando o discipulador ou pastor reconhece o erro, mas não impõe consequências. O dis-
cipulador complacente é aquele que chega a falar do assunto, mas não mostra a seriedade do
erro, impedindo, assim, one o lider sofra as consequências de seus atos.
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Imaginemos, por exemplo, que durante um jejum de 21 dias todos são convocados a orar na
igreja e participar da leitura do li- vro. Contudo, um líder não comparece em nenhum dos dias
nem lê o livro que todos estão lendo, mas apresenta suas desculpas e o discipulador as aceita.
Até aqui o discipulador está sendo cúmplice de seu erro, pois, em 21 dias, com certeza ele
podería ter ido dois ou três dias, no mínimo. Ao ser cúmplice, o discipulador impede o lider de
crescer, pois não coloca desafios para que ele avance.

Após o jejum, há um Encontro e aqueles que foram orar durante os 21 dias são convocados e
têm a oportunidade de pregar. esse discipulador permite que o líder não que compareceu Mas,
vá ao Encontro e pregue. Então, neste momento, ele se torna complacen- te, pois está
impedindo que seu discípulo sofra as consequências de não ter respondido à convocação para
o jejum. A atitude correta do discipulador teria sido impedir que o líder participasse da equipe,
mesmo que fosse melhor pregador que os outros, porque, agindo assim, ele estaria
disciplinando o líder, permitindo que ele sofresse as consequências de suas próprias escolhas.

O pai deve saber a hora de disciplinar o filho. Um pai que dá um sorvete logo após o filho ter
agido com rebeldia e desobediência, é permissivo. Isso não é bom nem para o filho nem para o
discípulo.

Muitos líderes não avançam mais no caráter e na liderança porque seus discipuladores perdem
oportunidades preciosas de levá-los a crescer. Nem sempre a maneira de fazer com que o líder
arque com as consequências é lhe impor punições; isso pode ser feito ao honrar outros líderes
mais comprometidos, dando-lhes a primazia. Não há nada mais difícil para um líder do que ver
os outros alcançando reconhecimento enquanto ele fica para trás.
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Não deve haver competição na liderança, mas, às vezes, ela desperta o líder a correr e
diminuir o prejuízo. Cabe ao discipu- lador saber trabalhar isso com sabedoria para que todos
cresçam.

c) OMISSÃO

Uma pessoa omissa é negligente e descuidada. Neste con- texto, é um discipulador que
permite que o líder continue na posição de liderança depois de um erro grave.

O discipulador omisso é aquele que não diz o que deveria dizer, não faz o que deveria fazer,
não trata com os erros que deveria tratar, que faz vista grossa às faltas de seus líderes. Alguns
discipuladores e pastores têm medo de perder seus líderes. Assim como aconteceu a Saul, que
temia à que o povo o abandonasse e se tornou refém do povo. Se você tem agido assim, não
está liderando na dependên- cia de Deus, pois isso é colocar a confiança em homens.
Portanto, deixe-me dizer algo: ou você muda ou Deus o removerá.

Pessoas sempre nos abandonarão, somente o Senhor jamais nos deixará. Coloque sua
confiança em Deus e dependa dele em tudo, até mesmo para tratar com os problemas pecados
de maneira devida. Se você honrar o nome de Deus, não per- mitindo que líderes liderem
relaxadamente, Deus o honrará -"Aos que me honram, honrarei!"

Você honra a Deus de várias maneiras, e uma delas é quando age de acordo com a autoridade
que Deus lhe deu para ensinar e disciplinar. O discípulo que nunca é disciplinado jamais será à
imagem de Jesus. Por isso, não poupe seus líderes deixando de tratar com seus erros. Para o
bem deles e de sua liderança, trate-os como filhos, ou seja, se for necessário, discipline-os!
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Ainda que em alguns casos isso signifique removê-lo da posição. Para isso, é importante ter
critérios justos, mas, se for o correto, faça! Assim, ele e os outros saberão que tipo de líder
você é e que servimos a um Deus santo e zeloso.

Se você for omisso, descuidado, pode ser derrotado, como vemos a seguinte passagem:
"Subiu Gideão pelo caminho dos nomades, ao oriente de Noba e Jogbeá, e feriu aquele
exército, que se achava descuidado" (Jz 8.11). A omissão também levará Deus a tratar com
você de maneira severa. Adão foi omisso no Éden, por isso, não confrontou a mulher quando
ela pecou e sofreu as consequências.

O fracasso na identificação e tratamento dos problemas é como passar tinta em uma parede
cheia de buracos. Mais cedo ou mais tarde, eles aparecerão e alguém terá que tapá- los.
Melhor é fazer isso quando surgirem, antes que se tornem grandes brechas e a parede venha a
desmoronar.
O grande problema de falar de relatórios e problemas é que eles podem se tornar o centro do
discipulado. Mas, ao lidar com eles, não permita que isso aconteça, pois o foco é o cres-
cimento do discípulo.

A maneira como agimos diante dos problemas mostra que tipo de liderança exercemos, a de
um chefe ou de um líder. O chefe dirige as pessoas, o líder as treina. O chefe diz "eu", o líder
sempre diz "nós". O chefe busca culpados, o líder conserta o erro, O chefe diz "vá" o líder diz
"vamos". O líder não aponta o caminho, ele leva seu discípulo a percorrê-lo junto com ele.

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