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RESUMO
O projeto de uma rodovia deve ser elaborado de forma mais técnica, social, econômica e ambiental possível. Para
que esses critérios sejam atendidos, a fase preliminar, relacionada ao reconhecimento da área e estudos de traçado,
é de suma importância. O presente trabalho busca realizar um estudo de traçado entre os munícipios de Manoel
Urbano e Santa Rosa do Purus, no Estado do Acre. Ainda, tem por objetivo propiciar o desenvolvimento
econômico e social dessas áreas, bem como a diminuição das questões relacionadas ao isolamento dos municípios.
Para obtenção e análise dos dados foram utilizadas ferramentas como Google Earth e QGIS, além de informações
fornecidas pelos órgãos governamentais locais.
ABSTRACT
The design of a highway should be designed in the most technical, social, economic and environmental way
possible. For these criteria to be met, the preliminary phase, related to the recognition of the area and studies of
the route, is of paramount importance. The present work seeks to carry out a study of the route between the
municipalities of Manoel Urbano and Santa Rosa do Purus, in the state of Acre. It also aims to promote the
economic and social development of these areas, as well as the reduction of issues related to the isolation of
municipalities. To obtain and analyze the data, tools such as Google Earth and QGIS were used, in addition to
information provided by local government agencies.
1. INTRODUÇÃO
Em meados da década de 50, o então presidente Juscelino Kubitschek, visando a conclusão do
plano de metas estabelecido por seu governo, deu início a era rodoviária brasileira. A política
de transportes proposta por JK almejava a ligação entre vias e cidades, o qual tinha por objetivo
impulsionar a economia no interior do país e, consequentemente, o desenvolvimento
(RODRIGUES, 2011).
Sendo assim, o presente estudo busca estabelecer uma rota responsável por interligar
diretamente o município de Manoel Urbano a Santa Rosa do Purus, o qual tem por intuito
propor um estudo de traçados do trecho, através de analises topográficas e hidrológicas,
efetuados com a assistência de ferramentas como Google Earth e QGIS, além de investigar
questões socioambientais que possam interferir no trajeto, ou seja, a presença de áreas indígenas
ou de preservação ambiental no percurso, buscando a mitigação de impactos negativos nessas
áreas.
Por fim, a construção desta rodovia tem por finalidade o transporte e locomoção da população,
assim como o escoamento das produções locais. Ainda, o referido trecho irá diminuir as
questões de isolamento, evidenciar o município de Santa Rosa do Purus e fortalecer as
respectivas economias dos municípios, beneficiando a sociedade como um todo com a redução
dos custos e do tempo de viagem.
2. ESTUDO DO TRAÇADO
Fonte: Autores.
Figura 3: Topografia da região.
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
Figura 5: Terras indígenas, terras de preservação, hidrografia e outros cursos d’água no
Estado do Acre.
Ademais, Oliveira e Alvarenga (1985) explanam que cerca de 63% da área do Estado do Acre
apresenta valores de altimetria que variam de 201 a 300 metros. Sendo assim, ao comparar com
os dados reunidos nesse estudo, é possível afirmar que a região analisada se encontra dentro
desse percentual. Ainda, ao examinar o trecho em conjunto com as Figuras 5 e 6, evidencia-se
a necessidade da utilização de obras de artes especiais do tipo pontes no trecho, tendo em vista
que o município de Santa Rosa do Purus é ‘’cercado’’ por rios e outros cursos d’água. No que
tange ao fator socioambiental, SEMAPI (2021) explica que praticamente 50% do território do
Acre é composto por Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Nesse sentido, nota-se,
também pela Figura 5, que entre as cidades de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus há várias
Unidades de Conservação e Terras Indígenas, ou seja, a escolha do traçado deverá abranger o
mínimo efeito ao ecossistema e aos povos locais.
Fonte: Autores.
A Figura 8 exibe o perfil longitudinal do primeiro traçado, que conta com elevações que variam
de entre 250m e 158m, com média 204m. Além disso, através da equação abaixo (Equação 1)
e obtendo as altitudes do percurso, de 10 em 10km, foi possível caracterizar a topografia do
traçado, que apesar de, visualmente, parecer ondulado, é marcada como uma topografia plana
(im= 1,05 m/km < 10m/km).
∑ ∆𝒉
𝒊𝒎 = (1)
𝑫
Fonte: Autores.
2.3.2 Segunda sugestão de traçado
A segunda sugestão de traçado (Figura 9) conta com distância igual a 160km e tem como ponto
de partida o município de Manoel Urbano. Essa decisão, da mesma forma que a primeira,
pretende aproveitar a estrutura da BR-364, ou seja, a área pavimentada, vias vicinais, assim
como a rotatória de Manoel Urbano. É válido mencionar que o trecho inicial do primeiro e
segundo traçado são os mesmos, pois, como mencionado, visa o aproveitamento da via vicinal,
situada ao lado da BR-364, para saída através da rotatória, assim como uma topografia mais
plana. Ainda, para a rota final da segunda alternativa, utilizou-se o trecho correspondente ao
ramal do Açaí até o acesso em Santa Rosa do Purus (Figura 10).
Fonte: Autores.
Figura 10: Trecho do traçado 02 correspondente ao ramal do açaí.
