Você está na página 1de 10

LÍNGUA PORTUGUESA

Instrução: As questões 01 a 11 estão relacionadas ao texto abaixo.

01 Quando fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental, comecei o meu pensamento
02 fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante,
03 pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Wittgenstein,
04 Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado ____
05 bebida. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta
06 angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.
07 Será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem,
08 sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, jamais permitindo que o
09 corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, ou que tenha um amor proibido, ou a coragem de
10 pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...
11 Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. É claro que nenhuma mamãe
12 consciente quererá que o seu filho seja como Nietzsche ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo
13 de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser
14 elefante ou tartaruga _____ ser borboleta ou condor. Nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou
15 depressão, com exceção do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas
16 ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
17 Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores requer a
18 interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura, e a outra se denomina
19 software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A
20 software é constituída por entidades espirituais - símbolos, que formam os programas e são gravados nos
21 disquetes.
22 Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os
23 neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de
24 programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na
25 memória são símbolos, entidades levíssimas, sendo que o programa mais importante é a linguagem.
26 Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou no software. Nós também. Quando
27 o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções
28 químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções
29 e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Por isso, quem trata das
30 perturbações do software humano tem como ferramentas as palavras, e eles podem ser poetas,
31 humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
32 Acontece, entretanto, que esse computador, que é o corpo humano, tem uma peculiaridade que
33 o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível ____ coisas que o seu software produz. Pois
34 não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do
35 Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os
36 acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine
37 mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso
38 que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão
39 bonita que o seu hardware não suportou. A beleza pode fazer mal ____ saúde mental.
40 Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, o melhor a se fazer é optar por um software
41 modesto: evite as coisas belas e comoventes; evite pensar algo novo; banalize-se. Seguindo esta receita,
42 você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, não perceberá o
43 quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará
44 para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não
45 mais saberá como eles eram.

Adaptado de: ALVES, Rubem. Saúde Mental. Site oficial. Disponível em: <
http://www.rubemalves.com.br/site/10mais_10.php>. (1994)
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 04, 14, 33 e 39, nesta
ordem.

(A) a – à – as – à
(B) à – à – as – a
(C) à – a – às – à
(D) a – a – às – à
(E) a – a – às – a
_____________________________________
02. É possível distinguir quatro partes na organização do texto.
Considere as seguintes sínteses dessas partes:
01 – Orientação ao leitor.
02 – Uso de um recurso analógico para a explicação da tese.
03 – Definição do tema a partir de exemplos célebres.
04 – Exposição da diferença da comparação dada anteriormente.

A ordem em que essas partes se encontram no texto é

(A) 2 – 3 – 4 – 1
(B) 3 – 2 – 4 – 1
(C) 2 – 3 – 1 – 4
(D) 3 – 4 – 2 – 1
(E) 3 – 1 – 2 – 4
_____________________________________
03. Assinale a afirmação que está de acordo com o texto.

(A) O corpo humano tem um funcionamento semelhante ao dos computadores em relação ao seu
sistema nervoso.
(B) Depois de fazer reflexões científicas, o autor chega à conclusão de que não é tão interessante ter
saúde mental.
(C) Devido a sua arte, grandes pensadores têm problemas de saúde mental, acarretando vários tipos
de desequilíbrios emocionais.
(D) Um software modesto é a garantia para se ter saúde mental, mas também acarreta uma vida
banal.
(E) A linguagem é uma importante ferramenta para o reparo dos problemas ligados ao sistema
nervoso.
_____________________________________

04. Seja em função da época em que o texto foi escrito, seja por estilo do próprio Rubem Alves, no
texto aparecem palavras ou expressões que não são mais empregadas de modo usual no português
padrão ou tiveram a sua ortografia alterada pelo recente Acordo Ortográfico.
Assinale a alternativa que contém apenas esse tipo de palavra ou expressão.
(A) preleção (l. 01) – entidades levíssimas (l.25)
(B) era dado (l.04) – chave de fenda (l.29)
(C) idéias (l.07) – funcionamento (l.17)
(D) condor (l.14) – poções químicas (l.28)
(E) disquetes (l.21) – toca-discos (l.35)
_____________________________________
05. Considere as seguintes afirmações.
I – A substituição de as idéias (l.07) por a idéia exigiria que cinco outras palavra do período também
passassem para o singular.
II – A concordância verbal do período Imagine que...se comover (l.35-36) é feita por silepse, já
que o autor concorda o verbo com a ideia, mas não com a pessoa gramatical.
III – A substituição de citei (l.38) por citamos exigiria o uso de acontecera em vez de aconteceu
(l.37-38).
Quais estão corretas?

