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A gestão do prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini (Republicanos) enviou na manhã desta terça-
feira (12) viaturas e guardas da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) para efetuar o despejo das
famílias que integram a Ocupação Chico Prego, sediada na Escola Municipal de Ensino
Fundamental (EMEF) Irmã Jacinta, no bairro do Romão, em Vitória. Segundo a Defensoria
Pública Estadual (DPES), que impediu a desapropriação, a ação é ilegal, pois descumpre
determinação judicial que resguarda os direitos dos ocupantes do local.
Desde sexta-feira, quando ocorreu outra ação irregular de reintegração de posse no local, 20
famílias abrigadas na Ocupação Chico Prego estão acampadas em frente à (o corretor mandou
colocar crase) Prefeitura de Vitória pedindo por uma reunião com Pazolini e há seis dias não
obtêm retorno dos representantes do executivo municipal, como relata a Militante do
Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM/ES) Rafaela Caldeira.
“Quando o juiz decidiu que ele poderia nos retirar a qualquer momentoarrumamos nossa
mudança, deixamos nossas coisas no espaço e viemos para cá reivindicar nossos direitos. As
pessoas estão emprestando barracas, alguns (ALGUMAS ?) estão doando, colocamos uma faixa
bem grande e estamos acampando na frente da Prefeitura. Não estamos tumultuando o
funcionamento, estamos aqui esperando para sermos ouvidos”, afirma.
“Quando o juiz decidiu que ele poderia nos retirar a qualquer momento, arrumamos nossa
mudança, deixamos no espaço e viemos para cá reivindicar nossos direitos. As pessoas estão
emprestando barracas, algumas estão doando, estamos acampando na frente da Prefeitura e
colocamos uma faixa bem grande com a nossa reivindicação. Não estamos tumultuando o
funcionamento, estamos aqui esperando para sermos ouvidos”, afirma.
“São cinco anos ocupando e estamos cansados. Ele não nos recebe, está fazendo de conta que
não existimos. No domingo choveu muito e está sendo muito difícil, pedimos a colaboração
das pessoas para conseguirmos mais barracas, para divulgar e pressionar nas redes sociais
marcando o Pazolini. Nós não temos pressa em sair daqui.”, afirmou.
Os defensores públicos solicitaram com urgência que o executivo municipal indique os locais
para onde serão encaminhadas as famílias que ocupam a Escola Irmã Jacinta de Souza Lima, no
Romão, para abrigos públicos. “A insegurança vivida pelos moradores do local tem aumentado
nas últimas semanas. As famílias afirmam que equipes da Prefeitura têm comparecido à
escola, acompanhadas de força policial, para despejar pessoas”, alega a Defensoria Pública.
Histórico
As famílias desabrigadas que vivem na Escola Irmã Jacinta, no Romão, lutam desde 2017,
quando ocuparam um terreno vazio no bairro Grande Vitória, por seu direito ao acesso à
moradia digna. Fechada em 2013 e sem uso social desde então, a escola se constituiu na
alternativa encontrada pelos ocupantes que tiveram seus aluguéis sociais suspensos pela atual
gestão municipal.
Déficit Habitacional no ES
O Déficit habitacional diz respeito à quantidade de famílias que vivem em moradias
inadequadas, seja por razões de precariedade, por coabitação e adensamento ou mesmo por
suportarem um ônus excessivo de aluguel, comprometendo mais do que 30 % da renda
familiar.
Segundo relatório do Instituto Jones dos Santos Neves, o déficit apurado no ano de 2019, é de
mais de 74 mil famílias no Espírito Santo, o que demonstra que as políticas públicas
habitacionais não têm sido adequadas à solução do problema, conforme aponta a Defensoria
Pública.
Segundo relatório do Instituto Jones dos Santos Neves, o déficit apurado no ano de 2019 é de
mais de 74 mil residências para famílias desamparadas no Espírito Santo, o que demonstra que
as políticas públicas habitacionais não têm sido adequadas à solução do problema, conforme
aponta a Defensoria Pública.
Os defensores públicos indicam alguns caminhos possíveis para alterar essa realidade, tais
como “O aumento de orçamento para a área da habitação social, priorizando medidas que
solucionem a questão de forma definitiva e não provisoriamente; repensar o uso dos espaços
já existentes, inclusive, de imóveis ociosos; concretização dos mecanismos de cobrança do
cumprimento da função social dos imóveis; democratização das formas de acesso à moradia
própria, entre outras” destacam.
Nesse ponto, a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo possui uma Ação Civil Pública,
em conjunto com a Associação de Moradores do Centro, no sentido de cobrar a
implementação dos instrumentos de fiscalização dos imóveis abandonados no centro pelo
Município de Vitória. Com a eventual arrecadação (obtenção) desses imóveis pelo poder
público, (retirar vírgula?) eles poderão ser destinados para a moradia popular.
São tempos sombrios, onde a despeito de sua função social, o poder executivo favorece ao
capital e à elite em detrimento dos interesses dos menos favorecidos, que mais precisam da
intervenção governamental. Ficam as perguntas: a quem interessa o aprofundamento do
abismo social? Será que alguma parcela da sociedade realmente se favorece com isso?