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Pazolini aciona Romu para desocupar escola que abriga famílias da Ocupação Chico Prego.

Ação é ilegal segundo Defensoria Pública.

A gestão do prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini (Republicanos) enviou na manhã desta terça-
feira (12) viaturas e guardas da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) para efetuar o despejo das
famílias que integram a Ocupação Chico Prego, sediada na Escola Municipal de Ensino
Fundamental (EMEF) Irmã Jacinta, no bairro do Romão, em Vitória. Segundo a Defensoria
Pública Estadual (DPES), que impediu a desapropriação, a ação é ilegal, pois descumpre
determinação judicial que resguarda os direitos dos ocupantes do local.

Desde sexta-feira, quando ocorreu outra ação irregular de reintegração de posse no local, 20
famílias abrigadas na Ocupação Chico Prego estão acampadas em frente à (o corretor mandou
colocar crase) Prefeitura de Vitória pedindo por uma reunião com Pazolini e há seis dias não
obtêm retorno dos representantes do executivo municipal, como relata a Militante do
Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM/ES) Rafaela Caldeira.

“Quando o juiz decidiu que ele poderia nos retirar a qualquer momentoarrumamos nossa
mudança, deixamos nossas coisas no espaço e viemos para cá reivindicar nossos direitos. As
pessoas estão emprestando barracas, alguns (ALGUMAS ?) estão doando, colocamos uma faixa
bem grande e estamos acampando na frente da Prefeitura. Não estamos tumultuando o
funcionamento, estamos aqui esperando para sermos ouvidos”, afirma.

Sugestão para o parágrafo acima:

“Quando o juiz decidiu que ele poderia nos retirar a qualquer momento, arrumamos nossa
mudança, deixamos no espaço e viemos para cá reivindicar nossos direitos. As pessoas estão
emprestando barracas, algumas estão doando, estamos acampando na frente da Prefeitura e
colocamos uma faixa bem grande com a nossa reivindicação. Não estamos tumultuando o
funcionamento, estamos aqui esperando para sermos ouvidos”, afirma.

Segundo a Defensoria Pública, a Prefeitura está promovendo ações ilegais de desocupação


sem cumprir as condições estabelecidas pela 3ª Vara da Fazenda Pública, como o
encaminhamento das 38 pessoas, entre adultos, crianças, idosos, adolescentes e pessoas com
deficiência, bem como seus pertences, para abrigos públicos em condições dignas por um
período mínimo de seis meses, além da inclusão dos ocupantes em programas municipais de
habitação.

O processo de reintegração, de outubro de 2021, corre na 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual


e Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde – processo nº 5021609-
48.2021.8.08.0024 e foi movido por Pazolini após um mês da ocupação do prédio em
condições de abandono, há oito anos sem cumprir sua função social.
A resistência desse movimento vem sendo coordenada pelo Movimento Nacional de Luta pela
Moradia (MNLM) e Brigadas (por que brigadas está maiúsculo?) e perdura por quatro meses
desde a decisão do juiz Mario da Silva Nunes Neto, que acatou o pedido de retirada dos
moradores da ocupação, com uso de força policial, desde de que sejam garantidos às famílias
abrigos dignos e o transporte dos pertences para os mesmos locais, entre outras
condicionantes.

As famílias têm apresentado há quase um ano as suas demandas referentes à necessidade de


habitações populares. Rafaela Caldeira aponta a falta de vontade da gestão municipal em
garantir o direito à moradia da população. Ela ressaltou o descaso com a promoção das
políticas habitacionais e com o atendimento a de (tirar esse de?) um movimento social
integrado por pessoas de baixa renda, que ocupam o local como alternativa provisória
enquanto não dispõem de condições dignas de habitação.

“São cinco anos ocupando e estamos cansados. Ele não nos recebe, está fazendo de conta que
não existimos. No domingo choveu muito e está sendo muito difícil, pedimos a colaboração
das pessoas para conseguirmos mais barracas, para divulgar e pressionar nas redes sociais
marcando o Pazolini. Nós não temos pressa em sair daqui.”, afirmou.

Neste sentido, o movimento convoca as demais organizações, entidades e cidadãos que


puderem ajudar a ocupação por meio da doação de alimentos, vestuários, materiais de
limpeza e de higiene pessoal.

