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Brazilian Journal of Development 121590

ISSN: 2525-8761

Fatores de virulência de candidíase em mulheres grávidas: uma


revisão de literatura

Candidiasis virulence factors in pregnant women: a literature review


DOI:10.34117/bjdv7n12-768

Recebimento dos originais: 12/11/2021


Aceitação para publicação: 01/12/2021

Flávia Juliane Nascimento Silva


Graduada em Farmácia
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/ 0000-0002-3290-0228
E-mail: flavia_juliane@outlook.com

Valéria Mirla de Oliveira


Graduada em Farmácia
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-2901-6009
E-mail: valeriamirla19@gmail.com

Daliana Caldas Pessoa


Doutorado
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-2653-2817
E-mail: dalicaldas@hotmail.com

José Queiroz Filho


Doutorado
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-3405-7008
E-mail: josqfilho@gmail.com

Joyce Thaynara da Silva Moura


Graduanda em Medicina
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-1461-6207
E-mail: joycemoura1997@gmail.com

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Emanuelly Bernardes-Oliveira
Doutorado
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0003-4673-9209
E-mail: bionatalrn@yahoo.com.br

Janaína Cristina de Oliveira Crispim Freitas


Doutorado
Laboratório de Pesquisa em Imunologia Celular e Molecular, DACT, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Endereço: R. General Gustavo Cordeiro de Farias, S/N - Petrópolis, Natal – RN, Brasil.
https://orcid.org/0000-0002-1344-0078
E-mail: janainacrispimfre@gmail.com

Deyse de Souza Dantas


Doutorado
Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP), Macapá, AP, Brasil.
Endereço: Rodovia Juscelino Kubitschek, km 02 - Jardim Marco Zero, Macapá - AP,
Brasil
https://orcid.org/0000-0002-8284-0999
E-mail: deysesdantas@yahoo.com.br

RESUMO
A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma doença onde se encontra uma infeção da vulva
e da vagina, causada pelo gênero Candida spp.. Possui mais de 200 tipos de diferentes
microrganismos, dos quais a Candida albicans se destaca mais em função de sua taxa de
prevalência em condições normais e de infecção. Nessa perspectiva, este estudo buscou
realizar uma revisão de literatura sobre os fatores de virulência de candidíase em mulheres
grávidas. O presente estudo se caracteriza como um tipo de revisão bibliográfica,
exploratória e descritiva. Os trabalhos selecionados foram incluídos a partir de base de
dados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e no PubMed, o período de busca
foram os anos de 2015 a 2021. Os descritores utilizados para a busca de estudos foram:
“candidíase”, “Candida”, “Candida albicans”, “candidíase vulvovaginal”, “gravidez”,
“vulvovaginal candidiasis”, “pregnancy and predisposing factors”. Observou-se que a
candidíase vaginal é das maiores ocorrências relacionadas a infeções genitais e, na
maioria das vezes, é uma doença primária, ou seja, surge em função de algum
desequilíbrio da microbiota vaginal normal da paciente ou até mesmo alterações no seu
estado imunológico. Desse modo, em função da diversidade de formas e métodos de
resistência é preciso uma atualização dos tratamentos, realização de campanhas para
conscientização e esclarecimentos, na busca por novos alvos terapêuticos, e estratégias
de prevenção e diagnóstico destas infeções principalmente ao que se refere a mulheres
gestantes.

Palavras-Chave: Candida spp, Fatores de virulência, Candidíase Vulvovaginal.

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ABSTRACT
Vulvovaginal candidiasis (CVV) is a disease where an infection of the vulva and vagina
is found, caused by the genus Candida sp. it has more than 200 types of different
microorganisms, of which Candida albicans stands out more due to its prevalence rate
under normal and infection conditions. From this perspective, this study sought to carry
out a literature review on the virulence factors of candidiasis in pregnant women. The
present study is characterized as a type of bibliographical, exploratory and descriptive
review. The selected works were included from the Scientific Electronic Library Online
(SCIELO) database and in PubMed, the search period was the years 2015 to 2021. The
descriptors used to search for studies were: “candidiasis”, “candida”, “candida albicans”,
“vulvovaginal candidiasis”, “pregnancy”, “vulvovaginal candidiasis”, “pregnancy and
predisposing factors”. It was observed that vaginal candidiasis is one of the biggest
occurrences related to genital infections and, in most cases, it is a primary disease, that
is, it arises due to an imbalance in the patient's normal vaginal microbiota or even changes
in her immune status. Thus, due to the diversity of forms and methods of resistance, it is
necessary to update treatments, carry out campaigns for awareness and clarification, in
the search for new therapeutic targets, and prevention and diagnosis strategies for these
infections, especially with regard to women pregnant women.