(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) Apenas II e III.
_____________________________________
06. Assinale a alternativa que fornece apenas substituições corretas e contextualmente equivalente
às formas verbais ficou louco (l.04), iria (l.05) e quererá (l.12).

(A) enlouquecera – ia – iria querer


(B) enlouqueceu – ia – irá querer
(C) enlouqueceu – fosse – irá querer
(D) enlouquecera – fosse – iria querer
(E) enlouqueceu – ia – iria querer

_____________________________________

07. Considere as seguintes propostas de substituição de nexos do texto e assinale com 1 aquelas
que manteriam o significado do texto e com 2 aquelas que o alterariam.

( ) E (l.04) por Mas.


( ) Quando (l.27) por Mal.
( ) Por isso (l.29) por Assim.
( ) embora (l.42) por contanto que.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

(A) 1 – 1 – 2 – 1
(B) 2 – 2 – 1 – 1
(C) 2 – 1 – 1 – 2
(D) 1 – 2 – 1 – 2
(E) 2 – 2 – 2 – 1
_____________________________________
08. Assinale a alternativa em que se estabelece uma relação correta entre um pronome do texto e o
segmento a que ele se refere.

(A) elas (l.11) – idéias (l.07)


(B) que (primeiro da l.24) – série de programas (l.23)
(C) que (segundo da l.27) – neurologistas – (l.27)
(D) seu (l.33) – computador (l.32)
(E) a (l.37) – a música (l.36)
_____________________________________
09. Leia, abaixo, propostas de alteração no emprego de sinais de pontuação no texto.

1 – Suprimir a vírgula da linha 20.


2 – Substituir os dois pontos na linha 33 por ponto-e-vírgula.
3 – Suprimir a segunda vírgula da linha 37.
4 – Inserir uma vírgula imediatamente depois de Mas (l.42)

As propostas que manteriam a correção das respectivas frases são

(A) 1 e 3
(B) 2 e 4
(C) 3 e 4
(D) 1, 2 e 3
(E) 1, 3 e 4

_____________________________________

10. Considere as possibilidades de reescrita apresentadas abaixo para a seguinte passagem do texto.

Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que
virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. (l.27-28)

I – Há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com seus bisturis e suas poções químicas
consertar o que se estragou quando o nosso hardware fica louco.

II – Deve-se, quando o nosso hardware enlouquece, chamar psiquiatras e neurologistas, que virão
consertar, com suas poções químicas e bisturis, o que se estragou.

III – Quando o nosso hardware fica louco, há que se chamar neurologistas e psiquiatras, os quais
virão, com suas poções mágicas e seus bisturis, consertar o que se estragou

Quais estão corretas e preservam o sentido da frase original?

(A) Apenas I.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
11. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo sobre elementos de composição
de palavras do texto.

( ) O segmento aparelho de som (l.44) poderia ser substituído por aparelho sonoro, sem prejuízo
de significado.
( ) As palavras executivo (l.16), interação (l.22) e símbolos (l.25) apresentam sufixos que
formam substantivos a partir de verbos.
( ) A palavra levíssimas (l.31) é formada pelo acréscimo de um superlativo a um adjetivo que
significa “delicado, sutil”.
( ) Em neurologistas (l.38), há um elemento que significa “nervo”, outro que significa “estudo” e
outro que significa “partidários de doutrina, origem ou profissão”.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

(A) F – F – V – V
(B) V – F – F – V
(C) V – V – F – F
(D) F – F – F – V
(E) V – V – V – F

Instrução: As questões 12 a 19 estão relacionadas ao texto abaixo.

