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desenvolvimento da antropologia social. Foi autor do livro “Bruxaria, Oráculos e Magia entre
os Azande”, que resultou do seu trabalho de campo com o povo Azande que habitava a região
alta do rio Nilo.
Ao longo do livro vamos encontrar palavras que são a chave de tudo o que Evans-
Pritchard observou junto da comunidade Azande: Bruxaria, feiticeiros, oráculos de veneno,
magia, poder e hierarquia, vingança, infortúnio, sistema de causa-efeito, crença, ritos,
hereditariedade, alma da bruxaria…
Para os Azande a bruxaria faz parte do dia-a-dia e, por isso, desde muito cedo, as crianças a
compreendem e aceitam como coisa natural. Na verdade, a bruxaria é um ato psíquico,
orgânico e hereditário.
Psíquico, porque eles acreditam que os bruxos têm alma de bruxaria, a que chamam
mbisimo mangu e esta pode abandonar o corpo do bruxo e viajar pela noite (não é
usual que viaje de dia) causando mal à vítima, enquanto dorme;
Orgânico, porque a bruxaria é uma substância que existe no corpo dos bruxos e que
vai aumentando à medida que o bruxo cresce, ou seja, quanto mais velho for o bruxo
mais poderosa é a sua bruxaria;
Hereditário, já que a substância bruxaria é herdada por descendência unilinear, i.e., de
pais para filhos e de mães para filhas. Se um homem for identificado como bruxo,
todos do seu clã o são. No entanto, um homem pode ter a “substância bruxaria” no
seu corpo e nunca fazer uso dela o que faz com que não possa ser considerado bruxo.
Ao contrário dos bruxos que já nascem bruxos, os feiticeiros precisam de aprender a
sê-lo;
Quando um homem desconfia que está a ser vítima de bruxaria, pode consultar os oráculos
pois estes têm o poder de localizar o potencial bruxo ou feiticeiro. O oráculo mais poderoso é
o oráculo de veneno.
Os príncipes não podem ser acusados de bruxaria mas acreditam nela, tanto quanto o seu
povo e temem, em especial, a bruxaria feita pelas suas esposas. O oráculo de um príncipe é a
autoridade final em todos os casos de homicídio.