Keywords: Candida spp, Virulence factors, Vulvovaginal candidiasis.

1 INTRODUÇÃO
A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma uma infecção da vulva e da vagina,
causada pelo gênero Candida spp. que possui mais de 200 espécies, das quais a Candida
albicans se destaca mais em função de sua taxa de prevalência em condições normais e
de infecção, seguida por Candida glabrata e Candida tropicalis (SILVA et al., 2019).
A Candidíase vaginal causa um corrimento espesso, grumoso e esbranquiçado,
acompanhada geralmente de irritação no local. O gênero Candida spp. habita
naturalmente o trato genital, ou seja, faz parte da microbiota normal, mas a doença
aparece quando há desequilíbrio na imunidade ou quando há mudanças no pH vaginal, o
que facilita a multiplicação do fungo, caracterizando-o como oportunista (FURTADO et
al., 2018).
No Brasil, o estudo de Leal et al. (2016) aponta a candidíase vaginal como
segundo diagnóstico mais comum em ginecologia, o que tem ocasionado preocupação
dos profissionais da saúde devido ao crescente número de casos recorrentes.
Fatores de risco, como o uso de anticoncepcionais por via oral, diabetes melittus,
terapia de reposição hormonal, utilização de antibióticos sistêmicos e vestimentas
apertadas aumenta a incidência de candidíase. Durante a gravidez acontece a proliferação
desordenada da Candida em decorrência do aumento de estrogênio e glicosúria na
mucosa vagina (FREITAS; PIRES, 2016; ISIBOR et al., 2011).

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Estudos demonstram que cerca de 5 a 40% das mulheres podem ter leveduras em
exames cervicovaginais de forma assintomática e 5% apresentam casos de candidíase
vulvovaginal de forma recorrente (VIANA et al., 2019; SOUZA et al., 2012).
Segundo Passini et al. (2010) o corrimento vaginal infeccioso em mulheres
grávidas é relatado com apresentação de um grande risco de complicações, incluindo
aborto, ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade, baixo peso ao
nascer e endometrite pós-parto.
A candidíase vaginal pode ser observada em grande incidência nos estudos
relativos à gestação, mostrando a necessidade de os profissionais de saúde terem domínio
do tema para apresentar as formas de manifestação, seus processos patogênicos e
imunológicos, tratar e evitar a infecção durante a gravidez.
Nessa perspectiva, essa infecção pode ser prejudicial para a saúde da mulher em
um período crucial da vida, surge o seguinte questionamento: como a virulência da
candidíase afeta as mulheres grávidas?

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CARACTERISTICAS DO GÊNERO E ESPÉCIES DE CANDIDA
O gênero Candida é considerado um patógeno oportunista e também uma
levedura dimórfica, o qual depende de fatores próprios de virulência e fatores pré-
disponentes do hospedeiro para causar algum tipo de infecção (CAMARGO et al., 2008).
É um fungo diploide assexual e dimórfico, ou seja, dependendo das condições ambientais
pode existir como levedura unicelular em forma oval com brotamento (blastosporo e
clamidósporo), bem como em diferentes formas filamentosas denominadas hifas e
pseudohifas (Figura 1) (RAZZAGHI-ABYANEH; SHAMSGHAHFAROKHI; RAI,
2015).
A Candidíase é uma infecção oriunda da proliferação por leveduras do gênero
Candida. Em pessoas saudáveis, Candida coloniza, principalmente as mucosas do trato
gastrointestinal e urogenital, e também a pele sem demonstrar qualquer sintoma da
doença. Todavia, quando há um desequilíbrio da microbiota ou o sistema imune do
hospedeiro encontra-se comprometido, as leveduras tendem a manifestações agressivas,
tornando-se patogênicas (BROOKS et al., 2014).
Quanto à origem, pode ser endógena, quando oriunda da microbiota; ou exógena,
quando transmitida através do ato sexual. A espécie C. albicans é o principal causador da
candidíase, ela tem a capacidade de emitir hifas verdadeiras ou tubos germinativos após

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incubação em contato com soro humano durante cerca de 90 minutos a 37ºC, que podem
ser vistas através do microscópio. Outro teste morfológico que diferencia a C. albicans
de outras espécies é a capacidade de produzir grandes clamidósporos esféricos em meios
nutricionalmente deficientes. Testes de fermentação e assimilação de açúcares podem ser
usados para confirmar a identificação das outras espécies de Candida (BROOKS et al.,
2014).