01 Lucídio não é um dos 117 nomes do Diabo, nem eu o conjurei de qualquer profundeza para
02 nos castigar. Quando falei nele para o grupo pela primeira vez, alguém disse “Você está inventando!”
03 mas sou inocente, até onde um autor pode ser inocente. As histórias de mistério são sempre
04 tediosas buscas de um culpado, quando está claro que o culpado é sempre o mesmo. Não é preciso
05 olhar a última página, leitor, o nome está na capa: é o autor. Neste caso, você pode suspeitar que
06 sou mais do que o autor intelectual dos crimes descritos. Que meus dedos não se limitaram à sua
07 dança tétrica nos teclados mas também derramaram o veneno na comida, e que interferi na trama
08 mais do que é o direito dos autores. As suspeitas se baseiam na lógica, ou na lógica peculiar das
09 histórias de mistério. Se dois estiverem vivos, mas um é inventado, o outro é o criminoso. Eu e
10 Lucídio somos os únicos sobreviventes desta história, e se eu não o inventei, e como são poucas as
11 probabilidades de ele ter me inventado, o claro culpado é ele, já que era o cozinheiro e todos
12 morreram, de uma forma ou de outra, do que comeram. Se o inventei, a culpa é toda minha. Não
13 posso nem alegar que, se Lucídio é inventado, toda a história é inventada, e portanto não há crimes
14 nem culpados. Ficção não é atenuante. Imaginação não é desculpa. Todos nós matamos em
15 pensamento, mas só o autor, esse monstro, põe seus crimes no papel, e os publica. Se não matei
16 meus nove confrades e irmãos em obsessão, sou culpado da ficção de tê-los matado. Preciso
17 convencer você que não inventei o Lucídio para provar que sou inocente desses terríveis crimes. E
18 preciso convencê-lo que a história é verdade para provar que sou inocente da ficção. O crime
19 inventado é pior do que o crime real. Pois se o crime real pode ser acidental, ou fruto de uma paixão
20 momentânea, não há notícia de um crime fictício que não tenha sido premeditado.

VERISSIMO, Luis Fernando. O Clube dos Anjos. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998, p.09-10.
12. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.
I – O texto apresenta uma história de crimes, mas com objetivos diferentes, pois tanto as vítimas quanto
os sobreviventes e os possíveis assassinos já são revelados.
II – Através da metalinguagem, o autor faz uma fusão entre a sua voz e a do narrador-personagem.
III – O narrador só não é culpado dos crimes caso Lucídio exista de fato e a história seja verdadeira.
Quais afirmações estão de acordo com o texto?
(A) Apenas I.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
_____________________________________
13. Considere os seguintes segmentos retirados do texto.
1 – nem eu o conjurei de qualquer profundeza (l.01)
2 – sua dança tétrica nos teclados (l.06-07)
3 – já que era o cozinheiro e todos morreram (l.11-12)
4 – Imaginação não é desculpa (l.14)
Em quais deles há emprego de linguagem metafórica?
(A) Apenas 1 e 2
(B) Apenas 2 e 3
(C) Apenas 3 e 4
(D) Apenas 1, 2 e 4
(E) 1, 2, 3 e 4
_________________________________________________________________________________

14. Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta acerca de elementos de coesão no
texto.
(A) O nexo portanto (l.13) poderia ser substituído por por conseguinte, sem causar alteração do
sentido do período.
(B) O pronome o (l.10) remete ao segmento o criminoso (l.09).
(C) A expressão Neste caso (l.05) poderia ser substituída por Aqui neste romance, já que o autor
faz uso da função metalinguística.
(D) O pronome –lo (l.18) retoma o segmento o Lucídio (l.17)
(E) O nexo Pois (l.19) poderia ser substituído por Portanto, sem prejuízo da relação que se
estabelece entre a oração em que se encontra e o trecho que a antecede.
_________________________________________________________________________________

15. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre segmentos do texto.
( ) Na pronúncia das palavras intelectual (l.06) e Ficção (l.14), ocorre o acréscimo de uma breve
vogal, com o que se evita um encontro consonantal em português.
( ) Na linha 07, uma vírgula poderia ser inserida antes da conjunção mas, sem prejuízo da correção
do período.
( ) O sentido e a correção da forma verbal tenha sido (l.20) são equivalentes ao da forma fora.
( ) A crase da linha 06 poderia ser suprimida sem prejuízo da correção e do sentido da frase.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

(A) F – F – V – V.
(B) V – V – V – F.
(C) V – V – F – V.
(D) F – V – V – F.
(E) V – F – F – V.
_____________________________________
16. Assinale a alternativa em que, nas três palavras portuguesas, é possível reconhecer o sentido da
respectiva palavra de origem latina transcrita do texto.