Fonte: Autores.
A figura 11 exibe o perfil longitudinal da segunda sugestão de traçado. Nota-se que a extensão
apresenta altitudes que variam de 158m a 240m, com média de 199m, onde, com auxílio da
Equação 1 e seguindo o mesmo modo do primeiro traçado, caracterizou-se a topografia do
caminho como uma topografia plana (im= 1,1 m/km <10m/km).
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
Figura 13: Trecho do traçado 03 correspondente a rodovia AC-170.
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
Fonte: Autores.
O primeiro traçado proposto, como previamente dito, conta com uma extensão de 170km. Além
disso, buscando a melhor acomodação do traçado no terreno, o trecho contou com a necessidade
de algumas curvas acentuadas. Apesar desse esforço, porém, pela Figura 8, é possível notar a
demanda de pequenos cortes e aterros em diversos pontos. Outro fator desvantajoso, analisando
as Figura 5, 6 e 7, é a necessidade de diversas obras de arte especiais do tipo ponte, como mostra
a Figura 16. Em contrapartida, o primeiro traçado é que o apresenta menor parcela passando
por Terras Indígenas e Unidades de Preservação, com apenas 38km (22% do trajeto total), onde
15km cortam terras indígenas e o restante, Unidades de Preservação, denotando a exigência dos
EIA/RIMA. Ademais, essa proposta utiliza de parte da estrutura da BR-364 e de uma via
vicinal.
O segundo traçado proposto, por sua vez, é o que apresenta menor extensão, com 160km, sendo
o mais retilíneo entre os três, contando com curvas mais suaves. Quanto as obras de arte
especiais do tipo ponte, é na segunda proposta que ocorre o maior desvio possível dos cursos
d’água, demonstrando a necessidade de apenas três obras desse tipo durante o trajeto (Figura
16). Esse traçado apresenta como vantagem, igualmente, a utilização de parte da estrutura da
BR-364 e de vias vicinais existentes, no começo e no fim do caminho. Entretanto, apesar da
topografia ser plana, faz-se necessário também a utilização de pequenos cortes e aterros.
Contudo, a maior desvantagem ocorre, pois, o traçado corta, longitudinalmente, o território
indígena durante 73km de sua extensão (46% do percurso total do traçado), o que exige Estudo
de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.
A última sugestão de traçado conta com 177km de extensão, sendo a que apresenta maior
comprimento entre as três alternativas. Nela, observa-se a presença de curvas acentuadas que,
semelhante a primeira proposta, são consequências da tentativa de melhor acomodação do
terreno. Todavia, como mostra a Figura 14, há a demanda de pequenos cortes e aterros, assim
como nos outros traçados. Além disso, o terceiro traçado utiliza da estrutura de uma parte da
BR-364 (no início), bem como da rodovia estadual AC-170 (no final). No que tange a execução
de obras de arte especiais do tipo ponte, o percurso conta com a necessidade de cinco obras
desse tipo no decorrer de seu curso. Sobre os impactos socioambientais, essa alternativa é a que
apresenta a maior porcentagem de caminho cortando Terras Indígenas e Unidades de
Preservação (48% do trajeto total), sendo conveniente, assim como os demais, o EIA/RIMA.
As vantagens e desvantagens das três sugestões de traçado estão reunidas na Tabela 1.
Figura 16: Necessidade de obras de arte especiais do tipo ponte em cada traçado.
Fonte: Autores.
Tabela 1: Vantagens e desvantagens de cada traçado.
SUGESTÕES EXTENSÃO TOTAL VANTAGENS DESVANTAGENS
DE DO TRAÇADO (km)
TRAÇADO
-Necessidade EIA/RIMA;
-Menor porcentagem passando -Presença de curvas
por terras indígenas e unidades acentuadas;
de preservação; -Necessidade de pequenos
01 170 -Utilização da estrutura da BR- cortes e aterros;
364 e de uma via vicinal (no -Necessidade de diversas
começo do trajeto). obras de arte especiais do
tipo ponte.
-Presença de curvas
acentuadas;
-Utilização da estrutura da BR- -Necessidade de diversas
364 (no início do trajeto); obras especiais do tipo
03 177 - Utilização da estrutura da ponte;
rodovia estadual AC-170 (no -Traçado apresenta maior
final). porcentagem passando por
terras indígenas e unidades
de preservação;
-Necessidade EIA/RIMA.
Fonte: Autores.
3. CONCLUSÃO
Após a análise dos dados, em conjunto com as vantagens e desvantagens, definiu-se que a
sugestão mais viável e adequada, comparando os três traçados, foi a segunda sugestão, pois,
além de possuir a menor extensão total, essa alternativa se beneficia, principalmente, das
estruturas rodoviárias já existentes tanto na saída de Manoel Urbano, quanto na chegada a Santa
Rosa do Purus e da menor necessidade de obras de arte especiais do tipo ponte. Outro fator
primordial, é que esse caminho trará maior bem-estar e proteção aos usuários, tendo em vista a
presença de trechos mais retos e curvas mais suaves. Todavia, é válido relembrar a necessidade
de Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) anteriormente
a implantação dessa rota, já que 46% do percurso está situado em Terras Indígenas.