Figura 1 – Levedura, hifa e pseudohifa de Candida albicans

Fonte: adaptado de SUDBERY, 2011.

Dentre as espécies de Candida existentes, cerca de 85 a 90% das mulheres é


acometida por um crescimento exacerbado de Candida albicans. Outras espécies podem
ter manifestações clínicas parecidas, maior prevalência em casos crônicos e apresentar
resistência aos tratamentos atuais, como C. glabrata, C. tropicalis e C. pseudotropicalis
(ROSSI et al., 2017; ÁGUAS; SILVA, 2012).

2.2 CANDIDÍASE VULVOVAGINAL E GRAVIDEZ


Segundo Feuerschuette (2010, p. 32) “Dentre as vulvovaginites, a CVV é
considerada uma das mais frequentes, sendo estimada em 17 a 39% dos casos,
acometendo 75% das mulheres em alguma fase da vida”. Representando, dessa forma
uma das doenças mais comuns que afetam a região genital, se tornando um grande desafio
a saúde pública.
Os sintomas mais comuns de candidíase são corrimento vaginal branco, grumoso,
espesso, inodoro, que aderem à vagina, eritema, edema e fissuras vulvares (ROSSI et al.,
2017; ÁGUAS; SILVA, 2012). A candidíase foi considerada a causa mais comum de
corrimento vaginal patológico, segundo um estudo transversal feito em um hospital no
oeste da Índia, onde descobriu-se que 183 (78,54%) das mulheres gestantes que tiveram

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corrimento vaginal, o diagnóstico clínico mais frequente foi C. albicans (PRASAD,


2021).
Concomitantemente, outros estudos relataram que o número de microrganismos
isolados de mulheres grávidas era maior do que em mulheres não grávidas. Na maioria
deles, a taxa de incidência de C. albicans era maior em mulheres gestantes do que em
mulheres não gestantes, esse fato foi atribuído ao aumento do conteúdo de estrogênio e
glicosúria na vagina ácida devido ao rico conteúdo de glicogênio da mucosa vagina
(ISIBOR et al., 2011).
Dessa forma, devido ao aumento da sensibilidade e baixa especificidade, a
abordagem sindrômica para o tratamento do corrimento vaginal pode resultar em
tratamento excessivo. A integração da triagem pré-natal na forma de exames laboratoriais
para corrimento vaginal também foi recomendada (SHRIVASTAVA et al., 2014).

2.3 FATORES DE VIRULÊNCIA


A virulência de uma espécie microbiana é o resultado das interações micróbio-
hospedeiro, em vez de uma propriedade fixa dos microrganismos (CIUERA et al., 2020).
As estratégias de combate aos mecanismos naturais de defesa dos hospedeiros são
altamente influenciadas pelo meio ambiente. C. albicans mostra grande versatilidade ao
se transformar de um organismo comensal inofensivo em um patógeno, sendo uma das
mais comuns e virulentas (CIUERA et al., 2020).
Fatores de risco relacionados ao hospedeiro, como o sistema imune, idade e estado
hormonal, gravidez, alergias, estresse psicossocial, problemas metabólicos,
imunossupressão e suscetibilidade genética do indivíduo, são importantes. Além disso,
fatores comportamentais, como o uso de anticoncepcionais orais, antibióticos,
glicocorticoides, inibidores do co-transportador de glicose de sódio-2 (SGLT2),
dispositivos intrauterinos (DIUs), espermicidas e preservativos, bem como hábitos
sexuais e higiênicos, influenciam na ocorrência.
Consideram-se fatores de virulência a transição morfológica entre as formas de
levedura e hifa, a expressão de adesinas e invasinas na superfície celular, o tigmotropismo
e a secreção de enzimas hidrolíticas (Figura 2).

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Figura 2 – Invasão e infecção por Candida

Fonte: adaptado de RYAN, RAY, 2016.