Os defensores públicos solicitaram com urgência que o executivo municipal indique os locais
para onde serão encaminhadas as famílias que ocupam a Escola Irmã Jacinta de Souza Lima, no
Romão, para abrigos públicos. “A insegurança vivida pelos moradores do local tem aumentado
nas últimas semanas. As famílias afirmam que equipes da Prefeitura têm comparecido à
escola, acompanhadas de força policial, para despejar pessoas”, alega a Defensoria Pública.

Histórico

As famílias desabrigadas que vivem na Escola Irmã Jacinta, no Romão, lutam desde 2017,
quando ocuparam um terreno vazio no bairro Grande Vitória, por seu direito ao acesso à
moradia digna. Fechada em 2013 e sem uso social desde então, a escola se constituiu na
alternativa encontrada pelos ocupantes que tiveram seus aluguéis sociais suspensos pela atual
gestão municipal.

Déficit Habitacional no ES
O Déficit habitacional diz respeito à quantidade de famílias que vivem em moradias
inadequadas, seja por razões de precariedade, por coabitação e adensamento ou mesmo por
suportarem um ônus excessivo de aluguel, comprometendo mais do que 30 % da renda
familiar.

Segundo relatório do Instituto Jones dos Santos Neves, o déficit apurado no ano de 2019, é de
mais de 74 mil famílias no Espírito Santo, o que demonstra que as políticas públicas
habitacionais não têm sido adequadas à solução do problema, conforme aponta a Defensoria
Pública.

Sugestão para o parágrafo acima:

Segundo relatório do Instituto Jones dos Santos Neves, o déficit apurado no ano de 2019 é de
mais de 74 mil residências para famílias desamparadas no Espírito Santo, o que demonstra que
as políticas públicas habitacionais não têm sido adequadas à solução do problema, conforme
aponta a Defensoria Pública.

Os defensores públicos indicam alguns caminhos possíveis para alterar essa realidade, tais
como “O aumento de orçamento para a área da habitação social, priorizando medidas que
solucionem a questão de forma definitiva e não provisoriamente; repensar o uso dos espaços
já existentes, inclusive, de imóveis ociosos; concretização dos mecanismos de cobrança do
cumprimento da função social dos imóveis; democratização das formas de acesso à moradia
própria, entre outras” destacam.

Nesse ponto, a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo possui uma Ação Civil Pública,
em conjunto com a Associação de Moradores do Centro, no sentido de cobrar a
implementação dos instrumentos de fiscalização dos imóveis abandonados no centro pelo
Município de Vitória. Com a eventual arrecadação (obtenção) desses imóveis pelo poder
público, (retirar vírgula?) eles poderão ser destinados para a moradia popular.

No âmbito urbano, há risco de despejo em ocupações realizadas na região de Jabaeté, Vila


Velha-ES, chamada “Vila Esperança” e nas proximidades há também a ocupação denominada
“Vale da Conquista”, cujos moradores têm sido atendidos pela Defensoria Pública. Em Vitória,
além da Ocupação Chico Prego, no Romão, existe a ocupação Marielle Franco, localizada no
centro da capital.

No âmbito rural, há risco de despejo em alguns acampamentos do MST, entre os quais os


acampamentos da Fazenda Agrill e do Córrego do Bom Jesus, ambos localizadas em Aracruz,
assim como acampamentos localizados no município de Linhares e Conceição da Barra, entre
outros que a Defensoria Pública, através do NUDAM acompanha.

Os defensores públicos indicam a inexistência de ações significativas de reforma agrária no


Espírito Santo, cenário semelhante ao que se vê em todo território nacional. Uma das
explicações está relacionada ao fato de o INCRA, instituto responsável pela política agrária no
país, ter enfrentado nos últimos anos o sucateamento de seus quadros e uma significativa
redução de recursos orçamentários. Outro ponto diz respeito à morosidade dos
procedimentos administrativos, que muitas vezes são impugnados em sede judicial.
Diante da inércia do Governo Federal e do INCRA, a Defensoria Pública do Estado do Espírito
Santo tem fomentado a discussão sobre a realização de assentamentos rurais pelo Estado do
Espírito Santo nas mesas de negociação da Comissão Permanente de Acompanhamento e
Conciliação dos Conflitos Urbanos e Rurais, presidida pela Secretaria Estadual de Direitos
Humanos.

São tempos sombrios, onde a despeito de sua função social, o poder executivo favorece ao
capital e à elite em detrimento dos interesses dos menos favorecidos, que mais precisam da
intervenção governamental. Ficam as perguntas: a quem interessa o aprofundamento do
abismo social? Será que alguma parcela da sociedade realmente se favorece com isso?

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