(A) inocente (l. 03) -> ciente – incipiente – infantil


(B) página (l.05) -> pagão – passagem – original
(C) tétrica (l.07) -> triste – trena – ternura
(D) probabilidades (l.11) -> prova – provável – valor
(E) nove (l.16) -> novena – novelo – eneágono.
_____________________________________

17. Considere as seguintes afirmações sobre regência.


I – A forma verbal conjurei (l. 01) é intransitiva e poderia ser substituída nesse contexto por evoquei,
sem alteração na regência e no sentido da frase.
II – A substituição da forma verbal olhar (l.05) por mirar tornaria obrigatório o emprego de crase nesse
contexto.
III – O autor subverte a norma padrão na regência de convencer (l.16-17).
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) Apenas I e III.
____________________________________
18. Considere as seguintes propostas de deslocamento de advérbios do texto, desconsiderando o uso de
iniciais minúsculas e maiúsculas.
1 – Deslocar sempre (l.03) para imediatamente antes de são (l.03).
2 – Deslocar Não (l.04) para imediatamente depois de preciso (l.04).
3 – Deslocar toda (l.12) para imediatamente antes de a culpa (l.12).
Quais manteriam o significado da frase do texto?
(A) Apenas 1.
(B) Apenas 3.
(C) Apenas 1 e 2.
(D) Apenas 1 e 3.
(E) Apenas 2 e 3.
____________________________________
19. Considere as propostas de reescrita para o trecho do texto compreendido entre as linhas 02 e 03.

1 – Alguém disse “Você inventa!” assim que falei nele para o grupo pela primeira vez, mas, até onde um autor
pode ser inocente, eu sou.
2 – Quando falara nele para o grupo pela primeira vez, alguém havia dito “Você está inventando”, no entanto
era e continuo sendo inocente, até onde um autor pode ser.
3 – Logo que me referi a ele para o grupo pela primeira vez, alguém disse “Você inventa!” mas sou inocente,
pois um autor há de ser inocente.

Quais propostas mantêm a correção do referido trecho?

(A) Apenas 1.
(B) Apenas 2.
(C) Apenas 3.
(D) Apenas 1 e 3.
(E) Apenas 2 e 3.
Instrução: As questões 20 a 25 estão relacionadas ao texto abaixo.
01 No que diz respeito às questões sociolinguísticas, o conceito de norma não é dos mais claros.
02 Para começar, esta palavra quase nunca anda sozinha no discurso das pessoas que falam sobre a
03 língua. “Dona Norma”, na maioria das vezes, é citada com nome e sobrenomes, isto é, vem seguida
04 de algum qualificativo que tenta defini-la mais especificamente. Dentre os adjetivos usados para
05 qualificar a norma, o mais comum, certamente, é o adjetivo culta, e a expressão norma culta circula
06 livremente nos jornais, na televisão, na internet, nos livros didáticos, na fala dos professores, nos
07 manuais de redação das grandes empresas jornalísticas, nas gramáticas normativas, nos textos
08 científicos sobre língua etc. Mas o que é, afinal, essa norma culta?
09 A maior dificuldade em lidar com a norma culta é o fato de ela ter dupla personalidade.
10 Realmente, por trás desse rótulo – norma culta – se escondem dois conceitos bastante diferentes
11 – na verdade, antagônicos – quando se trata da língua que falamos e escrevemos.
12 O primeiro desses conceitos é o que poderíamos chamar do ............, tradicional ou
13 ideológico, e é aquele que tem mais ampla circulação na sociedade. Na verdade, trata-se muito mais
14 de um preconceito do que de um conceito propriamente dito. E que preconceito é esse? É o
15 preconceito de que existe uma única maneira “certa” de falar a língua, e que seria aquele conjunto
16 de regras e preceitos que aparece estampado nos livros chamados gramáticas. Por sua vez, essas
17 gramáticas se baseariam, supostamente, no uso feito por um grupo muito especial e ......... de
18 pessoas, os grandes escritores da língua, que também costumam ser chamados “os clássicos”. (...)
19 A outra definição se refere à linguagem concretamente empregada pelos ........... que
20 pertencem aos segmentos mais favorecidos da nossa população. Esta é a noção de norma culta que
21 vem sendo empregada em diversos empreendimentos científicos como, por exemplo, o Projeto
22 NURC (Norma Urbana Culta), que desde o início dos anos 1970 vem documentando e analisando a
23 linguagem efetivamente usada pelos falantes cultos de cinco grandes cidades brasileiras (Recife,
24 Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), sendo estes falantes cultos definidos por dois
25 critérios de base: escolaridade superior completa e antecedentes biográfico-culturais urbanos. Trata-
26 se, portanto, de um conceito de norma culta, um termo técnico estabelecido com critérios
27 relativamente mais objetivos e de base empírica.
Adaptado de: BAGNO, Marcos. Norma linguística & preconceito social: questões de terminologia. Juiz de Fora: UNB, s/d

20. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 12, 17 e 20.
(A) senso comum – celeto – cidadões
(B) senso comum – seleto – cidadãos
(C) senso-comum – celeto – cidadãos
(D) senso-comum – seleto – cidadões
(E) senso comum – celeto – cidadãos
_____________________________________
21. Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto.
I – O primeiro parágrafo informa que a definição de norma é vaga e que o principal adjetivo que a qualifica
é abordado em diferentes veículos de comunicação e de informação.
II – O segundo parágrafo revela que existem dois conceitos dicotômicos para a explicação da noção de
norma culta.
III – O terceiro parágrafo explica a noção preconceituosa, baseada mais no conhecimento popular; já o
quarto, explica a noção mais empírica e objetiva, baseada em pesquisas como a do projeto NURC.

Quais estão corretas?

(A) Apenas I
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.
_____________________________________

22. Assinale a alternativa em que se identifica corretamente o sujeito da forma verbal indicada.

(A) anda (l.02) – norma (l.01)


(B) defini-la (l.04) – que (l.04)
(C) se escondem (l.10) – desse rótulo (l.10)
(D) costumam (l.18) – “os clássicos” (l.18)
(E) Trata-se (l.25-26) – conceito de norma culta (l.26)
_____________________________________
23. A respeito das vozes verbais, considere as afirmações a seguir:

I - O trecho “Dona Norma”, na maioria das vezes, é citada com nome e sobrenomes (l.03)
é construído sintaticamente por meio da voz passiva analítica para não se explicitar o agente da ação.
II – Se o trecho a noção de norma culta que vem sendo empregada em diversos
empreendimentos científicos (l.20-21) fosse transcrito pra voz ativa, o correto seria diversos
empreendimentos científicos empregam a noção de norma culta.
III – No trecho trata-se muito mais de um preconceito do que de um conceito propriamente
dito (l.13-14), há a construção da voz passiva sintética.
Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II.
(E) I, II e III
_____________________________________
24. Associe cada ocorrência de sinal de pontuação, acima, com o sentido, abaixo, que tal sinal
auxilia a expressar no contexto em que ocorre.
( ) Travessão (l. 11)
( ) Aspas (l.18)
( ) Dois-pontos (l.25)
1 – Diferença na voz discursiva
2 – Explicação
3 – Exemplificação
4 – Ênfase
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

(A) 2 – 4 – 3
(B) 4 – 2 – 3
(C) 4 – 1 – 2
(D) 1 – 4 – 2
(E) 3 – 2 – 4
_____________________________________
25. Assinale, entre as alternativas a seguir, a que apresenta palavras pertencentes à mesma classe
gramatical.

(A) esta (l.02) – Dentre (l.04)


(B) dois (l.10) – dupla (l.09)
(C) se (l.11) – se (l.19)
(D) muito (l.13) – supostamente (l.17)
(E) empregada (l.21) – escolaridade (l.25)

Você também pode gostar