O atributo de virulência mais amplamente aceito de C. albicans é a formação de


hifas que levam à invasão e infecção. O ponto de vista mais abordado é que as hifas são
mais invasivas e patogênicas que a levedura, como tal, muitos dos fatores de virulência
que promovem patogenicidade parecem estar ligados à formação de hifa (por exemplo,
adesão, formação de biofilme, invasão e indução de danos) (NAGLIK, 2014).
A adesão a várias superfícies tem demonstrado desempenhar um papel central na
patogênese de muitas infecções microbianas, representando o primeiro passo nos
mecanismos de patogênese e sugere meios de controlar a infecção numa fase precoce. A
aderência é mediada por glicoproteínas da parede celular de C. albicans e por moléculas
específicas, denominadas adesinas, que são proteínas localizadas na superfície fúngica,
que interagem com ligantes específicos da célula hospedeira como componentes da
matriz extracelular (MEC). Esta interação pode ser influenciada pela temperatura, pH,
nutrientes, IgA secretória e hidrofobicidade superficial celular (AL-ZAHARAA et al.,
2012; WILLIAMS et al., 2013).
Candida pode atingir os tecidos através da emissão e invasão de largos filamentos,
se houver maior quantidade de nutrientes nestas zonas, fenômeno conhecido como
tigmotropismo. Outros fungos importantes clinicamente usam tigmotropismo, permitindo
a invasão do hospedeiro através de feridas, invaginação de superfície ou qualquer área de
integridade superficial enfraquecida (PIÉRARD; 2016).
Estuda-se também a aderência de um microrganismo avaliando a sua capacidade
de formar biofilmes (um outro tipo de aderência, na qual os microrganismos formam
agregados unicelulares, gerando estruturas multicelulares que aderem a superfícies). Sua
formação ocorre devido a variadas condições, como alta densidade celular, privação de
nutrientes e estresse físico e ambiental (SUSTR, 2020).

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A avaliação da capacidade de formação de biofilme, em candidíase é importante


devido à possibilidade de sua ocorrência em dispositivos intrauterinos (DIU). Porém, é
preocupante também nas CVV e CVVR não relacionadas a DIU, já que alguns fungos
podem se misturar com bactérias da flora vaginal, formando biofilmes. Essas leveduras
têm maior resistência aos antifúngicos convencionais e isso pode ser a causa da
permanência da C. albicans no lúmen vaginal, explicando, pelo menos em parte, a
ocorrência de CVVR (SUSTR, 2020).

2.4 FATORES IMUNOLÓGICOS


Fatores genéticos contribuem para o desenvolvimento de CVV ou sua recidiva.
Polimorfismos genéticos em antígenos de grupo sanguíneo foram identificados em casos
de suscetibilidade aumentada para CVVR. Uma perda dos últimos 9 aminoácidos no
domínio de reconhecimento de carboidratos do gene Dectina-1 foi associada à ocorrência
de RVVC. Essa mutação leva à produção insuficiente de citocinas (IL-17, fator de necrose
tumoral e IL-6) quando entra em contato com Candida. Além disso, mulheres com diátese
atópica e alergias do tipo I experimentam CVV com mais frequência do que em
indivíduos saudáveis (SUSTR, 2020).

2.5 FATORES HORMONAIS


O glicogênio serve como substrato nutriente para fungos no epitélio vaginal.
Existe uma relação entre a respectiva fase do ciclo hormonal e a ocorrência de CVV
influenciada pelo estrogênio. Portanto, a maioria das mulheres apresenta CVV
ciclicamente ou durante a fase lútea. Quando os níveis de estrogênio caem durante a
menstruação, os sintomas geralmente desaparecem. Mulheres que usam
anticoncepcionais orais e mulheres na pós-menopausa que fazem terapia de reposição
hormonal têm maiores chances de desenvolver CVV do que outras. Os anticoncepcionais
aumentam o nível de glicogênio vaginal, proporcionando melhores condições para o
crescimento de Candida. A progesterona, por outro lado, reduz a capacidade de C.
albicans de desenvolver formas de hifas (SUSTR, 2020).
O aumento dos hormônios sexuais, principalmente progesterona, que aumenta a
secreção vaginal de glicogênio e consequentemente acidificação do meio, causando a
redução da população bacteriana, favorecendo a proliferação fúngica. Além disso, os
estrogênios na gestação aumentam a avidez das células epiteliais vaginais para aderência
da Candida e formação de micélios de levedura. Como a maioria dos contraceptivos orais

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contem estrogênio e progesterona, pelos mesmos motivos, também promovem o


crescimento fúngico. (MITBAA et al., 2017).

2.6 FATORES METABÓLICOS


A diabetes mellitus é um fator predisponente para candidíase, quando seus níveis
de glicose sérica não estão dentro da faixa normal. A hiperglicemia leva ao aumento da
adesão e crescimento do fungo, e um índice glicêmico de 10-11 mmol / L pode prejudicar
os mecanismos de defesa do hospedeiro. A levedura exibe uma proteína de superfície
induzível por glicose levando sua adesão às células epiteliais vaginais, e um aumento
nesta proteína prejudica o reconhecimento de fagócitos neutrófilos. Portanto, a migração
de neutrófilos é reduzida e suas funções, incluindo fagocitose, adesão, quimiotaxia e
morte intracelular, são prejudicadas, aumentando a sensibilidade a CVV (SUSTR, 2020).
Os glicocorticoides podem causar uma hiperglicemia, um efeito colateral
indesejável que tem um efeito parecido ao da hiperglicemia não induzida por drogas
porque os hormônios esteroides suprimem a resposta imune, aumentando a
suscetibilidade a CVV. Em mulheres grávidas com diabetes gestacional, seu estado
diabético prejudica o controle metabólico e a função leucocitária (SUSTR, 2020).

2.7 Fatores de estilo de vida


O estilo de vida pode influenciar no desenvolvimento de CVV. Existem poucas
evidências sobre o impacto da nutrição no crescimento de Candida, embora alguns
estudos falem que o consumo de alimentos ricos em açúcar e carboidratos, bem como
produtos lácteos, pode levar a proliferação de fungos (SUSTR, 2020).
O comportamento sexual, especialmente sexo oral, está relacionado em casos de
reinfecções, pois os microrganismos orais podem ser transmitidos para a vagina. A
higiene genital também pode ser um fator de risco para VVC, pois a má higiene pessoal
e a alta frequência de relações sexuais aumentam a probabilidade de colonização. As
mulheres devem ser aconselhadas a evitar a lavagem excessiva da área genital e o uso de
produtos irritantes, bem como o uso de roupas justas e roupas íntimas sintéticas, por ter
um crescimento exacerbado de fungos devido ao aumento da temperatura e umidade
perineal (SUSTR, 2020).

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2.8 OUTROS FATORES EXÓGENOS


O uso de antibióticos por mulheres que são colonizadas por Candida têm maiores
riscos de desenvolver CVV do que mulheres não colonizadas. Porém, o uso eventual de
antimicótico após a antibioticoterapia deve ser evitado pois promove fungos resistentes
aos medicamentos. Existem diversas teorias sobre por que a CVV ocorre com mais
frequência depois do tratamento com antibióticos. Uma delas envolve a diminuição ou
erradicação de lactobacilos vaginais e intestinais causados por antibióticos, afetando sua
proteção contra microrganismos patogênicos (SUSTR, 2020).

2.9 Diagnóstico da candidíase vulvovaginal


A Vulvovaginite é determinada principalmente por um diagnóstico clínico, mas o
exame físico, avaliação laboratorial e o histórico completo da paciente são de suma
importância para auxiliar num diagnóstico preciso. As Diretrizes de Tratamento de
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) de 2015 recomendam que os médicos
tenham um maior foco especificamente sobre o ciclo menstrual da mulher, sua história
sexual, práticas de higiene vaginal e quaisquer outras condições médicas subjacentes
(KINNEY; SPACH, 2017).
As manifestações clínicas ficam mais evidentes no período pré-menstrual quando
a acidez vaginal aumenta. Muitas mulheres são portadoras assintomáticas quando a
Candida se encontra em pequenas quantidades, e para que a levedura desenvolva sua
forma nociva a saúde da mulher, são necessárias algumas alterações no ambiente vaginal
(RAUGUST; DUARTE, 2013).
A presença de leveduras é normalmente encontrada nos exames a fresco em
solução salina ou corados, praticados no fluxo vaginal. É uma técnica de execução
simples, rápida e econômica onde o gênero Candida separa-se das outras leveduras pela
presença das pseudohifas ou micélio gemulante, associados também a esporos
birrefringentes. Quando o exame direto não demonstrar a pseudohifa, na cultura ela pode
aparecer. Porém, na candidíase, o exame direto deve mostrar as formas parasitárias, caso
contrário, a cultura, mesmo positiva, não terá valor (OLIVEIRA, 2014).

3 METODOLOGIA
O estudo em questão possui um método qualitativo. A pesquisa se caracteriza
como do tipo de revisão bibliográfica, exploratória e de natureza descritiva. Segundo Gil

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(2008), a pesquisa de revisão bibliográfica é desenvolvida com base em material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Ainda segundo este autor o estudo exploratório possibilita maior proximidade com
o tema em questão, expandindo o conhecimento do pesquisador e permitindo aperfeiçoar
e elucidar conceitos e ideias. No que tange o cunho descritivo, busca-se desenvolver e
esclarecer conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos.
A revisão de literatura realizada ocorreu em publicações indexadas no banco de
dados eletrônicos Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e no PubMed, no mês de
julho de 2021. Os descritores utilizados para a busca de estudos foram: “candidíase”,
“Candida”, “Candida albicans”, “candidíase vulvovaginal”, “gravidez”, “vulvovaginal
candidiasis”, “pregnancy and predisposing factors”. O presente trabalho é proposto pela
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Como critério de inclusão, definiu-se a utilização de artigos completos de acesso
livre, publicados em português e inglês nos últimos cinco anos (2017-2021). Os critérios
de exclusão foram artigos que não estavam disponíveis na íntegra e sem consonância com
a temática de estudo. Os dados foram armazenados em dispositivo tecnológico da
presente pesquisadora, sendo esse um notebook Lenovo Ideapad 320 - branco. Os
trabalhos selecionados, com base nos critérios de inclusão e exclusão, foram mantidos em
pastas assim como os excluídos, formando a análise específica e a análise geral
respectivamente.
Após a seleção, conforme os critérios de inclusão e exclusão, os artigos foram
lidos criteriosamente de acordo com o que mais se encaixava no tema abordado.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo tem como base abordar o tema proposto, mantendo o mesmo
em uma delimitação de objetivos descritos pela pesquisa a serem alcançados. Após
aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram cinco artigos para análise, esses
que tem a perspectiva de sanar a pergunta norteadora (Quadro 1).

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Quadro 1 – Descrição dos estudos selecionados para compor a presente pesquisa


Título Autor(s)/ano Periódico Objetivo Principais resultados

Prevalência de Santos et al., Revista Determinar a prevalência Os resultados indicam


infecções urinárias 2018 Ciências de fatores associados às altas prevalências de
e do trato genital Médicas infecções infecções do trato urinário
em gestantes do trato urinário e genital e infecção genital,
atendidas em em mulheres em período considerando que, em
Unidades Básicas gestacional. gestantes, as
de Saúde consequências para o bebê
podem ser graves, o que
torna o diagnóstico dessas
doenças de suma
importância na
determinação de medidas
preventivas.

Candidíase Soares et al., Brazilian Abordar os principais Mulheres com episódios


vulvovaginal: uma 2019 Journal of pontos sobre candidíase recorrentes devem
revisão de Surgery and vulvovaginal como foco procurar atendimento
literatura com Clinical em Candida albicans. médico para que seja
abordagem para Research realizada a identificação
Candida albicans do agente etiológico, antes
de iniciar o tratamento, a
fim de evitar a resistência
desses microrganismos,
porque apesar dos avanços
terapêuticos, não existem
tratamentos
completamente eficazes.

Caracterização Araújo, Brazilian Analisar as principais Os estudos demonstraram


sistemática da Lopes e Cruz, Journal of características da a importância de
resposta imune à 2020 health Review candidíase, vinculando identificar as principais
infecção por aos aspectos imunológicos causas da candidíase, bem
Candida e terapêuticos da doença. como os procedimentos
terapêuticos mais
eficientes.
Gênero Candida - Rocha et al., Research, Realizar um As espécies do gênero
Fatores de 2021 Society and levantamento Candida representam um
virulência, Development bibliográfico com problema de saúde, pelo
Epidemiologia, atualizações sobre o surgimento de cepas e de
Candidíase e gênero Candida, novas espécies cada vez
Mecanismos de destacando os fatores de mais resistentes aos
resistência virulência, epidemiologia, antifúngicos disponíveis
aspectos relacionados a para o tratamento de
candidíase e tratamento, infecções causadas por
bem como os mecanismos estes micro-organismos, o
de resistência do gênero que torna estas infecções
Candida aos antifúngicos muitas vezes não tratáveis,
disponíveis e que estão trazendo maléficos para o
relacionados com a falha paciente
terapêutica das infecções
causadas por este gênero.

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Ocorrência de Michelatti et Revista Verificar a ocorrência de Considera-se, sobretudo a


Candida spp. e al., 2021 Brasileira de Candida spp. e T. candidose vaginal um
Trichomonas Higiene e vaginalis em mulheres importante problema de
vaginalis em Sanidade atendidas pelo saúde pública, infectando
mulheres no Sul do Animal ambulatório da saúde da mulheres em geral tanto
Brasil: Casos de mulher da Universidade solteiras como casadas e
importância em do Planalto Catarinense trazendo desconforto pelos
saúde pública nos (UNIPLAC), Lages, Santa sintomas apresentados. É
dias atuais Catarina, Brasil. necessário principalmente
fazer campanhas para
melhorar o incentivo para a
realização de exames
preventivos periódicos e
uso de preservativos
durante as relações
sexuais, principalmente
para as mulheres que
apresentem sintomas
compatíveis com infecção
vaginal.

Fonte: Dados da pesquisa, 2021.

Observou-se que os principais fatores de virulências citados para espécies do


gênero Candida encontra-se: (A) secreção de enzimas hidrolíticas; (B) expressão de
adesinas e invasinas; (C) tigmotropismo, (E) bomba de efluxo; e (F) formação de biofilme
e morfologia celular (Figura 3).

Figura 3 – Principais fatores de virulência do gênero Candida

Fonte: Mayer, Wilson e Hube (2013) in ROCHA et al., 2021.

De acordo com Rocha et al. (2021), vários estudos vêm sendo realizados no intuito
de verificar novas moléculas que possam inibir a produção ou até mesmo a formação dos
mecanismos de resistência, principalmente, no desenvolvimento do biofilme nas espécies.
Dentre fatores que auxiliam na infecção por espécies de Candida citados no estudo de
Rocha et al. (2021) se observa:

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I. Indivíduos imunossuprimidos (pacientes acometidos por síndrome da


imunodeficiência adquirida - SIDA, pacientes em uso de imunossupressores;
câncer e diabetes);
II. Utilização de antibióticos de amplo espectro para tratamento e utilização
preventiva, desequilibrando a microbiota;
III. Procedimentos cirúrgicos invasivos, uso prolongado de cateteres e
hospitalização prolongada;
IV. Cirurgias de transplantes;
V. Velhice, gravidez e crianças de nascimento prematuro;
VI. Reposição hormonal e uso de hormônios esteroides.
Em conjunto com os dados supracitados Araújo, Lopes e Cruz (2020) trazem que
entre os principais fatores relacionados à ocorrência de candidíase vaginal está a gravidez.
A candidíase na gravidez pode não apresentar nenhum sintoma, mas em alguns momentos
podem aparecer, coceira vaginal, queimação ou dor ao urinar e na prática de relações
sexuais, inchaço, vermelhidão, entre outros. No que se refere à candidíase vulvovaginal,
esta ocorre em cerca de 50% das mulheres, apresentando casos recorrentes e pode atingir
bebês do sexo feminino neonatos (ROCHA et al., 2021).
A infecção vaginal causada por Candida albicans, em geral, está vinculada a
situações de debilidade do hospedeiro ou teor de glicogênio do ambiente vaginal
(aumentado), bem como alteração do pH local, mudança nos níveis de glicose em
situações de hiperglicemia, em qualquer outro estado em que se produz elevação do
glicogênio vaginal pode desencadear o aparecimento (LACAZ; PORTO; MARTINS;
1991).
Rocha et al. (2021) apontam que espécies de Candida colonizam a vagina de pelo
menos 30% de mulheres grávidas. A gestação, por sua vez, é atraída por vários fatores
predisponentes para candidíase vulvovaginal recorrente, por exemplo, o aumento da
produção de glicogênio na mucosa vaginal, bem como diminuição da imunidade mediada
por células e o aumento dos níveis hormonais reprodutivos.
Araújo, Lopes e Cruz (2020) também abordam que aumento da concentração de
estradiol ajuda na imunidade inata, mediada e adaptativa por células (Th2). A
progesterona altera no equilíbrio entre as respostas Th1 e Th2. Desse modo, como a
resposta Th2 estimula a resposta de linfócitos B, ocorre um aumento na produção de
anticorpos e diminuição de respostas de linfócitos T, não ocorrendo uma resposta
adequada às infecções durante a gravidez.

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Vale destacar também que a ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis


durante a gravidez apresenta um risco maior tanto de morbidade, quanto de mortalidade
para o feto e o neonato, pois a transmissão se dá de forma vertical, e as doenças podem
estar vinculadas à gravidez ectópica, abortos, natimortos e prematuridade, assim como
infecções congênitas, perinatais e puerperais (SANTOS et al., 2018).
No estudo realizado pelos autores Santos et al. (2018) apontam que as gestantes
acometidas por infecção genital possuem como principais características: faixa etária
entre 21 e 30 anos, etnia branca, casada ou em união estável, primigesta, maior incidência
de infecção genital no primeiro trimestre gestacional. O estudo destaca a importância do
diagnóstico da doença e medidas preventivas. Tanto no que se refere ao diagnóstico,
quanto o tratamento, pois estes são instrumentos auxiliadores no controle a da infecção e
diminuição da mortalidade materna.
O tratamento e método terapêutico utilizado dependem do quadro clínico e
características das pacientes. Entretanto, os mais utilizados são os antifúngicos da classe
dos azóis, incluindo: imidazóis (butoconazol, clotrimazol, miconazol e cetoconazol) e
triazóis (fluconazol e terconazol), estes atuam na inibição da ação da síntese do ergosterol
presente na célula do fungo. São utilizados também os da classe dos polienos (anfotericina
B e nistatina), que atuam na permeabilidade da membrana celular fúngica. Os azóis
apresentam uma taxa média de cura clínica entre 85% a 90%, ao comparados com a
nistatina, e a cura encontra-se entre 75% e 80% dos casos não complicados. Os agentes
estão disponíveis em diferentes formulações tópicas (pomadas e óvulos vaginais) e orais
(SOARES et al., 2021).
Trazendo o fluconazol como exemplo para visualização de seu mecanismo de
ação, este atua na inibição fúngica lanosterol-14alfa demetilase no complexo citocromo
CYP450, porém pode causar efeitos adversos. Assim, novamente destaca-se a
importância de conhecer bem o histórico da paciente e caminho de tratamentos. Existem
outros mecanismos como mostra Xie et al. (2014) (Figura 4).
Michelatti et al. (2021) aponta ser preciso mais campanhas de incentivo a
realização de exames preventivos de modo periódico e uso de preservativos nas relações
sexuais. Este estudo mostrou que deve ser levado em conta o fato de que algumas
patologias se apresentam clinicamente semelhante, ou seja, para um diagnóstico
adequado é preciso à realização de exames clínicos e laboratoriais.
Após as análises foi possível identificar a falta de estudos voltados a temática nas
bases de dados, ressaltando a importância da presente pesquisa.

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Figura 3 – Mecanismos de ação das principais classes de antifúngicos

Fonte: Xie, Polvi, Shekhar-Guturja e Cowen (2014) in ROCHA et al., 2021.

5 CONCLUSÃO
Observou-se que a candidíase vaginal é das maiores ocorrências relacionadas a
infeções genitais e, na maioria das vezes, é uma doença primária, ou seja, surge em função
de algum desequilíbrio da microbiota vaginal normal da paciente ou até mesmo alterações
no seu estado imunológico, acarretando na proliferação fúngica e invasão tecidual. Com
relação à patogenia esta é bastante complexa e diversos fatores de risco foram descritos
nos últimos anos, como foi possível verificar ao longo do trabalho.
Desse modo, em função da diversidade de formas e métodos de resistência é
preciso uma atualização dos tratamentos, realização de campanhas para conscientização
e esclarecimentos, na busca por novos alvos terapêuticos, e estratégias de prevenção e
diagnóstico destas infeções. Com ênfase a candidíase na gravidez, nem todos os
medicamentos são eficazes ou adequados, por isso a importância de entender melhor os
fatores de virulência, mecanismos de ações e demais informativos no que se refere à
patologia.

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Com este estudo, pretende-se contribuir para o conhecimento da população em


geral e dos profissionais de saúde, para melhoria da conduta aos pacientes acometidos.
Trabalhos como estes são de suma importância para o meio acadêmico e social, visto que
apontam informações essenciais e fornecem subsídio para estudos futuros na área de
saúde e afins.

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